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"Pela presente, certifico
que Sri Apurba Ramer Roy...

foi meu estudante nas aulas de
Ci�ncia Intermedi�ria...

no City College de Calcut�.

Ele � sens�vel, consciente e aplicado,
merecedor de simpatia e �nimo."

Obrigado, senhor.

Gostaria que voc� completasse
a gradua��o para bacharel.

Eu sei, mas n�o tenho condi��es
para isso, senhor.

N�o deixe de escrever.

Lembro-me de suas hist�rias
sobre a vida em seu povoado.

N�o, n�o ria. Uma pessoa pode
ganhar a vida escrevendo.

Embora nem todos sejam
como o professor Chandra.

Exigimos nossos direitos!

- Adeus, senhor.
- Adeus, e boa sorte.

Satyajit Ray Productions
apresenta

APUR SANSAR
(O MUNDO DE APU)

Baseado na novela de
Bibhutibhusan Bandyopadhyay

Soumitra Chatterjee... Apu
Sharmila Tagore... Aparna

Alok Chakravarty... Kajal
Swapan Mukherjee... Pulu

Fotografia: Subatra Mitra

Dire��o art�stica:
Bansi Chandragupta

Som: Durgadas Mitra

Montagem: Dulal Dutta

Diretor de produ��o:
Anil Chouwdhury

M�sica: Ravi Shankar

Produ��o, roteiro e dire��o:
Satyajit Ray

Quem �?

- Bom dia.
- Bom dia, sente-se.

Apurba Babu, para que
iria me sentar?

Poder� descansar depois de ter
subido at� aqui.

N�o vim aqui para descansar.

Voc� sabe muito bem
por que estou aqui.

Vou lhe fazer uma pergunta franca,

e gostaria que me respondesse
com a mesma franqueza.

- E ent�o?
- Que dia � hoje?

Dez.

Quantos meses de aluguel
voc� est� devendo?

- Tr�s.
- Tr�s s�o 21 r�pias.

Vai me pagar agora
ou volto � noite?

S�o 3 perguntas,
e n�o uma.

Isso n�o � justo.

N�o � voc� que vai me dizer
o que � justo.

� justo ocupar
este quarto sem pagar por ele?

� justo que voc� use
a eletricidade at� durante o dia?

Voc� � uma pessoa com estudos.

Tem retratos de grandes homens
nas paredes.

� justo que voc� n�o pague
o aluguel pontualmente?

� um sinal de grandeza,
n�o sabia?

Eu tamb�m sei jogar
com as palavras.

Mas elas n�o seriam adequadas
aos seus jovens ouvidos.

De qualquer forma,
voltarei esta tarde.

Tenha o dinheiro em m�os
ou arranjarei outro inquilino.

- S�rio?
- Com certeza.

Senhor Roy!
Venha c�.

Esta carta � para voc�, n�o para mim.
Temos o mesmo sobrenome.

"Com muito prazer aceitamos seu
conto O Homem da Terra

para ser publicado no pr�ximo
n�mero de nossa revista."

- Espero que n�o sejam
m�s not�cias.

N�o.

Por que voc� recebe
t�o poucas cartas?

Ningu�m lhe escreve?
N�o tem namorada?

Gostaria de abrir por engano
uma carta de amor.

S�rio?

Bem, quanto mais
demorar, melhor.

Tenho experi�ncia sobre
complica��es "matrimonet�rias".

Adeus.

ESCOLA PRIM�RIA
DE HARIMATI

- O que deseja?
- Est�o procurando um professor?

Suas qualifica��es?

- Formado em ci�ncias.
- N�o nos interessa.

Precisamos de n�vel secund�rio.

Completei o secund�rio
antes de...

- O que o an�ncio pedia?
- Algu�m com secund�rio.

Ent�o, para que
nos serviria um formado?

Dever�amos coloc�-lo
em um pedestal?

Voc� trabalharia por
10 r�pias por m�s?

O que quer?

Necessita de algu�m para
trabalhar em sua ind�stria?

Tenho secund�rio completo.

Sente-se.

Tem experi�ncia
em etiquetagem?

Etiquetagem?

N�o, mas posso aprender.

- N�o?
- Abra essa porta...

e siga pelo corredor
da esquerda.

O departamento de etiquetagem
est� � direita.

D� uma olhada antes.

Vejam s�! Pulu!

- Que esp�cie de amigo!
- Por que voc� diz isso?

