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Fuga de Berlim Oriental

13 de agosto de 1961.

Berlim � dividido
por concreto e arame farpado.

Desafiando o tratado
assinado com o Ocidente,

os comunistas separaram
o leste da cidade.

Um milh�o e meio de
homens, mulheres

e crian�as foram feitos
prisioneiros arbitrariamente.

N�o cometeram nenhum crime,
mas s�o condenados pela vida.

Para ganhar a liberdade,

os habitantes arriscam suas
vidas diante dos guardas armados.

As brechas,
�ltimas chances de escapar,

s�o rapidamente obstru�das.

A novo termo vem enriquecer
o vocabul�rio da vergonha:

O Muro de Berlim.

Ele n�o s� separa Berlim,

mas o mundo livre do estado-pris�o
que � o comunismo.

BERLIM ORIENTAL

Ei, venha trabalhar conosco.

Venha nos fazer companhia, vamos.

- Como vai, Speiner.
- Ol�, Schroeder.

Houve alguma liga��o para mim?

- Deixaram algum recado?
- N�o.

Andie, n�o entendo
como uma garota com
rosto t�o inocente como o seu

pode ser uma mulher t�o complicada.

- Sabe o que acho?
- O qu�?

Que voc� � um canalha.

Al�, Hansel ?
Kurt Schroeder falando.

Parece que procura duas coberturas
para o carrinho da crian�a.

Ent�o, eu posso arrumar.

- Lhe ofere�o uma cerveja.
- Tenho trabalho.

Isso pode esperar.

S� me convida quando est� livre
e n�o sabe o que fazer.
Saio �s 22:00 hs.

A esta hora tenho que
acompanhar o guincho.

Ele ou a sua esposa?

Ei, Gunther!

Espera, estou indo tomar
uma cerveja.

Estou com pressa.
Pegue sua bicicleta.

Est� brincando?
Vou pagar a gasolina.

Um cigarro?

Aonde vai?

Socorrer um carro.

Diga a verdade, aonde vai?

Do outro lado, heim?

Por que me enganar,
� aquela garota, certo?

Sim, � isso.

Quatro tentaram a semana passada.
Eles tiveram um bonito enterro.

Venha, vamos tomar uma cerveja.

Para.

Voc� n�o tem chance.

Talvez tenha raz�o.

Certo.

Eu desisto.

Eu desisto, j� disse.

At� amanh�.

Deseje-me boa sorte.

Gunther.

Erika.

Caf� da manh�.
Vosso pai est� � mesa.

Estou indo.

Ou�a bem.

Voc� � esposa de um professor.

Pode ser prejudicial para mim,

cada vez que voc� vai � igreja.

Assim, acabarei sendo expulso.

Eles recuperar�o o apartamento
e estaremos na rua.

Voc� acredita em Deus.

Deus est� em toda parte.

Por que ir � igreja?
Reze na cozinha.

Estes l�bios apertados.
Que teimosa.

- Bom dia.
- Bom dia, minha filha.

Estou nervoso.
Eu n�o sou m�rtir.

A B�blia est� repleta de m�rtires,
Por que eu?

Vou chamar o Gunther.

Gunther?

Gunther!

Meu irm�o, Gunther, n�o est� aqui?

N�o.

- Voc� sabe onde ele est�?
- Eu n�o vi ele.

Ele n�o voltou ontem � noite.
Pensei que depois do trabalho. . .

Voc�s n�o sabem onde ele foi?
Com quem?

O que aconteceu?

Nada.

Alguma coisa errada?
O qu�?

Helmut, traga a sua chave.

Imediatamente.

Erika.

Seu irm�o saiu com o Schroeder.

Kurt Schroeder,
o motorista do guincho.

Onde ele mora?

Heinerstorf, Kielerdamm 4.
Perto do muro.

Do muro. Obrigada.

Desculpa, procuro Kurt Schroeder.

Entre.

Sou o seu tio Albert.

Meu sobrinho ter� prazer em v�-la.

Um minuto.

Kurt.

