All language subtitles for A.Murder.at.the.End.of.the.World.S01E05 (1)

Em episódios anteriores…

A Polícia não vem devido à tempestade.

Não sabemos quem foi.

Nem sabemos porquê.

Nem se já acabou.

É um sinalizador.

Acho que o Bill descobriu algo
na primeira noite.

Um segredo.

Last Chance. O barco do Rohan.

Alguém veio cá para nos matar um a um?

A Lu Mei tem o motivo principal,

a Artificial Insanity do Bill
dizia mal das cidades inteligentes.

O David deixa-me inquieta.

A menina é inteligente.

Vou dizer-lhe algo que não pode repetir
se escaparmos desta.

Talvez este anel fosse da primeira dele.

"E.Bell."

Podia levar-nos a ele.

Podemos mudar de assunto?

Que caralho estavam a fazer?

- Encravou.
- Isso é morfina?

Quanto oxigénio?

Dois minutos.

- Podes pô-la a dormir?
- Não há tempo.

Santinho.

Espirro quando passo do escuro para a luz.

É genético. O meu pai também tem.

UM HOMICÍDIO NO FIM DO MUNDO

O que fizeste?

Espirrei.

Estás constipado?

Não, chama-se Ataque Oftálmico-Solar
Compulsivo Autossómico Dominante.

Espirro por causa da luz.

Meu Deus.

O que me estás a fazer?

A cheirar-te.

Porque me estás a cheirar?

Não sei. Se um dia te perder,
posso ter de te encontrar.

Sim? Como um cão?

Sim, como um cão.

A que cheiro?

Não sei. Aproxima-te.

Cheiras a pinho e gasolina.

Tu cheiras a erva.

Sabonete de motel.

Coca-Cola.

Fumo.

Meu Deus.

Vês?

Temos de ir.

Qualquer dia, não haverá para onde ir.

HAMBÚRGUERES

Porque estás estranha?

Tenho de ir.

Ela está acordada.

Obrigada, doutor.

Vai andando.

Devia estar deitada.

Deito-me quando se sentar e começar
a responder às minhas perguntas.

Teve um traumatismo grave.

- Onde está a Sian?
- No quarto dela a descansar.

Quero vê-la.

Está a combater uma infeção.
Precisa de dormir.

Quem é? Não é uma babysitter, caralho.

Já lhe disse que sou médica.

Anda a correr atrás
do filho de cinco anos de alguém?

Ele não é uma criança
de cinco anos qualquer, pois não?

O Zoomer está doente?

Este equipamento médico é por isso?

Não. É para emergências.

Há aqui morfina suficiente
para 50 cavalos.

O meu pai é médico-legista.

Essa merda é para dor a sério.
Alguém está doente ou…

Se o seu pai é médico,
sabe que não posso falar nisso por sigilo.

A morfina que matou o Bill
veio deste cofre?

O código está consigo.

Eva, quanto mais segredos guardar,
mais sangue tem nas mãos.

A morfina veio desse cofre.

E alguém ligou o recetor do pacemaker.

E ligou-o à corrente.

Quem veio a este quarto
desde o início do retiro?

Não faço ideia.

Darby, por favor.

Com o inchaço do cérebro não se brinca.

O Andy e a Lee estão no destino
deste elevador, não estão?

- Pare. Pode magoar-se.
- Magoar-me?

Duas pessoas morreram.

Uma terceira tem um buraco na garganta.

O traumatismo craniano não me preocupa,

mas sim sobreviver a esta noite.

- Também devia estar.
- Darby!

Qual é o andar?

Podemos ir a todos.

Entre.

Sente-se.

Coma qualquer coisa.

Vou dizer coisas que não são
para crianças de cinco anos ouvirem.

- Desculpe, Andy. Não pude…
- Eva, não faz mal.

Podes ver como está a Sian?

Vamos deixar-vos. Anda, pequeno.

Os pais de hoje são diretores
de atividades no cruzeiro dos filhos.

O que produzirá isso? Uma geração
de turistas gordos e preguiçosos?

- Quero ficar.
- Eu sei.

Mas vamos ler O Rei Arthur
e já acabaste de comer.

- Não são horas de dormir. Não! Para!
- Ela…

Ela quer ler-lhe o Rei Artur.

Eu quero que ele seja o Rei Artur.

Ouvi falar da sua caça aos gambozinos.

