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UMA S�RIE ORIGINAL NETFLIX

Se perguntarem qual � a minha liga��o
a Alfredo Santa Cruz, n�o diga nada.

Somos apenas familiares.
Entendido?

E se perguntarem qual � a rela��o
e se conhece a v�tima, Larissa Torres?

- Nada.
- O que quer que diga?

N�o diga nada. Diga-lhe que falem
com a Isabel, a candidata presidencial.

- Sou candidato a outra coisa.
- Est� bem, precisa de algo mais?

Privacidade, serenidade.
Quero estar calmo.

Confio em si
e n�o confio em muitas pessoas.

Agora, deixe-me em paz.
Eu ligo-lhe se precisar de algo.

Estou?

Rosario, onde est�s?

Vamos para o �nico local
onde estaremos em seguran�a.

Pensa bem no que vais fazer.

Est� na hora do meu filho conhecer a av�.

Gosto da tua voz.

� mais bonita ao vivo.

Reconheceu-me?

A nossa voz � um reflexo da alma.

Prov�m da parte mais �ntima de n�s.

Porque est�s aqui?

Os meus filhos
est�o marcados pela trag�dia.

Mas tu n�o est�s.

Tu podes fugir.

Mas h� algo que te atrai.
Algo

de que n�o queres fugir.

N�o � o Franco que a� vem.

Aproxima-se uma tempestade.

Isabel, por favor n�o...

Aonde queres ir, Isabel?

Pode ser aqui?

Porque � sempre
a mesma coisa contigo, Alfredo?

�s um homem poderoso.

Porque vais sempre parar a espeluncas

com a primeira louca
que se te oferece?

Est� bem. Eu percebo.
Mas p�e-te no meu lugar.

E tu p�e-te no meu. Estou sempre
a limpar as tuas confus�es.

- � um acordo, nada mais.
- Entre n�s os dois.

Tens consci�ncia das consequ�ncias
se o material chegar �s m�os do Bernal?

E com a Larissa, Alfredo,
pelo amor de Deus.

A tua filha anda obcecada
por aquela mulher h� mais de um ano,

e tu vais para a cama com ela?

Quando a Rosario iniciou a investiga��o,

eu deixei de a ver. Juro.

Nunca mais voltei a v�-la.
Assim que a foto dela

apareceu na comunica��o social,
deixei de a ver.

N�o fa�as promessas
que n�o podes cumprir, Alfredo.

Agora sou eu que tenho de pensar
no que devo oferecer ao Bernal,

para satisfazer o seu desejo de poder

e evitar que nos fa�a
mais mal do que j� fez.

Est� bem, Isabel. Tens toda a raz�o,
mas n�o posso fazer nada agora.

A verdade � esta.
Quando decidiste ir para a pol�tica,

eu n�o decidi hipotecar a minha vida.

Mas combin�mos
que �amos apoiar-nos mutuamente.

Mas n�o vou abdicar da minha vida.
S� desisti de ser teu marido.

Enquanto amante,
tenho outros direitos.

H� um direito que n�o tens,
envolveres-te com uma mulher

suspeita de pr�tica
de explora��o sexual.

N�o sabia. Como posso provar-te
que n�o sabia?

Credo, n�o foi em nenhuma espelunca.
Era um local restrito.

Queres saber onde a encontrei?

N�o era uma espelunca. Olha.

Era um ambiente de luxo, Isabel.

Pensei que era mais seguro, n�o sei,
lev�-la l� para casa. Tu n�o estavas.

N�o precisava de identifica��o,
nem intermedi�rios.

Como podia imaginar que ias colocar

tantas c�maras em casa?

E que as grava��es
iam parar �s m�os do Bernal?

Agora isso n�o interessa.
O que interessa � que vais fazer

tudo o que o Bernal te pedir.

E o que eu te pedir, claro.

N�o me chantageies.

Para com isso agora.
N�o nos afastemos do assunto.

N�o podemos deixar pontas soltas.

- Percebeste?
- Sim, percebi.

Podes explicar-me
porque temos de falar sobre isto

e n�o podemos falar sobre a nossa filha?
Porque estamos t�o passivos?

Estamos a negociar, Alfredo.
N�o � assim t�o dif�cil de perceber.

O que est�s a fazer?

N�o finjas que est�s num filme de guerra.

Estou a par da Larissa e posso destruir-te
com isso. Mas n�o � o meu objetivo.

Achas que sou parvo? Que n�o sei
que nos tramaste para chegar at� aqui?

Desta vez n�o ficar�s com tudo.

Pousa a arma. Arruma-a.

Posso us�-la, tal como tu.

Mas n�o o farei.
N�o o farei por respeito � Josefina.

Vim para conversarmos.

