All language subtitles for Alsino 1982

Ok, estou voltando para a base.

Abram-me uma cerveja
em uma caneca gelada.

Alsino e o Condor.

No come�o �ramos n�s dois,

depois eu fiquei s�,

e tudo come�ou a ser como o vazio,

como uma fogueira,

como se um estivesse se perdendo,

e n�o se encontrasse.

Antes, a terra era redonda e clara,

e algu�m poderia ficar
observando as coisas,

e as horas passavam

e elas, agora quietas,

iam ficando.

Elas iam se mostrando como
se fossem redemoinhos,

como peda�os de espelho que giram,

e um via nas coisas e
tamb�m as pessoas se viam.

Vov� me ensinou a distinguir

as boas e as m�s ervas,

as que curam e as que
adoecem o corpo.

Para chegar � cidade
tinhamos que cruzar o lago.

"Eestamos bem longe
do mundo", me dizia,

mas � melhor assim.

Conhe�o Luc�a desde que me lembro.

Ela vivia perto da minha casa,
com sua m�e, a Ros�rio,

e seu av� Cataldo, "el leonero",

que o nome j� antecipa
que ca�ava le�es.

A responsabilidade
fundamental diz respeito

�s for�as armadas do seu pa�s.

Os conselheiros e t�cnicos
dos Estados Unidos

como eu,

est�o aqui para
aconselha-los e ajuda-los.

Tamb�m, para ajudar, h�
profissionais de outros

pa�ses, como meu amigo,
o senhor Vanderkalt.

Para assegurar a
efici�ncia, devemos manter

a popula��o sob
constante vigil�ncia.

Atrav�s da policia,
atrav�s de informantes,

atrav�s da instala��o de
modernos dispositivos de escuta,

atrav�s de processamento
de dados, etc�tera.

E isto ser� feito.

Creio que meu amigo, o senhor
Vanderkalt tem algo a mais a dizer.

Bem, cavalheiros,

se desejamos alcan�ar nosso objetivo,

de destruir r�pidamente
as for�as insurrecionais,

devemos utilizar todas
as armas a disposi��o.

Nesse caso, claro,
nossas for�as devem

ser capazes de
moverem-se r�pidamente,

afim de que sejam
realmente eficientes.

Se vemos a bandeira ou o bras�o,

ou ouvimos o hino nacional,

surgem em n�s os
sentimentos mais variados,

mas todos repletos de amor,

de adora��o e de ternura,
pela terra aonde nascemos.

Sa�mos �s cinco da
manh�, todos, fugidos.

tivemos que sair por aqui, pois n�o
tinhamos outro caminho a seguir.

E depois, vinhamos pelo
caminho, com todos os garotos,

e depois nos disseram "parados a�",

E ent�o eles registraram
todos os garotos.

se arproximavam e atiravam
contra as pessoas indefesas.

E ent�o, seguiamos caminhando,
caminhando pelo caminho.

S� mudavamos quando
ouviamos o barulho

dos helicopteros se aproximando,

e eles disparavam, e o rio
era coberto de corpos.

Sou o professor Beliz,

respons�vel por esta escola.

E ent�o, n�o sabe que as
aglomera��es est�o pro�bidas?

mas � s� por um momento, comandante,

tinham fome, tinham sed...

Isso n�o � problema seu nem meu,

vamos, disperse-os.

O lugar � perfeito, meu comandante.

A tropa para l�, e que
instalem o mec�nismo de r�dio.

J� est�o instalando, meu comandante.

V� para l�.

Tragam-me algo para comer.

A suas ordens, comandante.

Disseram que viriam por poucos dias,

e ent�o foram ficando.

E foram ficando.

Tem os mesmo olhos
que seu av� Esteban.

Olhos de olhar longe,

de ver o que os outros n�o veem.

Me dizia:

"Voc� nunca sabe o dia, nem o m�s,

nem o ano,

voc� n�o sabe mais qual
o tempo de plantar,

de colher..."

