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Legendas:
João Ahrens Teixeira

Imensa e imortal era a força de Hercules,

Como o mundo e os deuses a que pertencia

Mas um dia cruzaram o seu caminho homens

Prontos a sacrificar o seu curto
tesouro, a vida,

Pelo conhecimento, a justiça e o amor...

- Parem!

- Parem!

- Obrigado!

Agradeço aos deuses por me
providiciarem um homem tão forte,

quando precisei dele.

Confesso que ao ver aqueles cavalos
velozes, me preocupei consigo.

Está bem?

Melhor.

Oh! As minhas pernas ainda
estão fracas.

Porque olha para mim?

É assim tão estranho que uma rapariga
não domine aqueles cavalos?

Nem por isso!

Duvido que alguém os
possa controlar.

- Então porquê?

Estava olhando para si.

É dificil de encontrar uma rapariga
tão bonita como vós.

Você disse com simplicidade.

Como diria de uma planta
ou de um animal.

Quase penso que sejas sincero.

Sou sincero.

Falo sempre a verdade.

Agora sei quem és.
És o Hércules de Tebas.

Esperam-te em Iolco. Esperam
grandes coisas de si.

Pelos Deuses,
Esqueci-me do assado.

Já deve estar estorricado.

Não, parece estar bom!

Quer provar?
- Oh não!

Vá lá!

-Mais um pouco.
-Não. Basta.

Vou começar por onde os
seus lábios acabaram.

Não consigo saber se é sincero
ou presunsoso.

Presunsoso não,
só estou faminto.

Isso não é trabalho para
uma princesa.

Sim, é a Iole,
filha de Pelias, rei de Iolco.

O brazão na sua carruagem
indicou-me o seu nome.

Deixe, eu o farei.

Fá-lo-ei mais rápido
do que você.

O que for preciso.

Não tenho pressa em regressar
à cidade que detesto.

Uma estranha boasvindas
para um estrangeiro em Iolco.

Se fosse a si, não iria.

Fui convidado por seu pai.

- Isso não é verdade!

Foi você quem se ofereceu a ensinar
a arte das armas a meu irmão.

E não é o mesmo?

Não.

Faz mal em ir a Iolco.

Tenho a certeza que ouviu a
história da minha família.

Conheço a história de Iolco.

Mas como se pode lembrar
do que aconteceu?

Era apenas uma criança.

E as memórias do passado...

são como nuvens que vão e
vêm com o vento.

Mas recordo aquele
dia com pesar.

Regressávamos da caça.

Havíamos dado uma batida
na companhía de meu tío Esón,

que então era rei de Iolco.

Insistiu muito para que com seu filho
Jasón, subíssemos na sua galera,

com meu irmão Ifito,
meu pai e eu.

A nosso lado cavalgava
o chefe da escolta, Quirón,

que um dia antes havia tido
uma discussão com o rei,

mas não soubemos o que fôra.

Do bosque, vimos um pelotão de
soldados caminhando para nós.

Com eles, vinha um homem
acorrentado.

O meu tio parou a galera.

Tentei ver a cara do priosioneiro,
mas não consegui...

pois estava ajoelhado de
cabeça baixa.

O rei murmurou algo
no ouvido de meu pai

que desceu da galera e foi falar
com o chefe do pelotão.

Que fez o homem?

Matou uma mulher e roubou-lhe
o pouco dinheiro que tinha.

- É então um assassino!

Assassino.

Foi a única palavra que decifrei da
curta conversa de Howard.

Mas percebi então que o homem
fôra condenado à morte.

Meu pai regressou à galera,

e segredou algo a meu tio.

O rei rejeitou as suas palavras,
e partimos de novo.

Burt Esón era um bom rei,
mas inflexivel e justo na sua justiça.

A ideia da morte do prisioneiro,

apoderou-se de mim
como um mau presságio.

Um forte vento começou a agitar
as árvores do bosque.

Quando chegámos a Iolco,

o céu havia escurecido e o
vento soprava forte.

Os habitantes que vinham sempre
dar as boas vindas ao rei,

haviam-se fechado em suas casas,

e a grande praça estava deserta.

Ao chegar a noite,
a sensação de angústia,

tornou-se mais forte em mim.

Mas o convite do meu primo Jason
para ir ver o velocino de ouro,

fez-me esquecer os meus receios.

Esperámos até que o rei e os
guardas estivessem longe.

Então Jason, Ifito e eu,
entrámos no salão do trono.

Muito excitados em ver
tocar naquilo,

que o povo considerava
ser o símbolo real.

Maravilhoso! Era mais importante
que o ceptro ou a corôa.

Parecia que emanava uma
presença misteriosa.

Parecia uma vibração.

Tocá-lo produzia calafrios.

Foi a última vez que vi o Jason,

e lembro-me da sua irritação,
ao ver Ifito sentado no trono,

Mais tarde nessa noite,

o meu sono foi preenchido
de pesadelos.

A recordação do que sucedera no
bosque não me abandonava.

Repetida vezes imaginei o que seria
o fim daquela história terrível.

Vi o condenado chegar
ao lugar da execução.

O carrasco avançar para ele,
empunhando o machado,

levantá-lo...

Mas com o meu grito ouvi outros gritos
ecoando pelos salões do palácio.

e meu terror aumentou,

ao notar que o leito
de minha ama estava vazio.

Enlouquecida, desesperada,
corri em direção ao salão do trono.

Entre os gritos e a confusão
ví o corpo do rei assassinado.

Meu pai estava ali,
como que petrificado,

contemplando o sangue
de seu irmão.

Então voltou-se...

e um olhar de receio,
marcou-lhe o rosto,

ao ver o vazio por
detrás do trono.

O velocino de ouro desaparecera.

De pouco serviu sua dor.

