All language subtitles for Stanley.Tucci.Searching.for.Italy.S01E04.1080p.WEBRip.x264-BAE

Então,
estamos aqui em Milão,

a potência da moda
e da indústria na Itália.

Só fui a Milão poucas vezes

e sempre de passagem.

Nunca fiquei o bastante
para realmente conhecê-la.

Bom dia,
um expresso, por favor.

A primeira coisa que impressiona
em Milão é seu dinamismo.

Por isso o Espresso
foi inventado aqui.

Acho que precisarei
de alguns

para acompanhar
o ritmo da cidade.

Mas será
que o milanês trabalhador

acrescenta tanto
à mesa italiana

quanto à economia do país?

Eu sou o Stanley Tucci,
Sou italiano de pai e mãe,

e estou viajando pela Itália
para descobrir como a comida

em cada uma das 20 regiões
desse país

é tão única
quanto o povo e seu passado.

- É delicioso.
- É emocionante!

Aqui em Milão, o cardápio
não é o que você espera.

Aqui não fazem massa
como nos outros lugares.

Não, pois a Itália
é dividida em duas.

Aqui no norte,
esqueça massa e pizza.

Ai, meu Deus.
Isso é tão bonito. Perfeito.

Essa é a terra
do arroz e polenta.

Polenta, nos tempos passados,
era como o pão.

Pessoas do sul da Itália
nos chamam de polentoni.

Não há sequer
um tomate à vista.

Isso é incrível.

Azeite é usado
como apoio à manteiga.

- Manteiga?
- Muita manteiga.

Jesus. Nossa, Jesus.

Atenção! Porções irresponsáveis
de manteiga

foram usadas na filmagem
desse programa.

Detesto dizer mas,
precisamos de mais manteiga.

LaisRosas / Kuro Debcarda

Nani / Lekaanel anaflva

Lua / Amand@

Revisão: Mrs. Bennet

S01E04 | Milan

QUER SE JUNTAR A NÓS?
E-MAIL | loschulosteam@gmail.com

Milão é a segunda maior
cidade da Itália.

É a capital da Lombardia.

Uma região no norte
da península.

O portão de acesso
à Europa Setentrional

e a todo comércio e dinheiro
que isso traz.

Sofisticada,

elegante e rica.

Milão é o epicentro
do design,

moda e finanças.

A mais icônica
representação visual

do poder de Milão
é a sua Catedral,

a maior igreja
em toda Itália.

Essa deslumbrante
joia da arquitetura,

com sua floresta de pináculos
apontando para cima,

é a metáfora perfeita
para a ambição milanesa.

Aonde está me levando,
Beppe?

Para cima. Apenas para cima.

- É um bom lugar.
- É?

Um escritor italiano,
favorito meu,

passou a vida toda em Milão.

Beppe Severgnini é um colunista
regular do New York Times.

Milão ama o futuro.

Ele é um mestre em explicar
os italianos ao resto do mundo.

E eu quero que ele me diga

tudo que preciso saber
sobre Milão.

Bem-vindo ao primeiro
arranha-céu de Milão.

Melhor ainda,
ele tem a chave

do terraço mais exclusivo
da cidade.

É como se fosse
uma cidade, sim?

Em miniatura.

Incrível.
É como um castelo de areia

no meio de uma
cidade europeia.

Foi iniciado
no final do século 14,

e nunca foi concluído.
Nunca.

Me disseram que Milão

está sempre olhando o futuro
mais que as outras cidades.

Absolutamente. Eu amo Milão

porque o sucesso de Milão,
para mim,

é que você anda por aí
e realmente

escuta todos esses ótimos
sotaques italianos.

Da Sicília à Trentino-Alto Ádige
perto dos Alpes.

E todos esses jovens

vindo de toda a Europa
e trazendo novas ideias.

- Como é a política daqui agora?
- É complicada.

Milão é Centro-esquerda.

E o resto da Lombardia
é fortemente de direita.

Na verdade, a Liga Norte,
que muita gente pensa que...

sabe, a Liga pode ser
bem desagradável, os líderes,

mas quem vota na Liga
são corretos.

Mas o bom de Milão
é que ninguém na Itália...

Se você tem uma região
Centro-direita

e uma cidade
Centro-esquerda,

eles vão gastar o tempo

se perturbando
e se boicotando.

- E ninguém ganha.
- Ninguém ganha.

Em Milão eles decidiram...

Milão é mais importante
e a riqueza é mais importante.

Porque milaneses,
como americanos,

eles entendem de dinheiro.

E dinheiro
é coisa séria aqui.

