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- Mostre.
- Mas o quê?
- Veja isto.

O que é? É 100% queijo!?

- Bem, o quê?
- É sanduíche de queijo e queijo.
Eles são mimados hoje!

- Espere, este só tem um.
- Não, ele tem dois!

Não, há uma fatia lá.
Isso significa três fatias de Gruyère lá.

Como você quer que eles aprendam sobre
igualdade, se você dá a eles três e um?

Dois Gruyères cada. É o mínimo.

Então, eu fiz uma estimativa do valor de sua propriedade.

Eu tenho que dizer, vocês vão ficar
felizes com o anúncio que vou fazer.

Pelo mercado do bairro, que tem um preço médio de 8.000 euros/m2,

Então temos uma estimativa de 408.000 euros.

- Por 51 m2?
- É isso.

- Compramos por 200.000, 7 anos atrás.
- Essa é a boa notícia. Vocês lucraram bem.

Mais de 200.000 euros em sete anos.
Esse é o mercado. Ele é dinâmico.

O problema, é que cagamos para o mercado.

Perdão?

É por causa dos bastardos especuladores
como nós, que Paris tornou-se uma cidade de ricos para ricos.

Não somos muito ricos, Paul.

Compramos por 200.000 balas.
Vamos vender por 200 mil balas.
É pegar ou largar.

- É um absurdo.
Não.

É o seu sistema que é absurdo.

Para a casa dos seus sonhos em Bagnolet
vocês não terão o valor suficiente.

Os caras que comprarem este apartamento não devem ser mais ricos do que nós
no momento em que compramos.

Mas a casa em Bagnolet custa 450.000.

Não podemos. Então não vamos mudar.
Vamos ficar aqui. É isso que você quer?

300 000 €. Nem um centavo a mais.

Isso vai nos dar uma dívida de 150.000.
Isso é muito.

- Para a casa de Bagnolet, tenho outros clientes.
- Ah, não.

- 330.
- 330 putos de mil euros.

399.000 balas!

Nós sacrificamos nossos ideais por 399.000 balas!

- Pare com isso. Não tivemos escolha.
- Isso é o que os Colaboradores dos alemães sempre disseram.

- Foi bem?
- Super.
- Bem, é isso.

E aqui estão as chaves da sua casa.

Ela é feia.

Talvez ela seja feia.
Mas esta casa me fez sonhar quando eu era criança.

Veja lá.
Eu morava lá no 13º andar, e eu a olhava todas as noites.

Adeus, crianças.

- Como vai, Coco?
- Oi.

- Julien pode vir brincar em casa?
- Não há problema.

Voce tem que vir tomar o
aperitivo já, já....

Vamos levá-los.

A LUTA DE CLASSES

Ele está fazendo um tour, na verdade.

Assim que ele tiver um total
de quatro, cinco encontros,

os caras que têm os contatos dele,
eles o contatam.

- Coucou.
- Olá, querida.
- Não sente o cheiro de queimado?

- Quem cozinha arroz sem água?
- O que?

Não é verdade, Manon?
Você não sabe que precisa de água para cozinhar arroz?

É preciso água para cozinhar arroz ?

Não é minha culpa,
se voces não me ensinaram a cozinhar.

- Voces não podem ser pais, às vezes?
- Eu não sou sua mãe.
- Para mim, é a mesma coisa.

- Veja, é uma coisa boa o que você acabou de me dizer?
- Ah, não.

Porque sempre que voce me diz algo gentil,
eu tenho a impressão que voce está me insultando?

- Eu não disse nada gentil para você.
- Sim, eu juro...

- Vocês não poderiam parar de gritar uma com a outra?
- É isso, aqui está Yannick Noah!

Pare de interferir quando gritamos umas com as outras
ou quando não gritamos!

- Vocês não gritam?
- Não. Você que fica nos pressionando.

Não é porque é a minha madastra que eu devo odiá-la.

Você não compreende.

- Ela está gritando comigo agora?
- Sim, ela está gritando com você.
- Mas eu estou gritando com você, não com ela!

Obrigado, meu coração.

Ah, mas é o Sr. Toledano.

- Você estão bem? Bom dia.
- Desculpem-me por incomodá-los.

Posso dar uma olhada na minha casa
vista do quarto da sua filha?

Você vai ver. É muito surpreendente.

Veja lá. Está vendo?
A pequena janela de baixo.

- Tem alguém na sua casa?
- É isso!

- Na verdade, não há ninguém.
- Sim, há alguém.

Não, você tem a ilusão de ver alguém.

É um novo sistema de segurança
que faz com que pareça que há alguém,
criando uma sombra na frente da janela.

E depois, eu vejo todos os comodos.

- Oh sim, é uma espécie de iPhone grande.
- Não, é um pequeno iPad.

- Isto serve para que na verdade?
- É para enganar ladrões.

Existem ladrões em Bagnolet?

Francamente, estou aqui fazem 25 anos.
Eu nunca tive nenhum problema.

Obrigado.

Adama, volte para o seu lugar.

Pare de ser tola, Adama.
Vou ficar bravo, Ryan.

Oh! O que é isto?

O que você estava fazendo aqui, Adama?

O que você está fazendo de pé?
Em seu lugar! Fique quieta!

Era isso que eu dizia.

Desculpa. Eles estão um pouco inquietos hoje.

Muito bem.

Então, crianças. Ouçam-me com atenção.

As damas da cantina
gostariam de saber quem dentre vocês...

consome produtos animais tipo porco.

- E quem não o consome.
- O que está havendo?

O que eu estou dizendo é que se houver
entre vocês alguns alunos em situações...

com pigmentos árabes e com
propensão muçulmana,

que, como resultado,
não consumiriam...

Bem, quem come porco?

Muito bem, vamos anotar seus sobrenomes.

Agora as crianças que não consomem porco...
Levantem a mão.

Corentin, não levantou a mão?

Há algo que eu não posso
comer, mas eu não sei mais o que é.

É o glúten. Você não tem permissão para comer.

- E tem glúten no porco?
- Não.
- Não.

Eu também não tenho permissão para o glúten.

- Sou alérgico a pólen.
- E eu sou intolerante.

- Voce é intolerantes ao que?
- Apenas intolerante.

Você é inteligente.

- Quem são, os chefes?
- É simples. Está marcado na parte superior.

Você tem que cortá-los. Pegue sua tesoura.

- Não tenho tesouras.
- Juan, você não tem tesouras para as crianças?

- Estão nas caixas.
- Não, justamente.

- Alguém roubou-as de mim.
- Como assim?

Todos os três perderam a tesoura.
É isso, pessoal?

- Vocês fizeram de propósito para não fazer o dever de casa?
- Coco?

Onde estão as tesouras?

No escritório do diretor.

Na verdade, tem um garoto do 4o. ano,

que pegou as tesouras, e cortou a boca
e as orelhas de outro cara.

O que?

Um garoto do 4o. ano cortou a
boca e orelha de outro.

O Sr. Bensallah está com medo
disto acontecer de novo.

- Porque, além disso, havia uma piscina de sangue.
- Ele confiscou todas as tesouras.

Coco, pare de se mexer quando
você conta histórias assim.

- Sente-se calmamente.
- É verdade ou não, o que você está dizendo?
- Sim.

- Aconteceu no pátio, na sua frente?
- Não, aconteceu na classe deles.

- Quem te disse isso?
- O diretor.

Eu vi uma cama de campismo.
E havia uma ambulância na frente da escola.

Havia até mesmo o caminhão de bombeiros.

Uma maca!?

- E levaram-no para o hospital Robert Debré.
- E isto foi quando?

- Como ele está, o garotinho?.
- Foi no outro dia.

- Você viu algum sangue?
- Só um pouco no chão.

- Você ficou com medo?
- Não.

- Foi só um pequeno acidente.
- Pare, Manon.

- Não é uma coisa pequena.
- É bom!

Você está brincando. Você corta um pouco
a boca e as orelhas. Que é isto...

Coco, você não quer andar normalmente?

Erik, você vai receber suas ordens de volta.

Géromine, voce pode alimentar as ovelhas?

- Bom dia. Está bem?
- Estou bem. Dez nabos, é perfeito.

- Milo não estava na escola, esta manhã?
- Alcachofras de Jerusalém, há realmente o tempo todo.

Ok, ótimo, ótimo. O suco de maçã, é excelente!
Mas não vamos levá-lo. Nós temos muito sobrando.

Milo estava doente esta manhã?

Espere, vou apresentá-las. Sofia?

Sofia, Paul, vamos.
Aqui é Dounia.

São os pilares do jardim e
habituais. Eles estão aqui o tempo todo.

Você está na classe do Corentin?

Então é um jardim que partilhamos.

Joaquim, não ponha os lixos secos dos banheiros
no estrume orgânico, obrigado.

-E este jardim é você, sou eu.
Somos nós.

Está bem. Nós podemos alugar um pedaço
para cultivar. É esse o princípio?

É isto, exatamente. Exceto que não usamos
pesticidas nem fertilizantes. Nunca.

E também respeitamos o ritmo das estações,

e o equilíbrio do solo.
E também não cultivamos oleaginosas ou plantas trepadeiras.

