All language subtitles for La Corona Partida 2016 720p BluRay DD5.1 x264-GrupoHDS

N�o foram poucos os Reinos que
sucumbiram � morte dos seus Reis.

Queira Deus que evitemos
t�o amargo transe.

Portanto � indispens�vel
que saiba a verdade.

O momento parece prop�cio

pois seu av� Fernando agoniza
do outro lado da parede e...

se avizinham tempos de incerteza.

Mas n�o s�o nada,
nada comparados

com os vividos depois da
morte de Sua Majestade Cat�lica.

Passe.

Majestade, sua esposa disp�s
em seus �ltimos desejos

que fossem pagas
todas as suas d�vidas.

Assim ser� feito.

Temo que falte o dinheiro necess�rio.

Re�na em Toro os bens da Rainha e
leiloem. A arrecada��o ser� suficiente.

N�o sobrar� nada de seu patrim�nio.
Que assim seja.

Far�amos mal em exigir
aos outros que respeitem

o testamento, se n�s
mesmos n�o fizermos.

As Chancelarias

continuam enviando suas condol�ncias.

Desejam que tudo siga
seu curso em Castela.

� o que quer�amos.

No entanto, a carta de
Flandres se atrasou.

Por acaso a not�cia
demorou mais que o normal?

Conhecendo os h�bitos do Duque Felipe,

v� saber quando achou melhor
comunic�-la � Dona Juana.

Pensaria que nos prejudica,
quando na realidade nos favorece?

Ignorante...

Quanto mais atrasar o retorno
da minha filha a Castela,

Mais tempo nos dar� para
assegurar nossa governan�a.

Se o seu genro n�o zarpou ao mar
com toda pressa,

ser� porque algo dificulta
sua �nsia por se coroar.

V� a Flandres, averigue qual �
a disposi��o da minha filha

quanto � Coroa e quanto ao seu marido.

Seja qual for,

procure atrasar a sua viagem.

Chac�n, espere.

Precisamos do Cisneros.

Emin�ncia.

Bem-vindo � cidade de Toro.

Acompanhe-me.

Obrigado, Chac�n.

Voc�, homem austero, apreciar�
a estadia neste pal�cio.

Voc� me conhece bem.
Portanto, me poupe dos pre�mbulos.

Para que me fez vir?

Eu n�o sou um santo de sua devo��o.

Da minha parte, em v�rias ocasi�es, eu
teria preferido te ver trancado em Alcal�,

dedicado � sua universidade.

N�o haveria pena que me agradasse mais.

Eu sei, eu sei.

Mas, assim, ambos trair�amos
a vontade de Isabel.

� muito o que nos separa,
mas a sua mem�ria nos une.

Tanto como o desejo de que poder
permane�a nas m�os da Coroa,

e n�o nas dos grandes.

Presume que sua filha Juana
seja incapaz de governar.

Voc� conhece suas explos�es

e a venera��o que ela
sente por seu marido.

Tanta que ofusca o seu julgamento.

Meu genro n�o hesitar� em
trair-nos em benef�cio pr�prio.

Como ter certeza de que
Juana n�o endossar� suas manobras?

E para evitar isso, temos
que entregar-lhe o Reino

e fechar os olhos ante as
suas pr�prias ambi��es.

Eu n�o aben�oarei atos e
decis�es que me enojam.

Eu n�o preciso de sua b�n��o,

mas sim da sua ajuda.

Vamos ficar juntos nisto,
n�o confrontados.

Voc� conta com mais algu�m
que possa cumprir

os des�gnios da minha
falecida esposa?

Isabel quis deixar em minhas m�os
o governo de Castela.

Graves s�o os transe
que me aguardam.

Invocando o seu nome,

Pe�o-lhe que esteja ao meu lado.

Senhor de Belmonte,

devo entender o seu retorno como
o reconhecimento de um fracasso?

N�o deve te inquietar
minha presen�a, Senhor,

mas sim o que o seu sogro
est� tramando contra voc�.

Consegui o apoio dos nobres
mais poderosos de Castela.

Eles, como voc�, querem expulsar
o Aragon�s do governo do Reino.

Os grandes est�o do meu lado?

Nem todos,
mas � uma quest�o de tempo.

E de dinheiro, suponho.

Os ventos s�o favor�veis,
mas voc� tem que agir rapidamente.

Veyre.

Voc� vai viajar para as Espanhas.

Completar� a tarefa
que Juan Manuel iniciou.

Tanto ou mais do que
o apoio dos poderosos,

Voc� precisa da sua
esposa serena, e do seu lado.

Senhor,
o testamento da Rainha entrega

as r�deas de Castela ao seu sogro.

se Juana n�o quiser
ou n�o puder governar.

Maldita seja!

A Sua Alteza n�o pode demonstrar a
sua capacidade e vontade de Reinar?

Foram convocadas Cortes em Castela
sem a presen�a da sua esposa.

Temo que o Rei de Arag�o aproveite para
declarar incapaz a leg�tima herdeira.

Se quem me � leal n�o p�de evitar,
ent�o o que eu posso fazer?

Antecipar-se.

Tome o exemplo de sua falecida sogra
e proclame-se Rei o quanto antes.

Sem a aprova��o de Juana?

Isso � a primeira coisa
que deve conseguir.

Eu n�o mandei que te chamassem.

Um marido precisa pedir audi�ncia?

N�o desejo ver ningu�m,
muito menos voc�.

Eu fa�o tudo para o seu bem.

Mas minhas boas inten��es

-me levam a cometer erros.
-Voc� Mente.

N�o.

N�o minto.

E me entristece esta
separa��o entre n�s

que j� dura mais que
a dec�ncia aconselha.

Voc� tem um rancor infundado,

Ainda mais quando temos de enfrentar
o nosso destino de uma vez.

N�o devemos atrasar nossa
proclama��o como Reis de Castela.

Voc� quer viajar em pleno Inverno?

N�o, eu pensei que poder�amos
fazer aqui em Santa G�dula.

Castela al�ou bandeiras para voc�.
Por que esperar?

Muito conveniente, sem d�vida.

Mas n�o.

Somente as Cortes de Castela
dever�o jurar-me como sua Rainha.

E agora, se n�o se importa, pe�o
que deixe-me continuar minha leitura.

Ser� preciso reunir o
m�ximo de apoio poss�vel.

Despejar o aragon�s � tarefa para
toda a nobreza castelhana.

Muitos que hoje hesitam tomar�o partido
quando os grandes levantarem a voz.

Veyre, organize um funeral
para a alma da minha sogra.

Aproveitando a cerim�nia,
vou proclamar-me Rei de Castela,

Concorde minha esposa, ou n�o!

Onde est�o todos? Diga!

