All language subtitles for La.Educacion.De.Las.Hadas.Spanish.XviD.MP3.DVDRip.By.FreAk.TEAmLa.Educacion.De.Las.Hadas.Spanish.XviD.MP3.DVDRip.By.FreAk.TEAm

A EDUCA��O DAS FADAS

Legendas da autoria de Zowie
(a partir do �udio e das legendas inglesas)

Ele tinha estado � conversa com
o gigante durante toda a noite.

Eles tinham dan�ado e conversado.

A fada inexperiente estava preocupada.
O seu noivo n�o era l� muito esperto.

Ent�o ela decidiu pedir
ajuda � fada velha,

mas ela demorou uma eternidade a chegar
porque conduzia

uma vassoura que
n�o funcionava l� muito bem.

Sabes o que fada velha fez?

-Como � que as fadas fodem?
-O qu�?

Elas fodem assim da mesma maneira que n�s?

Acabaram-se as hist�rias por hoje.

Tens de dormir.

A vida sexual das fadas
� muito complicada.

DOIS ANOS ANTES

Mam�.

Ontem vi um navio de
guerra americano.

Fui com o Av�.

Eles aterram l� avi�es como o meu

a mil quil�metros � hora.

N�o chateies as pessoas, Raul.

O comandante Tordesillas
e a sua tripula��o

D�o-lhes as boas-vindas a bordo
deste jacto McDonald's...

Desculpem-me....

...deste jacto McDonnell Douglas
da companhia Air Wing

com destino a Barcelona.

M�e, ela disse McDonald's!

Por raz�es de seguran�a

e para evitar interfer�ncias
com os instrumentos do avi�o...

Eu matei-o.

-Sr. Azpilicueta?
-Siga-me, por favor.

-Voc�s t�m carro?
-N�o, voc� tem?

Se ningu�m os espera ofere�o-me para os
levar. Seria um prazer. Por favor. Por aqui.

Voc� � um cantor?

N�o.

-Vamos, Mam�!
-Para onde vai o senhor?

N�o h� problema, eu tenho tempo.
Eles esperam por mim.

Directo para a sede, senhor?

Ou passamos primeiro no hotel?

N�o, leva-nos primeiro

� rua Ferran Agullo.

Sou eu, Azpilicueta.
Ningu�m me veio esperar!

N�o, nem pense nisso!

N�o se fala ao telefone a conduzir.
N�o comigo no carro,

e ainda pior com crian�as aqui.

Faz muito tempo que ficou...?

N�o tem de sentir pena de mim.
Est�vamos divorciados.

Ele mal o conhecia.
Estava sempre em servi�o.

Ele morreu por it�lia.

Ele morreu por nada.

Eu sou solteiro.

O teu pai tamb�m est� morto?

Sim, est� morto.

-Ele tamb�m era um piloto de guerra?
-N�o.

Ent�o o que era ele?

Era natural.

O que � um pai natural?

� um pai com um apelido
diferente do nosso.

e cujo trabalho � fazer filhos �s
mulheres que n�o querem maridos.

Como pais profissionais.

O que � que lhe est� a dizer?

A verdade.

Eles levam-te ao cinema,
a passear, a parques de divers�es...

Eles s�o mais divertidos.

Porque � que eu n�o tive um?

O que � que faz?

N�o, por favor, o que � faz voc�?

Sou uma ornit�loga.

Sabe como � que um pombo-correio
encontra o caminho para casa?

Ele reconhece os cheiros enquanto v�a

e segue-os na volta a casa,
na ordem inversa.

"O Mapa Olfactivo"

Eu demonstrei que
quando privados de olfacto

eles n�o encontram o caminho
de volta a casa.

E tu o que fazes?

Trabalho com jogos.

Fazes jogos?

Fazia.

J� ouviste falar do
"Espelho da Branca de Neve"?

"O Sorriso do Lobo"?

-"O Nosso Mundo"?
-Esse sim, tenho-o.

Esta manh�,
�s 10:50, exactamente,

apaixonei-me.

Por duas pessoas ao mesmo tempo.

Muito am�vel, obrigado.

Aqui est� o pombo correio.

Ele constipou-se na viagem?

Espero que n�o.
Mas com toda esta chuva,

o seu mapa olfactivo...

Aqui est� a mensagem.

"Desculpa n�o poder ir,
mas tu n�o existes.

Tu sa�ste enquanto o Raul
ainda dormia

e ele ent�o inventou a hist�ria
de que tu eras um duende

e que tinhas desaparecido.
Pela minha parte,

apesar de saber que �s real,
n�o te irei ver porque n�o o devo fazer.

Espero que compreendas."

Lamento que n�o tenhas conseguido vir.

Lamento mesmo.

Levantem-se os noivos.

Ingrid,

Aceitas de livre vontade
casar com Nicolas?

Sim, aceito.

Nicolas,

Aceitas de livre vontade

casar com Ingrid?

Sim, aceito.

S�o muito inteligentes.

Gostam de vinho branco.

Mas n�o se sabe se
associam ou comparam cores.

Os corvos sim, s�o geniais.

Ainda que tamb�m tenham
os seus problemas.

� isso!
Agora percebo!

N�o lhes serve para nada!

O qu�?

Uma garrafa de pl�stico, para os corvos.

Uma garrafa de qu�?

Eles reconhecem tudo:
a �rvore, o menino, as nozes...

100% de certeza.

Se lhes mostras uma foto duas
vezes, do que quer que seja,

eles d�o tr�s bicadas. Excepto
com a puta da garrafa de pl�stico.

E j� sei porqu�.

Porqu�?

Porque n�o lhes serve para nada.

Genial! Claro.
N�o lhes serve para nada. Genial.

O tractor tamb�m

n�o lhes serve para nada.

E?

Mas eles reconhecem-no,
merda.

Eu amo-te.

Eu tamb�m, mas isso n�o � explica��o.

