All language subtitles for Smileys People 3of6 (1982 - Simon Langton - Imdb 9.0)

Bom-dia.

Bom-dia, Sr. Smiley.
Faz tempo que não o vejo.

Bom-dia, Sr. Carson.
Tudo bem, pelo que estou vendo.

- Sim, senhor.
- Pode trazer minha caixa?

- Estarei na biblioteca.
- Com prazer, senhor.

Retirou, senhor? Já terminou?

Por enquanto, sim. Obrigado, Sr. Carson.

Gostaria de dar uma olhada, se for possível.

Os pontos vermelhos significam vendido.

Poderia falar com o Sr. Benati?

Temo que o Sr. Benati
esteja ocupado neste momento.

Pode dizer que o Sr. Angel
está aqui? Ele me conhece.

Tem um "Angel" aqui para
você, como no paraíso.

Sim, Angel.

O Sr. Benati disse que você pode entrar.

Sr. Angel. É um prazer, senhor.

Esteve fora muito tempo. Entre, por favor.

Depois de você, Sr. Benati. Insisto.

- Como vai o negócio, Toby?
- Tivemos sorte, George.

Tivemos um verão fantástico.

O outono em compensação foi mais fraco.

É preciso viver do trabalho
próprio, na verdade.

Café, George?

Não, obrigado.

Vladmir está morto.

Atiraram nele em Hampstead Heath.

Uma pena. Pobre homem, não?

Oliver Lacon me pediu
para fazer as pesquisas.

Como foi o correio do grupo,
achei que precisava falar com você.

- Claro.
- Sabia então de sua morte?

Li nos jornais.

- Alguma teoria de quem fez?
- Na sua idade, George?

Depois de uma vida de
decepções, vai querer dizer.

Sem família, sem perspectivas,
todo o grupo desmantelado.

Presumi que ele mesmo
tenha feito. Naturalmente.

Naturalmente. Enfim, você
não fez isso, o que é bom.

George, está louco?

Não deveria estar numerado,
Toby, se é um Degas?

Uma zona muito cinza. Tem de saber
exatamente com o que está tratando.

- Mas este é genuíno?
- Totalmente.

- Venderia para mim?
- Como é?

Só por interesse acadêmico. Está a venda?

Se me oferecer para o comprar,
estaria fora das minhas possibilidades?

Não seja ridículo. Estamos
falando de milhares.

Como um ano de pensão ou algo assim.

George, ouça.

Em certa idade, um homem
tem de ser o que merece.

Passei 15 anos no Circo...

tentando ser um cavalheiro inglês.

Sabe o que sou agora?

Um austro-húngaro barato com roupa cara.

Eu vim para casa.

Quando foi a última vez que teve
algo a ver com a rede do Vlad, Toby?

O nome é Benati, certo?

Não me chamo Hector.
Definitivamente nem Toby Esterhase.

Passo todos os dias me escondendo
do meu gerente de banco.

Acha que eu quero ter problemas?

Imigração, incluindo a Polícia?

- Isto é um interrogatório, George?
- Você me conhece, Toby.

Claro. Conheço você, George. Quer
fósforos para queimar meus pés?

Não foi suicídio.

Definitivamente não foi suicídio.

Vi o corpo, acredite em mim.

Esse é o problema. Causa e efeito.

Toby briga um dia com Vladmir.

E em seguida atiram no
Vladmir com uma arma russa.

Em termos policiais, é o que chamam
de uma cadeia de eventos embaraçosos.

Em nossos termos, também, na verdade.

George, nunca em minha
vida briguei com o velho.

- Mikhel diz que sim.
- Fala com Mikhel?

De repente tem uns amigos bastante
desprezíveis. Estou envergonhado.

Mikhel disse que o velho

estava muito chateado com
você. "Hector não é bom".

O que aconteceu para que Vladmir
ficasse tão chateado com você?

Gostaria de manter isto
afastado da Polícia...

e de Saul Enderby. Se puder.

George, por favor, responda uma coisa.
Quem está falando, aqui?

É George Smiley? É Oliver Lacon?

