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- Art Subs -
12 anos fazendo Arte para voc�!

Legenda
- Murrice -

Aonde vai?

Quero conversar com o diretor.

- Tem hora marcada?
- N�o.

Desculpe,
n�o posso deix�-la passar.

Eu sou Biljana Stojkovic.

A esposa de Nikola Stojkovic.

Tenho uma garrafa com gasolina
na m�o.

Se n�o pagarem
os sal�rios que devem ao meu marido

e a multa de rescis�o que devem
h� dois anos para ele...

Eu vou atear fogo em mim
e em meus filhos.

Eles est�o com fome.

N�s estamos com fome.

N�o temos recursos
para sobreviver.

Estou falando s�rio.

Vou atear fogo em mim
e em meus filhos!

Apague! Vamos!

Ali!

PAI

Nikola! Deixe-me dar uma carona
a voc�.

Sua esposa foi levada ao hospital.

As crian�as est�o bem.
Mas em estado de choque.

Voc� sabia
o que ela planejava fazer?

N�o.

De alguma forma, a incentivou
a fazer isso?

N�o.

Percebeu algo estranho
no comportamento dela ultimamente?

Assine aqui.

Obrigado.

Ela teve sorte,
poderia ter sido bem pior.

Assim que cuidarmos das les�es,

vamos transferi-la
� ala psiqui�trica.

- E as crian�as?
- Elas n�o se machucaram.

Foram levadas por um funcion�rio
do Centro de Assist�ncia Social.

- Posso ver minha esposa?
- N�o.

Para simplificar,
ela teve um colapso nervoso.

N�o reconhece mais ningu�m,
n�o tem contatos.

Agora est� sedada, dormindo.

N�o conseguimos encontrar voc�,
ent�o as crian�as foram levadas

temporariamente
� Assist�ncia Social.

As crian�as disseram
que voc� faz bicos,

mas n�o especificaram onde.

Ent�o elas ficar�o l�
por alguns dias

at� que tenham se recuperado
desse trauma

e at� que tenhamos estabelecido

se voc� possui condi��es adequadas
para ser o cuidador delas.

E sobre isso, as pessoas disseram
que a casa n�o foi rebocada,

que as condi��es dela
s�o extremamente ruins.

H� �gua encanada?

- No jardim.
- Eletricidade?

Foi cortada h� dois meses.

Viu, � isso...

Olha, eu quero te ajudar.

Mas isso s� nos mostra
que as crian�as vivem na pobreza

em uma casa
que n�o � funcional.

Peguem um copo d'�gua
para o senhor, por favor.

Faremos o seguinte:

na quarta, nossos funcion�rios
far�o uma visita oficial

para avaliar as condi��es
em que as crian�as vivem,

e ent�o decidiremos
o pr�ximo passo,

o que seria melhor e mais aceit�vel
para o conforto delas.

- Isso � depois de amanh�, n�o?
- Quarta � depois de amanh�.

Ent�o, tente dar uma ordem na casa.

Pe�a para religarem a energia,
disponibilize �gua encanada.

Conserte e limpe o que precisar,
em especial o quarto das crian�as.

E d� um jeito no banheiro...
Voc�s t�m uma geladeira?

Se n�o, compre uma.

A geladeira � importante,
ainda mais no ver�o.

Se avaliarmos
que a casa re�ne condi��es

para que as crian�as vivam nela,

vamos devolv�-las a voc�
dentro de um certo per�odo,

de acordo com a lei e com o que
for melhor para seus filhos.

Voc� percebeu algo
que pudesse sinalizar

as inten��es suicidas
de sua esposa?

- N�o.
- Flutua��o de humor, depress�o?

Bem...

Nossa vida � dura.
Eu perdi meu emprego h� dois anos

e n�o recebi os sal�rios
que me deviam,

muito menos
a multa de rescis�o prometida.

Obrigado.

Por que n�o levou sua esposa
a um m�dico

se notou que ela
estava depressiva?

Eu trabalho o dia inteiro
para alimentar minha fam�lia.

Posso ver meus filhos?

Eles passaram
por uma situa��o muito estressante.

Vai demorar um pouco
para que eles se acalmem.

At� l�, n�o poder� v�-los.

Posso conversar com eles
por telefone?

N�o. Nossa preocupa��o
� que qualquer contato

os deixe
ainda mais traumatizados.

Precisa entender
que estamos fazendo isso

para o bem de seus filhos.

