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O meu nome � Bear Grylls.

Servi nas For�as Especiais Brit�nicas,

escalei o Everest

e atravessei os mares congelados
do �rtico.

Agora, estou na Isl�ndia.
Uma terra de grandes geleiras e vulc�es.

Est� mesmo muito vento, aqui.

Todos os anos, 1000 turistas
precisam ser resgatados.

Vou mostrar o que � preciso
para sobreviver aqui.

Vou decolar da capital da Isl�ndia,
Reykjavik,

na costa sudoeste, onde a maioria
dos 300.000 islandeses vivem.

Esta ilha fica mesmo no meio
do c�rculo polar,

entre os Estados Unidos
e a Europa.

� mais ou menos
do tamanho do estado do Kentucky,

mas s� tem uma estrada principal,
que segue a costa e percorre toda ilha.

A maior parte do pa�s � um enorme
campo de g�lo.

Este lugar tem uma beleza
estranha.

Mas tamb�m � um lugar
impiedoso.

Os primeiros colonizadores da Isl�ndia
foram os Vikings,

que vieram da Noruega,
� mais de mil anos.

Eles sabiam como sobreviver
neste clima extremo.

As pessoas v�m aqui para
experimentar a sua geologia peculiar.

� chamada a terra do fogo
e do gelo.

Fogo porque � um dos pa�ses
com maior atividade vulc�nica do mundo.

E gelo porque mais de 3280 km2
s�o geleiras.

Em m�dia, 3 pessoas por dia
s�o resgatadas,

das geleiras e das enormes
plan�cies vulc�nicas.

As geleiras est�o debaixo de mim

e elas constituem um dos lugares
mais dif�ceis para se sobreviver,

e � por isso que vou come�ar
a minha viagem aqui.

Tudo o que tenho, � uma faca
um cantil e uma pederneira.

Uma equipe de filmagem
vai me acompanhar.

Estou a 1200 metros, numa geleira,
num dos pontos mais altos e gelados.

Este lugar � totalmente desabitado.

Estamos no meio do Inverno.
Neste momento, est� 9�C.

Mas daqui a umas horas,
pode chegar aos perigosos 23 negativos.

Estou tentando recuperar
alguma sensa��o nos dedos.

O meu objetivo � descer at� �s
zonas mais quentes, perto da costa.

Ai terei mais chances de encontrar
uma estrada at� Reykjavik, no sudoeste.

Uma das formas mais simples
de vermos onde � norte e sul,

quando estamos no hemisf�rio norte,
� s� usar o nosso rel�gio e o sol.

Tudo o que preciso fazer � apontar
o ponteiro das horas para o sol.

S�o agora tr�s da tarde.
Aponto esse ponteiro para o sol,

e entre esse ponto e as 12 horas,
fica o Sul.

Eu vou para sudoeste.
Portanto tenho de continuar para ali.

Uma vez que a Isl�ndia
fica no meio do Atl�ntico Norte,

o seu tempo pode mudar
a qualquer momento.

E tempestades podem surgir,
literalmente, em minutos.

Quando aterrei estava sol

mas agora, estou no meio
de um tempestade de neve ventosa.

Um dos maiores perigos destas geleiras,
nestas condi��es

� a hipotermia.

Pode surgir muito r�pido. Basta
a temperatura descer alguns graus

e toda a nossa temperatura
corporal sentir�.

Come�amos a tremer, a falar devagar e a
ter dificuldade de pensar.

Eu j� tive hipotermia antes,
e � bastante assustador.

Sem abrigo, s� posso sobreviver
por algumas horas,

em condi��es como estas.

Mas t�o r�pido como surgiu,
a tempestade desaparece,

dando-me uma hip�tese r�pida
de rever as minhas coordenadas.

O que eu encontrei aqui
foi esta gruta de gelo.

E isto pode muito bem servir...

...para ter alguma prote��o.

O problema � este
amontoado de neve ali em cima,

E como � que vou atravessar isto
para depois chegar l� baixo.

� uma queda de 4 metros
at� l� baixo.

E as sali�ncias suspensas
podem ceder facilmente.

Talvez a melhor forma de fazer isto
� atravessar este monte de neve

e preciso ter cuidado.
Conseguem ver aquela queda?

Pode muito bem ser um abismo
por baixo daquilo.