Jason e Quirón haviam
desaparecido.

E com eles o velocino de ouro.

E assim Quirón foi acusado
de haver assassinado o rei

e ter levado Jasón
e o velocino com ele.

- Sim.
- Com que objetivo?

Por vingança.

Não acredita niso?
Não é?

Que importa?

Isso é o que povo diz.

Também dizem que não foi Quirón
que assassinou o rei de Iolco.

Não é verdade!

Se não é verdade,
então porque grita?

Sim, em Iolco fala-se de meu pai,

Murmura-se que matou o próprio
irmão para ficar com o trono.

Mas, não é um pensamento
redículo?

Governar sem o velocino
de ouro é quase impossível.

Por isso a gente
inventa tantas calúnias.

Meu pai está acima
de qualquer suspeita.

É natural que pense assim.

Tenho sido uma estúpida.

Devia lembrar-me que é o
melhor amigo de Quirón.

Você também veio para
estar contra nós.

Fazer-me sofrer.

Vamos, eu irei consigo.

Espere.

Desculpe por não ser
grande carpinteiro.

Mas podemos ir os dois
no meu cavalo.

Por favor, Iole
Está-se fazendo tarde!

Há ódio nos seus olhos.

Tem crescido numa
casa infeliz,

Entre más recordações,
sem um amigo.

Mas agora olharei por si.

Eu a protegerei.

Eu lhe juro.

Como um verme no
fruto maduro,

como a luz nas trevas,

como a água no fogo,

alquém se aproxima para
sua destruição.

Que usará uma única sandália.

O sonho é sempre o mesmo.

Um homem com uma
só sandália.

- Cuidado com esse homem!

Mas porque ele me odeia
assim tanto?

Ainda nem conhece esse ódio.

Pai, nunca acreditei
nos oráculos.

E, ademais, esta profetisa
não sabe...

O destino conhece
bem o seu nome.

A morte dorme
no seu leito a seu lado.

Que quer dizer, bruxa?

Não posso falar mais.

Isso é quanto os
deuses me confiam.

Não, tenho que respeitar a profecia,
dos Deuses e de quem fala por eles.

Darei ordem para que qualquer homem que
chegue a Iolco com uma só sandália,

seja condenado à morte,
imediatamente.

Você!

Quem é?

Hércules.

A quem chamou a Iolco.

Deixe-nos...

Entre! Hércules de Tebas.

Benvindo a Iolco.

Dizem que era um semi-deus.
Consegue tornar-se invisivel?

Cale-se, Ifito.
Ele salvou-me a vida.

Muito bem. Foi hábil
a primeira vez.

Escute o tenho a dizer
a Hercules,

porque diz respeito a
todos vós.

Com sua ajuda reforçarei
o trono de Iolco.

Com sua conduta, farei de si
um homem capaz de reinar.

Depois... depois, abandonarei tudo.

- Poder, honra e glória.
- Pai.

Espero esse dia com
grande ansiedade.

O trono parece-me,
nada mais do que...

um escárnio humilde e inútil.

Pai, tem bebido
muito esta noite.

Tem razão,
mas não me calarei mais.

Hércules tem um braço forte,
e uma mente aberta.

E necessito ajuda
porque estou cansado.

Demostra a sua sinceridade
e farei de si meu conselheiro.

Adeus. Até amanhã,
meu amigo.

Um momento.
Quem me assegura

que é na realidade
Hercules de Tebas?

Eu posso pai.
ele domou os meus cavalos.

Corriam como loucos.
Ele salvou-me a vida.

Certo.
Certo, acredito em si.

Mas não confio
nos olhos de uma mulher.

Que quer dizer?

Nada.

É muita nova para entender.

- Bem, então...
- Espere, pai.

Vá lá!
Mostre a sua força!

Está bem, Hércules. Retire-se.
Iole lhe indicará o seu quarto.

Até amanhã, Pelias.

Tem sido muito generoso
para ele.

Tem-se deixado encantar,
tal como sua filha.

E o odeia porque
é fraco e impulsivo.

Hércules é a sua garantía.

Seus braços fortes farão temer
Argos, Laertes e Tifi,

Detuini e todos os outros príncipes
que querem trono de Iolco.

O trono será seu, filho...
só seu.

Dormirá aqui.

O sol nasce do outro lado.

Assim poderá dormir de manhã.

Obrigado, Iole.
Até amanhã.

A minha familia é estranha.
não é?

É muito cedo, para a julgar.

Porque não sorri, Hercules?

- Sou prudente.
- E com razão.

Se quiser, liberto-o da
promessa que me fez.

Nunca.

Se ignoro as insolências
de seu irmão,

Se ficar em Iolco,
faço-o só por si.

Já se esqueceu de Quirón!

Olhe.

Esse era o seu quarto.

Naquele estava o rei morto.

E Jason dormia ali.

Só o Quirón poderia ter
morto meu tio.

Ele mais ninguém!

Estou seguro de que
o diz de boa fé,

e também sei,
que está errada.

Que quer agora, Euristeo?

Nada.
Mas cometeu um erro sério.

Não. Hercules fará de meu filho
o homem que eu não soube fazer.

Hercules foi o discípulo
preferido de Quirón.

Eram muito amigos.

Já passaram muitos anos.

Hércules é justo.

e a honestidade descobre
sempre a verdade.

Ainda que passem
muitos anos.

Não descansará até limpar
o nome de Quirón.

Poderá encontrar outra coisa
em seu lugar.

O amor, talvez.

Iole?

Pode ser que não faça
nada para o impedir.

Sua filha se arrependerá.

- Como você.
- Certo, claro!

- Sai!

Sim, saio.
Volto às sombras.

Essa é a recompensa
por todos estes anos de fidelidade.

-E o ouro?
-O ouro? O ouro brilha ao sol.

