All language subtitles for Me_ bebia_ Iliko da Illarioni.1962.DVDRip.x264-mafalda_ptbr

Uma produção de
Georgia-Film Studio

EU, VOVÓ, ILIKO E ILLARION

Baseado no conto de
N. DUMBADZE

Roteiro de

Nodar DUMBADZE
Tengiz ABULADZE

Dirigido por:
Tengiz ABULADZE

Diretor de Fotografia
Georgi KALATOZISHVILI

Designers de Produção
Givi GIGAURI, Kakhi KHUTSISHVILI

Música de Archil KARESELIDZE
Nugzar VATSADZE

Legenda em Inglês
Tatiana Kameneva

Elenco:

Zuriko - Zurab ORDJONIKIDZE
Avó - Sesilia TAKAISHVILI

Iliko - Aleqsandre JORJOLIANI
Illarion - Grigori TKABLADZE

Meri - Manana ABADZE
Tsira - Kira ANDRONIKASHVILI

Esse é o sino de minha aldeia.

Ele toca toda manhã, anunciando
o começo de um novo dia escolar.

Mas quando ele repica à noite,

significa que há incêndio na vila ou
uma reunião coletiva de fazendeiros.

Oh! Está tão quente.

Abra o guarda-chuva.

Mas ande rápido, ou chegaremos
atrasados à escola.

Vamos, que há?

Não fique no caminho, Murada.

Vamos, filho.

Minha avó é uma visitante
assídua de nossa escola.

Posso dizer que estamos
terminando o ensino médio juntos.

Não se apresse, vovó. Você pode cair.

Seu diabrete!

Seu piolho!
Seu idiota!

Quando vai estudar como um homem?

Você está desgraçando sua avó!
Como posso olhar as pessoas nos olhos?

A quem você saiu,
seu chato de galocha?

Diga-me se havia sem educação
em nossa família?

- O que quer de mim?
- Quero que morra!

É tão difícil aprender russo?
Toda Rússia fala russo.

E seu avô? Ele morou na Rússia
durante 7 anos.

Ivan, o carteiro, ele não podia
ser mais russo,

mas mesmo ele não sabia o idioma.

- Não me diga!
- Vá em frente, ria!

Seu avô conversava em russo com Ivan,
durante duas horas a fio.

Ele falava e acenava as mãos,
como se tocasse bateria.

Vovó, o carteiro vem vindo.

- Olá, Olga.
- Olá. Como vai?

- Estou bem, obrigado.
- Que Deus lhe conceda boa saúde.

Durante duas horas inteiras, Ivan ouvia
seu avô de boca aberta.

Então ele estendia as mãos e dizia:

"Não entendo coisa alguma. Nunca
ouvi nada assim."

- Inacreditável!
- Está rindo de mim outra vez, seu tirano.

Que você nunca mais veja o sol!

Não havia outra mulher na Geórgia

que pudesse amaldiçoar melhor
do que minha avó.

Mas eu não temia suas condenações.

Ela disse uma vez,
"Quando minha língua está condenando-o,

meu coração está abençoando-o."

Que você nunca veja o
amanhecer de amanhã!

Que você morra no colo de
sua avó, seu vagabundo!

Você não quer estudar?
Não quer?

Bem, vá em frente e cresça um idiota.
Que você queime no fogo do inferno.

Você desonrou uma mulher honrada,
desonrou-me ao mundo inteiro.

Quando, finalmente, o verei morto?

Eu iria para o seu túmulo,
sentaria lá e lamentaria sua morte.

Irei à sua sepultura todos os dias.

Largue-me, seu idiota!
Vamos para casa.

Diga-me, o que pode lhe acontecer de tão
horrível se você estudar?

O que o detém, seu tolo?
Oh, meu Deus!

Sim, vá embora, assim meus olhos
nunca mais o verão!

- Bom dia, vizinhos.
- Bom dia.

Illarion Shevardnadze.

O terror dos animais,
o deus da caça.

As pessoas na nossa aldeia dizem
que nasceram um para o outro.

A caça para Illarion,
e Illarion para caçar.

- Vá para a esquerda, Zuriko.
- Não há lebres aqui.

Pare de gritar e não me ensine como
caçar, filho da puta. Siga-me.

Murada, venha cá.

Afaste sua arma ou
você poderá me matar.

Então eu arrancarei suas orelhas.

Esse cão está nos levando para lebres?
Diga a ele para ir em frente.

Murada, adiante!

Ele está cansado.

À sua saúde, tio Illarion.

Eu o amo muito.

Ninguém é melhor do que você
no mundo inteiro.

Você tem um nariz grande,
mas seu coração gentil é ainda maior.

Sirva-me.

Agora ouça o que eu penso de você.

Na Terra nunca nasceu
um homem com você.

Sou 40 anos mais velho do que você.

Mas 40 anos atrás,
eu era como você.

Então, há 40 anos eu era seu
contemporâneo.

Você era.

Então, daqui a 40 anos
você será meu contemporâneo.

Serei.

- Então, há alguma diferente entre nós?
- Não há.

Faz alguma diferente quem tem mais
ou menos cabelo em sua cabeça?

Nenhuma diferença.

- Somos amigos para toda a vida.
- Para toda a vida.

Então aqui para a sua e para
a minha saúde, Zuriko.

- Zurikello.
- O que foi, tio Illarion?

Uma lebre.

- Onde?
- Não vê seus rastros?

- Esses são rastros de uma cabra.
- Não me ensine, bebezão.

E você, por que está se deitando?

Ele é um desgraçado, não um cão.

Zurikello, você vai por cima e eu,
por baixo. Murada segue-nos. Rápido.

Por que meu braço não murchou
e meus olhos não ficaram cegos?

Você não irá me abandonar, irá,
Zurikello?

Claro que não, Illarion.

Não irá me difamar perante
a aldeia inteira?

Não, Illarion.
Não conhece seu rifle?

Você atirou numa cabra
e acertou um asno.

Tio Illarion?

Tio Illarion!
Tio Illarion!

O quê, filho?

Um telegrama para você,
para você e Zurikello.

Telegrama expresso.

Para o canalha Zurikello
e o narigudo Illarion.

Compartilhamos sua profunda dor

na trágica morte de Murada.

Na próxima vez que forem caçar
cachorros,

por favor, levem-me com vocês.

