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Elis e Tom é uma jóia, é como um
cristal e um diamante

fluindo na beleza do espaço mais brilhante.

É cristalino e perfeito.

Cada respiração no disco, cada nota
do piano está no lugar certo.

A Bossa Nova é difícil de se descrever,
mas fácil de se identificar.

Um dos heróis dessa nova onda é
Antonio Carlos Jobim,

que compôs "Desafinado",
o hino da Bossa Nova.

Em Nova York, ele visitou
um dos seus heróis,

o jazzista progressivo Gerry Mulligan.

A seção rítmica?

Eu faço essa frase de trás pra frente

porque essa última frase é muito difícil.

Eu sei.

Assim que eu vi o Tom,
como gosto de chamá-lo,

percebi que era interessante.

Quando o conheci,
ele não falava quase nada de inglês

e eu não falava nada de português.

Mas ele disse que confiava
no meu julgamento

e esperava que eu encontrasse as
notas para trazer vida à música dele.

Eu expliquei ao sr. Jobim, ele disse
"me chame de Tom,

me chame de Tom".

"Vou apresentar o que criei e sei
que encontraremos boas notas".

Gravamos três álbuns:

"Wave", "Stone Flower" e "Tide" com arranjos incríveis.

E esses arranjos acabaram definindo
as músicas para o público.

Excelente compositor e um
pianista interessante.

Ele tocava bem e fazia ritmos para violão,
que também são muito bons.

Ele era um gênio casual. Adorava ele.

Eu diria que o Tom Jobim é um dos grandes
musicistas da história mundial.

Não só da música brasileira, mas global.

Ele tem um senso de harmonia
muito sofisticado.

Ele tem melodias que sustentam
essa harmonia

com um som totalmente natural.

Quando ouvimos a sua música e a
forma como é construída, é incrível.

E, quando ouvimos alguém cantando,
soa totalmente natural.

Acho que ele é um musicista
de nível mundial,

páreo para qualquer artista do Brasil
ou de qualquer lugar do planeta.

Acho que o Frank Sinatra quis
trabalhar com o Jobim

porque percebeu seu incrível
perfeccionismo artístico, ele o admirava.

O Sinatra era um perfeccionista.

Ele comparava a elegância e sofisticação
do Jobim com a do Irving Berlin.

Na minha geração, eu comparo a
elegância e sofisticação do Jobim

com os Beatles, Paul Simon
e o Stevie Wonder.

O Sinatra quis trabalhar com
o Jobim com o respeito

por suas músicas lindas e por serem
prazerosas de se cantar.

Ele admirava o perfeccionismo do
Tom e queria contribuir

fazendo uma ponte entre os EUA e o Brasil.

O instrumento, violão.

A batida, bossa nova.

O artista, um dos inventores desse
novo ritmo de sucesso,

Antonio Carlos Jobim.

Acho que ela é uma das melhores cantoras

e tem uma versatilidade vocal incrível.

Ela consegue ser uma gatinha
ou uma tigresa.

Ela consegue ser leve ou trágica,
era incrível.

Eu sabia, quando eu a ouvi...

Eu sabia que a voz dela precisava
ser ouvida no mundo todo.

Eu nunca tinha visto nos EUA,
ou ouvido nos EUA,

ou na Europa e outros lugares,

uma voz que tivesse a aventura,
a empolgação, a densidade e

o sentimento profundo que
tinha a voz da Elis.

Quando voltou pro Brasil, ela me
chamou pra ficar na casa dela.

Então eu fui ao Brasil e fiquei na casa
dela por 10 dias na Barra da Tijuca.

Nós decidimos fazer um álbum juntos.

Certo dia, nós fomos ao estúdio,

a Elis e o ex dela subiram
as escadas no estúdio

e eu fiquei no andar de baixo.

E eles tiveram um desentendimento
sobre alguma coisa.

E esse desentendimento se
tornou bastante intenso.

Então nós cancelamos a sessão de
gravação no dia e não gravamos nada.

No dia seguinte, eu iria voltar à Califórnia.

Eu sinto que a Elis... não está concluído
o que temos pra fazer juntos.

Vamos nos encontrar em
algum lugar na estrada.

Eu vou me encontrar com a
Elis na estrada da vida

para continuarmos o que
nós começamos.

Se ela seria mais famosa no
exterior eu não sei.

Eu acho que ela nos deu tanta coisa e
teve um final trágico.

Antes de partir,
ela nos deixou músicas fantásticas,

incluindo o incrível álbum com o Jobim.

Este é o álbum do ano, e tem outro trabalho,
pelo Haiti,

trabalhamos juntos várias vezes antes disso.

Este é o Lionel Richie me agradecendo.

E o Quincy Jones escreveu algo lindo
pra mim dentro dos números.

Está vendo o 25? É o Quincy.

Eu só tenho aqui 4 ou 5 Grammys.

Este é o primeiro Grammy que eu já ganhei.

Foi por “Chicago”

E nós temos outro por Michael Jackson, mas...

Eu tenho 17 Grammys.
Nem todos estão aqui, ficaria ridículo.

O estúdio MGM era um lugar único.

As gravações feitas na época
no estúdio da MGM

eram de grandes bandas de jazz.

Tivemos Ella Fitzgerald, Dizzy Gillespie,
Oscar Peterson,

Ray Brown, Duke Ellington,
Count Basie.

Esses eram os jazzistas geniais de
"street jazz", como eram chamados.

Quando o produtor desse projeto
abordou o gerente do estúdio

com interesse em usar a estrutura,

eles perceberam que ele tinha um sotaque.

Ele falava inglês e português perfeitamente.

Eles sabiam que eu falava espanhol,
então sabiam

que eu ficaria mais próximo e
que seria algo positivo.

Eu toquei para a Celine Dion certa
vez e ela ficou muito comovida.

A primeira coisa que a Celine me falou
foi como ela ficou emocionada.

Ela tem uma voz delicada, como a de Blossom Dearie.

Foi uma ótima cantora e ótima pianista.

Eu não sei se Elis toca piano,

mas ela tem uma voz ótima e confortável.

Artistas como a Celine, Elis e Edith Piaf,

artistas como a Barbra Streisand sentem de verdade.

Foi meu primeiro projeto solo como
engenheiro de som e mixador de áudio.

Eu diria que fui privilegiado de participar
dessa gravação incrível e histórica.

Eu não fazia ideia de que esse álbum
seria algo tão histórico e legendário.

Infelizmente, a indústria musical de hoje
não dá espaço pra arte.

Tudo é tão óbvio e comprimido.

E não dura. A música se deteriora e desintegra.

Não é para o futuro, é para hoje.

Esse álbum perdura depois de 45 anos.

Quarenta e cinco anos.

Alguns dos artistas já foram pro céu.
Eles se foram.

Mas veja o que deixaram.

Eles deixaram algo lindo para muitas gerações.