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Adam.

Adam, o júri.

Senhoras e senhores do júri,
chegaram a um veredito?

Chegamos, meritíssimo.

Qual é o veredito?

Achamos o
acusado Adam Grant,

culpado de assassinato
em primeiro grau.

O acusado, de pé.

O acusado,
fique em pé!

Adam,
você tem que parar.

Adam Grant, você foi submetido
a julgamento por seus pares.

E foi considerado culpado.

Tem algo a dizer antes
do pronunciamento da sentença?

Muito bem.

É a decisão deste tribunal,
que pelo brutal e cruel

assassinato em primeiro grau,
seja enforcado até a morte.

Não, eu não vou ouvir isso,
não tenho por que escutar.

Sabe por quê?
Porque você não é real.

Nada disso é real.

Eu lhe asseguro, sr. Grant
é muito real.

Isto é um sonho.

Tudo isto e todos vocês
são um sonho, aqui dentro.

Retirem o acusado
deste tribunal.

Tonto. Você não entende
que eu o criei?

Que sem mim, você não existiria.
Não consegue entender?

Nenhum de vocês existe.

Adam Grant, um homem condenado
a morrer enforcado por assassinato.

Como outros criminosos,
presos à roda da justiça,

ele está assustado.
Até à medula de seus ossos.

Mas não é a prisão que o assusta,
ou as longas noites de espera

para andar o longo caminho
até o cadafalso.

Ou mesmo a própria morte.

É algo mais que enche Grant
de um suor pegajoso de medo.

Algo pior do que qualquer punição
que possa oferecer este mundo.

Algo que só se encontra
em Além da Imaginação.

Grant, onde você vai?
Não sabe qual é?

Qual é a minha?
Nem sempre é a mesma.

Essa foi boa.

Entre.

Oh, como ficarei feliz
quando te pendurarem.

Seria muito feliz se fosse eu
quem pudesse apertar o botão.

Querem me enforcar.

Você ainda pensa que isto
é um sonho, Grant?

Que é parte
da sua imaginação?

Não sei se é você.

Talvez você seja parte de um filme
ruim que vi uma vez, Flask.

Ah, sim, um filme ruim,
e nós somos os atores.

Cále-se!

Não o escute, está assustado.
Como todos aqui.

Ninguém vai morrer.

Sabe? Queria poder morrer de uma vez
e terminar já com tudo isso.

Não se preocupe,
você vai morrer, Grant.

A corda não escolhe
os seus favoritos.

Uma vez em seu pescoço,
você está pronto.

Esse é o ponto,
não funciona.

Lá vai você de novo,
como se já soubesse de tudo.

Já passei por lá,
uma e outra vez.

Já não sei quantas vezes.

Quer saber
como acontece, Jimmy?

Você sai de sua cela,
e vai até essa porta,

atravessa o corredor inteiro,
quase escuro, sujo, frio...

e chega à porta, não é a mesma
das testemunhas,

é verde, verde escuro.
E os guardas a abrem para você,

o conduz para as escadas,
se sobe por elas,

são de madeira velha, fazem
barulho quando se pisa nelas

e há outra porta no final,
de metal.

Outro guarda a abre porque
sabe que você está vindo.

Todos sabem
que você está vindo.

E você sobe até o cadafalso.

E há uma comporta no piso,
a qual se abre por trás.

Para que te vejam os...
espectadores.

Quando você
cai por esta comporta.

A corda
quebra o seu pescoço.

Você fica
sobre essa comporta.

O prefeito pergunta se você tem
alguma coisa a dizer...

e lhe pede
de acordo com a lei.

Te amarram as mãos
fortemente às costas.

Também os pés.

Colocam um capuz
na sua cabeça.

Ouça isso, Flask, ouça.

Cheira muito a mofo,
me lembra um velho sofá.

Cále-se, Grant.

Finalmente te põem a corda
em volta de seu pescoço.

Suavemente, com gentileza,
te colocam o nó embaixo da orelha.

Cále-se.

E você só vê o prefeito,
o prefeito vê o assistente,

e o assistente liga
o interruptor.

E no quarto se
acende a luz vermelha.

Há três guarda lá.

Estão de pé
frente a três botões.

Todos os apertam ao mesmo tempo,
mas apenas um deles libera a comporta.

E você sente que o piso cai.

Sabe? não me lembro
o que acontece depois.

Obrigado
por me preparar um.