Os mais calorosos cumprimentos a ambos,
Seu amigo de luto.

Sem assinatura.

Venha cá, filho.

Chegue mais perto, não tenha medo.
Quem o mandou?

- Ele me matará, se eu lhe disser.
- Se não, eu matarei você.

Iliko Chigogidze. Ele deu-me 3 rublos
e disse-me para não lhe contar.

Ah, Iliko. Eu sabia.

Apenas espere, o diabo de um olho.
Você sentirá muito.

Iliko ficou cego de um olho
há muito tempo.

Ele pode ver com o outro
saudável, olho,

E assim ele tem
uma visão saudável do mundo.

Não há nenhum homem na aldeia
que possa enganar Iliko.

Foi por isso que os aldeões unanimemente
elegeram-no vigia da fazenda.

Bom dia, tio Iliko.

- Oi, Iliko.
- Olá, querido. Venha aqui.

- Zuriko.
- O quê?

Você vê minha face culpada?

Ainda assim, não deve me censurar.
Deve me ajudar.

Por favor, vá até Illarion,

pois ele não conversaria mais comigo
depois daquele incidente.

- O que você quer dele?
- Tenho convidados para amanhã.

Peça-lhe 30 litros de vinho.
Ou ele me vende, ou me empresta.

Peça você mesmo.

Zuriko! Espere, Zuriko.

Por favor, vá até ele.

A você ele não recusaria,
ele o respeita.

Mas se ele recusar, encontre e marque
o lugar onde ele enterra o jarro.

- Você está louco?
- Espere.

Você receberá dois pacotes de tabaco
por isso, o melhor tabaco.

Dez.

- Quatro.
- Dez.

- Está certo, oito.
- Dez.

- Por que precisa de tanto?
- E é tanto?

Vai arruinar seus pulmões.

Então eu irei e contarei tudo
a Illarion.

Está certo, vamos nos encontrar
à noite.

Quando eu conseguir o vinho,
você terá seu tabaco.

Zurikello!

Lembre-se, aquele que trai
Iliko Chigogidze

é o traidor de sua pátria!

Está bem, o que aquele diabo
zarolho quer de mim?

Ele disse que terá convidados amanhã e
pede-lhe 30 litros de vinho.

Oh, então ele terá convidados.

Olá, Meri.

- Ele quer vinho.
- Sim.

- 30 litros.
- Sim.

Talvez ele queira veneno?

- Ele não pediu veneno.
- Ele nunca vai receber vinho de mim.

Kukuri, você ouviu?

Diga-lhe, Kukuri.

Dê-lhe o vinho, pai. Ele terá convidados.
Não o ofenda. Tenha misericórdia.

Ele teve alguma misericórdia,
quando enviou aquele telegrama?

- Está certo.
- Então seria melhor que não pedisse.

- Sabe o que ele disse?
- O que mais?

Ele disse: "Se Illarion se recusar,

faça uma marca no lugar onde
o jarro está escondido.

Irei à noite e roubarei."

- Roubá-lo?
- Sim.

Zurikello, por que não vai para casa
ler seus livros?

Não seja fofoqueiro.

Então é hoje à noite?

Vou preparar uma para ele, ele disse,
que todos ficarão rindo.

Zurikello, você é meu amigo,
então precisa me ajudar.

Não irá se arrepender, não sou Iliko.
Vamos.

Aonde, Illarion?

Aqui está o jarro,
o maior deles.

Desenterre-o.
Rápido, Zurikello.

Mas está vazio.

Não, sobrou muito aí.
Incline-se e olhe melhor.

Parados aí!
Seus bandidos!

Corra!

Atirarei em você aí mesmo.

Quem são vocês?
Matarei os dois.

Sou eu. Não me mate.

- Onde está o outro?
- Não sei.

- Diga-me ou eu atiro!
- Eu não sei!

- Quem estava com você?
- Não sei.

Vocês estavam juntos.
Cubra o jarro com terra.

- Mas tio Illarion!
- Cubra-o!

- Cave, ou diga adeus a sua vida.
- Está bem.

Oh, Deus, que você castigue
todos os trapaceiros e caloteiros

e manda um trovão e um raio
em Illarion Shevardnadze

e em Zuriko Vashelamidze!

Quem é você? Qual o seu nome?
Ou eu vou atirar em seu cérebro!

Sou eu, Iliko. Afaste seu rifle.
Não fique com uma culpa em sua alma.

Não, você não é Iliko.
Você é um desgraçado.

O que foi que você perdeu
no fundo de meu jarro?

Você está me enterrando cedo demais,
Illarion.

Suba de volta. Eu vou enforcá-lo e
em um mês destila-lo em vodca.

Não, tio Illarion, quem iria querer
uma vodca tão fedorenta?

Você me traiu, Zurikello.
Vendeu-me como uma cabra.

E como acha que nos sentimos
quando nos mandou seu telegrama?

- Agora sente-se e sufoque aqui.
- Deixe-me sair, Illarion.

Vamos tirá-lo daí.

Ele deve desistir primeiro.
Dobre seu dedo.

- Está desistindo, Iliko?
- Sim, eu desisto, eu desisto.

Deixe que ele suba de volta.

Eu desisto. Aqui, meu dedo curvado.

Ajude-o, Zuriko.

O quê? Um diabo zarolho.
Você não poderia me enganar, poderia?

- Eu não deveria ter mexido com você.
- Você está certo.

Espere, para que a pressa?
Onde estão sua gratidão?

Obrigado. Muitíssimo obrigado.
Nunca me esquecerei disto.

Pra que diabos eu preciso de seu
"muito obrigado"?

Zurikello, desenterre aquele jarro.
Vamos beber.

Deixe-me em paz.

Não fique bravo,
meu querido Iliko.

O que é tão engraçado?

- Que desgraça, filho.
- Pare com isso, vovó.

- Amiran também vai ter a cabeça raspada?
- Claro.

É uma pena, ele tem cabelos lindos.

É regra do exército.

Zurikello, cuide dessas cabras
para que os chacais não as matem.

Todos os chacais estão indo embora.
Não há ninguém mais a temer.

Seja um bom soldado, Nodar.

Não irei desonrá-lo.

- Cuide da mamãe.
- Cuidaremos, papai.

Você voltará, não voltará?
Ficarei esperando por você.

Papai, como viveremos sem você?