Vizinho!

Entre.

Posso perguntar algo a voc�?

Sim.

Posso usar
a sua eletricidade?

Vir�o funcion�rios
da Assist�ncia Social

para ver
em que condi��es meus filhos vivem.

Quando forem embora,

pedirei para que algu�m
religue a eletricidade.

Conecte ali.

Tem um medidor separado

que fiz para a casa antiga,
ent�o...

Voc� paga o quanto gasta.

Se n�o conseguir pagar,
pode fazer uns trabalhos para mim.

Cortar madeira,
ajudar a arrumar a casa.

Certo. Obrigado.

N�o tem caldeira?

Sempre aquec�amos a �gua
no fog�o.

Precisa ter uma caldeira.

N�o tem nem aquecedor
no seu banheiro.

N�o me disseram nada
sobre a caldeira.

Esses s�o todos os brinquedos
que eles t�m?

Sim.

Onde est� a roupa deles?

Aqui dentro.

Tem tudo de que precisam.

Crian�as tamb�m precisam
de um computador.

Estamos no s�culo 21.

N�o pintou esse quarto?

Acabou a tinta.

Est� tudo em ordem?

Fiz tudo que voc�s pediram.

Por enquanto,
n�o podemos falar nada.

Antes,
temos que escrever o relat�rio.

Venha � Assist�ncia Social
amanh� �s 13h.

Entre.

Ent�o...

A casa est� mais funcional agora,
� verdade,

h� �gua e eletricidade,

mas ainda n�o �,
para n�s,

uma garantia de que voc� � capaz
de cuidar das crian�as.

Eu fiz tudo que voc�s pediram.

A �nica garantia poss�vel
seria voc� ter um emprego fixo.

Fazer esses bicos n�o garante
que voc� tenha sa�de financeira

para fornecer as condi��es m�nimas
para o crescimento deles.

No ver�o, tudo bem, h� trabalho
nos campos e em constru��es.

Mas no inverno, a figura muda.

Mas � imposs�vel
conseguir um emprego

- em tempo integral hoje em dia.
- Sim. Eu sei que �.

Reconhe�o que � dif�cil, mas...

Olhe,
outra circunst�ncia agravante.

Obtivemos os registros m�dicos
dos pequenos

e aqui diz que sua esposa e voc�

n�o vacinaram a menina
no per�odo certo.

� um delito grave.

Os pais adotivos disseram
que o garoto, Milo�, gagueja.

Devia ter levado ele
a um fonoaudi�logo.

Ele nunca tinha gaguejado antes.

Estava disposto a ajud�-lo,
a pegar leve com voc�.

Mas n�o podemos, temos que fazer
tudo de acordo com a lei

e levando em considera��o o melhor
para seus filhos, ainda menores.

- Que melhor?
- Nossa avalia��o final

� de que voc� n�o � capaz
de cuidar das crian�as,

que financeiramente

n�o possui condi��es
de fornecer o b�sico

para que cres�am
de forma normal,

al�m de n�o ter demonstrado
afeto suficiente como pai.

Adicione a isso o trauma

que elas sofreram
devido � situa��o com a m�e.

Logo, julgamos e orientamos
que, para o bem delas,

permane�am acolhidos por outra
fam�lia por um per�odo indefinido.

Nesse caso,
o Centro de Assist�ncia Social

est� adotando medidas urgentes
de prote��o de menores,

atuando de acordo com os artigos
12, 332, 334, 335 e 339.

O procedimento foi realizado
de acordo com o artigo 282

da Lei de Procedimentos
Administrativos Gerais.

Voc� ainda est� aqui?

Precisa de algo?

Me diga, aonde vou
para conseguir um emprego?

N�o sei.

N�o irei embora
at� que traga meus filhos de volta.

Fiz tudo que voc�s pediram.

N�o h� nada que eu possa fazer
para ajud�-lo.

Foi o que a comiss�o definiu.

Voc� tem o direito a um recurso,

que deve ser enviado
dentro de sete dias. � isso.

O hor�rio comercial acabou.

Volte amanh� e eu o ajudarei
a redigir um recurso.

N�o. Vou ficar aqui,
farei greve de fome

e n�o sairei at� que tragam
meus filhos. Tenho o direito.

Por que est� tornando isso
mais dif�cil para voc�?

Chefe...

Por que fazer
um espet�culo de si pr�prio?

Quero que traga meus filhos.
Voc� prometeu.