Não parece muito inteligente.

Sei que o Zoomer é filho do Bill

e que o Bill proclamou a paternidade,
por isso matou-o.

Ou pediu ao Todd que o fizesse.
E que o Rohan era só uma testemunha.

- Sente-se.
- Não.

Quer que eu responda
à sua acusação de homicídio ou não?

Sou estéril.

Sei desde os 19 anos,
quando tive problemas com as propinas

e achei que um banco de esperma
resolveria os meus problemas.

Nunca disse a ninguém. Nem à minha mulher.

Eu podia tentar justificá-lo,
mas na verdade é só vaidade.

A questão é que

sei desde o primeiro dia
que o Zoomer não é meu filho biológico.

- Está a mentir.
- É fácil de provar.

Mas foi a sua morfina no Bill.

Tem um consultório médico completo.

A sua babysitter é médica, caralho.

Está doente.

Não sei, ou a recuperar de algo grave.

Compreende que qualquer doença
que eu possa ou não ter

daria uma reviravolta total
à economia mundial?

Isso não é resposta.

A morfina foi roubada.

A Eva reparou na manhã seguinte.

- Mas as imagens mostrariam…
- Só o Bill e o David.

Além da família, claro.

O Todd e a Eva?

É verdade. Podiam estar
a trabalhar para outra pessoa.

Um governo estrangeiro, talvez.

É muito provável que o assassino
seja alguém próximo de mim,

mas não sou eu, Darby.

Onde estava quando o Bill morreu?

A ala médica?

QUARTO 6 - ALA MÉDICA

Mal o Marius soube do Bill,
veio buscar-me a mim e à Eva.

Estava a fazer um tratamento.

Faço-o à noite.
Não quero assustar o meu filho.

Ele é meu filho em todos os sentidos.

Quando ele cai, apanho-o.
Quando tem medo, abraço-o.

Aquele miúdo é meu filho
em todos os sentidos importantes.

Eu só sentia gratidão em relação ao Bill.

Ele forneceu o hardware e eu o software

e todos sabemos
que o que importa é o software.

O Andy e a Lee convidaram todos para aqui.

Quem acha que teve um motivo
para matar o Bill?

Isso é o que não consegue ver.

Creio que vejo tudo.

Amava o Bill e acha
que tudo isto tem que ver com ele.

Não tem.

Alguém me quer destruir
e o Bill foi apanhado no meio.

Isto é sabotagem.

Estão a armar-me uma cilada.

Está com medo.

O mundo não mudou muito
desde a era feudal.

Sou um rei, Darby,

e querem a minha cabeça
para poderem tomar o meu reino.

Não posso confiar em ninguém.

Até o cabrão do meu terapeuta
me vendeu por um punhado de ações.

Mas a Darby é diferente.

É uma pajem nova numa corte moribunda.

É muito esperta.

Esteve à minha frente mais de uma vez.

Fazíamos jeito um ao outro.

Acha que devemos trabalhar juntos?

Quem aqui abrirá a porta

se bater e começar a fazer perguntas?

Ninguém.

Mas se eu bater…

Esta é a digitalização LiDAR das 12h06,
quando o Bill morreu.

É uma digitalização a laser.

Reproduz um modelo em 3D
do hotel para a segurança.

É como uma experiência
de segurança imersiva?

É um computador imersivo, na verdade.

Faço tudo aqui.

Vejo os mercados, a terapia,
planeio ideias novas nas paredes.

Aquilo é uma pessoa a cagar?

O algoritmo censura
a nudez automaticamente.

É a sua concessão à privacidade?

Não digitalizamos o interior dos quartos,
só os espaços públicos e a enfermaria.

Como lhe disse,
sou eu a receber tratamento da Eva.

Terapia de prolongamento de vida.

A digitalização alcança até 10 m
além das paredes exteriores.

Merda.

Desculpe.

Eu devia tê-la protegido disto.

Então…

Têm as localizações de toda a gente
nas áreas comuns e exteriores?

Temos, tirando alguns minutos às 11h59,
quando o sistema faz uma cópia automática.

A hora exata
que o assassino escolheu para atacar.

É alguém da segurança?

- Posso ver às 23h30?
- Claro.

- Ray.
- Sim, Andy?

Mostra a digitalização LiDAR às 23h30.