Quando vai me mostra o ba� do vov�?

Vou te dizer quando
voc� puder abri-lo.

nunca o abra antes, Alsino.

Sim, vov�.

Alsino, n�o vai pra escola?

-N�o.
-O que est� fazendo?

Nada.

Como nada, bobo? Voc�
se mijou na cama.

Alsino mij�o!

Bons tempos, quando
andava por aqui o dono.

Era Humberto, meu patr�o,

ele me deu dois cachorros
de presente, ca�adores,

grandes, os cachorros, bons
cachorros, n�o como essas merdas.

"Vamos ver se voc�
consegue me agarrar

aquele le�o, que sai
rugindo pela montanha"

"Vej�, est� comendo
todas as ovelhas."

E, como que de repente
num dia, me apareceu

o le�o, e se jogou
em cima de mim,

grand�o, com todas as suas unhas,

e aparece o c�o pastor, e o
outro se joga em cim a dele,

ah!, Por que conto isso para voc�s,

contar isso me deixa triste.

E eu, que, disparando, claro,

mas com medo de n�o
machucar meu cachorro

E ent�o eu e o le�o
ficamos cara a cara,

ent�o eu... encaro
ele por muito tempo,

forte, � como eu encaro ele.

E, por Deus santo,

voc�s n�o v�o acreditar em mim,

o le�o deu meia volta

e nunca mais.

Alsino, toca-me aqui.

Voc� tem m�os de homem,
e cara de garoto.

-Alsino.
-Sim?

Como � beijar?

-Anoite voei outra vez.
-Voou no sonho.

Mas voei. Voei sobre
as casas, o lago,

e era t�o f�cil que eu dizia:

de manh�, quando
acordar, vou pensar em

tudo o que tenho de
fazer para voar.

E voc� se lembra?

Sim, mas as coisas mudaram.

N�o te entendo.

anoite eu queria voar, e ent�o voava,
agora quero voar, e n�o consigo.

Tenho charutos para
voc� fumar o ano todo

Agora, eu n�o vou l�.

-Voc� trouxe?
-Sim.

Te digo que voei.

Quando voc� acompanah a vov�,
voc� viu isso muitas vezes.

Os p�ssaros grandes,
quando v�o come�ar o voo,

correm, e batem muito as asas.

Mas, de uma �rvore, ou
de um arbusto mais alto,

Ent�o eles fazem assim.

Algum animal morto.

J� sei, j� sei, venha.

venha, venha, suba.

Mais alto, mais alto, Alsino.

N�o olhe para baixo.

Para ficar firme, tem
de olhar l� para longe.

Olha, a vov�.

Sra. Luisa!

Olha.

Cuidado, Alsino!

J�, j�, venha.

Ei, por que est�o correndo?

Por que est� fogindo, garoto,
aqui, venha para c�.

Vamos.

Venha para c�, Gonz�lez.

Meu amigo, � um prazer ve-lo aqui.

venha comigo, por favor.

Vou foder esses merdas. Colocar ordem

nesse pa�s fodido.

Tire o pessoal daqui, Gonz�lez.

Vamos, saim, imbecis, saiam.

Suas ordens foram seguidas.

O r�dio est� OK,

sem problemas.

Querem caf�?

Caf�, n�o?

Sente-se, senhor.

� a mesama crian�a.

Me tragam essas crian�as aqui.

O que faziam atrepados
naquela �rvore?

Queria voar.

Voc� queria voar?

Olha, garoto,

olha isso:

quando voc� estiver maior,

poder� voar,

como eu,

mas em um helicoptero como esse.

No helicoptero eu sou um...

passaro...

um condor.

Se estudar,

muito, muito,

voc� poder� ir a uma escola

no meu pa�s.

Quando voc� for grande,

para aprender a voar.