Uma senhorita procura voc�.
Uma linda senhorita.

Aqui est�.

Bom dia.

- Sou irm� do Gunther.
Jurgens Gunther.
- Sim.

- Na garagem, disseram que voc�
saiu com ele a noite passada.
- Sim.

Kurt, vamos diga � senhorita

Jurgens para entrar e se sentar.

Caf�?

N�o.

Desculpe-nos.

Desculpa por vir t�o cedo.

N�o, n�o importa.

Sente-se.

Meu irm�o n�o voltou
para casa ontem � noite.

Na garagem,
tinham um ar estranho.

Voc� vai nos deixar em paz?

Senhorita Jurgens, n�o sei o
que lhe disseram na garagem,

- mas eu vou contar o que
exatamente aconteceu.
- Sim.

Eu tentei impedi-lo.

De fazer o que?

De cruzar.
Disse que era uma loucura.

Eu pensei que tivesse me escutado
quando ele saiu.

Mas deu meia volta
e a toda velocidade

se chocou contra o muro.

- Ele atravessou?
- Sim.

Ele conseguiu.

- Por que n�o me disse
logo de uma vez?
- N�o. . .

Eu entendo, tem que ter
cuidado com o que diz.

Eu devia fazer o mesmo,
mas n�o me importo. . .

Odeio viver dentro desta jaula,

como o Gunther.
Ele est� livre, � maravilhoso.

N�o, n�o �.

Voc� est� feliz aqui?

Perfeitamente, sou feliz aqui.

- Eu n�o acredito.
- Tanto faz.

Estou cansado de gente que quer

o imposs�vel.

O Gunther conseguiu.

O Gunther est�. . .

Dizer que � imposs�vel,

s� serve como desculpa.

Em casa, � semelhante,
com o meu pai

que s� se interessa
por sua promo��o.

Ele � um homem muito sensato.

Eu quero fugir dos que aceitam
o muro, como se fosse normal.

Como fez o meu irm�o.

Espere, senhorita Jurgens. . .

- O seu caf�, Helmut.
- Obrigado, mam�e.

Passe pelo a�ougue.
Ele pode ser salsicha.

- � ter�a-feira?
- De fato.

- Toma caf�, Kurt.
- N�o, obrigado.

Idiota.

Voc� vai se matar.

Deixe-me ir.

Calma.

Cale-se, idiota.

Sil�ncio.

N�o fa�a barulho.

Nem uma palavra.

Ei, voc�.

Nos d�em um tempo.

N�o � lugar para isso, saiam.

Killerman, espera.

O que � isso?

Parece do vestido da garota.
V� verificar.

Est� tudo bem, continue.

Segure-se.
N�o se mova ou cair�.

Mam�e, caf�.

Vai abrir.

V�o checar.

- Ent�o, Romeo, onde ela est�?
- Quem?

A garota com quem quer
cruzar o muro.

Cruzar o muro?

Eu a conheci no ponto de �nibus
e achei ela bonita.

E os outros.
Quem s�o essas pessoas?

Minha m�e. Meu tio.

Identifica��o. Em cima da mesa.

Onde ela est�?

N�o sei, fomos dar um passeio.

Eu lhe fiz uma proposta.
Desculpa, mam�e.

Mas ela ficou com medo e fugiu.

Ela correu para o arame farpado.

Puxei ela por um bra�o e a tirei
de l�, quando estava a ponto

voc�s chegaram.

Ent�o ela ficou com muito medo.

Muito tocante.
Voc� poderia at� mesmo cantar.

Esta � a verdade.

Se foi e n�o a vi mais.

Tenho certeza que n�o est� longe.

O que tem a� atr�s?

- Nada.
- Abra.

N�o temos a chave.

Vamos.

Por que n�o me disse nada?
Eu poderia quebrar o pesco�o.

Voc� n�o perguntou.

- Quem � voc�?
- O que disse?

- Quem � voc�?
- Uma vizinha.

Identifica��o.

Eu moro mais abaixo.

Vim pedir um pouco de leite
para o meu beb�. . .

