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Atenção!

Esta é a verdadeira história
por trás de Bastardos Inglórios.

Estes judeus americanos,
refugiados do nazismo,

voltam para a linha de frente,
em busca de vingança.

Nós nos dedicávamos
a matar nazistas.

E fazíamos isso
atrás das linhas inimigas.

Foi para isso
que fomos treinados.

E foi para isso
que nos oferecemos.

O tenente me disse que eu
só preciso ter uma arma,

apontar para um alemão
e atirar.

"Este é todo treinamento
que darei."

Eles me espancaram...

e quebraram meus dentes.

Era uma missão quase suicida.

É uma situação em que a verdade
é mais estranha do que a ficção.

OS VERDADEIROS
BASTARDOS INGLÓRIOS

LEGENDA : SUB_COMANDO

SETEMBRO DE 1943

A guerra assola a Europa
há quatro anos.

As forças americanas lutam
duramente há um ano e meio.

Enquanto isso, a América
trava uma guerra secreta.

O OSS tem treinado
grupos de comando

para saltar de paraquedas
atrás das linhas alemãs.

Uma das suas missões mais exitosas
foi a Operação Greenup.

Nessa operação participariam

vários judeus refugiados
da Alemanha nazista.

Eles conseguiram a proeza
de voltar para casa

e se vingar
da Alemanha nazista,

talvez o Estado policial
mais hostil da história.

A equipe foi liderada
por Fred Mayer.

Fred Mayer era ousado
e audacioso,

pronto a arriscar sua vida
para cumprir a missão.

Senti que tinha a chance

de realizar o que me propus
a fazer...

matar nazistas.

É por isso que nós judeus
aderimos à missão.

Hans Wijnberg,
o operador de rádio,

era a tábua de salvação
da missão.

Porque uma equipe atrás
das linhas alemãs, sem rádio,

não tinha a menor chance.

Eu tinha 16 anos
quando Munique,

Tchecoslováquia e Áustria
foram invadidas.

Quando Hitler tomou a Alemanha
e passou por nossa cidade,

já sabíamos o que estava
por vir: a chaga do fascismo.

Tudo começou em 1933,
quando Hitler subiu ao poder.

As bandeiras eram um mau sinal,
em todos os prédios públicos,

com as suásticas.

Foi o fim da democracia.

Fred Mayer era um jovem judeu
que vivia na Alemanha de Hitler.

Seu pai foi um patriota
que lutou na Primeira Guerra.

Meu pai insistia
que ele era um veterano

e que nada iria acontecer
conosco.

Minha mãe dizia:

"Bem, como judeus,
não teremos preferência."

E ela estava certa.

Meu pai era membro
dos grupos antinazistas.

Os judeus fugiam da Alemanha.

Portanto, ele estava atento,
e muito desconfiado.

O pai de Hans decidiu mandá-lo
à América com seu irmão gêmeo.

Um parceiro de negócios
assumiria a guarda dos gêmeos.

Meu pai enviou US$ 3,600
para os EUA,

quase a renda familiar
de um ano.

Uma quantia considerável.

Toda a família disse
para meu pai:

"Leo, como pode ser
tão louco a ponto

de enviar jovens de 16 anos para
a terra de vaqueiros e índios?"

Toda a família estava contra,
menos minha mãe.

Hans e seu irmão deixaram
para trás seus pais,

um irmão caçula e diversos
parentes na Holanda.

Eles nunca mais
tornariam a vê-los.

Nunca saberei
todos os detalhes.

Creio que tentaram fugir
para a Suíça.

Podem ter sido traídos
ou capturados na fronteira.

E meu pai foi enviado...

para um campo de concentração
na Polônia,

e minha mãe e meu irmão
de 16 ou 17 anos

foram gaseados em Auschwitz.

Fred teve mais sorte.

Ele conseguiu fugir
com seus pais para a América.

Conseguimos fugir a tempo
para os EUA.

A partir daí,
até o fim da guerra,

a Alemanha era minha inimiga.

