All language subtitles for Spector.S01E04

Se não gostam de você,

se tem um passado conturbado,

se há uma imagem de você
com uma arma,

se você fez algo de errado,

se acham
que fez algo de errado...

Se não gostam de você,
por qualquer motivo que seja,

vão te ferrar.

Phil Spector se via

como uma vítima
de todo tipo de coisa.

Seja por ter sido
insignificante no ensino médio,

ser judeu,

não ter um selo postal
com o nome,

como Buddy Holly...

A forma de ele ver o mundo

refletia o tratamento injusto
que ele recebia.

E a caracterização de si mesmo
como vítima naquela noite

seguia a mesma linha.

Ele tinha pavor
de ser considerado culpado,

e ele tentou agir...

como se tivesse

todos os motivos para pensar
que não seria sentenciado.

Essa mulher simplesmente
abre a própria cabeça

na minha casa,

e vocês vêm, me prendem,

jogam bombas de efeito moral

e me dão uma surra.

Que palhaçada! É um absurdo!

É um absurdo completo!

O que acontece
quando um gênio artístico

se choca
com o sistema judiciário?

MAIO DE 2007

Parecia que Phil Spector
estava vivendo

a vida normalmente.

Ele se casou de novo.

Acho que ela era
40 anos mais nova que ele.

Ela se chamava Rachelle Short

e também era
aspirante a musicista,

aspirante a atriz, a modelo.

Inclusive, o casamento
aconteceu no castelo,

o lugar onde Lana Clarkson
foi assassinada.

Durante um bom tempo,
ele continuou circulando por aí.

Ele foi visto em restaurantes,
conversando com amigos.

Ele chega a dar uma entrevista

para a revista Esquire,

mas quase se esquece
de mencionar

o fato de estar sendo acusado
de assassinato.

UM HOMEM PROCURANDO
AMOR E COMPREENSÃO.

Como se pode imaginar,

a família da Lana se sentia
muito frustrada.

A vida dele seguia normalmente,

enquanto a vida da Lana
tinha acabado.

O Phil Spector pensou:

"Se eu investir
dinheiro suficiente...

É o que acontece há 40 anos.

As celebridades sempre saem
impunes nesta cidade.

Eles jamais vão me condenar.

Sou o Phil Spector, caramba.
Os meus recursos são ilimitados.

Vou contratar vários advogados,

vários especialistas,

e vou confundir todo mundo.

Todos vão ficar perplexos.
Jamais serei condenado."

O Phil Spector reuniu
uma ótima equipe.

A Linda Kenney Baden
era especialista forense,

e o caso dele era forense.

Esse caso se basearia

em respingos de sangue,
nos ferimentos, na autópsia...

A tese da defesa

era que a cena do crime havia
sido alterada desde o início

e não havia sido
interpretada adequadamente.

A narrativa
da nossa equipe no julgamento

era de que o Phillip
estava descendo a escada.

Ele havia deixado
a Srta. Clarkson na cadeira,

e quando desceu as escadas,
depois de determinado tempo,

achando
que ela já tinha ido embora,

ele viu a arma na boca dela,

e a arma disparou...

E quando disparou,
e ele gritou: "Não!"

E isso era coerente

com as provas forenses,

uma das possíveis
manchas de sangue

embaixo da manga
do paletó branco

que o Phillip estava usando.

Só poderia ter acontecido

se o braço estivesse levantado
no tiro.

ANIMAÇÃO DA PROMOTORIA

Se Phillip Spector estivesse
bem na frente dela,

haveria respingos de sangue
por toda a roupa dele,

mas não havia.

Eles mostraram o paletó na tela.

Não dava para ver o sangue.

Se ele tivesse atirado,
haveria mais sangue.

Isso foi preocupante.

Havia essa ideia
no estilo Quentin Tarantino,

proposta pela defesa,

de que quando você atira
à queima-roupa,

fica coberto de sangue,
de respingos.

PROVA

E isso não é verdade.
A ciência não é assim.

Há vezes

em que dá para atirar
a um metro,

e nenhuma gota de sangue
respingará na pessoa.

O padrão de respingos na jaqueta
mostra que ele ficou, sim,

em cima dela

e colocou, sim,
a arma na boca dela.

Se ele estava a 60 cm dela
no momento do disparo

com o braço direito levantado...

E a mancha de sangue
indicava isso...

Então o dedo dele estava
no gatilho,

e a arma estava na mão dele.

Lana Clarkson
estava esticada na cadeira.

O respingo de sangue não passou
da bainha da saia dela.

Se respingos de alta velocidade
tivessem passado da bainha,

haveria nas coxas,
nos joelhos e nos sapatos.

Mas não havia.

Sabemos onde termina o padrão.

Termina em 60 cm.

Ou seja,
à distância de um braço.

À distância de um braço

de Lana Clarkson.

À distância de um braço.

Phillip Spector estava
a essa distância.

O comportamento dele
era muito abusivo e repugnante.

Ele enfiava armas
na boca das mulheres,

apontava
para a cabeça das pessoas.

Esse homem não gostava de ouvir
"não" das mulheres.

Ele queria o controle.

Ele não gostava da rejeição,
da solidão,

tinha problemas de abandono.

Talvez isso tivesse a ver

com o suicídio do pai
quando ele era novo

e com o relacionamento
com a mãe.