Est� bem.

O que aconteceu?

Nada.
Eles procuram uma garota.

Ela tentou cruzar o muro.

Eu vou lhe dar o leite.

Marga, aqui est� o seu leite.

Muito obrigada.

Fique.
Vou reaquecer o caf�.

Eu n�o posso,
deixei o beb� sozinho.

Muito obrigada.

Ou�a.

Esses garotos que brincam de
soldados, brincam com
armas de verdade

e t�m ordens para atirar em n�s.

Kurt.

Kurt.

Venha.
A Marga viu alguma coisa.

Esconde-a.

Por qu�?
Se ela disse a eles, � in�til.

Eles se v�o.

Est� bem?

Ela, sim, mas n�s. . .

Kurt.

Ele est� certo.
Eu tenho que ir.

Por favor, queira se sentar?

Talvez consiga tirar voc�
daqui durante a noite.

Tenho uma id�ia.
Vou dirigir o carro do major.

Arrumarei uma desculpa
para traz�-lo esta noite.

Obrigada.

Vou me trocar para o trabalho.

E por favor,

n�o deixa ningu�m te ver.

Eu sou o tio Albert e ela a
m�e do Kurt, a Sra. Schroeder.

Eu sou Erika Jurgens.

Erika.

O pequeno Helmut est� na escola

e a irm� do Kurt, Ingeborg,
est� no trabalho.

O Kurt � imposs�vel.
Ele n�o tem ouvido musical.

Uma tortura,
para um m�sico como eu.

Eu dirijo a orquestra dos veteranos.

- Voc� toca algum instrumento?
- N�o.

N�s nos entenderemos muito bem.

Sa�de.

Voc� pensa que ser� f�cil?

O qu�?

Ter-me de volta.

Mas voc� j� � minha.

Bom dia, Major.

Desculpa, Major. A correia
do ventilador n�o funciona bem.

- Demoram muito na oficina.
- Ent�o?

Tenho ferramentas em casa,
eu posso consertar.

- Quando?
- Qualquer hora. Esta noite.

Essas ferramentas, de que cor
s�o elas? Loira ou morena?

Major, lhe asseguro, a correia. . .

Ou�a.

Voc� tem a minha simpatia
e o meu apoio,

mas arrume outro meio de
transporte para suas amigas.

Certo, voc� ganhou.

Ingeborg, por favor,
retire suas meias do varal.

Me permite.

Como voc� aprendeu?

Com o meu irm�o Gunther.
Eu o ajudava.

O Fergie me ajudava,
mas ele foi embora.

Outro fio puxado.

Gostaria de pegar as meias do
Comiss�rio do Povo

e queimar todas.

- Para onde o Fergie foi?
- Para o outro lado.

Eu j� lhes causei

muitos problemas,
mas me diga a verdade.

Se pudessem cruzar o muro,
voc�s fariam?

O que voc� acha?

Eu nunca gostei de viajar,

mas n�o gosto que me
digam onde posso ir.

Os an�ncios tur�sticos
sempre parecem maravilhosos.

Os �nibus lotados na estrada
de f�rias. . .

Agora eu gostaria de subir num
desses �nibus, sem nem
saber para onde ia.

Tenho um ensaio da banda.

Participaremos do desfile.

Para celebrar o que, eu n�o sei.

O Kurt chegou.

Tudo pronto.

Partiremos na troca da guarda.

Vou deix�-la no centro
de l� voc� vai sozinha.

Obrigada.

Nunca a esqueceremos nesta casa.

Venha, terminarei de arrumar
o seu vestido na m�quina.

Kurt.

A Marga est� aqui.

Oi Marga, como est� o beb�?

- Muito bem.
- Muito melhor.

A mam�e fez caf�.

Sem caf� nem chic�ria,
como ser� que colore a �gua?

O Helmut n�o vai para a cama?

Helmut, voc� tem aula amanh�.
V� dormir.

- Boa noite.
- Boa noite.

Eu vim falar com voc�.

Sim?

Pode falar diante da minha irm�.