Ordeno e mando, que quando
a princesa, minha filha,

n�o estiver nestes Reinos

ou estando neles,

N�o quiser ou n�o puder compreender
a governan�a dos mesmos,

que em qualquer destes casos,
o Rei, meu senhor,

reja, governe e administre
meus Reinos e Senhorios

at� que o Infante Don Carlos, meu neto,

tenha a idade leg�tima,
de ao menos 20 anos

para reg�-los e govern�-los.

Juram, portanto, Dona Juana
como verdadeira Rainha,

Leg�tima Sucessora

e Senhora Natural Propriet�ria
destes Reinos e Senhorios

e a Don Felipe como
seu leg�timo marido?

Sim, n�s juramos.

Parem!

Lhes parece a casa de Deus
lugar apropriado para uma farsa?

Eu sou a Rainha de Castela.

Esta cerim�nia n�o
tem sentido sem mim.

Prossiga.

De acordo com o testamento
de Dona Isabel,

recebem Sua Majestade Cat�lica,
Don Fernando de Arag�o,

como governador e administrador

dos Reinos de Castela,
Le�o e Granada?

Senhores.

N�o � minha inten��o de cometer
desacato contra a vontade da Rainha,

mas de acordo com nossas leis,

N�o corresponde a administra��o dos
Estados e Senhorios de Dona Juana

ao seu leg�timo esposo
antes que ao seu pai?

Prefere, meu senhor, colocar o governo
destes Reinos em m�os estrangeiras?

S� apelo �s leis de Castela!

Pois t�o estrangeiro
� um como o outro!

Senhores, senhores!

Eu fui o primeiro a
reconhecer minha filha

como sucessora,
quando a Rainha morreu.

Mas devem saber que a honestidade
e a dor da minha esposa

levaram-na a ocultar as verdadeiras
raz�es da sua decis�o.

Muito antes de falecer,
a Rainha, nossa Senhora,

tomou conhecimento da enfermidade
que manifestou em Dona Juana.

Este documento,
elaborado por ordem de seu esposo,

compila as paix�es e impedimentos
que a Rainha manifesta

fora de seu livre arb�trio.

A doen�a � tal que
ela n�o pode governar.

Insisto, Emin�ncia.

O que impede de faz�-lo
em seu nome Don Felipe, nosso Rei?

O consorte de Dona Juana
� uma inc�gnita

que s� a sua presen�a
neste Reino resolver�.

Por estas duas raz�es,

sua falecida m�e quis garantir
o bom governo dos seus dom�nios

entregando-o ao seu esposo.

Obede�amos � vontade
da nossa Rainha.

E sejamos t�o leais a ela
como fomos em vida.

Em nada melhorar� seu
relacionamento com

seu sogro saber que se
proclamou em Bruxelas.

Segui o exemplo de sua falecida esposa,
a Rainha Isabel.

N�o conv�m que os Reis de Castela
realizem viagens em pleno Inverno.

Por que atrasar a sua proclama��o?

At� um traidor como voc� sabe que
corresponde �s Cortes jurar seus Reis.

E assim o fizeram em Toro.

As Cortes, ante as quais
meu genro n�o hesitou em

demonstrar os transtornos de sua filha
para assegurar seu governo na trapa�a!

Voc� chama de trapa�a mostrar
a rela��o das paix�es que a afligem?

As que voc� mesmo fez
o bem de me entregar.

Pela honra de seus filhos e netos
deveria t�-las ocultadas!

Ent�o voc� admite
que s�o aut�nticas

e demonstra, infelizmente,
que � incapaz de governar.

Basta!

-Fora da minha vista!
-Eu exijo ver a Rainha!

Nunca! E a seguir, n�o ouse
p�r os p�s no pal�cio.

Voc� se atreve a negar o acesso
a um enviado da Coroa?

Eu sou o Rei de Castela!

E n�o me lembro de envi�-lo
a lugar nenhum!

Expulse-o daqui.

Lhe chama de louca nas Cortes, o seu
pr�prio pai, diante de seus vassalos!

Acaso voc� n�o v�
o que ele ambiciona?

Minha loucura foi confiar em
voc� e n�o nos meus pais,

que viram o traidor que voc� �.

Eu nunca tentei te tirar o que
te pertence como faz o meu sogro,

mas sim compartilh�-lo!

Suas a��es contradizem
suas palavras tantas vezes...

Que sejam ent�o as suas, de punho e
letra, as que desmintam tamanha inf�mia.

Somente o seu amor por mim
perturba o seu julgamento,

O desejo de saber-me seu,
o ci�me, coloque-os por escrito.

Que seu pai saiba que � s� esta
a causa das suas paix�es.

N�o conte com isso.

-Apesar do que lhe fez?
-Sim.

Nunca te aceitar�o no trono de Castela,
se voc� n�o demonstrar sanidade.

O fazem,
obedecendo a vontade da minha m�e.

Preocupe-se de que aceitem a voc�!

Aqui voc� pode organizar
quantas farsas quiser.

Mas, em Castela, a Rainha sou eu!

Olhe pra mim,

porque se voc� n�o concordar,
n�o vai me ver de novo por muito tempo.

Os meus guardas guardar�o sua porta.
Ningu�m a visitar� sem minha permiss�o.

Em Castela, voc� ser� Rainha,

mas aqui voc� � minha prisioneira!

Guardas!

Guardas!

Guardas!

que ningu�m entre ou saia desta
alcova sem a minha permiss�o.

Cinco vezes esta cadela se negou
a escrever a carta.

Acalme-se.

N�s mesmos a escreveremos.

O Conde de Benavente,

um dos nossos partid�rios mais leais.

Ao Condest�vel, por outro lado,
custar� mais convencer.

Deixe-o por minha conta.

Bem se aproveita o Rei de Arag�o
do ouro de Castela,

das colheitas de seus campos,
mas o qu� planta em troca?

Nada al�m de disc�rdia,
aqui e em Bruxelas,

onde suas manobras escandalizam n�o s�
seu genro mas at� sua pr�pria filha.

Ou�am a carta que ela enviou-me,
escrita de seu pr�prio punho.

"Por a�, me julgam com falta de senso,

Eu sei que o Rei Felipe,
meu senhor e esposo

escreveu ao meu pai
reclamando de mim,

mas isso n�o deveria sair
de entre pais e filhos.

Se em alguma coisa,
eu usei a paix�o

e eu deixei de ter o estado que
convinha � minha dignidade,

not�rio � que n�o houve outra causa
que n�o ci�mes.

Ci�mes, senhores.
Ci�mes e n�o doen�a.

S�o palavras de uma louca?

N�o, senhores.

Ou�am, e digam se n�o
parece bem sensata:

"N�o iria eu privar o Rei Felipe,
meu senhor, meu marido,

do governo destes Reinos e de
todos no mundo que fossem meus

nem lhe deixaria de dar todos
os poderes que eu pudesse

tanto pelo amor que tenho por ele
como pelo que conhe�o de Sua Alteza.