E na sombra é opaco,
triste, como o sangue.

Sai!

Sim, mas voltarei.
E será você quem me chamará.

Tem que abandonar os jogos.
Seu coração não resiste ao esforço.

Eu sei, Esculapio.
Só queria correr esta maratona.

- Leva-o daqui.
- Tenho treinado durante tantos meses..

Ide.

A semente do fanatismo cresce
entre a juventude de Iolco

e com ela o mito da força.

Se descuidam dos estudos
pela glória da arena.

-Não é assim, Orfeo?
-Sim, Laertes.

Por desgraça,
a poesia adoece.

Em breve a minha lira sómente cantará
heróicas façanhas e batalhas.

- Olha, Tifi. Argos vem aí!
- Parece zangado.

Também estão nos jogos?
Também estão cegos pelo novo astro?

Em Iolco agora não se fala de
mais nada, senão em Hercules.

Tem conquistado o coração
de nossos filhos.

Acredito que a um sinal seu
se revoltariam contra nós.

Não temas. Pode-se ver pelos seus olhos
que é puro como a luz do sol.

E a sua força é um desafío
a todo o mal.

Olha-o, entre Castor e Polux.

Traição não existe num homem
daquela qualidade.

Olha.

Bom salto.

Muito bem feito.

Mas, cuidado, tens de ir devagar se
quiseres vir a ser um campeão.

Queria que reparasses em mim.
Quero ser como você, Hercules.

Asseguro que conseguirá,
se tiver força de vontade.

Meu pai disse que
só é um homem forte,

Mas sei que ensina a colocar
a força ao serviço da inteligência.

Asim faço.

Está bem.
Se ficar a meu lado.

Eu o ensinarei como se combate.
Não apenas com os braços.

E algum dia, amigos e inimigos,
lhe chamarão de Astuto.

Saiam do caminho!

Já sabia que era ele!

Perdoa, mas temos de ir!

- Adeus, Hercules.
- Até amanhã.

Traga um arco.

O sol está alto.

Dorme demasiado.

Não espera que desista do tesouro do
entertimento de minhas esvravas,

só porque Hercules me espera.

Toma.

Não.

Atira donde está!

Nunca tive a honra
de tão distinta audiência.

É uma distância absurda.

Fez de propósito,
para me humilhar perante eles.

Pensa assim? É a distância mínima
para se utilizar o arco.

Quando o inimigo está perto
usa-se a espada e a lança.

e recorde-se que não é
questão de força.

Com um pouco de cérebro
basta um menino como este

pode executar o alvo
desde o fundo do campo.

Bem. Demonstre-o.

Mostre-me que também não tem
só múculos na cabeça.

Vem comigo.

Que pretende fazer?

Observe.

Prepare-se com calma.

E, sobretudo, pensa.

Tem que calcular bem
a intensidade do vento.

Ole para a copa
daquelas árvores.

Elas lhe darão a inclinação
necessária do arco.

A flecha terá que estar paralela
ao braço esquerdo.

Totalmente estendido.
Assim!

Tudo bem.

É isso!

Estica mais duas polegadas.

Não consigo.

Tem que fazê-lo.
Vamos.

Outra polegada.

Atira.

Surpreendente.

Tiro perfeito.

Muito bem.
Como se chama?

Ulisses, filho de Laertes.

Lembre-se do que lhe vou dizer:

O seu destino será decidido
por uma flecha.

Ninguém em toda Tesália me
bateu no lançamento do disco.

- Aceita o desafio?
- Claro!

Ifito escolheu sábiamente.

A enorme corpulência de Hercules será
uma desvantagem nesta competição.

Veremos.

Lançamento de 137 pés.

É uma distância extraordinária,

Será difícil para Hercules
bater aquele recorde.

Não tenha tanta certeza!

- Vamos, Hercules.
- Mostre-nos o seu estilo!

Como lança o disco em Tebas?
Com as duas mãos?

Deve ser na verdade
o filho de Júpiter!

Saiam do caminho...

É melhor irmos, pai.

Não encontrará amigos em Iolco.

Regresse a Tebas, Hércules.

Prometi ficar, e ajudá-la.

O que de bom trará para si?

Ifito vingar-se-à porque o
tem coberto de ridículo.

Sabe que não a posso deixar.

Eu tenho a certeza que não
poderia viver sem si, Hercules!

Temia tanto que me deixasse.

Eu me vi triste naquele palácio,
outra vez só, sem um amigo.

Ele voltou.
Pontual como as estações.

Cruel como granizo em
jovens fracos.

Ele prefere os jovens,
as crianças e mulheres.

Fiquem em casa
ou serão os próximos.

Ele tem razão!
Temos de matar o leão!

Quem irá atrás dele?

Que sucedeu?

- Um leão! Voltou!
- Onde foi?

No vale de Gadoro,
a pouca distância daqui.

- Não vá Hercules!

Hercules...

Não! Por favor Hercules não vá!
Ele também te matará!

-Regresse a Iolco.

-Não. Não perderia isto por
nada deste mundo.

Vá-se embora!

Quero ver como luta com um leão,
não com um disco de ferro.

- Sua língua é mais rápida que sua mão.
-Verá que isso não é verdade.

Volte! Sou responsável
pela sua vida.

Também é responsável por me
ridicularizar em frente do meu povo.

E juro pelos Deuses,
que se o leão te poupar a vida,

a minha espada te
abrirá o crâneo.

Grande Júpiter,

era este o meu destino?

Seu carro vazio chegou a
Iolco como um mensageiro de morte.

Sim, mas não sou a vítima,
como pode ver.

Ainda está a tempo de sê-lo.

Eu o adverti, Pelias.

Quando Hercules trouxe a ruína
para dentro destas paredes.