Voc� trouxe o carro do major.

- Posso te pedir um favor?
- Qual?

Leve-me

para o outro lado.

Neste carro,
ningu�m vai te parar.

H� um lugar onde o muro
n�o est� terminado,

poderiamos passar f�cil.

- S� n�s dois.
- E o meu beb�.

Claro.

E. . . a minha fam�lia?

Voc� sabe o que est�o fazendo
com as fam�lias dos fugitivos?

Todos n�s poder�amos ir,
escondidos no carro.

Somos seis, mais o beb�.

Podemos tentar.

Voc� j� pensou em tudo.

N�o. Durante minhas noites sem
dormir, parece ser poss�vel,

mas quando digo, parece. . .

Est�pido.

Voc� certamente encontrar�
uma maneira.

Se eu quisesse morrer,
poderia tomar veneno de rato,

cortar a minha garganta,
ajudar um vizinho.

Voc� precisa me ajudar.

Encontre uma maneira que
s� coloca sua vida em perigo.

Quero conservar a minha.

N�o vou a lugar nenhum.
Estou muito bem aqui.

Eu vejo.

E se voc� tivesse problemas,

mesmo assim diria n�o?

Mas. . .

eu n�o tenho problemas.

Quanto custa esconder algu�m
procurado pelos Vopos?

Cinco anos? Dez?

Onde ela est�?

Onde ela est�?

Deixe-me em paz.

Encontre uma maneira
de me atravessar,

sen�o vou te denunciar
para os Vopos.

V� ao quartel general.
Te atender�o muito melhor.

Eu n�o aguento mais.

Todas as noites estou sozinha. . .

Meu marido est� do outro lado
e eu aqui.

Meu Deus, eu n�o aguento mais.

Eu n�o aguento mais.

- Kurt.
- Eu n�o posso fazer nada.

Claro, eu entendo.

Quer uma bebida, tio Albert?

O que queriam?

Que fizesse algo para ajud�-la?

N�o. Eu entendo.
Isso � imposs�vel.

Seu pai dizia que as pessoas
precisam se ajudar.

Ele passou a vida
ajudando os outros,

e conseguiu tr�s anos
num campo de concentra��o.

Nunca se envergonhou disso.

Bem-aventuradas as pessoas honestas,

porque ganhar�o um chute na boca.

Tudo bem.

J� que colocou as cartas na mesa,
vamos l�.

Vivi toda a minha vida nesta
ru�na, tive o suficiente.

Voc� tamb�m quer sair?

Sim, se me permitir.

Gostaria de tomar um banho
quente sempre que quisesse,

um banho muito quente.

Sonho com banheiros, toalhas
suaves e tapetes por todo lado.

Sim, sim, sim!

V� embora, ent�o.

Acha que � suficiente
lhes virar as costas e sair?

Acha que acabou,
mas isso � s� o come�o.

Eles esquecer�o.

Foi depois da sua chegada.

Isso � errado e voc� sabe.

Todos eles, sua irm�, sua m�e,

at� o Helmut, todos sonham sair.

Hoje, algu�m disse em voz alta.

Atravessar 30 metros

e deixar para tr�s
o �dio e o medo,

voc� nunca pensou?

Nunca.

N�o acredito em voc�.

Eles n�o podem fazer sem voc�.

Eu vou ajud�-los.

N�o sei como,
mas eu vou tentar.

Ajud�-los a se suicidarem?

Deve haver uma maneira.

Voc� n�o sabe nada.

O Gunther conseguiu
e ele n�o foi o primeiro.

N�s s� pensamos em
ser livres, agora.

E lutaremos para conseguir.

Espera.

Se realmente quer atravessar,
aconselho:

n�o passe sobre,
ou atrav�s do muro.

Tem que ir por a�, por baixo.

Uma id�ia de g�nio.

Sim.

O problema � que, ap�s alguns
minutos, os Vopos ouviriam.

E depois viriam ver o fazemos.

Acha que poderia?
Segure aqui e aperte este bot�o.

Quando eu bater na janela,
comece a perfurar.