Temos que ter muito cuidado
ao fazer isto sem os "sapatos de neve"

ou sem uma picareta ou uma corda.

Temos que estar muito seguros
de cada buraco onde pomos os p�s.

Vou come�ar indo para ali.

J� passei a parte mais complicada.
Agora � s� deslizar at� � gruta.

E eu adoro esta parte.

Isto � muito maior do que eu pensava.
Olhem s�.

E na verdade, isto nem � uma gruta.

� um t�nel.
Tem uma sa�da l� ao fundo.

Mas estas grutas formam-se
quando a �gua derrete das geleiras,

e como a �gua � mais quente
do que o gelo,

cria como que t�neis,
por debaixo das geleiras.

E quando ficam maiores,
criam este tipo de coisas.

N�o devemos ficar...
ficar muito tempo aqui.

Est�o vendo aquilo?
Tem tamb�m g�lo azul.

� um tipo de gelo mais antigo
mas tamb�m � mais perigoso,

j� que � mais suscet�vel
a se partir.

O gelo azul � duro que nem ferro.
Por�m � t�o quebradi�o quanto vidro.

Uma vez que as geleiras
est�o em constante movimento,

os desmoronamento s�o comuns.

Ali�s d� para ver...
Se seguirmos por aqui,

d� para ver que ali est� rachado.

E imaginem o que isto pode fazer
se cair em cima de voc�.

No ano passado, um alpinista
estava numa gruta como esta.

Quando uma parede de 150 toneladas
caiu.

Ele n�o tinha qualquer chance
de sobreviver.

Tinha esperan�a de ser um lugar
para me abrigar.

Mas n�o �.
Ir� funcionar como um t�nel de vento.

Preciso pensar em outra coisa
e sair daqui rapidamente.

Assim que come�a a anoitecer, a
tempestade come�a a se aproximar de novo.

Tenho alguns minutos,
antes que me atinja.

Temos que continuar a andar.
Temos que sair daqui r�pido.

A temperatura j� est� nos 23 negativos.

N�o h� sinais de abrigo,
e esta tempestade est� piorando.

Tenho s� meia hora at�
que anoite�a.

Estou numa geleira,
na Isl�ndia.

Uma tempestade de neve est� se
aproximando, e j� est� escurecendo.

e eu preciso de um abrigo,
rapidamente.

Est� 12 graus negativos
mas com ventos a 80 km/ hora

parece estar muito mais frio.

Mas o vento pode n�o s� estar contra mim
como tamb�m pode ser meu aliado.

O que acontece � que, quando o
vento sopra sobre estas encostas,

se olharem para ali...

...faz com que muita neve
se acumule no lado da encosta,

do lado contr�rio do vento.
E eu posso usar essa neve para cavar

e criar uma gruta de neve.

H� uns anos atr�s,
o motorista de um limpa-neve

separou-se dos seus amigos,
durante uma tempestade de neve.

Conseguiu sobreviver 48 horas,
antes de ser resgatado,

porque protegeu-se do vento
fazendo uma gruta de neve.

Isto � sem d�vida, muito mais dif�cil
sem qualquer tipo de p�.

Mas esta neve est� bem solta
e aos poucos v�o saindo,

blocos como este, vou guard�-los para
bloquear a entrada.

Estou fazendo isso com calma.

Se eu deixar que o suor
congele no meu corpo,

a hipotermia surgir� duas vezes
mais r�pido.

Bem, j� estou protegido do vento.

E isto me levou...
... uns bons 20 minutos,

s� para escavar esta pequena �rea
de neve bem solta.

Mas agora, o que preciso fazer �
escavar uma pequena cova aqui em baixo.

E a raz�o para fazer isso,
� para que o ar frio v� para baixo.

N�o quero que este ar frio
esteja � minha volta.

Em vez disso, quero que ele v� para baixo
para o que se chama de "po�o frio".

O que eu quero fazer agora
� bloquear parte desta entrada, aqui.

Me sinto tentado a tapar
completamente a entrada,

para que o vento n�o entre.
Mas isso pode ser fatal.

O que eu fiz aqui foi s� colocar
alguns dos blocos aqui em cima.

E isto vai ficar consistente.
Deixei aqui um buraco de ventila��o

para colocar a minha m�o.

O vento est� soprando forte.
Isto vai me dar uma boa cobertura.