- Quem está falando, por favor?
- Esteve com Vladmir. O que aconteceu?

Diga-me isso e dir-te-ei
quem está falando.

Vladmir pediu ajuda.

- Não através do Circo, suponho.
- Através dos meus amigos.

- Quando?
- Faz duas semanas.

Tinha de ver-me imediatamente, como se
tivesse roubado os códigos do Kremlin.

- Uma reunião urgente.
- Onde?

No Museu da Ciência. Último
andar. Todos aqueles aeroplanos.

Crianças comendo batatas.

- Fez uma proposição?
- Queria que eu o fizesse de correio.

- Para levar o quê?
- Não foi preciso.

Era um documento. Era pequeno.
Não precisava disfarçá-lo.

E aonde? Vladmir também disse para você?

Qual?

A nossa. No norte.

Era um assunto privado.

O Circo não se envolveria até
que tivéssemos feito o trabalho.

E a compensação por seus serviços?

Primeiro levaríamos o documento para o Max.

Esse é você, George.

Max saberia seu significado.
Max nos recompensaria.

Presentes. Promoções. Medalhas.

Talvez almoçaríamos com a rainha.

O único problema era que Vladmir não
sabia que você já não estava mandando

e o Circo havia se unido aos Boy Scouts.

"Finito".

Um cigarro, George? Fuma ultimamente?

Uma taça de xerez, talvez?

Tem de deixar essa linha
de investigação, George.

Esse é o meu melhor conselho para você.

Abandone-a.

A questão é que o mandou passear.

Recorreu a você e bateu a porta na cara dele.

E quer saber o porquê?

Lembra o nome Otto Leipzig?

Fofoqueiro. Informante. Estelionatário.

Maníaco sexual. Cafetão.

Muitas vezes ganhador do nosso
troféu "O Esquisitão do Ano".

Lembra desse grande herói?

Embora não tenha sido tudo invenção, não é?

Seu material do Centro
de Moscou, por exemplo.

Não me lembro se alguma
vez criticamo-lo por isso.

Vladmir confiava totalmente nele.
Nas coisas de Moscou, nós também.

Aonde, diabos, quer chegar?

E tinha um sócio. Sim,
lembro-me de tudo isso também.

Um imigrante. Um alemão oriental.

Pior que alemão oriental. Saxão.

Sobrenome: Kretzschmar. Nome: Claus.

Claus com "C". Não me pergunte o porquê.
Esse pessoal não tem nenhuma lógica.

Claus Kretzschmar também
era um camarada esquisito.

Mas isso faz muito tempo, Toby.

Quem se importa? Foi um casamento perfeito.

Então, suponho que não duraria.

- Como ela está, George?
- Bem. Está bem.

George, ouça.

A quem está enganando?

George, ouça-me. Por favor.

Certo? Pode ser que,
alguma vez, eu te dê uma aula.

George, eu te devo isso. Não, tem de escutar.

Você me tirou da sarjeta, em Viena,
quando eu era um garoto esfarrapado.

Eu estava em Leipzig, um mendigo. E
você conseguiu meu emprego no Circo.

Então, estivemos juntos muitas vezes;
roubamos alguns cavalos.

Lembra da primeira regra
da aposentadoria, George?

Nada de trabalho clandestino.
Não enganar com detalhes.

Nenhuma trabalho privada. Nunca.

Você se lembra que pregava essa regra,
em Sarratt, nos corredores?

Cito. "Quando terminou, terminou.

Fechem as cortinas.
Vão para casa." Fim da citação.

Estamos acabados, George.

Não temos licença. Eles não
nos querem mais. Esqueça.

Então, Ann te fez passar um
mau momento com Bill Haydon.

E aí está Karla.

E Karla era o paizão do Bill, em Moscou.

Isto fica muito difícil, entende?

Pressiona nossa amizade.

Otto Leipzig deu uma festa recentemente.

Reconhece algum de seus convidados?

Quem é o segundo homem, Toby?

George, você tem de desistir.
Todo mundo foi para casa.

- Quem é?
- George, preste atenção, por favor.

Está ouvindo?
Falsifica-se coisas como essa, hoje em dia.

