All language subtitles for The Human Comedy. 1943. RIK NIL

A COM�DIA HUAMANA

Sou Matthew Macauley.

Morri h� dois anos.

Mas tanto de mim sobreviveu que
agora sei que o fim � apenas o come�o.

Ao olhar para Ithaca, minha
terra natal na Calif�rnia,

com todos aqueles vinhedos
e pomares,

sinto que muito de mim permaneceu
l�, nos lugares onde vivi,

nos campos, nas ruas, na igreja.

Sobretudo na minha casa, onde minhas
esperan�as,sonhos, ambi��es e cren�as

permanecem vivos na vida di�ria
dos meus entes queridos.

Sim, refletem-se at� no rosto
iluminado do meu filho ca�ula,

Ulysses Macauley,

que t�o atentamente observa um
ge�mis cavando a terra no meu quintal.

N�o chore mais, mulher...

n�o chore mais hoje...

T� voltando pra casa, garoto!
Voltando para o que � meu!

Voltando pra casa!

Levanta da�, Ulysses, entre aqui.

Ovo.

Esse � dos grandes, Ulysses.
Obrigada.

- Cad� o Homer?
- Est� trabalhando.

O que � que � trabalhar?

Meu segundo filho, Homer.

atravessando os gloriosos anos
de sua adolesc�ncia.

- Oi!
- Oi!

Ei!

- Parem.
- Ei...

Ser� que d� pra pegar uma carona
at� a cidade?

- Claro. Segura a�, rapaz.
- Obrigado.

Fica tudo em fam�lia.
Meu irm�o tamb�m est� no ex�rcito.

- Em que companhia ele est�?
- Artilharia de campo. Marcus
Macauley soldado raso.

Olha a foto dele.

- Seu irm�o. Onde est� estacionado?
- Em Green River, North Carolina.

Marcus, meu filho mais velho.
Calmo e atencioso...

escrevendo para seus entes
queridos em casa.

Que orgulho eu sinto com esse
uniforme que ele est� vestindo.

Leva um temp�o para escrever
suas cartas, hein?

- Tempo � o que n�o falta.
- �.

Tamb�m n�o falta pra quem
escrever, n�?

Que tal um pouco de m�sica?

Vamos, d� uns pux�es nessa
coisa, Marcus.

� pra terra do shillelagh

que meu cora��o volta todo dia

pro cora��o da menina que l�
deixei

quando nos beijamos e nos
despedimos.

Aqui est�.

Que tal ser mensageiro?

Muito legal, conhe�o um monte de
lugares diferentes, gente nova.

�? Dormiu bem ontem?

Estava bastante cansado,
mas dormi bem.

- Dormiu na escola tamb�m, n�?
- �.

- Em que mat�ria?
- Hist�ria Antiga.

E os esportes?

Adoro esportes.
Amanh� tenho corrida de obst�culos.

�? Voc� � bom nisso?

- Sou.
- Ent�o vejamos.

Mostra como voc� faz.

Mostra se est� preparado.

Quero ver voc� pular isso. Vamos.

- N�o sei se tem espa�o suficiente.
- Tem, sim.

Pode levantar mais um pouco.

- Mais alto?
- A�.

Por pouco, hein?

Correu bem mas est�
arrastando a ponta do p� direito.

Deixe-me mostrar uma coisa.

Deve levantar o p� direito assim.

Olha, assim.

Veja se consegue. Se deixar o p� ca�do
ele bater� no obst�culo ao pular.

- Levante a ponta do p� direito
que dar� certo.
- Tudo bem.

Parece estranho, mas tudo bem.
� f�cil.

Como � que voc� entende tanto
disso?

Participei de corridas de obst�culos
quando estudava no Ithaca High.

Voc� corria?

Ele era campe�o.

Nunca pude imaginar, Sr. Spangler.

Fico feliz de conhecer um campe�o
de verdade.

N�o tem mist�rio. Mas escute s�.

Est� come�ando bem, mas n�o se iluda.
N�o corra demais.

Corra bem, mas n�o r�pido demais.

Seja educado, tire o bon� dentro de
elevadores e n�o perca nenhum telegrama.

- Pode deixar, senhor.
- Tendo alguma d�vida me procure.

- Tenho uma d�vida, Sr. Spangler.
- Sim?

- � sobre os telegramas cantados.
- Qual � o problema?

Voc� tem uma voz boa, n�o?

Bem, eu costumava cantar na
igreja presbiteriana aos domingos.

�timo, � desse tipo de voz que
precisamos.

Digamos que o Sr. Grogan tenha
recebido uma mensagem de anivers�rio.

Como voc� faria?

Bem, eu...

Faria mais ou menos assim.

- Sr. Grogan.
- Sim?

Parab�ns, pra voc�, parab�ns pra
voc�, parab�ns, querido Grogan,
parab�ns pra voc�.

Obrigado, rapaz. O mesmo para voc�.

Muito bem, mas n�o diria "querido
Grogan" e sim "Querido Sr. Grogan."

- Parab�ns pra voc�...
- Ei, ei... Uma vez basta.

O que vai fazer com o dinheiro
que ganhar?

Vou dar para minha m�e.

Bem, de agora em diante voc�
ter� emprego fixo aqui.

Far� parte da equipe. Mas n�o
� um trabalho qualquer.

e tamb�m n�o � um escrit�rio
qualquer.

� uma faculdade, uma universidade,
um local para aprender.

Observe, escute com aten��o,
fique de olhos e ouvidos abertos.

- T� certo...
- Ei...

Quais s�o seus planos para o
futuro?

Para o futuro? N�o sei...

Algo legal... talvez m�sica.

M�sica? �timo.
Ent�o esse � o lugar para come�ar.

Tem m�sica por todo lado.

M�sica verdadeira, direto do mundo,
do cora��o das pessoas.

- Est� ouvindo esse tel�grafo?
- Sim, senhor.

- M�sica maravilhosa.
- Sim, senhor.

Toma esse dinheiro. V� ao padeiro
e me traga duas tortas de ma��
com creme de coco.

- Ma�� e creme. J� volto.
- Certo.

Que tal?

Como cantor, � um g�nio.

Quatorze palavras, a cobrar.
T� duro, n�?

Sim, mas minha m�e me mandar� o
suficiente para eu voltar para casa.

Quando � que chega?

Vejamos, agora � meia-noite na
costa leste...

� 1:00.

Quer que acordem sua m�e a essa
hora?

Assim eu conseguiria o dinheiro
hoje mesmo.

Est� bem, vou mandar.

Tome. Pode precisar. Pague de volta
quando sua m�e mandar o dinheiro.

- Mas s�o...
- Tudo bem.

Obrigado, eu... Obrigado.

Mande j� pago, Willie.

Ma�� e creme de coco, senhor.

- Como se chama, mesmo?
- Homer Macauley.

Muito bem, Homer Macauley, � disso
mesmo que precisamos no turno da noite.

Deve ser o cara mais ligeiro
San Joaquin Valley.

Divida o pr�mio com o Sr. Grogan.

Obrigado, senhor.

Se precisar de mim, estarei no
Corbett's. Preciso beber alguma coisa.

Que tal, vamos provar essas
tortas?

- Parecem bem gostosas.
- �.

Homer Macauley, nome de gente
boa.

O meu � Willie Grogan.

Embora tenha 67 anos.

� mais velho que meu pai era.

Sou um tel�grafo da velha guarda,
um dos �ltimos no mundo.

Tamb�m sou chefe da se��o de
telegramas.

Sou um homem com muitas lembran�as
maravilhosas de coisas passadas.

E tamb�m estou com fome.
Vamos nos regalar com essas tortas.

Com a ma�� e o creme de coco.

- A partir de agora somos amigos.
- Sim, senhor.

� sua sa�de.

O mesmo para o senhor.

De vez em quando pedirei que fa�a
uns servi�os para mim...

que cante ou converse comigo.

Fazer servi�os, cantar, conversar. Isso
tudo eu sei fazer. Mais alguma coisa?

Bem, � um assunto meio delicado.

Em caso de bebedeira... minha, n�o sua...

pedirei uma certa dose de compreens�o,
coisa que s� crian�as podem dar.

Eu compreendo bem.

�timo, vou confiar na sua palavra.

Toda noite contarei com voc�
para que se assegure de que eu
esteja cumprindo minhas tarefas.

Em mim? O que � que eu tenho
que fazer?

Jogue �gua na minha cara se eu
n�o responder quando chamado.

Depois disso um cafezinho
que voc� trar� do Corbett's.

Por outro lado, na rua o
procedimento ser� bem diferente.

Se me encontrar andando por a�,
embriagado,

cumprimente-me de passagem,

mas n�o repare no meu estado.

Sou meio sens�vel e prefiro n�o
ser alvo de grandes demonstra��es
de prestatividade em p�blico.

�gua fria e caf� no escrit�rio,
cumprimentos na rua.

Sim, senhor.

Acha que esse mundo ser� melhor
depois da guerra?

- Acho que ter� que ser.
- Hm...

Toca a minha preferida.
Toca a minha.

T� certo, tocarei tudo que quiserem.

Mas antes gostaria de tocar a
favorita do pessoal l� de casa...

e de uma certa garota vizinha
minha.

As rosas sentem inveja do rubor
das tuas faces

e at� o sol sente inveja do teu
sorriso.

Os p�ssaros no bosque silenciam
quando falas

pois o canto deles pareces ofuscar.

A luz dos teus olhos empalidece
as estrelas mais brilhantes

que morrem de ci�me.

Mas a um mero sinal ou palavra
que provar que �s meu

o mundo inteiro sentir� ci�mes
de mim.

- Cad� o Marcus?
- Est� no ex�rcito. � um soldado.

Quando ele vai voltar pra casa?

Nosso pa�s est� em guerra.
Ele voltar� quando vencermos a guerra.

Quando a gente vai vencer
a guerra? Amanh�?

- Amanh� n�o, mas em breve, espero.
- Quando?

N�o sabemos quando. Estamos
esperando.

Cad� o Homer?

Ontem ele encontrou um emprego
para trabalhar depois da escola.