Mas tenho que me certificar de
que consigo colocar aqui a minha m�o

mantendo o buraco de ventila��o.
Caso contr�rio, podemos sufocar aqui.

Manter-se hidratado,
ajuda a manter o corpo quente.

Comer a neve � tentador,

mas isso, s� iria baixar ainda mais
a minha temperatura corporal.

Portanto, vou derreter a neve,
lentamente, durante a noite

com o meu calor corporal.

S�o umas tr�s da manh�.

Mas estou um bocado preocupado
porque as minhas m�os e o meus p�s

est�o come�ando
a ficar muito dormentes.

E isto � uma verdadeira
batalha mental. Continuar...

...continuar a esfreg�-los
e n�o desistir.

� s� menos uma noite de sono.

J� � de manh�.
E a minha grande prioridade...

...� sair deste geleira.

N�o posso correr o risco de ser
apanhado por outra tempestade, aqui.

Est� definitivamente, ventando menos
do que ontem.

Mas ainda est� ventando,

mas, na verdade, consigo ver o sol ali
e isso � um bom sinal.

Mas na Isl�ndia, o sol n�o
nasce a leste e p�e-se a oeste.

� mais, sudeste e sudoeste.

Portanto, ali � sudeste...
o sol acabou de nascer agora...

...o que quer dizer que sudoeste
� para ali e � para l� que vou.

As geleiras est�o cheias
destas ravinas de gelo.

E elas podem ser perigosas.

Toda esta neve aqui
� o que costumam chamar "neve podre".

O que quer dizer que cai, acumula-se
e depois volta a congelar.

Ficamos com uma camada dura,
o que � �timo para se andar.

Consigo enfiar bem os p�s
e ter uma excelente ader�ncia.

Mas o perigo das geleiras,
s�o as fendas.

O que geralmente vemos nas fendas,
� uma camada fina de neve compacta,

a que chamamos "ponte de neve".

E podemos ver ali que aquela colapsou
e � por isso que s�o t�o perigosas.

N�o sabemos quando
estamos em cima de uma

nem o que est� por baixo dela.

Algumas delas podem ter
30 metros de profundidade,

precip�cios estreitos
mesmo por baixo de n�s.

� por isso que temos que ter tanto cuidado
nos mantendo nas encostas das ravinas.

Se ca�rem numa fenda,
pode ser imposs�vel voltarem a sair.

E sem hip�tese de sair, uma morte
lenta � tudo o que os espera.

E esta � a parte final
da geleira.

Sempre olhei para as geleiras
como monstros vivos.

Movem-se, mudam de dire��o, crescem...

...e muitas vezes, se zangam.

Mas eu vou seguir o meu caminho.

Estou agora a 900 metros de altitude
e a temperatura est� pra congelar.

Finalmente, parece haver
um caminho mais f�cil at� sudoeste.

Mas subitamente, h� um rio profundo
bloqueando meu caminho.

Toda aquela �gua,
� �gua derretida da geleira.

Vai estar muito fria mesmo.

Mas eu preciso tentar seguir
o meu caminho nesta dire��o

porque preciso ir para sudoeste.

Mas tenho que fazer de tudo
para evitar aquilo ali em baixo.

Por isso tenho que ver uma forma
de tentar atravessar isto.

Mas pode ser que haja uma solu��o
do outro lado do rio.

Consigo ver algum vapor saindo daquelas
encostas daquele lado.

E isso significa piscinas geot�rmicas.
�gua quente.

Por isso, saltar para esta �gua
� um risco que posso correr.

Mas � um grande risco.

Se mergulhar em �gua gelada,
e com o vento frio,

fico com menos de 20 minutos
para chegar at� �quelas piscinas quentes

antes de perder os sentidos.

N�o vou conseguir descer por aqui por
isso, n�o tenho alternativa sen�o saltar.

Mas � suficientemente funda.

A �gua � transparente
e eu consigo ver at� o fundo.

Mas � alto.
Isto deve ser um salto de 9 metros

e eu sei que aquela �gua � glacial.
Vai estar extremamente fria.

E assim que eu cair nela,
vai ser uma bomba-rel�gio

entre a hipotermia
e chegar �quelas piscinas.

Estou na Isl�ndia,
indo a sudoeste

para aquilo que eu espero ser
uma cidade e a minha salva��o.