Você não entende destes assuntos.

Não compra fotografias do Otto Leipzig.

Não compra Degas do Sr. Benati, entende?

- Isto é falso?
- Assim espero.

Leipzig tinha um homem
chamado Kirov, no comando.

Um oficial da inteligência
russa com apoio em Paris.

- Esse é Kirov?
- Poderia ser.

- E é?
- Claro.

Não vai querer ser pego entre
esses dois. É muito jovem.

Leipzig viajava muito. Como o víamos,
quando precisávamos dele?

Para reuniões de urgência,
contatávamos com Claus Kretzschmar.

- Pelo amor de Deus, ouça-me uma vez.
- Como contatávamos Kretzschmar?

Ele tem uma discoteca ou mais um bordel.

- Deixávamos uma mensagem lá.
- Como se chama?

A discoteca de Kretzschmar. Como se chama?

- Em Hamburgo?
- Sim. Em St. Pauli. No lado nobre.

Agora, George, não faça isso, certo?

Seja o que for, deixe.
Saúde. Lembranças para Ann.

Que mais te disse Vladmir
sobre a informação do Leipzig?

Nada!

Disse que Sandman estava
procurando um mito para uma garota.

Como antigamente.

George, por favor. Esse camarada...

Sabe porque chamam de Karla o "Sandman", não?

Tem um jeito de pôr para dormir
qualquer pessoa que se aproxime muito.

Como Vladmir, por exemplo.

Viu uma destas, antes?

De uma dama.

Escreveu para o Vlad pedindo ajuda.
Queria que enviasse um mago para ela.

Achava que ia ser assassinada. Distrito 15.

George, faça-me um favor, certo?

Se, algum dia, quiser
uma babá húngara, liga-me.

Se você se meter com
miseráveis como Kirov e Leipzig,

melhor ter um miserável como
Toby para cuidar de você.

É um velho espião com pressa, George.
Costumava dizer que eram os piores.

Eles são, Toby.

- Não me diga que estava correndo.
- Eu nem sonharia com isso, senhor.

Lembra de mim? Cuidava do transporte,
quando você era chefe.

- O que faz, agora que não sou chefe?
- Ajudante-geral. Tempo parcial.

- Mas ainda ao lado dos anjos.
- Eu não sabia que tínhamos anjos.

Tenho uma mensagem de cima, senhor.

Não é nada pessoal, se sabe a que me refiro.

- Mas ele diz "É isso aí".
- Isso o quê?

Hora de dar um tempo, senhor. Ele não
acha que você precise ir mais longe.

Sou membro honorário do
Lincoln College, Oxford.

Eu tenho direito de jantar lá

e facilidades limitadas
para melhorar minha mente.

Está colocando-me sob prisão domiciliar?

Não, senhor. Nem um pouco.

Volte para Londres e eu irei para Oxford.

Sim, senhor.

- Lembra de mim, senhor?
- É claro que sim.

Disse que nunca viria aqui.
Jurou! Disse que a deixaria em paz.

Sinto muito, Hilary. É somente
uma visita-relâmpago, prometo.

Do que se trata, Hils?
Passarinho, papagaio ou girafa?

É humano, Con.

Humano "ela" ou outra coisa?

- É George, Con.
- Que George?

Connie, sou eu.

Maldito seja, George Smiley.

Maldito seja você e todos
os que estão contigo.

Bem-vindo à Sibéria.

- Eu disse Hils.
- Sim, Con?

Vá dar de comer aos cachorrinhos e,
depois, alimente os frangos imundos.

Vá em frente. Ande, querida.

Não há nada que ele possa
fazer para você, agora.

Ele perdeu sua força e
Deus sabe que eu também.

Bem? Vamos.

Connie não vai voltar, você sabe.

A velha tola pendurou suas botas para sempre.

Então, se está aqui por isso,

... pode dizer ao Saul Enderby
que vá plantar batatas.

Connie está para o triturador, George.

O sanguessuga tenta enganar-me.
Isto porque é um covarde.

É a morte.

O Grande M. Por isso que estou sofrendo.