Não medi esforços ou escrúpulos
para tentar destruí-los.

Em 7 de dezembro de 1941,

os japoneses atacaram
Pearl Harbor.

No dia seguinte,
entrei na fila

do posto de alistamento.

Sentia uma combinação
de amor e ódio.

Ódio pelos nazistas
e amor pela América.

Como Fred, Hans se alistaria
assim que chegasse à maioridade.

Certo dia,
antes de completar 20 anos,

tornei-me cidadão americano.

E entrei para o Exército.

Fred e Hans logo descobriram
que a vida militar

não era o que eles esperavam.

O sargento me escolheu:
"Você, patrulha da cozinha!"

Aquilo não tinha graça,
você é só mais um.

Não era para mim.

O exército constatou
que Fred e Hans

tinham talentos peculiares.

Eles sabiam outros idiomas,
conheciam a cultura alemã

e o mais importante,

estavam motivados a assumir
missões de alto risco.

Alguém de Washington
veio até mim:

"Ouvi dizer que fala holandês".
"Sim", respondi.

"Você quer libertar seu país?"

Eu disse "Sim".

"Certo. Se assinar aqui,
vai se juntar ao OSS."

Nunca tinha ouvido falar
do OSS.

ESCRITÓRIO DE SERVIÇOS
ESTRATÉGICOS

Guerrilha, sabotador, comando.

Os americanos já estão a par

da importância desses nomes
nas notícias da 2ª Guerra.

O Ocidente realmente não tinha,
até o final dos anos 30,

nada que se comparasse a uma
organização de inteligência.

Tínhamos um secretário
de guerra, Henry Stimson,

que disse: "Cavalheiros não leem
a correspondência de outras pessoas."

Então você pode imaginar
como o OSS começou.

Não éramos nada!

O OSS requisitou o Congressional
Country Club para treinar recrutas.

CAMPO DE TREINAMENTO DO OSS,
1943

Aquela era a área geral do
cercado, se me lembro bem.

Ali treinávamos com explosivos.

E explodimos
algumas daquelas árvores.

Eles eram os "Doze Condenados"
da época.

Um grupo de homens
de todas as esferas sociais.

Refugiados alemães, um piloto
da Luftwaffe, um açougueiro.

Um cara resumiu
perfeitamente:

"Este é bando mais louco
com quem já convivi."

E também dividiam o desejo comum
de retaliar a Alemanha nazista.

Levaram a gente para treinar
com armas leves.

O tenente nos acordou
de manhã e disse:

"Só precisa aprender isso."

"Segurar uma arma, apontar
para um alemão e atirar.

Este é todo treinamento
que darei."

Mas houve mais treinamento,
por quase um ano,

abrangendo os fundamentos
da guerrilha.

-Combate com faca.
-Luta corpo a corpo.

-Explosivo subaquático.
-Código Morse.

-Paraquedismo.
-Como usar uma pistola.

Como montar explosivos.

-Treinamento noturno.
-Como abrir fechaduras.

Filmes terríveis
sobre doenças venéreas.

Nenhuma palavra
sobre contrainteligência.

Tudo se restringia...

a quebrar o inimigo.

E nós nos empenhamos a fundo.

Eles nos alertaram:

"Há poucas chances de sobreviver,
ainda estão dispostos a fazer isso?"

Ninguém voltou atrás.

Fred e Hans se uniram durante
as sessões de treinamento.

Eles se conectaram,
como se fossem parentes.

Senti como se ele fosse
meu irmão caçula.

Achei que ele precisava
de alguém para protegê-lo.

Ele era jovem demais.

Portanto, me tornei
seu irmão mais velho.

Ele era mais alto do que eu,

mas tinha a aparência
de um menino.

Sim... Um irmão!

Ele sempre me impressionou,
por sua personalidade forte,

já sabia o que queria,

mandão, é por isso
que se divorciou logo.

O tenente do OSS,
Dyno Lowenstein,

lembra-se bem de ambos.