Os filhos
de pais desequilibrados,

ou pais alcoólatras e abusivos,

muitas vezes,
se tornam viciados em controle.

Querem um mundo
onde tenham controle total,

um mundo repleto de ordem.

E ele era obcecado com a ordem.

Ele era controlador,
precisava controlar.

E precisava controlar

por causa das inseguranças
que ele tinha.

E por que acredita
que ele pode ter matado alguém?

Porque ele...
Tem uma mulher no chão,

e ele está com uma arma na mão.

Tudo bem.
Fique na linha, não desligue.

Os policiais chegaram
três minutos após a ligação

e ficaram esperando
as viaturas de apoio.

Eles falaram
com o Sr. de Souza no local,

pegaram mais informações

e criaram um plano
para entrar na casa.

CÂMERAS DE VIGILÂNCIA
24 HORAS COM GRAVAÇÃO DE VÍDEO

A polícia não fazia ideia
do que esperar.

Eles se prepararam
para entrar na casa

com o máximo
de cuidado possível.

Isso aconteceu 45 minutos
após a ligação para a polícia.

Em nenhum momento

durante esse tempo,
o Phil Spector pegou o telefone,

qualquer telefone da casa,
para chamar a polícia.

Ele não sabia que o motorista
havia chamado a polícia,

e ele mesmo não chamou.

Se foi ele que atirou,

ele teve tempo de limpar
a cena do crime.

Ele estava usando
um paletó branco naquela noite.

Quando a polícia chegou,

não estava mais com ele.

Foi encontrado
no chão do quarto dele,

não pendurado.

Então pode-se concluir

que ele tirou
o paletó com pressa

e o largou no chão.

Isso provava
que ele estava em pânico.

Ele precisava de tempo
para pensar,

e precisava de tempo
para tentar mascarar

aquele ato horrível
que havia acabado de cometer.

Uma fralda de pano
foi encontrada no local,

no banheiro ao lado
do saguão de entrada.

Donos de armas, normalmente,
enrolam as armas

em fraldas de pano

para ficarem lubrificadas.

Essa fralda tinha sangue.

Mais tarde, descobriu-se que era
o sangue da Lana Clarkson.

Havia sangue

na privada,

indicando que a fralda
havia sido usada

para limpar o rosto de Lana,

e depois lavada na privada.

Não na pia, na privada.

Por que o Phil Spector...

lavaria a fralda na privada,

se não estivesse
se livrando das provas?

Havia ou não havia
um vaso aberto

ao lado do pano ensanguentado?

Sim, senhor,
mas quando lavamos as mãos,

geralmente, lavamos na pia,

e não no vaso...

E se acabaram
de matar alguém, doutor?

Você teria que ser
um mestre do crime.

Eu realmente não acho
que ele seja um mestre do crime.

A promotoria dizia:

"Havia muito sangue
em cima dela,

e ele estava
tentando limpar isso."

Mas ele queria limpar o quê?
Ela estava coberta de sangue,

o carpete também.

Havia dentes para todo lado...
O que ele queria limpar?

Ela estava dentro da casa,

ele não ia conseguir
limpar nada.

A arma estava embaixo
da perna esquerda dela.

Como é que a pessoa se mata
com a mão direita,

e a arma vai parar
embaixo da perna esquerda?

Não é natural a arma cair ali

se você se mata
desse jeito, não é?

Ele teve tempo
de mexer um pouco na cena.

Ao disparar uma arma,
há o coice.

E, principalmente,
se a pessoa morre,

a arma bate na unha

e cai.

Não há como saber
onde a arma caiu.

Então não achávamos
que a posição da arma importava.

Se a pessoa leva
um tiro na boca,

há a expectativa de ver
muito sangue na arma em si.

Não havia,

o que indicava
que o sangue tinha sido limpo.

É impossível

ela ter feito isso.

Em pânico, ele decidiu:

"Vou limpar o rosto dela,

pegar a arma e limpá-la também,
pois ela estava na minha mão.

Vou colocá-la
embaixo da perna dela

e dizer que ela se matou."

Dr. Di Maio,
o que havia nos e-mails

que sugeriam
que a Srta. Clarkson

teve um ferimento autoinfligido?

Ela tinha problemas financeiros,

ela tinha medo de ser despejada.

Para um médico,

ela disse que não tinha
mais forças para continuar.

Ela também, claro,
tinha ferimentos no pulso

e tomou doses cavalares

de narcóticos
por quase seis meses.

Havia provas sobre a depressão,

que ela tomava antidepressivos.

Tudo indicava que era suicídio.

Acho que ela era
uma mulher muito perturbada.

Ela era uma atriz

de 40 anos...

Sinto muito,
é discriminação sexual,

mas é assim que funciona.

Entendo que os advogados
do Phil Spector

precisavam criar uma defesa,

e o único jeito
de defender Phil Spector

era colocar a arma na mão dela.

Eu diria que a causa da morte

foi um ferimento de bala
intraoral,

por suicídio.

O quadro
que a defesa estava pintando

era de que ela era suicida,

e isso estava longe
de ser verdade.

Longe mesmo.

Ficamos incrédulos

quando elaboraram a defesa

de que ela estava
no fundo do poço, suicida...

Foi bem difícil
ficar ali todos aqueles dias

ouvindo isso.

Ela não tinha motivo
para se matar.

Ela vivia ocupada trabalhando.