Isso no seu bolso é
bebida ou uma arma safada?

- É fatal, de qualquer forma.
- Ótimo. Vamos fartar-nos.

Como está aquela vaca, Ann?

- Florescente, suponho.
- Supõe?

O que deveria fazer é ficar com ela
para sempre ou, então, jogá-la num poço.

Certo, o que está procurando?

Você nunca fez nada sem um motivo. Um brinde.

Digo o mesmo, Con.

Preciso da sua memória, Con.

Avariada. Fora de serviço.

Tenho descoberto o amor
desde que nos separamos.

Apodrece os hormônios. Afrouxa os dentes.

É um desses velhos casos
que voltou a cobrar vida.

Ninguém conhece a estória completa,
exceto Connie.

Os ratos comeram os arquivos?

- Você sabe como são os ratos.
- Eu sei como são os ratos.

- Como está o bastardo?
- Qual?

O safado do Saul Enderby,
é óbvio. Come bem, não?

- Pele brilhante? Focinho úmido?
- O que você costumava dizer?

"Não confiaria em Saul Enderby mais
do que poderia expulsar Oliver Lacon."

Diz algo para você?

Dê-me um "Era uma vez...".

Toby Esterhase ainda
engatinhando na barriga, não é?

Ele também se lembra de você.

Não trabalharia para essa tropa, George.

Nem por todo o ouro de Moscou.

Está voando livre.
Tem também seu lado "Karla".

Era uma vez...

um valentão do Centro de
Moscou chamado Tio Oleg Kirov.

Com base em Paris, mas
fazia o circuito ocidental.

Vladmir nos propôs isso. Continua daí.

Vladmir, sim. Como está o velho furão?

Ainda aterrorizando as
virgens de Paddington, suponho?

Eu acho que sim.

Penso que uma bala apareceu em sua direção.

Suponho que você quer que
eu diga quem atirou nele?

Se acontecer de conhecer, ficaremos
todos muito gratos por um nome.

O aposentado de Chelsea em pessoa.

Que Deus nos ajude.

Lutou em todas as guerras
desde as Termópilas.

Guerras quentes, frias e congeladas.

Deixe-o, George.

Seja como outros velhos tontos.

Consiga um pouco de amor
e espere pelo Armagedão.

"Diga ao Max que se refere a Sandman."

Vladmir me enviou essa
mensagem faz três dias.

Disse que tinha provas.

Essa bala foi em sua direção
quando me tentava dar isso.

O cavalheiro gordo da esquerda

é Oleg Kirov, se você se lembra dele.

Estou cega. Acende aquele abajur.

O porco ruivo. Finalmente pego.

- É falsa?
- Não, não é.

Otto Leipzig finalmente pego.

Envelheceu um pouco, não?

Isso é o que o ódio faz por você.

Onde está a confissão?

O que queria por ela?

Pague. Entregue todo o dinheiro
do mundo, se ele quiser, mas pague.

Não até que eu tenha escutado
a versão autorizada de Connie.

Karla moeria Kirov até
fazê-lo virar pó, por isso.

Karla iria apossar-se de sua...

Vá ver essa vadia louca. Certifique-se

... de que não se afogou no canal do moinho.

Continuo aqui, Con.

Trata-se do Sandman e do que mais?

Sandman está preparando
um mito para uma garota.

- Outra vez?
- É o que parece.

Você nunca conseguirá, George. Não
pudemos então e não poderá agora.

Karla te derrubou. É o fim. Enganou-nos.

Tem feito a gente perder tempo. Seu tempo.

Nosso tempo.

- Como ela está?
- Parece bem.

Deixe de vadiar e volte aqui.

Deseja a estória completa?

A oficial. A clandestina.

Todas, se possível.

Estudaram juntos.

Leipzig e Kirov?

Não, seu tonto. Bob Hope e Fred Astaire,...

há 25 malditos anos.

Universidade de Tallinn.

Leipzig conseguia as garotas

e o Porco Ruivo grunhia ao lado,
engasgando-se com as sobras.

- Adorando.
- E traindo.

Naturalmente. Não seja ingênuo.
Kirov estava cortando...

seus dentes de leite para o Centro de Moscou.