Ele n�o vai voltar mais pra
casa?

Voltar� depois da meia-noite.
Voc� j� estar� dormindo.

Por que ele est� trabalhando?

Porque Marcus est� no ex�rcito
e seu pai... se foi.

Precisamos de dinheiro para comprar
comida, roupas, pagar o aluguel...

e para dar para o pobres.

O que � pobre?

S�o pessoas que n�o t�m comida,
roupa ou dinheiro suficientes

Mas os verdadeiros pobres s�o
os de esp�rito, pois n�o t�m f�,

n�o sabem sorrir, nem cantar
nem amar.

N�o podemos dar m�sicas
para eles?

Talvez. N�o � f�cil dar para
os pobres de esp�rito.

Mas devemos dar tudo que
pudermos

porque a vida n�s d� muito mais
damos a ela.

- Quem botou os ge�mis nela?
- Os ge�mis na terra, as aves...

os peixes nos mares...

s�o outra parte das nossas vidas.

Assim como o c�u, as estrelas,
o sol.

Estamos aqui para apreci�-los
e agradecer a Deus por eles.

Ah.

- Pra onde meu pai foi?
- Para onde teremos que ir um dia.

Onde se espera que estejamos
todos juntos de novo.

Esse dia chegou para seu pai

Sei que � dif�cil para voc� entender.

Se a gente esperar ele voltar� pra
casa como Marcus depois da guerra?

Do jeito que voc� est� falando,
n�o.

N�o atravessar� a rua subindo
os degraus e entrando em casa
como antigamente.

Por qu�?

A morte � como um dia, Ulysses.

Voc� adormece e a� chega o dia
seguinte.

Lembra como hoje voc� viu um
trem e encontrou um ovo?

Pois amanh� eles ter�o sumido.

Mas a alegria de ver aquele trem
e a surpresa de encontrar aquele ovo

ficar�o sempre dentro de voc�.

Assim como seu pai.

Nada pode tir�-lo da gente...

porque ele vive dentro de n�s.

Nos nossos cora��es, nos nossos
pensamentos.

Nas nossas conversas, nas nossas
m�sicas.

Ele est� nessa sala com a gente?

Sim. Tente lembrar que as coisas
boas nunca terminam.

Se terminassem, n�o sobraria
ningu�m no mundo.

N�o haveria vida em lugar nenhum.

Beth, leve ele pra cama.

Vamos l�, seu dorminhoco.

Vamos, Mary.

A calma das tardes, da hora que
gost�vamos de passar juntos...

falando dos acontecimentos
do dia...

fazendo planos para o dia
seguinte...

lendo algum cap�tulo.

Agora voc� est� sozinha.

Esp�rito fiel, pac�fico, gentil.

Minha esposa.

Katie, voc� tem lembrado de
mim...

em seus pensamentos, em suas
conversas...

em suas can��es...
Sempre estarei perto de voc�.

"O Minist�rio da Guerra informa
quer seu filho Juan Domingo...

Sandoval foi morto em a��o
defendendo Manila.

Rocha dos tempos, que para mim
se fende...

acolha-me dentro de si.

Um telegrama? Para quem �?

Sra. Rose Sandoval, 1129, Rua G.

� a senhora?

Entre, por favor.

N�o sei ler em ingl�s.

O que diz o telegrama?

Diz...

Abra, por favor, e leia para
mim.

Quem mandou o telegrama?

Meu filho, Juan Domingo?

� do Minist�rio da Guerra.

Minist�rio da Guerra?

Diz que seu filho morreu,
Sra. Sandoval.

Talvez seja para outra pessoa.
O telegrama diz Juan Domingo.

Talvez haja algum engano.
Espero que seja isso, Sra. Sandoval.

N�o tenha medo. Pode sentar-se.

Vou pegar umas balas.

Todo garoto gosta de balas.

Tome, coma uma bala.

Voc� n�o me traria um telegrama ruim.
Voc� � um bom garoto.

S�o balas mexicanas feitas
de cacto.

Meu filhinho...

Mi Juanito, mi muchachito...

Pajaro que abandona su primer
nido, su primer nido...

si lo encuentra ocupado, cielito
lindo, mui merecido.

Ai, ai, ai, ai...

canta y no llores...

Porque cantando se alegran,
cielito lindo, los corazones

Sr. Grogan, est�o chamando o senhor.

Sr. Grogan, acorde, por favor.

Acorde, Sr. Grogan, est�o
chamando-o.

Hm? Isso mesmo, rapaz. Obrigado.
Agora um cafezinho, r�pido.

Cafezinho, sim senhor.

Aqui est�, senhor.

- Ah, sim.
- Cuidado, est� quente.

Obrigado, rapaz.

�gua na cara e um cafezinho,
isso mesmo.

E a�, a mensagem era importante?

Neg�cios. Acumula��o de dinheiro.

Sem import�ncia alguma. Mas de
suma import�ncia que eu a receba.

H� dez anos que querem me
aposentar.

N�o sei o que faria se n�o tivesse
esse emprego.

Acho que morreria em uma semana.

Minha vida toda eu trabalhei e
n�o ser� agora que vou parar.

Por que haveria de parar?
Por qu� impedir algu�m que quer
continuar trabalhando?

Tente explicar isso para a Dire��o.

Querem tirar meu emprego.
Eu era o mais r�pido no ramo.

Mais r�pido que Warinsky.
Tanto recebendo quanto mandando.

Sem erro nenhum. Willy Grogan!

Cante uma can��o. Proteja-me da
devasta��o do tempo e da idade.

Proteja-me com suas can��es e
seus sonhos de juventude.

Cante, rapaz!

N�o sei o que cantar, Sr. Grogan,
mas...

vejamos...

Venha � igreja na floresta...

venha � igreja no bosque.

N�o h� nada mais bonito na
minha inf�ncia

que a igrejinha marrom no vale.

Venha � igreja na floresta,
venha � igreja no bosque...

Nada � mais bonito na minha inf�ncia,
que a igrejinha marrom no vale.

- Oi.
- Oi, m�e.

N�o precisa ficar acordada at� tarde
s� porque estou trabalhando.

Sente-se. Quero ver como voc�
est�.

Est� com a cara boa. Um pouco
cansado...

preocupado tamb�m. O que foi?

As pessoas est�o passando por
tantos problemas.

Mas o que se pode fazer?

N�o sei, mas parece que tudo mudou
desde que comecei a trabalhar.

Tudo tem parecido t�o diferente
esses �ltimos dias.

Sinto-me s� e n�o sei por qu�.

Tudo mudou para voc�, mas continua
igual.

Essa solid�o que sente � porque
deixou de ser crian�a.

Sabe de uma coisa? Quando se
come�a a descobrir coisas das pessoas...

como a senhora hoje, cujo filho
morreu...

ou o Sr. Grogan sempre preocupado
em perder seu emprego...

- tudo � muito triste, n�o �?
- Tem,, raz�o, Homer.

- Por qu�?
- Um dia descobrir�s. Ningu�m te dir�.

Acho entendo. Enfim, esse emprego
me far� bem.

Mas faz a escola parecer perda
de tempo.

Est� cansado. V� dormir.

�... Boa noite, m�e.

- Boa noite.
- Amanh� � um novo dia.

- Li��o 7.
- O que � isso?

Exerc�cios.

- Para que � isso?
- M�sculos.

Vai ser o homem mais forte
do mundo?

- Talvez n�o o mais forte de todos.
- Vai ser um gigante?

Ora...

- Vai ser o qu�?
- Atleta de corrida de obst�culos.

Por qu�?

Por que � a corrida mais importante
de Ithaca.

E porque o chefe dos Correios correu
quando frequentava o Ithaca High.

- Foi campe�o da regi�o do Vale.
- O que � campe�o do Vale?

- O melhor de todos.
- Voc� vai ser o melhor de todos?

Vou tentar.

Homer, ontem eu vi o trem.

Viu? Que tal?

- O negro me acenou.
- E voc� acenou de volta?

Eu acenei e ele acenou a� eu
acenei e ele cantou "N�o Chore Mais".

Ele disse que ia pra casa.

Quando � que a gente vai pra casa?

- N�s estamos em casa.
- Por que ele n�o vem pra c�?

As pessoas moram em lugares diferentes.
Umas no norte, outras no sul, leste, oeste.

N�s estamos no oeste.

- Onde � melhor?
- N�o sei. Nunca morei em outro lugar.

- Vai morar?
- Algum dia. - Onde?

- Nova York.
- Onde � Nova York?

No leste. Depois vem Londres, Paris,
Viena, Roma, Moscou, Estocolmo.

Algum dia vou conhecer todos
esses lugares maravilhosos.

Homer, quando voc� vai?

N�o vou agora. Agora vou pra escola.

- Vai correr?
- Na corrida de obst�culos? Claro.

Homer!

Homer! Desce. O caf� est� pronto.

J� vou, m�e.

O que voc� disse na sua ora��o, Homer?

O que sempre digo:

Esteja presente na nossa mesa, Senhor,
seja adorado aqui e em todo lugar,

aben�oe todas as criaturas e que possamos
nos rejubilar no para�so com o Senhor.

e que eu ganhe a corrida, am�m.

Tirando a corrida, voc� nem
sabe o que disse.

Sei, sim. Falei r�pido porque estou
com fome, mas sei falar devagar tamb�m.

O que vale � o que se sente.

E o que significam as palavras,
Homer?

Bem... significam...

o que dizem.

E o que elas dizem?

Bem...

Esteja presente na nossa mesa,
Senhor...

"Senhor" significa um monte de
coisas.

Coisas sempre boas....

E "seja adorado aqui e em todo
lugar,"

significa...

amar as coisas aqui e em toda
parte.

E "as criaturas", isso � voc�,
mam�e, eu, todo mundo...

"Aben�oe" significa...

aben�oar... aben�oar...

"aben�oe" talvez seja perdoar,
amar ou algo parecido...

"e que possamos nos rejubilar
no para�so com o Senhor"

Significa que se agirmos certo
podemos nos rejubilar no para�so
sempre que nos sentarmos � mesa?

� mais ou menos isso, Homer.