Harry parecia um cara...

Bem, não vou dizer brigão,
porque não seria justo,

mas ele estava disposto,
sabe, a jogar duro.

Ele mataria qualquer um
se fosse preciso.

Hans tinha muita confiança
e motivação,

mas ele prefiria fazer isso
causando

o menor dano possível
às pessoas.

O Dia-D, 6 de junho de 1944.

Os Aliados lançam a maior
ofensiva da história

contra os alemães
na Normandia.

Todas as forças militares
são mobilizadas.

Mas Fred e Hans
estão no limbo militar.

Eles estão concentrados
no norte da África,

longe da ação.

Temos uma força
de combate ligeira,

que vem treinando há meses

e está pronta para essa missão
especial atrás das linhas alemãs.

Mas eles vão para o norte da África,
porque ninguém os conhece.

Inesperadamente, eles caem
nesse emaranhado burocrático.

Ninguém sabia
quem eles eram,

já que o OSS era
uma organização secreta.

Freddy e eu pensávamos
que não veríamos nenhuma ação.

A guerra vai terminar logo.

Então Freddy diz: "Vamos falar
com nosso comandante."

Ali decidi que bastava.

Vou procurar o QG e pedir
transferência para a inteligência.

Fred e Hans são transferidos
para a sede da inteligência

em Bari, Itália.

O palco de todas as operações
secretas no sul da Europa.

Pronto para a ação,
Fred apresenta um plano.

Ele explicou
que o seu plano consistia

em saltar de paraquedas
sobre Dachau,

distribuir armas
para os prisioneiros

e que assim conseguiria
iniciar uma revolta.

Minha reação foi
totalmente negativa.

Ele poderia saltar
em qualquer ponto,

o que seria muito mais
econômico e prático.

Em vez disso, a equipe é enviada
ao Tirol, Áustria,

em uma missão quase suicida,
sob o codinome "Greenup".

A Operação Greenup tinha
dois objetivos principais.

Um deles era monitorar o tráfego
ferroviário no passo do Brennero,

a principal rota de suprimentos
dos alemães para a Itália.

Embora a rota fosse bombardeada
pelo Corpo Aéreo Americano,

o tráfego ferroviário
continuava funcionando.

O passo do Brennero
atravessa o Tirol,

a fortaleza alemã
governada por Franz Hofer.

Hofer, um extremista,
ingressou no Partido Nazista

anos antes da anexação
da Áustria por Hitler.

O outro objetivo principal
era saber

o que estava acontecendo
na Fortaleza Alpina.

Há rumores de que Hofer
está construindo

uma fortaleza inexpugnável
nos alpes tiroleses.

Aqui, os fanáticos nazistas
vão se reunir

para a resistência derradeira.

O sonho de Hofer ameaça prolongar
a guerra por meses,

talvez anos.

Franz Hofer era um nazista
fanático e sedento de poder.

Ele queria que a Fortaleza Alpina
ficasse sob seu poder.

Ele via isso como uma chance
de salvar o Terceiro Reich.

Então a equipe foi enviada
até lá para espionar.

Este é um território perigoso
para se infiltrar.

A Operação Greenup precisará
de um terceiro homem,

alguém do próprio Tirol.

Freddy e eu fomos até os campos
de prisioneiros alemães

para encontrar o 3º homem,

um alemão ou austríaco,
prisioneiro de guerra,

que viveu todos esses anos
no território de Hitler.

Entre algumas listas,
havia um tenente Weber.

Franz Weber é um tenente
da Wehrmacht do Tirol,

que havia desertado
por questão de consciência.

Gostei dele logo de cara.

Ele era muito confiável.

Por que o OSS achou
que você iria cooperar?

Falei com os oficiais
ingleses sobre isso,

enquanto estive no campo
de prisioneiros de guerra.

A verdadeira razão
da minha decisão

é que eu estava plenamente
convencido

de que seria uma tragédia

se a Alemanha vencesse
esta guerra.