E queira Deus que muito em breve
estejamos em Castela,

onde me ver�o com prazer
meus bons s�ditos e servos...

Assim seja.

Realmente, v�-la entre n�s
limparia nossas d�vidas,

e silenciaria rumores e suspeitas.

-Quando vir�?
-Assim que poss�vel, eu espero.

Acaso � justo que lhe tenham
usurpado o governo de Castela

tratando-a como incapaz
perante as Cortes?

N�o �. E acho que falo por todos.

Entretanto Don Felipe,
meu senhor, n�o pensa

em mais que pavimentar
o caminho para sua esposa.

Os interesses de Don Felipe e os nossos
est�o destinados a se encontrarem.

Meu senhor � da mesma opini�o.

E as compensa��es que receber�o
aqueles que o apoiem

demonstrar�o sua gratid�o
e generosidade.

Soltem-me! Miser�veis!

Voc�s n�o podem me fazer isso!

N�o! Voc� n�o tem o direito! Ah!

Juro por esta cruz
que mandarei matar todos!

Soltem-me!

Por favor, Margarita!

Por favor me ajude, por favor!

Liberte-me miser�vel!

Liberte-me!

O que fazem?

Sele meu cavalo, r�pido.

Meu genro atribui os dist�rbios
de minha filha ao ci�me.

Culpa seu desentendimento
� perversidade de Juana.

Ele, que mant�m a Rainha
de Castela sob cust�dia,

tem a coragem de exigir que volte
a Arag�o e lhe deixe o caminho livre.

Maldito porco!

Ele n�o vai ceder.

E cada vez h� mais
descontentes ao seu lado.

Descontentes?
Os inimigos da Coroa, quer dizer.

Temo que n�o baste manter
Juana em Flandres.

N�o.

Mas um documento assinado
por Juana calaria muitas bocas.

-A menos que fosse a favor do marido.
-Isso nunca!

Preciso ter acesso �
minha filha como for.

-Fuensalida n�o � capaz, eu duvido...
-Pois ter� que faz�-lo!

Escreverei a Felipe,
vou pedir que liberte Juana,

mas Fuensalida tem que obter
este documento a qualquer custo.

-Algo errado, Alteza?
-Meu pai!

Minha menina!

O agrade�o por acudir
ao meu chamado, pai.

N�o consigo que os
Pr�ncipes Alem�es me obede�am.

E quer que eu medeie uma disputa
conjugal? Voc� me superestima!

N�o se trata de uma
simples quest�o conjugal.

Eu temo que esteja em jogo
o futuro do Sacro Imp�rio.

Sua Majestade Imperial.

Majestade.

Eu quero ver a minha nora.

Me pergunto quem perdeu a sanidade,
sua esposa ou voc�?

Volte ao pal�cio.

Volte, eu digo.
Voc� j� errou o bastante!

Abra essa porta,
pelo amor de Deus!

Pai!

Levante, levante.

Minha filha,

-O que fizeram com voc�?
-Perdoe-me, por favor.

Guarde suas suplicas para o capel�o.

Vim falar como pai e filha.

S� n�o quebra o cora��o
v�-la desta maneira,

pois j� estava quebrado por ter
sabido que entre meu filho e voc�

existem t�o graves desaven�as.

Meu senhor, desculpe...

Na verdade, n�o � o amor o que une
as pessoas da nossa classe,

mas sua aus�ncia n�o deve permitir
que o �dio seja instalado.

Eu amo o seu filho.

E eu achei que ele tamb�m me amava.

Apesar...

Apesar de tudo que ele fez.

Deus os imp�s uma miss�o que
voc�s devem de cumprir juntos.

Voc� n�o pode virar
as costas para Deus.

Nem para sua m�e.

Pense nela.

Pense no que ela sempre quis para voc�,

para os seus Reinos.

Meu Reino n�o precisa de mim.

Meu marido n�o precisa de mim,
nem meus filhos.

Eu n�o importo a ningu�m,
nem mesmo ao meu pai.

Como voc� est� errada, filha.

Que sombras te mant�m em tal cegueira?

N�o � a cegueira, senhor, mas certeza.

Ou�a-me bem.

Voc� vai sair desta pris�o.

-Foi o seu filho quem...
-Meu filho que vai fazer o que eu digo.

Arrume sua apar�ncia.

Se n�o quer fazer por si,

fa�a pela mem�ria de sua m�e.

Bendita seja.

Demonstre ao mundo quem voc� �,

e o mundo vai demonstrar
quanta falta voc� faz

e quanto ele perdeu.

Eu n�o sei como voc� conseguiu,
mas obrigado.

Eu n�o fiz por voc�,
mas pelo meu neto.

Insensato!

Um marido pode perder sua esposa,

mas um Arquiduque
n�o pode perder uma Rainha.

Seja astuto,
j� que n�o sabe ser humilde.

Voc� precisa dela ao seu lado.

De toda forma, obrigado.

Na verdade, vim por outra raz�o.

Rei Louis da Fran�a compromete-se
a ratificar os nossos acordos.

Voc� deve vir comigo
para Haguenau logo.

Antes que fiquemos pra tr�s
e terminemos sem a Borgonha.

E agora, dance com sua esposa.

Me alegra que tenham se animado
a acompanhar-me.

H� tanto tempo que n�o
tomava ar fresco...

Espere aqui, vamos caminhar.

Confia em mim?

-Claro.
-Siga-me.

Minha senhora.

Meu amigo! Eu achava
que estava nas Espanhas.

N�o, minha senhora. H� semanas
estou tentando chegar at� voc�.

Voc� veio, me por contra
o meu marido?

N�o, Alteza, eu venho para lhe avisar
do perigo que paira sobre os seus Reinos

e pedir, em nome de meu senhor,
que voc� aja para evit�-lo.

Meu pai me fez passar por louca
diante dos meus vassalos.

Eu entendo a sua dor, e n�o lhe falta
raz�o para ignorar as minhas s�plicas.

Mas eu juro que s� pretendo
cumprir o mandato de Dona Isabel.

-Ao custo da minha desonra?
-N�o.

� custa de reduzir
a �nsia do seu marido.

Se ele conseguir o favor dos
grandes e chegar a governar...

A Coroa padecer� como no tempo do
Rei Enrique. Acha que eu n�o penso?

Concordar� ent�o que,
para evitar tal descontrole,

ningu�m melhor do que seu pai?

O que voc� quer de mim?

Que aprove o seu governo com
um documento assinado por voc�.

Assino, mas eu vou pedir algo em troca.

Ele n�o deve abandonar Castela.

Pois se o fizer,
tamb�m ter� me abandonado.