Meu filho está morto.

- Ifito.
- É inútil chorar.

Pensa na vingança.

Como posso vingar-me
de Hercules?

Como posso fazê-lo sofrer
como eu sofro?

Peça-lhe para se redimir.

Peça-lhe...

Então terá o prazer de ver
Hercules, traído pela sua força.

Rei Pelias,
Hercules chegou.

Ninguém lhe pediu que
fosse atrás do leão.

Se não actuasse tão célere,

meu filho estaria vivo.

Agora o leão está morto.

Os pais e os maridos
que choram perante os mortos,

sentem-se vingados
no seu pesar.

Mas, quem atenuará a
minha fúria?

Você, procurandoa glória,

trouxe grande pesar
a minha casa.

Irá pagar por isso,
lutando com o boi Cretense.

Ele o enfrentará.

Fera contra fera.

Esta é a redenção
que lhe peço!

Que nunca haja paz para si!

Que a maldição dos deuses
caiam sobre si.

Que o ódio dos homens
te persiga.

até que tenha pago pelo
sangue de Ifito.

Não quero ir contra as
palavras de seu pai,

porque sei que sofre.

Mas a sua ordem é injusta.

Como suas amargas
acusações.

Claro. Hercules só deve
obedecer aos Deuses.

Não compreende o sofrimento
de um homem comum...

Escute, Iole...

Vá-se embora!

Porque matou Ifito?
Responda, profetisa.

Não entendo.

Um homem que podia despedaçar com
uma mão, se me desse essa ordem.

E uma mulher que me humilha.

Não é culpa sua, Hercules.

Ifito está morto porque deve
cumprir-se o destino de Iolco.

Vá! Encontre o boi Cretense.
Lute com ele.

Na luta que tiver com o touro,
o seu destino será marcado.

Estou cansado de ser enviado
a todas essas tarefas dos deuses.

Não sou um fantoche,
nem mesmo para o grande Júpiter.

Então, o que pretende fazer?
Revoltar-se contra os deuses?

Escute-me. Os acontecimentos
dos últimos dias

Iole, o castigo de Pelios,
criou-me conflitos emocionais.

Mas há algo em mim, que me impede
de sentir amor ou ódio.

É sua imortalidade, Hercules.

Se a imortalidade me obriga a ser
infeliz, então não a quero.

Cuidado, Hercules.
Agora é fácil renunciar à imortalidade,

Mas pensa que te esperaria
a velhice, e deves pensar na morte.

Serias como os outros homens.
Indefeso, preso pelo medo, dor e pesar.

Mas quero amar,
como todos os homens.

Lutar como eles.

Quero ter uma família.

E ver os meus filhos crescer.

Basta, Hercules.
Seja como escolheste.

Desde hoje terá que
fazer frente a todas as provas,

que lhe reserva o destino
só com a sua força mortal.

Poderá vencer suas batalhas,
ou cair derrotado.

Matar ou ser morto.

Aceito. Será um desafio
a lutar como os homens.

Segue então o teu destino.

Mas não peças misericórdia.

Os deuses não servem à
presunção dos homens.

Agradeço-te, Júpiter,
por me haveres escutado.

Agora tenho batalhas
para vencer.

A mulher que amo
para conquistar.

E construir meu destino.

E construir meu destino...

Matar ou ser morto.

-Quirón.
-Quem é vovê?

- Como conhece o Quirón?
- Hercules.

O boi Cretense me apanhou.
A minha morte aproxima-se.

Mas o destino foi generoso,
pois está aqui.

Esteja calado.
Não fale.

Não. Tenho de falar. Pois sinto
que a morte se aproxima.

Escute-me, Jasón.

Este, é o filho de Esón,
o herdeiro de Iolco.

Quirón salvou-me a vida
quando o rei foi morto.

Trouxe-me para aqui,
quando eu era uma criança.

Educou-ne no saber
e nas armas como um pai.

Deve recuperar o que
é dele por direito.

Deve-se sentar no
trono de Iolco.

A hora chegou.

Mas agora o ensinará
no meu lugar.

o caminho da justiça.

Regresará a Iolco
com Jasón e o velocino de ouro.

Hercules, meu discípulo
predileto dos tempos felizes,

o velocino de ouro
não está aqui.

O barco no qual o pequeno
Jasón e eu conseguimos fugir de Iolco,

naquela noite, foi empurrada por
um vento forte para a costa de Cólquida.

As pessoas quiseram
matar-nos, a Quirón e a mim.

E para que o velocino de ouro
não caisse em suas mãos,

Quirón o escondeu entre os
ramos de uma velha árvore.

Depois, não sei como, conseguimos
fugir e continuarmos a viagem.

Sabem quem matou o Eson!
Estavam lá!

Não lhe posso dizer. Jasón deve
recuperar o trono sem vingança.

Isto é o que lhe digo.
E isto é uma promessa.

Quem o matou?
- Diga-me!

Descobrirá a verdade,
no velocino de ouro.

Olha para além. Iolco está por
detrás daquelas colinas.

Não são mais do que
dois dias a cavalo.

Vamos.

Não, Jasón.

É inútil que se atormente.

Nunca saberemos quem matou seu pai,
agora que Quirón morreu.

Quantas vezes insisti para
que ele me dissesse a verdade.

Mas nunca falou sobre isso.

Lia os meus pensamentos.
Sentia o meu desejo de vingança.

Posso ver pelo seu olhar,

que a vontade de matar é mais forte
que os conselhos de Quirón.

É verdade.

O desejo de vingança
domina o meu pensamento.

Mas o assassino não tem rosto,
não tem nome.

Um momento.
Por favor esperem.

- Voltem!

Que quer?

Temos de atravessar o rio, mas não
queria que as crianças se molhassem.

Está bem.
Pode montar.