Não chore, filha. Logo voltarei.
Não terá tempo nem de sentir minha falta.

Lembre-se de que tem uma mãe.
Cuide-se.

Rezarei por você dia e noite.

Voltaremos com a vitória, Zurikello.

Não se esqueça de mim, Nodar.

Não serei seu filho, se não lhe trouxer
a cabeça de Hitler.

É melhor que você traga sua
própria cabeça de volta.

Precisamos mais de sua cabeça
e que Hitler caia morto.

Não se preocupe, papai,
com certeza eu voltarei.

Não se preocupe conosco e
escreva-nos sempre.

Escreva-nos sempre, ouviu?
Não poupe papel.

Aqui, como isto no caminho.
Não deixe de segurá-lo.

Tudo dará certo, mamãe.

Chigogidze!

Ei, seu inútil.

Que Deus o guarde.

Volte com a vitória.

Adeus!

Adeus!

Eu voltarei. Eu voltarei.

Shevardnadze!
Shevardnadze!

Deus o abençoe.

Está certo, vão.
Olhe, eles já foram.

Corra, Kukuri,
ou a guerra acabará!

Não coloque a cabeça ao alcance
das balas desses miseráveis.

E assim, de repente, paz, quietude e a
felicidade tinham desaparecido da aldeia.

A aldeia ficou deserta.

Só ficamos nós, mulheres, velhos
e crianças.

Agora Hitler está acabado.

- Tem alguma notícia?
- Ficaram presos perto de Moscou.

E quanto a uma segunda frente?

Por que deveriam ter pressa?
A Inglaterra é uma raposa tímida.

Ela diz para a América, "Esqueça a União
Soviética e ajude-me."

E o que a América diz?

Diz que não é de sua conta.

Tem mais, Alemanha diz para a Turquia
e para o Japão:

"Assim que eu me aproximar do Volga,
ataque imediatamente."

Não gosto da maneira como a Turquia
vem se comportando ultimamente.

Você não conhece a Turquia?

Quando cheirar que a Alemanha está em
apuros, declarará guerra a ela mesma.

É mesmo?

Aqui estou eu e lá a Alemanha.
Raspe meu bigode se não for isso.

- E o Japão?
- O que tem o Japão?

A Alemanha lhe diz, "Vá em frente".

O Japão responde, "Se eu for em frente,
vou ter que me retirar só para o mar."

E a Alemanha?

Anunciou pela rádio 3 vezes que
cruzou o Volga. Mentirosos.

Ninguém pode fazer o Japão de bobo.
Ele não é bobo tampouco.

Não, Hitler está acabado.
Está claro e cristalino.

Ontem eu escrevi um poema.

O que você escreveu?

Um poema sobre a guerra.

- Seja gentil, diga-nos.
- Sim, diga-nos.

"A Alemanha fascista caiu sobre nós
com seus regimentos,

varreu tudo,
como se chegasse um furacão.

Com nossos tanques e canhões
iremos esmagá-los como vermes,

e eu também, se necessário for,
cortarei a garganta dos fascistas."

Parece bombástico.

Bem, está certo.
Só não pode ser lido muito alto.

Mas diga-me, o que vai acontecer
com ele agora?

Sua avó sabe que você começou
a escrever versos?

Ainda não.

Não lhe diga, filho.
Ela já tem problemas demais.

- Você escreveu mais coisas?
- Sim, sobre o amor.

É interessante. Diga-nos.

- Não seja encabulado.
- Vá em frente, estamos escutando.

"Noite, a lua, o vento, o frio,

Estou vagando em mau tempo,

Sozinho no mundo inteiro,

Tão feliz que eu uivo.

Não durmo, eu não como,

Fiquei louco, é isto."

O que dizem?

A última estrofe é muito boa.

Sente-se que essas palavras
vieram direto do coração.

Disse que era um poema de amor, mas
não há uma palavra sobre o amor.

O menino está ficando envergonhado.

Espere, os poemas precisam ser
discutidos.

Primeiro você diz:

"Noite, a lua, o vento, o frio."

Como assim? Tudo de uma vez?

Escute, meu caro, se não pode dormir,

se há um vento e um frio
e o muito inteiro está se desmoronando,

então, por que você está
uivando de felicidade?

O que vocês sabe sobre poesia?
Vocês são homens ignorantes.

Eu sei quando os homens
começam a escrever poemas.

Quando eu tinha a idade dele,
aconteceu comigo, também.

Não se preocupe, filho. Não desanime.
Escreva versos, se você quiser.

Se a garota por quem está apaixonada
for tão boba quanto você,

ela certamente gostará de
seus versos.

E se ela não gostar, não fique triste.
Significa que ela não é boba.

Escreva-os, filho, escreva seus versos.

Ninguém atirará em você
por causa disso.

Chigogidze!

Certo, sente-se.

Kolondadze!

Você já me chamou.

Certo, sente-se.

Dolidze!

Dolidze ficou doente e
foi para casa,

e Tsinteradze, Burcheladze,
Chkino, Nikize,

Koridze e Glonti
foram visitá-lo.

Por que não foi a classe toda?

Queríamos ir, mas não havia um lugar
vago, para pegar carona.

Muito espirituoso. No quadro negro
você não é tão esperto.

Vashelamidze!

Vashelamidze!

Zuriko!

Sim, estou aqui.

Você está aqui,
mas parece que você não está aqui.

Ser ou não ser: Eis a questão!
É sobre ele.

- Kalandadze, saia da classe.
- Está frio lá fora.

Faça o que eu disse!
Vashelamidze, venha ao quadro negro.

Bem...

Qual foi sua tarefa de casa para hoje?

As propriedades do sódio e o método
de seu isolamento.

Sódio, seu isolamento e uso.

Bem, fale-nos sobre o uso de sódio.

Na indústria.

O sódio é usado na economia
e na indústria.

O sódio é usado na economia
e na indústria.

Há muitas maneiras de se
usar o sódio.

Tais como.

Nodara!
Ei, Nodara.

Kolondadze, fora!

Esta bem, prossiga.

Bem, o sódio...

é dissolvido... Dissolvido...

Por exemplo, tio Iliko estica
a língua para fora,

derrama um pouco de sódio nela
e engole-o.

Assim, sem mais?

E Illarion Shevardnadze

coloca uma colher de chá de sódio
em um copo com água, mexe e bebe.