Tinha marcado um teste
para sexta-feira.

Ela disse
que ia sair do House of Blues,

porque estava tendo
mais trabalhos.

Ela ia apresentar um evento
em alguns dias.

Não era uma mulher

que queria morrer.

É preciso ser sensato.

Quem entraria
na casa de um estranho

e se mataria sem motivo algum?

Já investiguei vários suicídios,

e nunca vi uma mulher atirar
no próprio rosto.

Não digo que nunca aconteceu,
mas nunca vi algo assim.

O julgamento já estava avançado.

Havia mais uma coisa
que sabíamos:

a unha quebrada dela.

Era branca.

E era bem pequena.

Uma coisinha branca

do tamanho da minha unha.

Essas testemunhas afirmam
que viram algo

no saguão
da casa de Phil Spector.

Os promotores dizem
que é uma prova fundamental

que pode ajudar a provar
o caso de assassinato.

Sabíamos que Lana Clarkson
usava unhas de acrílico.

As unhas dela
sempre estavam impecáveis.

Quando ela foi encontrada morta,

a unha do dedão
estava sem um pedaço.

Há regras

para o que a defesa pode fazer
em uma cena de crime.

Tinham tanto acesso quanto nós.

Esse é um direito básico
para um processo justo.

O que eles não podem

é retirar, manipular ou alterar
qualquer prova

encontrada na cena do crime.

Algo muito estranho aconteceu
naquela cena de crime.

Para os promotores,
a unha de acrílico quebrada

de Lana Clarkson

foi recuperada
pelo Dr. Henry Lee.

O renomado criminalista foi
contratado pela defesa

para examinar
o local do disparo.

Uma advogada da defesa
testemunhou:

"Eu estive na cena do crime

e acredito

que o Henry Lee tirou
algo de lá."

Ele pegou e colocou
em um frasco de plástico.

E essa foi a última vez que vi.

Por causa dessa revelação,

chamamos Henry Lee para depor,
mas sem a presença do júri.

E perguntamos
se isso havia acontecido ou não.

Se a Srta. Caplan testemunhou
que te viu pegar

um pequeno objeto branco
liso com bordas irregulares

e colocá-lo
em um tubo de ensaio,

ela estaria incorreta?

Acho que ela se enganou.

Informei tudo que encontramos.

Nada a esconder sobre isso.

Ele disse que não havia pegado
nada da cena,

e não havia como provar
o contrário.

Até hoje, nunca vi a unha.

O Dr. Lee testemunhou

que não colocou nada
em um frasco,

o que é contraditório

com o testemunho
da Srta. Caplan.

E se eu tiver que escolher,

a Srta. Caplan tem mais
credibilidade do que o Dr. Lee.

A advogada que viu aquilo falou:

"Eu vi. Vi uma marca preta
na lateral da unha."

Perguntei ao Henry Lee
o que poderia ser,

e ele disse

que acreditava ser
uma marca de atrito.

Ou seja, uma marca de chumbo.

A única coisa de chumbo
naquele cômodo era a bala.

Logo, a bala havia encostado
naquela unha.

Achamos que é a unha da vítima
com marcas de bala,

pois a mão dela estava na boca

tentando empurrar
a arma para longe,

após Phil Spector apontar
a arma para o rosto dela,

na boca dela, e dispará-la.

Já investiguei vários suicídios

nos quais a pessoa atirou
na própria cabeça.

E nunca vi uma unha quebrar
por causa disso.

Então, para mim,

aquela unha indicava
que houve algum tipo de luta

naquele momento.

O fato de a marca da bala
estar na unha

mostraria que as mãos e os dedos
não estavam no gatilho.

Ela não se suicidou.

Ele encostou
a arma no rosto dela.

Ela estava
com o pulso machucado,

mas tentou afastá-lo.

Ao fazer isso,

ele entrou em pânico,
ou aconteceu algo,

e ele atirou nela.

Não sei direito
como o Phil se sentia

em relação
ao sofrimento dos outros.

Acho que ele não tinha
qualquer compaixão.

Mas suspeito
que a morte da Lana Clarkson

e o julgamento,

tudo isso se encaixava
na narrativa

de que ele era perseguido.

Aquela mulher foi
até a casa dele

e acabou com a vida dele.

Em todos os momentos,
ele genuinamente acreditava

que ela tinha se matado.

Quando você é indiciado,
quando é acusado,

você é culpado,

e é assim que acontece.

Inocente
até que se prove o contrário.

É a declaração de direitos
indo por água abaixo!

TRIBUNAL DO CONDADO DE L.A.

Depois que eu o vi
no julgamento,

não consegui mais assistir.

Aquele não era
o Phil Spector que eu conhecia.

Phillip,
o que aconteceu com você?

O que aconteceu
com todo aquele nosso trabalho

nos discos de sucesso?

Até certo ponto,
ele colocou todos nós em risco,

todo o nosso esforço
naqueles discos.

Um pedaço de nós
também estava em julgamento.

Tenho que admitir

que fui um tanto quanto excluído
pela indústria

com essa acusação.

Algo tão hediondo
quanto uma acusação de homicídio

é terrível

para algumas pessoas,

mesmo não tendo nada
para embasar isso.

Não há nada que se possa fazer

sobre a suposição de culpa

quando se é indiciado.