Por que n�o me disse que
foi embora do albergue estudantil?

Mas eu achava que...

H� 3 horas que o procuro
por toda Calcut�.

Mas n�o estava esperando
por voc�.

Primeiro estive em sua resid�ncia.

Depois em nosso restaurante habitual
e em seguida na casa de Anil.

Finalmente consegui seu endere�o
com as pessoas para quem voc� d� aulas.

Qual � a gra�a?

Voc� engordou.

Sim, mas emagreci nas
�ltimas tr�s horas.

- Vamos tomar um ch�?
- Onde?

- Na confeitaria.
- � longe daqui?

- Na esquina.
- Ent�o vamos.

Mas tenho duas entradas para
o espet�culo de Sadhabar Ekadashi.

Esse � o seu esconderijo?

Espero que n�o esteja
falsificando dinheiro ou coisa assim.

Oxal� estivesse!

E esse fog�o, o que faz aqui?

Um dia cozinharei para voc�.
Arroz e batatas.

E o trabalho na ferrovia?

Pensei que voc� tivesse aceitado.

Estavam em greve.

Precisavam de pessoas
para furar a greve.

N�o tinha ideia.
Ent�o voc� est� desempregado?

Dou algumas aulas particulares.

Fa�o milagres com os burros.

- E quanto voc� ganha?
-15 r�pias por m�s.

- Voc� aprendeu datilografia?
- Sim, achei que poderia ser �til.

�timo, irei conseguir um trabalho
para voc� quando voltarmos.

Voltarmos?
Voltarmos de onde?

Na segunda voc� ir� comigo
ao casamento de minha prima Aparna.

Aonde?

- Ser�o somente 5 ou 6 dias.
- Mas onde?

Em Khulna.

Khulna!
Mas isso fica muito longe.

Voc� ir� gostar desse povoado.
� muito antigo.

Com um lindo rio,
com barcos,

com extensas pradarias,
arrozais,

enormes bambuzais,
pomares de mangueiras...

N�o � tentador?

�rvores cheias de p�ssaros,
pica-paus, rouxin�is...

e quando a noite cai,
o barulho dos grilos,

os brilho dos vaga-lumes,
o bruxuleio dos lampi�es...

espero que voc� n�o se importe,
n�o h� eletricidade.

N�o parece encantador?
Voc� n�o suspira por algo assim?

Gar�om!

Voc� vai ent�o?

"Receba-me novamente,
� M�e Terra.

Acolha a seu filho e envolva-o
com seu manto.

Deixe-me repousar em seu seio.

Para poder me espalhar,
como a alegria da primavera.

Deixe-me abrir a jaula
do cora��o,

romper as muralhas
que me cercam,

e a escura e amarga pris�o
da mente.

Para me arrojar
no �xtase do prazer,

e fluir at� os mais long�nquos
confins do mundo.

Fervendo, ondulando,
agitando, avan�ando..."

- Olhe, um policial!
- Quem est� a�?

Sou Mainaak,
filho do Himalaia,

lamentando-me pela perda
de minhas asas no mar.

Voc� se comporta como
se estivesse b�bado.

- N�o quero esse trabalho.
- Qual trabalho?

O que voc� me disse.

N�o seja bobo.
O que vai fazer ent�o?

Por que iria me transformar
em um escritur�rio?

Ainda n�o estou
t�o desesperado.

N�o tenho compromissos,
nem la�os,

nem responsabilidades,
nem ningu�m para cuidar.

Escritur�rio!
Quem quer ser escritur�rio?

Voc� penhorou os livros
para pagar o aluguel.

- N�o pode continuar assim.
- Isso vai mudar.

N�o at� que voc�
encontre um trabalho.

Escute, aqueles que
t�m talento...

N�o precisam ganhar a vida?

Gorky, Dickens, Keats,
Lawrence, Dostoievsky...

E Apurba Kumar Roy!

Pode me gozar,
mas espere e voc� vai ver.

Alguma carta nas mangas?
Algum poema novo?

Voc� � muito prosaico.

Prosaico?

� isso que voc� �.
"Consiga um emprego,

um bom sal�rio,
descanse a cabe�a..."

- Prosaico?
- Isso mesmo.

E quem o acolheu � primeira
vez que veio para Calcut�?

Voc�?

Voc� era um campon�s. Tinha
medo at� de atravessar a rua.