- Agora você!

Aqui vamos nós.

Desculpe, foi culpa minha.

Não se importe. Em Iolco
comprarei umas melhores.

Além disso, não tenho
tempo de ir atrás dela.

Adeus.

-Adeus Sr. E obrigado.
-Adeus.

- Vamos!

Darei ordem para que o homem que
chegue a Iolco com uma só sandália,

seja morto imediatamente.

Iole! Iole! Voltou!

- Hercules? Sim.
Mas não vem só.

Traz um jovem, Jasón,
que diz ser seu primo.

Despachem-se, por favor!

E assim fui salvo por Quirón
e escondido naquela gruta,

esperando o tempo em
que os deuses,

me ajudassem a regressar
à minha terra

sem temer aqueles que
mataram o meu pai.

Estou disposto a acreditar,
jovem.

Mas, espero que entenda
a minha posição.

Preciso de provas.

É possível que me esteja
a dizer a verdade,

mas não posso ceder o meu trono
e o governo desta cidade.

ao primeiro que chegue
e me diga que é meu sobrinho.

Agora diz que Quirón morreu,

e que o velocino de ouro está
na costa de Cólquida.

Uma terra muito distante.
Uma viagem grande e impossível.

Portanto pode cá ter vindo só
para me enganar.

Eu próprio ouvi tudo
o que Quirón disse.

Não há nada que possa dizer,
que altere a minha maneira de pensar.

Já trouxe bastante pesar
a minha casa.

Quer também
roubar-me o trono?

Não quero,
mas alguém o poderá!

Rei Pelios, com sua licença, penso
que discutir é uma perda de tempo.

Se este jovem disse a verdade,
os deuses nos dirão.

A Cólquida está longe,
mas vale a pena tentar a viagem,

para resolver o mistério
da morte do rei Esón.

A Cólquida é uma terra fabulosa,
e cheia de mistério.

E os mares que a circundam
são muito perigosos.

Quem sabe...

Talvez esta seja a aventura a que o barco de
Argos estava destinada pelos deuses.

Esta conquista dará aos poetas algo
que escrevam nos anos vindouros.

Achar o velocino de ouro
ou desaparecer no silêncio da morte.

Assim o povo saberá se é justo
e legítimo o trono de Iolco.

Iremos lá para voltar
com a verdade rei Pelias.

Orfeo tem razão.
Estou disposto a partir.

Eu vou consigo.

Eu também.

Nós estamos com ele.

Como queiram.
A vossa decisão á a dos deuses.

Mas não esperarei toda a vida.

Não permanecerei em dúvida
os poucos anos que me restam.

Terão três luas de tempo.
Nem um dia a mais.

Adeus.

Terá o nosso apoio.
O que ele disse é verdade!

- Não falharemos.
- O seu olhar é sincero.

- Claro!
- Merece que se tente!

- Ouviu falar de Ulisses?
-Não.

Ouviu agora, porque sou eu,
e serei uma grande ajuda, amigo.

Iole.

O que quer?

Não creia que sou hostil
com a sua familia?

Verdade?
Então o que devo acreditar?

Que só busco a verdade.

A verdade! Desde o princípio sabia
que queria descobrir a verdade.

Acredite, Iole.
Digo-lhe isto, porque a amo.

Que espera?
Não ouviu o que Orfeo disse?

Agora tem outra tarefa,
mais glória para si.

Vá com esse que se diz
chamar de Jasón,

ganhe victórias para si,
e mais pesar para mim.

Lembra-se o que me disse
no primeiro dia?

Que não era feliz porque um mistério
sombrio rodeava o trono de seu pai.

Então é nosso destino
procurar a verdade.

-Não Hercules!
O seu destino não é o meu!

Triunfarão, estou seguro.

Regressarão com o velocino de ouro.

Me acusarão.

Me matarão.

E matarão a Iole, que não tem
culpa que ser minha filha.

- Quando vi esse homem sem
uma sandália...

-Basta, Pelias.

Não se pode salvar
com lamentações.

Que me aconsselha?
Fale!

Se sabe como sair disto,
estou disposto a ouvir.

Seu filho está morto
e se Jasón não regressar,

Sua filha Iole não conseguirá
governar sózinha.

Não! Nunca terá a Iole.
Nunca!

Os Argonautas partem
amanhã.

Ninguém me conhece.
Tem esta noite para pensar nisso.

Adeus!

-Porque não canta?
- Porque não me apetece.

Pensa em Iole?

Uma mulher
é sempre um tormento.

Primeiro sofremos porque
a queremos como esposa.

Depois sofre porque
tem de ciúmes.

E quando os ciúmes passarem,

sofre porque será ela a mandar.

Aí vem o vento.
Içar as velas.

O primeiro dia no mar.
Este será o calendário.

Um corte para cada dia.

Que sucede consigo?
Já não sorri, Iole.

- Isso nos entristece.
- Não se preocupe, ele volta.

- Deixem-me só!

Essa é a sua ansiedade,
ver o meu destino traçado?

Sim, pai. Rei ou não rei,
desde que seja feliz,

Mesmo que esse rapaz
seja o Jasón.

Uma vez disse-me,
que o trono é um fardo.

O que na realidade precisamos
é paz e felicidade.

É muito tarde para felicidade,
criança.

Pelo menos para mim.

Com a ajuda dos deuses,
e Hercules...

Não diga isso!
Não... Não, Iole...

Gostaria que o apagasse
da memória.

-De agora em diante
bebemos água.

- Mas o vinho está a duas braçadas.
Podemos nadar, a terra não está longe.

Não! Não desembarcaremos até
atingir o nosso destino.

Hercules!

Deixa-me ficar com isso!

Recolham os remos!
Antes de se partirem!

Recolham a vela!