E voc� poder� chegar a ser
como o tenente Garin,

que est� no comando daqui, n�o?

Agora, v�o embora para casa.

V�o embora para casa!

E n�o subam nas �rvores.

Perigoso.

E, garoto, me espere l� fora.

Voc� � mutio vom com
as crian�as, senhor.

Mas eles podem ser muito perigosos,

sabe? Crian�as como essas atiraram
na cidade de Pueblo Novo.

Foram crian�as como essas
que mataram tr�s soldados.

Mataram tr�s soldados, sabia?

Tr�s soldados, est�
certo disso, tenente?

Comandante, senhor.

Ah, comandante? Jesus Cristo!

Est� certo; me esqueci que
voc� era um comandante.

Ent�o deixa eu te dizer um
neg�cio, seu peda�o de merda,

Voc� tinha ordens de evacuar
a vila sem abrir fogo.

Voc� n�o tinha nenhuma ordem para
atirar na porra do rio, imbecil.

Voc� recebeu ordens para
realizar uma evacua��o

pac�fica, � isso que
voc� chama de pac�fica?

Est� bem, temos tr�s homens mortos e
isso sua responsabilidade, senhor

Tenente.

Comandante, senhor, comandante.

Se estivesse no ex�rcito
do Estados Unidos

um marechal j� teria
arrancado sua cabe�a

Gringo filho da puta.

Eh, garoto, � bonito, eh?

� muito bonito.

J� est� voando, senhor.

-Eu?
-Voc�, isso mesmo.

Voamos melhor que os p�ssaros.

De certo que vai lembrar
disso pelo resto da vida.

Quem sabe quando ter� outra
chance de voar num helicoptero.

Sim, quem sabe.

Em alguns anos ele estar� disparando
contra nossos helicopteros.

N�o seja pessimista.

N�s aprendemos a li��o.

Esta opera��o n�o vai durar muito.

Rohm,

Tire uma foto de mim
com o garoto, ok?

Venha, garoto.

Parado aqui.

Como se chama, rapaz?

Alsino.

Alsino!

Alsino? � um nome legal.

Alsino, lembre-se,

o mundo e o c�u ser�o
todos seus se voc�

estudar e estudar.

Bem, sorria, para a foto.

Tire. Ok.

Lembre-se: estude, rapaz.

Ter� o mundo em suas m�os,

se estudar.

Voou, Alsino, voc� voou.

Sim, mas quero voar sozinho,

como os p�ssaros.

Havia muito tempo que
eu n�o via Manoel

Porque ele tinha ido para a montanha.

Amsterd�.

Suba, vamos.

Fale a palavra m�gica.

Amsterd�.

Amsterd�.

Amsterd�.

Amsterd�.

Nunca soube o que ele
me mandou dizer.

-Disse: Sra. Luisa...
-Shh!

N�o quero saber, uma carta
� uma coisa intima.

Seu av� tem de estar morto
para que voc� entre.

Amsterd�.

Amsterd�.

Aqui est� o et�ope.

O et�ope j� viveu mais de 300 anos.

Conhece as sete
maravilhas do universo.

Chegou a estas terras junto com
os primeiros conquistadores.

Sabe controlar o corpo e o esp�rito.

Sai do corpo sem morrer,
e voa por outros pa�ses.

� melhor que n�o se
lembre disso, Alsino.

E se eu me lembrar?

Mas � melhor que n�o.

Melhor.

Amsterd�.

Ai, que barulho � esse?

Estou ouvindo, Estou ouvindo, vov�.

Ai, minhas costas doem.

Voc� n�o queria voar?

Agora vai ficar corcunda
pelo resto da vida.

Minhas costas doem, vov�zinha.

� a febre.

Eles det�m toda essa �rea no momento.

Agora colocaremos a opera��o,

que designaremos como
"medicina preventiva".

Come�aremos bloqueando
qualquer contato

entre e popula��o rural e o
n�cleo rebelde das montanhas.