Eu lembro que, logo no início,

ele disse que o juiz não deixava
tocarem as músicas dele,

que não era permitido falar
sobre a carreira musical dele,

porque não tinha
qualquer relevância.

O julgamento acontecendo,
e ele pensava:

"Se essas pessoas ouvissem
a minha música,

não estaríamos aqui."

O tribunal vivia cheio,

principalmente de jornalistas,

com alguns cidadãos
interessados no caso.

Mas, em relação à família,

a mãe da Lana Clarkson
estava presente,

assim como o advogado
da família.

Do lado do Phil, a esposa dele,
Rachelle, sempre estava lá.

Parecia que ela gostava
daquela atenção,

estando sempre maquiada
e bem-vestida,

sempre apresentável.

É óbvio
que Phillip sentia a necessidade

de ter por perto
uma pessoa que acreditasse nele.

Então tínhamos
que ter cuidado com a Rachelle.

Queríamos o melhor
para o Phillip,

tentando representá-lo,

e não dava para ter
alguém ali atrapalhando.

Mas, sim, era um problema.

- Saia do caminho!
- Licença, por favor!

Ela sempre esteve
no julgamento do marido,

onde a defesa pelo marido
chamou a atenção das pessoas.

Sra. Spector, quero que ouça
todos os comentários que faço.

Posso garantir

que vou prendê-la
por desacato ao tribunal

por violar a minha ordem.

Estou levando isso a sério.

- Mas Louis pode?
- Senhora...

- Só falam coisas horríveis dele.
- Eu... senhora, você não...

Gostaria de permanecer
no tribunal?

Ela estava sob os holofotes,
com certeza.

Acho que aquilo era
excitante para ela...

Sei lá, parecia que ela gostava.

O DNA dele não estava
em nenhum lugar da arma,

nem as impressões digitais.

Ela queria participar de tudo,
queria julgar todas as decisões.

Treinamos Rachelle para entender
que as decisões que tomávamos

eram boas decisões,

que ele concordava conosco

e que precisávamos agir
como equipe.

Havia uma certa impressão
de que ele era meio refém

da Rachelle.

Ela era muito protetora com ele,

e essa atitude, claramente,
veio à tona mais tarde

no tribunal.

Uma das táticas da defesa
durante todo o julgamento

foi...

tentar difamar

a Lana Clarkson
e a memória dela.

Sr. Terzian, vou pedir
para assistir a algo.

É um vídeo curto.

E, quando terminarmos,
vou fazer algumas perguntas.

- Claro.
- Obrigado.

UMA PRODUÇÃO DE LIVING DOLL

ESCRITO, PRODUZIDO
E DIRIGIDO POR LANA CLARKSON

Eles decidiram solicitar
a inclusão

de um vídeo promocional

que a Lana havia feito,
Lana Unleashed,

para demonstrar
as próprias qualificações.

Olá!

E bem-vindo ao DA,
Dolls Anonymous.

Sou a Barbie,

um ícone
anatomicamente incorreto.

Ela meio que se comparava
à Lucille Ball

enquanto atriz de comédia.

Ela era engraçada, era pateta,

gostava de fazer
comédia pastelão.

E eles resolveram humilhá-la
com isso.

Depois de ter assistido,

depois de observado,

você ainda achou que ela era
"extremamente comercializável",

"como a Bíblia,"

"uma verdadeira máquina
de fazer dinheiro?"

- Sim, achei.
- Sei.

Acredito que eles achavam

que tentar torná-la

menos digna

era uma defesa válida.

Ela nunca atuou
em nenhum filme grande, correto?

Não.

Humilhá-la...

Em qualquer ano
em que a representou,

ela ganhou US$ 1 milhão?

Não que eu me lembre.

Reduzir o valor dela
como ser humano, como pessoa.

Ora, ora, ora...

Sei que não é burra, Polly.

A esposa do Phil Spector estava
sentada atrás dele, na plateia,

e ela fazia questão,

como alguns membros
da equipe da defesa,

de dar risadinhas ou gargalhadas

enquanto o vídeo era exibido
para os jurados.

Fiquei espumando.

Acho que eu nunca senti

tanta raiva

quanto naquele dia,

vendo aquelas pessoas
rindo e zombando

de uma linda mulher
que havia morrido jovem demais.

Eu tinha que tolerar aquilo

e fazer o meu papel de mãe
e estar presente por ela,

tentando manter a compostura
o máximo possível.

Mas o que aquele vídeo fez

foi transformar a Lana Clarkson

numa pessoa de pele e osso
para os jurados.

- Tem um minuto para se sentar?
- Sou dono daqui, nem ligam.

- Sei.
- Então...

- Como você está?
- Bem.

Estou tentando essa coisa
de ir em encontros.

Ela estava conversando
com um homem na mesa,

e eu a vi.

E ela era engraçada,

estava viva,

era uma pessoa.

Não era um pedaço de carne

na mesa da funerária,

não era uma garganta,
uma língua...

A conta!

Naquele momento,

conheci a Lana.

E senti saudades dela.

E fiquei

de luto por ela,

porque pude conhecê-la.

Fiquei com raiva

daquele desgraçado
ter feito aquilo.

Voltamos para sala do júri

e ficamos chorando de soluçar,

porque o vídeo deu vida a ela.

Ciao! Tchau.

A Linda Kenney Baden fez
a argumentação final

para a defesa.