- Nunca prometi nada.
- Disse que era apenas tempor�rio.

Olha, esse tipo de press�o
n�o funciona por aqui, entendeu?

N�o ca�mos nessa.

O melhor a se fazer seria ir embora
e esquecermos disso.

Posso chamar a pol�cia!

Dizer que est� sendo agressivo,

obstruindo o trabalho
da Assist�ncia Social.

N�o estou obstruindo nada,
s� estou aqui parado.

Eu entendo que est� irritado.

Estou dizendo isso
para seu pr�prio bem.

Se a pol�cia vier
e fizer um B.O.,

as chances de conseguir
seus filhos de volta ser�o m�nimas.

E tamb�m posso pedir
que avaliem a voc�.

Pronunciaremos voc� como incapaz,
como sua esposa.

Afinal, faz greve de fome,
est� com tend�ncias suicidas.

N�o me provoque.

N�o tem direito a fazer isso.

Pode apostar que temos,
por lei,

porque n�s que cuidamos disso,
n�o voc�.

Se estiver aqui amanh�
estar� encrencado, estou avisando.

Pegue minha maleta, por favor.

Aqui, chefe.

- Tchau.
- Tchau.

Vai, coma algo.

N�o.

Preciso fechar o lugar.
Vai ficar?

Coma.
N�o adianta fazer greve de fome.

Parece que Vasiljevic
manda todas as crian�as

para fam�lias adotivas
da vila dele.

Para parentes e amigos.

A vila inteira trabalha para ele.

Ganham 40 mil dinares do estado.

Dizem que h�
mais de 30 crian�as l�.

E Vasiljevic ganha 30%.
Por crian�a.

Fa�a as contas.

Todos sabem disso,

mas as pessoas t�m medo.

Ningu�m ousa falar sobre isso.

Pode enviar um recurso,

mas ele � quem decide
o futuro desse documento.

Processe-o, mas ele tem amigos
nos tribunais tamb�m.

E � isso.

Estarei bem ali.

Se precisar de algo, venha.

- Estou interrompendo?
- N�o, entre.

N�o precisa tirar os sapatos,
entre.

Milica, esse � o Nikola.

Meu colega da f�brica,
de quando eu trabalhava l�.

- Fomos demitidos no mesmo dia, n�?
- Sim.

Ele fez a tubula��o
da nossa chamin�.

Prazer em conhec�-lo.

Conseguiu encontrar um emprego?

- N�o.
- Nem eu.

Fa�o uns bicos, redijo solicita��es
para as pessoas, mas s� isso.

Milica vai bastante a Belgrado,

� casa da irm�,
para cuidar de idosos.

Ela consegue um pouco de dinheiro,
e � com isso que sobrevivemos...

At� que eu consiga algo.

- Kosta, queria pedir um favor.
- Qual?

A Assist�ncia Social
levou meus filhos

porque n�o tenho emprego
e n�o querem devolv�-los.

Quero ir at� Belgrado
para entrar com um recurso.

Pode redigi-lo para mim?

- Vai apelar para quem?
- O ministro.

O documento acabar�
numa gaveta qualquer.

N�o, vou dar a ele pessoalmente.

Posso pagar voc� m�s que vem,
se poss�vel?

Fa�o o rascunho de gra�a.

N�o cobro para essas coisas.

- Pegue um biscoito.
- N�o, obrigado...

Trouxe pijamas e chinelos
para voc�.

E algumas ma��s.

Entre no carro! R�pido!

Sabia que � proibido
andar na autoestrada?

Aonde voc� estava indo, afinal?

Para Belgrado.

- A p�?
- Sim.

- Sabe que Belgrado � bem longe?
- Sei.

O que vai fazer l�?

A Assist�ncia Social
levou meus filhos.

Ent�o quero enviar um...
recurso.

- Isso � s�rio?
- Sim?

Isso deveria sair nos jornais,
mesmo.

A multa � de 5 mil dinares.

N�o tenho.

Sem dinheiro para o �nibus?

Levaremos voc� at� a sa�da,

mas depois
ter� que passar pelas vilas.

Por que est� olhando para mim?

N�o posso te dar mais
ou n�o sobrar� para mim.

Nikola?
Quer uma carona?

Vamos, entre. Entre!

Ouvi que vai para Belgrado.

� o assunto do momento
na cidade.

Receio que nada vai acontecer.
S� v�o te enrolar.

Eu pararei a 2 km daqui.