ENTREVISTA EM 1977

Franz era um indivíduo
interessante.

Ele não aprovava os métodos
empregados pelos alemães.

Sabia o que os nazistas
eram capazes de fazer.

Muitos alemães...

não faziam ideia
do que estava acontecendo.

Franz não era este tipo de pessoa.
Sabia o que estava havendo.

Seja como for,
nos demos imediatamente bem.

Tínhamos origens diferentes.

Franz era católico devoto

e Freddy e eu éramos,
é claro, judeus.

Mesmo assim, não tivemos
qualquer problema

em confiar plenamente
um no outro.

O plano é perigoso
e quase impossível.

Para entrar na região
sem ser descoberta,

a equipe saltará de paraquedas
sobre as geleiras dos Alpes.

Em seguida,
seguirá até Oberperfuss,

a aldeia natal de Franz.

Esta será sua base para
as incursões em Innsbruck,

a capital do Tirol e o principal
centro ferroviário da região.

É a sede do poder
do governador Franz Hofer.

Eu os levei ao aeroporto.

Como estava o clima entre vocês
antes da partida?

Já tínhamos discutido
bastante os perigos.

Freddy tinha certeza que tudo
correria conforme o planejado,

e acho que os outros
dois confiavam nele.

Eu confiava plenamente
na equipe.

Se eles não o fizessem
ninguém mais faria.

Não havia nada no mundo capaz
de atrapalhar a equipe,

exceto a má sorte.

A Operação Greenup
é considerada tão perigosa,

que até a RAF
se recusa a voar.

Um jovem piloto americano,
tenente John Billings,

se oferece para o trabalho.

O passo do Brennero
era fortemente guardado.

Os alemães instalaram
armas antiaéreas

nas montanhas que cercavam
o passo do Brennero.

Obviamente, era suicídio
tentar passar por ali.

Não deveríamos saber nada
a respeito desses judeus.

Eu nunca os havia visto antes,
o que dirá falar.

Fazer as coisas
que eles estavam fazendo

não é algo que eu acho
que poderia fazer.

Não sei se conseguiria andar
furtivamente

em território inimigo,
à vista de todos.

Nós tentaríamos voar
o mais baixo possível,

e entre as montanhas,
o quanto pudéssemos,

para que o radar
não nos detectasse.

Pegamos uma corrente de ar
descendente

tão severa nos Alpes,

que descemos 6 mil pés
em 20 segundos.

A rajada de vento
nos forçou a descer.

Descemos mais rápido

do que se tivéssemos saltado
do avião.

Então, quase no fundo
do precipício,

talvez porque as correntes
de vento estivessem se nivelando,

interrompemos a queda.

Franz nunca tinha saltado
de paraquedas.

Mas disse que não haveria
problema na geleira.

Eu só estava pensando
um pouco mais alto.

Pousamos a 3 mil metros
de altura.

Então pode imaginar
como estávamos alto

e o frio que fazia lá em cima
no inverno.

Nós nos encontramos logo,
não pousamos muito separados.

Então percebemos
que perdemos os esquis!

Não encontrei a caixa
que continha os esquis,

ela deve ter caído do outro
lado da montanha.

A neve espessa era um problema.

Foi então...

que tivemos de parar
para retomarmos o fôlego.

Num dado momento,
Hans não quis mais continuar,

mas nós insistimos.

Tratava-se de uma questão
de vida ou morte.

Ou você continua,
ou você congela.

Por fim, a equipe chega
a um vilarejo da montanha

e alegam ser uma equipe
de esqui que se perdeu.

Um dos aldeões lhes empresta
um trenó.

Imagine-se descendo
um penhasco íngreme,

apenas gelo, sem freios,

em um trenó,
e torcendo para que dê certo.

Foi exatamente assim.

A montanha era tão assustadora
e íngreme,

que meus bastões de esqui
esquentaram

de tanto tentar desacelerar
o trenó.

Foi a jornada mais apavorante
da minha vida, mas conseguimos.

