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Sim, a cidade
está se espalhando assim

pelo Plano de
Desenvolvimento Urbano.

É por isso que temos
que trazê-lo aqui.

- Isso é muito fácil!
- Mude o plano urbano!

- O quê?
- É só mudarmos o plano!

Não é preciso.
Essa é uma área agrícola.

Quanto custa o metro quadrado?
300, 500, 1000 liras?

Mas amanhã, esta mesma terra,

Este mesmo metro quadrado,

pode custar 60,
70 mil. Ou mais.

Depende tudo de nós.

5 mil porcento de lucro.

Aqui está.
Isso é o ouro hoje.

O que pode bater isso?
Comércio? Indústria?

"O Renascimento Industrial
do Sul."

Claro, invista em fábricas: greves,
sindicatos, benefícios médicos.

Isso pode te provocar
um infarto.

O que estou propondo é nenhuma
luta, nenhuma preocupação.

Todo o lucro e sem riscos.

Só precisamos convencer a cidade
a trazer estrada, água, gás, luz e telefone.

em que direção
a cidade deveria crescer?

Esse tem sido o objetivo
das nossas discussões.

Finalmente, um comitê
especial de especialistas em urbanismo,

escolheu a região
Norte da cidade.

Onde agora há apenas uma
esquálida extensão de terreno,

a cidade vai trazer
estradas, água, luz e gás

e todas as outras
melhorias indispensáveis.

E é por isto que o nosso
partido tem trabalhado tanto:

para conseguir do Parlamento
a concessão de um fundo especial

para o desenvolvimento
de nossa cidade.

Com esse projeto de expansão,

nós e toda a comissão
governamental

poderemos aparecer diante
de nossos concidadãos

nas próximas eleições

certos de que, mais uma vez,
não nos negarão seu voto de confiança

que nos tem permitido
durante tantos anos

garantir a maioria absoluta
na Câmara Municipal.

E vocês, membros do Parlamento
que sempre mostraram

grande interesse no
renascimento do Sul,

esse projeto diz respeito
a vocês também.

O suporte que nós pedimos
ao governo nacional,

não é meramente
de natureza financeira.

É também uma questão moral
de grande urgência.

Se esse apoio estiver próximo,

nós seremos justos à nossa
natureza generosa de sulistas

e devolveremos através
de colaboração política

tanto quanto
recebermos do governo.

Excelência, em vista das eleições esse
vôo é a confirmação de um concílio

de aliança entre o centro
e a direita?

- Não corramos rápido demais.
- É, neste caso, não "corramos" rápido demais.

Isso é justamente
o que parece ser.

O ministro, antecipando
a liberação dos fundos,

desejou ver, pessoalmente, em
nome de todo o governo,

como os fundos
estão sendo empregados.

- Quantos bilhões?
- 300 bilhões.

MÃOS SOBRE A CIDADE.

Mão de Deus!

Me ajude aqui!

Meu filho! Meu bebê!

Deixe-me ir!
Meu bebê!

Secali.

Tedeschi, Maria.

Tenzi.

Torrese.

Ungaretti.

Zampari.

Senhor prefeito,
nós temos um quorum.

Eu tenho a honra de abrir a sessão.

Primeiro item da ordem do dia.

- Posso ter a palavra?
- Sobre qual justificativa?

Um prédio desabou ontem em
Vico Sant'Andrea, causando duas mortes,

e uma criança ainda está
lutando por sua vida.

Verador De Vita,
esse item não está na ordem do dia.

Senhor prefeito, perdoe-me,

mas as pessoas não podem agendar suas mortes
para coincidir com a nossa agenda.

Você vai usar qualquer tática
de esquerda em época de eleição.

Como não houve vítimas,

Só o judiciário
tem competência.

Uma investigação já está em andamento
para determinar a responsabilidade.

E quanto à responsabilidade moral?
Esta não é uma questão apenas legal.

Você está desperdiçando
o nosso tempo.

Você é o único que está
perdendo o nosso tempo.

Sr. prefeito, eu não vou tolerar
estas constantes interrupções.

Isto não está na ordem do dia.

Senhor prefeito, faça
respeitarem o regulamento!

Vamos!
Falem contra De Vita!

Quando a ordem for restabelecida,
podemos continuar.

Silêncio! Basta!

Vamos ouvir o que ele tem a dizer.

Silêncio! Quietos!

Este não é um evento isolado.

As vítimas de ontem e
outras antes delas,

são vítimas da vergonhosa
especulação privada

que transforma a face da
nossa cidade cada vez mais

e encontra aliados entre os
mesmos homens sentados nesta sala.

Silêncio!

Onde quer chegar?

Queremos abrir um inquérito
composto por todos os grupos políticos

para investigar a
especulação imobiliária.

Você sabe que não podemos
lançar nossa própria investigação

quando o judiciário já está envolvido.
Nós já estabelecemos isto.

Nós queremos um inquérito para investigar
a especulação imobiliária em nossa cidade.

O judiciário não
tem interesse nesse assunto.

Porque não começamos
pelo comissário de construção

para saber se todos os códigos
de construção foram seguidos?

- Eu estou pronto a esclarecer.
- Você não vai esclarecer nada.

O assunto está encerrado.
Há problemas mais importantes.

Suas mãos estão tão sujas que não
querem nem deixar o comissário falar.

Nossas mãos estão limpas!

Então permita que ele nos fale,

qual companhia está construindo
em Vico Sant'Andrea.

Todo mundo sabe.
É a Companhia Bellavista.

E a maioria sabe quem é o acionista
majoritário desta companhia?

Se ele não sabe -
O que ele sabe -

eu fico feliz em dizer-lhe, porque já
é hora de denunciarmos à imprensa.

O acionista majoritário é
o vereador Edoardo Nottola.

E o engenheiro de construção
é o filho dele

que está escondido
desde o incidente.

O vereador Nottola
está em Roma no momento.

Quando voltar, ele vai
responder tudo o que quiser.