Ah, desculpe.

Tudo bem, querido.
não quero.

Tenho vinho tinto
na cozinha.

A carne assada
estará pronta em meia hora.

Ótimo, estou
morrendo de fome.

Coloco algo de Johnny Mathis ou
Al Jerrau. Ou algo de Bobby Short.

Ou algo parecido, vamos
acender a lareira.

O que está acontecendo?

Nada, só que...

só que não posso deixar
de pensar em Adam Grant.

O que aconteceu
hoje à noite, certo?

Tem o que merece, Mark,
está provado, é culpado.

Eu sei.

É a atitude que ele tem.

Nunca vi nada parecido.

Você lhe dá muita importância,
a lei é a lei.

Não é o único
que sentenciam.

Vamos esquecer a música,
vamos jantar em paz.

Só nós dois, vendo TV.

- O que você acha?
- Tudo bem.

Entre.

Não ficou surpreso
em me ver aqui.

Não esperava ver quem
deseja salvar o seu cliente.

Posso pegar o seu casaco?

Esqueça a formalidade,
só quero um desses.

Claro.

O que você quer?

Um martini...

- Muito seco e...
- Muito seco e...

sobre o gelo.

Quer saber, o que
penso a respeito de Adam Grant.

Acho que sente
o mesmo que eu.

E o que é?

Medo.

Medo de que talvez
Adam Grant diga a verdade.

É ridículo.

Na minha opinião, o assunto do sonho é
só um esforço desesperado para se salvar.

Para tentar
alegar insanidade.

Bem, pelo
menos um funcionou.

Ele foi examinado
por dois psiquiatras,

e ambos o declararam
apto para julgamento.

Você pode usar toda
a lógica comigo, Mark.

É o que tenho feito nestes últimos dias,
tentando racionalizar.

Ainda acordo todas as manhãs,
ofegante e assustada.

Quem é, Mark?

Boa tarde.

Desculpe incomodá-la,
sra. Ritchie.

E sabe o que mais?

Tenho a sensação de ser
observada de alguma forma.

Mesmo quando estou em casa sozinha,
de roupas íntimas e as luzes apagadas.

Mesmo assim
eu me sinto observada.

A que você se refere?

Parece um pouco paranóico.

Gostaria de um pouco
de queijo e biscoitos?

Não, obrigado,
eu não tenho fome.

Vá em frente, e me diga que
você também não sente.

A pena capital é
um assunto delicado.

Mas, ultimamente, se alguém
causar problemas de alguma forma,

qualquer um poderia nos acusar
de cruéis e sem consciência.

Seriamos desumanos.

Não queria dizer isso, droga.

Um momento, srta. Jacobs,
com que direito fala

assim com o meu marido?

Desculpe, sra. Ritchie, não há
tempo para ser educado.

Minuto a minuto Adam Grant
se aproxima do cadafalso,

e quando o faz,
também todos nós.

Bem, isso é óbvio
para você, certo?

Adam Grant é uma pessoa horrível,
enganou muitas pessoas, por anos,

e foi apanhado, como deveria
ser há muito tempo.

Quase parece ser um assunto pessoal
para você, sra. Ritchie.

Não é nada pessoal, apenas
acredito na pena capital.

Pelo menos neste caso.

Mas não haverá mais casos
depois desse.

Vamos, sr. Ritchie, nunca
lhe ocorreu pensar se isto é real?

Pode ser o promotor do distrito, ter
uma linda esposa e uma bela casa,

e viver em um bairro caro,
e tudo isso...

É como um sonho?

Todo mundo tem.

Se você for bem sucedido, é fácil
pensar que é um sonho, às vezes.

E se você não é, é fácil ver
a vida como um pesadelo.

Mas isso só prova
que Adam Grant é humano.

Como todos.

Não posso acreditar que
está acontecendo com ele.

Então convence a si mesmo
que não está acontecendo.

Não em realidade.

Deixe-me
perguntar-lhe algo.

Este é um julgamento
por homicídio.

Um grande julgamento.

Por que não havia espectadores
no tribunal, hoje?

O júri pediu que fosse assim.

Eu não me lembro disso,
e você?

Deixe-me perguntar-lhe
algo mais.

Onde estava a imprensa?

Quando deixou o tribunal,
havia repórteres do lado de fora?

Onde eles estavam?

Mark, do que ela fala?

Que horas são, Jimmy?