E a corrida de obst�culos.

� hoje � tarde. Eu tenho que ganhar.

O Sr. Spangler foi campe�o do Ithaca
High. Ele � um cara muito legal.

- Trouxe doce de p�ssego que fiz
pra papai, Sra. Macauley.
- Obrigada, Mary. Como vai seu pai?

- Sente-se, vou pegar outra cadeira.
- N�o, obrigada, j� comi.

Ele est� na dire��o do setor de ataques
a�reos. Implica comigo o dia inteiro.

A primeira coisa que perguntou hoje
foi se eu tinha recebido carta do Marcus.

Deve estar chegando uma em breve.
Vamos, Mary, ou nos atrasaremos.

Est� bem. Na verdade, Sra. Macauley,
estou cansada de col�gio.

Juro que gostaria de encontrar
um trabalho defendendo nosso pa�s.

Eu tamb�m, m�e.

Ainda s�o crian�as.J� est�o fazendo
sua parte na Cruz Vermelha.

Mas n�o parece certo, com Marcus
est� no ex�rcito e o resto do mundo
se engalfinhando.

Queria ser homem pra entrar
pro ex�rcito como o Marcus.

- Tamb�m queria estar com o Marcus.
- Isso Vai passar. Daqui a pouco
tudo volta ao normal.

Fico feliz que Marcus esteja
apaixonado por voc�, Mary.

Voc� � ador�vel. Como se fosse
da fam�lia.

Mesmo assim, gostaria de poder
ajudar como o Marcus.

- At� logo, Homer.
- At� logo.

- Ouviu s� o que elas falaram?
- � natural que queiram bater asas.

Pensei que o trabalho ficasse
por minha conta. Sei que Marcus
n�o gostaria de ver as duas...

Tudo bem. A gente conversa
quando eu voltar.

At� logo.

- Por que ele diz "N�o chore mais,
n�o chore mais"?
- Quem?

O negro no trem.

Isso � uma can��o, Ulysses.
Venha se vestir.

- Posso ver o trem hoje de novo?
- Sim e amanh� e todos os outros dias.

Oi, Helen.

- Voc� vem na minha festa?
- Claro, serei o primeiro a chegar.

- Quem faltou?
- Hubert Ackley III.

Deixe de brincadeira, Homer.

Ningu�m faltou.

Vamos continuar de onde paramos
ontem na hist�ria dos Ass�rios.

E quero absoluta aten��o de todos.

Ap�s a leitura faremos uma
discuss�o oral.

Existe outro tipo de discuss�o?

N�o deve ser rude, Joseph.
Ainda mais quando tem raz�o.

Tudo bem, me desculpe. Continue,
Srta. Hicks.

Obrigada.

Por que n�o cala a boca, Joe.
Todos sabem que voc� � inteligente.

Que chatura.
Nem mais uma palavra.

De nenhum dos dois.

P�gina 117. Segundo par�grafo.

Quem se habilita a ler?

- Olha s� o cara.
- �.

Muito bem, Helen Elliot.

Os ass�rios, com seus narizes compridos,
bem como seus cabelos e barbas,

elevaram N�nive, ao norte, a
uma posi��o de grande poder.

Ap�s muita beliger�ncia com os
hititas, os eg�pcios e outros,

conquistaram a Babil�nia no reino
de Teglath... Pileser...

Pileser I.

em 1100 A.C.

Nos s�culos seguintes, o poder alternou
entre N�nive, constru�da em pedra,

e a Babil�nia, constru�da de
tijolos.

N�o h� rela��o alguma entre
S�ria e Ass�ria,

e os ass�rios iriam lutar contra
os s�rios at� que Teglath Pileser
III os conquistasse.

E o Hubert Ackley III, o que
ele j� fez ou conquistou?

Ora, sente-se.

Srta. Hicks, n�o pode permitir uma
malcria��o dessas passar sem castigo.

- Por que n�o deixa ela decidir?
- Pois terei que resolver isso pessoalmente.

Seu nome � Hubert Ackley III,
n�o �? Quem na sua fam�lia j�
fez alguma coisa na vida?

Pelo menos nenhum Ackley �
fanfarr�o.

Fanfarr�o? O que significa isso,
Srta. Hicks?

- Escuta aqui, N�mero 3,
- n�o me chame de nomes que n�o conhe�o.

- Fanfarr�o � um cara mentiroso, gabola.
- Ah, senta a�, fanfarr�o.

Homer Macauley e Hubert Ackley
permanecer�o em suas carteiras
ap�s as aulas.

Mas, Srta. Hicks, e a corrida?

N�o importa.

Seu desenvolvimento intelectual
� mais importante que seus corpos.

Mas,todos est�o contando comigo
para ganhar a corrida esta tarde.

E acho que nosso t�cnico, o Sr. Blenton,
insistir� que eu participe.

Srta. Hicks, se me deixar ir eu prometo
que serei obediente e prestarei aten��o.

Gostaria de saber quanta aten��o
voc� prestou, Homer Macauley.

Fa�a uma revis�o do acabou
de ser lido.

Pode sentar-se, Helen.

Pode come�ar, Homer.

Bem, ela come�ou falando dos
ass�rios e seus narizes compridos.

As pessoas sempre tiveram narizes...
algumas para cheirar as rosas.

- Que mais?
- E que...

narizes n�o servem s� para se
assoar e pegar resfriados mas
tamb�m para registrar fatos hist�ricos.

Outra pessoa continue. Parece
que Homer se fascinou com os narizes.

Mas, est� no livro.Por que falariam
se n�o fosse importante?

Gostaria de fazer um discurso
extempor�neo sobre narizes.

N�o especificamente sobre narizes, mas a
hist�ria antiga nos ensina uma coisa...

que em todo o mundo as pessoas
t�m narizes.

A prova disso est� nessa sala.

Tem nariz por toda a parte.

� uma das partes mais engra�adas
do rosto humano.

Tamb�m pode ser uma raz�o de
constrangimento.

Umas pessoas falam pelo nariz,
outras roncam.

Outras levam socos neles.

Uns poucos assobiam ou cantam com eles,
geralmente calouros em programas de r�dio.

Narizes j� foram mordidos por c�es furiosos
e atores de cinema em cenas rom�nticas.

J� se bateram portas neles e...

j� ficaram presos em batedeiras
e ventiladores.

A verdadeira raz�o do nariz
� cheirar o que est� no ar.

Algumas pessoas fungam o nariz
por causa das ideias dos outros.

Uma das coisas mais importantes
do nariz � que ele cria confus�o,
provoca guerras,

acaba com velhas amizades e
desfaz lares felizes....

agora posso ir para a corrida,
Srta. Hicks?

Vai permanecer aqui junto com
o Sr. Ackley.

A turma est� dispensada.

- Ei, Joe.
- Sim, senhor.
- Prepare-se para a corrida de obst�culos.

- Cad� o Ackley?
- A Srta. Hicks o reteve na escola.

- Por qu�?
- Ele discutiu com o Homer Macauley.

Vai andando, Vou resolver isso.

Vamos.

Minha inten��o n�o � castig�-los.

Ent�o por qu�?

S� fa�o isso com meus alunos
mais importantes.

Mas hoje � inoportuno, Srta. Hicks.

Para mim apar�ncia n�o � o mais
importante .

N�o me deixo influenciar por
bom comportamento...

ou maus modos como presenciei
nessa sala hoje.

Ele n�o tinha direito de falar
de mim.

Qual � seu problema? Se acha
melhor que os outros?

Um dia voc�s aprender�o que todo
indiv�duo � melhor que outro...

e n�o t�o bom quanto outro.

Num estado democr�tico todos os cidad�os
s�o iguais em qualquer aspecto imagin�vel.

E todos t�m direito garantido
de fazer ou n�o fazer o bem.

De agir de forma nobre ou insensata.

Meu objetivo � que voc�s cres�am para
fazer o bem e agir com nobreza de car�ter.

Quero que entendam que s� se
tornar�o verdadeiros homens quando,

apesar das suas diferen�as, ainda
se respeitarem.

� isso que significa ser civilizado.

Mas a Srta. Hicks � a melhor e
mais antiga professora nesta escola.

Ela foi minha professora e sua
tamb�m.

N�o gostaria de interferir nas medidas
que tomou com dois indisciplinados.

Mas Ackley n�o � indisciplinado. � muito educado
e eu o treinei especialmente para esta corrida.

Sem d�vida. Sei que � de fam�lia
rica.

Se a Srta. Hicks os colocou de castigo,
assim ser�. N�o posso permitir favoritismos.

Sempre haver� outras corridas.

Espero que tenham entendido.

- Ol�, Srta. Hicks.
- Blenton?

- Tenho ordens do Diretor quanto ao Sr. Ackley.
- Isso � um tanto irregular, Sr. Blenton.

Deve se apresentar imediatamente
para participar da corrida.

- E eu?
- Vamos, Hubert, estamos esperando.

Viu, s�, Srta. Hicks? Isso � ou
n�o � tratamento diferenciado?

Com toda certeza. Al�m da falta de
esp�rito esportivo tamb�m � um mentiroso.

N�o � culpa de Hubert Ackley.
Foi o Blenton que o fez me desobedecer.

Vai dizer que foi uma atitude
civilizada.

J� vi gente melhor sendo preterida
por homens de sua laia.

Mentirosos, trapaceiros que se
prevalecem daqueles que julgam superiores.

Desbancando os poucos que n�o sucumbem
aos seus m�todos. trai�oeiros.

Corrida de 22 obst�culos baixos...
Bem baixos, com certeza.

Vai passar o resto da vida pulando.

Srta. Hicks, n�o fique assim.

Por favor, pode deixar que eu fico.

Eu mere�o.

Merece coisa nenhuma!

V� para aquela pista e trate
de ganhar!

Nunca pensei que os professores fossem seres
humanos como todos os outros. At� melhores.

Quando deixar esse col�gio, quando j� tiver me
esquecido, pode deixar que estarei sempre de olho em voc�.

Nunca me esquecerei de voc�,
Srta. Hicks.

Continuarei de olho.

Em posi��o, rapazes.

Homer Macauley!