No entanto, o vereador Nottola
também é um cidadão privado,

e não há nenhuma lei que proíba que
invista seu capital em qualquer empresa.

Ele pode investir seu
dinheiro à vontade,

mas não pode especular
em conluio com a cidade.

É você quem especula
pelas costas do povo.

Você minou o Plano de
Desenvolvimento Urbano.

Nós rejeitamos essa insinuação.

Somos honestos, pessoas trabalhadoras.
É você quem usa as pessoas como peões.

Isso é propaganda eleitoral.

Nós conhecemos os
seus métodos muito bem.

Silêncio ou eu esvazio a sala!

Você está jogando tudo
nas mãos da esquerda.

Isso não diz respeito
à aliança com a esquerda.

Nós precisamos tranquilizar
a opinião pública.

Você é da maioria.
Ponha o inquérito abaixo se quiser.

Se tiver coragem.

O que eles estão dizendo?

- Também querem o inquérito.
- Mesmo os do centro?

Qual o jogo deles?
- Estão preparando a campanha eleitoral.

Não podemos perder a confiança
das pessoas justo antes das eleições.

Vamos colocar em votação.

Todos vão saber que somos
os únicos contra a investigação,

mas eu vou conceder-lhes
justamente por causa das eleições.

Em nossa cidade,
vereadores e grandes empresários,

comissários e
especuladores imobiliários,

são as mesmas pessoas.

Seus nomes são
conhecidos de todos.

O mais importante entre
eles é Edoardo Nottola.

Eu posso agradecer ao meu partido
e ao prefeito pela minha fama repentina.

De acordo com
cálculos aproximados,

os terrenos edificáveis
valorizaram depois da guerra

em aproximadamente 120
bilhões de liras.

Este é apenas um dos aspectos das
empresas de propriedade da nossa cidade.

Alguns desses bilhões,
foram parar

nos bolsos de Edoardo Nottola.

Conselheiro, posso
processá-lo por difamação?

Vamos ver.

É sempre "vamos ver".
Continue lendo.

"Para entender Nottola,
precisamos lembrar

que a maior construção de
escândalos da última década

tem sua assinatura.

Pensemos somente no
desastre em Vico Sant'Andrea.

A evidência dos fatos, junto
à perícia do Tribunal

apontam para a incompetência
por parte da Companhia Bellavista.

Mas a cidade não parou
a construção. Por quê?

Porque Nottola detém os cordões da bolsa.
Detenha essas pessoas.

Eles não vão me encher o saco
antes das eleições. Vá.

"O inquérito deveria ter investigado
todos esses problemas,

mas, como já era
previsto, o prefeito

depois de um generoso abraço
a uma proposta da oposição,

restringiu tanto o inquérito
que ele se tornou inútil".

Eu te disse: sem fotos.
Estou parecendo o Mussolini.

Leia essa parte de novo.

"...restringiu tanto o inquérito
que ele se tornou inútil".

A Responsabilidade por parte do
departamento de construção da cidade,

será determinada somente ao
que se refere a Vico Sant'Andrea."

- Acabou?
- Acabou.

Ligue para o prefeito.

O vereador Nottola gostaria
de falar com o prefeito.

O prefeito está em uma reunião.

Maglione, você viu os jornais?
Eu estava certo. Sou o único alvo.

Certo, claro!

Escute-me.

Eu quero os quatro homens que designei
para representar nosso partido no inquérito.

Para não transformar este inquérito
em especulação pré-eleitoral,

por favor, fiquem dentro dos
limites de nossa investigação.

Para que fique claro,
vou repetir.

Nosso propósito
é investigar

o comportamento dos órgãos
administrativos da cidade

em confronto com os
construtores das empresas

só no que se refere
a Vico Sant'Andrea.

O que vamos descobrir com isso?
No máximo pessoas que receberam suborno.

Não vamos começar
com acusações.

Vamos acabar começando
a acusar uns aos outros.

Só queremos um inquérito objetivo
não para ficar perdendo tempo.

Quem está perdendo tempo?

Estamos aqui para conduzir um inquérito,
não para desacreditar nossos funcionários.

Para provar a honestidade deles,
não a desonestidade.

Honestidade! Como se não
soubéssemos como as coisas funcionam.

De Vita, você está
sempre se lamentando.

Tudo que o presidente disse
estava absolutamente correto.

Todos estão representados aqui:
esquerda, centro e direita.

Não está bom?

Vocês estarão me prestando
um grande favor.

se descobrirem
essas infrações e abusos

e essas desprezíveis
irregularidades.

Eu pretendo moralizar.

Relativamente,
é claro.

Boa!

Tirar vantagem?
Isso é inevitável, senhores.

O Homem é o Homem.
Até certo ponto, é claro.

"Adelante, Pedro, cum judício".

"Juicio."

Eu lembro "judicio."

Isso é Espanhol.

Agora, senhores,
A Câmara é de vocês.

O que está acontecendo?

Deixe-as passar.
Vamos em frente.

De Vita, vê como
se faz a democracia?

Com licença.

Como eu posso encontrá-lo
sem o ano ou o número de licença?

Tantas perguntas!
Mais alto!

À esquerda.
Lá.

Bem na sua frente.
Esta.

Me dê.

Com licença.

Olá, Picozzi.

Bom dia, conselheiro.

Estou ocupado.

Amanhã, amanhã!

O que preciso fazer para
ter o meu arquivo?

- A porta.
- Você fecha.

- Aqui está o arquivo.
- Finalmente.

Aqui. Está tudo em ordem.

Acho que todos
podemos ficar satisfeitos.

Eu concordo.

Nós gostaríamos de rastrear o processo
do pedido de concessão da licença.

Apesar de que, uma licença pode
se obter em três dias, como esta.

Isso significa apenas que o sistema
funcionou de maneira eficiente.

Como deveria.

Você está sempre reclamando
dos atrasos burocráticos.

Isso porque o nosso
contador está aqui.

Morzillo, leve os vereadores
onde eles desejarem.

Vamos.