Quando ele tem ressaca?

- E minha avó...
- Já chega.

Saia da classe.

Eu sairei, claro, mas então,
quem ficará aqui?

- Quem mora perto de sua casa?
- Eu moro ao lado.

Você levará um bilhete
para a avó dele.

Vashelamidze, não se arraste.
Saia.

Algumas pessoas têm tanta sorte.

Dobardzhinidze!

Ao quadro negro!

- Oh, então ele o expulsou também.
- Sim, por sua causa.

O que eu tenho a ver com isso?
Você senta-se na classe como um morto.

Pensa que não vejo que
está apaixonado?

- Por quem?
- Por Meri.

Cale a boca! Mais uma palavra e
eu arranco suas orelhas.

A classe inteira sabe disso.

Não é da conta de ninguém.

Por que está nervoso? Quer que eu lhe
diga que você está louco por ela?

Seu idiota.

Eu mesmo posso dizer, se quiser.

Declarar seu amor não é nada
igual apresentar sua lição.

Você não pode fazer sem uma carta.
Acredite-me, eu sei.

- Você já escreveu uma carta assim?
- Muitas vezes.

Diga-me como fazê-lo.

Como quiser. Vamos lá.

Escreva.

Oh!

Minha querida!

Minha incomparável e única!
Alegria de minha vida!

Espere.

Vamos.

Minha incomparável e única!
Alegria de minha vida!

- Ele escreveu isso para você, Olga?
- Para mim? Imagine só.

Desde a primeira vez que a vi

conheci a verdade absoluta
da beleza.

Quando ele me viu?

Conheci você como o apogeu
do sofrimento da alma

e a apoteose do prazer estético.

Isso não faz o menor sentido
para mim.

O próprio diabo estaria perdido
tentando encontrar o sentido do amor.

- Seus olhos me deixam louco.
- Meus olhos?

Pense nisso!

E eu vejo a Itália na pérola
de seus dentes.

Eu ainda tenho algum dente?

Ele exagerou um pouco aqui.

Em uma palavra, sou louco por você.

Vovó Olga!

Há alguma coisa errada aqui.

O que você quer, Meri?

Como você pode deixar uma
pessoa louca desse jeito?

O que há nesta carta que você
me trouxe?

Nosso professor pediu-me
para lhe dar um bilhete. Aqui está.

E esse é algo diferente.
Não sei como foi que o recebi.

Illarion, leia para mim.

Por favor, venha até a escola

devido ao indigno
comportamento de seu neto.

E eu tenho que ir à escola
todo santo dia?

Você merece ser morto,
seu vagabundo!

Dê-lhe, Olga!

Solte!

Meri!

Meri!

Isso é coisa do Romul.
Eu não queria fazer.

Não sei como acabou desse jeito.

- É uma piada de mau gosto.
- Não foi uma piada.

Meri, agora você pensa
que eu sou mau?

Não.

- Está com frio?
- Sim.

E eu não sinto frio algum.

- Meri.
- O quê, Juriko?

Meu Murada está enterrado
sob aquela árvore lá.

Eu sei.

Eu amava tanto o Murada.

Eu o amava, a avó, Iliko e Illarion
mais do que tudo na mundo.

Eu sei.

Eu falava com ele como
com um homem.

Nós nos entendíamos perfeitamente.
Ele me entendia e eu a ele.

Quando Murada morreu, quase enlouqueci.
Isto é verdade.

Um homem pode enlouquecer por amor,
Meri. Isto é verdade

Sabia como era Murada, não sabia?

Claro que sabia, Zuriko.

Ele o amava muito.

Ele sempre me dizia:
"Meri é uma boa menina.

Não há outra garota como Meri
no mundo inteiro.

Meri é a melhor.

Ninguém tem os olhos
como os de Meri.

E Meri é tão inteligente e gentil."

Murada amava muito você.

Quase tanto quanto a mim.
Acho que mesmo mais.

Ele rosnava para mim algumas vezes,
mas nunca para você.

Você também amava meu Murada,
não amava?

Sim, Zuriko, eu o amava muito.

- Está aquecida?
- Sim, estou aquecida.

Meri!

Sabe o quê?

O quê, Zuriko?

Havia uma neve descaída.

Havia o vento.

Havia a lua e havia o sol.

E o amor, e muita neve.

Iliko teria morrido de rir.

Se há neve no mundo, ele disse, e vento,
e a mundo que desmorona,

por que está tão feliz, seu tolo?

Havia tudo aquilo, a neve, o vento,
a lua e o sol,

e o mundo desmoronando e eu
estava feliz.

Muito bem, filho.
Está tocando lindamente.

- Bom dia.
- Bom dia, Illarion.

Você me deve uma bebida, Olga.
Aqui, eu lhe trouxe um agitador.

- Oi, Zurikello.
- Olá, Georgi.

- Olá, Olga.
- Olá. Tire seu casacão.

Não ficarei durante muito tempo,
tenho muitas coisas para fazer.

Quais as novas, agitador?
Como vão as coisas na frente?

Eu lhe direi.

A ofensiva inimiga foi verificada,

o plano de Hitler de um ataque
repentino falhou.

Lemos sobre isso em janeiro.

Agora é fevereiro.
Conte-nos algo novo.

Olga, não exagere.

- Está bem, vou levar de volta.
- Vamos, eu só estava brincando.

Oh, Iliko, o zarolho!
Faça um floreio, Zurikello.

Agora escutem atentivamente.
É um negócio sério.

Estamos escutando.

Camaradas.

Nossa pátria socialista está
em perigo.

O inimigo traiçoeiro agarrou a
nossa terra com suas patas sangrentas.

Nosso Exército Vermelho está
atacando heroicamente...

Por que está falando conosco
como um jornal falante?

Diga diretamente o que precisa
ser dito.

Claro.

Repare, estamos coletando
presentes para nossos lutadores.

Talvez você queira ajudar, também.

Deveria ter dito isso em primeiro lugar,
invés de ficar enrolando.

Espere, Olga.
Diga-nos que espécie de presentes.

Todos os tipos.

Frutas, frutas secas, meias de lá
e outras coisas.

Hoje é quinta-feira.

Na segunda, um vagão inteiro com
presentes de nossa aldeia

irá diretamente para frente.

Se pensar em algo, traga à Olga.

