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SEXO

NOS ESTADOS UNIDOS,
UMA OBSESSÃO

NO RESTO DO MUNDO,
UM FATO

SEXO, UM FATO

Olá, eu sou o Alex,

repórter de ciência e saúde,
criado nos anos 1990,

à base de balinhas Gushers,
Salt-N-Pepa,

e dizendo não para...

SEXO

Para me manter em abstinência,
a escola exibia imagens

e mais imagens de doenças
sexualmente transmissíveis

e do milagre do nascimento.

Cruel, eu sei.

Olhe para esses cãezinhos
para limpar o seu cérebro.

Essa tática serviu literalmente
para me assustar pra caralho.

Eu acreditava que sexo
sem casamento destruiria minha imagem

perante minha família e a sociedade.

Nos Estados Unidos,
a ideia era reforçada o tempo todo.

E se eu quiser fazer sexo
antes de me casar?

É melhor você estar preparado
para morrer.

Você é uma mulher traída?

O ato homossexual é desprezível
e degradante, por si só.

Se foi ao apartamento dele
no primeiro encontro,

consentiu com o sexo.

A abstinência dos jovens
é a única forma segura

de evitar doenças sexualmente
transmissíveis.

DISCURSO SOBRE O ESTADO DA UNIÃO

Não é uma desvalorização
do papel do presidente

falar sobre camisinha?

Quer dizer que é uma vadia.

Nada de educação sexual.

Foi a conclusão da reunião
do Conselho de Educação de Freemont.

Mas o que acontece a um país
ensinado a ter medo do sexo?

Os EUA têm a mais alta taxa

de gravidez adolescente
do mundo desenvolvido.

Mais de 700 mil pessoas queer
fizeram terapia de reorientação sexual

e 75% das pessoas deixam de reportar

casos de estupro ou assédio sexual.

No meu caso, é por isso que
passei anos,

morrendo de medo
de uma única e simples verdade.

Tanto medo, que pensei
em tirar minha própria vida.

Essa verdade é que...

Eu adoro pinto.

Adoro a forma,
a sensação e o gosto de pinto.

Isso está te incomodando?

Entendo. Eu também
me senti tão incomodado,

que cheguei a pensar em suicídio.

E, embora eu quase tenha aceitado
o fato de ser gay,

ainda há muita vergonha sexual
da qual não consegui me livrar.

Mas quero muito conseguir.

Quero parar de mentir para o médico
sobre a minha vida sexual

porque é esquisita.

Quero parar de ficar limpando
meu histórico de busca

porque parece sujo.

Quero parar de sabotar
relacionamentos

porque é difícil ser sincero
e aberto com o sexo.

Quero começar a ser sincero
e aberto comigo mesmo.

Aos 36 anos, finalmente,
vou assumir a responsabilidade

e enfrentar meus medos de frente.

Sei exatamente onde começar,

um passo essencial no caminho
da autoatualização,

culpando os meus pais.

Tudo bem, podem olhar para mim.

Está vestido para a ocasião?
Não devia vestir uma roupa melhor?

Este é o meu pai, Bill.

Não gostou da minha roupa?

Vai aparecer vestido assim?

-Uau.
-Ajeite um pouco a gola.

Minha mãe, Lisa.

Vou ficar com ela.

E esta é a minha avó,
que eu chamo de Popo.

Estou impressionada.

Ele é incrível.

Não sei como
veio parar na nossa família.

-Como está agora?
-É uma simples camiseta.

-É.
-Deixa para lá.

Estou nervoso.

Dou risada quando fico nervoso.

Estou nervoso porque os chamei aqui

para conversar sobre algo
que nunca falamos antes.

Vocês nunca pensaram
em falar sobre sexo com os filhos?

Que, em algum momento,
deveriam ter "a conversa"?

Sempre achei que isso fosse
papel do seu pai.

Acho que eu não me sentia
muito à vontade

em falar disso com vocês.

Eu não me lembro
de ter parado para...

-Acho que nunca fizemos.
-Falar sobre sexo.

Pensei que, quando quisesse
falar sobre qualquer assunto,

deveríamos falar.

Você nunca nos procurou
para falar disso.

Se introduzíssemos o assunto,

e você não se sentisse à vontade,
iria se fechar.

E não adiantaria nada.

Você se refere a um relacionamento?

Não é só isso. O simples fato
de ter uma ereção.

Uma simples explicação.

-Sim, entendo.
-Mas não falam disso

no ensino médio? Educação sexual?

-Eles não falam disso...
-Pois é, pensamos que

isso seria abordado na escola.

Sem dúvida, eu aprendi
a parte biológica do tema,

mas o que não se aprende
é a variedade da expressão sexual

que engloba os seres humanos.

Nem passou pela minha cabeça
que faltava essa abordagem.

Estávamos mais preocupados

que você estivesse
na turma avançada de física

e química do que com a sexualidade.

-Era uma das menores preocupações.
-Verdade.

Eu me lembro da minha mãe
me falar sobre menstruação

porque você queria que eu soubesse
antes da minha primeira menstruação.

-Talvez sim, porque...
-Porque você não sabia.

Ninguém jamais me contou.

No primeiro ano na faculdade,
aprendi sobre métodos contraceptivos.

Quando contei ao pastor da igreja,
ele ficou horrorizado

e me falou para abandonar
aquelas aulas.

Sério? E você achou que estava
preparada para o sexo?

Não da melhor maneira.

Mesmo depois do casamento,
seu avô e eu tivemos dificuldades

na noite de núpcias,
e tivemos de procurar...

Bem, fomos a um médico militar
e explicamos os problemas.

E como foi?
Foi uma conversa difícil?

Foi um alívio saber que não tínhamos
um problema de saúde.

Apenas não sabíamos que tipo
de comportamento era natural.

Sendo criadas como garotas
católicas asiáticas,

somos ensinadas a ser discretas.

Eu não questionava.

A maioria das pessoas
não questionava.

Não me admira que minha família
jamais falasse sobre sexo.

Com eles, tinha sido ainda pior.

A igreja condenou minha avó

a permanecer na ignorância
sobre seu próprio corpo

e minha mãe aprendeu que garotas
discretas não devem fazer perguntas.

Bem, acho que está na hora
de começar a fazer perguntas.

Para começar,
que porra é essa, América?

Algumas pessoas podem
se sentir incomodadas

com algumas partes desse filme.

Mas acho que,
se ouvirem com atenção,

entenderão que os conceitos
vão ajudar

a formar pessoas maduras.

Descreva sua educação sexual

e o quanto acha que isso
preparou você para o sexo.

Diria que não muito.

Não tive muita educação sexual
no ensino médio.

Era mais baseada na abstinência.

Apenas nos mostravam fotos
de pênis e vaginas infectadas.

Deveriam ser evidentes

as vantagens de ensinar
as crianças desde cedo.

A SEXPLANATION

Minhas primeiras perguntas foram
para a psicóloga Lisa Medoff.

Eu queria saber se minha criação
tinha sido comum,

se todos nós somos atrapalhados
em relação a sexo.

Eu acabei de ter
minha primeira conversa

sobre sexo com meus pais
e minha avó.

Foi um pouco esquisito, sabe?
Mencionar a palavra...

ereção, pela primeira vez,
falar sobre...

o fato de não haver
muita diversidade sexual.

Só de outra pessoa chegar perto,
eu já fico nervoso

de falar nesse assunto em público.

Eu me pergunto se eu é para ser
assim mesmo, ou se eu sou louco.

Com certeza, não é louco.
A cultura o ensinou a ser assim.

Você diria que nós vivemos
em uma sociedade

que tenta reprimir o sexo
e a sexualidade?

Não tenho dúvida disso.

Acho que somos uma sociedade
muito reprimida.

Somos bons no que é externo,
superficial,

e isso esconde um pouco da vergonha
que sentimos

de conversar com o nosso parceiro,
ou amigos sobre as nossas dúvidas,

inseguranças e desejos.

Uma coisa que preciso entender:
é bom ter vergonha de sexo?

Eu deveria ter vergonha disso?

Existe um lugar certo para isso?

Existe um nível saudável de vergonha?

Vou devolver essa pergunta para você.

Você acha que existe
um nível saudável?

Para que serve a vergonha?

Por que essa pergunta
lhe vem em mente?

Acho que o que me vem em mente

é o que acontece se eu tiver
uma fantasia com estupro, sei lá.

Fantasia com incesto,
ou algo do tipo.

Me parece bem nojento
e constrangedor.

Sim, eu concordo com você

que existem alguns comportamentos,
que, como sociedade,

entendemos que não são bons,
principalmente,

se violam direitos de outra pessoa
ou se machucam alguém.

Mas me preocupa que,
quando envergonhamos alguém,

esses sentimentos e desejos
não desaparecem.

Eles ficam lá dentro.

Eu preferiria falar nesse assunto

sem envergonhar ninguém.

Quando envergonhamos uma pessoa,
ela não se abre.

Ela se fecha e se isola.

E, às vezes, esses comportamentos
acabam se manifestando

causando danos ainda piores.

Eu me pergunto
que conselho você daria

sobre como pensar friamente

pela primeira vez na vida
sobre sexo e sexualidade.

Acho que você já começou,
só de ter pensado

em conversar com o máximo
de pessoas possível.

Com quanto mais gente pudermos falar
sobre diferentes formas

de viver a vida, de estar no mundo,

seja em relação a gênero,
sexualidade,

orientação sexual,
ou por quem sentimos atração,

ou o seu simples estilo de vida,

o que te faz feliz...