Achávamos que tínhamos
a melhor narrativa,

que havíamos entregado
aos jurados,

que estavam interessados
em buscar a verdade,

dando ênfase nisso.

Achávamos que havíamos fornecido
material para a deliberação.

E aí, o Alan Jackson deu um show

com as argumentações finais,

explicando por que aquele homem
havia matado a Lana Clarkson,

que não havia se matado,
desmontando as provas forenses.

Eu achava
que havia provas suficientes

e que havíamos feito
o nosso trabalho.

Oferecemos argumentos
convincentes,

coerentes e lúcidos

de que o Phil Spector
era culpado

de homicídio doloso simples

e que deveria ser condenado
por isso.

Ela não se matou,

ele a assassinou.

E ficou nas mãos dos jurados.

27-09-2007
DELIBERAÇÃO DO JÚRI

O homicídio de Phil Spector
está agora na mão dos jurados.

Os jurados estão em um impasse

desde terça-feira,

quando não conseguiram chegar
a um veredicto.

A defesa montou
um caso científico,

e realmente tinha

uma boa quantidade de provas,

acredite ou não,
para sugerir que,

se Phil Spector
tivesse disparado a arma,

deveria haver muito sangue nele

em lugares onde o sangue
não fora encontrado.

Quanto mais a deliberação
demorava,

mais preocupado ficamos.

Acho que havia
gente naquele júri

que estava determinada

a chegar a um veredito.

Eu estava esperançoso.

Eu falava para a Donna,
a mãe da Lana,

que havíamos feito
todo o necessário.

Apresentamos as provas ao júri.
Era um caso difícil, longo.

Mas,
conforme os dias foram passando,

fui ficando
mais ansioso e preocupado.

Era uma quarta ou quinta-feira,
e falei:

"Vamos acabar com isso.

Um por um,

todos da mesa,

vamos defender a nossa decisão,
culpado ou inocente,

com base apenas nas provas.

Sem enrolação."

JÚRI

E foi assim.

Simples assim.

O que o júri está pensando,
Phil?

Phil Spector chegou
para outra sessão no tribunal

na tarde de quarta,
em Los Angeles,

enquanto os jurados sinalizavam
para falar com o juiz.

Estamos em sessão, presidida
pelo Honrado Juiz Larry Fidler.

O réu está presente
com a equipe de advogados,

os procuradores-adjuntos,
os jurados e suplentes também.

Neste momento, o júri

é incapaz
de chegar a um veredicto,

então declaro anulado
este julgamento.

Peço que o tribunal
seja esvaziado.

Obrigado, senhoras e senhores.

E temos algumas novidades
para vocês.

Os jurados
do homicídio de Phil Spector

não conseguiram chegar
a um veredicto unânime,

então o juiz declarou

que o julgamento foi anulado.

Dez a dois.

Dez para "culpado"
e dois para "inocente".

O que entendi do júri
é que queriam algo definido.

E não havia nada definido.

Se você não viu o crime,

vai haver dúvida razoável.

Os jurados que resistiram
acreditaram que foi suicídio?

Ou eles...
Qual era o clima na sala?

Eles acreditavam
que poderia ter sido suicídio,

e havia dúvidas o suficiente.

A defesa falou muita coisa,
e deu certo.

Teve algo a ver com o Adriano,
com certeza.

Vai ver ele não ouviu:
"Acho que matei alguém",

vai ver ele ouviu:
"Alguém foi morto."

Ele me disse:
"Acho que matei alguém."

Alguns esperavam ver
mais sangue.

Alguns disseram:

"Deve ter sido culpa dela.
O que estava fazendo ali?"

Mas falei que,

mesmo que ela tenha ido
ter relações

e tenha bebido
meia garrafa de tequila,

não significa
que ela merecia morrer.

Na minha opinião,
ele agiu como um homem culpado.

Ele era culpado, e votei assim.

Posso me olhar no espelho,
acordar, dormir

e saber que fiz a coisa certa.

Queremos espaço, um metro!

Obrigado! Só um metro.

- Como você está se sentindo?
- Queremos um metro.

Abaixei a cabeça

e pensei:

"É essa a sensação, então?

Essa é a sensação

do...

completo fracasso?"

Para trás, por favor.

Aconteceu tão rápido que falei:

"É, acho que vou pegar um avião,

não há mais nada
que eu possa fazer."

E foi isso.

Foi difícil julgar
qual seria o veredito.

E, quando ele não foi condenado,
eu não sabia o que dizer.

Foi horrível.

Só não foi pior
que a morte dela.

Após cinco meses,

mais de 70 testemunhas
e centenas de provas,

o julgamento de Phil Spector
termina em um impasse.

Cinco meses e meio ouvindo

aquelas coisas, todos os dias,
sobre a sua filha,

a sua irmã...

É algo horrível.

Hollywood era assim mesmo?
Havia acontecido de novo?

Aguardávamos um desfecho.

Esperávamos ter

um pouco de paz.

Mas isso nos foi negado.

Este é o vídeo
que acabou de chegar

do castelo de Alhambra logo
após a anulação do julgamento.

É Rachelle e Phil
fazendo dancinhas.

Eu estava em casa
vendo o jornal.

Vi uma imagem de helicóptero
da casa do Spector,

e ele e a esposa dele

estavam dançando, pulando,
agindo como...