Segurem esses barris!

Atirem a carga ao mar!

Temos um rombo no casco.
Castor, tome o meu posto.

Sigam atrás de mim.

Tenho que escorá-la.

Não tolero imposições,
comando este barco à minha maneira.

Não cederei para vos agradar.

E quem perdeu a fé pela causa,
ou no comando deste barco,

com prazer o ponho em
terra na próxima ilha.

Não nos pode deixar numa ilha qualquer,
temos de regressar a Iolco.

Não sei quem lançou esta
discórdia entre vocês,

mas mal posso acreditar que uma
simples tempestade os leve a amotinarem-se.

Os nossos víveres estão
no fundo do mar.

A água escasseia. Todos os deuses
estão contra esta viagem.

- Certo. Bem, aguardo a
sua decisão?

- Não é ele que tem de decidir,
mas nós.

Não têm nada!
Cães medrosos.

Nem sequer sabem pensar.

Pensem nisto.
Quem vos amotinou, é um traidor.

Cuidado Argos! Não gostamos
do tom das tuas palavras!

O que sucede aqui?
Diz-me!

Largue-me! Largo-o quando
me apetecer.

- Largue-me! Que tal se fosses
ver os víveres no fundo do mar?

Não, Hercules, não.

Ouçam-me bem, todos aqueles
que ameaçaram revoltar-se.

Tivemos uma tempestade.

Desde quando os homens
navegam só com bom tempo?

Que foi?
Perderam a coragem?

Vamos, respondam.
Quem começou este sarilho?

Tudo bem. Voltem aos remos.
Desembarcaremos em breve.

Levantem-se!

- Só um momento.
De onde vem você?

- Do campo de Iolco.

- É a primeira vez que navega?
- A primeira e a última, espero.

- Porquê?
- Não sou homem de músculos.

Vejo que gosta de brincar.

É o único meio que cocheço
para dizer a verdade.

Muito bem, já que está tão
ansioso por se mostrar,

vou-lhe dar uma boa
oportunidade.

Daqui a pouco iremos a terra
procurar provisões.

Ficará encarregado da tripulação.
E guarde-os!

-Eu?
-Sim. Você.

Foi você que causou o
sarilho no barco.

E pagará com a vida, se alguém da
tripulação faltar quando eu regressar.

Não sería mais útil em terra...?

Não. Ficará a bordo.

E ao primeiro sinal de sarilhos,
pendurar-te-ei no poste.

Às suas ordens.

Safaste-te bem, eh?

Vamos. Mexam-se!
Voltem ao trabalho!

- Até breve!
- Boa sorte!

Creio que seria melhor irmos
primeiro por este caminho.

Quem é você?
Porque vieram a esta ilha?

Pensámos que a ilha
era deserta.

Desembarcámos porque
precisamos de água e alimentos.

Mas asseguro-lhe que
viemos em paz.

Baixem as armas e sigam-me.
A nossa rainha decidirá sobre isso.

Porque não.
É um imprevisto interessante.

Sigam-me.

Como te chama?

Quem é sua rainha?

Quem iria pensar que aos sessenta
fosse passar por tamanha aventura.

Oh Vénus! Agradeço-te!

E pensei que isto fosse uma lenda.
Outra fábula inventada pelos poetas.

Se estou a sonhar,
espero nunca acordar.

Que quer dizer?
Quem são elas?

São as amazonas, meu amigo.

Este país é governado
por mulheres, só mulheres?

Sabe? Como numa colmeia.
Espero não acabar como os zangãos.

- Os zangãos?
- Sim, os machos das abelhas.

As fêmeas matam-os,
depois de acasalarem.

Olhem!

Só homens.

Flepas Fenicio, deseembarcou,
amou, e aqui morreu.

Isso é claro?

Que diferença isso faz? A vida dos
homens está sempre presa por um fio.

Quem nos garante que
isso nos diz respeito?

Vamos viver a vida?

Deixemos que o amanhã
apareça por si.

Te saúdo, rainha.

Espero que nos perdoe por
desembarcar nesta ilha,

mas com a vossa ajuda,
partiremos em poucos dias.

Não queremos perturbar a sua vida
pacífica e seu sossego.

Não se ria da nossa solidão.
Sim, somos um povo de mulheres.

Aqui, não há um único homem
desde há muitos anos.

Escutem!

Os homens foram destruídos,

há alguns anos,
quando o vulcão entrou em erupção.

E agora estamos sózinhas.

Pense o que significa
para nós, estrangeiro!

E partilhará o noso pesar!

Perdoe-me a indiscrição.

Meu nome é Jasón.

Estes são Argos, Polux, Laertes,
Cástor e Esculapio.

Navegávamos para Cólquida.

Uma tempestade obrigou-nos
a livrarmos de toda a carga e...

Parece sincero.
Eu acredito.

Tratem este homens
como hóspedes.

Dêm-lhes as boas vindas
com nossos alimentos e nosso vinho.

- Vêm! As coisas estão melhores!
- O que é que eu vos disse?

-Ainda não sei o seu nome?

- Chamo-me Antea!
Algo mais?

Quisera saber até que ponto
suas palavras eram sinceras.

Sim, a história do vulcão que terminou
com todos os homens nesta ilha.

Também ouvi Laertes contá-la
quando vínhamos para cá.

Mas segundo ele,
isso sucedeu há cerca de cem anos.

Portanto, interroga-se como
sobrevive um povo só de mulheres.

Siga-me!

- Deixe-me ensiná-la a nadar.

Ou já sabe fazê-lo?

Quando vi que tinham arreado
as velas, era demasiado tarde...

São os sentimentos que contam,
não a idade que tem.

Tome um pouco!
É bom para si.

Uns anos depois da erupção,
chegaram uns navegantes.