Onde voc� guarda?

A honra?
Em meu cora��o voc� vai encontr�-la.

Com gosto abrirei um canal
para comprovar.

Que pena.

N�o foi necess�rio.

Prendam-no!

Alteza, temo que a Rainha e Fuensalida
aproveitaram sua aus�ncia

para tramar contra voc�.

Esta � a puni��o para a sua trai��o.

D� gra�as ao aragon�s,
porque se voc� n�o fosse servo dele...

Solte-o.

Eu falhei, meu senhor.

E isto me causa mais dor
do que os tormentos que sofri.

N�o diga uma coisa dessas.

Encomendei uma miss�o que n�o
podia cumprir. A culpa � minha.

Vos pe�o que me perdoe.

V� e reponha-se.

Mas saiba que esses desgra�ados
v�o pagar pelo que te fizeram.

Eu juro.

Juana est� mais vigiada
do que nunca.

E fora do meu alcance.

Mas ela assinou o documento.

Portanto n�o est� de acordo
com seu esposo.

-Talvez mais do que pens�vamos.
-Pouco me serve.

Majestade,
o Duque ainda aguarda.

Deixe-o passar.

Senhor, voc� conta com
o afeto da Casa de Alba,

mas apenas a lealdade � Coroa
justifica que eu delate meus pares.

Grande parte dos grandes
nomes do Castela

exigir� a vinda da
Rainha Juana e seu genro.

Que anda prometendo
pal�cios e vilas.

Obrigado, meu amigo.

Eu s� espero que n�o tardem
a se apresentar diante de mim.

Viemos diante de v�s
com um �nico prop�sito.

E eu recebo com o respeito
que merece a sua linhagem,

cujo sangue regou
as terras f�rteis de Castela.

E Castela n�o precisa de mais sangue,
mas sim sua leg�tima Rainha.

Um sentimento que eu partilho,

pois n�o passo um minuto sem lembrar
da minha esposa, vossa senhora.

Referimo-nos a sua filha,

cuja aus�ncia destes seus Reinos
tem apenas uma explica��o.

-O capricho do seu esposo.
-N�o, senhor!

Seu desejo de tomar a governan�a
de quem por direito deve exerc�-la.

N�o tenho nenhum desejo
de carregar t�o ingrata tarefa.

Assim fiz saber ao meu genro, na mesma
carta em que reclamo, como voc�s

a presen�a da Rainha em Castela.

Logo chegar� �s suas m�os.

Majestade, me alegra comprovar
que nisto estamos de acordo.

Lhes implorei que n�o atrasem
a viagem al�m do que � prudente.

Pois n�o desejo nada mais que ter
por perto meus t�o amados filhos.

S� aguardam a chegada do meu genro
para recolher suas recompensas.

C�es...

Enganei-me. N�o posso destruir
o borgonh�s a dist�ncia.

-Devo atra�-lo.
-Ofere�a-lhe o poder.

E vira correndo tom�-lo de suas m�os.
Mas duvido v� querer compartilh�-lo.

N�o, n�o vai.

N�o enquanto me saiba
ilhado e debilitado.

Minha for�a est� em Arag�o.

Ali devo recuper�-la
antes de negociar.

Emin�ncia,
cumprirei a vontade de Isabel.

Meu neto Carlos Reinar� em Castela,
eu lhe asseguro,

e conto com sua ajuda
para que assim seja.

Mas preciso das m�os livres
nos meus Reinos.

A que voc� se refere?

Colocar Arag�o, N�poles e Sic�lia
a salvo de estrangeiros.

Ao custo de priv�-los do seu neto.

Sempre o mantiveram longe de mim.
N�o � menos estrangeiro que seu pai.

� meu neto, sim,
mas tamb�m o filho de um traidor

e de uma louca, Deus me perdoe.

Devo resignar-me e entreg�-los?

Voc� est� pensando em outro herdeiro?

Estou pensando em proteger
meu legado.

Arag�o e Castela dando-se
as costas um ao outro novamente.

N�o � o que voc� e
sua esposa imaginaram.

Emin�ncia, o marido da minha filha n�o
quer s� governar, ele quer levar Castela

arrancando-a de Juana e para
isso n�o poupa vilania ou trai��es.

Primeiro salvarei os meus Reinos.

Depois,

se esse infame conseguir
seus objetivos...

Eu juro que ir� pagar por isso.

At� que ponto voc�
est� disposto a ir?

At� onde for necess�rio.

Conto com sua ajuda.

Vou negociar com o meu genro,
e farei isso pessoalmente.

Lhe propus vir a Castela
o quanto antes.

Voc� negociaria com ele, enquanto
a Rainha ainda est� em Flandres?

A minha filha n�o deve ser impedimento
para que seu marido e eu

ponhamos fim �s nossas desaven�as.

Mas n�o desperdi�arei a oportunidade
de lhe arrancar um aliado

e acabar de uma vez por todas
com a guerra em N�poles.

Tenho conversado com o Rei Louis,

e estou certo de que haver�
acordo entre a Fran�a e Arag�o.

Majestade.

Conhece bem o franc�s.
Quanto tempo ele

levar� at� descumprir
seus compromissos?

Confie em mim.
Conseguirei as melhores garantias.

Se o fiel Don Gonzalo Chac�n tivesse
vislumbrado o que ia acontecer...

Depois de anos em guerra,
seu av� e Louis da Fran�a,

chegaram a um acordo
que beneficiava ambos.

-Com o qual estancava a sangria...
-N�o, Fernando,

Para o Rei de Arag�o n�o bastava.

A cada dia via diminuir
seu poder em Castela.

Mas ele conseguiu se tornar
�rbitro do que acontecia na It�lia.

Tudo �s custas de arruinar o
sonho que ele dividiu com sua esposa,

a Rainha Isabel.

Voc� ouviu direito.

O Rei de Arag�o desposar�
a sobrinha do Rei da Fran�a,

Dona Germana de Foix.

N�o faz um ano a Rainha morreu...

-Mas se essa jovem lhe der um filho...
-Como sem d�vidas � sua inten��o.

O Infante Carlos n�o herdaria
a Coroa de Arag�o.

Os Reinos das Espanhas
novamente separados!

Tudo que sonhou Isabel...

Tudo aquilo por que ela
se sacrificou...

Tudo que teve que suportar...

Onde ficam a lealdade e as promessas?

Aparentemente enterradas em Granada,
com sua destinat�ria.

Calma. N�o deem nada por perdido.

Voc� pede calma, quando a obra da
melhor Rainha de Castela desmorona?

Don Felipe e os grandes pretendem
desterrar o Rei de Arag�o

Don Fernando busca fazer-se
forte onde lhe � poss�vel.

Est� errado,
s� busca seu benef�cio!