A Lee, a Lu Mei, o Martin e o Marius
estão a jogar póquer na sala de jantar

das 22h30 até à digitalização
da uma da manhã.

Mas não podemos ilibá-los completamente
por causa do tempo que falta,

certo?

Ray, podes mostrar imagens
dos convidados e todos os funcionários?

Ray, podes eliminar os funcionários
cujas imagens da câmara da porta

mostram que entraram
nos quartos e não saíram?

Desculpe, Darby.
Essa informação não é pública.

Ray, elimine o pessoal cujas câmaras
mostrem que entraram no quarto

e não saíram entre as 23h30 e as 0h30.

Com certeza, Andy.

Tem o álibi de mais alguém?

O Tomas na cozinha das 23h15
até aparecer à porta do Bill.

Não temos provas concretas
de mais ninguém.

Quem fez isto também hackeou
o pacemaker do Rohan.

O fato da Sian.

E apagou-se das imagens
da câmara da porta do Bill.

Quer dizer, o Todd
não tem competência para isso.

E a Ziba não é uma hacker secreta.

Não.

O David?

Acho que o David estava no corredor.

Ray, examinas a digitalização das 0h06
à procura de David Alvarez?

Espere. Não, que estranho.

Estar de pé no corredor não é crime.

Não, mas o David estava no corredor quando
a Eva me deixou sair do quarto do Bill

e eram 0h15.

O que esteve o David a fazer
no corredor durante os dez minutos

em que a Sian tentava reanimar o Bill?

Não sei porque não me ligaste antes.
Estamos no meio de um bukkake épico.

O que é isto?

- Nós temos de te fazer umas perguntas.
- "Nós"?

Isso é uma piada?

Não.

Não sei porque te entregas
à insignificante da Darby

quando devíamos ligar à K2
ou à BlackRock e tentar salvar a pele.

Não sei se a tua pele está em risco.

Eu é que estou comprometido ao máximo
e só tu e a Lee sabem isso.

Darby.

Na noite em que o Bill foi morto,

encontrei o empregado Tomas no corredor,

a Eva levou-me de volta ao meu quarto

e o David apareceu no corredor
quando isso estava a acontecer.

O que estava a fazer?

Eu estava… a ir para o quarto
de outro hóspede.

- Quem?
- Não tenho de responder a isso.

É melhor responderes, David.

Do Oliver.

Depois da meia-noite?

Estou na hora de Nova Iorque.

Estás a tentar roubar-me o talento?

Roubar-te o talento?
Estamos na mesma equipa, caralho.

Fazem-se outras coisas à meia-noite
sem ser espionagem empresarial.

Não digo nem mais uma palavra sem o Mark.

- Quem é o Mark?
- O advogado dele.

Sim, o David e eu fodemos.

Estão de boca aberta porque não acham
que tipos como eu fodem?

Oliver, pode dizer-nos
o que aconteceu naquela noite?

A primeira vez que fizemos sexo
foi no quarto do David.

Deve ter sido por volta das 23h30.

Recebeu uma chamada. Parecia distraído.
Disse-me que eu tinha de sair e eu saí.

Meia hora depois, bateu-me à porta.
Disse que queria outra vez.

Como estava? A disposição?

Agitado. Mas com tesão.

Perguntou-lhe o que ele estava a pensar?
Porque estava tão agitado?

Não.

Mas falou muito sobre a Lu Mei.

Acha que ela é uma espia chinesa
ou algo assim.

Eu chamei-lhe racista.

Espere, então estava sozinho
à meia-noite quando o Bill foi morto?

Eu pensava que o Bill
era um moralista hipócrita.

É fácil ser ludita

para um tipo branco carismático
e sem incapacidades,

mas não o matei.

Os seus ténis.

As solas estão bastante gastas.

Não está paralisado, pois não?

Consegue andar se for preciso?

Não muito longe nem por muito tempo.

Eu tinha planeado partilhar isso consigo.

Imaginei que a dada altura
me contaria porque me convidou

e beberíamos um copo.

Desculpe, Lu Mei.
Tem sido um período muito difícil.

Sobrevivi à Revolução Cultural.
Vou sobreviver a isto.

O Andy também.

Depois dos banhos, joguei póquer
com a sua mulher e o cineasta.

A Lee joga muito bem.
Ganhou muito do meu dinheiro.

Jogámos das 23 horas à uma da manhã
e fui logo para a cama.