Fora isto, você pode fazer o que quiser.
Você está livre.

- Basicamente, somos livres para fazer como voces.
- É isso, exatamente.

Você não me respondeu, Milo estava doente esta manhã?

Sim.

Não. Na verdade, nós o retiramos
da escola Jean-Jo para colocá-lo na escola Saint-Benoît.

O que?

E você não poderia ter nos prevenido antes?

Sim. Mas os golpes de tesouras foram
a gota d'água. Nós decidimos muito rapidamente.

Garotos que arrumam problemas, existem em qualquer escola.

Não é só isso. Temos pensado nisso há muito tempo.

Vocês conhecem a reputação do Colégio distrital.

Dessa forma, Milo termina sua quinta série em Saint-Benoît.
Ele irá automaticamente para o Saint-Benoît College.

- O que é bom.
- 95% de garantia de sucesso.

Queremos o melhor para os nossos filhos, isso é normal.

- Quantas vezes te ouvi gritando contra as escolas particulares?
- Você me surpreende!

Quando Fleur nos disse que ela tinha feito isso para Milo,

de imediato, pensamos que era uma solução para Jules também.

- Isso é uma piada? Você também?
- Bem, sim.

Ah, sim, ok.
Então Coco está sozinho na escola Jean-Jo.

Você tem que dizer a verdade, o nível em Jean-Jo é baixo.

O nível da escola Jean-Jo é muito baixo?
Porque voce não diz sinceramente o que pensa?

- Há muitos negros e árabes, é preciso dizer.
- Parem com isso!

É uma provocação dupla.
Só estou dizendo que o nível
na Jean-Jo, é academicamente medíocre.

Eu cresci aqui.
Eu fiz toda a minha formação escolar aqui.
Voces podem ver, estou bem, eu me dei bem.

Sim, mas os tempos mudaram.
Com tudo o que está acontecendo agora...

Além disto, é verdade que, Jules, eles o diagnosticaram
como de alto potencial.

- Alto potencial, não sei o que isso significa.
- O tipo talentoso.

- Mesmo o Instituto aconselhou-nos a matriculá-lo em outro lugar.
- Que responsabilidade para você, então!
- Nós estamos muito felizes com a Jean-Jo!

Além disto, é a escola pública, é importante.

Por que eu não posso ir
para Saint-Benoît se todos os meus amigos vão?

Porque o Saint-Benoît é particular.
E o privado, é nojento.

- É a seleção. A injustiça.
- O que é injusto, é que eu não possa ir.

O privado, voce não vai gostar.
É tudo próprio, é tudo limpo, não tem nada além disso.

- Parece bom.
- Não, estou a dizer-te.

O privado, é o dinheiro.
São os ricos que vão para lá, meu coração.

- Isso significa que somos pobres?
- Não.

- Então, porque não posso ir?
- Porque o privado, é a quebra do pacto republicano.

- É o elevador social que trava.
- Nós somos rebeldes.

Não fazemos nada como os outros.
Não temos medo de estarmos sozinhos contra todos.
Somos piratas.

- O privado, é o fim da igualdade de oportunidades.

Eu acho que seria bom que Coco fosse gay mais tarde.

Sim. Eu, quando eu crescer, serei hiper gay.

- Querida, se quiseres...
- Mas, não importa. Pare, Manon.

É sempre bom ter um homem gay em uma família.
Traz abertura. É elegante.

Não posso fazer isso.
Então decidimos que ia ser ele.

Manon, evite dizer-lhe coisas assim, por favor.

Porque não? Para impressionar a galera,
você tem ótimas idéias. Mas na realidade...

- Voce está dizendo que sou homofóbica?
- Mas não há ninguém mais tolerante do que você.
Voce pensa que não sei que voce é aberta?

Maldito inferno.
Voce está mesmo a falar merda.

- Isso foi um elogio, não foi?
- Não, eu penso que não.

Sim, você é. Não há ninguém mais tolerante do que você.
Você é hiper aberta. Sim, eu te juro.

- Quando eu crescer, serei um pederasta.
Quando eu crescer, serei um pederasta.
- Coco, pare de dizer isso.

- O que?
- Pare de dizer isso.

Você não diga isso na escola, não estou brincando.

- Porquê? Papai acha que é ótimo.
- Sim, mas não.

- Além disso, você nem sabe o que isso significa.
- Sim, significa que dois homens podem casar.

- Bom dia, meu coração.
- Oi.

Espere, Paul.

Sofia Belkacem, que deve sua carreira
somente ao seu talento e a sua ambição,

e que, eu tenho certeza,
dentro de alguns anos, terá nos comido à todos.

- Algumas palavras pela sua promoção?
- Tenho um pensamento emocional pela Sra. Fiter,
minha professora de SVT na terceira série.

Porque ela achava que eu era muito boa.

Em costura. Porque a Sra. Fiter
pensava que uma formação BEP em costura seria incrível
para uma garota como eu.

Ela dizia que eu tinha dedos de fada.

Eu a odiava tanto, que eu sinceramente creio
que me ajudou a desenvolver meu espírito
de contradição, que é muito útil para um advogado.

- À Sra. Fiter.
- À Sra. Fiter.

Temos de demonstrar solidariedade com os refugiados.
Realmente solidários.

Como os nossos amigos que se juntarão a nós esta noite,
que têm lutado conosco há mais de vinte anos.

Eles lutavam com os Béru.
Com a Mão Negra.

Peço-lhes que dêem as boas-vindas ao Amadeus 77.

Acabamos pegando eles, não foi?

Com a barreira linguística,
Não foi fácil.

Não tenho certeza que seja punk-rock
o que eles precisem agora.

Não é o concerto que conta, é a mensagem política.

Com liçenca.
Perdão.

- Oi.
- Como vai indo?

- Foi tudo bem?
- Sim.

É só que eu fico um pouco ansioso
quando eu vou pegar o Corentin na escola.

- Vá em frente, explique-se.
- Já sou o único cara.
- Não é verdade.

- Você não quer ouvir, não é?
- Não, mas o que está havendo?
Falam mal com ou de voce? O que eles fazem?

Não, todos são muito simpáticos.
É só que...

- Na verdade, ninguém fala comigo.
- E você, fala com eles?
- Não.

Bem, você vê, eu falo com todo mundo,
e todo mundo fala comigo.

Você imagina mães de família
falando com um cara solitário?

Porque elas estão com os véus?

Olha, estou preocupada, ok.
É um sentimento que eu não me orgulho,
mas que eu realmente sinto.

Mesmo em você eu não posso
confiar sem que você veja
qualquer intenção suspeita!

Eu acho que você não pode suportar a mistura.

Talvez. Mas a mistura, para que seja uma mistura,
tem que ser uma mistura.

Se isto não é a mistura,
isto não é a mistura, sabe?

Lembro-me de Max Niakandin,
na quarta série em Bure-sur-Yvette,

Ele era o único homem negro na classe,
ele era meu amigo.

Os pais de Max Niakandin,
na saída da escola, não ficavam confortáveis.

- Ninguém falava com eles.
- E?

Bem, os pais de Ben Max Niakandin, hoje sou eu.

Bem, é verdade, escute.
Corentin é o único na classe.

O único que?

O único homem branco.

Voce me diz isso, a mim?

Também não gosto dessa palavra.
Isto me causa repulsa, branco.

Acontece que o branco hoje não é uma cor de pele.
É uma classe social, sabe o que quero dizer?

Não. Realmente não muito, não.

O que ele está fazendo aqui?

Eu não sei.

- Sr. Toledano, por favor.
- Bom dia.

Voce poderia estacionar mais longe, por favor?
Porque está bloqueando nosso portal.

- Como?
- Não podemos entrar na casa.

- Se puder estacionar...Há espaço aqui ou ali.
- É tarde demais, me desculpe.

- E por quê?
- São 18:04 hs, é sexta-feira. É o Shabbat que começa.

- O sol ainda não está totalmente posto.
- Este é o período provisório.

18 minutos antes da hora de dormir.
Os textos são muito específicos sobre este assunto.

Sim, e daí?

Então não posso tocar no meu carro,
nem quaisquer objectos eléctricos.

Vou tirá-lo no domingo.
Boa noite.

Voce pega o teu carro e o estaciona um pouco mais longe.

Eu adoraria, mas é impossível.

- Dá-me as chaves. Vou estacioná-lo.
- Oh não. Não posso tocar nas chaves.

- Elas não são elétricas, as chaves!?
- Ah bem, sim. E isso é pecaminoso.
São as chaves onde pressionamos para abrir.

- Dá, eu faço.
- Não me toques. Você é uma mulher, é muito sério.

Não me toques, por favor!

Paul, venha, não é grave.

Eu juro, não importa.

- Pode ir, bom Shabbat.
- Da mesma forma.

Agora dizemos bom Shabbat nesta família! É onde estamos.

- O que ele tinha, o Sr. Toledano?
- Olá, querido, o Sr. Toledano é muito religioso.

- Ele acredita em coisas que achamos completamente absurdas.
- Que você acha completamente absurdo.

- E depois, ele é gentil também.
- Sim, muito gentil, só que ele é um pouco cuzão, sabe?

Mas eu sou o único
a não acreditar em Deus na minha classe.