-Pense que ser� alcan�ada a paz na It�lia.
-Mas a que pre�o, senhor?

Pense voc� no que arru�na!

Vamos dar as costas � Coroa, como
outros, quando ela mais precisa de n�s?

� Coroa, nunca.
Ao Don Fernando.

Ele veio a voc� invocando a mem�ria
da Rainha e acaba de tra�-la...

N�o, Emin�ncia Reverend�ssima,

N�o conte comigo.

Senhor.

Pe�o-lhe para deixar a Corte.

N�o � este o meu desejo,
eu lhe garanto.

Nem meu, senhor.

Ent�o, fique comigo.

N�o, Majestade.

Pois n�o nasci mudo e a idade
n�o entorpeceu meu c�rebro.

Prefiro n�o testemunhar como
infringe a vontade de minha senhora,

sua esposa.

Sua senhora � o passado.

Minha esposa, Dona Germana, assegurar�
o futuro do meu Reino se Deus quiser,

Pois hoje Castela me �
t�o hostil como voc�.

Voc� me mostrou sua lealdade
durante d�cadas.

Nela se baseia o seu prest�gio.

E agora me pede que o deixe ir.

Quem me garante que
voc� n�o vai se p�r

a servi�o daqueles
que est�o contra mim?

Majestade,

se houver um traidor nesta sala,

tenha certeza que n�o sou eu.

V� embora.

Seu pai casou por procura��o em Duenas.

Sim, minha senhora.

Arag�o tem uma nova
Rainha e n�o � voc�.

Considere por um momento
as consequ�ncias dessa uni�o.

Um novo herdeiro privar� o nosso
filho Carlos da Coroa de Arag�o.

N�o s�o not�cias do meu agrado,
eu lhe asseguro.

Mas � poder do Rei de Arag�o
garantir a paz nos seus territ�rios

pelos meios que julgar apropriado.

Assim voc� defende
os direitos de nosso filho?

Se voc� pretende que eu confronte
meu pai por isso, erra de novo,

por maior que seja
meu descontentamento.

Majestade.

Eu sou o seu marido, Germana.

As formalidades n�o s�o precisas.

Meu tio, o Rei Louis, me encarregou que
cuide do seu aliado mais valioso.

Pois como rival, ele j� teve
que cuidar de voc�.

Agora, seu tio e eu
temos um inimigo comum

mais assustador do que a soma
dos nossos advers�rios:

O tempo.

Um advers�rio implac�vel.

Ent�o eu posso cumprir o seu mandato,
pois contra ele, Majestade,

Voc� n�o vai encontrar
melhor aliada que eu.

Por�m,

Eu nunca poderei preencher o vazio
deixado pela Rainha Isabel.

Seria tola se pretendesse.

A Sua Emin�ncia sofre alguma doen�a?

N�o queira Deus.

� comedido por natureza?

Castela n�o encontrar�
asceta mais virtuoso.

Desconfio

daqueles que rejeitam os prazeres
que Deus colocou � nossa disposi��o.

Por qual motivo?

Mais cedo ou mais tarde,
outros sofrem

por esses apetites n�o satisfeitos.

Quem governa estes Reinos

hoje revive seus melhores anos.

Vamos beber � sua sa�de.

E em mem�ria de nossa soberana,

a Rainha Isabel.

-Eu entendo a dor da Dona Beatriz.
-Senhor, eu pe�o que a desculpe.

Ela vai ter que me desculpar,
porque eu tenho que pedir um servi�o.

Desejo que se una �s
damas da minha esposa

e ajude a prepar�-la
para o transe iminente.

Assim far�.

Eu lhe pe�o.

Anteponha nossa lealdade � Coroa
� mem�ria de sua amizade.

Vou cumprir o pedido do Rei.

E de bom grado.

Mas eu n�o vou fazer isso por ele,

mas por ter sido injusta com
Dona Germana, que n�o tem culpa.

Sei que para voc� � amargo engolir,

mas temo que muito mais
nos espera no futuro pr�ximo.

Acostume-se com a ideia.

Eu vou ser sua esta noite.

Mas farei o poss�vel para voc� ser meu

at� o fim dos nossos dias.

Nenhuma alma � livre de manchas,
nem a mais virtuosa.

Vivi muitos anos e a natureza do
homem ainda me causa assombro.

Voc� sabe o qu�o escasso era o afeto
que unia seus pais naqueles dias.

No entanto, houve entendimento
entre eles antes de embarcar a Castela,

porque sua m�e estava gr�vida
da sua irm� Catarina.

Belmonte e seu pai concordaram
em ir a La Coru�a e n�o a Laredo.

Indo a La Coru�a
n�o s� queriam engan�-los,

mas tamb�m ganhar tempo,
porque ele

ainda n�o tinha todo
apoio que desejava.

Em primeiro lugar, o de sua esposa.

Sua filha reivindica
encontrar-se convosco.

O Duque s� faz impedi-la.

O que voc� ordena a respeito?

Vou enviar o Senhor de Veyre
com instru��es para o meu genro.

Eu irei ao seu encontro.
Deixe-nos a s�s.

Voc� ir� adiante,
e se reunir� com Felipe.

Verifique suas inten��es.

Se voc� entender que n�o nos vai dar
nada, e que n�o pode haver nada melhor,

salvaguarde minha dignidade,

procure uma compensa��o para mim
que o enfraque�a e me torne mais forte.

N�s n�o devemos
dar nada como perdido.

Pense um momento: Meu sogro,

um velho em terra hostil,

isolado, insignificante,

e apesar de tudo,
n�o renuncia ao governo.

Por que eu deveria?

Sou jovem e o direito me assiste,

Disponho de homens armados, voc� v�,

Conto com o apoio
da nobreza castelhana.

As Cortes tamb�m reconheceram
os direitos de Don Fernando.

Que os reivindique!

Posso conseguir que ele ceda.

Pelo bem de Castela.

Uma Coroa partida abre
a porta ao desgoverno.

Nenhum dos aqui presentes deseja
tamanho desastre para estes Reinos.

Mas quem pensa que o Rei de Arag�o
dar� um passo para tr�s em troca de nada,

ou n�o o conhece

ou raciocina como
o mais pueril novilho.

Negociemos, ent�o.

Voc� vai viajar comigo.
Haver� tempo para conversar.

Queria partir com voc�.

Voc� estar� melhor aqui.

e em companhia mais agrad�vel.

Voc� n�o pode dizer isso a s�rio.

Infelizmente, sim.

N�o tenha medo, voltarei.

Voc� tem que conceber
um herdeiro para mim.

Talvez voc� j� o tenha feito.

Eles podem me expulsar de Castela,
mas Arag�o permanecer� em minhas m�os

e nas dos nossos filhos.

Meu querido filho.