Como conseguiu sair?
N�o foi nenhum privil�gio especial.

- Voc� n�o tem chance nenhuma.
- Virou vidente, �?

Em posi��o.

- Aqui entre n�s, eu vou ganhar.
- Quem disse?

A Srta. Hicks.

Vamos, Homer!

Hubert! Hubert!

Corre, Homer!

Viva!

- Sr. Spangler, eu ganhei! Olha s� a medalha!
- Que maravilha!

- N�o � legal?
- Deixe ver.

- Levantou o p� direito?
- Claro, e acho que foi isso que me fez ganhar.

Oi, Sr. Grogan. N�o � legal?

- Oi, querido!
- Espere, espere.

Rapazes, essa � a Srta. Steed.
Homer Macauley e o Sr. Grogan.

- Ol�.
- Como vai, meu jovem?

- Olha isso.
- Oh, claro, comprarei uma com prazer. Quanto �?

N�o, � uma medalha. Ganhei na
corrida.

Que bonitinho! Deve ter sido
divertido.

- Devia ter ido.
- Da pr�xima vez irei. Me avise.

Talvez corra nas finais do Vale.

Tenho certeza que vai.

Esperei seu telefonema.
Disse que ligaria �s 5, n�o foi?

Ah, sim, me desculpe. Estava
falando com Homer.

Homer? Que nome mais original,
querido. Homer em Ithaca.

Parece at� uma coisa cl�ssica.

E esse senhor. Que modelo perfeito
para um artista.

Muito prazer em conhec�-la,
Srta. Steed.

N�o tenho muito tempo.
Vai jantar l� em casa, n�o?

Jantar?

Mas voc� prometeu. Mam�e e papai est�o
loucos pra te conhecer. Sete em ponto.

Calma. N�o me apresse.

Vai me decepcionar de novo,
querido?

Ningu�m vai te decepcionar. Relaxa.
Sete em ponto.

Como assim, em ponto? Nunca s
ou pontual.

E pra que quer que eu v� jantar?

Porque te amo, querido.

Sempre que vem com essa conversa
tenho vontade de sumir.

Mas eu te amo, sim, querido.
E voc� tamb�m me ama.

Voc� me ama, n�o �?

Me ama, sim.

Voc� � maravilhosa. Mas � diferente.
Sua gente � diferente.

Mas especialmente voc�.
� t�o mimada que � maravilhosa.

Vai gostar dos meus pais tamb�m.

- N�o precisa mudar de roupa.
- Essa � a roupa que eu visto.

- Nem uma gravata, querido?
- N�o gosto de gravata.

Me sinto bem sem gravata. Me
sinto muito bem.

Ent�o n�o ponha. Fica bem de
qualquer maneira.

Sete horas. At� logo, querido.

At� logo.

Maravilhosa.

Uma boa mo�a, calma e divertida.

Agarre-a antes que ela te agarre,
"querido".

- Quem eu devo anunciar, senhor?
- N�o precisa, est�o me esperando.

Spangler. Pode deixar que eu
me apresento.

Guarde me chap�u em algum lugar
� m�o.

Meu Deus, o que � isso?

- Oi, voc� acabou vindo, hein?
- Espere...

Espere, n�o precisa avan�ar.

Por mais feliz que esteja, n�o vai me
agarrar na frente de toda essa gente.

- Acalme-se.
- Ora, querido, s� voc� me trata desse jeito.

Todos os outros homens que conhe�o
s�o uns amores comigo. Mas eu te amo.

- Venha conhecer meus amigos.
- Disse que era pra jantar com seus pais.

N�o falou em mais gente.

Oh, eles apareceram sem avisar.

O que vou falar com eles?

Jogue seu charme.
Voc� sabe que � charmoso, n�o �?

N�o � como me sinto. O que sinto
� fome.

Estou t�o feliz que tenha vindo
e que esteja com fome.

O jantar j� vai ser servido.

Espera. N�o me afobe.
Quero ver o conte�do desse vestido.

N�o seja tolo.
Oi, m�e, esse � o Sr. Spangler.

- Boa noite.
- Boa noite.

Sim, ele est� vindo direto do trabalho.
Ah, sim, ele � tel�grafo, que fascinante.

Imagine s�, saber dos segredos de metade
das pessoas na cidade.

- Os nossos tamb�m...
- N�o se preocupe, Sra. Steed.
Eles est�o seguros.

- Que al�vio.
- Vamos, quero que todos conhe�am Tom.

Vai andando. Quero ver seu pai.
O coitadinho est� com dor de cabe�a.

Vai ficar para jantar, n�o?

Mas claro!

- Este � o Sr. Spangler.
- Ol�, lembra-se de mim? Sou
aquele das cal�as justas.

- Cal�as justas?
- Sim do Ithaca High, na corrida
de obst�culos.

Voc� foi o campe�o. Eu cheguei
em �ltimo e de cal�as rasgadas.

- Conhe�am o campe�o do Vale.
- Ex-campe�o.

- Querido, afinal de contas voc�
� um grande homem.
- Eu? Grande?

Talvez de alguma forma med�ocre.

- Sirva-se, querido.
- Obrigado.

- Charles...
- "Agora as �ltimas not�cias do front.

Um ataque devastador das Na��es Unidas
�s for�as navais japonesas em..."

Charles, voc� tem que se vestir
e descer.

Mas por qu�? O pa�s est� em
guerra.

Isso � o que me interessa, n�o
as atividades sociais de Diana.

- O Sr. Spangler est� a�.
- Quem � Spangler?

� o homem por quem Diana se
apaixonou.

Diana n�o pode se apaixonar sem
tanto alvoro�o?

Pense em Diana. Voc� tem que descer.
O jantar j� vai ser servido.

N�o. Chega. Estou doente.

E quando estou doente gosto de ficar
sozinho, n�o com os amigos de Diana.

- Charles, eu vou chorar.
- Isso � um truque! N�o est� falando s�rio!

Vai chorar porque sabe que n�o
suporto isso.

Pode parecer truque, mas n�o �
nem nunca foi.

- Voc� n�o confia em mim.
- Desculpe, mas n�o chore, por favor.

Se acha mesmo que devo descer,
ajude-me com minha roupa.

Como � esse jovem?

Ainda n�o tenho certeza.

N�o est� vestido.

Al�m do qu�, n�o est� usando
gravata.

Mas isso n�o deve ter import�ncia,
no caso dele.

Sem gravata? Mas voc� o viu,
deve ter falado com ele.

Como te pareceu?

Ele � diferente. Ele trabalha.

N�o sei como consegue conversar com Diana.
Eles t�m interesses t�o d�spares.

E quais s�o os interesses de Diana?

Os mesmos que os meus, Charles.

Uma vida agrad�vel, um homem bom,
um lar, filhos.

N�o sabia disso.

Pensei que Diana s� se interessasse
em abobrinhas, fofocas...

coisas bobas que gente como
ela aprecia.

Diana s� parece ser bobinha.
Na verdade n�o � nada disso.

�s vezes deve ser muito dif�cil
para ela.

Ela � muito s� e compenetrada.

Muitas vezes eu me sinto assim.

Voc�?

N�o quero que voc� se sinta s�.

N�o depois desses anos todos.

De agora em diante, quando se
sentir s�, fale comigo.

Eu me interesso por voc�.

Oh, Charles, voc� me faz muito
feliz.

Muito bem. Voc� acha que ele
quer se casar com Diana?

- Gostou dele.
- N�o desgostei.

S� nos cumprimentamos.

- Mas ele pode n�o gostar da gente,
- Charles.

Bem, vamos descer para ver.

Boa noite, George. Desculpe o
atraso.

- Steven.
- Prazer em v�-lo, senhor.

- Michael.
- Espero que esteja se sentindo melhor.

Estou muito bem. Que bom v�-los.

- N�o quero interromper nada.
- Estamos falando da guerra.

George est� de partida. Vai se
juntar � Marinha.

Steven vai para a For�a A�rea.

Diana!

Diana!

- Por que fez isso?
- N�o queria voltar l� pra dentro ainda.

Mas por qu�? Todos gostam de voc�.

�? Como sabe?

Eu sei, querido. Sei de quem eles
gostam e n�o gostam.

- E mam�e...
- Sua m�e � �tima. Ela � maravilhosa.

Mas posso n�o estar � altura
de seu pai.

Que bobagem. Papai � exatamente
do seu tipo.

Simples, honesto e sem meias
palavras.

O av� dele era um simples
trabalhador.

- Est� inventando isso, n�o �?
- Claro que n�o.

N�o somos diferentes de ningu�m.
Verdade.

Bem, acho que fiz um papel�o.

Pensei na sua casa como um est�bulo
e nas pessoas como gado

s� porque nasceram num mundo
diferente do meu.

Nada disso, voc� foi muito gentil.

Acho que as pessoas nunca chegam
a se conhecer de verdade.

Passo a maior parte do meu tempo
corrigindo impress�es erradas de
pessoas que n�o conhe�o.

Gosto dos seus amigos.
S�o diferentes, mas s� um pouco.

Vamos entrar e falar com papai.

Diana...

Ser� que d� pra me arranjar
uma gravata?

Claro, querido. Mas n�o precisa
usar gravata.

Mas eu quero. N�o sou nenhum
metido.

Gosto de gente. Todo tipo de gente.
De todo tipo que existe.

- Especialmente voc�.
- Querido!

O que n�o entendo � por que n�o
se casou com um daqueles caras?

N�o amo nenhum deles. Eu amo
voc�.

Gosto muito de todos eles.
S�o uns amores.

Mas n�o os amo.

Por que � a voc� que amo.

�?

Pois eu tamb�m te amo.

Entende?

Voc� me ama mesmo, n�o �?

- Ama, sim, sabe que ama.
- Pode crer.

Agora me arranja uma gravata.
Vamos pro nosso lugar.

Quero conhecer seu pai.

N�o consigo encontr�-los em lugar
nenhum.

Pai, esse � o Tom Spangler.

- Ol�, Tom.
- Como vai, senhor?

- Bem, at� logo.
- Espere, tome outro.

Fica no seu caminho.