A equipe avançou às cegas,
não houve festa de chegada.

Mas Franz conhecia o terreno
e as pessoas de lá.

Ele tinha parentes
e esconderijos,

que foram fatores cruciais
para o sucesso da missão.

Quando chegam a Oberperfuss,

Franz faz contato
com sua noiva, Ani.

Sua reação imediata
é de pavor,

pois a deserção dele
tornara-se pública,

e ela temia pela vida de Franz.

Ani se lembra da única pessoa
que pode salvar a equipe:

sua mãe, Mamanita Kershaw.

Ela era uma espécie
de semi-líder da comunidade

e antinazista ferrenha.

Ela me abraçou de imediato
e me acolheu.

Ela ficou...

tão feliz de ver pessoas
lutando contra os nazistas.

Mamanita escondeu Hans num sótão
de um fazendeiro solidário.

Hans faz
sua primeira transmissão

para a sede do OSS
em Bari, Itália.

TUDO BEM. ESPERE ATÉ 13 DE MARÇO.

Conseguimos!

O sinal que enviamos,

ricocheteou pelos alpes
até Bari, na Itália.

Incrível!

Mamanita Kershaw arrisca
sua vida ao acolher a equipe.

O perigo de ser flagrada
é enorme.

Os alemães haviam infiltrado
seus próprios agentes,

que se diziam
paraquedistas aliados,

e rondavam a região em busca
de pessoas que os ajudassem.

Essas pessoas
eram capturadas,

e, em alguns casos,
nunca mais vistas.

Portanto, a equipe de Greenup
enfrentaria

um ambiente extremamente
hostil.

Só podíamos usar
o banheiro à noite.

Difícil!

Estávamos apavorados
diante da possibilidade

de sermos descobertos.

Mamanita Kershaw assume
a segurança de Franz.

Ela o esconde num quarto de hotel,
de sua propriedade.

Eu me encarreguei de fazer
os contatos iniciais,

e correu tudo bem.

Eu deveria fazer os contatos

e, em contrapartida,
tentar andar despercebido,

devido ao grande risco
que corríamos.

Franz tem três irmãs com
a mesma visão antinazista.

Todas terão papel crucial
na Operação Greenup.

Elas vivem em Innsbruck

e sabem o risco
que estão correndo.

A cidade é rigidamente vigiada
por Hofer e pela Gestapo.

Uma das irmãs, Louisa, cria
o disfarce perfeito para Fred.

Ela é enfermeira
de um hospital

e consegue furtar o uniforme
de um oficial morto.

Fred agora é um oficial
alemão convalescente,

em Innsbruck,
de licença da guerra.

Eu visitava os quartéis
e os alojamentos dos oficiais.

Eu entrava e saía livremente.

Fred alegava
que foi ferido em ação,

e apresentava sua ficha médica
falsificada por Louisa

para apoiar sua alegação.

Eles me deram
um cartão pré-pago

para comida e dinheiro.

Eu precisava me sustentar.

Tinha certeza
de que me sairia bem.

Nunca me perguntaram
à qual unidade eu pertencia,

tudo o que sabiam é que eu era
um oficial ferido, e pronto.

O clube dos oficiais
parecia um boteco,

onde todos falavam.

Às vezes, eles discutiam
segredos de guerra.

E bem diante desse judeu
do Brooklyn,

com uniforme
de oficial alemão.

Para levar estes segredos
até Hans e o OSS,

Fred trabalha com a irmã
caçula de Hans, Ebba.

Eles criam um serviço de correio
de jovens mulheres

entre Innsbruck e Oberperfuss.

Eu nunca as conheci,

Elas entregavam ao fazendeiro

que repassava em segurança
para mim.

Esse sistema foi posto
em prática em poucos dias.

Foi perfeito.

As mensagens começam a fluir,

carregadas
de informações cruciais:

atividades transfronteiras,
exercícios de treinamento,

deslocamento de tropas,
horários de trens,

fornecimento de armas,
fabricação de bombas.