Quanto mais variados modelos tiver,

mais fácil será encarar
a sua trajetória.

Para superar
minha neurose com sexo,

A Dra, Medoff me recomendou
ouvir diferentes perspectivas.

Para facilitar meu caminho,
vou começar na zona de conforto,

um brunch com amigos.

Tinha uma garota na casa
em que morei, na faculdade.

Todo mundo se juntava
na porta do quarto dela,

para escutar ela gritar:
"Daddy, mexe, mexe...

mexe, mexe!"

A galera ficava pensando:
"O que é isso?"

Mexe! Mexe!

O que vocês acham dos preconceitos
que enfrentam na cultura americana?

O sexo é, ao mesmo tempo,
uma vergonha,

e a coisa mais importante.

Isso mesmo.

Atendendo pacientes, quando vou fazer
um exame de papanicolau,

ou um exame pélvico,
por qualquer razão,

e a mulher pede desculpas
por não ter se depilado.

Toda vez que isso acontece,
eu fico triste.

-Por acaso, homens pedem desculpas?
-Eles não se depilam.

Jamais vi um homem
pedir desculpas por isso.

Uma vez me pediram desculpas:
"É menor que o normal".

Mas nunca por não terem se depilado.

Mas, com as mulheres, é o tempo todo.

É algo que assusta,
mas também é triste

pensar no que pode ser motivo
de vergonha para algumas pessoas,

enquanto que, para mim, jamais será.

Eu sou negro e gay,
e fui criado no Sul.

Tenho muitos motivos
para sentir vergonha,

mas eu fiz uma bolha em volta de mim,

pela forma como minha mãe
falava sobre isso comigo,

acho que foi muito mais saudável.

Literalmente, eu estava
procurando um apartamento,

e ela dizia: "O banheiro é muito longe,

como você vai se lavar
depois de transar?"

Eu cresci nesse mundo, em que,

para mim, o sexo jamais
foi motivo de vergonha.

Bem, a minha educação sexual

veio da TV, de assistir ao HBO
de madrugada.

PROGRAMAÇÃO ORIGINAL

Entrar na sala escondida,

SEXO DE VERDADE

Tipo: "Espero que minha mãe
não me pegue vendo essas coisas".

Na primeira vez que eu vi, pensei:

"Nossa, o que ela está fazendo?
O que ela está fazendo ali embaixo?"

Ah, deixa eu ver como é. Uau.

Daí, eu: merda!

Foi assim que eu me dei conta

de que as mulheres podiam
se sentir assim.

E eu já devia ter quase 20 anos,
quando descobri.

Eu acho que, na faculdade,
era importante

ter abertura para falar
em masturbação,

e todas minhas amigas saberem
como eu me masturbava,

as posições em que eu me masturbava,
o que eu fazia.

É como um conhecimento comum,
não acham?

E acho que parte disso era
porque eu pensava:

"Os homens falam sobre
masturbação o tempo todo".

E eu tinha tantas amigas que diziam:

"Eu nunca me masturbo,
não sei como faz".

Eu tinha de falar:
"Não acredito em você,

você está mentindo,
quem nunca se tocou?"

Você tem mãos, tem um clítoris.

Mas eu achava que
era minha responsabilidade

falar sobre me masturbar
o tempo todo,

e falar: "Mulheres são
seres humanos também".

Dizer que também nos masturbamos,
e abrir espaço para isso.

Outra coisa que eu quero saber é

se é possível haver
uma educação sexual

que prepare a pessoa para o sexo?

Uma boa educação sexual
eliminaria o elemento vergonha,

e falaria sobre comunicação e desejo,

e o que isso significa,
além do consentimento.

É um momento tão estranho
para deixar os adolescentes sozinhos

no quarto, porque é tão importante

para eles, mas ninguém os ajuda
a descobrir.

O que aprendi sobre sexo,
como adulto,

é mais sobre intimidade,
e como ser íntimo de alguém.

E eu não falo com meus amigos
sobre isso.

não falamos sobre a diferença

entre fazer sexo
com alguém que a gente ama,

ou com alguém que acabou de conhecer.

Sem querer ser cafona, mas é que...

talvez fosse necessário
ensinar compaixão e empatia

essas habilidades emocionais,
pois ninguém me ensinou

o que o sexo traz, além do orgasmo.

Entende?

Definitivamente,
eu não estava sozinho.

Muitas das perguntas sobre sexo
continuavam não feitas,

não respondidas e não ditas.

Estamos todos tentando navegar em meio
a vergonha, dúvidas e incertezas.

E esses são alguns dos meu amigos
mais inteligentes.

O que me fez pensar que,
se é difícil para eles,

quanto o restante das pessoas
sabe sobre sexualidade?

Utilizando os desenhos
como orientação,

quantas dessas partes do corpo
você consegue identificar?

-Pode começar, quantas você conhece?
-Acho que 12.

Acho que eu só consigo três.

Acho que eu identifico nove.

Posso tentar quatro?

-Diria que quatro, vou começar.
-Vai em frente.

Acho que esta é a vulva.
Acho que é isso mesmo.

Não é a vulva.

Grande lábios da vagina.

-Pequenos lábios?
-Não exatamente.

Não?

-O colo do útero.
-Isso mesmo.

-Certo.
-Não é o colo do útero, mas é parte.

Tem uma parte dele.

-Existe um nome bonito para saco?
-Testículos.

Qual o nome bonito para saco?

-Isso se chama pênis?
-É o pênis.

-Bem...
-Aquela parte enrugada.

Acho que é o períneo, ou o esfíncter,
mais ou menos aqui.

Sinceramente,
pensei que eu soubesse nove.

É tipo... tem mais?

Deve ter mais.

Pois é, e são todos adultos.

Para ser sincero, eu também
não sabia onde ficava a vulva.

Então, minha próxima parada do
"que porra é essa, América?"

Informações sexuais
de San Francisco.

Conheçam os excelentes

educadores do serviço de informações
sexuais de San Francisco.

Eles oferecem informações sobre sexo

com precisão médica e sem julgamentos
para gente do país inteiro.

Sim, com certeza,

algumas pessoas fazem isso.

Se quiser saber mais informações,

pode pesquisar pelo nome
de "golden showers".

É um outro nome que as pessoas dão.

Para buscar ajuda, fui falar

com quem ajuda os americanos
a curtir sua chuva dourada.

Mas, antes disso,
uma pergunta difícil,

que eu jamais tive coragem
de perguntar.

Digamos que uma pessoa goste
de penetração anal

mas fique preocupada
com a elasticidade do ânus.

Um clássico do gênero.

O reto é envolvido por músculos.

Como qualquer músculo,
ele pode ganhar mais tônus

quanto mais for utilizado.

Está dizendo que praticar sexo anal
com frequência

irá dar mais tônus para o músculo.

Não é como o elástico da sua cueca,

que fica frouxo depois
de muito utilizado.

Está mais para praticar ioga.

Quanto mais você se alonga,
mais flexível fica.

Estou determinado a tentar aprender

o máximo possível sobre sexo.

Como você pode me orientar

e que tipo de perguntas
eu deveria fazer?

Não diria fazer perguntas,

mas pense em quem está
te dando que informação

e por que está dando.

Alguém que está te explicando
sobre o funcionamento do corpo

ou sobre como as mulheres fazem
deve ter uma pauta.

E você deve pensar qual é essa pauta.

Pessoas bem intencionadas podem
omitir informações

para te conduzir
para o que elas pensam

ser a resposta mais ética.

Pode ser na melhor das intenções,

mas você não vai achar muita gente
a quem possa recorrer

para perguntar sobre sexo
e conseguir informações

que sejam imparciais,

sem querer te conduzir
a uma conclusão.

Como obter respostas verdadeiras
ao falar de sexo?

Tentamos chegar a respostas
verdadeiras de duas formas.

A primeira é através de pesquisa.

Quando se trata de sexualidade,
infelizmente,

não existe tanta pesquisa
de qualidade quanto gostaríamos.

E a segunda forma é um processo
introspectivo de aprendizado

de reconhecer os julgamentos
que fazemos

e identificar nossos preconceitos,
para então evitá-los.

Lisa Medoff também nos alertou

sobre as pautas que internalizamos.

Se a sua primeira reação
a qualquer coisa relacionada

a sexualidade, a aparência
de uma pessoa,

ouvir sobre os relacionamentos
de outra pessoa,

sobre certos tipos
de comportamento...

Se sua primeira reação é falar
"eca", ou "isso não é legal"...

Deve tentar parar e pensar:

"de onde será que isso vem?".

Será que vem de família?
Ou da religião?

Será que vem da mídia,
ou da invisibilidade da mídia?

Será que vem das coisas
que eu aprendi na escola,

educação formal e informal?

Será que vem de algo diagnosticado
como um problema de saúde?

Ou algo que precisa de terapia?

Ou seja, uma listinha básica
para você pensar,

mas tente sempre se perguntar
de onde vem essa reação.

Não significa tentar
mudar aquela reação.

Não se trata de mudar
de ideia e dizer:

"Eu achava que isso era nojento,
mas agora acho tudo bem".

Trata-se de apenas pensar
se quer continuar achando isso.

Essa ideia ainda tem a ver comigo,

ou foi só uma reação automática

baseada no meu condicionamento?