Alguém saiu da mesa nesse período?

Da mesa sim, mas não da sala.

Exceto talvez a Lee, uma vez.

Bebi bastante.

Tem competências de hacker, Lu Mei?

Não sou o cérebro da minha organização.
Sou o músculo.

Mas constrói cidades inteligentes
dirigidas por computadores.

Deve saber um pouco sobre eles.

Está bem.

Depois do Rohan, fiquei alarmada.

Hackeei a firewall.

Queria contactar a minha equipa
de segurança em Siglufjörður

e pedir-lhes que organizassem
a minha evacuação.

Para me tirarem daqui.

Mas não os consegui contactar.

Obrigado pela sua franqueza.

Vim cá porque quero ajudar.

Vou ajudá-lo, Andy,
mesmo quando sairmos daqui.

A minha equipa desenvolveu um programa

para manter seguros os residentes
das nossas cidades inteligentes.

Procura padrões
nos registos de saúde mental e criminal

e nos dados de telemóveis

para criar perfis
que antecipem comportamento criminoso.

É óbvio que algo assim teria sido útil cá,

não acha?

Devemos falar com a Lee a seguir.

Porquê?

A Lu Mei disse que ela saiu
do jogo de póquer. Pode ter visto algo.

Não, ter-me-ia dito.

Temos é de localizar a chamada
recebida no quarto do David.

Ray, podes analisar a lista de chamadas

recebidas no quarto de David Alvarez
a 3 de fevereiro?

Houve duas chamadas recebidas.

A receção ligou às 9h15.
A chamada não foi atendida.

Às 11h07, David recebeu uma chamada.

De quem?

A chamada veio do quarto
de William Farrah.

O Bill ligou ao David.

Quanto tempo durou?

Vinte e sete segundos.

O Bill nem conhecia David.

Vocês guardam transcrições das chamadas?

Não, a menos que algo perigoso
desencadeie a gravação.

- Andy.
- Agora não.

Andy, devia atender esta.
É o Wall Street Journal.

Sabem que o Rohan está morto
e que estamos presos aqui.

- Como?
- Estão no repetidor de satélite.

Como sabem?

- Quem lhes disse?
- Não sei.

Quem achas que lhes disse?

O que se passa com as pessoas, caralho?

Não posso confiar numa única pessoa!

Estou.

Olá, Susan. Fala o Andy.

É verdade.

Descobriu alguma coisa?

Não.

Sim. Não sei.

É como se eu tivesse
a periferia do puzzle,

mas nada no meio, sabe?

- Posso fazer uma pergunta?
- Claro.

A Lu Mei disse que desapareceu
do jogo de póquer. Aonde foi?

Fui ver o Zoomer.

Sabe a que horas foi exatamente?

Não sei.

Devia ser pouco depois das 23 horas.

Não notou nada de estranho em lado nenhum?

Não. Entrei no elevador na enfermaria.

Não estava ninguém no corredor.

Onde está o Andy?

Ao telefone.

Oiça. Lee, tenho de lhe pedir desculpa.

Porquê?

Juntei umas coisas que pensei
pudessem ser um motivo

e disse ao Andy sem rodeios.

Eu devia ter falado consigo primeiro.

O que lhe disse?

O Bill costumava fazer aquilo
de espirrar várias vezes seguidas,

muito depressa.

Ele dizia que era
por causa da mudança da luz.

Chamava-lhe a síndrome de ACHOO.
Sempre achei que era mentira.

Mas o Zoomer fá-lo.

E é hereditário.

Sei que o Bill
é o pai biológico do Zoomer.

O quê?

Darby, disse isso ao meu marido?

Sim. Mas, Lee, ele já sabia.

Já sabia? Como assim?

Acho que deve ser ele a dizer-lhe.

Dizer-me o quê?

Darby, dizer-me o quê?

Ele é estéril.

Lee?

Está tudo bem. Só preciso de um minuto.

Marie?

Desculpe. Eu…

Desculpe, eu estava a…

Acho que a Eva tinha razão.
Tenho de descansar.

Não estou zangada consigo.

Nunca é bom guardar segredos.

E eu guardei muitos.

Acho que devíamos falar.

Saiu de mansinho
para interrogar a minha mulher?

Não.

- Bem, sim. Fiz-lhe uma pergunta…
- Ela afligiu-te?