Era impossível
ser mais inapropriado.

JÚRI DE CASO SPECTOR
EM UM IMPASSE

JULGAMENTO ANULADO
JÚRI DIVIDIDO EM 10-2

O pessoal fala
que é jogar sal na ferida.

Nunca tive tanta vontade
de jogar um tijolo na televisão.

Eu me lembro de uma coisa.

Alguém enfiou um microfone
na minha cara e perguntou:

"O que fará agora, Sr. Jackson?
Vai pedir outro julgamento?"

E eu não me lembro
de ter dito outra coisa,

a não ser olhar

bem para o repórter e falar:

"Levarei o caso a julgamento

várias vezes,

até que a justiça seja feita."

Graças a Deus tínhamos
o Alan Jackson.

Graças a Deus,

ele decidiu morder esse osso

e não soltar mais.

Não importa sua fama, riqueza,
suposto status de celebridade,

você será julgado

e será responsável
por suas ações.

O Alan Jackson, o promotor,
chegou para mim e falou:

"Vamos tentar de novo."

E solicitou outro julgamento
imediatamente.

Já tínhamos
um mapa do primeiro julgamento.

Sabíamos quais eram as provas,
o que as testemunhas iam dizer,

o que os especialistas
iam dizer.

Sabíamos qual era
o testemunho deles.

E não fizemos nada diferente.

A diferença estava
na equipe da defesa.

Mesmo a arma
entrando acidentalmente,

entraria com alguma força.

No segundo julgamento,
ele só teve um advogado.

Não era o mesmo grupo de antes.

Mas nada.
Nenhuma lesão ou escoriação.

Phil Spector se orgulhava

de ser o cara
com os advogados famosos,

os melhores especialistas.

Mas acho que,
no segundo julgamento,

ele já não tinha
aquela equipe dos sonhos.

Era uma nova equipe de defesa.

Sei que o Phillip
ficou muito descontente

com a representação que teve.

Fiquei mal
por não poder representá-lo,

mas eu estava tão doente
que não havia como.

Não dava.

O Phil estava gastando
rios de dinheiro.

Quase um oceano de dinheiro.

O segundo julgamento foi...

Parecia que estava
em segundo plano.

Não havia mais
aquele ar de celebridade.

Todo o interesse da mídia
tinha se esgotado.

Não havia
tantas pessoas tentando entrar.

No primeiro julgamento,

o pessoal fazia fila na porta
com uma senha para entrar.

Não foi um grande circo.

Foi um pouco mais calmo.

Como eu disse, era só o advogado

e a secretária dele,
ou assistente,

e um homem
que operava os equipamentos.

Se Phillip Spector tivesse
atirado em Lana...

O advogado de defesa
que assumiu o caso

era muito mais moderado

em relação ao tipo de defesa
que ia fazer.

Não havia
toda aquela extravagância

da primeira equipe de defesa.

Ele reduziu tudo,

e, por isso,
o julgamento não foi tão longo.

No segundo julgamento,

eu já tinha aprendido
a ser durona

e aceitar
o que estavam querendo fazer.

Não me deixei parecer

uma chorona ou um monstro.

Tentei manter a minha dignidade.

Não sabia o que pensar,

mas eu estava ansiosa de novo.

Nesse momento,
você vê o motorista passar...

Eu estava angustiado,
para dizer o mínimo,

por ter que passar

pelo sofrimento
de um segundo julgamento.

Apresentamos a tese
da melhor forma possível

e encerramos o caso
com o máximo de impacto.

Eu não queria deixar
nada ao acaso.

Eu estava presente no veredito,

e foi um daqueles momentos
na vida

que você nem respira.

Quando finalmente me ligaram,

foi diferente das outras vezes.

Não foi
só "venha para o tribunal",

foi "Alan, volte ao tribunal.
Saiu o veredito".

Permaneçam sentados,
Departamento 106 está em sessão,

o Honrado Juiz Larry Fidler
presidindo.

No caso Spector,
está presente com o advogado...

Nós, o júri,
no processo referido,

consideramos o réu,

Phillip Spector,

culpado do crime
de homicídio doloso simples

de Lana Clarkson.

E consideramos verdadeira
a alegação

de que,
ao cometer o crime referido,

o referido réu, Phillip Spector,

usou pessoalmente
uma arma de fogo, revólver,

de acordo com Seção
12022.5 (a) (1) do Código Penal.

Sim, aquilo foi justiça.

Eu lembro

que me senti em êxtase
porque ele, finalmente,

ia pagar pelo crime

e ia para cadeia,

onde não poderia machucar
mais ninguém.

Foi um alívio.

O Alan Jackson é
um promotor incrível

e mandou muito bem

liderando
aqueles julgamentos absurdos.

Foi a primeira celebridade
condenada em anos.

Eu estava no telefone
com a minha mãe.

Desliguei a TV

e falei para ela ir me contando
o que falavam.

Nós duas ficamos

completamente arrasadas
depois daquilo.

PHIL SPECTOR
CONDENADO POR HOMICÍDIO

Eu não sabia como me sentir,

o que pensar.

Senti uma emoção muito grande.

Só sabia que havia saído
o veredito de culpado,

que isso era bom,

e que agora poderíamos seguir
com a vida.

Não acho que o Phil
realmente acreditava

que seria condenado um dia.

O Phil não conseguia
conceber que...