- O que você está dizendo?
- Na classe, eu sou o único a não acreditar em Deus.

- Como tem certeza?
- Eu perguntei.

- Eles te incomodaram?
- Não.

- Você não tem que falar sobre essas coisas na escola.
- Mas o que somos nós, na verdade?

- Todos os meus amigos são algo. Nós, somos o que?
- Não somos nada.

Você será o que quiser.

É mesmo delirante que na escola pública,
todos acreditem em Deus hoje.

Você pode ver que ele não tem problemas com isso.
Ele só quer definir-se aos olhos dos outros, isso é tudo.

- Você poderia ir na reunião de pais/mestres na quinta-feira?
- Sim, eu só não dou a mínima.

- Não pode fazer um esforço?
- Mas eu realmente não dou a mínima. Eu vou.

Então, crianças.
Guardem suas ferramentas de escrita, por favor.

Guardem suas ferramentas de escrita agora.

É a hora do exercício intrusão-atentado .

- Todos debaixo das mesas! Rápido! Rápido!

Um indivíduo parecendo intrusivo,
parecendo levar um objeto explosivo,

entrou no complexo do estabelecimento.

Nesta situação, existem duas opções disponíveis para nós.

Ou a escapatória, ou o confinamento.

Nós arregaçamos ele, este bostinha de terrorista!

Não dizemos terrorista !

Você não diz terrorista .
É proibido no exercício de intrusão atentado.

- E por quê?
- Porque vai causar muito mais medo.

Indivíduo de natureza intrusiva, é o correto.

O indíviduo se aproxima pelo corredor.

- Onde ele está?
- Não estamos mais respirando.

Ei, Sra., ele tem o que como arma, aquele bastardo?

Eu já disse, um objeto que detona.

O que é isto?
O que está fazendo aqui?

Aos vossos lugares!
Não estou brincando.

- Você quer morrer, não é?
- Não.

Quer morrer primeiro?
Então já chega!

São aqueles que gritam que vão morrer primeiro.
Temos que ficar debaixo das mesas.

Querem ver sangue por todo o lado?
Querem que ele te torture?

Posso falar com você por um segundo?

Eu só queria ensiná-los matemática e francês.
Eu não estava preparada para isso.

Não há problema. Você faz isso muito bem.
Não há problema.

Não, eu disse terrorista.

Mas não nos importamos com isso.
Você acha que eles não ouvem isso todos os dias
na TV? Ouvem cem vezes por hora.

E depois são crianças.
Pare de por medo nas crianças.
São os alunos da quinta série.

Como vai, Coco?
Tudo foi bem, hoje?

Vou a uma reunião de pais.
Vou deixá-lo ir para casa sozinho!?

Ela pode vir?

Você quer?

Sim, mas não sei se minha mãe
vai deixar, na verdade.

- Nós vamos perguntar a ela. Onde ela está?

Mamã, posso ir a casa do Coco esta noite?

Olha, querida. Eu não sei.

- Da próxima vez.
- Por que, Sra. por favor?
Ela jamais veio a minha casa.

Coco? Não está aborrecido comigo?
Não está triste?

Por causa dos atentados, o orçamento normalmente
alocado para a renovação da escola vai
direto para a segurança da escola.

Isso quer dizer?

Isso significa que vamos colocar barras nas janelas
do térreo e do primeiro andar,

que vamos comprar um novo portal,
deixar opacas as janelas, colocar chapas metálicas...

... perfuradas nos novos portais e
vamos colocar uma câmera na entrada.
O que está havendo, Sr. Clement?

A janela foi deslocada.
Eu vim para o resgate.

Você pode ver que ela está em frangalhos, esta escola.
Não vamos deixá-la assim, não é Sr. Bensallah?

- Sr. Nabot, tem uma solução para isso?
- Teríamos de passar silicone na janela, mas não
há dinheiro para comprar os tubos de silicone.

Por outro lado, vi um tutorial na Internet.
Nós podemos fazer uma cola adequada à base de Chiclete.

Então, se seus filhos puderem recuperar suas
gomas de mascar e trazê-las para mim durante o recreio,

eu os derreto e faço uma massa
para colar. Não haverá mais correntes de ar.

Escutem. Eu entendo que
isto pode surpreender, mas é uma boa idéia.

Sei que é difícil para vocês e para nós.
Mas preciso de vocês, pais.

Preciso de vocês, pais,
que sejam solidários.

Como mães, temos o direito de exigir o melhor para...

Faz favor. Não ambas ao mesmo tempo.

Como mães, temos o direito
de exigir o melhor para nossos filhos.
É natural.

Mas vocês também tem o dever de
respeitar a escola e as equipes de ensino, certo?

- Mas respeitamos a escola.
- Sr. Clement, tem algo a dizer sobre isso?

Não, é bem isso.
Como mães, temos o direito de exigir o melhor.

Sr. diretor, respeitar a escola é bom,
mas a escola nos respeita?

Porque sempre temos escolas podres?

Somos deixados de propósito na merda,
porque é adequado para eles.
Para eles, somos apenas uma escola de negros.

Você está exagerando. Esse não é o ponto.

Por favor? Nós compreendemos.
Da quinta série, há outras perguntas?

- Aproveitem que a Srta. Delamarre está conosco...
- Sim, tenho uma pergunta.

A respeito dos pequenos bastardos da sua classe.
No ano passado, eles perturbaram minha filha,
então eu os conheço perfeitamente, esses bostinhas.

O que você vai fazer para acalmá-los?
Porque eles fodem a vida dos outros.

Há de fato na classe alguns alunos que eu descreveria como
indivíduos indutores de ansiedade.

Mas como eles se concentram em elementos
numa situação geográfica das imediações...

- Não há um tradutor?
- Deixe-a terminar, por favor.

É possível a mesma coisa em francês?

O que ela está tentando explicar para você,
é que temos dois pequenos merdinhas
na sala de aula, mas nós os gerenciamos.

- Está tudo bem? Nós resolvemos?
- Não há nada resolvido.

Falaremos sobre sua filha mais tarde, certo?
Você virá me ver no meu escritório...

Perdão. Isso não é uma pergunta.
Na verdade, eu gostaria de propor uma ação.

Eu criei uma associação, chama-se as latas de lixo de Bagnolet.

Nós fazemos açoes como limpeza é a minha cidade .
Penso que podíamos fazer isso com as crianças.

Ir com as crianças em Bagnolet e recolher as porcarias que estão
por toda a cidade.

Bem, eu acho que terminamos por hoje.
Obrigado, Marie-Cécile.

Você viu como ele está feliz de ter reencontrado seus amigos?

Eles podiam faze-los cantarem
algo um pouco mais rock 'n' roll, hein?

Então, Coco, ele está bem?
Ele não sente falta dos amigos?

Não. Você sabe, as crianças se adaptam.

- Ele tem muitos amigos. Há mesmo Ines vindo
comer em casa hoje à noite, eu te disse?
- Oh, é hoje à noite?

- Ela é uma de suas amigas.
- Sim, fazemos muitos jantares. Estamos exaustos.

- Em todo caso, o St-Benoît é impecável.
- Sim ?
- Sim.

Milo está hiper contente. Ele fez amigos de imediato.

Realmente, você tem certeza que
não quer colocar Coco naquela escola?

Não, mas o nível é bom.
Não há mais do que vinte por classe.
Eles têm tudo o que precisam de equipamentos.

- Inevitavelmente, com o dinheiro...
- Você me surpreende.

- Com o assunto do dinheiro?
- O dinheiro que você coloca para manter seu filho seguro.

E se não for a missa, é rock 'n' roll?

Isso significa que cada vez
que levarmos o Coco ao Coral, vamos vê-los.

- Aqui, bom dia.
- Bom dia.
- Olá, estás bem?

- Bem, eu vou ter que
- Como está indo?
- Oi meninas.

- Coco está no coro?
- Bem, sim.

Você notou?
Só há pessoas brancas lá dentro.
Não tem nenhuma pessoa de Bagnolet.

- Sim, há Coco somente.
- Isso aí, é uma loucura!

Colocamos o Conservatório no meio da cidade.
As aulas são gratuitas e ninguém vem.

À eles são oferecidas uma série de atividades,
cinema, dança, teatro...
Não há um cara da vizinhança que frequente.

- Dizem que não é para eles.
- É exatamente isso.

Ou não sabemos como interessá-los.
Meninas!

- Estava bom, meu coração?
- Sim.
- O que!?

Voce está feliz em ver Milo e Jules de novo?

Eles te falaram sobre a escola deles?

Eu gostei do Cinoche depois que
encontrei um truque com meus amigos
para ir lá sem pagar.

Havia uma pequena porta de emergência na parte de trás.
Nós colocavámos uma pedra para bloquear a porta.

Nós nos infiltrávamos lá dentro,
e víamos todos os filmes proibidos.

Quando eu tinha 11 anos, eu vi Laranja Mecanica.
Aos 12 anos, encontrei com Emmanuelle.

Todos os pequenos lá.
Para eles irem ao cinema, falta dizer-lhes que é proibido.

Devíamos dizer-lhes para não irem,
para fazê-los querer ir.