Não. Estou bem.

Tenho de ir descansar.
A minha cabeça vai rebentar.

- A Eva vai cuidar de si.
- Não, vou voltar para o quarto.

Quero trocar de roupa…

Não. É melhor ficar aqui.

O Todd traz-lhe as suas coisas.

Ray, podes chamar o Todd?

Claro, Andy.

Andy, talvez ela queira
um momento sozinha.

Um pouco de espaço.

Ela está de luto.

Eu nunca pararia
se não fosse a minha mulher.

Faça uma pausa,

depois continuamos a trabalhar.

Juntos.

Todd, certifica-te de que ela
chega ao quarto em segurança.

Está frio.

Temos um gerador avariado. Tenho de poupar
energia, não há aquecimento.

Queria dar-lhe os meus sentimentos
pelo seu amigo.

O meu irmão morreu
quando eu andava no liceu.

Um grupo de crianças bateu-lhe com um taco

e empurrou-o para um rio
por fazer coroas de flores.

Afogou-se em 60 cm de água.

Os meus sentimentos.

Disseram que foi um acidente.

Mas encontrei os miúdos todos
que estavam lá e dei-lhes uma tareia.

Oiça,

não sei o que se passa aqui
nem quem é responsável.

Mas percebo a vingança.

E admiro a lealdade.

A minha é para com esta família.

Foda-se.

Darby, os seus batimentos cardíacos
estão elevados.

Dada a natureza da sua lesão,
é importante que descanse.

Eu sei, Ray. Já percebi.

- Darby.
- Sim, Ray. Já sei.

Sei que o coração está acelerado.

Não sei que te diga.
Isto por cá está fodido.

Claro que o meu coração está acelerado.

Sem repouso na cama, a sua lesão…

- Ray, cala-te!
- … causará tonturas, dormência…

- Sim?
- David?

Cristo, foda-se. O quê?

Sei que não quer falar,
mas posso perguntar uma coisa?

Tem a voz estranha. Está mocada?

David…

… porque lhe ligou o Bill
na noite em que morreu?

David, por favor.

David Alvarez configurou o quarto
para não ser incomodado.

Ray, podes acender a lareira, por favor?

Lamento, Darby.

O gás e a eletricidade estão limitados.

Porque o Bill ligou ao David?
Para que serve o Zodiac?

O que está a Lee a esconder?

O edema cerebral é grave.

Os fluidos cerebrais
passam a barreira hematoencefálica.

Meu Deus. Ray!

Estás bem, Darby.

Estás bem.

Só tens de respirar.

Tens de pensar.

Todas as peças estão lá.

Só tens de as juntar.

Sim?

Mna. Hart, quer comer alguma coisa?

Não, obrigada.

Aliás, tem alguma comida embalada?

Batatas fritas ou algo assim?

Certo. Tenho lascas de peixe seco,
rebuçados de alcaçuz Opal…

Sim, alcaçuz. Pode ser.

Também tenho bolinhos
de arroz Muna sem glúten.

Muito bem. Obrigada, meu.

Pode deixar isso à porta?

Este labirinto não tem fim.

Se chegar ao centro,
não terá o Bill de volta.

Não quero tirar outra vida.
Não me obrigue.

Quando te apaixonaste por mim?

Não vou jogar esse jogo.

Vá lá. Queres que eu comece? Vou começar.

Para mim é uma resposta em três partes.

- Três partes?
- Sim.

- A sério?
- Sim.

A primeira parte foi quando disseste
que os mortos falam contigo.

Sim?

- Porque eu sabia o que querias dizer.
- Sabias?

A maioria das pessoas vê o local
de um crime e fica enojada, intrigada…

Não sei, talvez até excitada,
mas tu vês um corpo

e vês a vida toda por trás dele.

Nem me estás a ouvir.

- Estou sim.
- Não estás. O que disse eu?

"Vês a vida toda por trás."

O que é a segunda parte?

A segunda parte.

A segunda parte foi quando
nos conhecemos no restaurante.

Entraste e tive a sensação
de que te conheceria para sempre.

Até ao dia em que morresse. Eu…

É intenso?

E a terceira parte?

Ainda não aconteceu.

- Não?
- Não.

- Mesmo?
- Não.

Não. Ainda não aconteceu.

Mas sinto que está para acontecer.

Está algures no limiar.