Comida é importante.
Dinheiro também.

Qual é a coisa que separa

a culinária da Lombardia?

Em Milão,
é comida para trabalhar,

é Risotto,

é cotolette,

e carne,

é algo que vai
te manter indo

e trabalhando
durante o frio.

Mais suíço ou dramático,
quase na sua...

Não diga isso a um italiano.

Não, nunca.
Eu nunca faria isso. Jamais.

Tradicionalmente, comida
nunca foi o foco dessa cidade.

Acho que estão ocupados
ganhando dinheiro,

para se preocupar
com o jantar.

SEGREDOS DO SCHNITZEL

Apesar disso, Milão é uma cidade
de coração pioneiro,

então nos últimos anos,

se tornou
uma meca culinária.

Cesare Battisti,
é um dos chefs responsáveis

pela revolução culinária
de Milão.

Cesare?

- Stanley.
- Ciao.

- Como vai?
- Bem.

Ele está no comando
do animado Ratanà,

um restaurante que tem sido
aclamado na cena gastronômica.

Mesmo Cesare sendo renomado
por ser inovador,

ninguém sabe como fazer

pratos clássicos
de Milão como ele.

Uma Cotoletta di Vitello,

costeleta porque é
da área das costelas.

Sobre a cotoletta
tem várias histórias.

E a cotoletta é conhecida
como "Weiner Schnitzel",

e as histórias dizem que,

nós, italianos,

pegamos dos austríacos

quando vieram à Itália,

mas não é tão verdade

- Não, não?
- Não.

Há um documento
que menciona um banquete.

Datado de 1148 d.C.

onde...

um dos pratos principais,

escrito em latim,

era "lumbum"

que seria o lombo de vitela,
"lumbum".

"Cum Panitio",
que significa "com pão".

Há 900 anos.

Meu Deus.

Isso foi... esse foi
o registro achado.

Aí está.

Prova que Milão abriu caminho
na invenção do schnitzel.

É nossa!

Algum descendente de austríaco,
me ligue.

Ou ligue para Cesare,
não me ligue.

Isso é manteiga clarificada.

Tem um alto ponto de fumaça.

Nesse clima,
azeite dá lugar a manteiga.

Jesus!

O ingrediente rei
na culinária norte italiana.

Cheire isso.

Campos ensolarados
de oliveiras

dão lugar a pastos férteis,
irrigados por rios e lagos.

Terreno perfeito para gado.

Quando era jovem comíamos
costeletas de vitela sempre.

Amo vitela.
Sei que não deveria, mas amo.

Eu amo.
Claro que as práticas de preparo

são muito melhores agora.
Assim, por exemplo.

Eu vou te mostrar como
cozinhamos Risotto

Aqui não fazem massa
como nos outros lugares.

Não, porque
a Itália é dividida em duas.

Ao sul é muito quente,

o trigo cresce lá.

Ao norte é chuvoso,
tem pântanos e cresce arroz.

O açafrão em pó.

Nessa cidade rica,
o humilde arroz

é temperado com algo
que vale ouro.

Sabe por que em Milão
usamos açafrão?

- Não.
- O açafrão

é uma especiaria oriental,
vem do Irã.

Entre 1400 e 1500,

na construção do Duomo,

usavam açafrão

para colorir os vitrais.

E a lenda diz

que um dia,
sofreram uma pegadinha,

foram alimentados
com arroz tão amarelo

como os vitrais
que fabricavam.

Então usavam o açafrão

para colorir os vitrais
das janelas do Duomo.

- São janelas muito caras.
- Sim, sim.

Risotto está pronto,
desligamos

e colocar
um pouco de manteiga,

feita nos Alpes,

Meu Deus, é tão lindo.

Um pedacinho
de medula óssea.

- Bom.
- Perfeito.

Assim, simples, nada mais.

Coma comigo.

- Eu devo?
- Sim! Vamos.

- Saúde.
- Saúde.

É perfeito. Apropriado.

Esse é mais grosso.
Wiener Schnitzel é tão fina,

que fica meio ressecado.

Mas está perfeitamente
suculento.

Tão bom!

- É isso.
- Obrigado.

Cesare mostrou alguns
dos segredos gastronômicos

dessa metrópole para mim,

mas ouvi que para chegar
ao cerne disso,

posso ter que ir...

ao subsolo.

Pessoas aqui são conhecidas
pela ética de trabalho.

Sempre precisaram superar
o tempo inclemente,

e construiram suas vidas
em terras pantanosas.

Os milaneses trabalham duro

mas também se divertem.

Ouvi que na Itália,
Milão é conhecida como

"Milano da bere",

a cidade para beber.