Temos que isolar a zona da guerrilha

Afim de evitar a integra��o
de novos elementos.

Portanto, devemos evacuar todas as
vilas ao redor da �rea da montanha.

� de vital import�ncia restringir
o acesso � provis�es e �gua

O pr�ximo passo � a
participa��o da for�a a�rea.

Estes s�o o segundo e o
terceiro passo do plano geral

Andando, vamos, todos, andando.
28v,klr,fir,io

Aonde est�o, vamos ver?

Agora que o le�o anda solto,

s�o necess�rios cassadores, caralho.

Parado a�, largue essa escopeta.

Eu sei de tudo, meu sargento.

Solte ela, estou dizendo,
ou te estouro a cabe�a.

Est� velha e descarregada,
meu sargento.

Bote no ch�o!

Com meu comandante, quero falar.

R�mulo Cataldo,

� suas ordens.

Esse Manuel Salazar,
deveria estar na montanha,

mas vive na beira do lago.

� a segunda casa, vindo do
cais at� aqui, meu comandante.

Faz tempo que essa fam�lia
anda criando caso

N�o lembro o nome daquele homem,

do velho que vende os queijos.

Mas l�, nessa casa, tamb�m deve
haver armas, meu comandante.

Mas n�o se preocupe,

eu estarei l�, observando o esquema.

Bom, agora n�o vou lhe tomar mais
tempo, comandante, assim que...

com sua permiss�o, me retiro.

Desculpe, eu gostaria de...

Lhe pedir dois favores, comandante.

Que �o se esque�a do que me ofereceu,

o t�tulo de propriedade do ranco, e

se o senhor puder dizer ao sargento

que me devolva a escopeta,

porque... n�o vou lhe tomar
mais tempo, meu comandante,

com sua permiss�o, meu
comandante, me retiro.

Condor, condor.

Era assim que grit�vamos
quando est�vamos

treinando com os
gringos, Gonz�lez.

Primeiro, a quest�o psicol�gica.

Mais, me d� mais, me d� dez,
me d� vinte, cinquenta.

Disciplina, Gonz�les, disciplina.

Sen�o, o ex�rcito n�o funciona.

Sub�amos em uma torre de uns
quinze metros de altura.

Nos cag�vamos de medo.

chor�vamos de medo, idiota.

Mas quando te davam a
ordem de "levante",

voc� agarrava a corda e "condor".

Assim � que se fica forte, Gonz�les.

Pega, pega.

Pense na p�tria.

Pense ne p�tria, Gonz�les.

e pega, e pensa na p�tria.

Voc� pega, Gonz�les.

Pega.

Uma mijada, Gonz�lez?

Como o senhor mandar, meu comandante.

Tem filhos?

Tenho, meu comandante.

eu tenho dois.

Um tem onze anos, Gonz�les,

vive com a m�e.

Conhe�o s� ele.

O outro tem dois.

Esse eu nem conhe�o, Gonz�les.

Voc� sonha, Gonz�les?

Durmo como um tronco, meu comandante.

Olha, eu tenho um sonho que
se repete e se repete.

Chego na frente do port�o da casa...

Gonz�lez!, Gonz�lez!

Me ajoelho, Gonz�les, e
pe�o perd�o aos berros.

A puta!

Ent�o eu acordo e...

meus p�s come�am a suar, Gonz�les.

Me d� outro trago, Gonz�les.

Levante-se, menino.

Trate de conseguir um
bom pre�o, Alsino.

Eu n�o tenho dinheiro.

Pobre bruto.

N�o te dou mais de trinta pesos.

Que me diz?

Se � assim, me d�.

Leve-o para dentro ent�o.

Agora, para celebrar,

um trago, corcundinha,

para que me traga sorte.

beba, beba, r�pido, rapaz.

Tome sem medo.

-Salud.
-Salud.

-Boa noite, senhora.
-Boa noite.