Quando se trata de sexo,
há duas pautas simultâneas

que confundem minha cabeça,

a dos americanos liberais
e a dos conservadores.

Com sou a favor da vida...

Defenderei os direitos das mulheres

de tomar suas próprias
decisões médicas.

Quando temos programas que dizem

que ensinaremos a abstinência
nas escolas,

os liberais enlouquecem.

Garantir uma educação sexual
abrangente nas escolas...

Claro que seria bom que mães e pais

se envolvessem nesse tema,
mais do que as escolas

precisarem falar com os jovens
sobre métodos contraceptivos;

O corpo é dela, o direito é dela,
a decisão é dela.

Senadora Harris, obrigada.

A abstinência funciona.

Para investigar minhas próprias reações
a essas pautas,

participei da Marcha das Mulheres
de San Francisco.

E, por um golpe da sorte,
encontrei uma manifestação oposta,

com vozes dissonantes.

SOU DA GERAÇÃO PRÓ-VIDA

Era a Manifestação
pelo Direito à Vida,

um encontro de ativistas antiaborto.

Logo ficou claro que eles prefeririam
que eu morresse virgem.

Para mim, abstinência
nunca foi uma opção realista.

-Não?
-Quando eu disse isso, você reagiu.

-Foi bem realista para mim.
-Então me conte como foi.

Você está dizendo que
não tem autocontrole?

Se houver um carro no meio da rua,

não consegue se controlar
para não sair correndo?

Por que a abstinência?

Porque acho que Deus
nos criou dessa forma,

deve haver um homem e uma mulher,

e essa deve ser a única forma
de haver um relacionamento sexual.

Muita gente diz que encontra
essa satisfação no prazer sexual,

mas acaba sentindo um vazio.

Temos um lado espiritual, certo?

E é o lado mais importante,
o que nos diferencia dos animais.

Aquela gente na Marcha das Mulheres
enxergava a abstinência

de outra maneira.

Não funciona.

Na prática, somos animais, não?

Quero que as pessoas,
os pais, as escolas

falem abertamente
sobre educação sexual.

Isso não deveria gerar polêmica.

Não preciso
que um homem branco me diga

o que devo fazer, o que eu posso
ou não fazer com meu corpo.

Que nenhum homem
diga o que fazer com seu corpo.

Ou qualquer mulher também.

Ninguém tem que me dizer.

-É o seu corpo.
-Meu corpo, minhas escolhas.

Eu estaria mentindo se dissesse

que não concordei
com uma dessas pautas.

Como um homem que já transou
com vários homens,

imagine qual foi
minha reação imediata

ao que os ativistas
do Direito à Vida diziam.

Assim, eu seria um grande hipócrita
caso me apresentasse

como algum juiz da verdade imparcial.

Tenho uma pauta, que devo revelar.

VOCÊ ME EXCITA

Quero estar em contato
com a minha sexualidade,

longe da política e da religião.

Quero me expor a novas formas
de pensar,

mesmo que elas contrariem
minhas crenças de sempre.

E eu quero me despir
de várias gerações de vergonha.

Tudo nos próximos 60 minutos.

Vem comigo?

Vamos encarar a estrada.

A próxima parada é um lugar
cheio de dados,

fatos e ciências, um bastião
da pesquisa sexual progressista,

um lugar que é sinônimo
da liberação sexual.

Que lugar é esse? Indiana.

Isso mesmo. O estado natal
de Mike Pence é também o berço

da maior organização
de pesquisa sexual do mundo.

Fundado pelo biólogo Alfred Kinsey,

o Instituto Kinsey conduziu
o primeiro estudo de aprofundamento

do comportamento sexual americano,
nos anos 1940 e 1950.

O Relatório Kinsey revelou que quase
todos americanos se masturbavam,

que sexo antes do casamento
era comum,

e a homossexualidade era normal,

contrariando antigos códigos
morais e legais.

A relevância de Kinsey é tanta,

que ele foi vivido
no cinema por Liam Neeson.

Qual a sua posição sexual preferida?

Existe mais de uma?

Conversei com o cientista
William Yarber,

que escreveu um livro didático
sobre sexualidade humana.

Eu queria saber
por que fomos criados

nos sentindo incomodados
em relação ao sexo.

Na nossa cultura, a ética
judaico-cristã é tão dominante,

que a ideia de que o sexo
deve ser reservado para o casamento

ainda é muito poderosa.

No nosso país, a sexualidade
de adolescentes é um paradoxo.

Muitos pais gostariam de embrulhar
a sexualidade dos filhos,

e lhes dar de presente
no dia do casamento.

Há um extenso estudo,
elaborado anos atrás,

com pais que têm filhas,
e esse foi o número daqueles

que já haviam falado com elas
sobre o clítoris.

Esse percentual falou
com as filhas sobre o clítoris.

Explique de que forma
o silêncio é uma mensagem.

O silêncio é uma mensagem

de que há motivo para vergonha.

Algum tipo de vergonha
sobre nossa sexualidade.

É raro usarmos a palavra com P,
de prazer.

Mas por que temos medo
da palavra com P?

Por que temos medo do prazer?

Existe o medo de que, quando os jovens
aprendem sobre sexualidade,

a sexualidade deles
fica fora de controle.

Pesquisas mostram que isso é um erro.

Isso se relaciona
a um conceito fundamental,

da democracia e do direito
ao conhecimento.

O que se vê em nossa cultura
são adultos,

de acordo até com a lei,
controlando as informações

sobre a sexualidade para os jovens.

Deveríamos ser capazes

de nos sentirmos mais à vontade
e receptivos

sobre nossa sexualidade,
não sendo tão apologéticos

quanto a sermos seres sexuais.

Seria de grande importância
se uma pessoa

com quem os jovens se sintam seguros,
lhes dissesse:

"Acabei de me masturbar,
e isso me mantém vivo".

"Eu gosto muito".

A masturbação

é o comportamento sexual
mais universal do mundo.

Mas, na nossa cultura, ainda é
cercado de estigma.

Então, o que tento enfatizar

é que as pessoas deveriam
se apropriar de sua sexualidade.

A sexualidade
não é propriedade dos pais,

não é propriedade
da comunidade religiosa,

não é propriedade do parceiro.

Ser dono de sua própria sexualidade
é um dom, é uma bênção.

Você se sente bem.

Não terá de se preocupar
com que o outro vai pensar.

Definitivamente, não fui criado

pensando que minha sexualidade
era um dom.

Parecia mais uma maldição compulsiva.

A masturbação era um estressante
ritual pós-escola.

A área tinha que estar livre,

eu pegava lenços de papel,
as imagens possíveis, para viajar.

Logo após atingir o orgasmo,

eu me sentia um pervertido depravado.

E, naquela época,
eu achava que um pervertido

era das piores coisas
que alguém podia ser.

Mas eu não conseguia evitar.

Cada ejaculação
era um segredo doentio.

Eu sofria de pensar que meus pais
acabassem descobrindo

que eu era um degenerado sujo.

Então, eu mentia para eles.
Eu os afastava de mim,

o que me fazia sentir
ainda mais culpado e sozinho.

Ainda hoje tenho vergonha
de admitir que me masturbo. Por quê?

Todo mundo não se masturba?

Eu me masturbo, você se masturba,

O presidente Obama se masturba.

Taylor Swift se masturba,
Oprah também.

Se todo mundo faz,
como pode ser ruim sentir-se bem?

Pedimos que façam
estimulação do períneo...

-Não, essa primeiro.
-Essa? Tudo bem.

Apresento-lhes os doutores
Barry Komisaruk e Nan Wise.

Eles foram os primeiros cientistas
a estudarem o orgasmo humano

pela ressonância magnética.

A estimulação uretral.
É só introduzir

cerca de meio centímetro
na ponta da uretra

e movimentar um pouco.

É muito sensível.
Desde que consiga sentir,

sentir claramente...

Com a ajuda deles,

darei um pequeno passo

na pesquisa sobre sexo,
e um grande salto pessoal.

Para superar minha vergonha
da masturbação,

vou entrar em uma máquina
de ressonância magnética

e doar um orgasmo para a ciência.

-Para estimular a próstata...
-Períneo.

Do períneo, certo.

Pegue esse dispositivo,
leve a ponta, digamos, no períneo,

entre o saco escrotal e o ânus.

Para a estimulação da próstata,

introduza um pouco mais a fundo,
e movimente-o assim.

Está bem.

Daí, faça uma masturbação livre,
até atingir o orgasmo.

Sim, ele vai notar.

Desde que esteja sentindo,

nós conseguiremos
obter os registros no cérebro.

-E isso...
-Acho que eu consigo.

-Certo.
-Veremos.

A minha pesquisa
é sobre a atividade cerebral

relacionada à resposta sexual
e ao orgasmo em mulheres e homens.

Quanto às nossas descobertas,
somos os primeiros a mostrar

em que lugar do cérebro o orgasmo
feminino é registrado.

Como define um orgasmo?

Vemos uma ativação geral

de todos os sistemas do cérebro.

Nesse sentido, é semelhante
a uma convulsão.

Não chegamos a uma definição ainda.

Tudo bem.

-Está pronto?
-Acho que sim.

-Está pronto?
-Sim, estou.

Temos que fazer uma máscara.

O sexo está no cérebro, está na mente.

Não está necessariamente nos genitais.

Esses dois conceitos reforçam

que a forma como sente a sexualidade
fortalece a sua resposta.

E também que o prazer
é muito importante.

Cinco, quatro, três, dois, um.