Mas um rio glacial profundo,
est� bloqueando meu caminho.

A minha �nica op��o
� saltar.

A �gua gelada fez com que
o meu corpo entrasse em choque.

Tamb�m estou perdendo calor
rapidamente

e isso faz com fique mais fraco
a cada segundo que passa.

S� tenho cerca de 15 minutos
para que a minha temperatura corporal

volte ao normal.

A minha �nica esperan�a
� chegar �s piscinas geot�rmicas.

Mas elas est�o
a mais de 1km de dist�ncia.

Ali est� muito frio.

As minhas m�os e as minhas pernas
ficaram logo dormentes.

E eu sei que tenho que continuar
a mexer cada um deles

at� chegar �quelas piscinas.

O ar est� literalmente refrigerando
o meu corpo.

Acho que vou ter que come�ar a correr.
Estou ficando com muito frio.

Em caso de frio extremo, o meu
corpo protege o c�rebro e o cora��o

tirando a circula��o de sangue
das m�os e dos p�s.

E isso faz com que correr,
seja ainda mais complicado.

Uma piscina quente.

Mas olhem.
D� para ver...

Est�o vendo?
Est� borbulhando

Quer dizer que est� fervendo
E nem pensar...

...nem pensar que eu vou entrar ali.

Estou sentindo que os meus bra�os
e pernas est�o come�ando a ceder.

Estou ficando sem tempo.

Agora,
preciso pensar rapidamente.

Conseguem ver esta �gua?
Est� vindo daquela piscina lamacenta.

E o que eu estou fazendo
� barrando este curso de �gua.

para criar uma pequena piscina
onde possa entrar.

Ok. J� est� com uma
temperatura razo�vel.

Tenho que entrar depressa.
E se n�o tirar estas roupas molhadas,

o meu corpo vai entrar em choque.

Com este vento, � de esperar
que sequem em poucas horas.

Mas ao menos, durante esse tempo...

...posso ficar nesta piscina quente,

e n�o morrer congelado.

Aben�oados vulc�es.

E � espantoso...
olhar para a neve � minha volta

e saber que h� tr�s minutos atr�s,
n�o estava muito longe da hipotermia,

e agora,
� quase como estar em casa.

S� que um bocado mais
lamacento.

Depois de me aquecer,
e com as roupas praticamente secas,

est� na hora de ir andando.

A Isl�ndia tem muitas zonas
geot�rmicas

e 99% das casas � aquecida
por �gua quente natural.

A �gua vem de rios subterr�neos,
aquecidos por magma vulc�nico.

Preciso ter cuidado
ao andar por aqui

porque � comum haver
�reas macias de lama,

em que a lama est�, na verdade,
em ebuli��o, fervendo.

E todos os anos, v�rios turistas
ficam presos nisto

e ficam com queimaduras
extremamente graves.

A forma de testar o ch�o
� pis�-lo com muito cuidado,

puxar para baixo com as botas
e ver se a lama est� macia ou n�o.

E batam levemente, tamb�m
porque, muitas vezes, parece oco.

Isto significa que h� uma crosta
em cima, com a lama fervendo por baixo.

D� para ver aqui.
Est�o vendo?

H� um buraco aqui
que vai at� l� baixo.

E se eu pisasse nesta parte aqui,
provavelmente iria ceder.

Vamos nos afastar desta parte aqui.

E isto � uma �rea bastante delicada.
Tenho piscinas fervendo dos dois lados.

A temperatura aqui est�
em torno de 4 graus.

Por isso, ervas comest�veis, musgo
e l�quen, podem crescer aqui.

Desde os tempos dos vikings,
que ovelhas andam livremente por aqui

pastando nesta vegeta��o.

E isso, tamb�m me d� algo
para comer.

Tudo isto aqui...
Vejam.

Est�o vendo isto?
� "musgo de rena".

E � excelente, eu ter encontrado isto.
Posso dizer que � musgo de rena porque...

Olhem. � branco
e parece-se um pouco com ramos.

Na verdade, parece-se com...
Parece-se com chifres de renas.

Mas na verdade,
at� podem comer isto.

N�o tem muito valor nutricional
mas o que vai fazer

� me encher o est�mago
e evitar que sinta tanta fome.

E � para isso que os vikings
a costumavam usar.

Sobreviver trata-se de aproveitar
ao m�ximo, cada oportunidade.