Vamos começar com assuntos técnicos.
Já vou pegar os arquivos.

A seu serviço.

De Vita, quanto tempo geralmente
demora para conseguir uma permissão?

Bem a gente que vem aqui leva
pelo menos seis meses, se tudo der certo.

Caso contrário, um
ano ou dois.

Tente como um cidadão comum.
Você vai ver.

- A mesma velha história.
- O que você esperava?

Morzillo, eles querem sangue.
Você vai ficar bem?

Eu estou aqui a 40 anos,

e nunca vi ninguém
ser demitido.

- Onde é o departamento?
- Aí vem eles.

Por aqui.
Eu deixei o arquivo preparado.

Senhor Morzillo,
fale-me sobre isso.

Este é o prédio que
a Bellavista demoliu,

e este é o que
desabou.

Eles são adjacentes
ou foram divididos por um muro?

Nós não somos todos engenheiros.
Explique sua pergunta.

Eram dois edifícios com o mesmo
muro ou com dois muros adjacentes?

Como podemos
estabelecer isso?

Este mapa está em uma
escala de milímetros.

Um muro de um metro tem ½ mm
Dois muros, 1 mm.

Nossa caneta tem
1 mm de espessura.

Então, é tecnicamente impossível
saber se tratava-se de um muro, ou dois

com as ferramentas
que temos à disposição.

Então como se pode estabelecer
se um prédio pode ser demolido?

Isso não é de competência
da minha jurisdição.

- É da competência de quem?
- Do Departamento de Segurança.

Napoles, são duas cidades:

uma, aérea e visível

a outra, terrena.

Em outras palavras,
o solo que construímos,

é como um queijo suíço
cheio de buracos.

Você não faz ideia do que
existe no subsolo:

passarelas, cavernas, fendas.

Nossa administração ordenou
todos esses mapas,

mas se tornaram inúteis

porque os terremotos, enchentes,
infiltrações de água constantes,

vão modificar eternamente
a estrutura do subsolo.

Então, quando há
um desabamento,

devido a essas miseráveis
causas naturais,

por que atribuir a
responsabilidade aos humanos?

Do que se trata tudo isso?

Nós estamos investigando um
desabamento só: Vico Sant'Andrea.

Tudo isso é irrelevante!
- Por quê?

Se uma parede comum
suporta dois prédios,

Não deveriam ter
permitido a demolição

sem que se tomassem as
precauções necessárias

para estabilizar o
edifício adjacente

que estava habitado,
não podemos esquecer.

Você está dizendo que os engenheiros
da cidade não estão fazendo seu trabalho

sem ter nenhuma prova.

Um elemento veio à tona, e somos
nós que devemos investigá-lo.

A fundação do novo prédio
foi colocada com um bate estaca.

É claro que um bate estaca
derrubaria um prédio velho e decrépito

em uma área em que o menor choque
é como um terremoto.

E isso me basta.

Que tipo de "elemento" é esse?
Foi tudo de acordo com os regulamentos.

A única coisa que
veio à luz,

é que cada departamento
seguiu todas as regras aplicáveis.

De fato. Este estudo prova
que está tudo em ordem.

No verso estão listadas todas
as medidas de segurança

prescritas pela lei.
Aqui.

E eles cumprem essas normas?

Acabamos de prescrevê-las.

- Quem verifica o cumprimento?
- Ninguém.

Se você não cumpre, vai para a cadeia.
É para isso que serve o judiciário.

Ah, finalmente estamos
chegando em algum lugar.

O cumprimento só é verificado
após o incidente.

Cada departamento faz o seu
trabalho. Deixa que as pessoas morram.

Não vamos nos deixar levar.

Os acordos da cidade garantem
o direito de terceiros,

aos inquilinos, aos proprietários, qualquer
um que possa sustentar a indenização.

No nosso caso, inquilinos
não fizeram queixas.

Nem os proprietários.
Então, a cidade está limpa.

Um cara diz que não
é de sua competência,

O outro diz que não
é sua preocupação.

Os bombeiros sempre
têm que respeitar o regulamento.

Tudo previsto, tudo previsto.
Tudo dentro das regras.

Bem, uma regra
que não funciona.

E a regra você quer escrever?

Não. Esta só funciona na
União soviética.

Boa.

De Vita, onde vai?

Vou pegar alguma
coisa para comer.

Vamos ao café do hospital.
Nós podemos conversar.

Está bem.
Deixe-me apenas trancar o carro.

Como vai?

Seja um bom garoto
e você vai pra casa amanhã.

Sempre com as
cartas, hein?!

Você tem lido o jornal?

Olhe para ela.

Como vai?
Está se sentindo melhor?

Vamos ver se podemos
mandá-la para casa também.

De Vita,

você perguntou como eu acabei
na comissão do inquérito.

Vê essas crianças?

Elas precisam de ar, luz, casa higiênica.
Elas não deveriam nunca vir parar aqui.

Onde está Tonino?
- No terraço.

- Vá chamá-lo.
- Vá chamá-lo, irmã.

Comendo doces?

Vamos, não chore.

E há algo pior ainda

que pesa sobre todos nós no
quadro da investigação:

as jovens vítimas
do desabamento.

Aqui está Tonino.

Venha aqui, meu jovem.

Isso. Continue andando.

Bom garoto!

Eles já te golpeiam
logo de manhã.

O que aconteceu agora?

Aconteceu que a comissão está seguindo
tranquilamente com a investigação

e meu nome está nos jornais
todo santo dia.

De Vita se comunica com Balsamo,
o vereador do centro.

E isso deveria
preocupá-lo também.

Eu terei que começar
a construir de novo.

Quando a construção para,
o dinheiro para.

Isto é suficiente pra você?

Calma.
Tome um café.

Os prédios em Vico Sant'Andrea
têm que ser demolidos imediatamente.

Tenho que construir,
e você sabe disso.

O primeiro caiu sozinho,
graças a Deus.

O resto eu terei que fazer.

As eleições serão em um mês.