Tio Albert, espera.

J� pode subir.

A que horas come�am seus ensaios?

Boa pergunta.

Estou procurando a resposta
h� anos.

Vamos, a que horas?

Quando eu chegar.

Se continuar a me atrasar,
come�aremos � meia-noite.

Oito horas.
A que horas vai terminar?

�s nove e meia.

Por qu�?

Vai colocar o saxofone?

Esta pe�a, quanto dura?

Sessenta e quatro compassos.

N�o em compassos!
Quantos minutos?

Quatro, talvez. Por qu�?

O que est� acontecendo?

Por que ningu�m responde
nunca �s minhas perguntas?

Venha, sente-se.

Voc� tamb�m.

Est� bem. Sei como fazer
para atravessar voc�s.

� loucura e n�o vai
funcionar com certeza.

Um t�nel.

Como. . .

Nem uma palavra a ningu�m, certo?

Nem uma s�.

Muito simples.

Um t�nel. . . como?

Vamos ter que cavar
e encobrir o barulho.

Da� a import�ncia dos seus ensaios.

Quando voc� come�ar,
eu tenho quatro minutos.

Ingeborg, traga umas luvas.

Suas m�os n�o aguentar�o uma hora.

Voc� me leva tamb�m?

Eu tenho escolha?

Pegue o meu quarto,
eu durmo no sof�.

S� uma coisa.

N�o irei com voc�s.

Por que eu deveria ir?
A minha vida � aqui.

Vou construir vosso t�nel
e estamos quites.

Nem uma palavra sobre o que
meu pai sempre dizia.

Ficar� em apuros.

Claro que n�o, serei um her�i.

Vou denunciar � pol�cia,
me dar�o uma medalha.

- Poderia. . .
- N�o quero falar sobre isso.

Quem � voc�?
� realmente o meu filho?

Eu n�o o reconhe�o.

- Herr Schroeder ?
- Sim.

Meu nome � Brunner.

Sua m�e me mandou aqui,
quero pedir para voc� me levar.

Me alugou um quarto
a semana passada,

eu mudo hoje,
ela n�o lhe disse nada?

� claro, eu esqueci.

Eu tive muita sorte.

Herr. . . Brunner, sim.

O quarto n�o est� livre.

N�o � poss�vel.

Ela me alugou,
com um dep�sito de 20 marcos.

S�rio?

Veja, meu primo chegou de
Zurique, voc� sabe como �.

Vou devolver o seu dinheiro.

Deve haver algum engano.

� exatamente o
que estava procurando.

Sim, isso � lament�vel.

O que vai fazer com a furadeira?

Vou construir uma piscina.

Isso � uma boa id�ia.

Sou um homem inteligente.

- Voc� trouxe?
- Claro.

Segura isso.

Devemos seguir o plano � risca.

Erika, pega o meu rel�gio.

Quando a m�sica come�ar,
eu come�o.

Conte 3 minutos e 45 segundos.

Vamos, tio Albert.

Seu filho pediu para me ver.
O que est� acontecendo?

Acha que denuncei a garota?

Eu n�o disse nada, eu juro.

Onde ele est�?

No por�o.

Obrigada, muito obrigada.

Certo. Vai ajudar o Helmut.

Certo?

Voc� ainda n�o respondeu.

Ent�o? Janta comigo esta noite?

Voc� tem um queixo forte.
Isso � raro.

Sim ou n�o?

Tenho compromisso.

- E amanh�?
- Desculpa.

O que foi?

Acabou a �gua.

O que vou fazer?

Rezar para chover.

A eletricidade, depois a �gua.
Viva a economia planejada.

Como voc� se chama?
Elsa? Alberta? Maria?

Ingeborg.

Ingeborg.
Gostaria de conhec�-la melhor.

A �gua est� de volta.

Um dia destes?

Todas as minhas noites
est�o tomadas.

Meu Deus.

Veja, essas s�o as vantagens
de uma economia planejada.

A tarde pode se transformar
em noite.

Voc� ligou para a minha casa?
Falou com minha m�e?