É certo que se proibirmos a cultura
para as crianças em vez incentivá-los,

seria uma corrida aos museus, livros escondidos,
uma paixão pela arte contemporânea.

Está indo sempre bem.
Eu lhes trago clientes regularmente.
Vocês estão satisfeitos, finalmente, parece-me.

Sim, Colombe.
Eu estou sempre contente
com você, mas esse não é o ponto.

Então por que ela e não eu?
Tenho tantas habilidades quanto ela.

Claro, Colombe. Você é pelo menos tão
competente, mas você vê, hoje é bom

para a imagem de uma empresa moderna,
aceitar a diversidade dentro dela.

Ah. A diversidade.

Bem, é verdade que em termos de
comunicação...

É importante, a imagem, você sabe.
Você pode ter uma clientela atraída
pelo perfil particular de Sofia.

É por isso que eu tive a
minha maldita promoção, na verdade.

Eu quero ser escolhido pelas minhas qualidades
profissionais, isso é tudo.
Não porque eu sou Árabe.

- Você sabe que aquele babaca...
- Olá..
- Você está bem, Jérém?

Vou processar aquele imbecil,
por abuso de discriminação positiva.

- Pare com isso. Não existe tal coisa.
- Vai formar uma jurisprudência.

- Vou demitir-me.
- Olha, está tudo bem.
Você está indo muito bem.

Ele não disse que você era incompetente,
ou que você não merecia o trabalho!?

- Ele disse que com habilidades iguais,
ele prefereria que fosse você.
- Sim, ótimo.

- Não vês qual é o problema?
- Boa noite.

- Podemos falar um com o outro?
- Desculpe por ser tão popular
e de ser uma nativa de Bagnolet.

Não vê o problema?
Eu serei sempre a árabe de plantão
e é nojento, só isso.

Não é o que é nojento.
É o sistema que é nojento.

- Foi por isso que eu saí do sistema.
- Ah, é por isso, sim.

- Isso é irônico agora?
- Sim, é irônico.
- Ah, você está brincando comigo?

- Ah, Anne-Cécile?
- O que?

Vai tudo bem, eu queria te ligar.
Vamos nos reunir com os sem-teto.

- Você está olhando para o barbudo agora?
- Não, eu o conheci no colegial.

Como você o conheceu?

Como o meu primeiro amor.

Estavas com a Sofia?

Ela partiu para longe.

- Não fique envergonhada.
- Perdão?.
- Não se envergonhe.

Querida?
Sofia?

- Pensei que tinha te perdido.
- Como está indo?

- Você não quer sair?
- Sim, se quiser.

- Coco, está onde? Coco?
- Ele deixou-me o casaco.
- Coco, você vem?

Por que fez isso?
Por que mergulhou na bacia?

Disseram que eu ia para o inferno.
Porque eu não acreditava em Deus.

Que haveria um demônio
que iria pendurar-me pelos pés
com um garfo.

E ele perfuraria minha barriga,
e haveria sangue e meu cérebro,
e que eu seria enforcado pelas minhas tripas.

Meu coração, isto é merda.
Voce não vai para o inferno.

Quando você não acredita em Deus,
nós estaremos seguros no inferno.

É por isso que
você se jogou em uma bacia?

Quando eu disse a eles que queria ser um muçulmano,
eles disseram que não era possível porque eu era um branquelo frágil.

- Um branquelo frágil?
- Sim.

Marylène me disse que eu poderia ser católico,
se eu me batizasse na água de Jesus.

- Coco, não leve a sério as merdas que os merdinhas
te disserem, está bem?
- Você não é um branquela frágil.

- E, além disso você não acredita em nada.
- Mas sim, pai, eu sou católico.

Não é porque um pequeno merda te diz que ele é católico,
que ele é católico!

- Voce se mete na água, e o que acontecerá a seguir?
- Nós acreditamos em Deus, somos batizados
e depois podemos ir para o céu.

- Não há paraíso.
- Sim.

- Há 72 virgens lá, além disso.
- Mas o que é toda esta merda?

- Diga ao seu irmão que ele não é um branquelo frágil.
- Pare de irritá-lo.
- Isso não é você. Não existe Deus.

- Pare de dizer isso a ele. Ele acredita no que quiser.
- Não, ele não acredita no que quiser.

Meu coração, vai ficar bem.

Vai ficar tudo bem na escola.

Eu prometo a você que vai ficar tudo bem.

Não é necessário que voce se esqueça
que é um pouco árabe também.

Você não é um branquelo frágil.

Cabe aos outros se adaptarem a você.

Você sempre tem que dizer o que pensa.
Isso é o que é ser um rebelde.

Sabe, às vezes,
é necessário saber adaptar-se aos outros.

Seus colegas de classe,
você só deve dizer-lhes uma parte
do que pensa, se for melhor para você.

Se isto permitir que você
faça parte do grupo.

Mas você fica livre na sua cabeça.

Se você é forte, seus colegas de classe vão respeitá-lo.

Você vai fazer parte do grupo.

Ao mesmo tempo,
você vai continuar livre na sua cabeça.

Muito bom, não é?

Durma bem.

Eu tenho a impressão
que tem alguém na casa do Toledano.

- Não é o sistema antiladrão dele?
- Hein?

E se for alguém que
finge ser seu sistema antiladrão?

Talvez seja o Toledano que foi para casa.

Não pensei nisso.

O problema é que seu filho
é um pouco o Branco de serviço.

Seria necessário que ele encontrasse
um modo para se encaixar.

- Isso quer dizer?
- Futebol, por exemplo.
Eu vejo isso. Ele não brinca com outras pessoas.

Ele poderia fazer um pequeno esforço.
Essa é a base, o futebol.
Não há nada melhor para integrar-se.

Ele não gosta de futebol.
Não há lei na França
que nos obrigue a amar o futebol, certo?

Quais são os nomes deles?

Esse não é o ponto.
Não queremos identificar tal ou tal.

Eu vou te dizer:
é Adama, Ryan e
acho que o Momo está no negócio.

Porque estes três irritam todos.
Já fazem três anos que isto acontece.

Só queremos encontrar alguma coisa.
Eu não sei. Contar-lhes sobre a laicidade.

Nós sabemos, mas você sabe essas coisas.
Um dia é Deus, outro dia é outra coisa.
Neste momento é... Merda!

Machuca voce parar de fazer isso
quando estou trabalhando?

Está aqui para me chatear, voce e as tuas merdas?
Idiota!

Eles irritam com essas histórias
de Segurança. Onde eu estava?

Laicismo?
Eu acho, Sra. que estamos lidando com isso.

Veja, algo que lhes mostro
sempre, são fotos.

Veja estas duas fotos.
Eu mostro aos meus alunos
e eu digo a eles, o que vocês vêem?

Eles dizem, um homem chinês, Sr. Bensallah.
Não, ele não é um chinês.

Ele é um Muçulmano,
da tribo dos Ouïghours, na China.
Incrível!

Vou mostrar-lhes a segunda foto.
O que é? Ele é um árabe,
então ele é um muçulmano. De modo algum.

Este simpático cavalheiro é um cristão,
da tribo dos Coptes, do Egito.

Você percebe isso?
Quando eu mostro isso para as crianças,
isto torce o pescoço delas.

- Mas faz com que pensem.
- Parece ótimo.

Mas para o Corentin,
qual é a diferença?

Acho que para o seu filho, por outro lado,
temos que resolver o problema com as mãos.

Nós vamos lidar com isso da minha maneira.
Dê-me um segundo.

Espero que ele não vá ser punido.

É isso, eu quase bati neles.
Eu quase os arrasei.
O problema está resolvido.

- Isso quer dizer? O que voce fez?
- Eu fui na classe dele,
e eu pedi aos culpados para denunciarem-se.

Claro, silêncio de rádio.
Voce engana-se de vez.

Por outro lado, perguntei ao pequeno
Corentin para me dizer quem era.
Ele não me disse nada. Eu insisti.

Ele não queria, mas eu insisti,
e ele disse os nomes desses dois merdinhas.

Está bem. Eu os amassei,
nunca mais vai ouvir falar deles.

O que é que se passa?
Ela está ofendida?

Mas ele é um cretino,
aquele Bensallah!

Eu te juro, ele é um puto!

Seu dia foi bom, Coco?

Ninguém te disse nada de especial?

Seus amigos?

Coco?

Coco, correu tudo bem
na escola hoje?

Coco, seja gentil.
Foi tudo normal?
Ninguem te disse nada?

Ryan e Momo me disseram que iriam me matar
porque eu era um cagueta.

O que te disseram?

Disseram-me que iam matar-me,
porque eu os denunciei ao diretor.

Ninguém vai te matar, meu coração.

Não se preocupe, Coco.
Vou explodir a boca deles,
aqueles merdinhas.

167 Avenida Gambetta, no setor 20.
Este é o endereço do Carlos. Você guardou?

Eu tenho um princípio na vida.
Eu não lido mais com a legalidade, ok?

Pode apostar!
Grande punk de papelão!

Entretanto, é graças a estes princípios
que hoje estou lá onde estou.

E onde você está?
Resumindo, você quer que
seu filho mude de escola ou não?

Tire suas mãos.

Bom dia, senhora.
Somos os pais de Corentin.