Quem leu seu primeiro conto,

e disse o que achava dele?

- N�o fique zangado, Pulu.
- Quer que eu o perdoe?

Sabe por que me sinto
t�o contente hoje?

Porque, gra�as a voc�, foi a primeira
boa refei��o que comi em meses.

- Voc� est� escrevendo alguma coisa?
- Sim.

- O que?
- Uma novela magn�fica.

Verdade? Por que
n�o me disse antes?

- Voc� conhece algum editor?
- Isso � f�cil.

- Escute Pulu.
- O qu�?

� sobre um rapaz.
Sobre um rapaz.

Um rapaz do interior.

Pobre, mas com sensibilidade.

Seu pai � sacerdote.

Ele morre, e o rapaz
vai para a cidade.

N�o quer ser sacerdote.

Quer estudar.
Tem ambi��es.

Estuda.

A educa��o,
as dificuldades,

alargam a sua mente
e agu�am o seu intelecto.

A tudo interpretava
segundo seu intelecto,

mas tinha imagina��o
e sentimentos.

Sentia que havia dentro dele
as sementes da grandeza,

mas n�o as fez brotar.

Mas isso para ele
n�o era uma trag�dia.

Suas dificuldades n�o terminavam.
Continuava na pobreza.

Mas isso n�o o desanimou.

Um dia deu-se conta que deveria
enfrentar a realidade.

Ele n�o quer fugir da vida,
n�o quer escapar.

Ele est� realizado, quer viver!

E ent�o?

� uma novela
ou uma autobiografia?

Uma parte � autobiogr�fica
e outra fic��o.

Tem um enredo,
personagens, amor.

- Amor?
- Por que n�o?

- Amor?
- Por que n�o?

O que voc� sabe do amor?

Voc� j� esteve bem perto
de uma mulher?

- J� experimentou?
- E que diferen�a faz?

Isso, escreva
sem ter experi�ncia.

- Precisa ter experi�ncia?
- Claro.

E a imagina��o,
n�o serve para nada?

No que diz respeito ao amor,
n�o.

- Quem disse isso?
- Eu digo.

- Voc� est� enganado.
- Eu estou absolutamente certo.

Pulu.

"At� onde voc� me levar�,
� Justo?

Em que praia seu barco dourado
aportar�?

Quando lhe pergunto,
� ser das terras distantes,

voc� sorri de uma maneira que
eu nunca sei em que est� pensando.

Voc� levanta lentamente o dedo
para mostrar

que no mar infinito
forma-se uma tempestade,

e que o sol se esconde
no ocidente.

O que se esconde l�?
O que tenho que procurar?"

- O que?
- D�-me sua m�o.

J� terminou de ler?
Voc� gostou?

Estou lhe dizendo para
me dar a m�o.

� maravilhoso.
Realmente maravilhoso.

Onde est�o?
Olhem quem chegou.

� Pulu, e tem companhia.

Espero que tenham feito
uma boa viagem.

N�o temos o conforto
das cidades.

Esse � Murari, meu filho mais novo.

Est� estudando
no Daulatpur College

Pegue a bagagem dele.

Harey, venha c�.

Como vai, meu filho?

Esta � a minha tia.

� uma pena que voc� n�o tenha
pensado nele como um poss�vel genro.

- Acho que j� o conheci!
- Voc� est� enganada.

- � a primeira vez que vem aqui.
- Mas seu rosto me � familiar.

Sim, j� sei onde
o vi antes.

Tem a fisionomia do deus Krishna.

Uma encarna��o
do deus Krishna.

- Sim, o deus Krishna.
- Com sua flauta.

Seja aben�oado, meu filho.

O noivo chegou!

Binu, meu filho.
Venha c�.

Vamos, Binu.

- Binu, Binu...
- O que h�, n�o se sente bem?

A viagem de barco
deve ter feito mal a ele.

Tragam um pouco de �gua.
O sol estava muito quente.

Tragam �gua e um leque.

Uma viagem muito longa e o jejum
devem t�-lo incomodado.

N�o deve ser nada.
Foi o sol e os preparativos.

Binu, saia da�!
Saia, Binu!

Quem arranjou este casamento?

- Por qu�?
- Esse rapaz � maluco.

Quem lhe disse isso?
� somente cansa�o.

Parem o casamento.
Se voc� n�o fizer, eu fa�o.

Voc� est� louca?
A hora oportuna j� se foi.