- Fazia isso?
- Pare de paquerar, George!

Escola de Treinamento de Kiev. Curso de 59.

Uma das piores safras que
tiveram, o que já quer dizer algo.

- E na universidade?
- Apoiando os estudantes estonianos.

Organizando, animando e, depois,
enviando-os à polícia secreta.

Todo charmoso, nosso
pequeno Kirov. Sempre foi.

Leipzig era um malandro, é claro.
Dirigia todos os trambiques.

Moeda estrangeira. Um pouco de lenocínio.

Mas era formal.

Nunca passou pela sua cabeça
que Kirov pudesse ser um delator.

Até que foi muito tarde.

Ainda me quer, George? Como antes?

Kirov trai os estudantes dissidentes,

... a polícia secreta captura-os,
inclusive Leipzig.

- Leipzig faz o impossível e escapa.
- O que é mais do que fizemos.

George Smiley, nascido em cativeiro.

E, 20 anos depois, Kirov aparece
em Paris. E quando está em Paris,...

Assistente do assistente do assistente...

do agregado cultural, embaixada soviética.

"O porco cultural".

- Como é "Ruivo" em francês?
- Vamos, Con.

Vamos ao que interessa.

E, quando está em Paris,
é visto pelo pessoal do Vladimir.

E é reconhecido. Kirov, o
espião de Tallinn. Certo?

Eu esqueci.

Dê-me um copo.

Então, Vladmir estava em pé de guerra.

Ele precisa do favor de um amigo,

alguém para levar Kirov ao caminho do pecado.

E quem escolheu?

Quem melhor? E o irmão Kirov,
sem suspeitar...

que seu querido Otto
conhece seu passado nebuloso,

entra nisso com os olhos fechados.

"Não te via há anos.

Venha ser legal para mim,
como nos velhos tempos."

Por que Karla contratou um idiota como esse?

Também poderia tê-lo
contratado para o Balé Bolshoi.

Deixe-o, George. Acabou.

Não é uma guerra sem quartel.
Não como em nossa época.

É cinza.

Meio-diabos
contra meio-anjos.

Ninguém sabe onde estão os bons.

Karla poderia ter razão.
Alguma vez pensou nisto?

- Era o homem Karla, mas não era bom.
- Mas que tipo de homem?

Não se servia de toupeiras,
como o maldito Bill Haydon.

Nunca usou os meios de Karla.
Nunca usou os códigos de Karla.

- O que usava?
- Um correio.

Enviado especialmente de Moscou,
tudo para ele, com amor de Karla.

E isso é a única coisa que soubemos.

Está morto, George.

Morto como eu.

Muito perto disso.

Ouça.

É o fim do dia. Uma sexta-feira.

Alguém trouxe uma garrafa.

Todos os jovens rostos reunidos à
sua volta, atentos a cada palavra sua.

Mãe-Rússia contando sua estória.

Como Karla é humano, depois de tudo.

Tem um ponto fraco. Seu
único tendão de Aquiles.

- Karla tinha uma amante.
- Quem?

Uma garota estoniana.

Vamos, Con. Defina. Amplie.

Uma heroína partisã que conheceu,
combatendo na retaguarda.

Inverno de 43.

Em 45, levou-a para Moscou.

Preparou-a para que fosse
sua mulher ideal. Sua Ann.

Foi seu tutor. Fez-se de Pigmaleão, com ela.

- E então?
- Ela se encheu.

Bilhete de ida para Gulag.

- Por quê?
- Tinha dúvidas.

Questionava a revolução.

Sua ideia de um pleito conjugal.

A amante tinha uma filha.

A filha ficou doida.

Karla a descartou.

Fim da estória. Estou cansada.

Deve ser por algo que comi.

Durante 30 exaustivos anos,
adulamos-te, esprememos, secamos,...

... apenas pela sua maldita memória.

Agora, use-a. Devemos-lhe isso.
Pelo Vladmir. Faça-o.

Agora, acorde e seja útil.

Quero que vá. Agora!

Hilary, gostaria que fizesse
mais café para nós, por favor.