Ele tinha feito
e conquistado tanta coisa,

era o gênio do rock,

membro do Hall da Fama...

"Mas eu? Vou para a cadeia?"

Acho que o Phil
não conseguia conceber isso.

Obrigado. Estamos aqui
para a sentença.

Recebi o seguinte:

o réu foi condenado
à pena de prisão perpétua,

exigida por lei, de 19 anos...

A pena foi
de 19 anos a perpétua.

Ele foi levado
para a Penitenciária Corcoran,

no norte da Califórnia.

E foi isso.

Qualquer um deveria ficar
apavorado ao ir para a cadeia.

E um homem da...

Ele tinha mais de 60 anos,

com complicações de saúde mental

que precisavam
de cuidados contínuos.

É para ele ter ficado apavorado.

Mais apavorado ainda, eu acho.

E ele ficou mesmo.

Divulgaram fotos da prisão.

Era algo chocante,
o Spector sem a peruca,

com aparência
de alguém muito velho.

Uma figura encolhida, enrugada,

careca,
com alguns fiapos de cabelo,

com uma cara horrível, patética,
parecendo um detento,

que é o que ele era.

Deve ter sido doloroso demais
para ele

ficar na cadeia sem a peruca.

Eu sentia muita pena dele,

pelo que ele deve ter passado,

se eu o conheço bem.

Proibida de ver
o marido na prisão

até um processo de classificação
ser aprovado,

Rachelle diz que Phil
escreveu uma carta

descrevendo em detalhes

as condições
em que ele estava preso.

"Querida Rachelle,

é um inferno aqui.

Nos primeiros quatro dias,
'eu estava suicida'

e dormi pelado no chão."

Falo com ele no telefone
por um vidro à prova de balas.

Ele está com menos de 59 kg

em uma cela
de seis metros quadrados.

23 horas e meia por dia.

A Rachelle era a pessoa
que mais o visitava,

e ela não...

Acho que ela não gostava
que eu o visitasse.

Essa é a minha interpretação,
mas posso estar errada.

Seria bom eu estar errada,

porque espero

que ela não sentisse
algo ruim por mim.

Sinto que estou em uma missão

para provar
a inocência do meu marido,

restaurar o nome,
honra e lenda dele.

É muito maior e desafiador

do que jamais imaginei.

Showbiz Tonight traz a mulher

que esteve ao lado dele
insistindo que ele é inocente.

Muito obrigado
por falar conosco, Rachelle.

Eu que agradeço.

Ficou claro que Rachelle,

que se esforçou muito
para enfatizar o amor

e a lealdade contínua
ao Phil Spector,

ao mesmo tempo,

estava buscando
uma vida própria.

E isso incluía

comprar um jatinho
e passar um tempo

na costa do Adriático,

e fazer o que qualquer jovem
de riqueza considerável faria.

E ela esbanjava isso mesmo

com o dinheiro de Phil Spector.

Meu carro favorito de dirigir

é o que eu projetei,
o meu carro smart.

O carro smart todo modificado,

um novo lar
para a mãe em Beaver Falls.

Eles se divorciaram.

Eu que fiz tudo,

já que eu representava
o meu pai.

E eles se divorciaram
com ele na cadeia.

Não acho que foi algo

que ela previa ou queria.

Tenho...

É que...

Talvez o meu ponto de vista
não seja o melhor,

porque vi o lado sombrio dela.

Houve momentos em que meu pai
não queria visitas.

Ele ficava deprimido
e não queria lidar com nada.

É muito difícil receber visita
na prisão.

A pessoa é revistada,

fica em um salão lotado,
faz calor, é desconfortável.

Dá muito trabalho.

Até onde sei,

o Spector só queria receber

a visita da filha
e dos advogados.

Nada de amigos famosos,

de músicos
que trabalharam com ele,

de pessoas que se sentaram
em uma mesa com ele

contando piadas e histórias.

Nunca o visitei na prisão,
embora eu quisesse.

Liguei falando

que queria visitar o Phil,
agora que ele estava preso.

Há todo um protocolo
a se seguir.

É preciso escrever uma carta,

e a pessoa que comanda a prisão

confirma se o detento
quer a visita.

E a resposta que deram

foi que o Phil não queria
receber visitas.

Pensei: "Que destino horrível...

para uma lenda."

O que mais eu poderia dizer?

Tentei mandar cartas,
mas não aceitavam,

e elas voltavam.

Fiquei triste. Era muito triste.

Confesso que ele foi
muito forte,

muito mais forte
do que imaginávamos,

e resiliente.

Acho que ele estava tentando
me proteger.

Eu soube
que ele estava com Covid

em meados de dezembro, eu acho.

Talvez um pouco antes.

Um detento me ligou,

ele era o cuidador não oficial
do meu pai.

Ele me ligou uma noite

do mesmo número
que meu pai usava, um orelhão,

e falou:

"Levaram o seu pai

em uma maca.

Ele está com dificuldade
para respirar."

E eu enlouqueci,
fiquei arrasada.

Dez dias depois,
ele me liga e fala:

"Consegui, sobrevivi ao Covid."

A voz dele estava horrível,

mas ele ficou falando

que ia ficar bem,
que havia sobrevivido.

Fiquei feliz
por ter notícias dele

e por poder dizer
o quanto eu o amava.

Mas alguma coisa me dizia
que não era o fim ainda.