É muito, muito legal

porque está chovendo,

faz frio, mas os italianos

sempre saem para aperitivo.

Aperitivo é uma bebida
pós-trabalho

que deve aguçar seu apetite.

Ou "aprire l'appetito"

como dizem os italianos.

Estou aqui com Tess Mesazza,

que é um tipo
de expert no assunto.

Assisti seu conteúdo.
Muito divertido.

- Obrigada.
- Deus, é brilhante.

Começou há cinco anos,
certo?

Comecei há cinco anos, sim.

Tess Mesazza mora em Milão

e é uma sensação
das mídias sociais,

conhecida por sua visão irônica
da vida moderna

meio francesa,
meio italiana,

e como tantos outros jovens,

agora chama Milão de casa.

Agora vamos a um bar,
um bar especial,

onde fazem
coquetéis incríveis.

- Sério?
- Não sei se conhece o Spritz.

- É esse o lugar?
- Sim.

Jesus!

- Eu nem bebi ainda.
- Está tudo bem.

Spritz conquistou o mundo,

Cuidado.

Mas era originalmente,
um drink totalmente milanês.

- Olá! Boa noite!
- Boa noite.

Campari,
seu principal ingrediente

é feito aqui em Milão.

- Ótimo. Obrigado.
- Muito obrigada.

- Saúde.
- Saúde.

Aqui, você toma aperitivo,
um drink e pode comer.

Depois volta para casa
e não precisa cozinhar.

Certo. Obrigado.

- Obrigada.
- Aí a comida.

Então você come, tem mais fome
e come de novo.

Toda bebida que pede,
vem isso?

- É fantástico.
- É, eu sei.

É incrível. É incrível.

Muitos milaneses levam
trabalho tão a sério,

que raramente almoçam.

Não é toa que precisam
de um aperitivo no fim do dia.

Felizmente, isso levou

a uma revolucionária
invenção milanesa,

que todos somos gratos,

o "happy hour".

Sim, é muito famoso, também

pelos bares secretos,

Eu amo
porque é como num filme.

Porque para entrar,

- você precisa ter a senha.
- Amei a ideia.

Tipo antigo bar clandestino.

Exatamente assim.

- Mas legal?
- Sim.

- Talvez.
- Talvez?

Tess recebeu uma senha

para um bar secreto
atrás da Catedral.

- É aqui.
- É aqui?

E a senha é o nome da bruxa

que acreditavam ser a protetora
dessa vizinhança.

- Ciao.
- Qual é a senha?

Arima.

- Bem-vinda!
- Achei que fosse falar "não"

Arima.

Tem certeza que é aqui?

- Sim, é aqui.
- É?

- Boa noite. Oi.
- Olá! Boa noite.

- Por favor.
- Obrigado.

Este lugar é tão moderno

que quero ter 20 anos
de novo.

- Gostou?
- Sim, amei.

Ou 40.

Ou mesmo 50.
50 já estaria bom.

- Oi.
- Olá. Stanley.

Prazer em conhecê-los.
Bem-vindos.

Morris Maramaldi é um dos

mixologistas
mais procurados de Milão.

Vamos pedir uma bebida.
O que vai querer?

Acho que vou querer
um Fresh Mouth.

Eu vou querer

o Martini Black Saffron

- Martini Black Saffron.
- Por favor.

Ele é conhecido por criar
drinks incríveis com inovações.

São muito específicas.

- É feito de quê?
- Infusão de carvão.

- Carvão?
- Sim, carvão vegetal.

Estou vendo, é preto.

Morris inventou um drink

para homenagear
a história desse prédio.

É lindo!

Essa já foi a residência
de mineiros de carvão.

Eu faço em duas etapas,
aí posso calibrar a força.

Incrivelmente,
apesar de estarem entre

os residentes mais pobres
de Milão,

todos eles sobreviveram
à catastrófica praga de 1630.

Arima era considerada
a bruxa das bruxas,

porque diziam que era ela

que tinha lançado
esse feitiço na rua,

mas na realidade,
era por causa do carvão.

Eles achavam que era ela,

eles achavam
que era a bruxa,

- mas era o carvão?
- Era o carvão.

Carvão é tipo
um antibiótico.

Então, isso vai me manter
muito saudável?

Exatamente!

Esse é o melhor Martini

- que tomei em anos.
- Obrigado.

E você veio para Milão
quando?

Eu vim para cá

com 3 anos porque meu pai

é ítalo-caribenho

Minha mãe é de Camarões.

- Desculpe.
- Tudo bem.