Ótimo. Temos um ótimo material.

Fui entrevistada por outras pessoas
que me perguntaram:

"Por que estudar sexo e prazer?

Você não devia estar estudando algo
importante, como câncer?"

Nossa resposta para elas...

É uma pena ter que responder isso

e justificar por que
estamos fazendo essa pesquisa.

Como médica, eu entendo
que o prazer é muito importante.

As pessoas têm ansiedade,
e têm problema em sentir prazer.

Depressão. Uma das principais
características da depressão

é a incapacidade de sentir prazer.

Acredito que
o que conseguimos mostrar

é que o orgasmo
é um grande evento cerebral.

Nas áreas sensorial, motora
e de recompensas.

Então, acho que um orgasmo por dia
pode evitar doenças.

Acho que faz muito bem.

É um exercício para o corpo.

É um exercício para o cérebro,

e faz bem sentir prazer.

Eu fiz uma bagunça.

-Você foi ótimo.
-Ufa!

Você está um pouco desorientado.

-Estou um pouco.
-Mas você foi ótimo.

Ainda me sinto um pouco...

Foi um pouco esquisito.

-Bem é a ciência.
-Certo.

Você quer que as pessoas

aprendam alguma coisa
com a sua pesquisa?

Bem, queremos entender
a sexualidade humana.

Sabemos tão pouco sobre isso.

Estamos obtendo informações básicas.

E, com esse tipo de informação,
podemos esperar

obter alguns insights de como

tratar diversos problemas.

O que estou ouvindo é que

não entendemos muito
sobre a sexualidade.

Ainda não chegamos nem
no estágio inicial

do entendimento da relação entre
o cérebro e a sexualidade humana.

Estamos no estágio embrionário,
anterior ao nascimento.

Você está dando
uma enorme contribuição a...

Isso me faz sentir melhor.

-Ao conhecimento...
-Faz mesmo.

Pode estar constrangido,

mas são informações básicas
e muito, muito importantes.

-Então, por favor, volte sempre.
-Está bem.

-Obrigado, mais uma vez.
-Ótimo, Alex.

-Boa sorte.
-Foi um prazer, tudo de bom.

-Até mais.
-Até.

Bem, acho que é isso.

Não sabemos muito sobre sexo

porque não priorizamos
o estudo do sexo.

Ao menos, vou embora sem problemas
em ter um orgasmo por dia.

Mas, honestamente,

não é tanto o orgasmo
o que me preocupa.

Mas, sim, o que se passa
na minha cabeça.

Minha mente imunda e sórdida.

Minhas fantasias fazem de mim
um maníaco?

Em um momento de clareza
pós-masturbação,

percebi que existe
uma biblioteca cheia

de dados para me ajudar
a responder a essa questão.

O Pornhub é um dos 50 sites
mais visitados do mundo.

Como somos mais honestos

sozinhos com uma
ferramenta de busca,

encontramos Mike,
cientista de dados do Pornhub.

Como o Pornhub jamais tinha
aberto as portas

para dar uma entrevista,

pediram que o rosto de Mike
não fosse exibido no vídeo.

Era uma oportunidade única na vida

de aprender algo
que estamos todos buscando.

E eu não iria desperdiçá-la.

Eu queria fazer algumas perguntas
bem gerais, que acho que muita gente

também gostaria de fazer.

Quais os 10 estados com maior busca
por homens gays asiáticos?

Os estados que mais costumam buscar

pornografia com gays asiáticos
são Havaí,

Califórnia, Nevada,

Washington, Alasca, Nova York,
Nova Jersey e Massachusetts.

Então, acho que é melhor para você

ficar próximo
dessas áreas litorâneas.

Entendi. Sem problemas.

Minha conclusão é que todo mundo
vê pornografia,

mas o que dizem os dados?

No ano passado,

o Pornhub registrou 23 bilhões
de visitas ao site,

sendo que 8 bilhões
vieram dos Estados Unidos.

No mundo todo, foram 4,6 bilhões
de horas de pornografia

em apenas um ano, o que significa
5.250 séculos de pornografia.

Primeiro, vamos falar

de uma das principais distinções
que eu queria saber,

a visualização de homens e mulheres.

Qual a tendência geral?

Para homens,
a busca mais frequente é para

MILF, madrasta, japonesa,
adolescente, lésbica,

vídeo de sexo de celebridade, hentai,
Ebony, massagem,

quadrinhos, anal e asiáticos.

Para mulheres, as buscas
mais frequentes são lésbica,

tesoura lésbica, sexo a três,
pau grande e preto,

lésbica seduz garota hétero,
negão, suruba,

japonês, massagem, quadrinhos,
ejaculação feminina e anal.

As mulheres buscam duas vezes mais
que os homens por termos como

suruba, penetração dupla,
sexo selvagem e bondage.

Eu pensei que fosse o contrário,

mas tudo bem, então.

Os dados não mentem.

Acho que o maior impacto
dos insights do Pornhub

é mostrar as pessoas
que elas não estão sozinhas.

Gente do mundo todo,

vizinhos, colegas de trabalho,

talvez até nossas mães,
também assistem pornografia.

Mas devo admitir que saber
o quanto de pornografia se assiste

é muito assustador.
Quando se trata de pornografia,

parece que ouço apenas
uma opinião dominante.

Pornografia na internet
é um vício real,

e quem diz o contrário

-simplesmente, está mentindo.
-Claro.

Eu fui viciado em pornografia.

Para mim, isso é uma perversão

do que deveria ser o sexo.

Pode pesquisar pornografia
e estupro.

É assustador.

Enquanto a maioria dos homens
consomem pornografia,

contribuindo para uma cultura
ainda mais violenta...

Esses temores se espalham pelo país.

Desde 2016, 17 estados
criaram regras

declarando a pornografia
como uma crise da saúde pública.

O primeiro deles foi Utah.

O senador Todd Weiler
liderou o processo

para a aprovação da declaração.

Eu jamais votei em um Republicano.

-Tudo bem.
-Entende?

-Eu entendo.
-Sabe...

Eu já votei em um Democrata.

-Ótimo.
-Mas não foi Hillary.

Espero que possamos falar
sobre esses assuntos.

-Claro.
-Sem precisar gritar.

Quando ouço falar que a pornografia
é uma crise de saúde pública,

penso no abuso de analgésicos
opioides, depressão.

Acho que essas coisas
são problemas de saúde pública.

Para mim, é difícil enxergar

que esse seja o caminho
para tratar a pornografia.

Não digo que a pornografia seja pior

do que a epidemia de opioides

ou o suicídio
de adolescentes, pois não é.

O que eu quis foi fazer um alerta

para que os pais soubessem
que a pornografia atual

é muito diferente,
muito pior, eu acho.

Crianças de 11 anos
estão aprendendo sobre sexo

com vídeos mostrando três homens
estuprando uma mulher ao mesmo tempo.

É para isso que eu quero
educar as pessoas.

Precisamos tomar cuidado,

pois damos dispositivos
móveis às crianças,

e elas levam para escola.

Eles são quase uma máquina
de vender pornografia.

Vamos deixar as crianças
serem inocentes.

Se um jovem de 18 anos
quer ver pornografia o dia todo,

a escolha é dele,
vivemos em um país livre.

Mas acredito
que um dos papéis do governo

é tentar proteger as crianças
de substâncias prejudiciais.

E acredito que, para um menino
ou uma menina em desenvolvimento,

de 10, 11 ou 12 anos de idade,

pornografia é
uma substância prejudicial.

Se a opinião do senador Weiler
for verdade,

meu cérebro está se degenerando
desde a puberdade.

Desde a era da internet discada,
recorro à pornografia

para cobrir a lacuna
da educação sexual.

Pornografia
é uma substância prejudicial?

Se fosse verdade que pornografia
acaba com a vida das pessoas,

estaríamos todos acabados, não?

Porque as pessoas assistem
tanta pornografia hoje em dia.

Como tudo o mais,
se o que você está fazendo,

prejudica você, ou o seu parceiro,

ou a sua vida, de alguma forma,
é hora de reavaliar.

Mas se isso só vai te ajudar
a dormir melhor

ou te dá ideias,
ou é porque você está solteiro,

e o que você vai fazer?

Ou é só um hábito que toma
30 minutos das suas noites,

e não faz mal a ninguém,
então, relaxe aproveite.

Não há nada de errado
em sentir prazer.

Se precisar da permissão de alguém

para ficar em paz com o prazer,
estou te dando.

-Fique em paz com isso.
-Obrigado, eu aceito.

Excluindo-se o fato
de que algumas pessoas

possam ser exploradas,
ou estejam participando

do ato sem o consentimento,

o que me preocupa
em relação à pornografia

não é a pornografia, em si,
mas o fato de que

os jovens estejam consumindo
pornografia no vazio.

Se não fornecermos
informações para os jovens

sobre relacionamentos,
e sobre os mecanismos reais

de todos os tipos
de comportamento sexual,

eles irão buscar as informações

e irão fazer uso dela,
sem a nossa contextualização.

O motivo pelo qual
considero essencial

começar a discutir isso
com as crianças é, primeiro,

elas vão ter acesso a ela, certo?

É impossível navegar na internet
e não esbarrar em pornografia.

Elas vão começar a formar
seus conceitos

do que é o sexo,
de qual a aparência dos corpos,

de como o corpo funciona,
o que é prazer,

com base no que estão vendo,

porque não conhecem de outro jeito.