O que voc� est� dizendo?
Saia desta casa.

Voc� � que est� louca.

- V� embora ou me mato.
- Voc� est� louca.

Se passar a hora,
minha filha nunca se casar�!

Nossa filha ser� amaldi�oada.

N�o h� uma outra hora
auspiciosa �s dez?

N�o sei.
Isso vai ser a nossa ru�na.

Apu! Apu!

� c�us!
Eu perdi o casamento?

- N�o.
- Por qu�?

- N�o vai haver casamento.
- O que voc� est� dizendo?

- O noivo est� louco.
- O qu�?

Venha Apu,
tudo vai depender de voc�.

De mim? Voc� est� brincando.

O que quer dizer?

Se as bodas n�o s�o celebradas
na hora combinada,

a noiva ser� maldita.

E o que eu posso fazer?

Temos que encontrar
um outro noivo.

E voc� parece ser
a melhor op��o.

Voc�s querem que eu seja
um noivo substituto?

Isso � uma pe�a ou uma novela?
Por quem me tomam?

Querem que eu substitua o noivo?

Voc�s ainda vivem
na Idade M�dia?

- Quer se acalmar e me escutar?
- N�o quero.

N�o posso perder tempo
com um bando de lun�ticos.

Voc� salvaria o nome
da fam�lia.

N�o adianta, Sr. Mazumdar.
Vamos embora.

- Outro dia, rapaz.
- N�o vou mais me casar?

Pulu!

- Que foi?
- Preciso falar com voc�.

Sim?

- Voc� me conseguiria um emprego?
- O que quer dizer?

Empreste-me uma camisa.

Tamb�m tenho que me barbear.

Tio!

A maldi��o converteu-se
em ben��o.

Sua filha � realmente afortunada.

Na hora em que eu olhei para ele,

pressenti que seria da fam�lia.

Pulu trouxe muitos dos
seus amigos para c�,

mas nenhum me chamou
tanto a aten��o.

� minha amiga

N�o v� at� o rio
encher sua vasilha

Porque se Krishna
encontr�-la

Ele n�o deixar� voc� ir

� minha amiga

Se eu soubesse, querida amiga

Que voc� me abandonaria

Eu a teria mantido

Amarrada ao meu s�ri...

Aparna!

H� algumas coisas que
tenho que lhe contar.

N�o tive a oportunidade antes.

O que voc� sabe sobre mim?

- Pulu lhe disse alguma coisa?
- Sim.

E o que lhe disse?

Que voc� � �rf�o.

Sim.

Perdi meu pai
quando tinha 10 anos.

Minha m�e quando tinha 17.

Tive uma irm� mais velha.

- O que mais lhe disse?
- Que voc� � escritor.

At� isso?
Esse � o Pulu.

- Voc� sabe ler?
- Somente bengali.

Muito bem.
Estou escrevendo uma novela.

- Em bengali.
- Eu sei.

Est� certo.

- O que mais Pulu lhe disse?
- Mais nada.

N�o h� muito mais.

Voc� sabe muito pouco
sobre o homem com quem se casou.

N�o tenho posses,
n�o tenho emprego,

e praticamente nenhum futuro.

Que esp�cie de lar
posso lhe dar?

Voc� cresceu nesse lugar.

Nasceu numa casa enorme,
com lindos c�modos,

com empregados.

Fui for�ado a me casar.

Eu me opus, mas...

alguma coisa fez com que
mudasse de opini�o.

Acreditei que se consentisse,
estaria fazendo algo nobre.

Tudo ficou confuso para mim!

Por que voc� n�o diz nada?

Tenho que saber o que pensa
para formar uma opini�o.

Aparna, voc� conseguir�
suportar a pobreza?

Est� preparada para uma
vida dif�cil com um marido pobre?

Sim.

- Tem certeza?
- Por que n�o?

Nesse caso,
vou lev�-la comigo.

Caso seu pai se oponha,
vou ignor�-lo.

- Voc� se op�e?
- N�o sei.

- Pergunto-me o que ir�o pensar.
- Quem?

Os meus vizinhos em Calcut�.

Disse a eles que iria a um casamento
e volto com uma esposa.

Des�a a bagagem,
volto num instante.

Entre.

Esse � o meu quarto.

Sente-se.
N�o vou demorar.

Aparna!

- Voc� deve estar muito triste.
- N�o.

De verdade?

Vamos, querem nos ver
l� embaixo.