Prefiro pedir demiss�o a entregar
isso.

- Por qu�? � algu�m que conhece?
- Helen Elliot. Detesto ela.

Detestar � uma palavra muito
forte, n�o?

N�o a deteste. Acho que a amo
mais que tudo no mundo, mas...

n�o vou mandar um telegrama cantado
mandado por Hubert Ackley III.

S�o os ossos do of�cio. Tem que
trabalhar sorrindo.

Ah...

Telegrama para a Srta. Helen Elliot.

Sinto muito, mas tenho que
entreg�-lo pessoalmente.

- Homer!
- Boa noite.

N�o abra meu telegrama. Pode me dar,
por favor.

� outro tipo de telegrama...
eu tenho que...

Preciso...

Parab�ns...

Para... para... parab�ns pra voc�,
parab�ns pra voc�

Parab�ns querida Ellen,
assinado Hubert Ackley III.

Hubert, que amor.

- Assine aqui, por favor.
- Gostei, Homer.

- Trabalhando com um sorriso.
- Parab�ns pra voc�...

N�o podia ter mandado pela Western
Union. Devia te dar uma cacetada.

S� n�o dou porque sou civilizado.

N�o imaginei que ficasse chateado.
Acho que foi burrice minha.

Na verdade, foi uma revanche.

Fiz porque perdi a corrida.
Fiz papel de bobo diante da Helen.

Pois n�o se preocupe. Eu detesto ela.

E tamb�m n�o tenho tempo pra garotas.
Estou muito ocupado com o trabalho.

Me desculpe, Homer. Vamos ser
amigos.

Tudo bem. Mas n�o me apronte
mais, hein?

- Tchau, boa sorte.
- Tchau, n�mero 3.

E a�, garotas, onde voc�s est�o indo?

Vamos dar uma paradinha.

Tudo bem.

N�s, soldados do grande ex�rcito
democr�tico, seus humildes servos...

queremos agradec�-las por seus b
elos rostos.

Quero apresentar-lhes meus
companheiros, seus fi�is admiradores.

Esse � o Texas. � de New Jersey.

Esse � Horace, do Texas.

Eu sou Fat, estou com fome.

Mais do que qualquer outra coisa,
nossa fome � de companhia. Que tal?

Bem, n�s est�vamos indo ao cinema.

Ah, ao cinema!

N�s que estamos de partida amanh�
podemos acompanh�-las ao cinema?

Hoje � hoje, amanh� � amanh�.

Amanh� teremos que voltar para o
acampamento e nos preparar para a guerra.

Com a sagrada tarefa de matar
o micr�bio letal prestes a destruir
a mente e o esp�rito.

Hoje somos seus irm�os.

Longe de casa e muito solit�rios.

Pensem com carinho no nosso pleito,
pois somos todos da mesma fam�lia
como seres humanos.

Se depender da guerra, podemos
nunca mais nos encontrar.

Esse momento � fruto de uma
conjuga��o de astros.

Que tal, meninas?

Eles s�o malucos?

N�o, apenas solit�rios.
Anda, vamos ao cinema com eles.

Tudo bem, mas voc� fala.
N�o sei o que dizer.

- Tudo bem.
- Oh, muito obrigado, meninas.

Podemos ir?

Antes preciso levar a merenda
do meu irm�o. Trabalha nos correios.

- � aqui perto.
- �timo, vou mandar um telegrama para casa.

E voc�, Taxas. Quanto custa um
telegrama para New Jersey?

Dinheiro nenhum paga isso.

- Horace?
- Gostaria de mandar um pra minha
m�e, Ralph e Kitty.

Kitty � minha namorada. Ah, toda
garota no mundo � minha namorada.

Como n�o posso mandar para todas,
mandarei para apenas uma...

milh�es de telegramas!

Mas voc� tamb�m � minha garota...
e voc� tamb�m.

Sou a irm� de Homer. Trouxe
sua merenda.

Pode deixar que eu entrego.

- S�o amigos seus?
- Sim.

Espero que d� pra ler.

Nesses 50 anos aprendi a decifrar
todo tipo de hier�glifo.

Emma Dana, Universidade de Chicago,
Chicago, Illinois.

Te amo. Saudades. Penso sempre
em voc�.

Escreva sempre. Obrigado pelo
su�ter. Estou aprendendo economia
pol�tica de verdade.

Entraremos em a��o em breve.

V� � missa no domingo e reze
por n�s.

Estou feliz. Te amo. Norman.

Muito bem. S�o 78 centavos mais
8 com a taxa.

Quero ouvir como est�.

Sra. Edith Anthony, 1702, Wilmington S
treet, Jersey City, New Jersey.

M�e, querida, como vai? Eu estou
bem.

Recebi sua carta e a caixa de
figos secos.

Obrigado. N�o se preocupe com nada.
At� logo, te amo, Bernard.

59 centavos mais 6 de taxa.

- E voc�, Horace?
- Hm, n�o sei...

Sra. Harvey Guilford, 211 Sandyford
Boulevard, San Antonio, Texas.

Oi, m�e. S� para dizer al� daqui
da ensolarada Ithaca, na Calif�rnia.

S� que est� chovendo, h�, h�.

- � apenas nevoeiro.
- N�s chamamos de sol l�quido.

Mas no Texas isso � chuva.

Mande lembran�as a todos.

Diga ao Ralph que ele pode ficar
com minha pistola e as balas.

N�o se esque�a de escrever, Quentin.

- Quentin?
- 64 e mais 6 de taxa.

Vamos andando, Quentin.

Obrigado por nos deixar vir
com voc�s.

J� est�vamos vindo de qualquer
maneira.

Mas � melhor acompanhado de voc�s.

Voc�s cheiram melhor que soldados.

Eis uma bandeira que d� sorte.

S� se acaba mesmo entendendo
seu pa�s quando ele est� em perigo.

O resto do tempo n�o se est�
nem a�. � que nem fam�lia.

Sinto um n� na garganta sempre
que vejo essa bandeira.

Antes ela s� me lembrava Washington
e Lincoln,

Agora lembra meu irm�o, Marcus.

Ele tamb�m � soldado.

Me ama.... n�o me ama.

Me ama... n�o me ama.

Me ama... n�o me ama.

Me ama... n�o me ama.

- Me ama...
- Como � que voc� calcula?
Com uma ou com todas?

N�o importa. Ela me ama.

- Mary?
- Me ama... n�o me ama.

- Voc� � muito engra�ado, Marcus.
- Engra�ado por qu�?

Engra�ado, n�o. Sortudo.

Me ama... como assim, sortudo?

Aqui estamos n�s como taifeiros,
ambos fazendo a mesma coisa,

mas eu estou depenando galinhas
e voc� namorando a Mary.

Por isso digo que � sortudo.

Estamos no ex�rcito mas voc�
ainda n�o saiu de casa.

Voc� nunca pensa nas coisas para
onde vai voltar, Tobey?

N�o...

Se importaria se eu pensasse nas
coisas pra onde voc� vai voltar?

Claro que n�o, Tobey.

Tem de sobra pra n�s dois,
para um monte de gente.

Mam�e, Bess, Homer, Ulysses, Mary...

o bairro, as casas, a garotada,
o terreno baldio.

A ferrovia onde eu ficava espiando
os trens passarem.

A escola, a igreja, a biblioteca
p�blica...

O parque do tribunal de justi�a,
Ithaca High, os professores...

Meus colegas de sala.

Engra�ado, Marcus...

mas �s vezes parece que Ithaca
tamb�m � minha cidade natal.

Se sairmos dessa voc� me leva l�
pra conhecer esses lugares todos?

Claro, e quero que conhe�a minha
fam�lia.

Somos pobres, sempre fomos.

Meu pai era um grande homem. Nunca ficou
rico, s� o suficiente para nos sustentar.

- Matthew?
- Sim, Matthew Macauley.

Trabalhava nos vinhedos,
como empacotador nas vin�colas.

Se o visse na rua acharia que
n�o era ningu�m.

Mas era um grande homem.

S� pensava na fam�lia.

Mam�e e os filhos.

Guardou dinheiro e deu entrada
numa harpa.

Ningu�m mais toca harpa. Mas era o
que mam�e queria ent�o ele comprou.

Levou 5 anos para pagar.

Ach�vamos que todas as casas tinham
uma harpa s� porque n�s t�nhamos uma.

Eu achava que todo mundo era
maravilhoso como ele...

at� conhecer as pessoas.
Tudo bem, eram legais...

mas n�o maravilhosas.

Eu n�o sabia que crian�as tinham
pais. S� fui saber na escola quando
ouvia falarem de mim.

N�o entendia. Achava que todo
mundo era sozinho e tinha que
se virar por si mesmo, como eu.

Acho que sofri muito depois que
descobri.

Me fala sobre a Bess.

Quero que a conhe�a. Acho que
ela vai gostar de voc�.

- Acha mesmo, Marcus?
Toma, fique com essa foto.

Fica com ela no seu bolso e eu
fico com a de Mary.

Est� vendo?

Ela � muito bonita.

N�o sei se d� pra se apaixonar
antes de conhecer a pessoa

mas sinto como se j� estivesse
apaixonado por Bess.

Quem sabe ela n�o sinta o mesmo?
A� � s� se casarem.

Com um cara batizado num orfanato
e nem sabe sua nacionalidade?

Qualquer um v� que voc� � a
mericano.

Sim, mas gostaria de saber que
americano.

Um chamado Tobey George,
isso j� basta para qualquer um.

Fique com a foto.

Voltaremos para Ithaca e faremos
uma fam�lia, tal como meu pai.

Vamos nos visitar de vez em quando,
ouvir m�sica e nos divertir...

e passar o tempo vivendo a vida.

Estou interrompendo alguma coisa,
senhores?

Quando voltar quero ver essas
galinhas prontas pra a��o.

Sen�o v�o os dois pra tr�s das
grades.

Me ama... n�o me ama.

Me ama... n�o me ama.

Garota maravilhosa, l�, l�, l�...

... voc� me ama, n�o �? Claro
que ama

O que foi que eu ouvi, Tom?