E n�o demora muito,
para que me surja uma.

Isto � um verdadeiro achado.

Provavelmente, caiu deste rochedo.
Ficou presa aqui e morreu.

Mas a maioria das ovelhas islandesas,
durante o Inverno,

abrigam-se, havendo, por�m
algumas que ficam vagando por a�.

E esta � obviamente, uma delas.
Mas n�o est� morta h� muito tempo.

Os olhos ainda est�o l� o que
quer dizer que passaram poucos dias

desde que morreu.

E o que a Isl�ndia tem de bom
� que, por ser t�o fria,

a carne dura muito mais tempo.

E olhem.
Podem ver esta carne excelente.

J� tirei este bocado.
Agora posso come�ar a cortar...

...a carne e separ�-la
de toda esta pele.

E vou tamb�m cortar
uma boa por��o desta gordura.

A gordura deve ser guardada
sempre que poss�vel.

Os �leos podem revelar-se �teis
em muitas situa��es de sobreviv�ncia,

tais como comida de emerg�ncia
e fazer fogo.

Os islandeses comem quase tudo
nas ovelhas.

Desde os test�culos, o cora��o,
o f�gado e at� os olhos.

Na verdade, vou tirar este.

Os globos oculares das ovelhas
s�o extremamente nutritivos.

T�m um valor elevado de prote�nas
e s�o ricos em vitamina A e D.

Normalmente, s�o a primeira coisa
a apodrecer.

Mas neste frio,
estes ainda est�o bons.

Vou mergulhar este olho
ali na piscina geot�rmica.

Vou p�r tamb�m a carne,
j� que a �gua est� fervendo,

e depois, tudo isto,
ficar� bom para se comer.

Eu poderia comer a carne crua.
S� que � mais dif�cil de digerir,

e, na verdade,
at� pode retirar-nos energia.

Portanto cozinhem a carne
sempre que possam.

Podem ver aqui, onde a �gua
est� fervendo.

E tudo o que preciso fazer
� tirar os meus cadar�os,

e se eu fizer aqui um pequeno la�o
na ponta,

assim...

...e se eu o enfiar
nestes peda�os de carne,

posso faz�-los passar por aqui...

...e depois � s� esta �ltima parte.

O que eu vou fazer � passar
o cadar�o pelo pr�prio la�o...

...e isto fica assim pronto para
ser mergulhado na �gua fervente.

E olhem.
Fica instantaneamente castanha.

S� para verem o qu�o quente est�.

E enquanto a carne est� cozinhando
numa ponta do cadar�o,

posso agarrar na outra ponta
e passar por este olho.

E isto pode ser comido cru.

S� vou mergulhar isso aqui
para eliminar eventuais bact�rias.

Um breve cozimento na �gua fervendo...

...e este olho fica bom para se comer.

C�us.

� como mastigar cartilagem
recheada com uma gosma fria.

Dez minutos de cozimento, e o meu
prato principal deve estar pronto.

Vamos ver se...
... se isto est� pronto.

Isto � t�o bom como qualquer carne
servida num restaurante,

cozinhada com �gua vulc�nica.

J� com a barriga cheia,
est� na hora de voltar a andar.

J� consigo sentir o vento mudando.

E os islandeses t�m um ditado:
"Se n�o gostar do tempo,

espere 5 minutos,
e ficar� muito, muito pior. "

Estou no meio da natureza,
na Isl�ndia.

Estou indo a sudoeste,
para Reykjavik,

mas agora h� um enorme rio
para atravessar.

Levantou-se outra tempestade
com ventos de 80 km/h,

e a temperatura baixou
at� os 26 graus negativos.

Est� ventando muito aqui.
Mas tenho que atravessar este rio,

de alguma maneira.

Esta n�o � a parte mais estreita
mas � a menos funda,

e eu posso usar isso a meu favor.
Pode ver aquelas rochas

que criam um obst�culo na �gua, e eu
posso usar isso para ir de rocha em rocha

e depois sair.
Mas esta �gua vai estar gelada,

principalmente com o vento soprando.

Por isso, vou fazer o necess�rio,
para que a minha roupa,

especialmente a parte de cima,
fique seca.

Roupa molhada, nestas condi��es,
s�o fatais.

Por isso, vou mant�-las secas
cobrindo-as com o meu casaco imperme�vel.