N�o ser� por o tractor

-os incomodar?
-Claro!

SIM!

�s o amor da minha vida.
Mereces um pr�mio.

Ai sim?

Lamento muito, rapaz.

� do campo de golfe, sabes.

P�em veneno e os nossos
c�es comem-no.

Vivemos ao lado e n�o podemos
mudar a casa de s�tio.

E n�o podemos deixar de ter c�es...

AQUI TAMB�M JAZ O CAPIT�O
C. ROCCO DI CASTELGRANDE

Eu sei que o meu pai n�o est� a�.

Nem em Mil�o. Eles enterraram um
caix�o vazio com a bandeira italiana.

N�o adianta iludir.

Ele desintegrou-se.
� uma magia que os aviadores t�m.

Eles desaparecem
quando morrem no ar.

E aproveitam o v�o

-para ir directamente para o c�u.
-Eles v�o no avi�o?

Bom, isso n�o se sabe com certeza.

H� muitas opini�es.

O teu, pelo menos, vai ter o seu tabaco
favorito e um c�o para cuidar dele.

J� � alguma coisa.

J� reflecti e
decidi que n�o.

N�o queres que eu
te adopte?

Pladevall � um nome muito foleiro para
um mi�do. Prefiro Rocco di Castelgrande.

Ai sim? E porqu�?

Porque ningu�m o consegue pronunciar.
Tenho que lhes explicar que � italiano

e que serve para ser visconde,
como o meu av�.

O teu pai era visconde ou
era apenas natural?

N�o, n�o era visconde.

Tenho o apelido da minha m�e.

Lembra-te que os pais naturais
n�o d�o o apelido.

Pois, e eu quero que tu tamb�m
sejas natural.

Certo, parece-me bem.

De qualquer modo gostava
que ficasses com os documentos,

porque pode ser que daqui a uns anos,
antes de te divorciares,

ou de seres visconde, ou natural,
ou o que decidas fazer,

podes mudar de ideias e
querer que eu te adopte.

N�o me parece, mas est� bem.

� que "Pladevall"...

Das coisas que me ensinaste,
qual � a mais importante?

Andar de bicicleta ou
ouvir as �rvores?

Bom, podes fazer as duas coisas.
N�o tens que escolher uma.

As corujas de chocadeira aprendem a
cantar como os p�ssaros que cuidem delas

-E?
-N�o sei.

Mas a mam� diz que n�o a deixam prov�-lo

e est� danada com isso.

A Ingrid n�o � fant�stica?

Assassino! Ogre!

Que se passa, est�s doido?

� um comedor de fadas.

� um apanhador de cogumelos,
n�o me lixes.

Tu disseste-me que os bruxos se
disfar�am de apanhadores de cogumelos.

Que comem fadas nas tortillas
e que ficam com os poderes delas.

Bom, sim, disse-te, mas n�o
s�o todos. Apenas alguns.

E como � que eu os distingo,
� esperto?

Quando fores maior eu ensino-te
a reconhecer os bruxos.

-E as fadas?
-E as fadas tamb�m.

V�s?

Este castanheiro estava para cair
e os gigantes endireitaram-no.

Cara�as!

As �rvores endireitadas pelos gigantes
s�o as que fazem mais prod�gios

porque absorvem a for�a deles.

Se te abra�ares a elas com for�a

podes pedir-lhes o que quiseres.

O que quer que seja.

Este era o nosso esconderijo.

Era pro�bido trazer aqui
raparigas e adultos.

S� podiam entrar os extraterrestres.

Aqueles da televis�o, os que
tinham o dedo mindinho espetado.

Quer�amos ser amigos deles para nos
livrarem dos que nos obrigavam a estudar

a lavar as m�os,
coisas assim.

Nico,

posso chamar-te pap� �
frente dos meus amigos?

Est� bem. Mas s� nos dias pares.

A s�rio que os p�ssaros acreditam
que isto � uma coruja?

Sim, claro que acreditam.

S�o tolos.

N�o, reparam apenas na silhueta.

Observa.

Quando isto voa assim,

os p�ssaros no ch�o pensam
que � um falc�o,

e escondem-se.

Mas, se voar ao contr�rio,

pensam que � um ganso,
com o pesco�o comprido

e ficam t�o tranquilos.

Desculpe,

N�o queria interromper,
mas preciso de ajuda.

Preciso de saber se o meu mapa olfactivo
passa por aqui, ou por aqui.

Porque estou perdido.

DOIS ANOS DEPOIS

Ressonas.

Ressonas imenso. � horr�vel.

N�o pode ser, nunca ressonei.

Juro-te, � insuport�vel.

� melhor dormires no teu est�dio.

N�o digas tolices.

Est�s no gozo...

Queres ouvir o ressonar

que tanto te incomoda?

Vou fazer 40 anos.

� uma triste not�cia, mas
neste momento mais pareces

uma miudita mimada.

N�o, n�o � isso.

Adoro que tenhas vontade
de dormir comigo

mas n�o quero que um dia...

Foi muito bom, intenso,
muito apaixonante...

Prefiro parar agora, enquanto
todas as recorda��es s�o boas.

Porque � que tenho de ouvir estas
tolices? De que � que falas?

Porqu� parar agora?
Estamos na melhor altura.

Aproveitamos mais que nunca.

Eu casei-me com amor para toda a vida.

Nicolas,

N�s vamo-nos separar.

Bem...

Vou ao supermercado.
Precisas de alguma coisa?

Nada. N�o � preciso nada.
Temos de tudo.

-Vai pagar com qu�, o senhor?
-O qu�?

Dinheiro ou cart�o?

Pe�o desculpa.

Podes vir um bocadinho aqui
quando terminares o turno, linda?

N�o, n�o posso.

N�o sabes o que perdes.

Paci�ncia.
Posso continuar o trabalho?

O que est�s a fazer
� uma infrac��o grave.