E então,

perto do Natal,

no dia do aniversário dele,
ele me ligou,

falando:

"Estou muito doente.
Não consigo respirar."

Ele não parava de tossir
no telefone.

Aí, ele brincou, tipo:

"É, achei que eu ia morrer
no meu aniversário."

E ele até tentou dar risada.

Também tentei,
mas ele estava péssimo.

Ele morreu no dia 16.

E eu estava com ele, então...

Pelo menos, isso.

Sempre me perguntam...

se a justiça foi feita

no veredito

do caso do Spector.

Ele foi julgado

e teve a pena que merecia,

mas será que a justiça
foi feita mesmo,

já que a Lana continua morta?

De certa forma,

a humanidade não foi restaurada
nessa história.

Ela sempre será
a atriz fracassada de filmes B

assassinada pelo Phil Spector.

E a vida dela foi

desrespeitada, menosprezada,

levemente esquecida.

Eu queria saber

quem era aquela mulher

e queria prestar
a minha homenagem a ela.

Então fui ao túmulo da Lana,

que fica
no Cemitério Hollywood Forever,

onde antigos astros de Hollywood
estão enterrados.

Ela viveu e morreu em Hollywood,

sempre querendo estar lá.

É muito tocante

ela estar descansando

junto a outros astros.

E...

Ela está lá como a estrela
que sempre quis ser.

Sunny!

Oi, minha querida.

Oi, querido, tudo bem?

- Tudo.
- Que bom te ver.

- É bom te ver.
- Você está linda, como sempre.

Sempre nos reuníamos
no aniversário da Lana,

e quase sempre nos reuníamos
no aniversário da morte dela.

Que saudade, filha!

- É, muita saudade.
- É mesmo.

- E a gente te ama.
- A gente te ama muito.

Uma parte de nós

sempre se lembra

daquela pessoa maravilhosa.

Ela tentava alegrar as pessoas

de qualquer jeito.

Ela tinha
uma capacidade incrível

de fazer isso.

Sentimos muita saudade.

Perdão.

Esta cidade...

mexe com as pessoas.

Há toda a fama, o glamour,

mas Hollywood também tem
um lado sombrio.

E o Phil faz parte dele.

O Phil criava estrelas.

Ninguém se atreve a negar isso.

Todos queriam fazer parte
desse mundo.

Duvido que qualquer pessoa
do círculo do Phil

conseguiria tê-lo levado
para uma direção diferente

ou feito ele desistir
de algumas coisas.

Sei que eu não conseguiria.

E se eu conhecia o Phil,
isso o provocaria ainda mais.

Então acho
que ninguém o teria dissuadido.

Quando permitem

que alguém fique

balançando uma arma quando quer,

há o risco

de algo acontecer,
e essa arma disparar.

Não é inevitável,

mas é previsível
que essa possibilidade aconteça.

E alguém devia ter impedido.

Mas ela estava sozinha
na casa dele,

com o motorista do lado de fora,

então é claro que ela pensou:
"Estou segura, há o motorista.

E esse cara é baixinho,

sou uma moça grande e forte."

Ela não tinha um motivo
para prever

que algo perverso aconteceria.

Vou levar para a vida inteira
que não consegui salvá-la.

Se eu soubesse que ele...

Juro por Deus,

que nunca fiquei sabendo
que ele fazia essas coisas.

Tentei pensar

em uma solução,
qualquer coisa para...

Eu não me culpo,

mas eu podia tê-la salvado,
e não salvei.

Durante a vida inteira,
ninguém dizia "não" para ele.

Aqui está o Sr. Phil Spector!

Acho que isso,
junto ao trauma de infância,

ao sucesso que chegou

quando ele era jovem demais
para processar...

Ele ficou preso
nessa noção de genialidade.

O Goldwater também teve
problemas com isso.

Eu acho

que a tragédia da Lana
foi a tempestade perfeita.

Ela caiu

nesse caminho,

nessa cultura tóxica

da qual o Phil era um símbolo.

Se não fosse
o timing das coisas,

a Lana estaria aqui.

O timing é...

essencial para tudo.

Para alguns, é o destino.

Mas o timing é essencial!

Há um fator de sorte em tudo!

Em quem você é,

onde você está,

o que você é.

Mas eu chamo isso de timing.

Ele vai ser lembrado

por "You’ve Lost
That Loving Feeling"

e "Be My Baby"

ou vai ser lembrado

como o assassino
da Lana Clarkson?

Ele era brilhante,

ele era...

Ele não era o que se tornou.

É muito estranho.

Ele trouxe uma música divina

para o nosso mundo.

Temos que nos divertir com ela,

nos apaixonarmos com ela.

E espero

que isso se transforme

em algo mais leve, mais mágico.

Só posso dizer

que conhecê-lo era amá-lo.

A música dele era linda.

Mas o Phil, como pessoa,

parecia que tinha
muitos problemas.

Era uma pessoa perturbada.

E é muito triste

esses problemas terem atingido
a nossa Lana.

Devemos fingir
que a música dele não existe?

Dá para ouvir a música
sem pensar

no assassinato?

Não tenho um veredito para isso.

Você se preocupou

com o fato de ser lembrado

como um tipo de excêntrico...

Aquele eremita...

- Maníaco.
- Isso, maníaco...

É por isso que digo:

deixe...

a história decidir.