Jimmy? Alguém sabe
que horas são?

9h05. Por quê?
Tem compromisso?

Não, espero alguém.

Claro, o governador irá conceder
perdão diretamente na sua porta.

Não, ele não, é o promotor do distrito
que vem geralmente às nove.

Quem é?
Quem é ele?

O promotor do distrito,
Quem mais?

Abra, me deixe entrar.

Você tem certeza?

Pode abrir.

Quer que eu fique aqui?

Não.

Me chame se precisar
de alguma coisa.

Não parece surpreso
em me ver.

Não, você
sempre vem às 9.

O promotor do distrito sempre
o faz, mas nem sempre é você.

Olhe, Grant.

Você pode ter seu próprio promotor
e todo esse sonho,

mas isso não vai funcionar comigo,
deve se dar conta disso.

Eu percebo
isso muito bem.

Faça o que fizer,
será tarde.

O que você quer
dizer com isso?

Você vai chamar o governador,
o advogado também,

mas sempre
será tarde demais.

Ficaria feliz se o chamasse a tempo,
uma vez pelo menos,

assim você pararia a execução e
assim acabaria com esse sonho.

Você não é real, sr. Ritchie.

Você é apenas um personagem
em um sonho que eu tenho.

Um pesadelo.

Eu não acredito.

Nem remotamente.

O que diz não tem sentido.

Os sonhos não precisam
fazer sentido.

Quando é a decisão?
Que dia?

Não vai demorar muito.

Mas que dia?
Que dia é hoje?

É domingo, claro, e todo mundo sabe que
as execuções são às 12h01, nas segundas.

O que significa que me sentenciaram
hoje pela manhã. Ou não? Ou não?

Que tribunal trabalha
aos domingos, sr. Ritchie?

Ainda não o sentenciaram.

É apenas parte
de sua loucura onírica.

Talvez você realmente ache que o
sentenciaram hoje, não sei.

E por que não
o tiram daqui, Ritchie?

Podem alegar insanidade.

Porque isto não é loucura,
é algum truque.

Provaram que está
mentalmente são.

E você é muito bom ator, Grant,
mas isso não vai funcionar.

Chega!

Se isto fosse um sonho,
Por que não acorda?

Vá em frente e acorde.

Você acha
que eu não tentei?

Me belisquei, joguei água
gelada na cara,

acendi um cigarro e queimei
a palma da mão...

Simplesmente não funciona.

Eu mesmo tentei quebrar
a seqüência de eventos.

Me lembro de uma vez
que tentei atacá-lo aqui,

de modo que pudesse
me forçar a despertar.

Não funciona, não posso
me desviar dos eventos,

e continuam a se repetir
sempre e sempre.

Bobagens.
Apenas bobagens.

Ah, é? E que tal
a sua esposa?

O que tem ela?

O nome dela é Carol, certo?
Sempre se chama Carol.

Como sabe o seu nome?

Porque é o único personagem,
do meu sonho, que não muda.

Porque na vida real,
é minha irmã.

Ela quer
me ver enforcado.

E sabe porquê?
Porque me odeia.

Sempre nos odiamos.
Desde criança nunca nos demos bem.

Por quê? Não sei.

Assim são os irmãos,
eu acho.

Você é um desvirtuado.
Merece morrer, sabe?

Não. Devo pensar que
mereço morrer.

Devo ter feito algo na vida real,
que me obriga a repetir esses sonhos.

Algo que me faz sentir culpado,
mas não sei o que é.

Você é um traiçoeiro.
É isso que é.

Eu não acredito em nada,
nem uma palavra.

Bem, Por que não coloca algo
de Johnny Mathis ou Al Jerrau?

Talvez algo de Bobby Short.

Não! Guarda, guarda!
Me tire daqui!

Podemos acender
a lareira.

Acredita agora,
não é, sr. Ritchie?

Você precisa me ajudar,
você precisa.

É a única chance
que eu tenho que ir.

Não posso continuar assim
por mais tempo, sr. Ritchie, por favor.

Sr. Ritchie, sr. Ritchie!

Me diga, srta. Jacobs, O que sente ao
defender alguém como Adam Grant?

Alguém que é, obviamente,
culpado pelo que fez.

Um acusado tem direito a defesa,
não importa o crime que cometeu.

O que acha que atrasou tanto
o seu marido?

Quantos anos vocês têm
de casados, sra. Ritchie?