As conversas privadas

no trabalho s�o pro�bidas,

mas por ti fa�o vista grossa.

V�s como sou bonzinho?

D�s-me uma tes�o que valha-me deus...

Tu � que me d�s tes�o.

Existe outro homem?

Al�m disso, n�o podes tomar
decis�es por n�s dois.

Tem de existir outro homem.

E se existe, est� � vontade com ele.
N�o me ralo. E se ralar, que me foda.

Mas n�o quero que nos separemos..

Temos que dizer ao Raul.

Mas n�o te preocupes, posso dizer eu.
Eu verei como o fazer.

N�o, com o Raul falo eu.
Por favor.

O meu amigo Narcis Mompo

diz que na guerra s�o mais

importantes os jornalistas
que os pilotos

porque morrem mais

e toda a gente sabe o que se passa

devido a eles.

O pai dele � jornalista, sabes.

Pergunta ao teu se quer um
bocado de salsich�o.

N�o, disse que n�o.

Hoje bombardeou o inferno e
matou um mont�o de diabos.

Parece-me que merece uma
condecora��o.

Deixa-me ver.

Pelos poderes de que fui
investido, declaro-te

Cavaleiro do Ar.

Toma, p�e tu esta tamb�m.

Eu?

Pelos poderes coisos eu declaro-te
Cavaleiro dos Pais Naturais.

Vai lavar as m�os.

-Como correu Barcelona?
-Bem. Cansativo.

Todo o dia de um lado para o outro.

N�o digas nada ao Raul.

-Vamos esperar um pouco.
-Porqu�?

Porque sim.

Mudaste de ideias?

N�o.

N�o sei o que quero.

Quando vais saber?
preciso de saber aproximadamente

o dia, a hora, o segundo...

Eu amo-te.

Est�s a brincar comigo.

� isso que me dizes,
deixas-me porque me amas?

Eu tamb�m me magoo a mim mesma.

Porque � que o pap� n�o dorme
contigo? Est�s chateada

-com ele?
-N�o, porqu�?

Ele ressona, apenas isso.

Eu tamb�m ressono.
Nesta casa os homens ressonam.

Gostamos.

Ressona tu tamb�m.

Que quer dizer...

"Enfrentar o mundo com ambi��o,

objectivos claros
e n�o fugir dos conflitos."

Como?

Que quer dizer isso?

Quem te disse semelhante coisa?

O pai do Narcis Mompo escreveu isso num
cartaz e colocou-o no quarto do Narcis.

Nessa casa s�o todos uns imbecis...

-E dizem que as fadas n�o existem.
-E uns irrespons�veis.

Como � que as fadas n�o existem?

Para come�ar,
De que fadas estavam a falar?

De quais?

Das gordas, desajeitadas,
com a varinha m�gica

que transformam ab�boras
em carruagens?

Claro que essas j� n�o existem.
Mas e as outras?

Que se levantam todos os dias para
ir ao mercado, trabalhar ou estudar?

Que seria dos homens na terra
se n�o existissem fadas?

As fadas est�o em todo o lado, mas
escondem-se, com medo dos Mompo

e dos outros que s�o como
os Mompo.

-Mas o Narcis...
-O teu amigo Narcis

pode ser um g�nio no Nintendo,
mas � um ser absurdo.

"Com objectivos claros"

e decis�o e que mais?

"N�o fugir dos conflitos."

Ah, claro, isso mesmo.
Isso eu gostaria de ver.

Acho que j� chega.

Temos de encontrar uma
fada o quanto antes, pap�.

Para acabar com as d�vidas.

Monica Sanchez.

Entra.

Aproxima-te.

Acabo de saber que estranhas que o
teu rapaz n�o te queira ver.

Que podemos fazer?
� a vida.

ele est� bem,
se � isso que te preocupa.

At� digo que tem sa�de de sobra.
Entendes o que quero dizer?

Ele j� est� a arranjar outra coisita.

L� vontade n�o lhe falta.

Mas pediu para ver outra.
Foi claro nisso.

Bom dia.

Bons dias.

-Faz colec��o?
-Como?

As sapatilhas.
A semana passada levou tr�s pares.

Parece que � boa em fisionomias.

Bom, reconhe�o as pessoas quando
as compras n�o s�o comuns.

Coisas estranhas, n�o �??

Muito estranhas.

S�o de um homem solit�rio

e estranho.

Solit�rio e estranho.

H� uma explica��o.

N�o confio nos tapetes de banheira,

por isso uso sapatilhas no
duche para n�o escorregar.

Mas elas apodrecem.

Ao terceiro dia apodrecem.
� por isso.

Tem raz�o, Sr. Pladevall.

Como sabe o meu nome?
Ah, viu no meu cart�o.

Ser empregada de caixa n�o
estimula nuito intelectualmente.

Ent�o memorizo nomes de clientes
e at� o n�mero de produtos.

O seu � muito curioso.

O meu nome � iraquiano, Sezar.

Mas enganaram-se a escrev�-lo.

� um bocado estranho para mulher.

N�o pense isso, �...

contundente.

Olha o Nicolas Pladevall!
Sou o Pere Mompo.

O filho do Nicolas e o meu
s�o bons amigos.

E bom jeito d� ao teu filho
ter por perto algu�m como o Narcis.

Para o espevitar.

Ouve, quando v�m l� a casa jantar

a tua mulher e tu?

Devias livrar-te dessa mota.

Cada dia que passa vai avariar mais.

Sorte tua eu ainda estar ali,
� m�o de semear.

� o carro da minha mulher.

Saiu sozinha, com as amigas.

Hoje, por exemplo foram a Barcelona,
ao teatro.

Diverte-as, diz ela.

Parece-me muito bem.

Muito obrigado por me levar a casa.

J� n�o estava l� mais ningu�m.

N�o, querida, n�o. Obrigado tu.