Não o deixe entrar.
Não deixaria esse cara entrar.

É muito interessante
que existe

um aspecto de visão de futuro
nessa cidade,

que não vi
em outras cidades italianas.

- Tantas pessoas...
- Todas vêm...

de toda parte.
Todos os lugares.

Porque tem muito trabalho.

Em uma cidade normal,

eu seria um estrangeiro,
você o milanês,

mas não é assim.
Milanês é quem vive aqui.

É difícil encontrar

um milanês de verdade
nascido aqui.

Como dizem: "todos os caminhos
levam a Milão", não?

Você é fantástico.

Simplesmente fantástico.

É muito simpático. Obrigado.

Milão é uma das capitais
da moda do mundo.

O caso de amor entre Milão
e a moda remonta à Idade Média,

quando a cidade
já era conhecida

pela produção
de trajes de luxo.

Quando Milão se tornou o centro
econômico do pós-guerra,

aqui foi onde italianos comuns
aprenderam a se vestir

Milão liderou
a revolução que foi

o Prêt-à-Porter,
pronto para vestir.

Eu amo moda. Sempre amei.

Todo filme que faço, gosto
de ter pessoas me vestindo.

Acho que é um processo
muito bonito.

ALMOÇO A MODA DE

Sinto-me sortudo pois fui
convidado para conhecer

uma das famílias da moda
mais bem-sucedidas da Itália.

Os Missoni são conhecidos

por suas malhas coloridas
imediatamente reconhecíveis.

O padrão vibrante tem
revolucionado o mundo da moda.

Esta dinastia multigeracional
construiu seu sucesso

com base na experiência
da manufatura têxtil local.

50 km a noroeste de Milão,

próxima da fábrica
em Sumirago,

está a casa da família.

- Bom dia!
- Bom dia!

- Vamos.
- Me siga.

Claro. Para qualquer lugar.

- Estou aqui para almoçar.
- É para os cogumelos?

Mas parece que terei
que trabalhar para isso.

Rosita Missoni de 88 anos,

a matriarca do império

está me levando
a uma caça ao tesouro.

Cuidado, Não pise
nos meus cogumelos.

Conte-me sobre quando você
fez seu show,

- em 1967?
- Sim.

Eles nos deram 60 modelos,

e elas não tinham o tipo certo
de lingerie.

Então eu disse,
você precisa tirar o sutiã.

Eu falei espontaneamente

porque elas tinham
seios bonitos,

e eu não vi problema.

Então quando as meninas

desfilaram na passarela,
com a luz,

as roupas
estavam transparentes.

E eles escreveram:

"Coleção maluca da Missoni

na passarela
do Palazzo Pitti."

Foi um coup d´État.

E eles não estavam brincando.

Você sem querer
mudou a moda?

- Exatamente.
- Isso é fantástico

É o que meu avô
costumava fazer.

Rosita é uma caçadora
veterana.

Há vários cogumelos comestíveis
na Lombardia,

mas para a refeição de hoje,

ela só está interessada
em cogumelos porcini.

- E aqueles?
- Não.

Este é um Russula.

Não. Não.

Não. Aquele é venenoso.

- Aquele é?
- Não.

Sem sorte hoje.
Mas nunca se sabe,

esse é o prazer
de procurar cogumelos,

por causa da surpresa,
da emoção.

Felizmente,
não dependemos da colheita.

Quem está cozinhando hoje?
É seu neto?

Ele disse que iria cozinhar

- cogumelos para nós.
- Isso é bom.

O neto de Rosita, Francesco

é tão obcecado
pela culinária da família,

que até escreveu
um livro de receitas Missoni.

Essa cozinha foi feita
sob medida para a vovó.

É muito baixa para nós.

Sua mãe, Angela,
gerencia a empresa,

e ela veio
de uma fábrica próxima

para nos acompanhar
na cozinha.

- Olá.
- Ciao.

- Ciao. Bem-vindo.
- Como vai?

Vamos deixá-la agora
porque ela é a mestre.

Ela vai te expulsar mesmo.

Esse era o meu trabalho
quando criança.

Minha mãe me dava
o cogumelo e eu tinha

que escovar todos eles.

Não achados, mas comprados,

mas esse era o meu trabalho.

- O que está fazendo?
- Polenta.

E o que fazemos,

e essa é uma receita
da casa,

eu não sei de onde veio,

colocamos na água
um dente de alho.

Vai deixar
um sabor defumado.

Sim, isso é bom.

Mas você sabe bastaste
sobre a comida dessa área.

Polenta antigamente
era como pão.

Você comia quente com carne,
se tivesse sorte.