Então você acabou de se mudar para o bairro
e você quer registrar seu filho no Tango?

Não é o que queremos, é o que temos que fazer.
O nosso novo endereço depende da nossa escola.

Eu sei.
Eu recebi o seu arquivo.

Você sabia que eu era um fã de
Amadeus 77?

- É engraçado.
- Eu vi voce no La Cigale em 93 com os Berus.

A juventude irrita a Frente Nacional.
Eu fodo o Papa.

- Você estava indo forte na época
- Foi uma época em que...

E você ainda continua?

- Sim, sim.
- Sempre na luta.

Mas sentimos que o seu compromisso
é sincero e isso é importante.

- Onde exatamente você mora?
- 167 Avenida Gambetta.

Não é muito longe daqui.
É ao lado do pequeno restaurante libanês?

- Onde muitas vezes vamos.
- E são adoráveis.
- Pessoas de topo.

- Pensei que tinham fechado.
- É possível.

- É por isso que vamos menos.
- E antes disso?

Antes, estávamos em Bagnolet.

Eu tenho uma sobrinha que vive em Bagnolet.

Na rua Lenin, 56.

Ela cruzou com voce ontem.
Você é um pouco famoso na vizinhança.

De repente, eu fiz-lhe a pergunta.

Ela respondeu que
aparentemente voce não mudou-se.

É verdade?

Voce mentiu sobre o seu endereço,
para enganar a Educação Nacional?

É patético!
E voces se dizem de esquerda!

Os bobos em toda a sua glória.

Faça o que eu digo,
mas não faças o que eu faço.

Nós sentimos muito.

- Você paga seus impostos na França, pelo menos?
- Sim. Isso é muito importante.

Sabes que mais?
As pessoas de direita são muito menos falsas que você.

Vamos, Amadeus 77.

Quando a guerra terminar, ele fará negócios com o seu pai.

A mãe faz tricôt,
O pai faz negócios...

Então, sim, crianças.

O Sr. diretor gostaria de falar com você sobre
eventos de caráter criminais que no contexto de...

Saia, senhorita Delamarre, eu cuido disso por mim mesmo.
Então, crianças.

Algo muito grave aconteceu ontem.

Nós soubemos que pequenos bandidos...
Não desta classe, mas outros pequenos bandidos...

entraram no cinema Municipal para
irem ver um filme, sem pagar pela entrada.

Acho que isso é inaceitável.
Além disso, eles foram ver um filme
que não é para sua idade.

Não é um filme para crianças.
É um filme para adultos que eles foram assitir.

É um filme um pouco...com... hum-hum.

É muito sério. Não tem piada.
Estas são crianças que viram cenas um pouco...

E eu não quero
que isso aconteça com meus alunos, ok?

- Mas como eles entraram?
- Eles são pequenos bandidos, o que você quer!?

Estou falando do cinema na Praça da Prefeitura.
Está vendo? O Cinoche .

Com a grade verde do lado.
Eles pularam o portão.

Há apenas uma fechadura que bloqueia para entrar na sala.
A fechadura não segura.

Estes pequenos bandidos forçaram a fechadura.
Qualquer um pode forçá-la e entrar na sala.

Você percebe isso?
É preciso apenas empurrar a porta, realmente.

- Concordamos?
- Sim.

- Senhorita Delamarre, obrigado.
- Obrigado, Sr. diretor.
- Que época nós vivemos!

Esta é a nossa pequena capela do século XIII.

Saint-Benoît, nosso protetor.

Mas eu garanto a voces:
a escola também é acessível aos não-crentes.

Fizemos os trabalhos necessários
para colocar o estabelecimento
nos padrões para esses alunos.

Temos mais e mais alunos
em uma situação de deficiência espiritual
que acolhemos muito bem.

Em relação às programações, por outro lado,
eu realmente quero que os alunos sejam pontuais.

Sou advogada
e ele é um músico profissional.

- De acordo. Paul Clement?
- É isso mesmo.

Você fez parte de uma banda?

Amadeus 77?
Mozart, adorei!

- Vejo que fez um clipe.
- Ah, não!
- Oh sim!

Eu fodo o Papa.
Eu fodo ele, eu fodo ele.

Você tem que colocar isto no contexto...

Isso quer dizer...
Bem, as letras...

Nós fodemos o Papa, mais o cantor do que eu.

Mas ninguém fode ele no sentido de foder, o Papa.

- Isso quer dizer que fodemos com a sociedade.
- Pare com isso.

Vou explicar ao cavalheiro.
É a raiva que manifesta-se no ato de sodomia.

- É principalmente na bateria.
- As palavras são minhas.

Nós dissemos que Eu fodo o Papa
como diríamos Eu cago na Madre Teresa.
Veja, não há nada agressivo.

Ou ainda eu fodo o padre Pierre , viu?

Nada pessoal.
Não o conheço, o Papa.
Nem sei qual deles é.

Qual deles é agora?

É como se não houvesse mais
escola para pessoas como nós.

Você não poderia tirá-lo
da Internet, o seu videoclipe?

Sem problemas, eu não suportaria esse cara.

Voce não suporta ninguém.
Você se caga para todo mundo.
Você não acredita em nada.

- Isso não é verdade. Eu acredito em coisas.
- Ah, sim? Em quais? Você pode me dizer?

- Deus, não, nós sabemos.
Em Mélenchon?
- Não.

- Na recuperação economica
graças à redução das despesas dos empregadores?
- Não.

- Aqui. Seis carretéis mais um gratuito, você acredita?
- Não.

- Você vê? Você não acredita em nada.
- Se você me der tempo para pensar,
vou te dizer no que eu acredito.

- Oh, Olá. Você está bem?
- Como está Rédouane? Olá.

Voce vê? Se pudéssemos simpatizar
com os pais de sua classe.

Bem, eu juro que eu ficaria bem,
Coco em Jean-Jo.

Isto o trará mais perto de Rédouane.
É assim que vai.

Quando os pais se tornam amigos,
isto aproxima as crianças.

Rédouane faz parte daqueles que fodem com ele.
Bom dia, senhora.

São crianças.
Eles poderiam muito bem entenderem-se.

Não podemos nos tornar amigos artificialmente
com pessoas que não conhecemos.

Mas porquê?
Porque ela está amuada?

Você vai parar com isso?

- Sim ?
- Dounia?

- Sim, sou eu.
- Bom dia, é a mãe do Corentin.

É a Sofia.

Como eu disse,trouxe para voce alguns legumes.

- São legumes?
- Oh sim. São do jardim compartilhado.

Como seguimos o ritmo da natureza,
temos belos legumes antigos.

Nós realmente não sabemos o que é.
Mas eles têm uma qualidade nutritiva, que é uma loucura.

Estou aqui para falar com você
de Corentin e de Redouane também.

Não, mas na verdade...

O que nos incomoda um pouco,
é que regularmente, não muitas vezes,

Rédouane, e outros meninos
da classe, ele não está sozinho,

dizem ao meu filho que se ele
não acredita em Deus, ele vai para o inferno.

E de repente, por força de repetir para ele,
mesmo que não seja o tempo todo,

ele está começando a ficar assustado.
Nós, claro, estamos preocupados com ele.

Ah, sim, eu entendo.
Lamento sinceramente.

Ao mesmo tempo,
eu não posso fazer muito sobre isso.

Porque essa é a verdade.

Os incrédulos vão para o inferno.

Rédouane, o pobre garoto, não pode ajudar.
Nem eu.

Se eu pudesse mudar,
eu mudaria imediatamente, mas...

É claro, não é minha decisão.

Sim, é claro.

- Eu estou super mal pelo meu filho, na verdade.
- Não.

Claro que vou falar com ele.
Claro que vou dizer à Rédouane
para evitar o assunto com Corentin.

- Muito obrigado.
- Isso é normal.

Gostaria de vir jantar.
em casa com seu marido e Rédouane?

Encontramo-nos entre as mães locais
mas nunca temos muito tempo.

Além disto, isto permitiria a Corentin
e Rédouane conhecerem melhor um ao outro.

- Sim, por que não. Com prazer.
- Amanhã à noite, por exemplo, seria perfeito.

Eu falo sobre isso com meu marido e...

Nadir, aqui está a Sofia. A mãe de Corentin.
Eles estão nos convidando para amanhã. Você estaria disponível?

- Eu disse amanhã, mas escolham o melhor momento.
- De qualquer maneira, eu ligo para você.

Não, é por aqui.

Entre 15 e 17.

Oh sim? Você estiveram juntos dos
15 aos 17 anos de idade!?

- Você estava apaixonada?
- Sim.

Quem deixou quem?

Não foi o caso, mas quando eu fui para
a faculdade em Paris, ele ficou aqui, e foi assim.

Ah, você não o deixou?
Talvez ele pense que você ainda está com ele!?

Não importa!

Você vai se dar bem com isso,
que ele venha aqui?

O que você acha?

- Voce pensa que ele vai ficar bem, Coco?
- Ouça, se você fizer a mesma pergunta
a cada cinco minutos, vai ser insuportável.

Eu sei, mas eu juro,
penso nisso o tempo todo.

E isso me faz ter como
uma bola na barriga.

É necessário que voce tenha
confiança no seu filho.