Todos voltaremos ao conselho
mais fortes do que nunca.

Seja paciente, Nottola.
Nós resolveremos tudo.

Dinheiro não é como um carro
que fica parado em uma garagem.

É como um cavalo
que tem que comer todos os dias.

Vá direto ao ponto.

Aqueles prédios devem vir abaixo
mas meu nome não pode vir à tona.

O que você quer?

Não. É "O que nós queremos"?

Os seus interesses e os meus
são idênticos.

Você não vê que está
me colocando em perigo?

É tempo de eleições.
Há problemas mais importantes.

Nós temos que ganhar.
Não podemos cometer erros tolos.

Despeje as pessoas e
perderemos os seus votos.

Eu vou participar das eleições,
o partido não pode perder votos,

mas eu não vou perder nada.

Então o que você vai fazer?

O Departamento de Segurança
condenou aqueles prédios

e enviou um aviso de despejo hoje.

Assim o vereador Nottola não
corre risco de perder seus votos.

Não são votos pra mim,
são para o partido?

Onde está seu filho?

No esconderijo,
esperando notícias.

Não se preocupe.
Nós cuidaremos disso.

É melhor que seja logo.
Ele não pode resistir por muito tempo.

Ele não quer continuar
se escondendo.

Mas o que ele pode fazer?
Transformar-se?

Se não fizermos algo,
não há modo de sair.

QUEREMOS UM TETO
PARA OS NOSSOS FILHOS.

PAREM DE NOS TRATAR
COMO ANIMAIS!

QUEREMOS MORADIA
NÃO BARRACOS!

Saiam daqui!

Eu não tenho nenhuma
intenção de forçar o assunto.

Eu me recuso a ser
responsabilizado por acidentes.

Mas comissário, essas pessoas
sempre se comportaram assim.

Se não insistirmos
elas entendem a mensagem.

Está bem.

Se ela aceitar o
subsídio da cidade,

ela não terá direito de
dizer nenhuma palavra depois.

Ela nunca porá os pés
em sua casa novamente!

Meus filhos têm que comer.
Deus proverá.

Ela está certa.

Não, ela não está certa.
Deus não proverá nada.

Se ela pegar o dinheiro,
ela não pode voltar.

- O que uma pobre mulher pode fazer?
- Usar a cabeça.

Saia daqui!

É um alívio sair
dessas casas podres,

mas nós precisamos
de um lugar para ir.

- E se o teto desabar?
- Que se dane!

Nós somos ferreiros, e
daqui não saímos.

Esses outros são ferreiros,

alfaiates, sapateiros, marceneiros.

Mas o trabalho deles é aqui.
Eles não podem abandonar.

Vocês têm que sair. O prefeito em
pessoa enviou o aviso de despejo.

Levaremos nossos filhos à prefeitura
Vamos ver se o prefeito nos expulsa.

Quieta aí em cima.

Saiam daqui!

Há três anos que existe
perigo de desabamento

Mas agora está acontecendo,
e é mais perigoso do que nunca.

- Naturalmente.
- Bem onde estão construindo.

São prédios velhos.
Não se pode ficar batendo.

Agora basta!
Vamos decidir por vocês!

Esse não foi o combinado.

Tem que esperar pelo vereador
e pela delegação.

Não há escolha.
Vocês têm que sair.

- Para onde?
- Já vimos isso acontecer.

Vocês não são capazes
de fazer nada.

Vocês mesmos
pediram por isso.

Isso é o que ganham
por votar neles.

Vocês deram-lhes poder
para fazerem o que quiserem.

E o que eles fizeram por vocês?
Acham que vão viver nos prédios novos?

Vão acabar num lugar pior ainda,
onde não poderão nem trabalhar.

Comissário, o
vereador está aqui.

Em quem devemos votar?
então? Nos comunistas?

Vote para os que não
querem lucrar às suas custas!

Não pode conter um comício.
Venha comigo!

Eu não vou permitir
que você interfira!

Esqueça suas responsabilidades.
Queremos ir ao fundo das coisas.

Eu não posso
permitir isso!

Se quiser falar comigo,
acalme-se.

Eu tenho uma ordem
assinada pelo prefeito.

Esses prédios podem desmoronar
a qualquer momento.

Eu sou engenheiro.

Esses prédios estão como a
metade dos prédios em Nápoles.

Só há ameaças de desabamento
quando é conveniente para certas pessoas.

Como você sabe?
Você realizou a perícia?

Não, foi o escritório técnico da
cidade. I. E. Edoardo Nottola.

Você precisa de provas para
fazer uma acusação dessa.

Deixe-me mostra-lhe
alguns fatos concretos.

Venha comigo.

Por favor.

Você quer ver ou não?

Vê isso?
É ótimo.

Esta água.

Tudo limpo, tudo novo.

Esta é a corrente elétrica.

Aqui está a cozinha.
O gás.

Siga-me.

Todas essas coisas...

você acha que aqueles prédios
tem alguma delas?

Você já os viu.

Por que não devemos nos
livrar de todos aqueles prédios

e substituí-los por
outros com este?

E outra coisa, De Vita.

Por que está fazendo
tudo isso contra mim?

Para continuar com
a sua causa?

Assim eles entendem como
você realmente é.

Eu sou um homem que investe
seu tempo, dinheiro e trabalho

para se livrar desses
barracos fedorentos.

Isso é mentira.
Os fatos dizem outra coisa.

Você é um bandido.

A lei criou um plano de
urbanização e você ignorou isso.

Você tira a casa e o
trabalho das pessoas

e não dá a mínima para
onde eles acabam.

Porque certamente eles não
acabam vivendo em casas como esta.

Eu não sou um benfeitor.

E o que pretende?
Você não tem nenhum limite.

Dois homens morreram e um menino
perdeu as pernas e você nem liga!

Tudo o que importa é
encher os seus bolsos.

Esse é o seu sistema. Eu sou
contra, não aos prédios,

quero que sejam construídos em
concordância com a lei não com seus regimes.