Ou comia com queijo,

ou apenas com manteiga.

Ou meu favorito quando criança
era Polenta al latte.,

Polenta quente e leite frio.

Sabe,
pessoas do sul da Itália,

chamam os do norte
de "polentoni"

- Pela polenta.
- Verdade?

Normalmente,
a visita que escolhe,

e neste caso temos...

- O que é?
- É um brasato,

refogado com vinho, cebola,
cenoura e aipo.

Está cozinhando há...

horas e horas,
em fogo bem baixo.

Meu Deus. Desmancha.

- Também vamos ter faisão
- Mesmo?

Que é uma tradição do campo.

Isso está lindo.

Estou cozinhando agora
os cogumelos.

Azeite e um pouco de alho.

Essa é uma refeição
perfeita de outono.

Linda.

O almoço está quase pronto,

mas antes sentarmos
para comer,

Angelo me levara
para dar uma volta na casa.

Nada mal.

Você olha para esse cômodo,

- não é que tudo é Missoni.
. Não, certo.

É que procuramos por coisas

que fazem parte
do nosso mundo.

Você olha para esse quadro
e pode dizer

sim,
faz parte do mundo Missoni.

Não, essa é um quadro
do Séverine, certo?

Extraordinário.

- E cresceram aqui?
- Sim.

Ninguém nunca se mudou,

mesmo os jovens,
a terceira geração,

eles foram e voltaram.

Voltaram? Isso é legal.

- Bem vindo à família.
- Muito obrigado.

A casa da vovó é como...

O centro de convivência.

Uma das vantagens
de morar perto

é que a família toda
pode vir almoçar na vovó.

Todas as três gerações
se juntam

para dividir refeições
regularmente.

Quantos de vocês
estão envolvidos nos negócios?

Um, dois, três...

quatro. Então seis.

Mas chega de papo.
Como se por mágica,

somos atraídos
para uma bela mesa disposta.

Você quer
que eu sirva todos?

- Passem os pratos.
- Então, polenta.

E você embrulha nisto?
Adorável!

Eu fiz isso questão

de cozinhar
os pratos tradicionais da casa,

como Brasato, faisão.

- E aqui, nós temos...
- Sim, bastante desse refogado.

Meu Deus, veja isso.

Meu Deus,
isso é muito emocionante.

O faisão está incrível,

porque muitas vezes
o faisão pode estar seco.

Com esse molho
fica bem suculento.

Isso é incrível.

Quando você vem almoçar em casa,
quando está trabalhando,

o que você come normalmente?

Se ela teve convidados
no domingo,

provavelmente seria isso
na segunda.

Então comeriam o que sobrou.

Esse é o típico
almoço de domingo.

O Brasato com a polenta
e os cogumelos

literalmente derreteram
na minha boca.

É sempre um privilégio

aprender receitas de família
e seus segredos de cozinha.

- E o sol está brilhando.
- Eu sei, eu sei.

E volto
para o café da manhã.

Essa família leva mesmo
sua tradição culinária,

tão à serio
quanto as suas criações de moda.

Isso é ótimo.

Está nevando.

Isso é muito emocionante.

A variedade geográfica
da Lombardia

é surpreendente.

A poucos quilômetros
de Milão,

a paisagem
muda dramaticamente.

Podia nevar todo dia,

se fosse por mim.

Aqui nos Alpes de Orobie,

está num mundo diferente.

Cultura diferente.

Valores diferentes.

Ritmo diferente.

Nenhum milanês apressado

teria a paciência
para fazer o necessário,

para criar as iguarias
da culinária local.

Na aldeia de Gerola Alta,
estão preparados para esperar

por mais de uma década
para o queijo maturar.

O QUEIJO FORA-DA-LEI

- Ciao, Stanley.
- Stanley. Ciao, como vai?

- Vou levá-lo ao porão para ver.
- Sim, sim.

O cheiro é incrível.

Paolo Ciaparelli dedicou toda
sua vida ao Bitto,

um tipo queijo de 2 mil anos,
tão caro

que nunca foi comido
por quem fez.

E ele se tornou
a moeda local.

Cada roda de queijo

pode custar até US$850,

o tornando um dos queijos
mais caros do mundo.

- Quantos tem aqui?
- Aproximadamente 2 mil queijos.

- 2 mil?
- 2 mil. Sim, sim.

O segredo para esse queijo
extraordinário,

é que ele é feito
com o leite das vacas,

que pastam na grama alpina,

em diferentes altitudes
durante o verão.

Cada montanha

tem seu próprio cheiro,
sua própria tenacidade.