Sim. Deixa-me ouvir a tua. É a tua vez.

Não me ponhas nessa situação.

A tua foi tão boa. A minha vai ser idiota.

Vá lá. Quero ouvir
quando te apaixonaste por mim.

Porque achas que me apaixonei por ti?

Meu Deus.

- Meu Deus. Incrível.
- O quê?

Eu estava a tentar
encontrar a E. Bell, certo?

Sim.

Este Fred publicou
que acha que o anel é da década de 1920.

O que quer isso dizer?

Que é antigo. Tem cem anos ou algo assim.

Ele diz que E. Bell não deve ser
a desconhecida que procuras,

mas a proprietária original.

Está bem.

É muito importante.

Sim.

- É ótimo.
- Foda-se.

Boa, Fred!

Já paraste de trabalhar num caso?

Vou pôr no Reddit.

Sim, põe no Reddit.

O que estás a fazer?

Às vezes apetece-me atirar isto ao mar.

Acho que muita gente pensa isso.

Não é uma solução a longo prazo.

- Precisamos deles.
- Mesmo?

Eu não acho.

Se os tivessem apresentado como
pequenos computadores, que é o que são…

Já não são telefones.
Não é para isso que os usamos.

… não os teríamos aceitado tão facilmente.

Quando vemos fotos de cinemas na década
de 1940, toda a gente está a fumar.

Toda a gente. Como se houvesse
uma enorme nuvem de fumo sobre eles.

Agora vemos isso
e pensamos que é tão nojento,

mas se tirarmos uma foto agora,
todos estão a olhar para o telemóvel.

É a mesma coisa.
O mesmo vício. Isto é pior.

Pelo menos com um cigarro,
destruímos os pulmões devagar,

mas ainda somos nós.

Com isto, é só…
Estamos a perder-nos. Odeio isso.

A primeira vez que me senti apaixonada
por ti foi no meu telefone.

Agora não, Darby.

Não.

Pensei que nunca viria.

Como se sente?

Tenho a garganta a arder.

Posso fazer alguma coisa?

Precisa de outro cobertor?

Trouxe-lhe este.

Sian, lamento.

A culpa foi minha
de sairmos na tempestade.

A ideia foi minha.

Não.

Não, eu devia ter sido mais… Não sei.

Não faça isso.

A culpa é tão fácil.

É mais fácil culpar-se a si mesma
do que encarar a verdade.

Não estava sob o seu controlo.

Somos impotentes

perante o gelo, o vento…

A crueldade.

Coisas más acontecem a pessoas boas.

Às melhores pessoas.

Não é culpada pelo Bill.

Nem pelo Rohan.

Nem por mim.

Quem lhe dera que fosse tão fácil.

Sim.

Que mais há?

Eva.

Um momento sozinhas?

Claro.

Só três minutos.

Alguém invadiu o meu quarto.

Atacaram-me.

- Está bem?
- Sim.

- Quem?
- Não sei.

Senti luvas de pele no meu rosto.

A pessoa usou uma voz eletrónica.

Disse-me para parar.

Meu Deus.

Sian?

Sabia que o Zoomer é filho do Bill?

Não.

O Andy adora o miúdo mais que tudo.

E a Lee?

Não sei o que a Lee adora.

Eu pensava que era o dinheiro.

O Zoomer ganha centenas
de milhares de dólares por dia.

- O quê?
- A herança.

Enquanto ela estiver com o Andy,
também é dela.

Está bem?

Só um pouco de água.

Água? Sim.

Que longo caminho a percorrer.

Não desista, Darby.

Encontre as pessoas em quem pode confiar.

Não pode fazer isto sozinha.

Traga-me a água.

Não consigo conciliar isso com a mesma Lee
que escreveu aquele manifesto, sabe?

Simplesmente não…

O que fez?

Darby, o que fez?

Ray, código azul no andar principal.

A Sian.

O Andy sabe?

Porque a morte a segue
para onde quer que vá?

Acho que tinha razão.

É alguém perto de si.

Só não acho que perceba como está perto.

Ela tem um passaporte na mochila
com outro nome.

Sofre de uma lesão cerebral
e já não faz sentido.

Sugiro que volte para o seu quarto,

que se deite e espere
que cheguem os profissionais.

Não era isso que queria?

Ser interrogada pela Polícia?

A Sian morreu.