Venha, corcunda, venha.

-Boa noite, senhora.
-Boa noite, menino.

Eu hei de regar com minhas
l�grimas o lugar aonde nasci.

Porque n�o quero que sepas...

Vamos dan�ar?

Vamos.

-Salud, corcundinha.
-Salud.

P�s de novo a mesma coisa!

N�o tem outro disco,
essa velhaca de merda?

Vamos dan�ar, meu
senhor, vamos dan�ar.

Corcundinha, desamarre
essa cara, menino.

Aqui h� mais jovens te esperando.

V� l�.

Eu n�o.

Venha, corcundinha.

Venha.

N�o quer trepar?

R�pido, venha.

N�o, n�o sei dessas coisas.

Ent�o,encosta aqui do meu lado,

e n�s dormimos.

E ela m abra�ou a noite,

e eu senti seu corpinho quente.

E ao longe, muito ao longe,
ouvi a m�sica tocar.

E a vida, e as pessoas,
como que davam voltas,

e giravam.

Os desgra�ados tem que saber,

que � que nazario n�o tem de fazer,

para que vejam o que � melhor.

Voc� n�o � daqui, corcunda.

N�o.

Quer ganhar um dinheiro f�cil?

Leve as gaiolas para mim.

Doeram muito as porradas
que seu pai te deu?

Deixaram sua coluna bem bonita!

Ningu�m me bateu.

Ah, n�o? Te pariram corcunda?

Meu nome � Nazario,

don Nazario.

Bem, e voc�?

Est� surdo?

N�o, don Nazario, � que eu estouj
como que entupido de barulhos.

Entupido de que?

� como se falassem comigo por dentro.

Ah, ent�o voc� est� louco?

Tamb�m acho que sim.

Ent�o voc� n�o est�.

"Eu tamb�m acho que sim, tem
barulhos dentro de mim".

Voc� n�o deve ir para ali
por cima, corcundinha.

Ali por cima tem guerra.

E isso n�o � para gente
como voc� e como eu.

Parados a�!

Quietos, voc�s.

Eu sou Nazario,

aquele dos p�ssaros.

Todo mundo me conhece por aqui.

Eu sou homem de bem.

Respeitoso do governo e das leis.

E voc�, quem �?

Eu, senhor?

Ele � meu ajudante, tenente.

Registre-os.

Pode arrega�ar a cal�a?

O outro.

Estamos na hora do toque
de recolher, desaparessam.

Senhora, se seu esposo a abandona,

leve um chocoy para sua casa,

ponha-o no travesseiro,

e veja como

o esposo volta em seguida
ajoelhado ao seus p�s.

Aqui est� Nazario, o
rei dos p�ssaros.

Por somente dois reais,

leve um chocoy para casa.

Don Nazario garante,

que se voc� est� mal no amor,

garanto que vai se curar
com um chocoy do amor.

Vendemos vinte reais de chocoy.

Vou te dar tr�s.

Mas, como eu te dei comida,

fico com um.

Como tamb�m te ensinei
como � o mundo,

fico com outro.

Pra voc� fica este.

Ouviu?

Cada dia est� mais surdo.

Cada dia est�s mais surdo, garoto!

Pelo caralho, deixem dormir!

Faz dias que tenho o pressentimento
de que voc� quer me abandonar.

� que tenho de ir, don Nazario.

Quantas coisas eu te
ensinei, corcundinha,

transformar essas moedas
sujas em an�is de prata.

Transformar as pedras em ouro puro.

Pe�a-me o que quiser.

Como voc� faz para que
os passaros n�o voem?

Veja.

Quebrando-lhes as asas!

N�o, eu apenas desloco um ossinho.

Para que dizer que don
Nazario me daria um real,

"da-se por pago por ter
conhecido um homem livre",

me disse.

Vamos, saiam daqui!

Ent�o me afastei do rio,

procurando os rumos de Manoel.