Me viro contra a corrente,
assim que entro na �gua.

� mais f�cil manter o equil�brio.
N�o posso escorregar aqui.

Bem, j� passei.
E toda esta roupa, na verdade...

ficou surpreendentemente
seca.

E tal como costumam fazer
no ex�rcito...

...se nos queixamos do frio,
ent�o obrigam-nos a fazer umas destas.

Com umas dez destas,
ficamos quentes outra vez.

Ok.
Vou andando.

Passados 50 minutos,
a tempestade desapareceu

t�o r�pido quanto chegou.

Consigo ver uma floresta,
� dist�ncia.

Na Isl�ndia, o solo inf�rtil, o vento
e a temperatura

significa que as �rvores s�o poucas
e distantes umas das outras.

Mas quando as encontramos,
elas s�o excelentes

tanto para fazer abrigos,
como para a vida selvagem.

Olhem isto aqui.
Isto s�o penas de lag�podes.

Est�o vendo?
Tudo isto.

E lag�podes s�o uma esp�cie de perdiz.
Mas � isto que eles t�m.

Uma esp�cie de penugem
de Inverno.

e � assim que elas se camuflam
na neve.

Isto s�o boas not�cias para mim.
Se houver lag�podes por perto,

pode ser que apanhe um.

Os lag�podes s�o conhecidos como
"galinhas da neve" nos Estados Unidos,

por causa da sua penugem de Inverno,

e alimentam-se de frutas
e sementes debaixo das �rvores.

� isto que estou procurando.

Isto � como que uma trilha natural
por onde poder�o passar lag�podes.

Tudo o que preciso fazer
� usar um dos meus cadar�os,

Vou fazer um n�
bastante simples,

que vai me dar este pequeno
la�o.

E agora, amarro esta ponta
em volta da �rvore,

e coloco isto aqui daquele lado...

...e o abrimos deste
lado. E a id�ia �...

...o lag�pode vir por aqui, passar por
isto, ficar preso aqui e agarrado � �rvore.

Vou montar v�rias armadilhas
e esperar que uma tenha algo, de manh�.

A minha pr�xima prioridade � encontrar
um abrigo e fazer uma fogueira.

Vou fazer um abrigo tradicional
usado pelos vikings.

O que estou fazendo
� um colch�o bem fofinho.

E depois vou construir as paredes
com pedras, em forma de caix�o,

para reter o calor.

Esta parte constru� mais alta
para que possa colocar ramos em cima.

E estes ramos fazem uma especie
de arco natural, aqui,

o que quer dizer que posso
coloc�-los em cima.

Isto me d� espa�o suficiente
para deitar

e agora vou p�r algum musgo
aqui em cima.

Deve ser � prova de �gua.

Agora vou a procura de combust�vel
para uma fogueira bem quentinha.

H� aqui muitas destas b�tulas
e � delas que eu estou � procura.

Pode ver que s�o b�tulas
por causa da cor prateada dos ramos,

nesta �poca do ano, no inverno.
Todas as folhas ca�ram.

Mas s�o as folhas que est�o por baixo
que eu estou � procura.

E elas v�o ser boas para queimar
na minha fogueira.

Vou precisar de muita madeira
para me manter quente, durante a noite.

Vou criar algo como uma barreira
de pedras em volta, para proteg�-la,

continuando a alimentar o fogo.

� a primeira vez
desde que fui largado naquela geleira

que consigo sentir
algum calor nas minhas m�os.

Isso � bom!

Aqui est� um belo quarto...

...para um Bear cheio de sono.

S� espero que n�o chova.

De qualquer forma...
... preciso dormir.

At� agora, ag�entei tudo
o que a Isl�ndia arranjou para mim.

Mas os mort�feros t�neis de lava podem
ser um advers�rio a altura.

Isto acabou se tornando
muito mais dif�cil.

Passei uma noite bem fria,
no meu abrigo viking.

Ontem � noite,
montei algumas armadilhas

e espero que tenha tido sorte.

Bem, pelo menos, o sol j� nasceu.

E ontem � noite,
estava ventando bastante.

Passei metade da noite,
tentando manter a fogueira acesa

porque estava queimando muito mais
r�pido do que eu estava esperando.

Por isso, vou p�r isto pra queimar
e depois vou ver as minhas armadilhas.