Nossos meninos virão e levarão tudo.
Bem, estou indo.

- Espere.
- Tome uma bebida para a estrada.

Paz e felicidade para esta casa.
À sua saúde, Iliko.

É um verdadeiro fogo.

Tenho que ir. Adeus.

Quanto a mim...

O que eu tenho? Nada.

Apenas um manto de feltro.
Está pendurado lá, atrás da porta.

Zurikello, traga-o aqui.

O que está olhando?
Disse para trazê-lo aqui.

O mundo não virará de cabeça para baixo,
se um otário velho como eu

não andar com um manto de feltro.

Posso muito bem passar
o inverno usando este.

E a primavera está próxima.

Iliko de um olho, o deus que o privou
de seu olho deve se envergonhar..

Sempre soube que ele
tinha um coração gentil.

Mas eu não sabia que
o ouro puro estava batendo

nesse pequeno peito doentio.

Logo voltarei.

- Sabe aonde ele foi?
- Aonde?

Ele foi para casa. Ele comprou
um novo par de botas.

Ele irá trazê-lo.
Verão que ele trará.

O carteiro veio até mim hoje.

Ele trouxe a notícia que
Kukuri foi morto.

O que está balbuciando?
Como pode dizer uma coisa dessas?

Ele disse: Não posso eu mesmo dar
essa notícia de morte para Illarion.

Você fala com ele.

Oh, Kukuri, filhinho,
que tragédia.

- O pobre menino foi morto perto de Kerch.
- Como Illarion pode suportar isso?

Foi o sétimo na nossa aldeia.

E Illarion está esperando por ele.

Contando os dias, antes da
volta de seu filho.

Agora ele irá saber que sua
árvore genealógica acabou.

Oh, Deus, que Você possa castigar
Hitler, aquele assassino maldito!

Exterminar toda sua família
até a sétima geração.

Oh, Kukuri, filhinho!

E se for um engano e Kukuri
estiver vivo.

Algumas vezes acontece, também.

E se for verdade?

De qualquer jeito, seu pai deve esperar
por ele. O homem vive de esperança.

Tenha cuidado, Zuriko, não diga nada.
Entendeu?

Minha avó não dormiu naquela noite.

Toda aquela noite fria ela
passou tricotando meias

para um soldado distante,
que ela não conhecia.

Iliko não dormiu aquela noite.

Naquela noite eu tampouco dormi.

Apenas Illarion teve um sono
pacífico e sereno.

"Eu cobri a rota do globo inteiro:

A vida é boa e viver é bom...

Então eu passo horas deitado num
túmulo sobre o grande rio..."

Compondo versos novamente?

Estamos nos preparando para
os exames.

- Muito bem. Olá, Meri.
- Olá, tio Illarion.

Como vão as coisas?

- Até agora, tudo bem.
- Só temos mais um exame para fazer.

Você vai para Tbilisi, também?

Não, ficarei aqui.

Então está certo. Isto significa que ele
não poderá correr para longe de nós.

Tio Illarion!

Tio Illarion!

Estou aqui. O que aconteceu?

- Tio Illarion, a guerra acabou!
- O que você disse?

A guerra acabou.
Entendeu?

Venha cá filho, não tenha medo.

Foi Iliko de um olho que o enviou?
Admita!

Entregaram-nos os diplomas de ensino
médio de modo cerimonioso.

Nossos professores e pais de estudantes
exemplares estavam no presidium.

Minha avó não estava no presidium.

Eu não consegui me tornar
um estudante exemplar.

Ainda assim, orgulhosa e ansiosa,
ela esperava pelo momento

quando ao seu neto educado
fosse entregue com cerimônia

um diploma, em frente a todos.

Caros camaradas pais,
caros camaradas estudantes,

hoje é um dia histórico para nós,
camaradas.

O dia da graduação de nossa escola.

E agora, com o diploma de curso
secundário em mãos,

após deixar nossa escola,
vocês irão sair no caminho,

no largo caminho do conhecimento,

que os levarão aos
cumes inacessíveis da ciência.

Em nosso país, todas as portas
estão abertas aos jovens.

E qual a situação, camaradas,
nos países capitalistas?

É bem o contrário, claro.

Quando a humanidade
originou-se em nossa terra,

o homem aprendeu a falar e
disse "olá"...

Em seu discurso de abertura,
o diretor fez um breve esboço

da importância mundial
do segundo grau.

Então ele disse que a partir de agora
éramos pessoas independentes,

que a escola tinha nos dado
tudo que podia

e que a partir deste dia poderíamos
fazer o que quer que quiséssemos

até andar de cabeça para baixo.

Meri Aleqsandrovna Sikharulidze!

Parabéns pela graduação
do secundário com honras.

Zurab Vladimirovich Vashelamidze!

Não nos desaponte, Zurikello.

Graças a Deus este dia chegou.

Pegue o diploma, vovó.

Bom menino, Zurikello.

Este é realmente o seu diploma?

De quem mais? Não vê a quantidade
de C's nele?

Obrigada ao menos por este.

Meu querido filhinho.

Meu menino,
meu querido Zurikello.

Graças a Deus tudo está certo.

O que pensa tornar-se?

Ele não tem que pensar,
meu neto será um médico.

Estou velha, preciso de cuidado.

Acho melhor ele ser juiz.

Nosso juiz, Valiko Badridze,
chegou aqui em galochas horríveis.

Viu como ele está agora?

Um casaco de couro, chapéu,
botas de borracha.

O que você quer ser,
seu dissoluto?

Quero estudar para ser ator.

Nem pense nisso.

Que ideia maluca.

- Espere.
- O que há, Illarion?

Ele vai para a cidade feito um pedinte?
Precisamos discutir e tomar uma decisão.

O que se tem para discutir?
Está tudo claro.

- Precisará de lugar para viver na cidade?
- Precisará.

- Precisará de roupas?
- Precisará.

Precisará comer?

Tudo isso precisa de dinheiro.
E onde o conseguiremos?

O que devemos fazer, filho?

Podíamos vender Pakizo

Pakizo?

- Sim, Pakizo.
- Nossa vaca.

Ótimo. Teve essa ideia sozinho?

- Ótima ideia.
- Garoto esperto!

Um hurra para Iliko, o um-olho!

Quem iria comprá-la? Ela não é nada,
senão pele e ossos.