- Como voc� continuar�?
- A p�.

At� Belgrado?

S�o 300 km!
Voc� est� maluco, homem.

Voc� vai morrer.

Eu quero que vejam
que eu me importo.

Acha que eles se importam?
N�o d�o a m�nima.

A �nica solu��o � fazer justi�a
com as pr�prias m�os.

Voc� sequestra as crian�as
e eu te levo � fronteira...

de gra�a.

Me sinto mal por voc�,
que � um bom homem.

V� para a B�snia,
n�o v�o te procurar l�.

Ser� um pobre coitado como aqui,

mas ao menos
estar� com seus filhos.

Alimento. V�o, v�o.

Vamos l�, vamos.

Alimento.

Vamos.

Vai, vai.

Ingl�s n�o!

Vamos, j� chega disso.

Nikola, meu amigo,
tamb�m estou sem trabalho.

Eu fa�o o que eu posso.

J� fodi eles por uns 300 km.

Puta merda,
deixaram um fedor na minha van...

Cacete, agora terei
que lavar tudo.

Preciso voltar
para mais uma rodada,

mas voc� pode pegar esse caminho.

Minha oferta ainda est� de p�.

Ligue para mim quando decidir.

Toma, meu n�mero.
Depois... me ligue.

Est� bem.

Consegue respirar?

Voc� desmaiou na beira da estrada.

Precisamos do cart�o do conv�nio
para podermos registr�-lo.

- Tem identifica��o?
- Est� na mochila.

Certo, faremos isso depois.

Voc� � de onde?

De Grab.
Uma vila perto de Priboj.

Ent�o o que est� fazendo aqui?
Para onde vai?

- Para Belgrado.
- A p�?

Voc� n�o vai a lugar nenhum agora.

Est� com febre alta e exausto.
Precisamos fazer exames.

Voc� � casado,
tem algu�m em casa?

- Uma esposa?
- Sim, mas ela est� no hospital.

N�o se mexa, voc� est� fraco.

Ser�o necess�rios dois ou tr�s dias
para fazermos os exames.

At� l�, voc� deve descansar.

Vov�! Como est�, vov�?

Est� doendo.

Aposto que est�,
achou que viria aqui se divertir?

N�o � um resort de f�rias.

Pode me dar uma m�o?

Tem uma varanda aqui.
Quero fumar.

Ent�o, voc� tem algu�m em Belgrado?

N�o tenho.
Vou entrar com um recurso.

A Assist�ncia Social
levou meus filhos.

Voc� quer ir para l�
por causa das crian�as?

N�o tinham direito
de tir�-las de mim.

Meus filhos me colocaram aqui.
Tenho quatro.

Nenhum sequer ligou para mim.

Qual � o seu nome?

- Nikola.
- Nikola.

N�o acho que valha a pena
lutar por sua fam�lia.

Cedo ou tarde, v�o te desapontar.

Voc� ver�.

Quantos filhos voc� tem?

Dois, um casal.

Legal.

Vamos entrar, Nikola.

Preciso ir.

- Para onde?
- Estou perto.

Devolva!

- Obrigado, tchau.
- Tchau.

Boa noite,
como posso ajud�-lo?

Por favor,
posso fazer uma pergunta?

- Sim, claro.
- Estou indo para Belgrado.

Achei que chegaria
no come�o da noite,

mas j� est� muito escuro.

Onde est� seu carro?

- Estou a p�.
- Entendi.

Se n�o for inc�modo, posso deitar
em algum lugar aqui?

N�o te atrapalharei.

Se n�o puder, eu vou embora.

N�o tem problema.

S� que voc� ter� que ir embora
antes das 8h,

que � quando meu chefe chega.

Sem problemas. Ao amanhecer,
eu irei embora.

- � o melhor que posso fazer.
- J� � muito. Obrigado.

Aqui est�.

Obrigado.

Me desculpe...

Voc� � esse homem?

Aqui est� dizendo
que levaram os filhos

e ele foi para Belgrado a p�.

N�o sou eu.

Perd�o, achei que era.
Boa noite.

E a�?
O que est� fazendo a�?

- Trabalhando, n�?
- S� n�o arranhe.

Bom, muito bom.
Dever�amos lev�-lo conosco um dia.

- N�o mesmo!
- Mas � chato!

Ele n�o poderia nem ir
ao mercado assim!

Que nada, ele adora uma festa!

Por que n�o diz nada, amigo?