Gosto muito que por fim tenhas decidido

juntar-te � equipa.

Deixe-se de coisas, n�o h� equipa.

A minha mota avariou
e ponto final.

Que faz?

Calma, estudante,
que eu n�o sou um ogre.

Queres voltar atr�s e eu
ponho a mota a andar?

A mota est� mais saud�vel
que os meus colh�es.

Vais-me enganar, estudante?

Vais-me enganar, tu?

Eu n�o passei do bacharelato,

mourazita, mas tenho intui��o.

E sabes o que isso quer dizer?

Que sei que queres truca-truca

tens a rata aos saltos e inventaste
isso da mota

para saberes porque � que todas as
gajas se derretem nas minhas m�os.

Leve-me imediatamente a casa.

N�o me fodas.

N�o podes ir embora numa altura destas.

N�o seria justo, caralho.

Gostas que te foda � bruta?

Onde queres que ta meta,
filha da puta?

Porque me obrigas a fazer isto?

Porra! Porra!

Porque � que eu tenho de for�ar?

Tenho uma mulher, uma filha.

Olha, olha como est� teso.

Olha que alegria,
v� o que tens aqui.

Eles s�o est�pidos ou qu�?

Eu mato-os.

Queres ver como eu os mato?

Parem! Este gajo � maluco.

Anda c�.

-Que est�s a fazer?
-N�o tens vergonha?

-Vergonha de qu�?
-De seres t�o puta!

Ias fod�-lo.

Ias foder o teu patr�o,
puta de merda?

N�o � verdade!

N�o v�s que assim a matas?

Isto � da parte do Kateb.

Iam matar-me por causa do
asqueroso do Kateb?

SEIS MESES ANTES

POSSO?

Boas not�cias?

Boas esperan�as.

De onde �s?

Sou argelina.

Eu sou do mundo.

De todas as cidades onde haja
dinheiro para mim. E raparigas.

Raparigas como tu.

At� um pouco menos bonitas que tu.

Que fazes em Espanha?

Vou para Paris.

Estou de passagem, por um tempo.
Os meus av�s eram republicanos.

Aqui n�o h� republicanos.
H� o Rei.

Mas j� houve antes.

Sabes muito.

�s esperta.

Gostas de me ouvir cantar?

Tr�s meses...

quatro meses, quando muito.

Sabes que n�o posso ficar mais tempo.

Vais ficar

o tempo

que eu disser.

-Pol�cia!
-Que se passa?

Kateb!

=SEIS MESES DEPOIS=
E n�o se ria.

=SEIS MESES DEPOIS=
O riso, os espirros, tossir,

levantar pesos, correr

� o pior que pode haver
para as costelas partidas.

E voc� tem tr�s partidas.

Mas se conseguir evitar rir
espirrar e essas coisas todas,

elas saram sozinhas.
Qual � a sua profiss�o?

Empregada de caixa.

Ent�o n�o h� perigo.

N�o me rio muito por l�,

mas tenho de passar pelo
leitor de c�digo de barras

umas caixas de �gua mineral
que pesam imenso.

N�o tinha pensado nisso.

Bom, n�o se preocupe.

Eu passo-lhe uma baixa e envio-a
por fax para o seu emprego.

Muito obrigada.

Vive sozinha?

O meu companheiro est� em viagem.

Bom, e eu tamb�m vou embora.

Ou quer dizer-me alguma coisa?

Que lhe aconteceu realmente?

Ca� numa escada, j� lhe disse.

Aconselho-a a deixar-se de
brincadeiras

e a apresentar uma queixa.

Muito obrigada pelo conselho.

Se surgir algum problema ou
caso haja alguma novidade...

Por favor envie a baixa ao
senhor Matarredona,

Sub-chefe de log�stica.

Assim farei.

-Est�?
-Franz?

� o Nicolas, marido da Ingrid.

Nicolas Pladevall,
o homem dos jogos!

Ajudas-me a preparar uma festa
surpresa para os anos da Ingrid?

Luisa, o que � que faz aqui?

Como o que fa�o?
Vou tratar da tua festa, servir.

Que se passa?

N�o estava � espera.

-Queres ajuda?
-N�o, deixa.

Faz companhia aos teus amigos.

Foi boa ideia convid�-los?

Foi uma excelente ideia.

A desta noite n�o � uma hist�ria de
fadas, est� a acontecer de verdade.

Apaixonei-me por ti e pela tua m�e
naquele dia no avi�o, e isso nunca mudar�,

mesmo que a Ingrid conhe�a
algu�m, e deixe de me ligar

mesmo que tu passes o tempo todo
com o Narcis Mompo,

e n�o te interesses pelos
meus contos de fadas.

Serei sempre o teu pai n� 2,

mesmo que a tua m�e encontre um n� 3.

Al�m disso iremos ver-nos
sempre que te apete�a,

sempre que queiras que eu
continue a ser...

o teu pai natural.

-Vais ao supermercado?
-Como adivinhaste?

N�o sei... Sempre que est�s com
essa cara vais ao supermercado

Preferes que fique?

Traz vinagre de framboesa
para cozinhar a carne.

� a mulher da minha vida,
senhora dos p�ssaros.

O qu�?

Se n�o houver de framboesa,

traz o de sidra, tamb�m d�.

Tens a certeza que queres que v�?

Queres um bocado de tarte?
Parece estar boa.

Muita gordura.

N�s crian�as comemos para crescer,
n�o para engordar que nem porcos.

V�, vamos come�ar a hist�ria.

-Ligas o mata-mosquitos?
-Sim, claro.

Bem...

Era uma vez, no mar

na zona da C�rsega, uma fam�lia
de golfinhos chamados Alcaraz...

Como o farmac�utico?

Sim. Bom, n�o se sabe.

Na verdade os golfinhos usam
nomes dos barcos que v�em passar.

Incomoda-te que eu fale
enquanto l�s?

N�o, n�o h� problema.