- A pele não vale dinheiro?
- Eles pagam o mesmo para uma cabra.

Nós temos uma vaca em comum,
vovó, eu, Iliko e Illarion.

Nossa Pakizo.

Ela vive desde tempos imemoriais.

Se Pakizo não for tão velha
quanto minha avó,

então ela tem, pelo menos,
a mesma idade de Iliko.

E agora, toda arrumada como uma noiva,

inchada de água salgada, que lhe
demos para que bebesse,

Pakizo vai ao mercado conosco.

Detesto me separar de você, Pakizo,
mas o que posso fazer?

Por decisão do conselho supremo
da família,

você deve ser sacrificada por
minha educação.

Ela está morta.

Não, querido, ela apenas cochilou.
Ela não dormiu a noite toda.

Ele é que parece morto.

Se formos desta maneira, não
chegaremos nem amanhã de manhã.

Quisera que já estivesse escuro, pois
poderíamos carregá-la nas costas.

Chega de ficarmos sentados.
Ajudem-me.

Illarion, venha cá.
Zuriko, pegue-a pela cauda.

Agarre-a pela cauda.

Olga, é melhor que você a pegue pela
cauda e Zuriko pelos chifres.

Esquecemos de trazer amoníaco
para ela cheirar.

Oh, deus, ela é tão pesada.

Um pouco mais, arraste-a.

Suas patas da frente vão para lá.
É isso.

Pakizo, levante-se e poderá
pedir o que quiser.

Você não é tão velha.
Por que ficou tão coxa?

Vamos, em frente!

Espere! Esqueci-me de alimentá-la.

Como pode pará-la agora? Nós mal
conseguimos fazê-la se mexer.

O que acontecerá com ela?
Espere, Illarion.

- Não pare, Illarion!
- E eu disse, pare!

Não a escute, Illarion.
Leve-a!

Espere! Pare!
Seja humano.

Maldito!

Tenha cuidado na cidade.
Lá, não é igual na aldeia.

Deixe-me arrumá-lo.

Ouça, meu caro, por favor, pare.

Ele parou, Zurikello.

Tenha cuidado, cuide-se,
ela pode lhe dar um coice.

Leve-o para a cidade, por favor.
Nosso Zuriko vai lá para estudar.

Leve-o lá e eu o pagarei.

Quando chegar, escreva-me.
Deus o abençoe, filho.

- Cuide-se.
- Que Deus o acompanhe, Zuriko.

Não seja envergonhado, Zuriko,
mantenha o queixo alto.

Lembre-se, colocamos nossa
confiança em você.

- Não se misture com as pessoas na cidade.
- Seja um bom menino.

Posso colocar minha cesta aqui?

Vamos, rápido, vamos.

O que é isso? Não há mais lugar
para colocar minhas coisas.

Vá, senhora.
Há mais espaço lá.

Não crie desordem.

Tire seu pé de minha cabeça.

- Meus pés são limpos.
- Então coloque o outro também.

Abram as janelas,
podemos sufocar.

Onde está minha mala?
Roubaram minha mala.

Está aqui. Pare de gritar.

Respiraremos em turnos, não há
ar suficiente até chegarmos em Tbilisi.

Por que todos os beliches
estão ocupados?

E meu beliche está ocupado.
Eu tenho o bilhete.

Segure isso bem.

Não empurre, senhor.

Suba, antes que alguém o pegue.

Onde diabos está indo?

Os anos estudantis.

A época mais feliz
na vida do homem.

Aquele que nunca foi um estudante

nunca apreciará o gosto de uma crosta
de pão esfregada com alho,

o prazer de obter um "C" numa
questão colada de um exame

o frescor da manhã
depois de uma noite sem dormir,

o valor de um amigo e a dor
de se separar dele,

e o sentimento de grande orgulho

quando você, um insignificante,
sentado em uma palestra,

algum Zuriko Vashelamidze,

uma vez que você sai à rua,

torna-se o residente mais importante
daquela cidade,

um estudante da
universidade estadual.

Eles são chamados de hieróglifos,

pois consistem não de letras,
mas de sinais representando...

Realmente? Não fazia ideia.

Eu ganhei um "A", pode imaginar?

- Com licença, posso lhe perguntar uma
coisa? - Sim.

Como posso encontrar
Zuriko Vashelamidze?

- Quem?
- Zuriko Vashelamidze.

- Não sei.
- Ele é um calouro.

- Não o conheço.
- Ele é alto e bonito.

Pergunte para outra pessoa.

Tio Illarion!

- Zurikello, meu menino!
- Tio Illarion!

Quem é esse?

Como vai, tio Illarion?
Como vai minha avó? Iliko?

Espere, deixe-me recuperar
meu fôlego.

Por favor, conheçam meu tio Illarion.

- O mesmo tio Illarion?
- Sim, é ele.

Zuriko nos falou muito de você,
demos boas gargalhadas.

Zurikello, o que você encontrou
de tão engraçado em mim?

- Preciso ir para casa, é tarde.
- Adeus, querida.

Ela é uma garota da cidade, mas canta
canções de nossa aldeia tão lindamente.

Voltarei logo, tio Illarion.
Essa é minha cama. Pode se deitar.

Não, cantaremos um pouco mais.

Tudo corre tão bem com
tio Illarion.

Com licença, só um momento.

- Parecem bom?
- Parece bom, filho.

Zuriko, gosta de caminhar à noite?

Gosto.

Quisera que a manhã nunca chegasse.

Por quê, Tsira?

Bem, a noite é mais bonita
do que o dia.

Talvez esteja apaixonada
por alguém?

Sim, estou.

Com o céu, as estrelas, essa árvore.
Não acredita em mim?

- Quer que eu a beije?
- Você está louca.

Talvez. E você?

- Penso que sou normal.
- Não.

Você é cego e surdo.

Não é verdade?

Aqui, olhe.
Está me vendo?

Apenas imagine, que eu veja.

E você me escuta?

Filho.

Você é um homem instruído agora.

Desfruta de grande autoridade
em Tbilisi.

Nossa escola recebeu uma carta
da universidade.

Seus professores não conseguem encontrar
palavras para louvá-lo.

Bom para você, filho.

Eu sabia que você surpreenderia
o mundo.

Sua avó não quer outra coisa
neste mundo

a não ser vê-lo feliz.

Logo você fará 20 anos.