Fora! Fora!
Deixem-me ver a noiva!

Que noiva mais encantadora!

Por que est� me olhando assim?
Tenho cara de macaco?

"S� depois das refei��es.
Voc� prometeu".

Deixe-me passar.

Aparna,

Voc� est� arrependida
por sua decis�o?

- O qu�?
- Se voc� n�o est� arrependida.

Eu n�o conhe�o palavras
t�o dif�ceis.

- Serve lamentar?
- Sim.

- Voc� lamenta?
- O qu�?

- Tenho que explicar isso tamb�m?
- Sim.

Por n�o se casar
com um homem rico.

- E voc� ainda ri.
- N�o, estou chorando.

Voc� lamenta,
mas n�o me diz.

Claro que sim. A minha vida
seria muito mais f�cil...

- Estou indo.
- Aonde?

- Atr�s de uma empregada.
- N�o seja tonto.

Volte, por favor.

E quem pagaria o sal�rio?

Darei mais aulas particulares.

Ent�o, mande-me de volta
para meus pais.

Por qu�?

Voc� j� ganha o bastante
com as aulas que d�.

- Se pegar mais...
E o que posso fazer?

Quer que eu lhe diga?

Desista das aulas que d�.

E depois o qu�?

Ent�o, meu pobre marido,
vai voltar mais cedo para casa,

e eu n�o terei nada
do que me arrepender.

C- A-T, cat.

F- A-T, fat.

Continue.

Continue!

� Vishnu!

Deus do fogo!
Acabe com a medita��o dele!

O que aconteceu?

Voc� est� chateada comigo?

- Sim.
- Por qu�?

N�o podemos andar de �nibus?

Est�o sempre cheios.
Aqui vamos sozinhos.

- Mas � muito caro.
- S� 7 an�s.

Logo voc� ir� visitar
seus pais.

Irei economizar.

Somente por dois meses.

N�o � muito tempo?

E as despesas extras
quando voltarmos?

Ah, sim...

Sabe,

nunca deixaria voc� ir,
mas sua m�e insistiu tanto.

E acho que numa hora dessas,
voc� preferiria estar com sua m�e.

E voc� n�o vai ter com que
se preocupar nesses dois meses.

N�o diga isso.
Vou trabalhar na minha novela.

N�o escrevi nada
desde que nos casamos.

Foi por minha culpa?

N�o, eu lhe agrade�o.

Voc� sabe o que minha novela
significa para mim?

- Pois voc� significa muito mais.
- De verdade?

- Vou dedic�-la a voc�.
- Vai fazer o qu�?

"To my wife".

Sei o quer dizer "wife"!

Voc� n�o sabe. Eu sei.

Eu tamb�m sei!

- O qu�?
- D�-me os f�sforos.

Aparna,
o que voc� passou nos olhos?

Kohl!

Estaremos esperando por voc�
nos feriados.

Vou tentar.
Mande-me um telegrama.

Cartas demoram muito.

- Prometa-me. Voc� vir�.
- J� n�o lhe dei minha palavra?

Escreva-me duas vezes por semana.

- Voc� vai me escrever?
- N�o at� que voc� me escreva.

Mande as cartas para o escrit�rio,
sen�o o Sr. Roy as abre.

Escute,

pedi � m�e de Pintu
que fa�a uns bolos para voc�.

Devemos dinheiro no armaz�m.

Deixei tamb�m algumas joias,
tome conta delas.

E, por favor, cuide-se!

"Sempre seu..."

Meu amigo!

Voc� vai v�-la em uma semana.
Anime-se.

- Por que est� preocupado?
- Por nada.

- Qual � o seu segredo?
- Que segredo?

Como ser feliz estando casado
e ganhando 45 r�pias por m�s.

Como sabe que sou feliz?

Posso adivinhar.

N�o sei como � a sua mulher,

- mas a minha � tremenda.
- Por qu�?

Bem...

Gosto que elas sejam um pouco
descaradas, impertinentes,

at� travessas.

�s vezes uma briguinha, uma discuss�o,
um mal entendido ocasional.

Apimentam o casamento,
voc� n�o acha?

Mas a minha �
completamente diferente.

Sem brigas, sem discuss�es,
sem lamentos.

Sempre obediente.

Mon�tona, muito insossa.

E, al�m do mais, tenho que
me preocupar com isso.

Voc� me prometeu estar aqui
no dia 8.