Precisa transar?

Venha aqui.

Isso � para voc� dar um jeito
nos seus dentes para a pr�xima vez.

Obrigado.

E levar sua namorada para jantar.

Para onde vai t�o cedo?

Belgrado.

- Procurando trabalho?
- Quero ir ao Minist�rio.

Levaram meus filhos.

Alegaram que n�o tenho condi��es
de cuidar deles.

Vou entrar com um recurso.

Abra o porta-luvas.

Abra!

Foram aben�oadas
no Monast�rio de Ostrog.

Pegue uma.

N�o, obrigado.

Pegue, voc� vai precisar.
Eu tenho v�rias.

Apenas f� e o Senhor Todo-Poderoso
podem nos ajudar.

Quando toda a esperan�a
e a f� nos homens o abandonarem,

pe�a para o Senhor

e receber� de onde n�o esperava
ou imaginava que pudesse.

Voc� acredita em Deus?

- Boa tarde.
- Boa tarde.

Preciso enviar isso.

Hoje n�o poder� mais,
o cart�rio fecha �s 14h.

Quando poderei voltar?

Amanh�, a partir das 8h da manh�.

- Onde tem �gua?
- Ali, naquele corredor.

Passe a mochila por ali primeiro
e depois entre.

MINIST�RIO DO TRABALHO, EMPREGO,
POL�TICA SOCIAL E VETERANOS

O que pensa que est� fazendo a�?

N�o pode ficar sentado a�,
na porta do Minist�rio.

Saia daqui.

Voc� me ouviu? Saia daqui.

N�o sabia.

De vez em quando
algu�m entra em greve aqui.

Trabalhadores,
veteranos, deficientes f�sicos,

mas eu que me meto em problemas.

- Suma.
- N�o vim aqui entrar em greve.

Meus filhos foram tirados de mim.
Vim enviar um recurso.

V� ali para tr�s
para n�o ficar no caminho.

Ol�.

Aqui � Nikola Stojkovic,
marido de Biljana Stojkovic.

Sim.

Pode me dizer como ela est�?

Est� bem.

Amanh� ligarei de volta.

Tenho um recurso aqui.
Vim entreg�-lo ao ministro.

Deixe-me ver.

N�o, gostaria de dar pessoalmente
ao ministro.

N�o � assim que funciona por aqui.

� aqui
que os recursos s�o enviados.

N�o vou embora
at� entregar isso para ele.

S� posso chamar algu�m l� de cima
para que voc� pergunte.

Posso ajud�-lo?
O que precisa?

Meu nome � Nikola Stojkovic.

A Assist�ncia Social
levou meus filhos.

Quero eles de volta.

Aqui est� o meu recurso.

Os recursos s�o enviados
em cart�rio.

Gostaria de entregar pessoalmente
ao ministro.

Andei 300 km para isso.

Desculpe, mas n�o h� como.
Voc� pode enviar um e-mail

para requisitar uma reuni�o
com o assistente do ministro.

Retornaremos
o mais r�pido poss�vel.

Mas agora, ter� que ir embora.

Voc� est� incomodando
os funcion�rios.

Eu estarei bem ali,
na frente do pr�dio.

N�o irei a lugar algum
at� que algu�m me atenda.

Voc� n�o possui cr�dito suficiente
para completar essa chamada.

Bom dia.

Me informaram
que voc� se recusa a sair

porque seus filhos foram levados
de voc�. � isso?

Voc� � o homem que veio andando
l� de... qual � lugar mesmo?

- De Grab, perto de Priboj.
- Isso.

Eu li em alguns jornais.

Vamos conversar um pouco
sobre isso?

Sobre como eles n�o te deixam...

- Fique ali.
- Onde quer a c�mera?

Desde que o pr�dio apare�a,
n�o importa.

- E o len�ol e aquilo tudo?
- Isso depois. Aqui primeiro.

- Sim?
- Posso usar o banheiro?

N�o posso deix�-lo entrar.
Foram minhas ordens.

Voc� � Nikola?

Te vimos na TV.

Aqui est�.

Com licen�a.

Desculpe incomod�-lo assim.
Somos do jornal da manh�.

Pode dar uma r�pida declara��o?

Fique aqui.
S� um pouco para o lado direito.

Vou perguntar a voc�
como aconteceu,

como seus filhos foram levados

e tamb�m por quanto tempo
planeja ficar aqui.

- Pronto?
- Um segundo.