Em um ano, encontrarei
uma esposa para você.

Quem mais, além de mim, poderia embalar
um berço com seu filho?

Então eu morrerei e você carregará
meu corpo para o cemitério.

Mas não quero ver lágrimas
em seus olhos.

Enterre-me com uma canção
e alegria, filho.

Terminei meu trabalho nesta terra.

A vaca de Iliko teve dois bezerros.

Arkhip, Mandíbula Grande rendeu
sua alma para Deus.

Matryone finalmente casou
seu moreno Maklana.

Meri e todo mundo enviam-lhe
seus cumprimentos.

Beijando você,
sua avó Olga.

Illarion está muito mau, filho.

Ele reclama de dores no olho.
O pobre homem está sofrendo muito.

Temo por ele.

Consulte alguns professores
e ajude-o, filho.

Iliko não é tão estúpido

para não diferenciar um
olho de vidro de um de verdade.

O quê?

Nada.

Illarion não estava tão triste
pela perda de seu olho

como preocupado com o encontro
iminente com Iliko.

Foi ele que sempre zombou de Iliko,
chamando-o de zarolho.

Agora, como ele iria olhá-lo
no rosto?

Vovó!

Zuriko, filho, até que enfim!

Não tem vergonha? Esqueceu-se
completamente de sua avó.

Oh, você está tão magro,
como uma ameixa seca.

- Vovó!
- Meu filho!

Graças a Deus meu menino veio.
Até que enfim, terminou seus estudos.

- Ainda tenho 3 anos de estudo.
- Sua pobre avó.

Você tem planos para estudar
o resto de sua vida?

Malditos professores, os seus.
São realmente tiranos.

Diga-lhe que você tem uma avó velha,
doente, que não pode ficar sozinha.

- Talvez eles o liberem mais cedo?
- Está bem, eu lhes direi.

Estão completamente loucos.
Três anos inteiros!

Olga, diga olá para mim,
pelo menos.

Lamento, Illarion. Não me dei conta de
você, por causa desse diabinho.

Como vai, querido?

Diga-me, como vai seu olho?
Dói?

Como pode doer?
Eu não tenho olho.

Do que está falando, desgraçado?
Você acha que eu não entendo?

Isso não é um olho?

O que posso dizer, Olga?

É como a pipa, pendurada
na parede de Iliko.

O que está dizendo?
É realmente um olho de vidro?

Sim, um olho de vidro.

Não importa. Você está vivo e bem e
estamos todos com você.

- Entrem.
- Estou cansado.

Está tudo bem. Pegue a sua mala.

Vamos nos sentar e conversar um pouco.
Vamos, meu querido.

Olga?!

- Iliko está aqui.
- Falando do diabo.

- Nenhuma palavra sobre o olho.
- Deus me livre.

Tio Iliko!

Meus respeitos ao professor.

Como vai?
Veja como você ficou alto!

Forte como um touro,
como um animal.

E você costumava ser apenas um bebê
um bezerro da vila.

Oh, meu querido Zuriko!

Você deve ter deixado loucos todos
os professores de Tbilisi.

Oh, saudações a Illarion!

O que aconteceu com você.

Nenhuma simples carta todos esses anos?
Não tem vergonha?

- Olá, Iliko.
- Olá, Illarion.

Bem, sente-se e diga-nos
o que está acontecendo na cidade.

Quais as novidades?
Como é a comida de lá?

Cara? Barata?
Você trouxe uma barata do mar?

- Lamento, eu me esqueci.
- Em que estava pensando?

Illarion, ele aprendeu alguma coisa?

Não o vi com livros.

Deve estar aprendendo tudo
de cor.

Bem, vamos tomar uma bebida,
meus amigos.

Para o seu regresso à casa.

Você não tem vergonha.

Eu estava esperando por sua vinda e para
que me contasse as novidades e você...

Vocês me encontraram como lobos.
Amigos comportam-se desse jeito?

Não quero botar os pés aqui novamente.

Não fique bravo, tio Iliko.
Só estamos cansados.

Eu estava tão feliz por sua vinda.
Corri direto para cá.

Talvez você pense
que vim aqui por este vinagre?

Sabemos por que veio.

Então diga-me por que pensa que eu vim,
você e sua língua suja

Bem, Iliko, o Zarolho, vamos, diga
diretamente. Estou em suas mãos.

Vá em frente, morda-me.

Coma-me, corpo e alma.
Estou aqui, na sua frente.

O pobre homem ficou louco.

Louco como um cão.
Que poção você lhe deu para beber?

Enviei um homem de ouro
para você em Tbilisi.

E quem você me trouxe?
Algum imbecil.

Tio Iliko.

Ele não notou nada.
Vamos, tio Illarion.

Vamos beber ao seu regresso,
à nossa reunião.

Isso é uma questão diferente. Porque você
assustou o rígido velho zarolho.

Você não tem piedade?

Ao seu regresso. À nossa amizade.

Possa você ser saudável e feliz!

Você também, Zurikello.

Zurikello, abra o portão.

Iliko, meu querido,

você nem ao me nos sabe
o quanto eu o amo.

Eu sei, eu sei.

Eu sei, Illarion.

Sou mais caro a você do que
seu próprio olho.

Illarion!

O quê, seu diabo zarolho?

Não se esqueça de colocar seu olho
no copo durante a noite.

- O quê?
- Nada.

Vamos, pisque para mim
com seu novo olho.

- Iliko Chigogidze!
- Sim, sim, sim!

Continue repetindo meu nome,
ou você pode esquecê-lo.

Na verdade, você tem muita sorte,
porque você gosta de caçar.

Agora não terá que fechar
seu olho.

Você pode disparar o quanto quiser
atirar em todos os cães na aldeia.

Não perder nenhum.

Iliko Chigogidze, não me leve a...

Illarion Shevardnadze, não se aproxime
de mim ou quebrarei seu pedaço de vidro

e você terá que caçar meu rabo!

Aqui, pegue um cigarro.
Pegue-o eu disse.

Eu quase morri, quando soube
de sua desgraça.

Possa eu perder meu segundo olho,
se não estiver falando a verdade.

E como poderia ser de outra forma?

Sua desgraça é a minha desgraça.

E sua cegueira é a minha cegueira.
Está claro para todos.

Ele ficou ofendido, homem bobo.
Não esperava isso de você.