Raffaele De Rosa.

Vincenzo Russo.

Giovanni Porcaro.

Gennaro Gaeta

Vincenzo Esposito.

Manco.

Postiglione.

Visco.

Tramontano.

Filippone.

Nappi.

Oreste.

Nós vamos deixar o
presidente decidir.

Por favor, vá em frente
com a sua apresentação.

No Plano de Desenvolvimento
Urbano de 1939,

e no de 1958,
ainda a ser aprovado,

a área em que a Companhia
Bellavista está construindo

é destinada ao uso público.

- Isso já basta para nós.
- Por favor.

Em resolução, agora
você está examinando

a autorização da cidade para
a venda da terra à Bellavista.

Como era de seu direito.

Então no que concerne ao meu,
escritório, está tudo em ordem.

Já é suficiente. Obrigado
pelos esclarecimentos.

Boa tarde, senhores.

Esses esclarecimentos do
engenheiro-chefe da cidade,

excluem, como já era previsto,

qualquer irregularidade na operação
dos nossos departamentos administrativos.

Por isso lamentamos

as ações do vereador De Vita.

Com sua indiscrição,

e o tumulto que
ele causou na imprensa,

ele tem denegrido
e caluniado

o trabalho e o prestígio
da nossa comissão.

Ouça, ouça,

A imprensa sabia de coisas
que nem ele conhecia

antes dos resultados
deste inquérito.

Todo esse caso foi
apenas uma grande ação

sem nada para descobrir.

As ações de De Vita foram
anti-democráticas e inapropriadas.

A inadequação de uma decisão
afeta a cidade inteira,

com a venda de terras públicas
a um cidadão público

sem um debate prévio
na Câmara Municipal,

é uma questão de ordem moral.

Eu não posso esperar que
você compreenda esse raciocínio.

Então nos atemos aos fatos.

O que a comissão concluiu
com a apuração do inquérito?

Que aquela terra que é
zoneada para o uso público,

foi vendida pela resolução
da comissão municipal

para uma empresa privada
que pertence a um vereador.

São esses os fatos?
Estamos de acordo?

Vamos colocar no registro.

Você acha que
somos crianças?

Nossa tarefa é determinar

se qualquer departamento municipal
cometeu irregularidades,

não julgar as operações
da comissão municipal.

Nós já constatamos que o
município agiu corretamente

Isso é o que deveria
constar no registro.

Você está tão empenhado em
salvar o caráter de Nottola?

Você também vai
começar, agora?

Vamos encerrar o inquérito.
Falamos sobre isso em outro lugar.

Temos que respeitar a lei

e ficar dentro dos limites
deste inquérito em particular.

Assim você não está
respeitando a lei.

Na verdade, está usando seu poder
na maioria para desafiar a lei.

Dois fatos muito graves
vieram à tona:

Primeiro, terras públicas foram
vendidas a um cidadão privado.

O que poderia ser construído lá?
Um parque, uma escola, um hospital?

Em segundo lugar, o município em
geral, nunca foi informado.

O que é inadmissível quando
interesses públicos estão em jogo.

Somente a oposição pode agir

como um controle sobre o
poder da maioria,

e esta é a única garantia
para a democracia.

Você ouviu isso?
Não é apenas a esquerda falando.

Quando não há vontade
política para investigar,

um inquérito não serve para nada.

Nós vamos proceder
por outros meios.

Há o Parlamento, a imprensa,
a opinião pública.

Você está tentando
enterrar o caso todo.

Você quer minimizar
a gravidade do incidente.

Nós rejeitamos os
seus métodos.

Nottola, nós cometemos um erro.

Agora temos que evitar
que as coisas piorem.

Há apenas uma saída.

E é o partido falando
através de mim.

Temos que provar
à opinião pública

que nós temos responsabilidade
sobre as nossas ações.

Infelizmente,
desta vez cabe a você.

As conclusões estabelecidas
pelo inquérito,

você não sabe nada
sobre isso.

Envolveu a sua empresa e mais
alguns funcionários da cidade.

Nós cobrimos a coisa toda e a
administração sobrevive.

Esse escândalo ameaça o
Conselho Municipal

e todos nós, o partido e
todo o projeto.

É época de eleição.
Não se esqueça disso.

Siga meu conselho.
Você não vai se arrepender.

O que está dizendo?

Aonde quer chegar?

Diga. Diga claro.

Pela declaração da comissão, sua
empresa de construção é um tapa,

alguns funcionários municipais
são dispensados antecipadamente,

e tudo volta
ao normal.

Você sabe como se
resolvem essas coisas.

Vamos colocar as
cartas na mesa.

Você está me dizendo para
retirar minha candidatura.

Você está louco?

Meus votos me custam milhões.
Eu consegui um por um, de porta em porta.

E quando você precisou
deles, você pegou.

Agora eu deveria entregá-los

ao primeiro idiota que você
colocar em meu lugar?

Claro, se Nottola precisar,
ótimo. Caso contrário...

É Deus te abençoe
e adeus.

Mas ele ainda é um bom investimento
como cidadão comum

porque o dinheiro
entra em jogo...

sem perguntas.

E isso?

Devemos sacrificar por causa
de suas ambições políticas?

Ouça.

Quando você dividir as coisas
você espera que eu venha mendigar.

"Posso construir esse arranha-céu?
Posso ter esse contrato?"

Eu devo ser o comissário de construção.
Eu sou o único em quem confio.

Mas por quê? Para conseguir
os contratos do projeto?

Você já os conseguiu.

Nós temos que ganhar as eleições
para conquistar a maioria.

Com todas as besteiras que está
fazendo, podemos esquecer isso.

Você é construtor, de
política não entende nada!

Nós estamos por um fio.

Eu tenho que ser o comissário.

Se nós perdermos votos
por causa de você,

você nunca vai colocar
os seus pés lá.

Eu dou a minha palavra.

Coma o seu espaguete primeiro.
Então discutiremos a situação.

Não se trata de você
pessoalmente.