O apetite por informação
é insaciável.

E Fred tem um dom especial
para fazer as pessoas falarem.

Foi assim que obtive informações
sobre o bunker de Hitler.

Eu não...

coagia ninguém a falar,
eles simplesmente...

falavam!

Um dos oficiais tinha acabado
de voltar de Berlim.

Ele era engenheiro

e explicou onde se situava
o bunker de Hitler.

Ele deu vários detalhes,
a espessura das paredes...

e a localização.

E eu enviei tudo isso.

O comando designa Fred
para uma missão secundária.

Com sua avançada tecnologia,
os novos caças alemães Messerschmitt

dominariam os céus.

A questão é:

eles podem fabricar
máquinas suficientes?

É como um filme de James Bond,
com um esconderijo

encravado na encosta
de uma montanha.

É a fábrica de caças alemães
Messerschmitt Me 262,

com aquelas pesadas
portas de aço.

De alguma forma,

Fred Mayer precisa se infiltrar
nesta fábrica subterrânea.

Ele surge
com um plano perfeito.

Ele descobre o que eles precisam:
mão de obra qualificada.

Então ele recorre
a seus contatos,

obtém os papéis necessários

e se torna Frédéric Mayer,
um eletricista francês.

Não foi difícil,
eu mudei a roupa...

e a maneira de pronunciar
meu nome. Só isso.

Em vez de Frederick Mayer,

me tornei "Frédéric Mayer".

Muito fácil.

Fred se infiltra na fábrica

e relata que a produção
foi interrompida.

Os Aliados conseguiram cortar
a rota de abastecimento.

PRODUÇÃO ZERADA

Até agora, Fred tinha montado

uma extensa rede de informantes
e contatos.

Sua ambição só aumentava.

Ele quer organizar e armar
guerrilheiros locais,

para tomar Innsbruck de Hofer.

Então, pensei: por que não?

Eu poderia aproveitar
meu tempo livre.

Sim, ele queria tomar o Tirol.

Ele queria criar um exército
de resistência

e tentar libertar o Tirol.

Não, eu era apenas...

um operador de rádio,

e ele queria que eu
liderasse um exército.

Acho que ele deveria
ter sido um general.

O comando rejeitou o plano
e disse que sua função...

não é organizar a 3ª frente
de batalha, ou algo assim,

mas coletar informações.

Enquanto Fred trabalha com
seus contatos em Innsbruck,

Franz permanece escondido
em Oberperfuss.

Ele fica cada vez mais apreensivo
com a segurança das irmãs,

que são cúmplices
da sua missão.

Sua principal fonte de apoio,
durante esse tempo,

é a noiva dele, Ani.

Que bom te ver!

Como é bom te ver novamente.

-Só falta o Franz.
-Sim.

Às vezes, sinto como se tudo
tivesse acontecido ontem.

-Hans queria vir, mas...
-Ele está doente?

Ele tem um problema
no coração

e foi internado.
Ele está proibido de voar.

Mamãe,

conte para nós
quando você viu o Fred.

Eu fiquei zangada com Franz
por causa do salto...

de paraquedas.

Quando ele voltou?

Sim. Ele teria levado um tiro,
se o descobrissem,

e eu estava apaixonada
por ele.

-Mas você não o repreendeu?
-Não, eu não o repreendi.

Meu pai faleceu há 10 anos

e, depois disso,
ela ficou muito triste.

Quando éramos crianças,

meu pai nunca falou
sobre a Operação Greenup.

Ele foi muito corajoso.

Eu não teria feito aquilo,
era muito perigoso.

O objetivo principal
era a ferrovia.

-Pelo Brennero?
-Exatamente.

Eu desci até o pátio
ferroviário,

fiquei olhando o lugar

e o mestre de linhas
veio falar comigo.

Como eu vestia uniforme alemão,
ele não suspeitou de nada.

Eu perguntei: "Por que todos
esses trens estão aqui?"