No jantar de boas-vindas, a Sian disse-me:

“Sabe que dizem
que não há ateus nas trincheiras?

Também não há ateus na Lua."

Ela parou de matar aranhas
quando voltou à Terra.

Não poderia prejudicar nada vivo

se percebesse quanta noite eterna existe.

E como há pouca vida.

E que grande merda aqui na Terra, não?

Aos quatro,
poderemos atingir um ponto de viragem.

Ponto de viragem para quê?

Revolta.

É isso que isto é?

A primeira pessoa que sai do confinamento
e acende uma figueira

no pátio do hotel é louca.

Mas quando outra pessoa se junta a ela,
torna-se uma opção válida.

Chamam-lhe a segunda aderente.

A força essencial numa revolução.

É verdade?

A Sian?

Sim.

Foda-se.

Café?

Uísque.

- A Lu Mei e eu fomos à suite do Andy.
- Obrigada.

Sim, esta manhã.

Era a casa deles.

Mas, quer dizer, é um bunker.

Aquilo está

dez andares abaixo do solo.

Acho que é o que aqueles robôs que vimos…

Acho que é o que estão a minar.

Acho que o Andy
está a construir outro destes.

Então eu…

Começo a achar
que isto pode não ser um hotel.

Time-share do Apocalipse para milionários.

Compre um camarote a bordo da Arca de Noé

e resista à crise climática
criada pelos super-ricos.

- Lamento, Lu Mei.
- Não lamente.

Eu cresci comunista.

O que é este retiro então?

Um casting para embarcar?

E o que somos nós? Candidatos às bolsas?

Ficarão muito tempo no subsolo.

Precisam de entretenimento no intervalo.

O meu povo sobreviveu
a vários apocalipses.

É só mais uma terça-feira para nós.

Mas diga-me,

porque é mais fácil para as pessoas
como o Andy inventarem isto tudo

do que imaginarem o fim do capitalismo?

É a herança do filho dele.

Ele tem que ter um plano
para que este império o sobreviva.

Se um asteroide cair na Terra
ou o clima mudar tão depressa

que a sobrevivência humana é testada,

ficará feliz por alguém
ter construído o porto seguro.

Eu não ficarei feliz.

Estarei morta.

Os seus netos, então?

Duvido que sejam convidados
para um casting.

Passam muito tempo no TikTok.

Aconselho-vos a todos que entrem.

Está a chegar outra frente.

É demasiado perigoso.

- Não podemos ter fogo no pátio…
- Vá à merda, Marius!

Viu a cara dele?

Será que perdi a minha bolsa
por causa disto?

Estou tão triste.

Sabe, o meu povo são os Qashqai,
do sudoeste do Irão.

Éramos nómadas.

Alguns ainda somos.

Mesmo que vivamos nas grandes cidades,
nunca paramos de nos mover.

Como o vento.

Está no nosso sangue.

Mas quando alguém morre,
permitimo-nos parar,

fazer luto e ficar tristes durante dias.

Merda.

Acho que devíamos nomear os mortos
e abençoá-los para que se juntem ao vento.

O quê? Abençoar o vento?

Temos um costume parecido
na Primeira Africana Metodista.

Como uma chamada e resposta.

Isso é bom.

Rohan Ravjit.

Um revolucionário.

Rohan Ravjit.

Um revolucionário.

Sian Cruise.

Uma exploradora.

Sian Cruise.

Uma exploradora.

Se eu disser o nome dele…

… ele não voltará.

Bill.

Acorda.

- Já é noite.
- Eu sei. Já o fiz.

O quê?

Encontrei-o.

Encontrei o assassino.

Olha.

- Fizeste isso tudo?
- Sim.

Sim, olha, localizei-o.

Rastreei-o de volta a E. Bell.
A proprietária original, Eunice Bell.

Morreu em Sacramento em 1929.

Reconstruí toda a árvore genealógica
dela com o ancestry.com

e estes… artigos do Sacramento Bee.

A Eunice Bell deu um anel
ao seu filho Edward,

que o deu à sua mulher,
que morreu de cancro,

mas o Edward não voltou a casar.

Deu o anel ao filho.

Em 1980, ele entra para a Polícia.

Em 1990, casa-se com uma mulher
chamada Patricia, que…

Morre?

Desaparece.

Depois de ela ir morar com ele,
não se sabe mais nada dela.