Bom, era uma vez a senhora Alcaraz,

o senhor Alcaraz e o Alcaraz J�nior.

A senhora Alcaraz disse ao marido,

"Querido, n�s golfinhos n�o
dormimos todos ao mesmo tempo.

Algu�m tem de ficar de guarda. � preciso
mais algu�m na fam�lia. Outro pai...

Eu j� estou grande.
Como � que as reconhecemos?

A quem?

�s fadas.
Como � que as reconhecemos?

Depende.

-Depende de qu�?
-Da pessoa.

Todas as raparigas que
conhe�as podem ser fadas.

Como posso saber se s�o ou n�o?

Tenho de pedir 3 desejos para
saber se funciona?

Por exemplo.

Mas se n�o funcionar vou parecer um
mongol�ide. (gilipollas=sem tradu��o)

Pareces um mongol�ide � quando
repetes as asneiras que diz

o Narcis.

A partir de que idade
podem as raparigas,

-ser fadas?
-Dezoito, vinte...

Conheceste muitas?

Bom, n�o sei.

Elas tamb�m n�o andam por a�
a dizer "Sou uma fada, sou uma fada"

Porque n�o?

-Tem algum mal nisso?
-N�o.

Muitas raparigas s�o fadas
mas n�o sabem que s�o.

Na verdade todas passam muito
tempo sem saber isso.

� um trabalho dif�cil.

Quando acabam um, esquecem tudo.

Ficam com amn�sia.

Ent�o para que comecem outro
temos de ajud�-las,

fazendo-lhes perguntas.

Coisas como as

que te perguntam na escola.
A isso chama-se "Educar as fadas".

Educar as fadas?

Sim, claro. Quanto mais
aprenderem melhor.

Assim lembram-se do que
t�m para fazer.

Bom, deixa, n�o te incomodes.

E continua a ser v�lido
aquilo de abra�ar uma �rvore

para entrar em contacto com elas?

Sim, sim, claro.
Isso � fundamental.

Mas como as reconhecer?

Pelas cicatrizes.

Que cicatrizes?

As da cara.

T�m que pensar muito para
sairem da amn�sia, concentrar-se.

E para isso co�am as bochechas

tanto, tanto, que fazem feridas.

S�o mongol�ides.

Raul, o que � que j� te disse?

Desculpa, desculpa.
Digamos que s�o...

Por exemplo, eu podia ser amigo
de uma fada e pedir-lhe uma coisa?

Sim, claro que sim.

-E que gostavas de pedir a uma fada?
-Isso n�o te diz respeito.

Assim um dia, o pai Alcaraz
disse ao seu filho,

"J� est�.

A tua m�e conheceu outro golfinho,

mas vai ser fant�stico

porque vais ter outro pap� e
assim estar� algu�m sempre contigo

quando o outro estiver a
dormir com a mam�."

E o Alcaraz Junior ent�o...

N�o v�s que estou a dormir?

Para ti. Parab�ns.

Parab�ns, Ingrid.

Toma, muitos parab�ns.

Falaste com ele?

N�o.

S� preparei o terreno.

Um dia explico-te tudo.

Agora n�o posso.

N�o aguento mais!

Esta festa,

todas as pessoas...

At� amanh�.

Queres?

N�o, obrigado.
Tenho sono, vou dormir.

Podias fazer-me companhia.
Vamos embora amanh�.

N�o posso, a s�rio, tenho sono.

-Boa noite.
-Boa noite.

Existe outra mulher
na minha vida.

Como n�o fazias perguntas
pensei que n�o suspeitavas,

mas desde quando sabes?

Desde o meu ressonar?

Conhecemo-nos no funeral do meu pai.

Tinha sido a �ltima companheira dele.

Desde que sa�mos do cemit�rio
n�o nos volt�mos a separar.

Engravidou de seguida.

Mas aos seis meses perdeu o b�b�
num acidente de autocarro.

Porque n�o me tinhas contado?

N�o achei necess�rio pois nunca
deixei de te amar.

Ela � para mim uma
recorda��o muito boa,

nada mais.

Nicolas, pensas que nos
separ�mos por causa dela?

N�o sei, mas se quiseres
posso deix�-la.

Eu n�o te pe�o nada, porra.

Eu n�o sou a tua pris�o,
n�o sou uma obriga��o tua.

N�o sou uma desculpa.
N�o dependo de ti, nem o Raul.

S� quero que voes, que sejas livre.

Livre?

Eu tamb�m quero ser para ti uma...

"recorda��o muito boa".

Confia em mim, por favor.

D�-me outra oportunidade.
Esquece a Beatriz. Esquece o futuro.

Acontecer� o que tiver de acontecer,
mas no tempo certo.

Agora por favor perdoa-me.

P�ra! N�o tenho nada a perdoar.
E n�o penses que agora estamos bem.

Que queres ent�o?
Magoar-me?

Ent�o e eu?

Sou de madeira?
N�o me d�i nada?

Como disseste que ela
se chamava?

Beatriz.

Vem.

Bom dia.

Bom apetite.

Nicolas, obrigado por esta noite.

A tua hist�ria com a Beatriz,
seja mentira de amor ou verdade,

� a hist�ria mais bonita que
me podias ter oferecido.

J� sei que o Raul te levou esta
manh� os papeis da adop��o.

Ver�s que os assinei.

Obrigado de novo por trazeres
os meus amigos ao meu anivers�rio.

V�s, sacrificas-te para me
fazer uma surpresa

e fazer-me feliz e eu...

Embora n�o pare�a,
amo-vos, ao Raul e a ti.

Tr�s costelas partidas.

N�o sei de nada.
Falta injustificada.

O m�dico enviou a baixa por fax e
voltei dois dias antes do tempo.

� a primeira vez que ou�o.
N�o recebi baixa nenhuma.

Por isso p�e-te a andar.

Voc� sabe o que me aconteceu!