Isso mesmo. Willie, o que voc�
diria se uma garota maravilhosa
lhe dissesse o seguinte:

... voc� me ama, n�o �? Claro
que ama, voc� sabe disso.

Se dissesse para mim diria que
era um erro t�cnico.

O que foi que aconteceu? Voc�
est� diferente.

Ah, claro, � a gravata. Onde
voc� arranjou isso?

Ela mesma colocou em mim com
suas pr�prias m�os.

... voc� me ama, n�o �?
Claro que ama.

� o que ela vive dizendo.

Alguma novidade?

Voc� j� devia saber. O mesmo
de sempre.

Com exce��o da chuva.

N�o se preocupe, eu fecho.
Ainda tenho muito o que fazer.

...voc� me ama, n�o �? Claro
que ama.

Por que n�o vai para casa?

Se n�o se importa, prefiro
ficar por aqui com voc�.

N�o tenho para onde ir a n�o ser
para dormir e n�o gosto de dormir.

Vamos, n�o se preocupe, Willie.
Voc� n�o � velho, � jovem e
ningu�m vai te aposentar.

Vai viver at� os cem e trabalhando
todo dia.

Pois � isso mesmo que eu quero,
Tom.

Me sentiria perdido aqui sem
voc�.

Voc� me ama, n�o �?

Isso parece fora de d�vida.

� o que ela diz.

Vou me casar com ela. � a garota
certa.

Ainda bem que ela acabou fazendo
voc� se decidir.

Parab�ns.

- Parou de chover.
- Olha s� a lua.

Bem, acho que � isso.

Melhor irmos para casa. Boa noite.

- Boa noite.
- Boa noite.

Boa noite, garotas.
Boa noite.

Ei, e n�s aqui? Eu e Texas
tamb�m somos gente.

- Tamb�m estamos no ex�rcito.
- Claro.

- Boa noite.
- Adeus.

- Boa noite.
- Adeus.

- Tchau!
- Tchau!

Meu guarda-chuva... obrigada.

- Tchau.
- Tchau.

Poxa vida! Mandarei uma carta
da Universidade de Chicago.

Espera s� eu entrar pro Congresso!

- Bom dia, m�e.
- Bom dia.

Dormi demais. J� s�o quase 9:30.
O que aconteceu com o alarme?

Est� trabalhando demais. Precisa
descansar tamb�m.

N�o estou cansado. Pensei em ir
at� o correio para dar uma m�o.

Afinal, amanh� � domingo.

- M�e...
- Sim, querido.

- Queria que n�o se preocupasse
tanto comigo.
- Tudo bem.

Afinal, estou tentando ajudar
no lugar do Marcus.

Isto �, deixe as preocupa��es
por minha conta.

Como voc� achar melhor.

- Ol�, Sra. Macauley.
- Ol�, Lionel.

Ol�, Homer. Ol�, Lionel.

O Ulysses pode ir � biblioteca
comigo? Preciso devolver esse
livro pra minha irm�.

Claro, Por que n�o est� jogando
futebol com os garotos?

Eles n�o me deixam jogar.

Me p�em para correr. Dizem que
sou burro.

Mas eu n�o sou burro, sou,
Sra. Macauley?

Que nada, Lionel. Voc� � o garoto
mais bonzinho do bairro.

N�o fique zangado com eles.
Tamb�m s�o bonzinhos.

N�o estou zangado com eles.
Gosto deles todos.

Mas sempre que jogo mal eles
me p�em pra correr.

Eles dizem: tudo bem, Lionel.
A� j� sei que � pra eu ir embora.

Nem chego a saber o que fiz
de errado.

Ningu�m fala nada. E todo s�bado
eles me mandam embora.

Ulysses � o �nico que n�o me
larga.

� o melhor amigo que tenho em
todo o mundo.

Um dia eles ainda se arrependem.

Qualquer dia v�o pedir minha ajuda
e eu vou ajud�-los.

E v�o se arrepender de tudo
que fizeram.

Posso tomar um copo d'�gua,
Sra. Macauley?

Claro.

Tamb�m quero.

Outro, por favor.

- Adeus, Sra. Macauley, adeus Homer.
- At� logo.

- Vamos para a biblioteca agora.
- Tchau. - Tchau, Ulysses.

L� vai o Auggie fazer outro
touchdown.

- Bem, � melhor eu ir andando.
- Certo.

Leve isso com voc�. Mande por
encomenda postal.

Para o Marcus? � o su�ter que
voc� fez?

Aposto que ele vai adorar.

- Adeus, m�e.
- Adeus.

BIBLIOTECA P�BLICA

Aqui est� seu cart�o, meu jovem.

Quanto livro!

N�o acaba nunca. Olha um vermelho.

Olha um verde.

Tanto livro. Livro de todo tipo.

Olha um grand�o ali.

�.

O que voc�s est�o procurando?

- Livros.
- Que livros procuram?

- Todos.
- O que querem com eles?

- Queremos olhar para eles.
- Mas livros s�o para ser lidos.

N�o posso s� olhar?

Biblioteca P�blica n�o � lugar
para isso, meninos.

Podem abri-los e ver as ilustra��es.

Por que olhar s� as capas?

Porque gosto. N�o posso?

N�o tem nenhuma lei contra isso.
Quem � esse?

� o Ulysses. Ele n�o sabe ler.
Voc� sabe?

N�o, mas nem ele.

Por isso somos amigos.

� a �nica pessoa que conhe�o
que n�o sabe ler.

O dia que aprenderem v�o descobrir
que tem muita coisa dentro dos livros.

Eu leio h� 70 anos ainda falta
muito.

Vamos, deem uma olhada.

Sim, senhora.

Tantos livros, ali tamb�m...

Livro que n�o acaba mais, Ulysses.
O que ser� que eles dizem?

- Eles falam?
- Todos eles.

Todos esses...

Olha esse que bonito, Ulysses.

Olha s�, est� vendo?

- Est� dizendo alguma coisa aqui.
- Onde, Lionel?

Olha um "A". Sim, isso � um "A".

- Um "A", Lionel?
- Essa � outra letra.

Cada palavra tem uma letras
diferentes e toda palavra � diferente.

Acho que nunca vou aprender a ler.

- � uma mo�a, t� vendo?
- Bonita.

�... e tem mais... at� o fim.

Bem que gostaria de saber o que
est�o dizendo.

Vamos ficar com o Auggie.

- Vamos indo.
- Onde a gente vai, Auggie?

Ver se os abric�s do Sr. Henderson
est�o maduros.

Legal! Legal!

Posso ir?

Tudo bem, Lionel. Se estiverem
maduros voc� rouba uns?

- � pecado roubar.
- N�o os abric�s.

Posso ir?

Vai pra casa, Ulysses. Isso n�o
� pra criancinha. � perigoso.

Vamos.

Olha ela ali.

Abric� maduro � a melhor fruta
do mundo.

- Em mar�o j� est�o maduros?
- J� � quase abril.

Os abric�s amadurecem r�pido
com muito sol, mas tem chovido muito.

Aposto que tem muitos maduros na
�rvore.

- Espero que sim.
- Ano passado s� amadureceram em junho.

Isso foi ano passado. Esse ano
� diferente.

Vamos.

Ora, vejam s�.

Tentando roubar abric�s em mar�o.

Olha s�, todo ano a mesma coisa.

Olha eles chegando... vamos,
devagarinho...

Veja s� o miudinho.

N�o pode ter mais que cinco anos.

Esse da� eu n�o conhecia.

Venham, aproximem-se dessa �rvore
maravilhosa.

Se pudesse amadurec�-los para
voc�s roubarem eu o faria...

s� pela f� que tenho em voc�s.

Talvez ele n�o esteja em casa, Auggie.
Est�, sim, ele est� sempre em casa,

Est� escondido. � uma armadilha.
Ele quer nos pegar.

Cuidado, pessoal nunca se sabe
de onde ele pode aparecer.

Vai pra casa, Ulysses!

- Cad� o Lionel?
- Estou aqui.

Fique alerta. Se vir o velho
Henderson, ent�o corra!

Cad� ele?

Deve estar dentro de casa. Sen�o,
est� escondido a� fora para nos
pegar de surpresa.

O que voc� vai dizer amanh�
na escola, Auggie?

Roubar abric�s n�o � o mesmo que
na B�blia. � diferente.

- Ent�o est� com medo de qu�?
- Quem est� com medo?

S� n�o queremos ser pegos.

Vai pra casa, Ulysses!

N�o vejo nenhum abric� maduro,
Auggie.

Ainda n�o amadureceram.

�, acho que precisamos esperar
mais alguns dias.

Precisamos pegar pelo menos um,
maduro ou n�o.

T� legal, eu pego um. Mas se virem
o velho Henderson, corram.

Auggie! O Henderson!

Corre, Ulysses, corre!

Vamos, Ulysses!

- Por que eles correram?
- Porque estavam com medo.

O que � medo?

- Voc� n�o sabe?
- N�o.

� medo, s� isso, assustado.

Assustado, o que � assustado?

Assustado �... bem, assustado...

Assustado � com medo.
Ah, ent�o assustado � com medo.

Mas o que � medo?

Vamos.

- Pegou um, Auggie?
- Voc�s sabem que peguei.

- Me viram na �rvore, n�o viram?
- Deixe ver! Deixe ver!

- Puxa! Olha s�!
- Legal!

- � um homem, Ulysses.
- Um homem morto?

N�o, n�o est� vendo os olhos?

N�o � uma m�quina, ele est� vivo.

Est� vendo?

Vamos pra casa, Ulysses.

J� vimos isso seis vezes. Est�
na hora do jantar.

Vamos, Ulysses. Preciso voltar.
Estou com fome.

Olha, Ulysses, j� estou indo.

- Pobrezinho, deve estar perdido.
- Como se chama?

- Cad� sua m�e?
- Onde voc� estava indo?

- Olha um guarda. Seu guarda!
- Sim, senhora.

Conhece esse menino?

� o filhinho da Sra. Macauley.

Seu irm�o trabalha nos correios.
Olha ele ali. Ei, Homer!

= Sim?
- Venha c�.

- Tem algu�m aqui pra voc�.
- Ei!