Pessoas disseram que o partido
não manteve a sua palavra.

Mas o que o homem da rua
está dizendo?

As pessoas que votaram em mim.
O que está pensando?

Eles já não nos
ouvem como antes.

As pessoas farão exatamente
o que dissermos a elas.

Você não sabe.

Você passa o dia todo
no escritório do chefe.

Nós realmente vamos em suas casas.
Sabemos o que elas pensam.

Chefe, as pessoas estão infelizes,
e desapontadas.

Elas só querem
mais dinheiro.

Olha a boca!

As pessoas querem segurança.
Querem emprego nas fábricas.

Aqueles que vão para o Norte,
voltam e contam aos outros.

Trabalhadores em Milão e Turim
estão vivendo bem.

Eles têm habilidades.
O que as pessoas daqui fazem?

Eles não tem habilidades, mas
eles também têm que viver.

E estão cansados de palavras vazias.
Eles querem fatos concretos.

O que mais eles
querem de mim?

Eu alimentei famílias inteiras,
distribuí empregos à torto e à direito.

O que mais eles querem?

Eu pago remédios, contas de hospital.
O que mais eles querem?

Chefe, essas coisas
vêm e vão.

As pessoas querem
substância.

Você ainda tem seus seguidores.
É o partido que não funciona mais.

Hoje em dia,
as ideias caminham.

Até o governo está com
a imagem manchada.

Você assiste televisão,
assim como as pessoas.

Será fácil convencê-las.

Prometa um futuro para elas
e para seus filhos,

e você terá todos
os votos que quiser.

- Quanto é o banco?
- Três milhões e meio.

- Façam suas apostas.
- 100.000.

Apostas encerradas.

Não mais.

Essas não contam.

Quem quer vê-las?

Quem quer a
primeira carta?

Quietos, por favor!

Oito pela casa.

Ele tem dedos mágicos
esta noite.

Estou jogando sozinho.
Eu te disse isso.

Meio milhão.

Chega!
Ele está jogando sozinho.

Por favor, não insista!

Chega!

Eu disse que não!

Por favor, as apostas
são altas.

Ele está me matando!
Droga!

Trate com o segundo jogador.
Nove pela casa.

Eu lhe farei um cheque depois.

Você pode lhe dar a
diferença, certo?

Livre-se desse cão maldito.
É uma maldição!

O que o pobre
fez a você?

Vá para fora.

Só porque você está
perdendo põe a culpa nele.

Dani, onde vai?

- O que quer agora?
- Alguma cobra te picou ou o quê?

Renato.

Marcelo está aqui?
- Está lá dentro, perdendo a camisa.

- Maglione?
- Está lá também.

- Obrigado.
- De nada.

- Boa noite, senhor. Como vai?
- Bem.

- Uísque?
- Sim. Peça para chamar o Sr. Marcello.

Gennari, venha aqui.

Diga ao Sr. Marcello
para vir até o bar.

- Aqui está.
- Obrigado.

- O que te trouxe aqui?
- Venha comigo.

Estou jogando. Não
posso simplesmente sair.

- Eu explico depois.
- Está bem. Me dê o meu casaco.

Está tarde.
Não podemos ir amanhã?

Temos que ir agora.

Eles estarão dormindo.

Está com medo que eles digam:
"Não precisamos de você"?

Impossível. Eles se aproximaram
de mim muitas vezes.

Eles sabem que você
vai me seguir

e que precisam dos nossos votos
para garantir a maioria.

São os nossos nomes que contam.
Você não percebe?

Não a bandeira
do partido hasteada.

Eu sei, eu sei, está com medo!
Maglione vai nos chamar de traidores.

Mas por quanto tempo? Seus interesses
são os mesmos que os nossos.

E quando eu me tornar o comissário,
ele vai ter que implorar como os outros.

Em política, amizade é uma
questão de conveniência.

E se você não se tornar o comissário?
E se não ganharmos a maioria?

Então eu vou embora e
levo meus votos comigo.

Maglione sempre disse que
a maioria está por um fio.

Bem, agora esse fio,
arrebentamos nós.

É só uma questão de tempo:
Hoje, amanhã.

Eles são os patrões. Se quiser se
manter à tona, junte-se a eles.

Feche as persianas.

O conselheiro está?

Acorde-o.
É Nottola.

Escute-me bem. Vá dizer ao
meu filho para ele voltar.

Sim, é isso. Sem perguntas.
Você saberá em breve.

Diga-lhe que é o
único jeito.

Isso tem que estar em
cada primeira página.

"O construtor Edoardo Nottola
convence seu filho

a manifestar-se sobre o acidente
em Vico Sant'Andrea."

Sim, estou aqui.

E o que mais tenho
que fazer?

Pague as famílias das vítimas.
10, 20, 30 milhões, quanto for preciso.

Mas faça isso agora!
Basta! Basta!

Você aprecia a pintura!

Como está, Balsamo?

Perdoe-me, vocês
ainda estavam comendo.

Não se preocupe.

Você estava admirando
o Luca Giordano?

Você acha que os pintores de hoje
são capazes de tamanha intensidade?

Você viu o Solimena?

É muito bonito.
"A Assunção da Virgem Maria"

Você já esteve em
minha casa antes?

Come. Eu tenho uma coisa
para te mostrar.

Gosta?

Houve um tempo em que as pessoas
apreciavam as coisas belas

e enchiam suas casas com elas.

Sorte também. Ou nunca
teríamos chegado a obtê-las.

Venha comigo.

Por aqui, por favor.

Vamos fechar a porta.

Por favor, sente-se.

Café?
- Não, obrigada. Eu já tomei.

Bem, e então?
O que aconteceu?

Me diga o que é.

Eu gostaria de retirar
minha candidatura.

Por favor, não entenda
isso como traição,

mas eu me recuso a estar
na mesma chapa que Nottola.

O inquérito revelou que metade dos funcionários
da cidade deveriam estar na cadeia

e eu não posso ignorar isso e sentar
ao lado de Nottola no conselho.