Todos quieren a alguien, al sol.

Quero saber quando
voltarei para casa, velho.

Imagino. Aonde? Na Holanda?

O tempo � algo relativo.

Estou farto desse
pa�s, pa�s de merda,

desse bando de selvagens.

Vou para casa, velho, vou amanh�.

Desgra�ados de merda!

O que fez para dar baixa?
Assinou e pronto?

Eu os mataria. Estou farto.

O que fez para dar baixa?
Assinou e pronto?

-Vou embora amanh�.
-Eu sei, mas como fez isso?

Quando algu�m quer ir embora, assina
e diz: "Adeus, estou saindo"?

Como fez isso?

N�o te pagaram essa semana?

O que voc� quer?

O que quer? N�o te pagaram
essa porra de m�s?

-Merda.
-O que foi, velho?

Acho que voc� deve ficar, sabe?

Porque acho que isso
� muito importante.

-E ent�o?
-N�o me venha com "e ent�o"!

Ei cara, isso � importante, porra!

Aqui estamos!

Aqui estamos!

E voc� tem que saber de que
lado voc� est�, filho da puta.

De que lado voc� est�, cara?

Olha l�.

Voc� � comunista ou n�o �?

� isso, � sobre isso.

Vem a porra dos comunistas
e todo mundo diz:

Oh, todos temos as mesmas
coisas, todos somos felizes.

Certo, ceto?

E depois eles cagam com tudo, cara.

-Calma.
-"Calma" o seu cu, filho da puta.

Isso � a porra de um duplex.

Acalme-se, Frank.

Vai se foder, essa � a
porra do mundo. Um duplex.

Tem os russos l� e a porra
dos capitalistas aqui.

E tem o banheiro:
tem o terceiro mundo.

e tem a porra do banheiro, e os
russos est�o vindo dar uma cagada,

na privada, no piso e no espelho.

Vai se foder, cara, eles est�o
cagando at� na porra do espelho.

E voc� acha que vai ser
eu quem vai limpar?

Foda-se essa merda, eu vou
� cagar por cima de tudo.

E por que diz isso para mim?

Te digo que voc� �
um peda�o de merda.

-Sabe por qu�?
-N�o encoste em mim.

Ok, n�o vou te encostar,
mas vou te dizer.

N�o me vhenha com merdas,
voc� lembra, cara.

-N�o posso fugir, cara.
-Voc� me diz isso todo dia,

e eu n�o acredito nisso, Frank.
-Olha,

cara, n�s estamos
salvando o mundo.

E agora estamos fodidos tamb�m.

E agora todo mundo est� contra n�s,

porque a porra dos russos...

Saem dizendo que todos ter�o
seu pr�prio tabaco, que todos

ter�o seu pr�prio carro, toda essa
besteirada, voc� sabe. Voc� sabe.

Voc� sabe, porra.

Voc� est� louco, cara, filho da puta.

Voc� � um idiota.

Um filho da puta imbecil. E �
melhor que acredite nisso.

Atire em mim, cara. Voc� sequer �
capaz de acertar a porra do alvo,

nem no port�o de um celeiro.
cuz�o vendido,

vendido em d�lares,

� melhor voc� se endireitar e
dar uma olhada na sua alma,

essa est� fodida de verdade.

Tudo bem, tudo bem,
me d� a m�o, cara.

"Todos sob o sol querem algu�m".

O que est� fazendo aqui, companheiro?

Durmindo.

Isso n�o � lugar, aonde � sua casa?

Em San Telmo.

Isso � muito longe, venha, venha
com a gente, companheiro.

Sempre olhe com a mira na... isso.

Qual a boa, companheiro?

Procuro Manuel.

Aqui todos nos chamamos Manuel.

H� um oficial americano morto.

Um oficial americano morto.

Aonde?

Por aqui.

O que aconteceu?

Foi uma emboscada, senhor.