- Ulysses, o que foi?
- Olha seu irm�o, Homer.

O que aconteceu. Por que est�
chorando?

N�o � nada. S� est� assustado.

Assustado?

- Estou assustado?
- Sim, mas n�o precisa ter medo.

Estou com medo, estou com medo!

Vamos, te dou uma carona sentado
no guidom.

Estou com medo! Estou com medo!

- Sente-se a�.
- Muito obrigado.

Vamos.
Quer dizer que est� com medo.

- Daqui a pouco estaremos em casa.
- Em casa?

Claro!

Vamos cantar uma can��o

Vamos cantar uma can��o...

N�o � assim, Ulysses. Acompanha
comigo.

N�o chore mais, mulher...
n�o chore mais hoje...

Pois cantaremos uma can��o

para nossa velha Kentucky

pra nossa casinha l� longe em
Kentucky.

Mais uma vez.

N�o chore mais, mulher...
n�o chore mais hoje...

Pois cantaremos uma can��o para
nossa velha Kentucky

pra nossa casinha l� longe em
Kentucky.

As ordens acabaram de chegar.
O destino � desconhecido.

Um trem com uma carga preciosa,
as tropas,

avan�a pela noite americana.

Rapazes americanos, de grandes
metr�poles e pequenas cidades,

de fazendas e de escrit�rios,
de fam�lias pobres e ricas.

Rapazes brilhantes, de esp�rito
irrequieto

outros nem tanto e mais calmos.

Assim s�o os americanos.

Nenhum deles � destemido

mas aceitaram a necessidade de
recha�ar seus temores

e, se mandar o destino, morrer.

Possuem a for�a interior de homens
que conhecem os perigos e os risco
envolvidos no seu trabalho

e est�o prontos para cumpri-lo.

Mas enquanto t�m tempo e ocasi�o

n�o t�m como deixar de se comportar
como gente.

- O que gostaria de ouvir, Larry?
- Sei l�, alguma coisa antiga.

J� sei. Que tal alguma coisa da
igreja?

Daquilo que cant�vamos quando
�ramos crian�as.

Qual � a sua favorita?

Bem, deixa ver...
Sei que v�o rir de mim...

mas gostaria de ouvir "Leaning". Lembra?
"Amparando-me nos Bra�os Eternos"?

Conhece a letra, Tobey? Se n�o,
posso ajud�-lo.

Se conhe�o. Cantei essa m�sica
todo domingo por mais de dez anos.

Tudo bem, ent�o. Vamos cantar
para o Larry.

Amparando-me nos bra�os eternos,
que b�n��o, que paz de esp�rito

Amparando-me nos bra�os eternos,
Amparando-me, amparando-me...

Seguro e protegido de todos
os perigos

Amparando-me, amparando-me...

Amparando-me nos bra�os eternos.

Que d�diva � peregrinar assim

Amparando-me nos bra�os eternos,

Como o caminho se ilumina a cada
dia que passa

- Amparando-me nos bra�os eternos...
- Vamos, todos juntos!

Amparando-me, amparando-me...

Seguro e protegido de todos
os perigos

Amparando-me, amparando-me...

- Amparando-me nos bra�os eternos...
- Vamos, todos juntos cantando!

Amparando-me, amparando-me...

Seguro e protegido de todos os
perigos

Amparando-me, amparando-me...

Amparando-me nos bra�os eternos...
Vamos, todos juntos cantando!

Amparando-me, amparando-me...

Seguro e protegido de todos
os perigos

Amparando-me, amparando-me...

Amparando-me nos bra�os eternos.

Estamos a caminho, afinal.

- Tem raz�o, Tobey.
- Acho que sou um sortudo, Marcus.

Se n�o fosse por essa guerra
nunca teria conhecido voc�.

Sinto o mesmo, porque tamb�m
n�o teria te conhecido.

- Fala a verdade.
- Claro.

- Vai ligar muito se morrer?
- Claro que vou ligar.

- Voc� n�o?
- Vou sim, e muito.

S� queria saber.

- Voc� chora?
- Sempre. Constantemente.

�ramos for�ados a rezar no orfanato.

Isso � uma coisa que n�o se
pode for�ar. Deixa de ser uma
ora��o se for for�ado.

Eu sei. Por isso eu parei.
Mas estou come�ando de novo.

Me leve para Ithaca, se Voc� puder.
Qualquer coisa, mas me leve pra casa.

Proteja a todos, afaste-os do
sofrimento.

Mande para casa mesmo os que
n�o t�m fam�lia.

Mande-me para Ithaca. N�o mude
nada na cidade.

Deixe-me andar por suas ruas,
v�-la como �.

Zele pelos Macauleys, todos eles.
Zele pela Bess.

Fa�a-a saber que a amo.

Zele para que Marcus fique com
a Mary.

Zele...

zele por sua m�e, Homer, Ulysses...

Zele pela casa e pelo terreno
baldio do lado.

Zele pela harpa, o piano e as
can��es...

Guarde tudo para mim.

Leve-me para Ithaca, se puder.

Acho que isso � tudo. Am�m.

Fez uma boa prece. Espero que
seja atendida.

Voc� reza pelo qu�, Marcus?

O mesmo que voc�.

Exatamente as mesmas coisas.

Oi. Estou exausto. Trabalhei
dia e noite hoje.

N�o comi nada a n�o seu um prato
de chilli.

Aceita um sandu�che, Sr. Grogan?

Est� se sentindo bem, Sr. Grogan?

N�o est�.... est� b�bedo?

Meu jovem...

existe uma raz�o, que n�o vem
ao caso mencionar agora,

por que me sinto muito melhor
quando bebo.

Tenha em mente que sempre que
alguma coisa acontece com algu�m

talvez haja uma raz�o.

Quando vir alguma coisa que
voc� tem certeza que � errado

n�o tenha tanta certeza.

- E isso na sua m�o? Uma carta?
- Hm-hmm.

� do meu irm�o no ex�rcito. Estive t�o
ocupado que ainda n�o consegui ler.

Bem, j� acabei. Abra a carta
e leia.

Querido Homer, antes de mais nada, tudo
que � meu l� em casa pertence a voc�.

Meus livros, meu fon�grafo,
meus discos, minha roupa...

quando voc� couber nelas,

...minha bicicleta... Que bom, tive que
peg�-la emprestada para esse emprego.

meu microsc�pio, minha vara
de pescar

em suma, tudo que estiver l�
em casa.

� tudo seu, e n�o de Bess, visto
que agora voc� � o homem da fam�lia
Macauley de Ithaca.

N�o sei como arranjar� tempo para cuidar
da casa e ir ao col�gio ao mesmo tempo.

Mas acho que dar� um jeito.

Meu soldo do ex�rcito vai para
mam�e, descontados alguns d�lares
que me fazem falta.

Sinto saudades suas, claro, e
penso sempre em voc�.

Estou orgulhoso de estar servindo
a meu pa�s, que, para mim, � Ithaca,

nossa casa e todos os Macauleys.

N�o me sinto nenhum her�i pois n�o
tenho talento para esse tipo de coisa.

Antes n�o estiv�ssemos em guerra,
mas, j� que estamos,

decidi fazer o poss�vel para
ser o melhor soldado que eu puder.

N�o sei o que me aguarda, mas
seja o que for,

aceitarei com toda a humildade.

Sinto muito medo...

Sinto muito medo

mas sei que quando chegar a hora

eu farei o que se espera de mim.

Posso morrer nessa guerra.

Preciso ser franco com voc�.

N�o gosto nem de pensar.

Espero voltar para Ithaca e viver
muitos anos junto com voc�, nossa
m�e, irm� e irm�o.

Espero voltar para Mary para nos
casarmos e formar nossa fam�lia.

� muito prov�vel que em breve
partamos em a��o.

Devo ficar um bom tempo sem
escrever.

Espero que esta n�o seja a �ltima.

Se for...

guarde-me sempre em seu, n�o
pense que eu me fui.

Nem deixe que os outros pensem
assim.

Meu colega aqui foi criado num
orfanato e se chama Tobey George.

Um dia o levarei comigo para
Ithaca.

Ao ler esta carta n�o fique
triste.

Estou feliz por ser um Macauley
servindo na guerra.

Seria pena e um erro se fosse
voc�.

Voc� � o melhor dos Macauleys
e deve continuar assim.

Nada deve det�-lo, nem por um
minuto.

Voc� tem que viver at� os 20,
30, 40, 50...

60... para sempre.

E acredito que assim ser�.

Estarei sempre pensando em voc�. � por
voc� que estamos lutando esta guerra.

Voc�, sim, meu irm�o.

Sinto muitas saudades de voc�, garoto.
Mal posso esperar v�-lo de novo.

Quando nos encontrarmos vou deixar
voc� me nocautear l� na sala...

na frente de mam�e, Bess e Ulysses

e mesmo at� da Mary.

Ficarei t�o feliz de v�-lo...
Deus te aben�oe.

Adeus, garoto. Seu irm�o, Marcus.

Se meu irm�o morrer nessa guerra
eu vou escarrar nesse mundo.

Vou odi�-lo. Deixarei de ser bom.
Serei a pior pessoa poss�vel.

Serei a pior pessoa que jamais
existiu.

O tel�grafo n�o para, com Grogan
sentado � sua mesa batendo as mensagens.

"Estou voltando."
"Feliz anivers�rio."

"O Minist�rio da Guerra lamenta informar
a morte de..." "Beb� nasceu hoje."

"Me encontre no armaz�m."
"Um beijo."

"Estou bem. N�o se preocupe."
"Deus te aben�oe."

Em terras distantes os soldados
avan�am.

Por terra, mar e ar...

Nesses dias de momentos t�o
estranhos

repletos de perigos desconhecidos

Nos dias que se sucedem chega
o domingo de P�scoa

o domingo seguinte, e mais outro
e outro ainda...

Muitos domingos.

� o Festival do Vale.
Esse ano � pra Cruz Vermelha.

Olha s�, gregos, s�rvios, russos,
poloneses...

espanh�is, mexicanos e um monte
de outros.

Todos americanos.