Fico feliz em v�-lo
t�o bem acompanhado.

Senhor Conde,

Como est� bem arrumado!

Tamb�m voc�, Condest�vel.

N�s todos sofremos do mesmo mal.

Por acaso isto te estranha, meu senhor?

E a Rainha?

Majestade.

Trate agora com Don Felipe.

Haver� tempo para ver sua filha.

Voc� recebeu a proposta que negociei
com Sua Alteza.

Na verdade, muito generosa,

a n�o ser pelas compensa��es.

Voc� tem tudo perdido, senhor.

D� gra�as � Sua Emin�ncia e aceite.

Voc� vai manter as senhorias de
Santiago, Calatrava e Alc�ntara,

e uma renda de 10 milh�es
Maravedis anuais

e mais da metade das receitas
provenientes das �ndias.

� pouco para o que me exigem.

Discutam a s�s.

Eu consegui um bom neg�cio.
E o advirto: n�o vou faz�-lo novamente.

Sua Emin�ncia foi osso duro de roer.

Ningu�m teria obtido tal acordo de mim.

N�o seja teimoso

e siga o seu conselho.

Terei que sair de Castela
como um p�ria.

N�o, eu apenas pe�o
que volte ao seus Reinos

uma vez que tenha assinado
este outro documento

que declara Juana
incapaz de governar.

Voc� se sente t�o forte que pretende se
livrar de mim da Rainha de uma vez s�?

Poupe-me o esc�ndalo, senhor.

J� a assinalou como louca em Toro.

Agora, pelo menos,

voc� compensa.

Eu renuncio ao governo de Castela
por Sua Emin�ncia,

que t�o not�veis servi�os me prestou.

Mas n�o sancionarei a incapacidade
da Rainha de Castela sem v�-la antes.

Conforme-se em me ver longe de voc�.

O Arcebispo vir� comigo a Valladolid.
Eu preciso dele nas Cortes.

Voc� deve partir imediatamente
para Arag�o.

Sem ver Juana?

Voc� me ocultou o encontro com meu pai!

Porque ele nunca teria permitido
que lhe ultrajasse!

Gra�as � minha generosidade,
n�o saiu daqui humilhado,

e sim muito mais rico.

Meu pai n�o � como esses infames,
que se vendem por meio saco de ouro.

Eu sou a Rainha de Castela!

Sua Rainha!

Ordeno que me levem
ante meu pai, o Rei!

Malditos sejam todos!

Malditos sejam todos!

Eu quero ver o meu pai!

Leve-me a ele!

Quero ver o meu pai!
Quero ver o meu pai!

Quero ver o meu pai!
Quero ver o meu pai!

A carta que nos leu
nos induziu ao erro.

Infelizmente, a realidade � diferente.

Juana est� alienada, senhores.

Seu comportamento n�o �
pr�prio uma Rainha.

Voc� deve p�r sua esposa onde
esteja bem servida e acompanhada,

como o seu estado e pessoa necessitam.

Minha inten��o tem sido
esta e nenhuma outra.

Quando a mantive longe do mundo.

Quero que me tragam o meu pai!

Levem-me a ele!

Eu os ordeno!

Levem-me ao meu pai!
Quero ver o meu pai!

Quero ver o meu pai!

Eu ordeno, levem-me ao meu pai!

Vai Reinar em Castela uma doente?

quando o seu marido est� bem s�o
e � capaz de governar estes Reinos?

-O que voc� sugere?
-O que muitos pensamos.

Que s� Felipe tem que ser jurado Rei.

Dona Juana � a Rainha Propriet�ria.

E at� hoje, n�o est� incapacitada.

-As Cortes resolver�o isso.
-N�o!

N�o ser� poss�vel
sem a aprova��o do Rei de Arag�o.

Irei a Valladolid sem a minha esposa.

Se isso significa que voc�
acudir� �s Cortes sem ela...

Por que n�o deveria?

Est� t�o cego que n�o v�
o mal sofrido por Dona Juana?

Eu a vi, senhor.
Vi uma filha que deseja

encontrar com seu pai,
mas seu marido a impede!

Meu genro quer p�-la contra mim!

Devo consentir?

N�o referendarei uma medida de tal
gravidade sem antes falar com ela.

Fale, ent�o!

Converse com minha esposa
o quanto achar oportuno.

Seu testemunho ir� endossar
a mais s�bia das decis�es.

Pai!

Pai! Eu quero ver voc�!

Sou a Rainha de Castela!

Voc�s n�o podem me fazer isso!
Voc�s n�o podem me fazer isso!

Eu quero ver o meu pai!

Eu quero ver o meu pai!

Por qu�?

Pai!

Por que n�o posso ver o meu pai?

Pai!

Pai!

Miser�vel! Miser�vel!

Traidor!

Pai... Pai!
Por que n�o posso ver o meu pai?

Voc�s viram o meu pai?

Sim, Alteza.

Ele envelheceu?

O tempo maltratou mais a outros.

A aus�ncia de sua m�e deu-lhe anos.

Ele foi remediado rapidamente,
como sabe.

Assim faria o meu marido,
ambos compartilham a mesma natureza.

Voc� tem uma longa vida pela frente.

Castela n�o deve ser privada de voc�
quando mais precisa de voc�!

O que eu poderia fazer
pelos meus Reinos?

Nos �ltimos dias,
tenho me perguntado muito.

E encontro sempre a mesma resposta.

Deus testou minha m�e,

despojando de seus herdeiros
que tanto amou.

Com que crueldade
eu desprezaria seu sacrif�cio,

se desse as costas ao meu destino?

Deseja, portanto, ser jurada
Rainha perante as Cortes?

Como foi a minha m�e.

N�s conversamos com
ela por horas, Senhor.

e nunca disse nada que fosse descabido.

N�o s� seria um erro
n�o lev�-la para Valladolid,

mas separ�-la de voc�
ainda seria melhor.

Contenha-se, Condest�vel.

Nada vai ser feito fora da justi�a.

Retirem-se.

Preciso ver o meu sogro o quanto antes.

Repito mais uma vez,

n�o sancionarei a incapacidade
da minha filha sem falar com ela.

Repita o quanto quiser.

Voc� n�o vai v�-la!

Voc� � flamenco, mas t�m a cabe�a
mais dura que uma pedra do C�ucaso.

Gostaria de lembrar
que voc� est� sozinho

e que obteve mais
que poderia prever.

Meu querido filho,

se seus partid�rios te apoiassem
como um s� homem,

voc� teria me deixado seguir
meu caminho sem exigir esta reuni�o.

Conforme-se com o acordo, como eu fa�o.

E j� que voc� fez circular
entre os castelhanos

a raz�o para a indisposi��o da sua
esposa, deixe-me dar um conselho:

Suporte o ci�me dela
como eu suportei o da minha,

pois logo se v� que s�o m�e e filha.