Com licen�a.

Nikola, o Sr. Jovanovic,
ministro assistente,

gostaria de falar com voc�.

- Tudo bem, isso � mais importante.
- N�o me filmem, por favor.

Entre.

Bom dia.

Sente-se, por favor.

Caf� ou suco?

- Suco est� bom.
- Suco.

Um suco para a sala de confer�ncia.
Obrigada.

Eu sinto muito sobre seu problema.

Vi a reportagem
e suas declara��es noite passada.

Com certeza
� uma experi�ncia horr�vel.

Bastante comovente, devo admitir.

Posso dar uma olhada nisso,
por favor?

- Aqui tem...
- Certo.

Isso � pura burocracia,
vamos resolver imediatamente.

Jelena, ligue para esse Vasiljevic,
voc� tem o telefone.

Como est�, ali�s?

Ent�o voc� veio andando para c�?

Quanto tempo demorou
para chegar a Belgrado?

Levou cinco dias.

Cinco dias!

Voc� passou por Avala, n�o �?

Sim.

Suponho que esteja cansado.

Estou um pouco.

Admir�vel.

Ningu�m atende.

Est� bem.

Vou escrever
uma carta de recomenda��o

para que devolvam as crian�as

e julguem o recurso a seu favor.
Mas � apenas uma recomenda��o.

N�o � sua culpa
estar sem emprego.

Significaria que os pobres
n�o teriam direito de ter filhos.

Ent�o eu mesmo a assinarei.

Acredite, n�o � f�cil para
o pessoal da Assist�ncia Social,

eles veem todo tipo de coisa.

Nem todos s�o como voc�,
acredite.

O trabalho deles � proteger
os direitos das crian�as.

Sabe,
sempre falamos que a pobreza

tamb�m � uma forma de viol�ncia
contra crian�as.

Claro que, em seu caso,
� totalmente diferente.

Voc� provou
que se importa com elas.

Fez um grande sacrif�cio
para recuper�-las.

O amor dos pais � o mais importante
para as crian�as.

N�o vejo meus filhos
desde que eles foram levados.

N�o deixaram?

Jelena,
quando conseguir falar com eles,

diga que tragam as crian�as
amanh� �s 12h

para que o senhor possa v�-las.

Voc� tem o direito de v�-las,
por lei,

uma vez por semana
na Assist�ncia Social.

Vou dar uma palavrinha
com esse Vasiljevic.

Est� bem,

pode s� esperar l� fora
at� que eu termine a carta?

Claro.

Agora,
gostaria de pedir algo a voc�.

Podemos tirar uma foto juntos,
para o Twitter?

- Sim, claro.
- Jelena?

- Claro.
- Vamos ficar ali.

Obrigado.

Obrigado.

- Tem dinheiro para voltar?
- Sim, tenho.

N�o, n�o, est� tudo bem.

Amanh�, compre um chocolate
para as crian�as.

Obrigado.

Obrigado.

- Quanto custa esse chocolate?
- 80 dinares.

- Gostaria de dois por 120.
- Que tal esses?

- Est� bem. E algumas ma��s por 30.
- Aqui est�.

Obrigada.

Tenha um bom dia.

Estive em Belgrado, no Minist�rio.

As pessoas est�o dispostas
a ajudar.

Tudo vai dar certo.

A� est� voc�.
Fique � vontade, sente-se.

A situa��o aqui � a seguinte:

Em qualquer caso,
essa recomenda��o � �til

e � de nosso interesse,
assim como seu,

para que todo o imbr�glio
seja resolvido o quanto antes.

No entanto,
isso n�o nos obriga a nada.

� meramente uma recomenda��o
do Minist�rio.

N�o � ruim ter ela,

mas a Assist�ncia Social que decide
todos os casos, incluindo o seu.

E voc� sabe nossa opini�o.

� assim, � a lei.

O artigo 212
da Lei de Rela��es Familiares

diz que � a Assist�ncia Social
do local que tomar� as decis�es.

Ent�o, para ser honesto, nem sei
por que te deram isso.

Me disseram
que estava tudo resolvido.

N�o podem tomar decis�es
em nosso nome l� de Belgrado

e mandar que fa�amos algo.

Te informaram errado.

Eu queria te ajudar,
de um homem para outro.

Mas voc� est� fazendo
um estardalha�o.

Foi andando para Belgrado,
apareceu na TV...

Queria fazer do jeitinho certo.