Você sempre me chamou de Zarolho
e não me ofendeu.

Zarolho, que desgraça!

Kutuzov era zarolho também.
Mas ele podia ver melhor que ninguém.

Mesmo se ele perder ambos os olhos,
ele estará bem.

Ele segura as mãos e anda
sobre esta terra.

Se não pudermos fazer sozinhos,
esse menino nos guiará.

E você desceu nos lixões.
Devia se envergonhar!

- Iliko.
- O quê, Illarion?

Pegue a barata do mar.
Ela vai bem com vinho e polenta.

Muito bem.

- Eu trouxe-as para vocês.
- Sabia que você as traria.

Esperem, vamos para o mesmo caminho.

Vovó Olga.

Pode nos emprestar sua peneira,
por favor?

Vá e pegue-a. Você sabe
onde ela está.

Comam, comam.
Não querem mais?

Abra sua boca.

Beba isso, eu disse.

- Olá, Meri.
- Olá, Zuriko.

Obrigada, vovó Olga.

- Sente-se, Meri.
- Estou com pressa.

- Acompanhe-a.
- Por quê? Não preciso disso.

Você não, mas ele sim.
Acompanhe-a, Zuriko.

- Meri.
- O quê, Zuriko?

Meu Murada está enterrado
embaixo daquela árvore ali.

Eu sei.

Ele a amava muito,
meu Murada.

E ele nunca rosnou para mim.

Ele sempre me disse:
"Mari é uma boa garota.

Não há outra garota como Meri
em lugar algum.

Meri é uma garota linda.

Ninguém no mundo
tem olhos como os de Meri.

Meri é uma garota muito gentil
e inteligente."

Você amava meu Murada?

Sim, Zuriko, eu amava Murada muito.

O tempo estava passando
numa velocidade incrível.

Os felizes anos de estudante
estavam terminando.

Os dias não mais pareciam
um como o outro,

como os bolos chatos de minha avó,
assados em cinzas pareciam.

E então chegou o dia.

- Bem, chegou a hora.
- Adeus.

Adeus.

- E onde...
- Adeus.

Penso que você deva ir por
esse caminho.

- Quem está com os bilhetes?
- Tsira.

- Verifique.
- Veja se eu não os esqueci.

Eles estão no lugar.

- Você os têm?
- Estão aqui.

Vamos.

Esse é nosso carro?

- Tsira, nosso carro está lá.
- Vamos, vamos.

- O nosso está mais adiante.
- O próximo.

Este.

O que aconteceu?
Apressem-se.

Esse aqui?

- Ajude-me.
- Vamos.

Dê-me isso aqui.

Zuriko, dê-me a valise,
colocarei no beliche de Tsira

Zuriko!

O quê, Tsira?

- Então você vai para a aldeia?
- Sim.

Irá me ver?

Por que não diz nada?

Zuriko, por que não me responde?

Zuriko!

Tsira, você é uma garota legal.

Você já me disse isso.

Tsira, você não me ama.

Você só está imaginando,
acredite-me.

Não, Zuriko.

Não creio que uma garota como você
poderia se apaixonar por mim.

Você é muito melhor do que eu.

Eu sei, Tsira.
Eu sei de tudo.

Algumas vezes eu também pensei
que estava apaixonado por você.

Mas não é assim.
Nós apenas imaginamos isso.

Eu deveria ter lhe dito isso antes,
mas eu não conseguia resolver isso.

Não sei por que aconteceu assim,
mas eu amo outra garota.

Mais do que qualquer pessoa
no mundo.

Seu nome é Meri.

Eu a amo e a amarei pelo
resto de meus dias.

Aqui estou eu. Olá.

- Olá.
- Olá.

O que aconteceu?

Ontem ela passou muito mal. Pensamos
que não viveria até o amanhecer.

- Você recebeu meu telegrama?
- Que telegrama?

Mandamos-lhe um telegrama.
Ela ficou muito doente ontem.

Espere, ela adormeceu.

Illarion, estou sonhando,
ou realmente ouço a voz do meu garoto?

- Sou eu, vovó.
- Meu filho querido.

Meu amor.

Seu coração sentiu isso.

Pensou que sua avô viveria
para sempre?

Não diga isso, vovó.

Meu tempo chegou, filho.

Sua avó não vai se levantar
outra vez.

Nada pode ser feito quanto
a isso. É hora.

Eu tenho sobrecarregado
esta terra por 80 anos.

80 anos não é brincadeira.
Mas ainda estou ansiando pela vida.

As pessoas têm corações gananciosos,

nada é suficiente para eles,
por mais que tenham vivido.

Tenho vergonha de admiti-lo, filho,

que eu queria viver um pouquinho mais,
mas não estou destinada a isso.

Vamos, Olga, você vai sobreviver
a uma dúzia de homens como nós.

Illarion Shevardnadze!

Primeiro, enxugue suas lágrimas,
depois pode fazer piada.

Meu filho acabou sua educação?

Sim, vovó.

Agora, escute-me.

Você os vê, Iliko e Illarion?

Não os perca, filho.

Sempre escute o que eles dizem.

Você nunca será capaz
de pagá-los

por todo bem que eles lhe fizeram.

Não prometa nada.

Apenas ame-os como eles amam você.

Vamos, Iliko e Illarion, saiam.

Deixe-me sozinha com meu Zurikello.

Venha cá, filhinho, eu o beijarei.

Meu menino muito amado.

Bem, agora vá, Zurikello.

Deixe-me sozinha.

Vá, meu menino.

Vá.

Oh, Deus Todo Poderoso,

Oh, Deus o misericordioso.

A Santa mãe de Deus,
Virgem Maria,

Não renegue Sua clemência
para minha carne e sangue,

meu Zurikello

E sua descendência

estenda Sua mão sobre meu
infortúnio,

faça a luz ante a escuridão dele

e dê-lhe longos anos de vida.

E eu pegarei Iliko e Illarion.

E todos nós viveremos juntos.

Eu, Iliko, Illarion e Meri.

Eu terei muitos filhos,

netos e bisnetos.

E os filhos deles, também,

e consertaremos toda a aldeia.

Então seremos em número maior.

E o mundo inteiro - isto será nós.

Nós somos o mundo inteiro.

E nunca morreremos,
nunca fugiremos,

e não haverá fim para nós.

Legenda em português do Brasil:
Lu Stoker