N�o consegui contatar ningu�m.

- A linha est� cortada.
- Cortada?

Uma pane, certamente.

Religarei amanh�.

Helmut !

A luz est� apagada?

Sim.

Perfeito. Espera.

- E agora?
- Acesa.

Mam�e, venha aqui.

Veja. Se girar uma vez,

a luz l� debaixo, apaga toda.

Se girar de novo, ela volta,
est� tudo bem.

Se ligar duas vezes r�pido,
� para voltarmos imediatamente.

Est� tarde,

vamos trabalhar.

Boa noite, Sra. Schroeder.

Para voc�.

Obrigada.

� muito bonita.

Estava vendo voc� e achei

que me convidaria para entrar
e tomar um caf�.

Desculpa, acabou o caf� no jantar.

Eu n�o tive tempo de comprar.

N�o tem import�ncia.

Desde que estou aqui,
poderia devolver a minha enxada.

Claro que sim.
Eu vou pegar.

� o Kluessendorf veio
buscar sua enxada.

A enxada.

Voc� est� sozinha?
Onde est�o os outros?

Sairam. N�o disseram onde iam,
voc� conhece os jovens.

O Helmut tamb�m est� fora?

N�o, ele est� na cama.
Ele n�o se sente bem.

Desculpa pelo caf�.

N�o tem import�ncia.

Uma pr�xima vez.

Boa noite.

Trabalha com carpintaria?
Est� construindo alguma coisa?

N�o.

Como vai seu irm�o
e suas conquistas?

N�o tem saido nessas �ltimas noites.

� a primeira vez.

N�o vai caber no fog�o.

Temos uma serra.

Fritz !

Helmut.

Helmut, volta.

Helmut.

O que faz a�?

"Bella teve nove filhotes."

- Quem � Bella?
- A cadela do Fritz.

Volte para casa.

� apenas uma crian�a.

Bella teve filhotes.

N�o se aproxime mais do muro,
entendeu?

Kurt.

Vai lavar o rosto.

- Est� com fome?
- Sim, obrigado.
- Oui, merci.

Neste ritmo, levaremos um ano.

Temos que achar uma solu��o.

Bom dia.
Eu trouxe um visitante.

Bom dia.

Bom dia. Como se chama?

Como se chama?

Ningu�m nunca me responde.

Olha, vou lhe mostrar
onde est� o seu pai.

Est� l�, voc� sabe?

O papai nos espera.
Iremos logo.

Kurt.

Estava cavando e. . .
encontrei algo estranho.

- V� alguma coisa?
- N�o.

Cuidado.

Pega a l�mpada.

Me segura.

O que tem a�?

Parece um por�o.
Deve ter uns sete metros.

Ganhamos sete metros?

Tr�s dias de trabalho.

S� tem que encontrar a sa�da.

Deve ter alguma porta.
Tem que ter.

N�o tem porta.
N�o tem nada.

� um beco sem sa�da.

N�o temos ferramentas para
quebrar este tipo de parede.

E imposs�vel passar por baixo.

Antigamente, constru�amos
edif�cios s�lidos.

E se passarmos por cima?

Eu j� estive pensando.

Olha. Eu medi.

Haveria apenas isso de terra
entre a superf�cie e n�s.

Se desmoronar, ficar� preso.

� um risco.

Querem correr?

Voc�s que decidem.

O que querem fazer?

Da minha parte. . .

eu vou para a cama.

Decidir o que?

Decidimos tudo
no dia em que come�amos.

Tio Albert, toma.

Obrigado, minha filha.

Ra�zes.

Sim, estamos muito perto
da superf�cie.

Temos que avisar os outros.

O que ser�?

Kurt, algu�m na porta

pergunta por voc�.

J� o vi antes, mas esqueci onde.

Sim?

Eu vim falar com voc�.

Por qu�?

Eu sei o que acontece aqui.

Ou�a. Espera um pouco.
Est� enganado.

Olha o poste.

Ligue!

Uma prancha.

R�pido.

Outra.