Aqueles ali s�o os gregos.

� assim que dan�am em seu pa�s.

Ou melhor, � assim que costumavam
dan�ar.

Viva M�xico!

- Arm�nios. V�-se logo que s�o arm�nios.
- Como?

Pelo padre e os garotos.

� no que eles acreditam. Em Deus
e nas crian�as.

- Russos. Iguais em qualquer lugar
do mundo.
- �.

Esses s�o os suecos.

Gosto de ver as pessoas felizes.
� assim que deveria ser.

O vale mais bonito do mundo.

Voc� adora mesmo, n�o �?

Adoro tudo.. E n�o me pergunte se
te adoro tamb�m, porque sabe que sim.

Adoro voc� e tudo que tem no
mundo.

"E Ele mostrou-me um rio de
�gua da vida."

No meio da sua pra�a e de ambos
os lados do rio estava a �rvore
da vida, produzia doze tipos de frutos.

E as folhas da �rvore eram para
a cura das na��es."

Querido, voc� est� feliz?

Claro! N�o ligo muito para
aquele tipo de felicidade...

mas o que quer que seja felicidade,
deve se parecer muito com isso aqui.

Estou louco pra ver quem ser�.

Gostaria que fosse uma menina.

Gostaria de ter uma menininha
bem parecida com voc�.

Gostaria de ouvir a voz de uma
menininha assim.

N�o estou nem um pouco receosa.

Diana, costumava achar voc� uma
tolinha.

Mas estava t�o enganado.

- Agora tenho uma coisa pra te dizer.
- O qu�?

- Calma.
- Diga!

Eu vou.

Sabia que isso ia acontecer.

Quando?

N�o sei. Talvez daqui a um m�s.

- Onde?
- Na Marinha.

Eu sei rezar.

- Oi, Lionel. Vai ao cinema?
- N�o tenho dinheiro.

Ent�o pra que est� na fila?

Estava me sentindo sozinho, vi
esse monte de gente ent�o vim pra c�.

- H� quanto tempo est� a�?
- Uma hora mais ou menos.

Vem com a gente. Estamos passeando
e olhando vitrines. Depois vamos
pra casa. Vamos.

- Vamos, Lionel.
- T� legal.

J� estava ficando cansado.

Faz seis meses que trabalho aqui
mas j� parece anos.

Mostre-nos como � l� dentro.

N�o sabia que o Sr. Grogan ia
trabalhar hoje.

Esperem aqui. Eu j� volto.

Sr. Grogan, est� chegando uma
mensagem.

Bess, v� pra casa. Outro dia eu
te mostro. O Sr. Grogan n�o est�
se sentindo muito bem.

- O que aconteceu com ele?
- Nada. Vai andando. Daqui a
pouco eu vou pra casa.

T� legal, Homer.

Sr. Grogan!

Sr. Grogan. S� estava de passagem...

- Tem uma mensagem chegando.
Vou pegar um caf�.
- Est� bem. Obrigado.

Um copo de caf�, r�pido.

Ele quer um cofo de cap�...

- O caf� j� t� pronto?
- Ainda n�o.

- Vai sair um fresquinho, mas
levar� alguns minutos.
- N�o sobrou nenhum?

Nada. Ele vai encher a garrafa.

Diga para se apressar, � importante.
Vou voltar pro escrit�rio.

Soprem esses saxofones!
Quero ver meu corpo sacudir!

Soprem esses saxofones!

Sr. Grogan, est�o mandando uma mensagem
e o senhor n�o est� recebendo.

- O que foi?
- Mande eles esperarem.
Est�o mandando um telegrama.

Mande pararem. Est�o preparando
caf� fresco.

Vou pegar o caf�, Sr. Grogan.
Est�o mandando um telegrama.

O cara t� arrebentando. Vamo l�,
toca com o cora��o.

Uma punhalada de teu lamento
pra acabar com meu tormento.

Ponha na conta. Nada como um blues
bem tocado pra me deixar mais animado.

Sr. Grogan.

Tome seu caf�.

O que foi, Homer?

O que aconteceu com o velho?

- Morreu.
- Est� maluco?

N�o. Ele morreu.

Ligarei para o Sr. Spangler.

Ele estava recebendo essa mensagem.

Sra. Kate Macauley.

O Minist�rio da Guerra...

lamenta informar...

que seu filho, Marcus...

Ningu�m atende. O que faremos,
Homer?

Est� incompleto. Talvez ele esteja
ferido ou quem sabe desaparecido.

N�o. O Sr. Grogan ouviu o resto.

Ele ouviu o resto.

� o Sr. Spangler.

Estava procurando pelo senhor.
Aconteceu algo horr�vel.

- O que foi, Felix?
- � o Sr. Grogan. Homer diz que
ele est� morto.

Morto?

Volte pra casa. Voltarei mais
tarde mas n�o me espere para jantar.

Est� bem, querido.

Melhor ainda. Fique com seus pais.
Posso ter que passar a noite toda aqui.

- Ligue para o m�dico e mande-o
vir imediatamente.
- Sim, senhor.

Dr. Nelson, pode vir ao posto
dos correios logo?

Sim, senhor.

N�o fique assim, Homer. Ele j�
estava velho e sofria do cora��o.

Ele sabia que seria r�pido.

Ele queria que fosse assim.

Vamos.

- Suba e mande descer o telegrafista
de plant�o.
- Sim, senhor.

Quando o m�dico chegar, mande-o
tomar as provid�ncias necess�rias.
Falarei com ele mais tarde.

Vamos.

N�o posso levar isso pra casa
agora.

N�o posso contar ainda pra mam�e
e Bess.

Como � que vou chegar desse jeito?
V�o ver logo pela minha cara.

N�o quero contar, mas v�o perceber.

Vamos andar um pouco.

N�o tentarei consol�-lo, sei
que n�o conseguiria.

Seu irm�o n�o queria ir.
Queria ficar.

E vai continuar aqui, com o
amor que sente por ele.

N�o adianta, eu quero v�-lo.
Quero v�-lo andando por a�...

quero toc�-lo e falar com ele.

Quero lutar com ele como antigamente.

Como vou encontr�-lo? Vou ficar
procurando mas n�o conseguirei
encontr�-lo.

O mundo ficou diferente agora.

As pessoas todas est�o diferentes.

Tudo mudou em Ithaca porque sei
que meu irm�o n�o voltar� mais.

Tente pensar que o melhor que
havia nele nunca h� de morrer.

Voc� ainda o ver� muitas vezes
quando se lembrar dele.

Na sua casa, na rua, nos lugares
onde ele esteve.

Nos vinhedos, no pomar onde ele
trabalhava.

No rio que ele frequentava e nas
nuvens l� em cima.

A pessoa, aquilo que vemos,
pode partir

mas aquilo que sentimos, a melhor
parte de um homem bom, fica.

Fica para sempre.

Voc� � bom em lan�ar ferraduras?

N�o, n�o sou muito bom.

Nem eu. Mas gostaria de jogar
uma partida antes de escurecer?

Tudo bem.

Ent�o isso � que � Ithaca.

E esse o c�u de Ithaca.

Ali est� o tribunal e o parque.

E ali a igreja presbiteriana.

Ali a biblioteca p�blica.

A escola e o campo de atletismo.

Dois homens de Ithaca atirando
ferraduras.

Prefiro parar agora, Sr. Spangler.

Est�o esperando por mim em casa.

Sei que est�o. Disse que voltaria
para jantar.

Espere. N�o v� ainda.

Lembro que disse ao Sr. Grogan que...

que se meu irm�o morresse eu
escarraria no mundo.

Que o odiaria para sempre.

Engra�ado as coisas que se dizem.

Nunca sabemos o que realmente faremos
at� que a coisa aconte�a de fato.

Eu entendo.

Talvez um dia eu entenda.

De uma maneira ou de outra.

Algum dia.

Talvez prefira ficar sozinho
nesse momento.

Levar� algum tempo, meu filho,

algum tempo para que a dor pelo
Marcus que morreu

tamb�m morra dentro de voc�.

A parte que � s� carne, que �
passageira,

essa morte � que est� provocando
essa dor. Mas espere um pouco.

Quando ela passar voc� h� de
encontrar a for�a e a coragem

que o aproximar�o daquilo que h�
de melhor em todo homem.

Voc� tem que seguir em frente.
Nada deve det�-lo nem por um minuto.

� por voc� que estamos lutando
essa guerra.

Voc� � o que deixamos para tr�s

para viver as esperan�as que
para n�s foram apenas sonhos.

Os sonhos incompar�veis daquilo
que os homens podem se tornar.

A� est� a casa.

A m�e, Homer, Ulysses...

Mary e Bess.

O casa.

Enfim voltei pra casa.

Ol�, Homer.

Me desculpe, devemos ter-nos
conhecido em algum lugar, mas...

N�o, nunca nos conhecemos.

Ent�o como sabia que me nome
� Homer?

Sei tudo sobre voc�, desde que
era menor ainda que Ulysses.

Ent�o voc� deve ser de Ithaca,
deve morar aqui.

Sim, sou dessa cidade, moro aqui.

- Quando voc� chegou?
- Hoje.

- Est� de licen�a?
- N�o, voltei de vez.

Sua fam�lia deve estar bem feliz.

N�o sei... eu espero...

Espera? Quer dizer que eles
n�o sabem?

Ainda n�o.

Disse que sabia tudo de mim.
Sabe do resto da minha fam�lia?

De mam�e, Ulysses, Mary e Bess?

Voc� � o Tobey.

Marcus te mandou este anel.

Sempre dizia que queria que
fosse seu.

Tobey, voc�...

Voc� significava tanto para ele.

Melhor ficar com voc�.

Ele me deu mais que um anel.

Ele me deu uma vida, uma cidade
natal, uma fam�lia.

Um telegrama...

acabou de chegar.

O que voc� vai fazer, Homer?

Agora ser� mais f�cil.

Vamos. Vamos entrar juntos.

M�e, Bess, Mary!

O soldado voltou pra casa.

Est� vendo, Marcus. O fim �
apenas o come�o.

Legendas: Lu�s Filipe Bernardes