Quando está a 1400 metros,

tem um sabor,

Quando está a 2000,
tem outro.

Você pode dizer
pelo cheiro...

O cheiro...

De onde é?

Sou um pouco presunçoso.

80% das vezes, sim.

Sério? Isso é incrível.

Paolo salvou esse queijo
da extinção,

quando a Regulação Europeia
deixou que vacas

recebessem
alimentos industriais,

além da grama
das pastagens das montanhas.

Eu lutei contra eles.

Porque havia o risco
dessa produção desaparecer.

A Europa nem sempre
traz vantagens.

- Vamos experimentar?
- Sim. Vamos.

Então, aqui está um queijo
que tem 6 anos.

Isso é queijo de meditação.

Pensar. Meditar.

É um queijo
para meditar sobre.

Meu Deus.

É muito bonito.

Aqui,
um queijo de doze anos,

o queijo mais duradouro
do mundo.

Meu deus, doze anos.

Sempre que abro
essas formas,

para mim, abre o coração.

Ele falou
que abre o coração.

Aqui é um milagre.
Milagre da natureza

um produto
ainda estar saudável, bom.

- É delicioso.
- É emocionante.

Esse queijo incrível
não existira,

se não fosse
pelo trabalho duro

de uma comunidade quase extinta
de pastores alpinos.

A determinação do Paolo
em proteger

as tradições é inspiradora.

Agora eu estou inspirado

para cozinhar
com esse queijo.

Acho que é hora de alimentar
a equipe de filmagem

que me viu comer o dia todo.

Não conheço essas pessoas.

Paparazzi na Itália,
me seguem por tudo.

Vou fazer um dos meus favoritos,
Pizzoccheri.

Um tipo especial
de macarrão.

Eu nunca fiz. Como não tem
muito trigo nessa área,

eles usam trigo sarraceno,
que é indígena.

Tem sido uma das delicias
da Lombardia

por mais de quinhentos
anos. E com razão.

Não consigo parar de comer.

E agora, couve-lombarda.

Corto mais ou menos
como o pizzoccheri.

Então, as batatas.

Como todos os pratos
do norte,

requer muita manteiga.
Eu amo isso.

E agora, é claro,
o queijo do Paulo.

Não queria falar mas,

precisa de mais manteiga.

É por isso
que quem come pizzoccheri,

vive mais que 35 anos.

Veja todo aquele queijo
derreteu ali.

Olhe quão maravilhoso está.

Todo mundo pode vir pegar.

Tem pizzoccheri suficiente
para mil pessoas.

Jamie, me dê a câmera.

Você come. Está gostoso?

- Eu gostei.
- Sério?

Eles estão comendo.

A equipe estava exausta
e lambendo os dedos,

Mas, minha tentativa
vai impressionar os locais?

Coloquei muito queijo?

Não, nunca é demais.

A família dona da pousada
que ficamos,

se ofereceu para julgar.

Incluindo
o patriarca octogenário.

Muito bom.

Não fale isso
porque sou famoso.

- Posso?
- Prove.

Está bom mesmo.

É muito bom.

Tem que formar um fio.

Cecco, o que achou?

Agora estou nervoso.

Não está falando,
é um bom sinal.

É um bom sinal
ele não dizer nada.

Tem muito queijo?

Está bom para mim.

- Estava bom, vovô?
- Perfeito!

É o melhor elogio
que qualquer um poderia ter.

Gostaria que fosse
meu talento culinário,

que fez o prato
ser um sucesso,

mas meu instinto diz
que foi o queijo do Paulo.

Isso é delicioso.

Estou tão feliz que Paulo
salvou esse queijo da extinção.

Desafio quem provar
Pizzoccheri com Bitto,

a não virar
um fora-da-lei do queijo.

Belo barco.
É agradável e calmo.

O XERIFE DO LAGO

Essa é a Lombardia
que conheço.

Lago de Como.

Sua beleza pura
nunca deixa de me impressionar.

Apenas 48 quilômetros
ao norte de Milão,

logo abaixo dos Alpes.

Esse destino mais fabuloso
de Lombardia.

Vamos pescar!

Estou com William Cavadini,

um fabricante têxtil local,
com paixão por pesca.

Como é uma cidade
muito importante

- para o comércio têxtil.
- Sim, eu sei.

- Pela seda.
- Pela seda, sim.

E na minha família
tem três gerações

- no negócio têxtil.
- Mesmo?

Por causa do trabalho,

eu viajava pela Europa,

- Oriente Médio.
- Jura?

E depois voltei para Como,

e decidi com alguns amigos,

que trabalharíamos juntos
para ajudar e salvar o lago.