Vamos resolver os assuntos pendentes.

N�o!

Inesita?

Anda c�.

� incr�vel. Est�s quase uma mulher.

Por favor!

Perdoa-me. Eu sei
que se passou muito tempo.

Mas � melhor assim. Era prefer�vel
que ficasses com a Finita.

A Rosario est� bem?

Sim. Acho que est� um pouco assustada,
mas o Gonzalo trata bem dela.

- Est� bem?
- Sim, estou.

Vou terminar umas coisas
e depois levo-a a casa.

Ele j� n�o vem c� h� dez anos.

N�o sei se estou
a fazer bem as coisas.

Tudo se complicou.

N�o creio que seja assim t�o grave.

Eu conhe�o-te.

Nada te vai impedir.

Ou vai?

Est�s muito irritado, Franco.

Tal como o Jeremias.

� o que mais receio.

Est�-te no sangue.

Eu sinto essa intensidade.

Eu sinto-a.

J� n�o me contento com nada.

Nem com dinheiro, nem com poder.

Qual � o interesse?

Os mais fortes lixam-nos sempre.

Mas desta vez eu estou por cima.

Desta vez, posso olhar com desprezo.

Para ganhares o qu�?

Como para ganhar o qu�, Finita?

Para haver justi�a.

Se houvesse justi�a,

o pai n�o teria enlouquecido.

Nem os outros.

E a Anita estaria viva.

Ela estaria viva, Finita.

Desta vez, acredite em mim.

Eu tenho poder.

Estou em vantagem, Finita.

E n�o vou deixar que me atrai�oem,
seja l� quem for.

Desta vez, vou mesmo fazer justi�a.

O que queres dizer, Franco?

Tu envolveste-o nisto.

N�o podes tra�-lo.

Ele � como um irm�o para ti.

Gonzalo!

Gonzalo, vem c�.

- Fale, eu consigo ouvi-la, m�e.
- N�o.

Vem c�, vamos.

Meninos.

Voc�s s�o o que tenho
de mais importante na vida.

N�o me interessa o problema
que h� entre voc�s.

Se t�m problemas,
n�o tenho nada que ver com isso.

Um de voc�s � meu filho biol�gico,

do homem
que me abandonou e magoou.

O outro � o meu filho da vida,
que me deu tudo o que tenho.

Que foi deixado ao meu cuidado
pelo homem que amei.

Com quem vivi momentos
de grande felicidade.

Sinto muito amor por voc�s.

E tamb�m tristeza.

Pelo mal que fizeram um ao outro
desde que eram crian�as.

Pelo abandono
a que, de certa forma, me sujeitaram.

Eu s� vos pe�o uma coisa:

que respeitem esta casa.

E resolvam os vossos problemas
como homens e n�o como crian�as,

ao virem at� c� e pedirem-me
para ser eu a resolver por voc�s.

Todos escolhemos como morremos.

E eu quero morrer como vivi.

Perto do Jeremias.

Desculpa.

Tenho de atender.

Por favor, deixe-me ir.

Sil�ncio. Vamos, d�-me a m�o.
Vamos descansar um pouco.

Vamos, sai.
Tem cuidado que h� muita lama.

Calma, vamos em sil�ncio.

Exato. Em sil�ncio.

Vai tomar banho, est�s suja.
Vem c�, n�o olhes.

Entra.

Espera a�.

Cuidado com o degrau.

Tem uma nova mensagem de voz.

Ferna, encontr�mos dois corpos
em Camping del Sol.

N�o deixaram vest�gios.
Encontr�mos apenas

um l�quido, parecido com uma tinta.

O Rulfo est� a dar comigo em louca
por n�o estares aqui. O que se passa?

� um miser�vel. Acha que pode
chantagear-nos com uma foto?

Isabel, por favor,
estou apenas a equilibrar a balan�a.

Teria feito o mesmo no meu lugar.

Estamos juntos at� ao fim.

Se estamos do mesmo lado, pe�a-lhes que
libertem a minha filha. Quando o far�o?

- Estou farta das suas promessas.
- Hoje.

Imploro-lhe que tenha calma.
Preciso que tenha calma.

Vou dar-lhe a morada

para que possa ir e levar jornalistas.
- Deixe-me falar com ela.

Nem pensar.
Ia tirar a emo��o ao reencontro.

- Isso � uma piada?
- Ela est� em boas m�os, Isabel.

E o seu agente?
Tem tudo sob controlo?

Num momento diz que vai libertar a Rosario
e no momento seguinte

desaparece com ela
para outro s�tio qualquer.

N�o posso responder por ele.

O que posso dizer-lhe

� que a primeira coisa
que quero que aconte�a

� que a Rosario seja libertada.
Quando isso acontecer, vou agir.