Hilary, por favor. Quer fazer-nos mais café?

Faça para ele.

Quero que vá.

- Como ela se chamava?
- Não sei.

Adivinha.

- Alguém te contou?
- A pequena Tatiana.

Deitava com cavalheiros que não
tinham sido formalmente apresentados.

Pintava frases insolentes nos muros oficiais.

- Nascida?
- 12 de outubro de 53.

Libra. Embora não a salvou
essa encantadora balança.

Adorava a neve, conforme dizem.

Karla costumava levá-la a um tobogã.

Escapava durante semanas, com
assuntos de grande importância.

A loucura não se notava, no princípio.

Garota bonita. Brilhante. Muito divertida.

Tudo o que deveria ser uma menina do Bolshoi.

E logo que chegou à puberdade,
sua mãe desapareceu.

E as sombras se aproximaram.

- E não se afastaram.
- Mas ele a queria ainda?

Adorava. Vivia por ela.

Visitava-a na clínica.
Dava-lhe a vida.

Recolhia a sujeira para debaixo
do tapete, como ele dizia.

- Quem dizia, Con?
- Um psiquiatra do exército vermelho.

Soltou a língua durante uma
conferência em Estocolmo.

Afirmava ter tratado Tatiana em
um hospital militar de Leningrado.

Escutou a estória de
sua vida. Tentou curá-la.

Eletrochoques. Pílulas. Não funcionou.

Filha de um alto oficial.

Tinha o delírio de que seu
pai havia defenestrado sua mãe.

- E o que aconteceu com o médico?
- Não, George.

Sim, George!

Ficou em frente de uma bala,
no dia seguinte ao seu interrogatório.

Uma dessas delicadas que não fazem mal.

Bill Haydon deve ter enviado
seu endereço para Karla.

Obrigado, Con. Preencheu as lacunas para mim.

Ouviu tudo, não?

Lembra quando teve um ataque
de nervos e tiramos-te do Circo?

Assinou um papel,...

... dizendo que nunca
falaria do seu trabalho lá...

ou das coisas que ouviu por acaso.

Quem quer que pudesse
vir, quem quer que seja...

Deixe-a em paz.

Por que veio se já sabia tudo?

Estava sonâmbulo.

Acordei.

Vá para casa, George Smiley.

Adeus, Con.

Sinto muito.

Esse correio, que se faz de mensageiro

entre a Karla e o Porco Ruivo.

- O que tem ele?
- Chama-se Krassky.

De nome Stephan.

- Assassino nas horas vagas.
- Obrigado.

O problema com os correios é que nunca
chegam perto o suficiente para comprar.

Porco escorregadio.

- Passe bem, George.
- Você também, Con.

Porco fascista. Misógino! Bastardo!

Estão falando em todos os lugares.

Morreu como um soldado, dizem.

- Como é que um soldado morre?
- Ele foi baleado.

Diga-me o que posso fazer.

Você? Não pode fazer nada.

Karl Marx tinha razão.

A defesa própria é só para os bárbaros.

Você não é um bárbaro, Sergei. É um poeta.

Meu marido morreu como um soldado. De câncer.

Meu amante era judeu. Morreu
por excesso de opiniões.

Minha filha vive ou morre ou volta
a viver segundo o que quiserem dela.

Eu mesma morri algumas vezes,
nesses últimos dias.

Não tenho intenção de voltar
a fazer isso novamente.

Por favor, deixe aí. Eu cuido disso.

Está com febre, senhora.
Vou buscar um médico.

Não deve confiar em ninguém.

Por favor, faça que seu marido entenda.

Eletricistas, vendedores
ambulantes, leitores de medição.

Qualquer um perguntando por Ostrakova.

Acha que estou louca. Talvez sim, mas
meus inimigos estão muito saudáveis.

Tenho dinheiro. Não muito, mas
você receberá tudo o que houver.

Senhora.

Gostaria de passar algum tempo aqui.

A inscrição é DM 175,00.
Isto é uma assinatura por um ano,

dando direito a entrar grátis
durante um ano quantas vezes quiser.