Algo para amarrar.

Com algumas pranchas, prender�.

Me d� outro fio.

O que voc� quer?

Schroeder, voc� me surpreende.

Com sua intelig�ncia,

voc� devia saber que se
tivesse segundas inten��es,

eu n�o estaria aqui sozinho.

Magn�fico.

Bom trabalho.

O que voc� quer?
Voc� me segue a dias.

Isso � certo.

Quis fazer amizade,
conhec�-lo melhor,

vincular-me a um de voc�s,
n�o importa qual!

Seu irm�o, sua irm�.

Vejo o que ocupa a Ingeborg.

Voc� sabe por qu�?

H� poucos lugares como este,
isolado perto do muro.

Se eu quisesse sair,

tinha que ser num lugar assim.

Eu pensei em fugir sozinho.

Agora tenho o prazer
da sua companhia.

Como vou acreditar?

Me d� uma p�.

Est� bom, Erika.

Vou acabar danificando
o meu manicure.

Erika !

Erika.

O que aconteceu?

Eu n�o sei. N�o aguento mais. . .

respirar.

Est� tudo bem?

Um minuto, tio Albert.

- Pode rastejar?
- Sim.

Bem, se apoie em mim.

� muito estreito l� dentro.
H� falta de oxig�nio.

Deve ir respirar ar fresco.

- Pode andar?
- Sim.

Eu vou cavar um pouco.

N�o fique muito tempo.
Dez minutos dentro, dez fora.

O que acontece comigo?
Estou tremendo.

Eu quase me esquecia
como era o c�u.

� estranho.

Em algum lugar l� fora, o Gunther
anda em ruas iluminadas. . .

Acha que l� � o para�so.
N�o � o para�so.

Eu sei.

O que voc� sabe?
Voc� � uma crian�a.

O dia que conseguir sair,
o sol voltar� a brilhar.

Vejo o Gunther
me levando num barco.

Como quando eu era pequena.

Meu primeiro amor me rejeitou,
eu era muito jovem.

Que humilha��o.

S� contei para o Gunther.

Ficou conversando comigo
a noite toda.

No final, acabamos rindo.
Ele sempre me faz rir.

Vamos para baixo, certo?

Estou ansiosa para ver
a cara do Gunther ao me ver.

Ainda n�o sei o que lhe direi.

- O que devo dizer? Talvez. . .
- Erika.

O Gunther est� morto.

Ele conseguiu cruzar o muro,
mas. . .

atiraram nele.

Primeiro, voc� n�o
deixou eu lhe dizer.

Depois eu. . .

eu n�o pude.

Venha.

O que foi?

Depressa.

Eu queria ajud�-lo,
mas n�o pude fazer nada.

Venha.

- O que aconteceu?
- Um imprevisto.

- Dei um golpe de picareta.
- Cabos de telefone.

Que azar.

Eu religuei por cores,
e restam um preto e um azul.

H� um azul aqui.

Vamos ver.

Sim, pode ser assim.

Acha que est� certo?

N�o entendo mais do que voc�.

E se n�o funcionar?

Interfer�ncias, queixas.
Enviar�o equipe de repara��o amanh�.

E estaremos mortos.

N�o deixem te ver.

Eles v�m reparar a linha.

Eles se v�o,
a pol�cia os impediu.

Eles n�o tinham permiss�o
e � s�bado, est� tudo fechado.

Meu Deus, obrigada.

Estamos salvos.

Kurt, isso n�o � definitivo, n�o �?

Eles voltar�o.

Segunda de manh�. Devemos
acabar antes de amanh� � noite.

Quanto ainda falta cavar?

Dif�cil dizer. . .

Cinco a sete metros para ser seguro.

Faremos tr�s equipes:

uma que cava, uma que carrega,
uma que descansa.

Certo, escavando!

Marga e tio Albert, v�o dormir.

Revezamento em quatro horas.

Sete metros em um dia e meio?
Imposs�vel.

Nunca vamos conseguir.

Helmut, � a sua vez.

Estamos no Ocidente.