Eu sei o qu�?

Voc� desconhece muitas coisas
do mundo do trabalho, estudante.

Por exemplo,
o seguro de trabalho

n�o cobre costelas partidas.

Para que saiba.

E estou a dizer com
8 dias de anteced�ncia.

Estou a ser demasiado generoso.

Aqui n�o.
Na caixa r�pida.

A vossa aten��o, por favor.

Acuso o respons�vel adjunto,
de log�stica, sr. Matarredona,

o qual podem ver na caixa 6,

de tentativa de viola��o,

recusa de assist�ncia e
fuga de cena de crime.

Se algum pol�cia estiver a ouvir,
estou disposta a apresentar queixa.

Muito obrigado.

A que horas sai?

Agora mesmo.

Que carro bonito.

Que � isto?

� para n�o o riscarem.

Mudam de ideias se virem
que algu�m se antecipou.

Comprou em segunda m�o?

Quase, quase.

Dia 13 de Abril de 1978,

�s 6:30 da tarde, mais ou menos,

O meu pai obrigou-me a compr�-lo.

Deu-me 100,000 pesetas
e disse, "Passa-me um cheque".

"De quanto?"
"de 100,000 pesetas."

Como iam apreender-lho,
preferiu vend�-lo a mim.

Essa foi a �ltima vez que o vi.

Dois dias depois atirou-se do
5� andar onde vivia

ao mesmo tempo que o porteiro
e a pol�cia batiam � porta.

Deixou um bilhete preso
com um iman no frigor�fico.

Dizia que o g�s n�o funcionava.

O que � que ele fazia?

Quando perguntava isso �
minha m�e ela dizia "ele joga".

Que maravilha, pensava eu.

Que emprego bom.

Mas ela n�o achava tanta gra�a,
porque se meteu num avi�o

e fomos viver para a Argentina.

Um ano depois ela desapareceu.

Fugiu com um cirurgi�o
pl�stico brasileiro.

A minha ama e eu fic�mos em Buenos
Aires at� que os meus av�s daqui

faleceram e eu herdei a casa deles.

Voc� tamb�m joga?

Fa�o jogar os outros.

Invento jogos.

Tenho uma mulher que amo
muito e que vai deixar-me,

E um filho, do seu primeiro casamento

que tamb�m amo muito e n�o
consigo dizer-lhe que a m�e vai embora.

Ao mesmo tempo inventei
que eu � que tinha outra.

� uma hist�ria verdadeira,
mas terminou h� j� 15 anos

quando ela morreu...

gr�vida do nosso filho.

E com isto aqui estamos hoje.

Eu tamb�m tenho uma bela
hist�ria, n�o pense que me ganha.

Nasci na Arg�lia,

Iniciei a minha tese de
doutoramento sobre Andre Gide

e espero uma bolsa da
Sorbonne para a terminar em Paris.

Entretanto vim para Espanha,
os meus av�s eram republicanos.

Comecei a trabalhar como caixa para
ajudar o meu companheiro que est�

preso e ama outra mulher.

E acabo de perder o emprego.

E com isto aqui estamos hoje.

-J� est�s com outro gajo?
-Esta gajo � pol�cia, cabr�o.

Se n�o deixam de me lixar
v�o acabar como o Kateb.

Assim v�em como ele fode
outra enquanto eu tomo conta

da merda do lagarto dele!

Cabr�es, cabr�es, cabr�es...

Nem tive tempo de perguntar
se queria que me metesse.

Fez muito bem em ficar quieto.

Estes tipos �s vezes
s�o bons mas outras nem por isso,

dependendo do que andam a tramar.

De onde os conhece?

O meu namorado est�
preso por culpa deles.

Eles sentem-se em d�vida
com ele e por isso vigiam-me.

At� me ofereceram uma mota roubada

para ir trabalhar e n�o
me misturar com homens

no autocarro.

Pensar que vim para a
Europa para isto...

Onde quer ir?

Onde voc� queira.

H� 5 minutos tinha pensado
num s�tio, mas agora,

N�o sei...

Se calhar ainda ia pensar que
se tratava de uma armadilha.

Numa altura destas j�
n�o penso em nada de nada.

Au seu futuro, Sezar.

Futuro?

D�i-lhe alguma coisa?

N�o � nada.
J� passa.

-O que tem a�?
-N�o sei.

Tr�s costelas partidas.
Mas estou habituada.

Que foi, um acidente de trabalho?

N�o me fa�a rir.

Proibiram-mo.

Ajuda-me mais se me entristecer.

Que s�o essas cicatrizes?

Uma recorda��o do gajo
que me violou na minha aldeia.

"Assim vais usar um
v�u, puta de merda" disse.

Que coisa horr�vel.

Bom.

Fez-me bem cont�-lo.

N�o se incomoda que
o tenha feito, pois n�o?

N�o, claro que n�o.

N�o!

Sezar!

Sezar!

Sezar!

Merda.

Merda.

Merda.

Boa fada,

n�o me importa
se �s velha ou nova,

a que tenha menos
trabalho e esteja mais perto,

faz os meus pais
entenderem-se.

qualquer que seja o problema, resolve-o.

Se eu tiver de parar de ressonar,

deixo de ressonar.

Sen�o vamos sofrer muito, todos.

N�o me ignores nem
te fa�as de distra�da.

J� sabes que n�o se
deve fugir dos conflitos.

Reconheci-te logo.

-Tens a marca.
-A marca?

A marca das fadas.
De tanto te co�ares.

N�o te lembras porque
tens... amne... asenica...

menesica...

Amn�sia?

Isso.
Perdeste a mem�ria.

Perdeste a mem�ria, n�o?

Sim, suponho que perdi.

-� normal.
-Normal?

Olha, tu �s uma fada,
mas como n�o te lembras,

tenho de te educar.

Come�o por te ensinar coisas.