Deverá preencher o formulário
com o nome que goste.

Eu arquivarei pessoalmente.
Simplesmente lembre o nome

sob o qual se inscreveu

e será admitido sem formalidades.

Uísque, obrigado.

Desejo ficar sozinho. Sem companhia.

Avisarei à casa.

Com relação ao Sr. Kretzschmar,
ele é da Saxônia, por acaso?

- Sim.
- Ele está na casa, esta noite?

É um homem com muitos compromissos,
senhor. Divide...

seu tempo entre vários locais.

Se ele vier, tenha a bondade de informar-me.

Estará aqui às 23:00, exatamente, senhor.

O Sr. Kretzschmar chegou, senhor.

Sim? Entre.

Por favor.

Eu entendo que foi sócio de
um conhecido meu, Otto Leipzig.

Estou de visita a Hamburgo

... e perguntei-me se poderia
dizer-me onde ele está.

Seu endereço não parece
estar escrito em lugar algum.

- Quem é você, por favor?
- Otto me chamava de Max.

E sua relação com o Sr. Leipzig,
se posso perguntar?

Represento uma grande companhia.

Entre outros interesses, temos
uma agência literária e fotográfica

... para repórteres independentes.

E?

Recentemente,

... a relação entre o Sr. Leipzig
e minha companhia se reativou.

Inicialmente, por via telefônica.

Vim aqui para trazer mais trabalhos,

... assumindo, é claro, que o Sr. Leipzig
está em posição de fazê-los.

De que natureza era esse trabalho, por favor,

... que o Sr. Leipzig te enviou, Sr. Max?

Era uma foto em negativo de conteúdo erótico.

Minha firma insiste nos negativos.
O Sr. Leipzig sabia, naturalmente.

Acredito que deve ter
sido tirada desta janela.

Uma peculiaridade da foto

... é que o mesmo Sr. Leipzig posou nela.

Portanto, concluímos que um amigo ou um sócio

de negócios usou a câmera.

Há outro aspecto.

Sim?

Por desgraça, o cavalheiro que se
fazia de intermediário nesta ocasião

... teve um desastre grave,...

... pouco depois do negativo
estar sob nosso cuidado.

Portanto, a linha de comunicação
com o Sr. Leipzig foi cortada.

- Um desastre? Que gravidade?
- Um fatal.

Eu vim aqui para falar
com Otto e preveni-lo.

- Não incomodem.
- Sim, senhor.

O Sr. Leipzig era velho
conhecido de sua empresa?

Como acredito que você foi há muito tempo.

O Sr. Leipzig tratava com minha
empresa por meio de certo general.

Há alguns anos, o general foi obrigado
a mudar-se de Paris para Londres,

mas Otto continuou em contato com ele.

- Até seu desastre.
- Precisamente.

Foi um desastre de trânsito?
Um velho um pouco descuidado?

Atiraram nele.

Não foi um suicídio,
nem um desastre, nem nada assim.

Naturalmente.

- Esteve com Otto? Conhece-o?
- Vi uma vez.

- Onde?
- Não tenho liberdade para dizer.

Trouxe-me algo, como uma
carta de apresentação?

Um cartão, por exemplo?

Não.

Nada que ensinar.

É uma pena.

Pode ser que, quando vir o Sr. Leipzig,
compreenderei melhor sua pergunta.

Mas você viu essa foto? Você a tem, talvez?

Eu gostaria de explicar-te.

Tenho uma casa decente aqui.

Não tenho o costume de fotografar clientes.

Outras pessoas vendem
gravatas. Eu vendo sexo.

O que me importa é levar

meu negócio de maneira ordenada e correta,

mas isto não eram negócios.

Isto era amizade.

Vamos lá.

- Quer um drinque? Uísque? Conhaque?
- Não, obrigado.

Conhecia o velho general? Entrou
em contato pessoalmente com ele?

Sim.

- Era uma "figura", entendo.
- Ele realmente era.

Um leão, não é?

Otto estava louco por ele.

Meu nome é Claus.

"Claus", dizia, "Esse
Vladmir, adoro esse homem".

Um monte de gente não acredita no Otto.