Não têm uma alfabetização
em pornografia para entender

que aquilo é só uma fantasia.

Mas, quando os pais escutam
a palavra pornografia,

não querem nem falar no assunto.

A abordagem é enfiar a cabeça
em um buraco na terra.

E o que as pessoas perdem

ao assistir a pornografia
apenas como um manual sexual?

Aspectos como o consentimento.

Que vídeo de pornografia
começa com algum um tipo

de negociação do que será feito?

"Você concorda com isso?"

Simplesmente, não acontece.

As pessoas precisam entender que,
ao ver o sexo anal na tela,

são atores profissionais

Na vida real,
o sexo anal não é assim.

A lubrificação é importante.

Não acontece sem lubrificação.

Isso não é mostrado no filme pornô.

E, provavelmente,
a pessoa acaba fazendo cocô.

Acho que isso é importante ser dito.

Os jovens, e principalmente
o homem hétero jovem,

vai pensar:
"Como assim?"

"O que você está falando?"

E eu: "Pois é, meu amigo".

Isso acontece,
mas o filme pornô é editado,

antes de você assistir
50 vezes no Pornhub, sabia?

Ter essa discussão sobre
como é o sexo anal

na vida real, com delicadeza,

com consentimento,
muita lubrificação e tempo,

Provavelmente, eles vão achar
que não é nada do que esperavam.

Não vai ser como se esperava.

Então, a alfabetização
pornográfica deveria ser ensinada.

E não dizer que a pornografia
prejudica e acaba com sua vida,

transformá-los em maníacos sexuais,

ou dizer que é proibido.

Deveríamos dizer que é uma fantasia.

Mas não seria melhor

se tivéssemos um conhecimento
melhor da pornografia?

Se, nas escolas,

destinássemos recursos
para achar uma forma

de saber como os pais podem
ajudar as crianças a entender

que, ao ver pornografia,
é preciso entender

que se trata de uma fantasia.

E que foi feito para adultos.

Não sei se precisamos
ensinar pornografia.

Mas acho que é importante
ensinar as pessoas

sobre o respeito ao próprio corpo,
consentimento e escolha da mídia.

Na minha opinião pessoal,
a pornografia

causa mais danos do que ganhos.

Acho que prejudica
os relacionamentos.

Faz com que homens e mulheres

se sintam diminuídos.

Eu não acredito que a pornografia

possa tornar o mundo melhor.

-Você não acha...
-Não.

Da maneira que eu vejo,

para algumas pessoas,
é uma ótima forma...

E, para outras, deixa para lá?

-Melhora os relacionamentos.
-Entendo.

-Em outros casos, destrói.
-Certo.

Eu já tive relacionamentos

em que gostávamos de pornografia,
e era uma oportunidade

para falarmos sobre nossas fantasias.

-Serve para iniciar um diálogo.
-Entendo.

Depende de a pessoa
se conhecer o bastante

para saber se a pornografia
fará bem ou não.

-Pode ver ao menos uma possibilidade?
-Veja, eu entendo que...

-De ser bom para alguns casais?
-Já conversei com casais

que dizem que a pornografia
enriquece a vida sexual deles.

Estou apenas te dando
minha opinião pessoal.

Algo está muito errado.

Agora, podemos discordar.

Não sou contra o sexo,
não sou contra a nudez.

Na verdade, adoro
ver minha mulher nua.

Mas o que é importante é que

não acho que a pornografia
me torne um marido melhor,

ou que me torne um pai melhor.

Mas não espero que você
pense da mesma forma.

Não estou tentando impor
minha crença a você.

Vou me esforçar para fazer o mesmo.

Mas ainda acho que a pornografia

pode funcionar para você
e sua esposa.

Veja bem... Está bem.

Essa é a minha opinião.

Apesar de discordarmos
sobre as belezas da pornografia,

eu entendo a preocupação
do senador Weiler.

Porque, se minhas buscas
pornográficas fossem de verdade,

muitas seriam, no mínimo,
eticamente suspeitas,

ou colocar alguém na cadeia,
na pior das hipóteses.

Para dar uma ideia do meu problema,

fui visitar a Dra. Laurie Betito.

Como terapeuta sexual
e locutora de rádio,

ela já ajudou milhares de pessoas

ansiosas com suas fantasias.

Muitas vezes, somos ensinados
a não explorar nossa sexualidade.

Tentar aumentar o prazer?

-O mundo já é difícil demais.
-Pois é.

-Tudo o que podemos...
-Prazer responsável.

-Claro.
-É preciso ter reponsabilidade.

Tenho muita imaginação sexual
de que estou...

Acho que isso não é certo.

É como um tabu.

Acho que assisti muita pornografia
do tipo padrasto e enteada.

-Sim, entendo.
-Talvez seja uma fantasia violenta.

Na vida real, eu não faria isso,
mas me deixa excitado.

Devo me envergonhar
de ter esses pensamentos?

São apenas pensamentos.

É o que sempre digo,
são só pensamentos.

As pessoas confundem fantasias
com desejos.

Se eu tenho uma fantasia com estupro,

que, por sinal, é uma fantasia comum,

então quer dizer que eu queria
ser estuprada.

Mas não tem nada a ver.

É uma fantasia.
Em uma fantasia, você é o diretor.

Você escolhe o script,
você está no controle.

E não há nada de errado
com esses pensamentos.

Mas, mesmo assim,
as pessoas questionam.

Como você acabou de fazer:
"Isso deve ser doentio".

E as pessoas pensam assim

porque ninguém fala disso.

Com que frequência você fala
para os seus amigos:

"Eu tive tais pensamentos,
o que você acha?"

Podemos nos sentir atraídos
por algo que é um tabu,

sem jamais imaginar
querer fazer aquilo.

Ótimo. Adorei ouvir isso. Obrigado.

-Acho que fiz você se sentir melhor.
-Já estou aliviado.

Parece que muitos dos nossos
julgamentos e pensamentos

e moral, quando se trata
de sexualidade,

estão relacionados à nossa época,
espaço ou criação.

Há algo em que possamos nos basear

para evitar confiar apenas
no que nossos pais falam?

-Ou no que o governo fala?
-Certo.

Existe um modelo de sexualidade?

A primeira coisa
é conhecer a si mesmo.

Acho que não apenas se conhecer,

mas também ser honesto
em relação a isso.

Você precisa ser honesto
com você mesmo.

E, quando falamos de sexualidade,
isso, às vezes, fica difícil.

Eu me lembrei de um cliente,
que sofria de infantilismo.

Ele gostava de usar fralda,
e escondia aquilo.

Ele se casou e omitiu aquilo.

Aquilo causou tanta ansiedade,
que ele acabou decidindo

que precisava contar para a esposa,
para jogar limpo.

Não podia mais esconder.

Ele esperava e até rezava
para que ela aceitasse,

e que até entrasse na fantasia.

Mas aquilo acabou com o casamento.

Destruiu tudo o que havia entre eles.

Ele acabou encontrando alguém
que aceitou o fetiche da fralda.

Não precisava mais esconder,

mas eu trabalhei com ele
para que ele aceitasse.

Isso é parte do processo
de autoconhecimento.

Conversei com muita gente
nesses anos todos,

com tantos tipos de sexualidade,

que são pessoas perfeitamente legais.

Quem sou eu para julgá-las
com base nas preferências sexuais?

Isso é difícil.

Mas se não há nada de errado
em se masturbar,

assistir pornografia,
ter pensamentos selvagens,

de fantasias sexuais,

por que eu me torturo
por causa disso?

Isso mesmo, a igreja católica,

a instituição que repreendeu
minha avó por querer

sobre menstruação,
condena o casamento gay,

e promove o celibato
como algo divino.

Faz tempo que não escuto
a igreja nesse assunto.

Está na hora de dar uma chance

de defender dois milênios
de perseguição sexual.

Três minutos são suficientes?

Deve estar pensando,

se estou filmando um documentário
sobre sexo, o que estou fazendo aqui.

Sim, estava pensando nisso, Alex.
Para ser sincero.

O que me traz aqui é que,

muito do que penso sobre como
os americanos ou os ocidentais

experimentam
e filtram sua sexualidade...

Ela é filtrada, pelos antigos valores
e a moral judaico-cristã.

Se você perguntar qual
a posição da igreja

em relação à sexualidade ou ao sexo,
ela poderia ser resumida

e simplificada em dois pontos:
não faça sexo e não seja gay.

Mas essa é uma caricatura
dos ensinamentos da igreja...

É a caricatura que faço da igreja.

Sim, eu entendo,

pois a forma como falamos
sobre esses assuntos

tem sido negativa e dura,
e tem afastado as pessoas.

Mas, vamos em frente,
qual é a doutrina católica oficial,

sobre sexo e sexualidade?

A posição oficial da igreja

é que o sexo só é aceito para
procriação, dentro do casamento?

Não somente para procriação.

O Segundo Concílio Vaticano
fala em sexo dentro do casamento,

não só para procriação,

mas também por amor e prazer mútuos.

Antes, era apenas para procriação.

Então, houve uma evolução.

Então, o que diria a alguém
que viesse à igreja,

por ter internalizado
essa mensagem contra o sexo,

e viesse até a igreja e dissesse:
"Acho que eu sou gay",

ou que gosta de apanhar, ou de usar
vibrador, ou praticar sexo anal.

E a pessoa acha que está
contrariando a religião.

-O que diria a essa pessoa?
-Eu a receberia e escutaria.