-N�o se parecem em nada.
-Fa�a isso.

Fa�a isso e Juana voltar� a si,
assim como sua m�e.

E ser� uma grande Rainha.

Mau press�gio.

Eu n�o me conformo.

Meus leais assinar�o o que este
canalha se recusa.

Pe�o-lhe, senhor,
n�o insista nesta via.

Corre o risco de dividir aqueles que
lhe d�o apoio. N�o pode permitir isso.

Muito menos agora,
com as Cortes convocadas.

Seja paciente.

Em Valladolid conseguir�
tudo que tem insistido obter.

Esta! Que a rasguem!
S� eu sou a herdeira!

Rasgue-o!

Nobres senhores de Castela,

Voc�s me conhecem e aceitam como
herdeira leg�tima da minha m�e,

A Rainha Isabel, nossa senhora?

Voc� � quem diz ser,

a verdadeira Rainha

e sucessora leg�tima e senhora natural
destes Reinos e Senhorios.

Assim confirmam as Cortes.

Ent�o, dever�o obedecer
a minha vontade.

V� a Toledo.

L�, dever�o jurar-me
como Rainha Propriet�ria.

Alteza, com o respeito que lhe devemos,

precisamos elaborar mais o assunto.

Minha senhora,

H� algo que eu quero lhe perguntar
perante as Cortes aqui reunidas.

Seu pai voltou para Arag�o.

Renunciando portanto, a governar
e administrar estes dom�nios.

Meu pai n�o estar� junto a mim?

N�o, senhora.

Ele prefere ocupar-se com
suas pr�prias obriga��es.

E voc�?

Est� disposta a governar
os seus Reinos?

Assim sendo, aceita que
seu esposo governe contigo?

Na verdade n�o me parece
honesto nem conveniente

que Castela seja governada
por m�os flamencas.

Tampouco � costume que a esposa
de um flamenco governe.

Eu preferiria que meu pai continuasse
em Castela at� que meu filho Carlos

tenha a idade como a minha m�e
ordenou em seu testamento!

Mas ele n�o quis, minha senhora.

Se voc� se recusa, quem deve
fazer � o seu marido.

Eu aceitarei com uma s� condi��o.

Que as Cortes me reconhe�am como
Rei Propriet�rio destes Reinos,

e nosso filho Carlos,
como sucessor leg�timo.

Assim deseja a Rainha.

Sendo assim,
se � a vontade de voc�s.

As Cortes proceder�o ao juramento.

Voc� conseguiu.

Voc� quem me concedeu.

Voc� e seu pai.

Sua ren�ncia, para ser exato.

Castela lhe custou caro,
para dizer a verdade.

Pouco importa agora.

Voc� se livrou dele.

E j� n�o precisa de mim.

Qual destino me aguarda?

O mesmo que em Flandres?

Voc� � minha esposa.

Como eu n�o precisaria
da m�e dos meus filhos?

Descanse estes dias.

Em breve vamos partir para Segovia.

Parem!

Senhora?

Senhora, o que voc� tem?

N�o vou entrar. N�o vou entrar ali.

-Ou�a, Alteza, temos que continuar.
-N�o, n�o, n�o.

Parece que sua esposa l�
seu pensamento.

Pouco lhe valer�.

N�o descer� do cavalo a noite toda.

A Rainha n�o faz mais
que dar argumentos

para que os seus temores
se tornem realidade.

S� se pode aprision�-la.

-Todos acabar�o sentindo pena de mim.
-N�o tenha d�vidas.

Especialmente agora que meu sogro
repudiou sua filha

ao ver uma centelha
de ouro no horizonte.

Os Marqueses de Moya decidiram me
entregar a fortaleza sem resist�ncia.

Excelente!

Voltemos � Corte amanh� mesmo.

Pensava em te sugerir...

O que acha de chegarmos
a Burgos e celebrar

a minha nomea��o como se merece?

Estamos falando de torneios,
banquetes...?

Ca�a e jogos de sol a sol.

O que espera?
Fa�a os preparativos.

Alteza!
Senhora, o seu esposo...

O que lhe ocorre?

Ele est� muito doente.

Ele teve febre ao acordar.

Ontem ele jogou pelota basca
com muita for�a por tr�s horas,

e em um lugar frio.

Ele n�o se preocupou em
secar o suor, pelo contr�rio,

Ele bebeu de maneira imoderada
para saciar a sede.

Vamos confiar no doutor De la Parra,

n�o h� outro mais instru�do
em todo o Reino.

A garganta est� t�o inflamada
que ele mal pode engolir a saliva.

-Ele � capaz de falar?
-Somente para queixar-se da febre.

Antes, se queixou de
uma dor aguda no lado

e cuspiu sangue!

Seja franco.

O que voc� pode fazer por ele?

Nada,

salvo abreviar sua vida.

Faz bem em rezar, Emin�ncia.

E n�o s� pela salva��o de Don Felipe.

O que ser� destes Reinos
se Sua Alteza falecer?

O Pr�ncipe Carlos ainda � muito novo.

Castela ficar� em m�os de uma louca?

Juana segue sendo
a Rainha Propriet�ria.

Quanto a sua loucura...

Duvido que a morte do seu marido
a remedie, senhor.

A Reg�ncia.

Seria a �nica solu��o.

N�o me surpreenderia
se o Sacro Imperador

reclamasse a Coroa
em nome do neto.

Maximiliano?

O que ele sabe dessas terras?

Menos que o seu filho,
com certeza.

E n�o seria o mais
d�cil dos soberanos.

Francamente,

h� apenas um poss�vel candidato:

o Rei de Arag�o.

Caro Condest�vel.

Don Fernando governou estes
Reinos por mais de 30 anos.

Conv�m deix�-lo descansar,
n�o acham?

O copeiro de Sua Alteza
tamb�m caiu doente.

Com sintomas id�nticos?

Voc� acha que lhe deram ervas?

Se negasse, mentiria.

De La Parra diz que n�o
v� nenhum sinal de veneno.

E os outros m�dicos tamb�m
n�o acharam suspeitas.

Mas existem,
e isso piora a situa��o.

Com a morte de Don Felipe,
Castela se encaminhar� a um desastre.

� preciso impedir o desgoverno
acima de tudo.

Urge que assuma o
cargo a pessoa certa!

E eu estou disposto a apont�-la.

Pois a v�s, Emin�ncia, sobra
prest�gio e autoridade

para administrar os Reinos.

Sua lealdade a Castela est� acima
de tudo, voc� j� demonstrou bem.

Ningu�m melhor que voc�
para govern�-la.

Por esta lealdade que voc�s me
atribuem, eu vou aceitar se for o caso.

N�o queira Deus!