Mas agora s� me interessa
a seguran�a dela.

Espero que cumpra o que disse
e impe�a esse louco.

Ele n�o � como n�s.
Usa o corpo.

Enquanto n�s a �nica coisa que fazemos
� estar sentados � secret�ria.

N�o estou a pedir-lhe que compreenda,
pe�o-lhe que o respeite.

Est� a pedir-me respeito? Esquece-se que
n�o est� apenas a sua carreira em jogo,

mas tamb�m a minha e a da minha fam�lia.

H� muito mais em jogo, Isabel.
Tamb�m h� vidas que correm perigo.

O que vais fazer �quela jovem?

Ela vai ajudar a que se fa�a justi�a.

Vai voltar � vida dela e aliar-se � causa.

- Achas que j� a convenceste?
- Claro.

- Ela aceitou o meu plano.
- Sim, mas agora estou aqui.

- Eu estou aqui.
- O qu�?

- Para qu�? Estou aqui.
- Por nada.

- O que vais fazer?
- Agora eu � que dou as ordens.

Por favor n�o discutam.

Nunca mais seremos felizes.

Por favor tentem n�o magoar mais ningu�m.

E o que achas dela?

As pessoas do lado dela
s�o mais perigosas do que voc�s.

Por isso, tenham cuidado.

N�o vamos abusar da sorte.

Porque est�s a chorar,
se est�s bonita?

Vem c�.

- Bom dia. Querem encomendar?
- Sim, por favor.

- Quais s�o os pratos do dia?
- Bife com molho de cebola.

Sorrentinos com ab�bora, vitela panada

com r�cula, tomate-cereja e sopa de milho.

Quero a vitela panada com a salada.

- A carne tem de estar bem passada.
- Sim.

E a senhora o que deseja?

- O que quer beber?
- �gua.

Uma �gua com g�s.

Ela quer a sopa de milho.

Al�m da vitela bem passada,
quero o vinho da casa.

- Muito bem, eu j� volto.
- �timo.

Eu gosto de carne,
mas tem de estar muito seca.

N�o gosto que esteja crua. Se eu vir
sangue no prato, a minha press�o desce.

A minha m�e dava-me bifes crus.

Por causa do ferro, para fortalecer-me.
Como eu era muito magro,

tinha de defender-me na escola.

Eram outros tempos. N�o pod�amos sair
da mesa sem terminar a refei��o.

�s vezes, passava a noite toda
diante de um prato cheio de sangue

e depois tinha de ir para a escola.
O que se passa?

- Desculpe. Aqui est�.
- Muito bem.

Espere, n�o v�.

- Est� bem.
- J� trago as bebidas.

Muito bem.

Est� quente?

Come.

Vai matar-me?

- As vossas bebidas.
- Muito bem.

Obrigado.

Sa�de.

N�o sei o que isto tem que ver
com o ficheiro que deu ao Franco.

O qu�? Bem, eu j� expliquei isso
ao promotor p�blico.

H� 35 anos,

houve uma s�rie de homic�dios no pa�s.

Ent�o, acha que estamos a falar
do mesmo assassino?

N�o. A �nica coisa que posso
dizer � que se trata da mesma tinta.

A mais antiga que se vende no pa�s.

Descobrimos que h� apenas
duas lojas na cidade que a t�m.

� inglesa e cara.

Era normalmente usada por marinheiros

no in�cio do s�culo passado.

J� n�o � usada porque � muito t�xica.

Temos de ir � loja.

Sim. Eu dei as moradas ao promotor,

mas tamb�m pode ficar com elas
porque � mais respons�vel.

H� com cada um no sistema legal.

Obrigada.

Se descobrir alguma coisa, aviso-a.

Alfredo, est�o � sua espera no controlo.

Vamos a caminho.

Foi �timo ver-te. Tem cuidado contigo
e j� sabes onde encontrar-me.

Sim, na televis�o.

Mas quando te vejo, �s assustador.

� a minha obriga��o.
Mas tudo vai mudar em breve.

- Vais ser mais famoso?
- Nem imaginas quanto.

Esta � a casa da nossa fam�lia.

E a tua tamb�m.
Se um dia precisares de te esconder,

as portas estar�o sempre abertas.

Ter�s uma longa luta � tua espera.

Usa o teu cora��o
e n�o a cabe�a.

O teu cora��o.

Vamos embora?

Finita.

Os meus meninos.

Tenham cuidado.

- Adeus.
- Adeus.

- Ines.
- Sim?

Guarda o carro do Gonzalo no barrac�o.

- Est� bem.
- E depois vem c�.

E vamos fechar tudo.

Sim. Est� tudo preparado.

Concordo plenamente.
Eles v�m a caminho.