Por que você quer saber?

Curiosidade.

Quantos anos?

Olhe para mim, maldição.
Olhe para mim.

Já não sou um sonho,
sou real.

Olhe meus braços,
minhas mãos.

Eu sou real, Grant, real.

- O que aconteceu?
- Onde você estava?

Onde você acha
que eu estava?

Tanto tempo?

Havia neblina, mal podia ver.

O que aconteceu?

Nada. O sr. Grant será
enforcado como se planejou.

E o que ele disse?

Insiste na idéia de
que isto é um sonho.

É a coisa mais estranha
que já escutei.

Olhe para nós, somos de carne e ossos,
podemos ver, sentir, tocar...

Somos inteligentes,
podemos pensar e falar.

Temos lembranças.

O quê?
O que acontece?

Vocês não podem matá-lo.

Me escutem, seus estúpidos,
vocês não podem matá-lo.

Prefeito, não pode fazer isso.

Se houver algo que queira dizer, meu filho,
nestes últimos momentos que te restam.

Olá, papai, estava me perguntando
quando você apareceria.

A maioria me chama
de padre.

Qual é o seu nome, padre?

Grant, como o seu.
Uma coincidência.

Não, não é coincidência.
você é o meu pai.

Na vida real, você está morto.
Há muitos anos.

Talvez você precise rezar.

Não necessito rezar.

É sempre necessário
rezar, meu filho.

Talvez no mundo real,
não em um pesadelo.

Você se sente
deslocado da realidade.

E estou fora dela.

Ninguém acredita em mim.

Eu acredito nele.
Você também tem que acreditar.

Peça perdão a Deus, Adam.
Ele é o único caminho.

E o seu perdão, papai?
Você me perdoou?

Por quê?

Porque você está
sempre voltando para mim.

Da última vez, você
era o juiz.

Deus é
o único juiz, Adam.

Não, não o levem,
vocês não entendem.

Ele nos mantém vivos.

Está louco, apenas louco,
Não conseguem ver?

Não sei o que
está acontecendo aqui.

Não sei no que acreditar, tudo
o que sei é que estou assustada.

Mark, tenho medo.

Ao menos, você pode
deter esta execução.

Sei que você pode.

Faça algo.

Ainda acha que está fingindo?
Não é assim?

Ok, talvez se você fizer.

Ou talvez seja coincidência que não se
lembrem do dia em que se casaram.

Ou quantos anos de casamento?
Ou mesmo que se casaram?

Alô, aqui Mark Ritchie,
sim, o promotor do distrito...

Eu quero falar com o governador,
imediatamente.

É uma questão de...
vida ou morte.

Adam Grant, se você tiver
algo a dizer, diga agora.

Certo.

Vamos, vamos...

Sim, aqui Ritchie.

Desculpe, governador,
não há tempo para explicações...

Está chamando agora.

Adam.

Adam, o júri.

Senhoras e senhores do júri,
chegaram a um veredito?

Chegamos, meritíssimo.

Qual é o veredito?

Achamos o
acusado Adam Grant,

culpado de assassinato
em primeiro grau.

O acusado, de pé.

O acusado,
fique em pé!

Adam,
você tem que parar.

Adam Grant, você foi submetido
a julgamento por seus pares.

E foi considerado culpado.

Tem algo a dizer antes
do pronunciamento da sentença?

Muito bem.

É a decisão deste tribunal,
que pelo brutal e cruel

assassinato em primeiro grau,
seja enforcado até a morte.

Não, eu não vou ouvir isso,
não tenho por que escutar.

Sabe por quê?
Porque você não é real.

Porque você não é real.
Nada disso é real.

Eu lhe asseguro, sr. Grant
é muito real.

Isto é um sonho.

Tudo isso e todos vocês
são um sonho, aqui dentro.

Retirem o acusado
do tribunal.

Não entende
que eu a criei?

Que sem mim, você não existiria.
Não consegue entender?

Você deixaria de existir.

Quem sabe quando
um sonho é real?

E se a realidade
for apenas um sonho?

Existimos, claro, mas como?
De que forma?

Como seres humanos
de carne e ossos?

Ou somos apenas personagens de
um pesadelo tormentoso de alguém?

Pense nisso, e depois
pergunte a si mesmo,

você vive aqui, neste país,
neste mundo,

ou em Além da Imaginação?

Tradução: Brunks der Preußischen