Ontem � noite,
montei armadilhas para lag�podes.

Uma esp�cie de perdiz,
existente na Isl�ndia.

N�o.
Nada.

Nada aqui.

Mas n�o me surpreende.

A minha experi�ncia diz que
se quiser apanhar realmente algo,

preciso montar
v�rias destas.

Mas sobreviver tem muito haver
com continuar tentando,

e ter a energia para fazer
este tipo de coisas,

mesmo quando estamos cansados
e n�o queremos mais tentar.

Mas na armadilha n�2,
tenho sorte.

� o primeiro lag�pode que apanho.

J� apanhei perdizes antes.
Mas nunca lag�podes.

E isto s�o not�cias excelentes.

Vou lev�-la para o
acampamento.

N�o preciso depen�-lo.
H� uma forma mais r�pida.

Basta cortar a cabe�a e as asas
e tirar a pele a partir do peito.

Se puxarmos,
toda esta pele vai sair.

E depois, � s� p�r aqui as m�os
e tirar as entranhas...

...toda esta parte...
... e depois � s� tirar a pele.

Mal posso esperar para comer isto.

O lag�pode � um prato de Natal
popular na Isl�ndia.

Mas eu n�o vou esperar tanto.
Este deve estar pronto em 15 minutos.

Olhem s�.
Toda esta carne escura.

Tem um sabor forte.

Mas tamb�m vai me dar
alguma energia e calorias.

E neste momento,
preciso de ambas as coisas.

Ainda estou seguindo para sudoeste.

N�o demora muito at� eu chegar
a um dos antigos campos de lava,

que cobrem 10% do territ�rio.

Formam-se a partir de erup��es
vulc�nicas

quando a lava para e
solidifica,

e podem ser lugares trai�oeiros
para atravessar.

Podemos ver todo este campo de lava
coberto com este musgo.

E isto torna a travessia
algo muito lento.

Al�m disso,
preciso ter cuidado

porque � dif�cil ver sobre
o que o musgo est� crescendo.

Se h� um buraco, ou uma fenda
ou uma rocha dura.

Seria muito f�cil
torcer o tornozelo, aqui.

Olhem aqui.
Olhem.

Est�o vendo estes buracos.
� disto que eu estou falando.

A �ltima erup��o vulc�nica
foi em 2004.

Mas alguns destes campos s�o antigos.
Alguns com mais de 7000 anos.

E t�m um lugar especial
no folclore island�s.

A exist�ncia de duendes e an�es est�
bastante enraizada na cultura islandesa.

E ao que consta, 50% dos islandeses
ainda hoje acreditam em duendes e an�es.

Acredita-se que alguns vivem nas rochas,
e que uns s�o bons

enquanto outros s�o maus.

espero que sejam os bons que
estejam me olhando.

Este antigo campo de lava
est� cheio deste g�nero de grutas.

Ali�s, na verdade,
isto � um antigo tubo de lava.

E isto � onde, a tempos,
uma enorme torrente de lava

correu por aqui.
E o que acontecia � que depois de passar

formava estes tipos de t�neis.

Mas o que eu estou tendo dificuldades,
agora que sa� da geleira,

� encontrar �gua para beber.
E todo este campo de lava...

...a sua tradu��o do island�s,
quer dizer literalmente "sem �gua".

Mas a minha melhor hip�tese
� entrar ali,

e ver se encontro algumas infiltra��es
descendo, de �gua doce.

Primeiro de tudo, mesmo
antes de pensar em entrar,

tenho que fazer uma esp�cie
de tocha.

N�o se v� nada.

Posso fazer uma tocha com ramos e com
a gordura que guardei da ovelha morta.

Vamos p�r isto aqui,
para n�o pegar vento.

A �gua das grutas � filtrada pela rocha.

Por isso, pode ser muito mais pura
do que a neve aqui de fora

que pode estar cheia de bact�rias.

O que eu preciso agora
� algum tecido da minha camiseta.

Tenho aqui alguma desta
gordura de ovelha.

Vou enrolar isto em
volta... assim...

...pegar este peda�o de camiseta
e prend�-lo em volta.

Agora vou fazer fogo
e isto vai come�ar logo a queimar.

Vou tentar acender isto.

Ok, vamos.

Preciso ter muito cuidado
porque tudo isto � muito fr�gil.

E afiado.