Tento apenas ouvir, sem julgar.

E também faço referência
à pessoa de Jesus.

Ele não lidou tanto
com a sexualidade,

mas quando isso surgiu,
o que se vê nele

é alguém com muita compaixão
e delicadeza.

Muitos cristãos não veem Jesus
como um ser sexual,

mas ele era humano, completamente.

Entendo que todos
somos seres sexuais.

-Assim como foi Jesus.
-Como definiria isso?

O que significa "ser sexual?"

Significa que a sexualidade
é o que nos move

na direção dos outros.

É a faísca, é a energia.

Tudo o que fazemos é sexual,

com "s" minúsculo, nesse sentido.

Não há nada em nós
que não seja sexual.

Isso não significa o sexo.
O sexo é só uma parte disso.

-Então, é conexão?
-Sim, conexão.

É o que nos faz querer conectar
com outro ser humano.

Este momento é uma interação sexual?

-Neste sentido, sim.
-Certo.

Com um "s" minúsculo,
pois todo encontro é sexual.

Você não deveria ter medo
do sexo e da sexualidade.

É parte do que somos,
é parte intrínseca de nós.

Deveríamos entender melhor
para levá-la mais a sério.

Mas também é a parte
divertida de sermos humanos.

Mas entendo de onde vem
parte desse medo,

pois as pessoas podem
se magoar profundamente,

por causa do sexo e da sexualidade.

Precisamos aprender
a sermos seres morais

e maduros em relação a isso.

Quando você se torna
uma pessoa autêntica,

a sua vida sexual melhora.

Este é o caminho espiritual,

seja a pessoa católica, cristã,
hindu ou budista.

Acima de tudo, meu entendimento
da mensagem da igreja

é que sejamos mais humanos,
e plenamente vivos.

Se não for assim, de que adianta?

Nossa, caramba.
Eu não esperava que um padre católico

pudesse ampliar
minha definição de sexo,

e me dizer que
qualquer interação é sexual,

e que isso é algo a ser celebrado.

Será que me sinto mais conectado
com a minha humanidade?

Aceitando meu autêntico "eu"?

É por isso que as pessoas
vão à igreja?

Isso me leva a uma questão

que não acredito estar levantando
aos 36 anos: o que é sexo?

Atrás de respostas,
fui procurar os cientistas

do Centro de Saúde Sexual
da Universidade de Columbia, Canadá.

Um ótimo lugar
para se começar do zero.

Como você define o sexo?

Como eu defino o sexo?

Bem, como eu defino o sexo?

Deixe-me pensar um segundo.

É difícil de definir.

Nossa definição passa
por constantes mudanças.

É uma pergunta muito difícil.

Não acho que,
como estudiosos do sexo,

tenhamos uma definição clara
do que é sexo.

Como vocês definem sexualidade
atualmente?

Veja bem... depende.

Desculpe, vou tentar verbalizar.

Estou tentando verbalizar
de forma bem específica.

É que varia tanto.

Não sei se consigo resumir.

Bem, parece que até
os estudiosos do sexo

têm dificuldade em definir sexo.

Os cientistas trabalham com precisão

e simplesmente não existe
pesquisa suficiente.

Eu precisava de alguém acostumado
a ensinar crianças de 5 anos.

Qual a sua definição de sexo?

Essa é uma ótima pergunta

Sexo é um tipo de contato íntimo

que costuma envolver órgãos genitais.

Podemos dizer que
o coito é um tipo de sexo.

Sexo oral é um tipo de sexo,
tocar os genitais do outro também é,

como sexo por telefone.

Depende do motivo da pergunta.

Está perguntando porque quer evitar
contrair uma DST?

Então, precisamos pensar
onde você vai tocar,

e que tipo de fluidos.

Está perguntando porque quer saber
que tipo de sexo

fará com que se sinta
próximo a alguém,

ou conectado a essa pessoa,

ou que te faça lembrar dessa pessoa
por muito tempo?

Talvez não tenha nada a ver
com o corpo e a pele.

A intimidade é uma conexão profunda
que sabemos quando sentimos,

mas que é
um pouco difícil de definir.

Eu vejo a intimidade sexual
como aquele momento

em que você olha nos olhos da pessoa

e se vê refletido de volta,
de um jeito

que nunca se viu antes.

Às vezes, nosso cérebro
nos diz alguma coisa

do tipo: "Você sentiu isso?"

É um daqueles momentos: "Caraca!"

Mas aquele impacto de intimidade
é parte essencial

do que é esse tal de sexo?
É ser visto.

Gostei tanto disso, que até dói.

Reduzimos sexo à reprodução.

Isso é engraçado. Se uma criança
pergunta: "O que é sexo?"

Respondemos que é como
os bebês são feitos.

Mas isso é uma mentira completa.

Sexo não é isso.

-Para mim, certamente não.
-Não mesmo.

E não é para a maioria das pessoas.
Mesmo para as hétero mais comuns,

sexo não é reprodução.

Se isso fosse verdade,
teríamos uns 15 filhos.

Se fosse verdade.
Apenas em uma fração das vezes,

o sexo é reprodução.

Normalmente, está relacionado
a identidade e conexão,

e fome da pele
e expressão sexual, certo?

É o que somos.

É muito importante

quando falamos de sexualidade,
falarmos sobre saúde.

E que a sexualidade não envolve
só a reprodução.

Não envolve só doenças
sexualmente transmissíveis.

Não envolve só população.

A sexualidade é o que somos,

como nos definimos
sob todos os aspectos.

Como passamos pelo mundo,

o jeito de rir, o estilo do cabelo,

se somos ousados ou tímidos,
e o que faz gemer,

e o que nos exclamar "Caramba!"

Nossa sexualidade está
em constante mudança.

No seu jeito de andar,
você se expressa sexualmente.

Adoro essa ideia.

O jeito de rir, de virar a cabeça,
expressa sua sexualidade.

É complexo.

Essas definições de sexo,
que o sexo está no centro

da conexão e da identidade humana,
me forçam a chegar

a algumas dolorosas percepções.
Porque significam

que, ao representar
minha sexualidade,

eu estou, na verdade,
reprimindo mais do que pensava.

Se o sexo está interligado
a cada fibra do meu ser,

quanto estou perdendo
da minha humanidade?

Somos todos seres sexuais,
querendo ou não.

Uma cultura sexualmente saudável,
permitiria que eu e você

decidíssemos quem queremos ser,

permitiria mudar de ideia sempre,

e expressar
essa identidade sem medo.

Quanto mais vemos as pessoas
sendo diferentes,

mais aceitamos a nós mesmos,

porque não precisamos nos encaixar

nessa definição tão estreita

de quem devemos ser,
que aparência ter,

de como nossa vida deve ser.

Se você não se sente à vontade
na sua própria pele,

e com seu próprio corpo,

quanto isso te reprime?

Fui criado neste país para
não me sentir à vontade no meu corpo,

para ser ignorante sobre sexo.

Mas agora sei que o sexo
é muito mais do que fui ensinado.

Não é só fluidos e buracos.

Não é só o coito e o orgasmo.

É expressão e identidade,

como nos conectamos
e brincamos com o outro.

A sexualidade não é uma opção,

mas escolher ter medo é.

Então, eu posso continuar
fugindo de algo

de que jamais poderei escapar.

Posso continuar tentando
esconder algo

que é impossível de se esconder.
Ou posso honrá-lo.

Cansei de perder tempo.
Acho que estou pronto.

Mas, como exatamente se faz isso?

Quando perguntei aos especialistas
como romper o ciclo

da vergonha, uma mesma resposta
ficava se repetindo.

Acho que a resposta é uma
educação sexual abrangente.

Educação sexual abrangente.

Educação sexual.

Uma sexualidade abrangente.

Educação sexual abrangente.

O que faz a educação sexual
ser abrangente?

De acordo com a ONU, precisão médica,

adequação à idade,
ausência de julgamento,

e preparar os alunos
para tomar decisões embasadas

sobre sua saúde sexual.

Na minha opinião,
o conhecimento é libertador.

E o conhecimento reduz as chances

de uma pessoa ser manipulada
ou explorada.

Alguns programas bem abrangentes
de educação sexual

foram lançados.

Não tão abrangentes, mas apenas
mencionaram masturbação e gays.

Mas eles foram suspensos,

ou desautorizados
de citar esses temas,

mesmo sendo muito claramente
dentro na normalidade

do que as pessoas já fazem
e já experimenta.

Em regiões conservadoras, onde
os jovens não têm acesso a informação

estão os maiores índices
de gravidez e de DST.

Isso remonta a questões amplas
do sistema educacional

de que temos pouco tempo disponível,

e então buscamos
passar uma mensagem global.

O que é mais seguro?
Falar para eles não fazerem.

Isso jamais funcionou.

Não funcionou em nenhuma área.

Por que achar que falar não
funcionaria na área da saúde sexual?

O que buscamos,
com a educação sexual,

é informar as pessoas

antes que elas precisem
dessas informações.

Como negociar limites?

Como negociar o prazer?

Como negociar o consentimento?

O certo não é tocar uma camisinha
pela primeira vez na hora de usar.

Mas usar para brincar antes,
encher de água,

enfiar na maçaneta da porta
para assustar a irmã.

É preciso ir se acostumando a usar,
e se sentir à vontade.

Esse é o princípio da educação.

Encher as crianças de informação
agora, para que, anos depois,

quando precisarem,
já saibam como usar.