Veja, veja meu amigo.

Cigarro?

Você não deveria enquadrar
isso em termos morais.

Veja isso do ponto
de vista político

porque, gostando ou não,
Nottola e sua gangue são poderosos,

e é indispensável nós os
trazermos para o nosso lado.

Por que indispensável?

Para ganhar a maioria.

Está bem, ganhemos a maioria.

Mas nesse caso não seremos capazes
de levantar um dedo contra ninguém.

Nottola não vai mudar.
Todos nós conhecemos o seu jogo.

E nós vamos fingir
que ignoramos?

Como vamos orientar a opinião
pública se aceitamos gostar dele?

Meu querido Balsamo,
nós criamos a opinião pública.

Um grande partido como o nosso
pode gostar de Nottola o quanto quiser.

Pense um pouco

na responsabilidade política
em confronto com este dilema.

Você tem a chance de virar o jogo
e ainda recusar o fundamento de

incompatibilidade moral.

Você não destrói os Nottolas
do mundo assim.

Você simplesmente finge
que eles não existem.

Você fala como se
o poder fosse tudo.

Eu dirijo um hospital.

Mas se não posso confiar em meus
próprios médicos, o que eu faço?

Demita-os, substitua-os,
o que quiser,

mas apenas porque
você está no comando.

Mas se eu soubesse que estava trabalhando
com canalhas não teria aceitado o cargo.

E outra pessoa teria, talvez
alguém menos competente.

Meu querido Balsamo,

na vida política, indignação moral
é uma mercadoria sem valor.

Você sabe qual é
o único pecado?

Perder.

NOTTOLA. UMA VISÃO
DA BAÍA PARA TODOS!

SOCIALISTAS PELO PROGRESSO.

Às 18h30m.

no Piazza Plebiscito,

Em nome do Partido
Comunista...

DIREITA PERDE NA CÂMARA MUNICIPAL.
CENTRO VENCE A MAIORIA.

A crise de nosso partido
é indiscutível.

Esse foi o argumento
de toda essa gente.

- Você está sendo ingênuo.
- Quer parar de contar navios?

Eles são ratos!
Homens sem honra!

Uma onda de traições,
é isso o que foi.

Não leve isso tão a sério.
Você só vive uma vez.

- Estamos melhor sem eles.
- Política é tudo um jogo.

Quão baixo eles são capazes
de chegar par ter todos esses traidores!

Eu tenho dito
isso há muito tempo.

Canalhas sem honra.

E ela não faz nada
além de dormir.

Levante.

Está tarde.
Temos que ir.

Você joga baralho, fala de negócios,
o que você queria?

Levante.
Estamos indo.

Eles ainda têm que
vir até nós.

Metade da sala ainda é nossa.
- Você tem razão.

Aqueles ratos! Eu vou fazê-los pagar.
Eu vou mostrar a eles.

Mexa-se.
São 7h.

Aqueles gambás!

Se algum deles votou
para aqueles gambás,

Então são gambás
maiores ainda.

O centro tem nosso apoio
incondicional. Isso é evidente.

Mas aquele homem
nunca será o comissário.

Vereadores, por favor,
voltem aos seus lugares.

Na eleição para
o novo prefeito,

a contagem é a seguinte:

De Angelis, 47.

Scognamiglio, 28.

Outros, 5.

Declaro eleito

O professor Luigi De Angelis

Vamos ouvir suas ofertas.

Você conseguiu um
ótimo negócio.

Essa sessão será retomada
após o recesso de meia hora

com o discurso de abertura de nosso novo
prefeito e as nomeações dos comissários.

Posso ter a palavra?

Vereador De Vita,
a sessão está em recesso.

Depois!

Você não quer uma
xícara de café?

Meu querido amigo,

permita-me oferecer os
meus sinceros parabéns.

Nós não poderíamos desejar
um homem mais digno.

Ah, grandes palavras.

- Parabéns.
- Obrigado.

Você teve o nosso leal apoio, assim
como o terá para os comissários.

Fico feliz em ouvir isso.

- Parabéns.
- Estou muito contente.

Sr. prefeito, parabéns!

Claro, o nome de Nottola
não deve aparecer na lousa.

Nós nunca concordamos
com isso.

Nós lhe dissemos que
tínhamos um compromisso de honra.

Nós temos um compromisso de honra.
E nem todos os seus homens concordaram.

- Com licença.
- O que é?

Com licença.
Eu já volto.

Estão nos fazendo de tontos.

Você deve a sua maioria a nós.

E sem os nossos votos não
vai ter os seus comissários.

Mas aqui somos todos cavalheiros.
Cada um vai pagar a sua dívida.

Isso não é jeito de falar.
Não estamos aqui para pagar dívidas.

Não pode duvidar da
fidelidade do nosso grupo.

Não há desertores
entre nós.

São seus ex-amigos que se opõem
a você. Maglione vetou seu nome.

Então faça-o retirar seu veto.

Esses não são
problemas reais.

Agora somos responsáveis
por uma administração

que deve agir pelo
interesse de todos.

É assim que eu vejo e
é assim que vou fazer.

Nós vamos fazer como
concordarmos em fazer.

Vamos guardar nossas opiniões
pessoais para nós mesmos.

Então ele está sentado ao seu lado e
agora fará dele o seu comissário.

- Isso nós veremos.
- Está sendo ingênuo.

Números significam tudo aqui.
Ainda precisamos de quatro votos

para nos livrarmos de Nottola.
Onde vamos consegui-los?

Ele não tem o apoio de todos.
Algo pode acontecer.

Sejamos francos, Maglione.

Que jogo estamos jogando?
Queremos parecer tolos?

Nós concordamos.
Nottola não será comissário.

Você insiste em nomeá-lo?

À força responderemos
com a força.

E o que vai fazer?

Para começar,
você teria que renunciar.

Entendo. Então
eu renuncio.

Está bem.

E depois?

Dissolver o conselho
municipal.

Novas eleições -
o que não será melhor para você.