As mulheres os receberam
de braços abertos.

Mas pela hospitalidade, retribuiram
com saques e violência.

Ensinaram-nos uma lição.

E as mulheres que sobreviveram,
depressa aprenderam o uso das armas.

A partir de então, todos os homens
que desembarcaram aqui,

Certeficámo-nos que não
molestariam...

- Amando-os e matando-os.

Deu-nos um sentido de
superioridade.

À medida que as anciãs morriam,
cresciam as jovens.

Treinadas para as suas funções, orgulhosas e
satisfeitas por serem as donas desta ilha.

Nunca se apaixonaram?

Amor, é uma palavra que
aqui não existe!

Já não o usamos por
muitos anos.

Porque rí?

É uma mulher inteligente!

Bela e saudável,
não pode acreditar no que diz.

Sei que os homens são todos iguais.
Não amam as mulheres, desejam-nas.

E os deuses que traçam o
destino dos homens,

puseram-nos aqui para castigá-los.

Nem todos os homens
são assim.

Alguns deles têm génio
e sentimentos.

Desejam uma mulher
quando a amam.

Nunca poderia possuir
uma mulher sem a amar.

Estaria disposto a desafiar a morte,
para possuir uma mulher desta ilha?

Com ele aqui, estou tentado
a correr esse risco.

Ali. Ali estão.

Estão na água.

É mesmo guloso!
Mais uma!

Porque nos encontrámos?
Que estranho vento nos trouxe aqui?

- Podia ter outro destino.
- Um destino mais humilde?

Não, é valente, é ambicioso.
Por isso eu gosto de si.

Não podíamos fugir daqui?
Irmo-nos embora, os dois juntos.

Viver como um simples mortal,
amar e sofrer.

Desse modo o seu amor por mim,
duraria um escasso período de tempo.

Não, não se engane a si próprio.
Somos diferentes.

Não irei, não a deixarei.
O meu coração está atado a esta ilha.

O cheiro do seu cabelo, seu terno
sorriso, o som da sua voz...

Não podia viver sem si.

Daria dez anos de vida
para descobrir este mistério.

Use a cabeça.
Não é um mistério.

Eles vivem à grande em terra.
Nós apodrecemos aqui.

Hercules, Ulisses e Orfeo estão
sempre no barco. Os outros partiram.

Já lá vão dez dias e já temos
víveres suficientes.

Mas deve considerar os meus
sentimentos por ele.

Os seus sentimentos não
nos dizem respeito.

O prazo expirou.
há já muito tempo.

Eu avisei-a Anteia.

A lei é a lei.
Aplica-se a si como às outras.

Aqueles homens devem morrer.
Jasón será o primeiro.

Não devem viver até
ao nascer do sol.

Actue depressa,
antes da madrugada.

- Esculapio, desperta.
- Que quer?

Se tivese que pôr alguém
a dormir, que lhe daria?

Que raio de pergunta para um
homem que está a dormir?

Vamos! Acorde só por
um momento. É importante!

Que é mais importante
do que dormir.

Nada! Que pode tomar
para adormecer.

O suco da papoila,
misturado com o vinho.

Quem o beber ficará feliz
e sonolento ao mesmo tempo.

- Papoilas como estas?
- Sim.

Obrigado.

Ali vem o Ulisses.

Então? Espero que tenham
bebido o suficiente.

Vamos.

Aonde vão aqueles?
Algo de estranho está sucedendo.

Bom para eles! Estão-se
escapando para verem as Amazonas!

E temos de ficar aqui,
como escravos.

- Já estou cansado disto...
- Basta de conversa.

Todos calados.
Estou tentando dormir.

Este néctar me embriaga.
É como duas mulheres em vez de uma.

Fale-me da sua gémea, porque está
ela triste e você está sorrindo.

Diga-me, porque estão tristes esta noite,
é uma festa, não um funeral.

Se soubesse quantas vezes me pergunto
aonde estarei dentro de dez anos.

Que estranho, de repente parece
que não consigo ficar acordado.

Não vá.
Dance mais um pouco.

Porque me está evitando?
Que aconteceu?

Na verdade nada! Só que o meu
coração foi traído pelo destino.

Antes de você chegar,
a minha vida era bastante simples.

Até àquele dia nenhum homem
trazido atá esta ilha,

considerei merecedor de
amar uma rainha.

Então... chegou você.

E em seus braços descobri que não era
uma rainha mas só uma mulher.

Como conseguiu pôr
o sonorífero?

Imitei o uivo de um lobo macho.

Quando as mulheres sairam com as armas,
fui lá dentro e droguei o vinho.

- O uivo do lobo macho?
-Sim, assim.

Lembro-me de conhecer alguém
que sabia imitar o uivo do lobo macho.

Sim, Ulisses. Talvez seja o
Ulisses a imitar o lobo.

Ou será um lobo que
imita Ulisses?

Você leva o Esculapio que é mais leve.
E lembre-se de manter os olhos abertos.

Perfume das laranjeiras?
Consegue cheirar? Chega a enjoar!

Espero enjoar com
mulheres e vinho!

Eu também, e espero que me
enjoe por muito tempo.

E não quer só provar o vinho.

Porque não? Ainda somos jovens.
Viram as raparigas ontem no penhasco?

Aonde pensam que vão?

Quem os autorizou
a desembarcar? Fale.

- Vamos sir daqui.
- Nem tentem.

Ainda bem que vieram,
apesar de tudo.

Tenho um trabalho para vocês.
Venham comigo.

Se dão valor à pele,
é melhor fazerem-no!

Estão prontos!

Estão prontos para trabalhar!

Então despachem-se com isso.

O vento do mar os acordará.

Antea.

Vamos!

Tens razão! Vamos!
Eu não vou!

- Hercules, vire o barco.
- Queremos voltar à ilha.