Mas, nos EUA,
uma educação sexual abrangente

ainda enfrenta enorme resistência.

Eles devem ficar longe do sexo,
isso é assunto de família.

É doentio e corrompe,

é explícito e ofensivo à moral.

É doutrinação, e não educação.

Protejam nossas crianças!
Protejam nossas crianças!

Essa resistência significa que,
em 2020, apenas 17 estados

exigem que a educação sexual
tenha precisão médica.

Apenas 11 estados,
mais Washington D.C. exigem

que ela ensine
que pessoas queer são normais,

enquanto sete estados exigem

que se ensine que a
homossexualidade é errada.

E só 20 estados mais Washington D.C.

exigem o ensino de
métodos contraceptivos

contra 31 estados que exigem
o reforço da abstinência

ou a importância do sexo
dentro do casamento.

O resultado é que gente como eu, que
se tortura em relação à sexualidade,

acaba fazendo
um documentário sobre o tema.

Mas existe um fio de esperança.

Até em Utah, o berço dos mórmons,

organizações como a
"Planned Parenthood" se manifestam

para ensinar
o que o estado não ensina.

Talvez você a conheça como
maior responsável por abortos

mas ela é muito mais.

Trabalhamos para evitar abortos
mais do que qualquer pessoa

no estado de Utah.

Fazemos mais de 100 mil visitas
sobre métodos contraceptivos por ano.

Fornecemos educação,
que é como garantimos às pessoas

as informações e as competências
para ajudar a evitar abortos

e ter a família que quiserem.

Para mim, é um direito essencial

que as pessoas saibam
como seu próprio corpo funciona.

Como mulher, e como alguém
que pode engravidar,

um importante acontecimento
de saúde na vida,

tenho certeza de que
essa decisão cabe a mim.

E tenho certeza de que a educação,

para que eu possa lidar com isso
da forma que eu quiser, é essencial

para que eu seja um ser humano
pleno, com igualdade.

Para vê-los em ação, fui com Annabel
a uma sessão do programa "INclued",

curso de educação sexual abrangente
comandado pelos jovens.

Eles começam falando
sobre a semana de cada um.

Típico do ensino médio.

Fiz uma prova de física,
e acho que mandei bem,

mas, nunca se sabe, é física.

As aulas de bateria vão bem.
O dever de casa vai bem.

Mais 71 dias de escola, 71 dias,
e estarei livre, acabou.

O que não se parecia
em nada com o ensino médio?

Temos aqui:
ver uma pessoa se masturbar,

siririca, enfiar o dedo,
sexo oral na vulva,

tocar os genitais para dar prazer,

massagem sem roupa,
beijar, sexo oral,

manipular a vulva ou o ânus,

tocar gaita, e, por último,

temos sexo anal com pênis
sem preservativo.

Você ouviu ele falar "tocar gaita".
Não estavam brincando

quando disseram que seria abrangente.

O objetivo do exercício
é fazer uma lista dos atos sexuais

que venham à mente
e avaliar os riscos

de infecção ou gravidez.

Depois, a líder juvenil Sofia

falou de formas
de reduzir esses riscos.

Enrolar na cabeça do pênis.

Quem aqui já viu
um preservativo feminino.

Na vagina, verificando que alcance
parede do colo do útero.

Temos aqui uma barreira bucal.

Muita gente pensa que
usar gel lubrificante

mostra que você mandou mal.
Isso não é verdade.

Precisamos dessas informações.

Escolhendo fazer sexo ou não,
é preciso ter essas informações,

para tomar decisões bem embasadas.

E você pode decidir não transar.

Ensinamos isso também.

A abstinência ainda é uma opção
para muita gente.

Como é seu relacionamento
com seus pais?

Eles sabem o que você faz aqui?

Meu pai vem me buscar
e me leva para casa.

Conversamos sobre tudo
o que acontece conosco,

no conselho juvenil,
e acho muito positivo

porque eu não tinha essas conversas
com o meu pai antes.

Acho que, às vezes, é difícil
para os pais perceberem

que os filhos pensam em sexo.

Os filhos aprendem sobre
métodos contraceptivos.

Acho que isso é difícil para os pais

e o conselho juvenil me ajudou muito
no relacionamento com meus pais.

Alguma pergunta?

É reconfortante saber
que a educação sexual

fortalece o relacionamento de Sofia
com os pais dela.

Na idade dela, minha incapacidade

de conversar com meus pais
me deixava arrasado.

E eu seguia escutando
que o problema é o silêncio.

O silêncio fala tão alto
quanto as nossas palavras.

Todo mundo quer o melhor
para os filhos, deixá-los seguros.

Na ânsia de mantê-los em segurança,

omitimos informações,
como se isso aumentasse a segurança.

As crianças pegam as coisas no ar,
tanto o que falamos,

quanto o que não falamos.

Vulva é o nome certo,
mas ninguém usa.

Não sei por quê.
É uma parte do corpo.

É preciso ser um pai
muito cabeça aberta,

e muito autoconfiante,
para não passar uma mensagem

de vergonha em relação ao sexo.

Muitos pais têm dificuldade nisso.
Mas não é culpa deles.

Provavelmente, também
foram criados assim.

Ouço de muitos pais
que estão esperando

que os filhos mostrem
que estão prontos.

A forma como as crianças
podem demonstrar

que estão prontas
é fazendo perguntas.

Mas essa criança jamais
vai lhe fazer perguntas

se você não tiver mostrado a ela

que está aberto a ter essa conversa.

É você que deve entrar no tema.
Você deve começar a conversa,

repetindo com frequência,
até que a criança acredite

que você sabe do que está falando,

e que está realmente disposto
a conversar

sem ficar zangado
e sem demonstrar desconforto.

Vou contar mais uma história
sobre meu filhos.

Eles eram muitos pequenos,
estavam na banheira,

e uma delas estava simplesmente

se lavando, se tocando, e tal.

E, de repente, ela falou:
"Ah, faz cócegas".

Ela estava tocando o clítoris.

Minha reação imediata foi dizer:

"Este é o seu clítoris,
e serve para dar prazer.

Quando você toca,
pode ser gostoso e fazer cócegas.

É para isso que ele serve".
Fim de papo.

"Ah, tudo bem, mamãe".
E acabou ali, entende?

Seja o que ela quis
fazer com aquilo depois,

como ela quis tocar, tudo bem.

Se tivesse dado um tapinha na mão,
que mensagem eu estaria passando?

"Não pode fazer isso,
não toque seu corpo".

É uma vergonha.

Meus filhos vão morrer
de vergonha, mas tudo bem.

Parece que as famílias

são a base para uma
boa educação sexual.

Mas se você, seus pais,
e os pais dos seus pais

jamais aprenderam a falar sobre sexo,

como aprender a falar sobre sexo?

Essa mulher ajuda famílias,
a enfermeira Julie Metzger.

Ao lado do pediatra Rob Lehman,

ajudou a fundar
o Great Conversations,

um curso de educação sexual
para crianças de 10 a 12 anos.

Diferente dos demais cursos,
este é para pais e filhos.

As aulas são bem abrangentes.

Aqui está o umbigo, e aqui está o...

-Pênis.
-Muito bem!

-Ovários.
-Colo do útero.

Chama-se ereção.
Logo acima da vulva.

Algo que vocês precisam conhecer.

Chama-se clítoris.

-Homossexual.
-Transgênero.

Ejaculação.

As pessoas não costumam
entrar na cozinha e falar:

"Oi, família, vou subir
para me masturbar".

Não é o que costuma acontecer.

Que sensação o sexo provoca?

Vamos, pais e mães.

É como ganhar um Lego novinho.

Emocionante.

Durante quatro horas,

essas crianças falaram mais
com os pais sobre sexo

do que eu, na minha vida toda.

E o mais curioso é que tudo
parecia normal e divertido.

Os conservadores
devem ter razão.

As famílias deveriam estar
envolvidas na educação sexual.

Tivemos um encontro de 200 minutos,

e eu falei durante
a maior parte do tempo.

A lição de casa de vocês
é ter 200 sessões

de um minuto de conversa
uns com os outros.

Com isso, cada adulto poderia
dizer à sua filha

o que espera para a vida dela
durante a puberdade.

O roteiro que nos foi dado era:

chame seus filhos para a conversa,

e ponto final.

Mas você colocou
de um jeito diferente.

Sou uma desenvolvimentista.

Em outras palavras,
acho que a educação sexual

pode acontecer em qualquer idade.

Pode ser aos 60, pode ser aos 40,

pode ser aos dois, aos quatro anos.

Mas a linguagem, a estrutura,

e o que se usa como conteúdo
vai variar.

Ninguém espera uma criança dizer que
está pronta para aprender álgebra.

Começamos quando ela se mostra
pronta para aprender álgebra.

Acho que alguns pais não gostam de
pensar nos filhos como seres sexuais.

Muitas vezes, chegam pais que dizem:
"Minha filha não está pronta".

Eu olho para a filha,
e ela está anotando tudo.

São os pais que não estão prontos.

Mas, aos dois anos, você pode falar
sobre partes do corpo.

Aos seis, pode falar
sobre os cuidados com o corpo,

como escovar os dentes.

Tudo isso se relaciona com o sexo.
Como cuidar do próprio corpo?

Quais os nomes
de cada parte do corpo?

Que partes estão à mostra,
o que é privacidade, intimidade?

Quem você abraça,
quem você não abraça?

O que é consentimento?