Ele vai safar-se sozinho, você vai ver.

Finalmente eles disseram para ele:
Nós vamos matá-lo porque você é um informante.

- O que você está fazendo?
- Você vai ver.

- Sim, alô?
- Sr. Toledano, seu jardim faz divisa
com o terreno de Jean-Jaurès?

Sim, com certeza.
Faz divisa com o terreno de Jean-Jaurès.

Você viu o muro de 3,5 metros que eu construí
depois da chegada dos Mauritanianos?

Posso dizer-lhe que estou tranquilo.

Então é isso.
Você tem o local da quadra de recreação.

Você ouve o barulho. Está logo atrás.

- Você vê algo?
- Não.

Se você quiser eu tenho binóculos.

Sim, eu posso ver.
Não, estou vendo o Ryan.

- Também tem visão noturna.
- É pleno dia agora, obrigado.
- Sim, mas se for o caso.

- E daí?
- Não, por enquanto, eu não o vejo.

- Oh sim, eu o vejo.
- E daí?

- Ele anda sozinho.
- Como assim?

- Sim, posso ver.
- Deve haver alguém por perto.
- Não, ninguém fala com ele.

- Corta meu coração vê-lo assim.
- Ele é um rebelde, seu filho.
Os rebeldes gostam de ficar sozinhos.

E parece que dentro do cinema,
podemos ver filas dentro.

- Vamos ao cinema amanhã à tarde?
- Devias saber como ele é, o cinema.

Quem se importa?
Nós ignoramos tudo. Ninguém
pode nos impedir de fazer isto.

Nós não vamos entrar porque nós vamos ser descobertos
e nós nem sabemos onde fica a saída de emergência.

- Alguém já esteve lá?
- Sim, eu. Conheço bem o Cinoche.

- O que estão fazendo com ele?
- Como assim?

Eu não sei.
Estão vindo atrás dele.

Mas, sim. Diga, Coco, é bom.

- Eles o levam embora. Eles vão massacrá-lo.
- Deve haver adultos por perto.
- Vejo que não há adultos.

Você tem que escalar um portão.
Então há duas portas.
A primeira é a saída de emergência.

- Quer nos fazer um mapa?
- Sim.

- Não o vejo mais.
- Como?

Não vai ficar bem, estou a dizer-te.
Estão quase batendo nele.

Por que você foi colocá-lo nesta escola podre?

Aqui, já não colocamos crianças nas escolas
públicas. Isto não se faz de nenhuma maneira.

É o portão, a saída de emergência,
e a segunda porta.

- Temos que escalar.
- Nós também, queremos ir ao cinema.

- Não, não admitimos meninas.
- Vocês são bastardos.

- Nós somos assim.
- Bando de bastardos.

Eles estão partindo. É só isso.
Eles vão levá-lo para um canto.
Não posso mais fazer isso.

- Está tudo bem, meu coração.
- Olá, Coco.

- Você está bem? Certeza?
- Sim.

Sabes que mais?
Vamos para casa, eu vou pensar um pouco.

- Tem certeza?
- Sim.

Você vai parar de incomodar
meu filho. Está bem?

Deixe-o em paz, agora. Estou avisando.

- Vou estourar sua boca de pequeno merda!
- Mas senhora!

- Ela está batendo em uma criança!
- Não, mas ela o conhece.

O que está fazendo comigo?
Voce é sempre assim, tão nervosa?

Você não pode fazer isso.

O que está acontecendo com você?

Coco? Há algo que você gostaria de me dizer?

Coco, se quiser dizer-me algo,
você tem que dizer-me, mesmo se você não quiser,
voce entende?

- Você entende?
- Não.

- Bom dia, senhor.
- Bom dia, senhora.
- Bom dia.

Uma tradição, por favor.

Espere, já chego logo.

Sua idéia de proibição de ir ao cinema, funcionou.

Eles estão no processo de preparar
um grande plano para ir amanhã.

- E o Coco?
- Nem pude falar com ele.

Ele está no meio da quadra
e tem todo mundo ao seu redor.

- Você é um bom homem.
Eu fiquei um pouco mais interessado:
ele desenhou o mapa do cinema.

Ao meio-dia, ele comeu
com eles na cantina.

Ele ficou o dia todo
no parquinho infantil.

Não há necessidade de se preocupar
com o Coco, Sr. Clement.

Veja. É a porta aqui.

É necessário ter cuidado. A avózinha do cinema
pode nos ver.

Uma pequena pressão.

Crianças.
Já chega. Para baixo.

Perfeito. Isso é esperto.

Obrigado Ghislaine, comece o filme.

- Eu quero ir com vocês.
- Não, você vai ficar aqui.

Você é rico, pode pagar pela entrada.
Você vai passar no caixa.

- O que você está fazendo? Porra, abra.
- Cala a boca.

Por que ele está voltando?

Ei, meu Coco!?

O que é que se passa?
O que está havendo com ele?

- Disseram-lhe para pagar a entrada no Cinoche.
- O que?

Chamavam-lhe de filho de ricos.
Eles o excluíram da coisa toda.

Eles vieram por trás, e no momento de...

... abrir a porta para ele,
Eles disseram, você não está conosco.

Porra, essa é uma idéia minha, querida.

Você teria visto. Ele estava lá.
Fecharam a porta na cara do meu filho!

Eles o chamaram de filho de ricos, putos!

- Quem o excluiu?
- Todos, querida. Estavam todos contra ele.

- Ryan?
- Sim.

- Porra, é porque eu bati nele.
- O que?

- Dei-lhe um tapa, ameacei-o na saída.
- Você bateu em uma criança, querida?

- Peço desculpas. Era um caroço no meu estômago.
- Querida, você vai bater em crianças agora?

Você não acha que ele já tem problemas suficientes?.
E se os pais dele forem loucos?

São os pais de Rédouane.
Nós os convidamos para jantar hoje à noite.

- Nós os convidamos. Lembre-se.
- Não convidei ninguém.
- Sim!

- Por favor, não abra a porta.
- Paul, estamos fazendo isso pelo Coco.
- Não estou em boa forma.

-Eu juro, estou com febre. Pare.
- Por favor.

- Bom dia.
- Bom dia.

É ótimo que vocês puderam vir.
Como vai, Rédouane?

Entre, entre.
Uau, muito obrigado.

Parecia menor do lado de fora,
mas, na verdade, é um palácio.

Basicamente, é uma casa muito pequena.
Tivemos que fazer extensões.

É até uma casa de classe trabalhadora.

- Paul.
- Oi.

Bem-vindo.
Como vai você?

Olá, tudo bem?
Bom dia, bem-vindo.

Vamos, meu Rédouane.
Vou levá-lo para ver Coco.

Bem, sim. Os amigos que
se reúnem. Coco!

-Coco, seu amigo Rédouane está aqui.
Ele não é meu amigo. Deixa-me tranquila!
E antes de tudo, não quero vê-lo!

- Crianças, esquentam rápido.
- Você pode ir, o quarto dele é ali.

Vá em frente, não se preocupe.

- Vamos servir-lhes alguma coisa.
- Sim, é claro.

- O que teríamos?
- Temos suco de laranja.

- Não, obrigado.
- Refrigerantes?

- Não, obrigado.
- Uma xícara de chá?

- Não, está bom.

E voces, posso oferecer-lhes algo?

Oh sim, é verdade.
Por aparência, nós somos muçulmanos
então, necessariamente, não bebemos vinho!?

Ah OK, com grande prazer.
Então eu vos servirei um pequeno tinto.

Ah! Bem, não.
Somos muçulmanos. Nunca vinho.

Ah, isso foi uma piada?

O que vocês fazem para viver?

Advogada de família.

Você teve que fazer grandes estudos para isso.

Sim, um pouco.

- Eu devo servir mais?
- Sim, por favor.

É engraçado ouvir você tão cerimoniosa.

Oh bem, há os lobos pequenos.

Eles parecem se dar bem.

- Porque Coco é muito gentil.
- Rédouane também.

- E você, você está em que setor?
- Setor calmo.

Por que está dizendo isso?
Ele é um baterista profissional.

Numa banda de rock.

Eu estava em uma banda
chamada de Rolling Stones.

Mas os caras me embebedaram e depois eu parei.

- E você?
- Em segurança.

- Vigilante.
- Ah, sim? E quanto a você?

- Eu sou uma mulher livre.
- Mas todos nós somos, querida madame.

Livre para ser mãe,

para educar meus filhos, para apoiar o meu marido,
para cuidar da minha casa.

Eu vivo para minha casa,
não tenho um minuto para mim.

Com as crianças, Sofia que volta para casa
do trabalho, jogando suas coisas em todos os lugares.

Máquinas, meias sujas debaixo das camas, os sofás. São vidas...

Além disto, não temos nenhum agradecimento, nenhuma merda, nada.

- São vidas de cães.
- Paul, pare.

Que?
Eu não sei, eu...

Sim, e nos fazem acreditar
que a mulher se liberta através do trabalho.

Essa é a norma ocidental.

- A verdadeira liberdade é interior.
- Sim, também.

Nossos filhos realmente precisam de nós.
Corentin não te culpa por suas ausências?