Se voc� n�o vier,

n�o vou falar nunca mais com voc�,
nunca, nunca.

Por que n�o me conta
a verdade?

Voc� me prometeu 8 cartas
no m�s passado.

S� chegaram 7.

Nunca mais vou confiar
em voc�.

E aquela mo�a.

A do vizinho...

Vamos, apresse-se!

Tenho ci�mes dela.

Voc� imagina por qu�?

Porque ela o v� todas as manh�s
e todas as noites.

E eu n�o.

N�o � justo.

Por favor, mantenha fechadas
as janelas.

O que mais h� para lhe contar?

Quanto mais escrevo,
mais erros cometo.

E tenho certeza que
voc� vai rir.

Mas n�o me importa.

Voc� � o escritor,
n�o eu.

Cuide-se muito bem.

Eu estou bem,

mas meu cora��o n�o.

Vai melhorar quando
voc� vier.

Sen�o, n�o vou am�-lo mais,
nunca, nunca, nunca mais.

- Como vai?
- Bem.

- E a sua fam�lia?
- Muito bem, obrigado.

Ol�.

Murari.

O que foi?

- Aparna.
- O que aconteceu?

O que aconteceu com Aparna?

- Quando a crian�a nasceu...
- O qu�?

Conversamos pouco antes...

Ela me disse: "Pe�o que
cuide dele, senhora Ganguli.

Parece uma crian�a,
esquece de tudo.

�s vezes esquece-se de comer."

Palavras t�o doces,
maneiras t�o gentis.

O destino �s vezes � perverso.

Pelo menos a crian�a sobreviveu.

Acho que foi um menino.

Isso deveria dar-lhe �nimo.

Uma pessoa jovem como voc�
n�o deveria se abater.

"Enquanto Krishna tiver
suas tran�as e sua flauta,

haver� mulheres para servi-lo."

Voc� pode se casar de novo,
at� 10 vezes, se quiser.

"Caro Pulu: voc� deve ter
recebido as not�cias.

Ouvi dizer que voc�
se vai para o exterior.

Desejo-lhe sucesso.

Eu tamb�m irei embora.

N�o sei para que lugar,
mas sei por que.

Quero encontrar a paz.

Estou levando comigo
a minha novela.

Irei mand�-la a voc�
quando estiver pronta.

Voc� pode public�-la,
se gostar dela.

Apu."

O que voc� jogou na
minha comida, seu diabo!

Voc� est� aprendendo a roubar!
Vou lhe dar uma li��o.

Voc� me mordeu, desgra�ado!

Espere s� e
voc� vai ver.

Vamos ver o que vai dizer seu av�
quando souber.

Voc� vai contar para o meu av�?

Espere s�. Voc� precisa
de um bom castigo.

Ele vai quebrar a sua cara.

Quem vai quebrar
a minha cara?

Meu pai.
Ele mora em Calcut�.

Seu pai!
Essa � muito boa!

Era o que faltava!

Faz cinco anos que eu n�o vejo
o rabicho dele.

O seu pai, vejam s�.

Pais usam rabicho?

Nesses �ltimos 5 anos,

n�o veio ver seu filho
uma �nica vez.

Voc� j� viu alguma coisa assim?

A �nica coisa que fez
foi enviar dinheiro 3 vezes.

Voc� sabe onde Apu est�?

Eu me opus firmemente
a esse casamento.

Foi voc� e sua tia
que tramaram isso.

Onde est� Apu?

E por que quer saber?

Gostaria de saber.

Na �ndia Central, trabalhando
em uma mina, ou algo assim.

Um vagabundo in�til.

E seu filho est� indo
pelos mesmos passos.

Sempre fazendo travessuras.

Outro dia quebrou
meu copo preferido.

Quando sua tia estava viva,
ela sabia cuidar dele.

Mas para um velho como eu...

- Voc� sabe o endere�o de Apu?
- Para que quer saber?

Est� nas cartas que mandou.

Mas n�o acho que voc� consiga
convenc�-lo a voltar.

N�o �quele bruto sem cora��o.

Voc�?

Quando voc� voltou?

Fui � casa de meu tio,
� sua procura.

Oh.

O que est� fazendo aqui?

Tenho um trabalho.

Desde quando?

Um ano,
mais ou menos.

T�o longe de casa?

N�o vim para c�
para trabalhar.

E ent�o?

Passei por aqui quando
estava perambulando.