Sim. Muito bem.

Os deputados Perrone e Francisco
est�o � sua espera no escrit�rio.

Eu pedi-lhes
que esperassem c� fora, mas...

- Boa tarde, meus senhores.
- Senhora deputada.

- Como est�o?
- Mal.

Muito mal.

Vemos que gosta de jogar sujo,

fora dos c�digos do partido.

N�o pense que nos intimida
com uma ou mil fotos,

ou o que quer que lhe ocorra.

Somos homens criativos, Santa Cruz.

H� sempre uma avenida
que se pode atravessar,

um elevador em que se pode subir.

N�o � agrad�vel morrer esmagado.

Os vel�rios com caix�es fechados
s�o desagrad�veis, as pessoas pensam:

o que se passa ali?
- N�o. Errado.

O que disseste est� errado.

Mas, para que isso n�o lhe aconte�a,

tem de se acalmar
e seguir as instru��es do partido.

Est� a perceber?

Eu sei que vos devo
um pedido de desculpas.

N�o � f�cil para uma mulher
ser respeitada,

conquistar um lugar na pol�tica.

Nem mesmo uma mulher como eu,

dona de um dos principais
meios de comunica��o social do pa�s.

Frequentemente vi-me obrigada

a usar m�todos de que n�o me orgulho.

Mas posso assegurar-vos
que t�m a minha palavra que ser�

a �ltima vez.
N�o haver� outras vezes.

Como garantia,
posso dar-vos a foto original

para que possam ser voc�s a destru�-la.

Bem, � o m�nimo
que podemos esperar de si.

Agora, se me d�o licen�a,

t�m de ir embora.
Estou � espera de pessoas.

Seja como for, j� dissemos

tudo o que t�nhamos a dizer.

Esperamos que n�o sejam s�
palavras e que passe � a��o, deputada.

Claro.

- Muito bem.
- Obrigada pela compreens�o, deputados.

A senhora merece-a.

At� breve.

Ao ver que estava a desperdi�ar
a vida num ambiente

a que n�o pertencia e que o repugnava,

ele ansiava por uma exist�ncia mais nobre

e pelo contacto com pessoas honestas.

Mas n�o era por uma quest�o de �nsia
de perfei��o moral que ele n�o entendia,

mas para melhorar
o bem-estar material.

Tal como quem s� vai
a uma igreja porque gosta

mais do cheiro do incenso
do que do fedor da taberna.

Ele resistiu � deprava��o material,

tal como os gatos
se defendem da sujidade.

Por instinto.

Mas a sua deprava��o moral
chegou a atrofiar-lhe

a no��o sobre o Bem e o Mal.

O bem para ele era o que
servia os seus interesses pessoais

sempre que a justi�a n�o dissesse nada
a esse respeito.

E o mal era o que contraria,
o que desagradava,

o que tirava a paz.

Assim se explica
a influ�ncia e o dom�nio do amigo,

ao ponto de ferir o seu orgulho
devido ao ambiente corrupto em que viviam,

e que lhe era favor�vel,
porque era o seu ambiente,

e no interior triunfou
a superioridade do seu engenho,

da sua neglig�ncia e for�a corporal.

� aqui.

Pronto, est� tudo combinado
com a Isabel. Imploro-te

que fiques aqui � espera.
N�o te v�s embora. Vamos.

Eu j� volto.

Quero pedir-te desculpa.

Viste muitas coisas
que n�o precisavas de ver.

Sab�amos
que n�o ia ser f�cil sair dali.

Quero que saibas que o que viste
� apenas uma parte de mim.

Eu percebo-te.

O que vai acontecer a seguir?

N�o sei.

Ser� dif�cil para mim voltar � realidade.

Sinto-me perdido.
N�o estaremos muito longe.

Agora � a minha vez de cuidar de ti.

Adeus.

- Estou.
- E ent�o?

- A Rosario j� foi libertada.
- �timo.

Obrigada.

Diga-me onde posso ir busc�-la
e ficarei mais descansada.

No local que fal�mos antes.
Vou dar-lhe a morada exata.

Quero contar-lhe uma coisa.

Acha que h� algo mais importante
neste momento?

Como o Bernal disse, somos iguais.

Tenho outros assuntos a tratar.
Neste momento, s�o dois deputados.

Quero que toda a sordidez
que criaram se vire contra eles.

Quero usar tudo o que tivermos
ao nosso alcance para destru�-los.

Assim ficamos s� n�s os dois,
eliminando os empecilhos.

Muito bem.

TR�S ANOS DEPOIS

- A porta.
- Sim.

Vamos conhecer uma pessoa
de quem vais gostar.

Rosario?

Tradu��o:
Patricia Freitas