N�o sabemos quem foi, senhor.

Eles se misturam com as pessoas.
� imposs�vel penetrar na �rea.

Est� toda minada.

Estamos fodidos, senhor.

� um ex�rcito de velhos,
de crian�as, de mulheres

Se tivermos mais ajuda,
precisamos de mais ajuda!

Calem a boca, calem a boca todos.

N�s vamos limpar tudo isso.

� hor de limpar toda essa merda.

Sim, senhor.

J� basta de opera��es limitadas.

Desde j� estamos em estado de guerra,

Ent�o, aceleramos as coisas.

Bombardearemos tudo na zona vermelha.

Bombardeios de satura��o
com tudo o que temos.

Destruir o inimigo t�o
r�pido quanto for poss�vel.

E ent�o abriremos o campo para a
infantaria em opera��o de limpeza.

Isso � tudo.

Perdoe ao seu povo, perdoe, senhor.

Saia daqui, corcunda.

Deixa eu te ajudar.

Se quer uma cruz, ache
uma para voc�, idiota.

Perdoe ao seu povo, senhor,

perdoe ao seu povo, perdoe, senhor.

N�o fique eternamente enojado.

N�o fique eternamente
enojado, perdoe, senhor.

-Boa tarde.
-Boa tarde.

Voc� � o corcunda Alsino,
o neto de dona Luisa?

Sim, camarada.

Me mandaram te chamar l� para baixo,
parece que dona Luisa est� delirando,

parece que j�...

Voc� � a Rosario Gonz�lez?

V� se apresentar, s�o
ordens do meu tenente.

Voc� o conhece?

Estou te perguntando se o conhece.

Saiam.

Deixe-me. Venha, Luc�a.

O conhece?

Limpe a cara.

O que est� fazendo?

Vou enterra-lo aqui.

Leve-o a um cemit�rio.

L� enterram os que morrem em
paz, vou enterra-lo aqui.

A terra,

aonde voc� pertence.

Corrobore as posi��e.

Est� certo, voc� entendeu.

Ok, est� tudo certo. Vamos ao
ponto zero do plano geral.

Te escuto, adiante, adiante.

H� ordem para evacuar, meu
sargento, v�o bombardear a zona.

Comandante, comandante, Tem
que evacuar imediatamente,

v�o bombardear a zona.

V�o bombardear a zona,
meu comandante.

Essas s�o as coisas que
desmoralizam a tropa, caralho.

A ordem de evacuar tamb�m �
para n�s, meu comandante.

Sim, esta bem, esta bem.

Mas antes me coloque em
contato com o pessoal.

Tirem-me daqui!

Filhos da puta!

Esperem-me!

Tirem-me daqui!

Sargento!

Quem est� no comando?

Recebemos ordens de evacuar.

Os que estavam no comando j� foram
fuzilados num caminh�o l� em cima.

Algu�m deve estar no comando.

Detente, filho da puta, detente!

Aqui, pulma falc�o vinte e dois,
pulma falc�o vinte e dois

Os avi�es dispararam sobre n�s,

h� um erro, estamos
rodeados de guerrilheiros,

e os avi�es disparam sobre n�s.

Detenham o bombardeio!

Detenham o bombardeio!

Sargento Gonz�lez!

Sargento Gonz�lez!

� dif�cil contar as coisas,

elas se amontoam dentro de voc�.

� como se n�o soubessem como sair.

Algu�m poderia sentir que
as coisas iam caminhando.

O povo andava com raiva dentro de si.

Como um rio que foi crescendo.

Desta vez soltamos uma
boa carga sobre eles.

Sim, n�s soltamos.

Ok, estou voltando para o ninho.

Abram-me uma cerveja
em uma caneca gelada.

� voc�?

E o que aconteceu com as
suas costas, companheiro?

Ca� de uma �rvore, queria voar.

E como voc� se chama?

Me chamo... Manuel!