E?

Estava com fome.

E agora j� tem o bastante
para comer?

Mais ou menos.

E a novela, como est� indo?

J� conseguiu terminar?

- Joguei-a fora.
- Jogou fora! Por qu�?

Para que iria servir?

Venha comigo.

- Vai ficar por aqui?
- N�o.

E o que vai fazer?

Estou pensando em ir embora.

Para onde?

Para qualquer lugar.
Talvez para o estrangeiro.

E voc� ir� sozinho?

Com quem mais iria?

- Com Kajal.
- Quem?

- Com Kajal.
- Kajal?

Seu filho.

� esse o nome que lhe deram?

Apu!

Apu, venha c�.

Qu�?

- Volte para casa.
- Por qu�?

Seu filho necessita de algu�m
que cuide dele.

Afinal,
voc� � o pai dele.

E pais tem obriga��es,
deveres.

Ou voc� n�o enxerga assim?

Deveres? Quem disse que n�o cumpro
com meus deveres?

- Mandei dinheiro para ele.
- E isso � tudo?

� mais do que posso fazer.

Apu!

- Voc� n�o ama seu pr�prio filho?
- N�o.

Que amor poderia ter por ele?

Nunca o vi.

Para mim, � como um s�mbolo.
Somente um nome.

Como se n�o existisse.

Voc� est� fora de si.

Eu cumpri com o meu dever.
O resto depende de voc�.

Adeus.

Pulu!

- O que foi?
- Venha aqui um momento.

- Tenho que tomar o trem.
- Venha, por favor.

- O que?
- Fa�a algo pelo menino.

- Coloque-o em um internato.
- Fa�a isso voc� mesmo.

- N�o.
- Por que n�o?

� imposs�vel para mim.

Por qu�?
Por que � imposs�vel?

H� uma coisa que
n�o conseguiria esquecer.

Quando Kajal nasceu,
Aparna morreu.

Mandei dinheiro para ele.

Mandarei mais no futuro.

N�o posso fazer mais nada.

N�o tenho amor por ele.
� como se fosse um estranho.

Se voc� acha que ele n�o est�
sendo criado adequadamente,

coloque-o eu um internato.

Eu pagarei as despesas.

- Quer que lhe d� agora o dinheiro?
- Sinto muito.

Come�o um novo trabalho
na segunda.

- N�o posso fazer nada agora.
- Adeus.

Pulu!

Pulu!

Pulu!

Quem � voc�?

O que quer?

Sou Apu.

Voc� veio buscar o menino?

Fiz uns arranjos para deix�-lo
com amigos em minha aldeia natal.

Vou embora do pa�s.

Est� l� em cima. N�o est� bem
j� faz alguns dias.

Teve um pouco de febre,
mas est� bem agora.

Kajal...

Kajal!

Kajal!

Kajal!

Eu sou seu pai!

Sou seu pai!

Kajal!

Venha!

Venha c�!

Pare!

O que est� fazendo?

Poderia machucar o menino.

Kajal...

Kajal...

N�o quer que sejamos amigos?

Posso contar para voc�
hist�rias muito boas.

Hist�rias de fantasmas,
de dem�nios.

De reis e cavalos com asas.

Gostaria de escut�-las?
Kajal?

Gostaria que ficasse com
essas joias.

Ir�o pagar a educa��o de Kajal.

Pulu tomar� as provid�ncias
para coloc�-lo em um internato.

Acho que � a �nica maneira
de alivi�-lo desse fardo.

Por que n�o o leva
pela for�a.

Voc� � o pai dele.
Tem o direito, se quiser.

N�o,
n�o poderia fazer isso.

Eu sabia. Sempre soube
que voc� n�o faria nada.

Um in�til � o que
voc� �.

O que foi, Kajal?
Voc� quer me dizer algo?

Aonde voc� vai?

Quer vir comigo?

Voc� vai para Calcut�?

Se eu for,
voc� vem comigo?

Vai me levar para meu pai?

Com certeza.

Ele vai ficar bravo comigo?

Por que ficaria, Kajal?

Ele nunca vai me abandonar?

Claro que n�o.

Quem � voc�?

Sou seu amigo.

Voc� vem comigo?

Kajal!

Venha Kajal.

Vamos.

Kajal!

O av� vai ficar bravo.

O av� n�o vai saber.
N�o vamos dizer a ele.

Vamos.

FIM