Mas � assim que voc� me recompensa.

Muito bem... certo...

A comiss�o entrar� em sess�o
novamente em um m�s,

mas as chances de readquirir
a guarda das crian�as � pequena.

Mesmo que consiga um emprego,
sempre poderemos provar

que voc� n�o � um pai respons�vel
e incapaz de cuidar delas.

Afinal,
� a nossa estimativa que vale.

Pode nos processar...

Vai demorar anos.

E voc� n�o tem dinheiro
para tudo isso,

para advogados e gastos afins...

E eu tamb�m conhe�o
algumas pessoas nesse tribunal.

Quero ver meus filhos.

J� s�o 12h15.

- Estava marcado para 12h.
- Hoje n�o.

Eles t�m algumas atividades
que n�o podem ser adiadas.

Ligaremos nos pr�ximos dias...

quando eles estiverem dispon�veis.

Estava marcado para hoje.

Quero v�-los

e n�o irei embora desse escrit�rio
at� que sejam trazidos aqui.

Ou�a.

Voc� n�o est� bem na posi��o
de pressionar algu�m.

Por lei, tenho o direito
de v�-los uma vez por semana.

Quero eles aqui,
n�o os vejo h� duas semanas.

N�o ouviu o que eu disse?

Eles t�m algumas atividades hoje
e eu l� sei quais s�o?

S�o meus filhos.

Quero v�-los.

N�o sei como organizar
esse encontro para voc�.

Muito bem.

Est� bem, voc� vai v�-los agora.

E chega, mesmo se for a Belgrado
mais cinco vezes, entendeu?

Ou mesmo se trouxer

uma carta de recomenda��o
do presidente.

Saiba que n�s decidimos
o que acontecer� nesse caso. N�s.

Voc� ter� que esperar
at� que a fam�lia adotiva os traga.

- Espero o quanto precisar.
- Mas n�o a�.

Temos uma sala para isso.
� l� que eles levar�o as crian�as.

Voc� n�o deveria ter dito
todas aquelas coisas em Belgrado.

Mas deixe para l�...

Filhinha do papai...

Milo�!

Como voc� est�? Tudo bem?

O papai trouxe para voc�...
Chocolate. Toma.

- Milo�?
- N�o quero.

Venha aqui... Esse � bom?

Quando vir� nos tirar daqui, pai?

Assim que me deixarem.

Por que
n�o nos leva para casa agora?

N�o posso agora.
Mas em breve levarei.

Por favor, pode nos deixar
sozinhos por um segundo?

Pestinha do papai...

- Como � o lugar em que est�o?
- Bom. Temos amigos.

Tem um cachorro louco,
ficamos com ele o dia todo.

- Qual o nome dele?
- Rex.

N�s tamb�m teremos um c�o
quando voc�s voltarem.

- Est�o indo � escola?
- Sim.

Onde voc� esteve, pai?

Tive que fazer algumas coisas
em Belgrado.

E demorou um pouco.

Pai, podemos ir para casa
com voc�, agora?

Agora n�o, Milo�.

Logo que me permitirem.

E quando ser� isso?

Em breve.

Por que est� mentindo para n�s?

Venha aqui.

Voc� nos abandonou.

N�o, filho,
nunca deixaria voc�s.

Em breve, virei busc�-los.

A m�e tamb�m vir�, ela est� melhor.
Fui visit�-la.

Logo estaremos todos juntos
de novo.

Dei uma arrumada na casa,

pintei os quartos,
liguei a energia e a �gua.

H� mais algumas coisas a se fazer

para que esteja linda
quando voc�s voltarem.

Acreditem, eu virei
e os levarei para casa.

� hora de as crian�as irem.

Se despe�a aqui, n�o permitimos
contato com a fam�lia adotiva.

At� breve.

S� tenha calma, por favor.

Milo�!

- Milo�, entre no carro.
- Calma, por favor.

N�o toquem nele!

Pare a� e n�o se mexa.

Eu virei busc�-los em breve,
prometo.

Vai, vamos l�.

Vai, filho.

Desculpe
por tudo ter acabado assim.

Venha me ver na segunda,
quero ajud�-lo.

Est� bem.

Vizinho.

Onde est�o minhas coisas?

Foi uma invas�o.
Come�aram a pegar tudo.

- Quem?
- Todo mundo.

Exceto eu e o vov� Mi�a.

Eles acharam
que voc� n�o voltaria.

- Art Subs -
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