"Alguns amigos" se tornou

uma Associação
de 600 pescadores

- Essa foi boa.
- Sim, essa foi boa.

Tomaram como trabalho,
ajudar o governo local

a aplicar limites
de pesca pelo lago.

Só pode ficar com peixes
maiores que 15 centímetros

e em quantidades limitadas.

As pessoas querem barrar
a pesca no lago?

É o que querem fazer?

A questão
é o aquecimento global.

O ecossistema do lago
começou a ter problemas,

e precisamos fazer
alguma coisa

para mudar a situação.

Esses peixes que vem desse lago

- são cruciais na dieta.
- Exato!

Nós sabemos.
Nossa tradição é

Rizzo con Pesce Persico.

É fantástico.

Nós vamos pescar, certo?
Estou animado. Eu amo pescar.

- Nunca pego nada.
- Mas hoje você vai.

- Hoje sim, espero.
- Espero.

Desce.

- Como você sabe quando...
- Você...

- Você sente.
- Sim, você sente.

- Sente puxar.
- Quando sentir...

Talvez você pegou.
Acho que pegou.

Sim, pegou!
Esse é dos bons!

- Pude sentir.
- Esse é dos bons!

É disso que estou falando!

Quem é o presidente?

Não corte. Deixe uma sequência
para que vejam.

Te convido para minha casa,

eu gostaria de te ensinar
a cozinhar

Rizzo con Pesce Persico.

Estou muito, muito animado.

Ouvi que, como muitas
pessoas fora de Milão,

William apoia a Liga.

Um partido político nascido
aqui na Lombardia,

que exige a autonomia do Norte,
do domínio do Sul.

Seu líder, Matteo Salvini,

polarizou o país

com suas extremas opiniões
anti-imigração.

Esse é o momento complicado

- da limpeza.
- Está subindo pela espinha.

Preciso achar a hora certa

para tocar no assunto
enquanto ele cozinha.

Daí você corta a cabeça...

Então,
não cozinha o peixe todo?

Pode, mas mantemos
nossa tradição.

Em Como,
você muda dez quilômetros

- e tudo muda.
- Sério?

Isso é o legal

e o difícil da Itália.

Acho que é algo que está

no DNA italiano.

Falamos que não é difícil

para governar os italianos.

É inútil.

Entende?

Agora vamos cozinhar.

Precisamos de manteiga

- Muita manteiga.
- Jesus!

Sálvia aqui,

com a manteiga e o alho.

Me fale
sobre o clima político

na Itália agora.

É muito difícil
fazer um bom governo

para todos os italianos,

porque algo
que é bom no sul,

talvez não seja bom
no Norte.

Sabe, o Sr.Salvini

é um político que foi...

criado pela Liga Norte.

E passo a passo,

começa a crescer
também no Sul.

Você trabalha pelo mundo.

O que pensa sobre

atitude do Salvini

em relação aos imigrantes?

Na Itália,
não temos o sistema

para trazer essas pessoas

e ajudar essas pessoas.

Salvini diz:

"Não traga essas pessoas,

impeça, haja o que houver.

Ainda que se afoguem,

não vamos nem deixar
saírem do barco."

Posso entender limites
na imigração,

mas é bem difícil de engolir
a ideia de dizer,

existem crianças e mulheres,
talvez grávidas

e não vamos deixar
saírem do barco.

- Concordo.
- Primeira coisa.

- Concordo.
- É demais.

Por que, hoje preciso dizer
"chega de pessoas aqui"?

Porque não tem mais espaço.

Queremos ter boa bebida,
boa comida.

Não gostamos de brigar.
Não está no nosso DNA.

Lindo.

- Lindo, não?
- Lindíssimo.

Você fala do Salvini,
tem que falar do arroz!

- Sim, é verdade.
- Vamos, não sou político.

É italiano.
Mesmo que não concorde...

Queria conversar sobre isso
porque concordo que

precisa haver algumas
regras em vigor.

Contudo, uma das razões
dos EUA ser o que é hoje,

foi porque aceitaram

milhões
de imigrantes italianos.

E isso é o que eu acho...

Essa é minha questão
com Salvini.

Porque o que estamos fazendo,
estamos tentando

de regular o instinto humano
de salvar o próximo.

Mas, o quê...
Por que Salvini...

Experimente! Porque, sabe...

É muito bom.

Meu Deus.

Na próxima, chamamos Salvini.
O conheço.

- Você conhece?
- Sim.

- Ele é um cara legal?
- Sim, como eu.