Corentin é grande. Ele se vira por conta própria.
E ele tem uma irmã mais velha.

Somos muito rigorosos com o Rédouane.

- A propósito...
- Nem Nadir, nem eu tivemos a chance de estudar, então...

- Queremos que o nosso filho tenha sucesso.
- O que voce o vê fazendo mais tarde?

- Eu tinha pensado...
- Grandes estudos.

Comércio.
Se Deus quiser, HEC ou Politécnica.

- Deus quer. Deus se importa.
- Nós não vamos deixá-lo sem apoio.
- Ele insiste, Deus!

- Bem, nós pensamos o mesmo.
- É o mesmo, só que é o oposto.

Nós preferimos que ele tenha sucesso em sua vida
mais que passar pela vida.

- Pequena sutileza.
- É a mesma coisa.

Vou pegar a irmãzinha deste.

- Você está com fome?
- Não, está bem, obrigado.

Posso te oferecer alguma coisa?

- Há quanto tempo estão casados?
- Dez anos.

- Enfim, quase dez anos.
- Casados?

Sim, enfim, é exatamente como se fossemos.

Eu não sabia disso.

- Para mim, sim.
- Bem, não.

- Já pensaram nisso?
- Sim.
- Não.

Pai, onde está nossa raquete de tênis?

Não sei, querida.
Não existe mais, eu penso.

E você, Corentin?
Você não tem vontade de casar mais tarde?

Não, eu sou contra.

Se for com um homem, por outro lado, seria melhor.

Isto não é o mesmo.
Com um garoto, é simpático.

Ele faz piadas como o pai.

Rédouane?

Rédouane, vamos?

Eles têm que se divertir.
Em todo caso, obrigado por virem.

Com prazer, foi bom.

E depois vamos tentar fazer um novo jantar
ou mesmo um piquenique!?

Sim.
Rédouane? Anda logo.

Ele gostou dos 400 golpes, Rédouane?

- Os 400 golpes?
- O filme do Truffaut, ele gostou?

Ele não te disse que eles foram
no Cinoche esta tarde?

- Quer dizer na saída da escola?
- Não, eles foram usando uma fraude.

Eles passaram pelos fundos.
Eles entraram no cinema sem pagar.

- Fui eu que lhes dei as dicas.
- Mas, Rédouane também?

- Sim. Rédouane não foi o único.
- Voce está dizendo que os
incentivou a entrar sem pagar?

- Eu creio.
- Não, de todo.
- Na verdade, é pedagógico.

É para incentivá-los a amar o cinema, a cultura. Pare!

É pedagógico incentivar as crianças a roubar?

Não. Corentin pagou pelo seu ingresso.

- Não.
- Dounia, chame Rédouane.

Você incentiva meu filho para roubar
e o seu filho paga?

- Sim.
- Não, justamente.
- Rédouane!

Rédouane, venha, vamos lá.
Sinto-me profundamente humilhada.

Porra, pare com sua humilhação
perpétua. Isso quebra as bolas.

Fique calmo, agora já chega.

- Nadir, por favor.
- Vá em frente, puxe seu Kalach (Fuzil).

- Paul!
- Ele me chama do que?

- Paul! Ele bebeu. Nadir, por favor.
- Quente, porra.

Nadir, está bem.
Vamos indo.

É porque a Sofia te largou como
um merda que voce passou para o lado dos negros?

Do que ele está falando?
Bom, vamos lá, vamos.

Porra, Paul!

O que é que voce fez?

O que eles fizeram para você tratá-los assim?

Eu?

Porque você toma a defesa deles?
São uns reacionários. Isso é tudo o que você odeia.

- Moralidade, religião...
- Não.

O que eu odeio é o seu desprezo.

Voce deveria ter vergonha.
Eu teria vergonha, se fosse você.

Mas, enfim você entendeu como
ela falou com você?

Ela disse que você é estúpida por trabalhar,
que você trata mal seus filhos.

- De onde você precisa sorrir para ela?
- Isto dá a voce o direito de ser facista?

É você.

Se fossem pessoas brancas e ricas,
você teria entrado batendo direto.

- Você teve um reflexo Comunitário.
- Você percebe como você falou com eles?

Como um dominante fala com um dominado, Paul.

- Pare com essas merdas, não sou dominante.
- Sim!

Porra!

Porque você precisava dizer-lhes que é casada?

- Para agradar a eles?
- Você não acha que poderia ter-me feito feliz?

Que?

O que teria feito voce feliz?
Você odeia o casamento.

O que teria mudado se fossemos casados?

Não, isto não teria mudado nada.
Voce tem razão .

Você talvez pudesse ter encontrado meu pai.

- Ele não esperou por você. Ele está morto.
- Sim, nós sabemos.

Você não vai me fazer
esta chantagem de merda, ok?

Somos contra o casamento.
Sempre dissemos isso.
Achamos que é uma merda.

Pare com o maldito nós, puto!
Pare de falar por mim!

Você é contra tudo. Você decide tudo por mim.

Não posso mais fazer isso.

Não aguento mais.

Isso mesmo.

Além disto, você viu?
Ele havia se reconciliado com seu amigo.

Você estragou tudo de novo com seus princípios de merda!

Eu posso ter alguns princípios de merda,
mas eu não bato em crianças.

Vou consertar a situação.

Não se preocupe.

Ok, então se eu tocar você aqui, isto dói?

- Aqui?
- Sim.

- Posso falar com você?
- É claro.

- Então, o que é que há?
- Ele não quer mais ir para a escola.

Você está com pressa para alugar um quarto!?

Parece que houve uma emergência.
Aqui estamos.

9 metros quadrados. Os banheiros no corredor. 800 euros.

$800!?

Este é o novo endereço.

É loucura o número de pais que vivem neste endereço.

- Deve ser um edifício grande.
- Madame, vamos alugar um quarto de empregada.

Tudo é legal. Você está na obrigação de registrá-lo
no seu estabelecimento.

- Na obrigação de?
- De registrá-lo em sua escola visto que ele more no bairro.

- Não.
- Enfim, Sra., é legal.
Não há nada que possa fazer. É assim que é.

Sim, eu decido.
Não aceitamos jamais os trapaceiros.

Não sou um trapaceiro.
Estou dizendo que vivemos no bairro.

Que esta é a escola dele.
Então você o coloca lá, porra!

OK, Amadeus 77,
Você sabe onde está a saída. Tenha um bom dia.

Estou sonhando!

Enfim, senhora.
Eu tenho um filho que não está bem, você não compreende?

Ele fica doente todas as manhãs antes de ir para a aula.

Eu sinto vontade de vomitar quando
eu o vejo saindo. Não posso proteger o meu filho!

Sou um pai que não pode fazer nada pelo seu filho.

Eu sou um pai de merda, neste momento.

Mas não vou implorar!

Leve-o para mim esta tarde, se voce puder.

E peça um certificado de
cancelamento ao seu diretor.

Você é ótima.

Bem, então, crianças.
Hoje esporte e geografia.

Sabe, eu queria que voce viesse conosco.

Foi o Ryan que não queria.

Os dínamos que vão produzir a eletricidade.

Quanto mais vocês pedalarem,
mais vamos avançar pela Europa.

Você irão aprender
com isso sobre os Países da Europa.

Vamos seguir os cabos grandes que entram na sala de aula.

Porque isso alimenta os radiadores e as luzes.

Entre, Sofia.

Eu estava falando de você com o Sr. Abd El Nour.
Por favor, sente-se.

O Sr. Abd El Nour inicia um processo de divórcio.
Sua esposa é francesa, ele é argelino.

E a questão promete ser complicada.

Eu pensei que você seria
a pessoa perfeita para defendê-lo.

Sim, este Senhor falou-me muito de você.

Três, dois, um, vai.
Pedalem, vão em frente.

Crianças, agora vamos experimentar as fantasias.
Venham comigo.

- Sim ?
- O pai do Corentin, lembras-te?
- Sim, é claro.

É absolutamente necessário
que eu leve meu filho para algum lugar.

Ok, mas você sabe
que nos preparamos para o desfile de Carnaval?

Com fantasias, e tudo.
Você vai trazê-lo para nós às 14 hs?

- Até logo.
- 14 hs., hein?
- Sim, 14 hs.

- Como está indo? É lindo. É um leão?
- Não, é Teddy Rinner.

Pai, aonde vamos?

Você vai ver, é uma ótima escola.
As crianças são muito felizes aqui.

É isso, eu os deixo com Corentin.

Olá Corentin.
Vou apresentá-lo à sua nova classe.

- Voce virá buscá-lo na saída?
- Sim, virei buscá-lo mais tarde.

- Mas papa ?
- Não se preocupe, vai ficar tudo bem. Vamos.

Eu vou te pegar mais tarde,
meu querido. Você vai ficar bem.

- Mas papa !
- Até mais!

Mas como voce pôde fazer isso
sem me dizer?

Olha, querida, eu não sei.
Foi você que me pediu
para fazer as coisas direito.

Quero que ele fique na escola Jean-Jo.
Quero poder arranjar as coisas por aqui, Paul.

Eu tentei contatar voce,
mas não consegui. Isto aí.

De qualquer forma, em dois-três dias,
ele vai ficar bem na escola Turgaud.