� por isso que vou precisar
das minhas luvas, aqui.

A Isl�ndia tem em m�dia 33
tremores de terra por dia.

E qualquer um deles,
pode fazer cair este tubo.

Tenho que ser r�pido.

O que eu estou procurando
� uma boa fonte de �gua.

Isto est� ficando cada vez mais baixo,
o que n�o me agrada.

Olhem.
� por causa disso.

Olhem.
Conseguem ver?

Toda esta parte de cima,
caiu.

Esta n�o � uma boa hora
para a tocha se desfazer.

Se isso se desfazer,
terei s�rios problemas

Olhem.
Podemos ver tudo isso que colapsou.

E � por isso que estes lugares
s�o t�o perigosos.

Quero encontrar �gua e sair daqui
o mais rapidamente poss�vel.

Estou num tubo de lava na Isl�ndia
procurando �gua.

Mas a minha tocha,
est� apagando rapidamente.

H� aqui uma pequena infiltra��o
descendo pela rocha.

Isto � bom para beber.

Sim, � o melhor que vou
arranjar aqui.

Isso � bom!

Agora,
tenho o cantil cheio.

Vamos ver se sa�mos daqui
antes que este fogo se apague.

Fazer o resto do caminho sem luz
n�o � o que eu queria...

E olhem.
Apagou.

Sou for�ado
a fazer os �ltimos 200 metros...

...�s escuras.

Mas finalmente,
consigo chegar � sa�da do t�nel.

Estou no fim dos campos de lava.

Mas ainda preciso de toda a energia

para atravessar as vastas plan�cies,
� minha frente.

Quando estou conseguindo
me distanciar...

surge um vento
com rajadas de 80 km/hora.

E este vento surgiu assim,
subitamente, do nada...

a meia hora atr�s.
E isto est� fazendo com que andar...

...seja quase imposs�vel.

Isto deve ventando...

Isto deve estar soprando
a uns 90 km/hora.

E o que faz...

...� levantar a areia toda,
atingindo seu rosto.

E olhem.
Se eu tentar resistir a este vento...

S� para verem qu�o forte �.

Venham aqui para baixo.

Isto � na verdade, um buraco
feito pelo gado

neste deserto de areia vulc�nica.

Me d� a hip�tese
de me proteger do vento.

E olhem...
Isto n�o deve ser mais fundo que 60cm,

E fico imaginando.

O vento ainda est� soprando
por cima da minha cabe�a.

E foi uma sorte encontrar isto.

Me d� a hip�tese de ficar aqui,
esperar um pouco...

...e ver se este vento vai passar.

Aproveito a oportunidade
para me deitar aqui e descansar.

Mas tempestades como esta
s�o conhecidas por durarem semanas.

Por isso, preciso ir andando.

Estou no que os islandeses chamam
de "sandur".

Estende-se por 160 km
at� � costa e pode ser perigoso.

Toda esta �rea aqui, � agora
s� uma vasta plan�cie de areia preta.

E � uma combina��o perigosa
entre areia solta e �gua.

E no passado, era conhecida por engolir
literalmente, pessoas e cavalos.

E este lugar tem realmente
algo de sinistro.

Mas a maneira de atravessar isto
� definir como meta os pontos mais altos

e termos cuidado com as partes
mais fundas que s�o as mais pantanosas.

E se estiver em cima de uma dessas,
t�m de recuar e ir para um ponto alto.

Caso contr�rio, posso ficar enterrado
at� � cintura, em areia movedi�a.

No passado, os marinheiros islandeses n�o
tinham consci�ncia dos perigos mortais

destas dunas negras,
e muitos morreram ao chegar a costa.

N�o sei se conseguem ver
no horizonte, depois da areia preta...

pode se ver algumas torres.
� um bocado dif�cil ver com o sol

mas aquilo s�o com certeza,
postes de eletricidade

e eu s� espero que, para l�,
esteja uma estrada.

sem d�vida �
uma auto-estrada costeira

e daqui, poderei pegar uma carona
at� Reykjavik.

E isto � o fim da minha viagem.

E na verdade, o Inverno
na Isl�ndia...

...a terra do fogo e do gelo...

...me mostrou a m�e natureza
na sua forma mais crua.

E foram ventos extremamente fortes
e temperaturas extremamente baixas.

e me levou ao meu limite