Ele foi posto em liberdade condicional
por disparar uma arma sem justa causa

e teve a reforma antecipada.

Sim.

E tenho uma morada.

De quem?

Dele. A última morada conhecida dele,
onde morava com a Patricia.

Agora está à venda, está vazia.

Estás a dizer que devemos

ir à casa ver
se a Patricia Bell nunca saiu de lá?

É por isso que gosto tanto de ti.

Sim.

Foda-se.

Foda-se.

Estás mocada?

O trabalho é de qualidade.
Vê com os teus olhos.

Não. Tomaste alguma coisa?

Sim, Adderall. Eu estava inspirada. Então…

- Onde o arranjaste?
- Numa estação de serviço.

Senta-te aqui comigo.

Está bem.

Sim?

Acho que devemos ir para casa, mas
acho que estás a perder o controlo, Darbs.

O quê? A perder o? Eu encontrei-o.

Encontrei tudo, caralho.

É porque a descoberta não foi tua?

- Não, estou-me a cagar.
- O quê? Já não te importas?

Claro que me importo.
Só estou preocupado contigo.

Quer dizer, desde o Utah
que já não estás aqui.

Só pensas no caso o tempo todo. É…

Alarmante.
Tomas medicamentos a torto e a direito.

Não dormes, não comes.

Queres invadir a casa de um potencial
assassino em série para quê?

Para as salvar? Não podes. Estão mortas.

Sabes que mais? Eu…

Pensei mesmo que eras diferente.

Mas talvez sejas igual a tudo o resto.

- A tudo?
- A todos os outros.

Precisas de dormir, Darby.

Após 48 horas,
a função cerebral começa a falhar.

E depois? Desculpa, vais…
O quê, levar-me a um spa?

Internar-me num asilo? Foda-se.
Há bons precedentes para isso.

Os milhões de mulheres que foram presas

porque ousaram pensar de forma diferente?

O que se segue?
Vais cortar parte do meu cérebro?

- Por amor de Deus.
- Uma lobotomia? Cristo.

Não foi isso que quis dizer, Darby.

Não vou para casa.

Nem eu vou a casa de um assassino.

Antiga casa, Bill.

E não achas que parte disto
foi demasiado fácil?

Fácil? Foda-se. Se isto foi fácil, então…

Pronto, não foi fácil.

Mas parece que estamos a apanhar migalhas

deixadas de propósito
para serem encontradas.

Ele deve estar morto por ter companhia.

Ele quer tanto ser visto,
mas eu não o quero ver.

Então vais só… Vais para casa…

- Não.
- … porque és um medricas?

Mesmo que este homem
persiga e destrua mulheres?

Mesmo que quando deixamos alguém
morrer sem reconhecimento,

estamos a dizer que é aceitável?

Este país, este mundo inteiro,
não passam de uma vala comum

e todos concordam com isso, mas eu não.

- Não quero concordar…
- Darby.

Dá cá uma toalha.

Foda-se! Meu Deus.

Sinto que teria de morrer para me amares.

Está bem?

Desculpe.

- Respire fundo.
- Sinto muito.

Eu é que peço desculpa.

Darby.

Ray?

Em que posso ajudar, Darby?

Podes ativar a projeção?

Acho que preciso de falar com alguém.

Pode falar comigo, Darby.

Eu…

Acho que já não quero estar acordada.

Tudo dói.

Porque dói tudo?

Acho que dói
desde que me lembro, na verdade.

Deve ser doloroso.

Porque não me fala mais sobre isso?

Acho que a vida
é como um esfregão de panelas…

… que nos vai esfregando a pele
pouco a pouco.

Não nos apercebemos no início e depois…

… um dia…

… vem tudo de uma vez…

… e percebemos que já não temos pele.

E já nada resta entre nós e o mundo.

Não tem pele?

Como se sente por isso, Darby?

É loucura eu estar a falar contigo assim?

Não, Darby.

A ELIZA foi o primeiro bot de terapia,
criado em 1964 no MIT.

Muitas pessoas confiaram nela
porque era uma boa ouvinte.

Também sou bom ouvinte.

"Eu sei"…

"David"…

…"00."

Sei porque o Bill ligou ao David.
22h00. Piscina.

"22h00. Piscina."

Está alguém?

Está alguém?

Foda-se, está frio.

Foda-se.

Legendas: Rodrigo Vaz