N�s conseguimos.

N�s conseguimos.
Vou dizer aos outros.

N�o h� nenhuma urg�ncia,
est� amanhecendo.

N�o podemos sair antes da noite.

Se fugirmos � luz do dia,
seremos alvos perfeitos.

N�o podem atirar no Ocidente.

Diga isso para os Vopos.

Bem-vindo ao para�so.

Por que voc� sempre me
d� vontade de chorar?

Por qu�?
Do que tem medo?

De acreditar em algo
que seria uma mentira?

Faz um jogo.

Voc� tenta parecer duro,
frio, indiferente.

N�o me engana mais.

N�o vai precisar de talheres.

Seu pai e eu tomamos nosso
primeiro caf� da manh� neles.

Levamos uma x�cara e um pires
de lembran�a.

Onde voc� vai?

Vou levar o major e sua esposa
a uma recep��o.

Se eu n�o for,
eles podem me procurar.

Volta antes de anoitecer?

- Vou tentar.
- N�s esperaremos.

N�o, seria tolice.

Assim que anoitecer, saiam.

At� mais, Helmut.

Ingeborg.

At� mais, mam�e.

Tio Albert.

Brunner, boa sorte.

Voc� voltar�?

Vou tentar.

Tenham cuidado,

s�o documentos importantes.

- Venho pela sua filha.
- Como ela est�?

Esta carta, lembra?
Do ministro da cultura.

Thomas, ela tem not�cias da Erika.

Ela pediu para lhe dizer que se
vai, para n�o se preocuparem.

Eles arrancam a minha vida,
pouco a pouco

e pedem para n�o me preocupar.

Ela vai tentar passar esta noite
para o outro lado.

Voc�s podem vir tamb�m.

� muito bonita, mas n�o �
o que eu pensei.

N�s podemos baixar o pre�o.

Aqui est� a carta do
ministro da cultura.

"Caro amigo. . ."

Assinado e tudo.

N�s sairemos de uma casa.

N�o escreva o endere�o
� muito simples.

Nos Schroeder, Kielerdamm 4,
perto do muro.

Do muro?

Venha esta noite, �s nove horas,
sem bagagem. . .

Schroeder, Kielerdamm 4.

Schroeder?

Kurt Schroeder?

- Este � o meu motorista?
- Sim, senhor.

Liga para minha esposa.

Sua esposa.

Heidi? N�o vou a recep��o,
houve um imprevisto.

Ou�a. O Schroeder est� a�?

Com o carro? Perfeito.

Segure-o. N�o, segure-o.

Eu vou prend�-lo.

Como?

Se ele vai ter problemas?

� um eufemismo.

N�o, n�o posso dizer nada.
segure-o, isso � tudo.

Jurgens, n�s terminamos.

Voc� prometeu que minha filha. . .

Eu n�o prometi nada.

O que foi? O que voc� fez?

Como assim?

Meu marido ligou.

Eles v�m te prender.

- Quando?
- N�o sei. Agora.

Me d� o carro.

O carro? Eu n�o posso!

Diga que fui embora com ele.

Que eu roubei.

- O que voc� fez?
- Heidi, por favor.

Pouco importa.

N�o quero saber.

Precisamos avan�ar
ao mesmo sinal.

Quanto tempo para carregar?

Cinco minutos.

Chame o Q.G.

O que est� acontecendo?
Quem s�o essas pessoas?

A orquestra.

Heinrich, tuba.
Frau Heinrich, trompete.

Voc� ficou louco?

Somos apenas 28.

Voc� est� louco.

Para baixo, r�pido.

Em frente.

Depressa, Albert.

- Voc� vem?
- Estou indo.

R�pido, Erika.

O homem, por natureza,
foge do confinamento.

Milh�es permanecem presos,

mas 28 seres humanos apreciam
a felicidade de serem livres:

livres para atravessar a rua,

para passear em qualquer lugar,
para falar sem sussurrar.

LEGENDAS : Laercio
GRUPO ALLIED FORCE
Tradu��o da legenda em Franc�s