Eu sou o Raul Rocco di Castelgrande

e quando crescer vou ser

visconde.

Foi o meu pai que me disse das fadas.
N�o o do apelido, que est� morto,

Mas sim o meu pai verdadeiro.

Ele inventa jogos e o Pai Natal

� cliente dele.

Queres saber uma coisa?

O Pai Natal n�o existe.

� o menino Jesus disfar�ado
que traz os presentes

aos que n�o acreditam nele.

Repete o que te disse.

Espera, tenho a boca seca.

Repito um bocadinho
para veres que estou a perceber.

O teu pai verdadeiro

faz jogos e n�o est� morto.

O menino Jesus disfar�a-se

e tu vais ser visconde.

de Rocco di Castelgrande.

E como � que o teu pai
sabe acerca das fadas?

Porque s�o elas que lhe d�o
as ideias para os jogos.

Bom, eu vou educar-te.

Como?

N�o fa�o ideia.

Sabes fazer contas?

Mais ou menos.
Como se chama o teu pai?

Nicolas Pladevall.

� um tipo estupendo,
com cabelo castanho...

Mas agora est� muito mal porque

a mam� j� n�o o ama.

E tu porque � que pensas
que eu sou uma fada?

Pela marca de pensar
e porque te chamei.

-Chamaste-me?
-Rezando,

abra�ado �s �rvores, pela Internet...

O teu pai contou-te
sobre as marcas?

Tinha-te reconhecido na mesma.

Porqu�?

Porque �s como as

outras mulheres,
mas n�o �s como as outras mulheres.

N�o?
E que tenho de especial?

Nada. Mas �s simp�tica,

n�o trazes saltos-altos e �s

magrinha para n�o seres vista.

O que tens de fazer agora
� conceder 3 desejos.

-E porqu� 3?
-Porque sim, porra.

Sa�ste-me c� uma perguntadora.

Faz o que eu te disser
e ver�s que voltas a ser m�gica.

Vens aqui muitas vezes?

Quando me sinto lixado.

E quando tenho alguma
coisa para pedir.

Fa�o truques de magia,

jogo aos berlindes, abra�o
castanheiros gigantes, coisas assim.

Est�s a aprender?

-Acho que sim.
-�ptimo.

-7 + 5?
-12.

-Mas tenho de ir.
-Nem pensar.

-Tens de ficar aqui escondida.
-Porqu�?

Porque ainda n�o te devolvi
nem metade dos teus poderes.

E h� bruxos que comem
as fadas nas tortillas.

Bruxos? E Tortilla?

N�o fales nisso, nem
imaginas a fome que tenho.

N�o h� problema,
eu trato disso.

Mas n�o saias daqui, t�?
Prometes?

Prometes ou n�o prometes?

-Prometo.
-Cuidado, fada!

Muito cuidado, porque se
n�o cumprires as tuas promessas,

deixas de existir.

E quanto tempo tenho de
ficar aqui escondida??

O tempo que for preciso para
me concederes os desejos.

Bom, e quais s�o? Temos de
resolver isso o quanto antes.

Um: Crescer.

Pelo menos at� 1 metro e 28,
como o Narcis.

Dois: Que a mam� volte a

gostar do pap� como antes. E Tr�s:
que o pap� conhe�a outra mulher.

Como "conhe�a outra mulher"?

Para que fiquem empatados.

A mam� continua com
o tipo que ela conheceu,

e o pap� tem outra para ele.
Sen�o a coisa n�o funciona.

A m�e do Narcis obrigou o pai
a deixar a outra mulher

e desde ent�o passam
o dia em guerra. Entendes?

E tenho de conceder os
3 desejos duma s� vez?

N�o, n�o � preciso.
A ordem

n�o importa.

-Mas n�o demores muito, ok?
-Ok.

Se quiseres podes ser
tu a outra mulher do pap�.

Por mim tudo bem,
como eu j� te conhe�o...

Bom, terei de pensar nisso.

N�o te v�s embora, ok?
Volto dentro de uma hora

e meia.
Gostas de perna de borrego?

Um beijo.

Deves ter ouvido tudo, n�o?

Lamento, Sezar.

Porqu�? Devias estar orgulhoso.
Tens um filho fant�stico.

N�o, por causa do
que aconteceu antes.

O que � que aconteceu antes?

Esqueces que tenho amn�sia?

Claro. Por isso nos escondemos.

Evidentemente.

Juro-te, n�o o queria, juro.

A culpa foi minha.
N�o penses mais nisso.

O meu medo n�o tem nada a ver contigo.

Achas que consegues andar
at� ao cruzamento dos 4 carvalhos?

Estou bem, mas n�o penso sair daqui.

Mas tens de fazer uma radiografia.
Partiste a cabe�a.

Bem,

na universidade de Argel,
a pol�cia partiu-ma umas 500 vezes.

Fica tranquilo.

Fico tranquilo quando
te fizerem um raio-X.

N�o pude chamar uma ambul�ncia,
n�o encontro o meu telefone.

Tenho-o eu, desculpa.

Mas n�o vou a lado nenhum.

N�o como nada desde manh�

e a perna de borrego
parece-me a melhor

-ideia do mundo.
-Tem calma, vou-te dar de comer

mas primeiro quero que
te fa�am um raio-X.

Que dir� o Raul?

Quando vier com o borrego pensa
que os bruxos fizeram de mim tortilla.

Isto � um servi�o de emerg�ncia,
n�o � um restaurante

Voltem a ligar quando
resolverem isso da ementa.

Falso alarme, obrigado.

Se queres tratar de algo urgente,

vai dar de comer ao camale�o do Kateb.

Ao qu�?

Um camale�o que o Kateb tem.
J� vais ver.

O que pensas fazer com o Raul?

Conceder-lhe os tr�s desejos.

Que havia de ser?

As fadas tamb�m t�m menstrua��o?

Suponho que sim.
Ainda n�o me lembro de tudo.