Não sei se gostaria
de voltar e conhecer Salvini,

mas adoraria voltar
e ver William de novo.

Fiquei surpreso
que William sugeriu

que como italiano,
deveria ligar

mais para comida
do que política,

porque acredito
que elas estão conectadas.

Hospitalidade
também pode ser

uma escolha política.

Feliz por voltar
ao Lago Como

Claro que estou. É incrível.

- Foi onde nos conhecemos.
- Tem uma poesia?

Não aqui comigo.

Eu tentei vir ao Lago Como
sem minha esposa, Felicity,

mas ela me seguiu.

- Uma das mais lindas.
- Eu amo que tem...

Tem isso, o sol, o lago
e também os picos nevados.

O que é
aquela cordilheira lá?

É o começo dos Alpes.

Mesmo Felicity e eu amando
ficar aqui no lago,

tem um lugar em Milão
que quero mostrar a ela

que está fazendo
algo extraordinário.

COMBUSTÍVEL REVOLUCIONÁRIO

Um restaurante no centro

incorpora o espírito
e a história de Milão

como quase
nenhum outro lugar.

O que faremos esta noite?

Primeiro jantamos.

E o cardápio que escolhemos
é um cardápio

muito, muito milanês
e da região vizinha a Milão.

E depois,
muitas canções milanesas.

Bem-vindos, bom apetite.
Obrigado e boa noite.

Angelo Bissolotti

é o cérebro por trás
da Osteria del Treno,

um paraíso
para os trabalhadores milaneses,

num local histórico.

- Muito prazer.
- Prazer.

Ciao, Stanley.

Quando Angelo comprou
esse lugar há 30 anos,

sua missão era criar
uma autêntica osteria,

acessível para todos.

Você pode almoçar
aqui todo dia

por menos de US$11.

Passar um tempo à tarde.

Mas à noite, isso vira
um lugar badalado

celebrando o melhor da região
em comida

e entretenimento.

Ai, meu Deus,
parece delicioso.

- Finalmente!
- Ravioli.

Estamos com o sobrinho
do Angelo, Francesco.

E nossa amiga em comum,
a atriz Leila Costa.

Deus, está incrível.

Recheado com toucinho,
batata e castanhas.

- Maravilhoso!
- Viu?

Me conte a história por trás
das osterias.

Por muito tempo,
era o único lugar

onde as pessoas
podiam ir comer,

- porque não era caro.
- Certo.

Gostaria de começar
com um anagrama.

Osteria,

trocando "e" pelo "o",
"è storia": É história.

Não a grande história,
mas histórias

da vida cotidiana,
das paixões.

Em osterias,
acontecem muitas coisas.

É um microcosmo

que constantemente,

é afetada pelo o que acontece
na sociedade.

Angelo não poderia escolher

um lugar melhor
para sua osteria.

Como esse lugar foi criado

por trabalhadores,
para trabalhadores.

- Mesmo?
- Este espaço aqui

foi testemunha
da história de Milão.

Na Itália, a primeira greve
dos ferroviários

foi planejada aqui,
nesse lugar.

Esse lugar é
um dos primeiros exemplos

de democracia
econômica moderna.

Porque quando não havia
assistencialismo,

os trabalhadores inscritos
nesse benefício mutuo,

doavam uma parte do salário

e juntos decidiam

como dividir.

Uma parte do salário,
eles usavam para se ajudarem.

Eles usaram para transformar

num lugar para danças,

onde ouviam música.

Para preencher esse lugar.

E em essência,
eles criaram um sindicato?

Ossobuco de vitela.

Com purê de batata.

Isso é algo
para os trabalhadores.

Delicioso. Está delicioso.

Angelo recriou
de forma brilhante

o espírito
da tradicional osteria.

Antes de começar
essa viagem,

nunca teria imaginado
que tal lugar

poderia na fashion
e ambiciosa Milão.

Isso parece a quilômetros
de distância

da mais próxima
bolsa de valores,

dos bares badalados
e das luxuosas lojas de marca.

Aqui, nessa Milão,

eu reconheço
o poder dos pioneiros

que mudou a cara da Itália,

com puro trabalho árduo.

Este lugar para mim,
é a prova viva,

que a convivência

pode ser um veículo
para mudanças sociais.

Afinal de contas,
a maioria das revoluções,

começou ao redor
de uma mesa.

QUER SE JUNTAR A NÓS?
E-MAIL | loschulosteam@gmail.com

www.facebook.com/loschulosteam

www.instagram.com/loschulosteam

www.youtube.com/loschulosteam

www.twitter.com/loschulosteam

www.pinterest.com/loschulosteam