Enquanto isso, sem prefeito,
sem conselho municipal,

e um comissário
especial de Roma,

todas as iniciativas
ficarão em espera.

Nenhum projeto, de
qualquer espécie.

Nenhum fundo especial.

Você teria que assumir toda a
responsabilidade por isso perante a cidade.

Quem se beneficiaria
com isso, Maglione?

Você não, certamente.

Ouça-me.

Temos que encontrar
uma solução.

Todos nós sabemos que isso
é uma questão pessoal sua.

Seja um exemplo para esta
cidade que tem sofrido tanto,

e espere grandes
coisas de todos nós.

Sejamos dignos das tarefas
políticas que temos em frente.

Eu já falei com Nottola.

Será bom para todos que
vocês dois sejam amigos de novo.

Já terminaram com
seus negócios?

Vamos. Não vamos
perder mais tempo.

Como eu assumo
minha posição,

eu gostaria de
agradecer e saudar

toda a assembléia.

Eu considero minha eleição

uma demonstração de
confiança em nosso partido,

mas, mais do que tudo,

nas políticas que
guiarão nossas ações,

as necessidades
de nossa cidade,

e um estável e eficiente
órgão administrativo.

Muitas coisas têm nos dividido
ao longo desta campanha,

mas o amor que todos sentimos por
nossa cidade, pode e deve nos unir.

Espero que esses critérios nos guiem
na eleição de nossos comissários,

e tenho a honra de propor que
votemos sem mais delongas.

- Posso ter a palavra?
- Para quê?

Um ponto de ordem que diz
respeito a toda a assembléia.

Muito bem.

O novo prefeito
descreveu sua eleição

como a expressão de um desejo
de garantir que a cidade

tenha um órgão administrativo
estável, apropriado e eficiente.

Em outras palavras, uma eleição livre
de politicagem, meramente administrativa.

Isso não é verdade.

Essa eleição é o resultado claro
de uma aliança política

entre o centro
e a direita,

envolvendo homens que ainda ontem
estavam sob investigação,

uma investigação

exigida e apoiada
pelo próprio centro.

Vereador De Vita, seu tópico
não está na ordem do dia.

Mas nomeações para
os comissários estão,

e nós não podemos continuar
sem esclarecer

a postura moral de
certos indivíduos

cuja presença aqui, desonra
toda a assembléia.

Eu exijo a suspensão
da votação

e uma investigação sobre
as questões morais,

que fazem o vereador
Nottola inelegível.

Eu denuncio formalmente
o vereador Nottola,

que pretende agora se
eleger comissário.

como a principal figura de um grupo
de empresários inescrupulosos

que desejam redirecionar
a expansão da cidade

à áreas integralmente
pertencentes a eles.

Nós devemos abandonar
essa aliança insustentável.

Basta, por favor.

A proposta do vereador De Vita
é formalmente inadmissível.

No entanto, eu vou respeitar
a decisão da assembléia.

Vamos colocar a
proposta em votação.

A esquerda pede que
a proposta seja votada.

Meu grupo pede que a
proposta seja rejeitada.

O centro pede que a
proposta seja rejeitada.

Eu peço que a
proposta seja votada.

E declaro que se
tivéssemos que votar,

nós votaríamos a favor.

Em confronto com
questões tão graves,

um homem deve responder
por sua consciência moral

além de todas as considerações
políticas e das linhas do partido.

Eu sou um homem simples,

e não sei falar
como De Vita,

que conseguiu semear discórdia
entre o nosso próprio grupo.

Vou me ater aos fatos.
Eu construo prédios.

De Vita diz que não
tem nada contra eles,

desde que sejam construídos
de acordo com a lei.

Mas a lei é feita aqui.

Nós fazemos isso juntos.

Mas aparentemente isso também
não se adequa ao que De Vita quer.

Vocês me investigaram.
O que descobriram?

Nada.

Tudo isso me faz pensar se
o que você realmente quer

é que aquelas pessoas
continuem vivendo em barracos,

assim pode continuar com a
sua habitual propaganda.

É verdade.

A lei é feita nesta sala,

e você tem o maior poder
neste momento.

Nós sempre teremos!

Mas você tira vantagem
do seu poder político

sem nenhuma preocupação
com aqueles que o elegeram.

As bilhões de liras do
fundo especial da cidade,

que pertencem a todos
os nossos cidadãos,

serão usadas legalmente, só
para encher seus bolsos

seus bolsos,

usando as leis que serão
aprovadas aqui.

Você será eleito comissário
aqui, nesta sala,

e talvez vocês se iludam que
tudo ficará como antes.

Mas as coisas estão mudando.

Sempre, em todas as sociedades,
quando as coisas começam a mudar,

qualquer um tenta
agarrar tudo o que puder.

Tudo que poder,

sem se preocupar com as
necessidades e as esperanças do povo

E eu falo não apenas daqueles
que vivem em barracos...

de quem se você se lembra apenas
quando lhe é conveniente.

Aqueles que foram seus
"súditos" estão obtendo consciência

sobre os seus direitos
de cidadãos,

e você sabe disso.

E então você luta,
dentro e fora da lei,

através da corrupção
e da força.

Essa é a verdade.

Reverências, à sua Eminência.

Excelência,

senhoras e senhores...

hoje eu tenho a
rara oportunidade

de inaugurar um vasto
complexo de obras públicas

destinadas a tornar esta parte
da cidade auto-suficiente.

Esse tipo de desenvolvimento
indica claramente

que esse investimento
de fundos públicos

está dando os resultados que
todos nós esperávamos,

resultados que hoje estão
se tornando realidade.

É com prazer e orgulho que eu
presido esta cerimônia

e inauguro um projeto
avidamente esperado pela cidade,

e fervorosamente pelo
governo nacional.

Vá em frente!

OS PERSONAGENS E EVENTOS
MOSTRADOS SÃO IMAGINÁRIOS.

OS CONTEXTOS SOCIAL E
AMBIENTAL SÃO REAIS.