A tua � a vermelha ou
a azul dos an�ncios?

Hum, n�o me lembro.

Podes estar a piorar...
Quanto s�o 8 + 4?

Doze?

Est�s a melhorar.
Que queres para pequeno-almo�o?

Croissants,

ovos mexidos,

ch� chin�s,

bolos e sumo de papaia.

Hey, a fada aqui �s tu...

Estava a brincar.

"A alegria � mais escassa,

mais dif�cil e mais velha
do que a tristeza.

Mais que uma necessidade natural,

tornou-se para mim
uma obriga��o moral."

Digo-te que o �ltimo desejo do Raul,

de me juntar a ti,

� o que mais me custa fazer.

Desde que o conhe�o
que quero ter um filho,

mas sem um pai, entendes?

Nem sequer um pai natural?

Um verdadeiro profissional que domine
a profiss�o, eficaz, aut�nomo...

Vira-te para l�.

O �ltimo sonho que eu
recordo desta noite

est� mais perto do que me apetece.

N�o aquilo que est�s a dizer...

Estava a fazer amor contigo...

vestida...

...mas n�o sentia nada.

Eu tamb�m n�o.

Ingrid!

Ingrid!

Ingrid!

Amo-te muito.

O suficiente para partires outra vez?

Suficiente para ficar e esperar.

Esperar o qu�?

Esperar.

Se voltaste para ficarmos como antes,
n�o me parece que valha a pena.

Dormiste bem?

Conheci uma rapariga em casa do Narcis.

Ela joga sozinha o dia todo.

Disse-lhe que inventavas jogos
e ela quer conhecer-te.

Esta tarde, �s 4, vai passear
no bosque. Queres ir?

-Tu vens comigo?
-N�o, deixo-vos sozinhos.

Fico com a Ingrid para os
p�ssaros n�o fugirem outra vez.

-Como est� o senhor?
-Muito bem, e a senhora?

O senhor tem o mesmo olhar do menino.

Ele n�o � o meu pai.

Os seus olhos s�o maravilhosos.

E voc� � muito bonito.

A minha mulher voltou.

Excelente.

N�o acredites.
Continuamos na mesma. N�o sei

para qu� ela voltou.
N�o percebo nada.

Isto estava em tua casa.

UNIVERSIDADE DA SORBONNE

Deseja alguma coisa?

Falar, se pudermos?

Claro que podemos.

Eu e o seu marido conhecemo-nos.

Mas, voc� n�o � a Beatriz.

N�o, a Beatriz est� morta.

Ela existiu...

Sim, existiu e morreu
gr�vida do Nicolas.

Voc� sabe mais do que eu.

Bom, �s vezes � mais f�cil
contar coisas a um desconhecido.

Tamb�m sei que ele levou
o Raul ao dentista, por isso vim.

Conhecem-se h� muito tempo?

Desde que voc� deixou de lhe ligar.

Ele vai ao supermercado

como quem vai ao casino,
tentar a sorte.

Para passar tempo.

Ent�o o supermercado

era voc�.

Bom ent�o,

est� bem.

N�o, senhora,
n�o est� bem.

O seu marido est� capaz
de se matar, porra. N�o est� bem.

N�o se trata assim
um homem apaixonado por n�s.

N�o se abandona

dizendo-lhe para esperar,
oferecendo migalhas,

n�o se empurra para os bra�os
de outra para n�o se sentir culpada

e volta depois de o
abandonar para nada.

Tem que dar uma explica��o.
N�o magoar ainda mais.

Bom,

J� terminou? Deixa-me falar?

Sei que o Nicolas
est� a viver um inferno.

O meu come�ou h� um m�s.

Uma malforma��o vascular no c�rebro.

Um cancro?

N�o, n�o � cancro..

Mas tamb�m n�o � bom.
Olha, Ingrid...

A qualquer momento posso
morrer com um derrame cerebral

ou ficar paral�tica,
cega ou muda.

Imaginas? Estar numa cadeira
de rodas, e o meu marido e filho

cheios de vida e energia?

Errada ou n�o, decidi partir

e deixar apenas boas recorda��es.

Esta semana fui fazer os �ltimos testes.

N�o podem operar e os
outros tratamentos n�o d�o garantias.

Todos estamos de passagem neste mundo.

Eu tamb�m posso ser atropelada
por um cami�o ao sair daqui.

Mas uma coisa � morrer
e outra � n�o querer viver.

Estou aqui.

N�o tive coragem
de os abandonar.

E agora tamb�m n�o
tenho para lhes contar.

Importante � que tenha voltado.

Sim.

Mas n�o sei como
as coisas v�o ficar.

Est�vamos apaixonados como mi�dos.

E agora torn�mo-nos adultos.

Ser� tudo menos bonito,

mas mais completo.

Pensa contar ao Nicolas?

Vou continuar a am�-lo.

H� alguma coisa s�ria entre voc� e ele?

Voc�.

Nicolas e eu cruz�mo-nos no
pior momento da nossa vida.

Ajud�mo-nos como pudemos,
mas cada um vai seguir

-o seu caminho.
-Tem a certeza?

Eu vou estudar para a Sorbonne.

� o que quis toda a vida.

Desde hoje que tenho
um quarto na cidade universit�ria.

Porco.

Obrigado.

-� vida.
-� vida.

Voc� n�o vai morrer.
Eu sei que n�o.

O Nicolas saber�
onde a encontrar?

� uma pergunta ou um desejo?

Um desejo.

Ent�o n�o se preocupe.

O Nicolas e o Raul saber�o
sempre onde me encontrar.

Que foi?

Cresci 0,5 cent�metros em 8 dias.

Parab�ns.

N�o foi gra�as a mim.
S�o coisas que acontecem.

Quando eu for maior, emprestas-ma?

Legendas da autoria de Zowie
(a partir do �udio e das legendas inglesas)