Você pode ter uma conversa

sobre isso com uma criança
de seis anos.

Talvez você não chame
de pênis, vagina, coito,

nessa idade; talvez chame.

Mas acho que faz da conversa.
Quando? Sempre.

Conversar sempre.

Olhando para aquele mar de famílias,

só pensava na sorte que elas tinham.

que sorte daquelas crianças,
por ter acesso a informações,

e não se desesperarem
com a primeira menstruação ou ereção.

E que sorte desses pais,
por poder normalizar o diálogo

sobre partes do corpo e crescimento,
além de fortalecer

o relacionamento com os filhos.

Sorte a deles.

Mas e quanto a mim?

Meus pais não puderam me preparar

para o meu primeiro sonho erótico,
sexo, ou ereção.

Ficaram esperando
que eu perguntasse a eles,

o que resultou em anos de silêncio.

E agora eu sei que o silêncio
alimenta a vergonha.

Mas, se eles estavam esperando
que eu perguntasse,

talvez eu deva aceitar a oferta.
Mas por onde começar?

Qual o seu objetivo?

Acho que, no começo,
eu estava procurando um culpado.

-Entendo.
-Depois, eu realmente percebi

que eles estavam na lugar deles.

-Claro.
-Ninguém tem culpa.

Acho que agora eu percebo o quanto

eu me afastei dos meus pais,
propositadamente.

Não que eles fossem pais ruins,

mas porque eu estava assustado.

Quando penso no tempo
que ainda tenho com meus pais,

não quero mais que haja
momentos de desconexão.

Esse é um ótimo começo.

Quero muito que vocês se conectem.

Com certeza.

E quero que seja por completo.

CASA DOS MEUS PAIS

Como vocês se sentem?

-Tudo bem.
-Um pouco nervosa.

Eu também.

Tenho pensado em umas coisas

que transformei em motivos
de vergonha, medo e ignorância.

E queria perguntar a vocês
para saber o que acham.

Que idade eu tinha
quando vocês começaram

a perceber que talvez eu fosse gay?

Eu jamais percebei.

Eu pensei nisso em 1992,
eu me lembro exatamente,

porque foi nos Jogos
Olímpicos de Inverno.

E você adorava patinação no gelo.

Você amava. Então eu pensei:
"Será que ele é gay?"

Isso é muito estereotipado.
Não foi legal.

Tudo bem, eu me encaixo
nesse estereótipo.

Vocês tinham conhecimento
da pornografia que eu via em casa?

-Eu descobri algumas.
-Certo.

Você achou que era...

Você ficou zangada de saber
que eu via pornografia

e me masturbava em casa?

-Não.
-Não?

Imaginei que todo garoto fizesse.

Vocês acharam evidências
de que eu me masturbava em casa?

Eu já. Porque ele não faz faxina.

Claro que ele não achou.

Pensei que estava sendo cuidadoso.

Não era, não.

Você era bem bagunceiro.

Quando vocês se conheceram,
os dois eram virgens?

-Eu era.
-Eu era extra-virgem.

Nossa, ele não era, não.

Isso é azeite de oliva.
Não se aplica a você.

Ninguém tinha me tocado
do pescoço para baixo.

-Com exceção das minhas mãos.
-Entendi.

Que mentira.

Ele diz isso o tempo todo,
mas é mentira.

Com quantos anos transou
pela primeira vez, pai?

Provavelmente, na faculdade.

Não me lembro, mas deve ter sido
na faculdade, com uns 20 anos.

Você se lembra do nome dela?

Sim, lembro.

-Não foi nada...
-Ele foi noivo.

O quê? Eu não sabia disso!
Você foi noivo?

Não foi uma experiência
inesquecível.

Espere aí, você era noivo?

Mais ou menos, era só diversão.

-Não foi nada sério.
-Como assim?

Eu não fazia ideia.

-Do que você está falando?
-Era brincadeira.

Isso te incomoda?

Me incomoda mais ouvir ele dizer
que era extra-virgem.

Digamos assim.

Que mentira.

Que importância vocês acham

que o sexo tem
no relacionamento de vocês?

Vou deixar ele falar primeiro.

É bastante importante.

Nós gostamos bastante.

Mamãe, nós gostamos bastante?

Acho que ele gosta bastante.

-Está bem, é bom.
-Certo.

-Acho que é importante.
-Em que sentido?

Fortalece o relacionamento.

Em todo relacionamento,
um dos maiores pontos de tensão

é quem quer mais sexo, não?

Vocês dois brigam por causa disso?

Acho que eu quero mais sexo,
mas não brigamos por causa disso.

Algum problema nessa resposta?

Mãe, qual a sua experiência?

Com certeza, ele quer mais sexo.

Acho que se eu dissesse mais "nãos",
teríamos um problema.

E o que você faz, pai?

Para agradecer à mamãe por transar?

-Boa pergunta.
-É mesmo.

O que eu faço para agradecer?

Sei lá, só digo "obrigado".

Mamãe, o que gostaria
que ele fizesse?

Eu queria que ele reconhecesse mais,

fosse mais carinhoso,
tivesse mais consideração.

Agora você já sabe, pai.

Como é falar
sobre essas coisas agora?

É esquisito? Ou não?

-Um pouco.
-É.

É bom ter um relacionamento

em que podemos falar sobre isso,

mas precisamos falar sobre isso.

Me sinto ótimo por ter
um bom relacionamento

com a minha família direta
e expandida.

É maravilhoso.

Isso se constrói ao longo dos anos,
e espero que você tenha isso também.

Sem dúvida, eu quero ter
mais conversas como essa,

porque agora eu percebo...

quantas vezes vamos nos ver por ano?

Quantas vezes poderemos ter momentos
para falar dessas coisas?

Quanto eu conheço de vocês,
como adultos?

O que vocês sabem
da minha vida adulta?

Espero que vocês sempre
se sintam à vontade

em vir me perguntar
sobre a minha vida,

qualquer curiosidade,
podem perguntar tudo.

Se eu não puder responder, eu falo.

E espero poder fazer
o mesmo com vocês.

Acho que sempre soubemos,
mas só não tínhamos falado.

Espero que nossos gestos
tenham lhe mostrado isso.

Com certeza.

Vou encerrar a entrevista,
quero saber mais sobre o noivado.

Noivado? Que noivado?

O noivado de uma hora.

Eu disse, foi um noivado falso.

-Não foi pra valer.
-Está bem.

Vou descobrir isso depois.

Até que não foi tão mal assim.

Até que foi fofo.

E minha mãe não ficou zangada
por eu bater punheta

depois de comer bagel sabor pizza.

Que alívio.

Passei tanto tempo sem perceber

quanta coisa perdi
do relacionamento com meus pais.

Devo a eles e a todos
que fazem parte da minha vida

o fato de ser mais aberto,
sincero e susceptível.

Devo a mim mesmo, porque
os relacionamentos estão em jogo.

Fiz esse filme com esse objetivo

de desfazer a vergonha passada
de geração a geração,

para poder atingir o nirvana no sexo.

Ainda não cheguei lá,

mas acho que fiz o possível.

Podemos fazer um mundo diferente.

Convido você a vir comigo.

Porque eu tenho um sonho.
Um sonho erótico. Uma fantasia.

Tenho a fantasia de que, um dia,

poderemos nos despir
da vergonha do sexo.

A menos que, é claro,
a vergonha seja o seu motor.

Nesse dia, entenderemos que o sexo

não é igual para todo mundo.

Um mundo com 7,8 bilhões de pessoas
significa 7,8 bilhões de sexualidades.

Cada um tem seus desejos
e excentricidades.

Nesse dia, as crianças vão aprender
como seu corpo é divertido,

em vez de ficarem obcecadas
em saber se são normais.

Tenho a fantasia de que os pais

vão deixar de ter medo de ensinar
às crianças as palavras pênis,

testículos, vulva e vagina.

Que um dia as meninas vão crescer
com direito

ao seu próprio prazer sexual,
sabendo que grande parte desse prazer

está no clítoris.

Que um dia poderemos falar sobre DSTs

como falamos de um resfriado.

Acontece nas melhores famílias.

Que, um dia, você possa chupar,
lambuzar, espalhar, bater, cuspir,

engolir, amarrar, lamber, mordiscar,
enfiar, meter, fazer cócegas, cutucar

enfiar a língua, o dedo, a mão,
açoitar, atar, vendar, apertar,

penetrar, amordaçar, submeter,
dominar, acariciar,

fazer um amor bem doce,
se soltar, pegar,

e expressar livremente
sua sexualidade,

com quem e quando quiser,

sem nada para impedir, desde que haja
acordo, tempo e energia.

E, acima de tudo,
tenho a fantasia de que hoje

vamos todos para casa,
ouvir Salt-N-Pepa,

e falar sobre sexo.

Testando, estamos
em Bloomington, Indiana.

Um, dois, três,
estamos suados pra caralho.

-Suado, suado...
-Melado.

Documentário melado sobre sexo.

E ação.

Certo, mais uma vez,

mais uma vez, está bom.

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Acho que eu precisava mostrar
que eu era bom.

E passei no teste.

Ele é cheio de frases.

"Se me ama de verdade, Lisa,
você vai fazer".

Nossa, papai.

-Que coisa horrível.
-Pois é, como assim?

Acho que sou o único
que usa essa frase.

Não, acho que não.

Allyson não aguenta mais.

Maravilha, valeu.

-Certo.
-Vamos dar um close.