As coisas vão ficar bem.
Olha, querida, pare.

- Não posso mais fazer isso.
- O que?

Voce sabe o que?
Já que você realmente alugou-o,
você vai dormir no seu quarto de empregada.

O que isso significa?

Eu fiz algo estúpido sobre a escola.
Está bem. Não faz mal.

- Bem, Sofia.
- Você vai buscá-los na saída da escola,
e levá-los para casa, você vai.

- Oi. Você tem cinco minutos?
- Esvazie os bolsos, por favor.

Não tenho nada no bolso.
Posso falar com você?

Não. Você sabe que com as novas instruções de segurança
Vigipirate (plano Frances de combate ao terrorismo),

Estamos à procura de perigosos terroristas islamistas.
Então, esvazie seus bolsos, por favor.

Vim me desculpar pela outra noite.
Eu disse um monte de merdas, não sei o que me deu.

A Kalach e tudo mais.
Foi uma merda, desculpe.

A professora, ela me chamou.
Havia eu e os pais do Adama.

Basicamente, ela queria
que eles me reembolsassem a jaqueta.

Eu disse que não.

Porque, primeiro, eles já se bateram antes.
São crianças, não devemos nos meter.

E segundo, eu sei muito bem que
os pais do menino não têm dinheiro.

Então, a professora, quando eu disse não,
ela me diz...

Basicamente, que era necessário que o Rédouane
viesse com roupas mais baratas.

E daí?

Roupas mais baratas,
o que isso significa?

Temos que ser mendigos toda as nossas vidas?

Não podemos criar nossos filhos?
Não podemos vesti-los bem?
Não temos o direito?

Não é isso. Significa que são roupas que custam caro,
e se danificadas, vão custar ainda mais.

Se você puder colocar Coco em outra escola, não hesite.
Não tenho escolha.

Voce faz o que com sua barba?
Para que fique limpinha?

Estou fazendo um corte triplo.
Um corte de três, de dois, de um...

Estamos brindando?
Isso se faz?

- Aonde vamos, mamãe?
- Vamos lá, você vai ver.

É uma surpresa.

Bom dia, senhora.
Deixe-me explicar.

Eu vivi em seu apartamento quando eu era pequena.

Com os meus pais.
Então eu queria mostrar ao meu filho.

- Rápido, tenho que ir às compras.
- Sim, nós vamos ser rápidos.

Oh, bem ali.
É tão estranho!

A cozinha.
Sim!

- Aqui havia uma parede.
- Já estava assim.

- Mas você guardou o abajur?
- Sim.

Era do meu pai.

Lá havia a minha cama beliche.

Minha irmã dormia lá em cima. Eu dormia embaixo.
Um dia ela caiu sobre mim.

Seu avô teria te amado tanto.
Ele teria te estragado tanto, meu coração.
Paul, ele teria...

Eles se dariam bem.

Eu te acordo?

Eu estava dormindo.
São 3:00 da manhã.

Estou com saudades.
Não consigo dormir sem ti.

Olha, que pena para você.
Eu durmo muito, muito bem.

Você tem um efeito soporífero em mim.

Quando estou abraçado contra você,
isto me coloca direto para dormir.

Soporífero, isso é um elogio?

Não é isso que quero dizer.
Não soporifico, é...

Bem, vou deixá-la em paz.
Vou trabalhar amanhã. Ciao.

Ela me deixou.
Ela diz que me tornei facista.

- Por causa desta história da escola.
- Você sabe que não pode ter facista em nossa família!

Dê-lhe um tempinho.
Você precisa se encontrar.

Ofereça-lhe uma viagem
por exemplo, somente os dois.

- Por que não vai a Florença com a Sofia?
- Ou em Sófia (Polonia) com Florence, custaria menos.

Lembra-se quando estivemos na Bulgária
com os camaradas da seção Evry?

Não, mas pare.
Não vês que ele está triste?

Pare de se preocupar.
Desfrute um pouco da vida.

Engraçado você me dizer isso.
Você sempre foi incapaz de desfrutar da sua.

Voce poderia ter ido a bons restaurantes.
Você sempre empaturrou-se no Flunch.

É muito bom, o Flunch.

De qualquer maneira, é tarde demais.

Por que é tarde demais?

Porque você vai morrer, pai.

Tudo por causa daquela maldita escadaria
que desce para o porão. Você vai cair.

Está vendo? Eu te avisei
para consertar o caminho.

Depois disso, vai ser o coma...

Nós vamos colocá-lo em um asilo,
mãe, e então vai ficar pior e pior.

Mas eu tinha consertado, aquele caminho.

Claro que não!
Eu te avisei que não aguentaria.

Isso é estranho.
Não é do tipo do seu pai, fazer mal reparos.

Só precisa de uma vez.

Então, as alianças de casamento.
Aqui vamos nós, temos tudo.

Depende um pouco do que você vai querer.

- Uma assim, em ouro?
- Oh não, ela não gosta de ouro.

O ouro é obtido numa mina de ouro.
Crianças trabalham em minas de ouro.
É desonesto, não é?

Não, você não teria uma de
ligas de metais preciosos?

-É muito Sofia, as ligas.
-Assim, não.

Na verdade, não vai funcionar para ela.

- Bem, são alianças.
- Sim, é por isso! Esse é o problema.

- Sim ?
- Eu sou a diretora da Escola Turgaud.

- Você é o pai do Corentin?
- Sim.

-Ele está com você?
Bem, não.

Seu filho desapareceu, não sabemos onde ele está.

Achamos que a porta deveria estar aberta.
Ele aproveitou a oportunidade para escapar.

Eu não vi.
Você chamou o pai dele?

- Sim. Ele foi chamado. Ele não está com ele.
- É uma piada!?

- Vocês me entendem?
- Sim.

Então agora nós vamos todos nos prepararmos porque iremos
para o desfile de Carnaval.

O que vai acontecer, é que nós vamos sair por aquela porta,
e entraremos na rua Anatole-France,

Faremos a volta, e iremos terminar na Praça da Prefeitura.
Estamos bem entendidos?

Crianças, vocês ouviram.
Alinhe-sem nas fileiras previstas.

Oh, o que é essa bagunça?

Estão loucos?.

Corentin, o que está fazendo aqui?
Devias estar em Turgaud.

- Os teus pais sabem que estás aqui?

Sim. Olá, Sr. Paul Clement?
É o Sr. Bensallah, o diretor da escola.

Foi só para te dizer
que seu filho está aqui.

Coco? Coco?

Meu coração, quem foi buscar voce?

- Coco, como chegou aqui?
- Estávamos preocupados.

- Coco, Oh!
- Quero fazer o grande desfile de Carnaval.

Meu coração, você não está mais nesta escola.
Vamos para casa.

Continuem!
Sr. Clement, venha comigo.
Deixe-os se divertirem um pouco.

Ele está bem.
Ele está com os amigos.

Do que vocês tem medo?
Se pessoas como você saem da escola, estamos ferrados!

Você sabe o que isso significa para aquelas crianças?
São todos franceses.

Mas que é a França para eles?
Eles são Árabes, Negros, Chinêses, Romanos, Sérvios.

Que dirá os argelinos!

Queremos pessoas brancas na Jean-Jo.

- E somos nós, as pessoas brancas?
Há quanto tempo somos brancos?
- Bem, sim!

Eu vou embora.

- Oi.
- Oi.

Saiam, crianças. Saiam!

Não ficou ninguem lá dentro?

o Sr. Bensallah., ele ficou lá dentro.

Com esses malditos trabalhos
de segurança, não podemos entrar.

Precisamos de um rebolo e de um disco.
Temos o disco, mas não temos o rebolo.

Esperem.
Vocês tem que passar pelo topo
e descer para o edifício central.

- Não há escada?
- Nós tivemos, mas não temos mais.

- Ele machucou a perna.
- Como fazemos?

Façam uma corda com os véus e joguem para mim.

Não se preocupe com os aprendizes.

Vou estabelecer uma célula psicológica.
Vou tranquilizá-los.

- Em todo caso, parabéns.
- Muito obrigado.

- É verdade que sem você, eu não sei como...
- Você pode ser menos formal comigo. Meu nome é Nawel.

Bem, você conseguiu salvar Bensallah porque
fez uma mágica com seu véu e transformou-o em uma corda.

- Devemos nos libertar da religião.
- Você é um cretino. É o contrário. É porque
eu estava usando o véu que fomos capazes de baixá-lo.

- Foi Deus quem o disponibilizou para nós.
- Deus ?

Os véus são feitos na China.
É por isso que são fortes.

Desculpe, é principalmente graças a seus talentos
de alpinista. E as aulas de escalada, foram implementadas
pela Prefeitura de Bagnolet desde 1978!

- Então, obrigado a prefeitura de Bagnolet.
- Sim, isso mesmo. Mas, com cuidado, porque isso
pode ter sido uma ação premeditada da Prefeitura de Bagnolet.

Você sabe, eu também, eu acredito numa coisa.

- Ah, sim, em que?
- Em você, eu creio em voce.

Eu só tenho você, na verdade.

Você e as crianças.

Se voce morrer, eu morrerei em ti.

Pour JDB & Mia - Celkurtz

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