Orfeo, Ulises, fiquem ao leme.

- Decidi proseguir.
- Como?

Bem, do que está à espera?

Eu... tenho que visitar um enfermo.
Ver como está?

Adiante, remem!

Orfeo, canta.

Todos vós, cantem com ele.

Icem a vela!

Enfim a Cólquida.
O velocino de ouro está perto.

Porque desembarcar tão cedo?
Não podem esperar pelo dia.

Quem podia conter o Jasón?
Os outros seguem-no.

É algo que saiu de um
sonho mau.

Jasón!
Onde está o Jasón?

- Jasón!

Meu irmão me matou.

Armou a mão do homcida
que me assassinou enquanto dormia.

Que os deuses o perdoem
pelo que fez.

Mas seja maldito e perseguido
se fizer mal a meu filho.

Confio o Jasón em vossas mãos,
oh, deuses,

peço-vos, que libertem seus
pensamentos de vingança.

Que não se derrame mais
sangue pela minha morte.

É seu o símbolo do rei.

Nós o reconhecemos como o
soberano de Iolco.

O que está escrito nas costas
do velocino de ouro?

Sobre quem cairá a vingança?

Sobre ninguém.

Foi o último pedido do rei.

Foi o seu desejo!

Sua bondade não
conhecia o ódio.

Regressaremos a Iolco.

Colocaremos o velocino de ouro
por detrás do trono.

Meu rei, é sensato perdoar.

Mas aconselho-o a olhar fundo
nos olhos de quem perdoar.

Farei aquilo que meu pai me ordenou
e que minha consciência dita.

Devo fazê-lo!
Assumo a responsabilidade.

Conseguimos em três meses.
Onde está o Hercules?

Vamos ver.

Aqui está ele!

- Hercules!

Voltem aos vossos lugares!

O velocino de ouro?
Roubado debaixo de nossos narizes.

Permitimos sermos tratados
como crianças.

- Mas ninguém foi a terra.
- Só um momento.

Onde está ele?
Onde está Euristeo?

É o único que falta.

Deve ter sido ele!

Agora o povo de Iolco
acreditará que somos impostores.

-Isto é o fim.
-Não, ainda não.

Irei a terra.

Encontrarei o velocino de ouro.
Iolco terá o seu rei legítimo.

Juro pelos deuses.

Você, espere pelo meu sinal.
Acenderei uma tocha.

Então roubou o velocino
de ouro, Euristeo?

Não mancharei as minhas mãos
com o seu sangue.

E quanto a si. É um velho,
que só me inspira, piedade e desprezo.

-Olhem, o sinal.

Vamos ao palácio.

Escutem! Agora estarão ao
cuidado de Jasón.

Jasón, é o rei.
Jasón os julgará!

- Não se esqueça que lutaremos.
- Nunca vencerá o Jasón.

Não tenha tanta certeza.
Agora o Velocino de ouro é nosso.

Já chega!
Todos sabem que é um ladrão.

- Para que é isto?
- Não pode sair. Ordem do rei.

Ordens do rei?

-Diga-me, onde está Hercules?
- Não sabemos nada.

Mas, é ridiculo!
Prenderem-nos assim!

- Não se preocupe, Iole!

O regresso de Jasón
decidirá o destino de Iolco.

Iole.
Hercules.

Ali! Preso!

Vigie os centuriões.

Isso o manterá calmo
por uns tempos.

Hercules!

Hercules.

A porta não se abre por dentro.
Estamos presas com ele.

- Os deuses abandonaram-nos.
- Não. Ele ainda está vivo.

Disse que a sua viagem
teve sucesso.

Que achou a Cólquida,
e na Cólquida o velocino de ouro.

Posso vê-lo?

Onde está o Hercules?

Que tem ele a ver com isso?

Se tenho de ceder-lhe o trono, necessito
de uma prova sua. Não de Hercules.

Diga-me!
Eu o ordeno.

Já usa o tom de um rei!

Agora ousa usar as suas ordens!

Traga-me o velocino de ouro
e dar-lhe-ei o trono.

Mas prometo-lhe, que se
descobrir que me mentiu,

será condenado à morte.
Todos vós!

Disse-lhe que o velocino
foi roubado.

Pode perguntar a estes homens.

Agora a sua palavra
chegou a isso?

Quero o velocino agora.
O velocino é a sua prova para mim.

Se não o pode fazer é um
impostor e um traidor.

Predam-los todos.

Prisioneiros! Nunca!

- Cuidado, Ulisses!
- Deixe-me lutar!

Isso mesmo!

Hercules!

Muito bem. Continua.

-Pai.
-Iole.

Perdoa-me. Os homens às vezes
cometem erros.

E eu cometi um dos piores.

Portrei-me mal.

Jasón deverá reinar em Iolco.
Que tenha piedade de minha memória.

Diga-me tudo agora.
Deve parar de mentir.

É escusado
O venenos faz o seu efeito.

Pai! Pai!

Não te deves de
arrepender de nada, filha.

Vai com o Hercules.

Ele é um homem bom.

Eu junto-me à rendição.

Agora que os deuses me levam
para a terra das sombras.

Que seja perdoado.

Todos para trás!

Agora existe justiça,
e as nuvens de Iolco dissiparam-se.

Para além da mágoa e derrame
de sangue, nasce a força do amor.

Hercules e Iole partem à descoberta
de uma nova felicidade.

A procurarão entre a
raça dos homens,

onde a paz e a justiça estará
de novo entre eles.

Adeus, Hercules.

Adeus, Iole.

A vida os espera.

Com toda a sua glória,
e todas as suas sombras.

Mas mesmo através de todas as árduas
tarefas que os deuses vos pepararam,

Têm-se um ao outro,
até à eternidade.

FIM