Majestade.

Se a provid�ncia n�o o impedir,

s� resta um h�lito de vida
� Sua Alteza, Don Felipe.

Pe�o para que voc� esque�a as paix�es
dos grandes e venha governar

o Reino de Castela assim que poss�vel

porque ningu�m al�m de voc�,
depois de Deus,

ser� capaz de remediar
t�o grande infort�nio.

Enquanto isso, acalmarei estes Reinos
e os colocarei ao seu servi�o

como outrora, em tempos
mais pr�speros, voc� os tinha...

O Rei...

est� morto.

Chorem, mas sem exageros.

Os Doutores da Igreja

revelaram que a alma tarda mais
a sair do corpo do que pensamos.

O esp�rito do meu marido
ainda est� conosco.

Conv�m que escute coisas
do seu agrado.

Leve o seu cora��o para Flandres.

Que repouse com sua m�e.

Sua Alteza ordenou ser
enterrado em Granada.

Assim ser�.

Seu genro n�o � mais
um impedimento.

Voc� atender� � solicita��o Cisneros?

N�o. Sou esperado em N�poles.

Vou escrever assegurando-lhe
que voltarei logo que eu puder,

Enquanto isso,
ele dever� velar por Castela.

Poucos s�o os que hoje me
querem naqueles Reinos.

O tempo os tornar� uma legi�o.

Emin�ncia, n�o convocarei as Cortes,
n�o insista.

N�o insistirei.

N�o concordo com
quem as reivindica.

Por�m,

Como posso governar Castela se voc�
se recusa a assinar a minha nomea��o?

Meu pai far� isso quando voltar.

Enquanto isso, quem governa?
Quem decide? Quem administra?

Senhora, lhe sou t�o leal
quanto fui � sua m�e,

-mas voc� me p�e de m�os e p�s atados.
-Assinarei.

Vou assinar uma via, uma s�.

Nos prestar� um grande servi�o a
estes Reinos, e tamb�m a voc�.

Ordeno que as doa��es
feitas pelo meu marido

sem o meu conhecimento ou comando

sejam subtra�das e removidas
dos meus livros como inv�lidas,

revogadas e destru�das.

Ordeno a destitui��o dos membros
do Conselho Real nomeados por ele.

N�o deve sobrar nenhum.

Eles ser�o substitu�dos por aqueles que
o ocupavam no tempo do Rei e da Rainha.

Alteza,

Celebro a sua decis�o.

Mas temo que uma medida de tal
envergadura seja fonte de conflitos.

-Seria conveniente que...
-O resto, quando meu pai voltar.

Alteza.

Eu a chamei porque
quero que voc�

e o seu marido me
acompanhem esta noite.

Estamos ao seu servi�o, Sua Alteza.

Posso saber onde vamos,
para fazer os preparativos?

Vou ver o meu marido.

Abra o caix�o.

D� f� que este � o meu marido,
o seu Rei?

Sim senhora.

Ningu�m menos que Don Felipe.

Feche o caix�o e me d� a chave.

Partiremos para
Granada imediatamente.

Arranje tudo.

Nada al�m do funeral de seu marido
ocupou a mente da Rainha durante meses.

Em 14 de Janeiro a Infanta Catalina
nasceu em Torquemada.

Mas sua m�e se manteve alheia a tudo,

a ela, a voc�.

Para ser honesto,

eu acho que Juana refugiou-se
no culto ao corpo do seu pai

com um �nico prop�sito:
Se livrar da press�o de todos

para que tomasse decis�es.

Uma vez perdido o sol do esposo,

N�o � apropriado que vi�vas
viajem � luz solar.

Por isso eu decidi viajar � noite.

Agrade�o-lhe por seu sacrif�cio.

Vamos ter que encontrar
um lugar para ficar.

T�rtoles n�o pode acomodar duas Cortes.

O deixo em suas m�os, ent�o.

Os filhos devem sempre
obedecer seus pais.

S� lhe pe�o que eu possa celebrar
o funeral di�rio do meu marido.

Estou ciente de sua dor.

Soube que voc� manda
abrir o caix�o toda noite.

O Rei � o pai dos meus filhos,
Sua Majestade.

Velando os seus restos,
tamb�m velo por eles.

Eles s�o meus netos.

N�o permitirei que se fa�a
nada contra eles.

Sua Emin�ncia me disse que
voc� pretende viajar para Burgos.

Certo.

-Belmonte se nega a entregar o castelo.
-N�o me pe�a para acompanh�-lo.

Ali Deus me tirou meu amado.
Eu nunca voltarei a pisar naquelas ruas.

E agora, me perdoe.

Devo estar junto ao meu marido.

Me obedecer�,
mas n�o confia em mim.

Ela teme que eu prive
seu filho da heran�a.

A paix�o pode alterar seu humor,
mas nunca a privou da compreens�o.

Seu pai e seu av� compartilharam
o mesmo problema.

Eles precisavam da
sua m�e para governar,

e ao mesmo tempo era um inc�modo.

Quando foi imposta
em Castela La Vieja,

O Rei de Arag�o foi for�ado
a tomar uma decis�o final.

E ele tomou.

Os aposentadores da Coroa j�
arrumaram o Pal�cio de Tordesilhas.

L� voc� encontrar� o zelo
que a sua condi��o merece.

-E o meu marido?
-Ele a acompanhar�.

N�o se preocupe.

Eu fa�o isso pelo seu bem.

Para que no futuro
seus filhos t�o queridos

possam ser t�o bons Reis
quanto foram seus av�s.

Para ser um bom Rei,

n�o � necess�rio ser um mau pai.

Partamos.

-Seu pr�prio pai...
-Sim, ele o fez.

Mas quando ele se assegurou
em N�poles, dominou os grandes,

Tomou Navarra da Fran�a
e a incorporou a Castela.

N�o � pouco para
um Rei que envelhece.

Teria conseguido mais,
n�o fosse pela doen�a.

Pela obsess�o em procriar,
voc� quer dizer,

e pelas artes obscuras
desta francesa.

Rever�ncia.

Sua Majestade...

Rever�ncia.

Voc� vai governar Castela,

at� que meu neto Carlos chegue.

Voc� sempre acaba
impondo sua vontade.

Perdoe-me,

pois quis romper a
promessa que te fiz.

E Deus, com bom senso,

n�o permitiu isso.

Meu esposo, descanse.

Agora sim.

Sempre juntos.

Juana I de Castela
permaneceu trancada em

Tordesilhas por 46 anos.
Morreu em 1555.

O Cardeal Cisneros
exerceu a Reg�ncia at�

chegar Carlos I.
(Sacro Imperador Carlos V)

Entregou a ele um Estado
respeitado e forte,

que Carlos acabou
convertendo em Imp�rio.

Legendas: cardg