Sua empresa nem sempre acredita no Otto.

Isso é compreensível. Não recrimino.

Mas o general acreditava no Otto.

Não em todo detalhe, a
não ser nas grandes coisas.

Eu também acreditava nas grandes coisas.

Tem certeza de que não
tem nada para mim, Sr. Max?

Além da foto, não tenho nada para você.

- Mataram o general na Inglaterra?
- Sim.

Mas, ainda assim, considera
que Otto está em perigo?

Sim, mas acredito que ele escolheu isso.

Eu também. Essa é minha clara impressão.

Muitos anos atrás, Otto Leipzig
foi para a prisão por mim.

Naqueles dias, eu não era respeitável.

Agora, tenho dinheiro.
Posso permitir-me ser.

Roubamos algo. Ele foi pego.

Ele mentiu e assumiu tudo.

Quando saiu, quis pagá-lo.
Recusou minhas ofertas.

Sr. Max, você é inglês.

- Você apreciará minha posição.
- Sim, é claro. Certamente.

Há uns dois meses, o velho
general veio pelo telefone.

Precisava de Otto urgentemente.
"Não amanhã, a não ser esta noite".

Então, o velho me disse...

"Mandei uma carta para
ele. Proteja com sua vida".

No dia seguinte, chega uma carta urgente
para Kretzschmar, postada em Londres.

Encontrei Otto. Escondendo-se de
novo por problemas. Sem dinheiro.

Só restou um traje, mas se
vestia como uma estrela de cinema.

Dei-lhe a carta do velho.

- Era volumosa?
- Uma carta longa. Muitas páginas.

"Claus", disse, "empreste-me um pouco
de dinheiro. Tenho de ir para Paris."

Emprestei DM 500, sem problemas. Desapareceu.

Há um mês, veio ver-me.

Neste quarto. Estou sendo franco.

Ele estava, bem, eu diria excitado.

Queria usar o clube?

Ele chamava por uma armadilha de mel.

Traria um homem ao clube.
Um Ivan, como chamamos os russos.

Este homem era o alvo. Chamava por "O Alvo".

Disse, "Esta é a oportunidade de minha vida,
tudo pelo que estive esperando."

O que eu podia dizer? Devia-lhe.

"Também, Claus, quero que nos fotografe".

Sem problema. Tenho câmeras, vídeos.
Últimos modelos, fabricação alemã.

Também queria que eu gravasse conversas.

Não tem problema. Tenho
meu pessoal. Você me segue?

Ele te deu alguma ideia do porque
queria chantagear esse homem?

Ele não foi preciso.

"Um degrau mais para o general", disse.

"Para mim, o alvo é o suficiente, mas,...

para o general, ele é só um degrau".

"Também para o Max". Tinha razão?

E quando tudo acabou, o que Otto
achou que ele tinha conseguido?

Ele riu. "Agora, levei-o até o
limite e ele não pode voltar."

Isso é tudo o que aconteceu.

- E não viu Otto desde então?
- Não, Sr. Max, não mais.

Mas tem um endereço de
onde possa encontrá-lo?

Otto vive em más circunstâncias.

Não podemos alterar isso.

Dar-lhe dinheiro não vai
melhorar sua posição social.

Continua sendo, com perdão, um cigano.

Eu recomendo muito que você tome cuidado.

Otto ficará furioso quando
ouvir que mataram o general.

- Quanto te cobraram lá embaixo?
- Perdão?

- Quanto tiraram de você?
- DM 175, pela inscrição.

Com os drinques, são ao menos 200.
Direi para que te devolvam.

Vocês ingleses são pobres,
hoje em dia. Muitos sindicatos.

- O que achou do espetáculo?
- Foi muito artístico.

Artístico está bem. Talvez você
devesse ter mais diversão na vida.

- Talvez eu devesse ter tido.
- Dê lembranças ao Otto por mim.

- Darei.
- E não tem nada para mim?

Uns papéis, por exemplo?

- Não.
- Que pena.

Mas você é um bom companheiro.
Você é leal. Eu posso ver.

Faça uma boa viagem.

Legenda por drcaio