Ele disse: "Esses 26 trens
partirão daqui a dois dias."

Então eu enviei a mensagem,

e foi assim que destruímos
26 trens...

carregados de munições
e suprimentos,

e banidos da frente italiana.

20 de abril de 1945.

À medida que se aproxima
o fim da guerra,

os Aliados avançam
pelo oeste da Alemanha

e os soviéticos cercam Berlim.

O Terceiro Reich está
à beira do colapso,

mas em Innsbruck,

Hofer e os nazistas
continuam resistindo.

A Gestapo executa varreduras
de segurança de última hora.

Fred, disfarçado
de operário francês,

agora está morando com as irmãs
de Franz, Gretel e Ebba.

Quando Ebba foi até a porta,
eu sabia que algo estava errado.

Não havia como escapar.

Ela os deteve na porta
por tempo suficiente

para eu queimar
todos os papéis.

Seis homens vieram
com submetralhadoras.

E, sem dúvida,
com 6 submetralhadoras.

Ebba avisa Louisa,
que vai até Oberperfuss,

onde se encontra com Franz
e o informa da prisão de Fred.

Franz veio até mim.

Eu disse para irmos embora,
pois Freddie fora pego.

Franz conhecia muito bem
aquela região.

Então partimos à noite,
se me lembro bem.

Nós caminhamos pela floresta
até as 4 horas da manhã

e chegamos a uma fazenda
de um amigo dele,

que nos escondeu no celeiro.

Em Innsbruck, Fred é levado
para a prisão da Gestapo.

Seu interrogatório começa.

Eles começaram
a me esbofetear.

"Onde está o seu operador
de rádio?"

Eu tinha uma cápsula
de cianeto na boca,

mas ela caiu
enquanto me batiam.

Não pude me matar.

Ele continuaram
me espancando.

Enfiaram o cano da arma
na minha boca.

Eles me acertaram
no queixo...

e quebraram meus dentes.

Eu cuspia sangue
e dentes quebrados.

Eu mal conseguia entender
o que eles diziam.

Naquela noite, Mamanita Kershaw
organiza uma vigília de oração

pela vida de Fred.

É um momento fantástico
da missão,

um senso inigualável
de humanidade.

Nós temos esta vila que é...

ferrenhamente nazista.

Eles são católicos e começam
a rezar por um judeu.

E eles são colaboradores
dedicados.

Todos são colaboradores unidos
na igreja, naquela noite.

De volta à prisão,

Fred é submetido
à impiedosa tortura,

liderada pelo chefe da Gestapo,
Walter Güttner.

Ele era sórdido.

Eu o teria matado com uma mão
se estivesse livre.

Mas...

Ele estava disposto
a me quebrar.

E continuou tentando
me fazer falar.

Enquanto eu resistisse,
eles me manteriam vivo.

E eu vou resistir,
porque não vou entregar ninguém.

Um deles disse:

"O problema é você!"

Mas o outro disse:
"Não,

você não deveria fazer assim."

Eles me despiram

e me penduraram
de cabeça para baixo.

Eles amarraram um cinturão
nas minhas pernas

e me suspenderam
entre duas mesas.

E me bateram.

Fui chicoteado...

até o sangue jorrar.

Eles gritavam: "Onde está
seu operador de rádio?"

E eu repetia a mesma coisa.

"Je ne sais pas."

Eu não sei.

Um alto funcionário do
Partido Nazista, Dr. Primbs,

tem observado silenciosamente
a tortura de Fred.

Num momento crítico,
ele intervém.

Não há dúvida de que
o Dr. Max Primbs me salvou.

Então Güttner me pôs no chão,
porque eu estava inconsciente.

Ele sabia que eu não estava,
mas ele disse isso a Güttner.

Acho que ele pensava
que eu poderia ser útil.

Então fui levado
para a prisão.

Fred é mantido em uma cela
por vários dias.

Durante esse tempo,
outro prisioneiro,

suspeito de ser
um membro da resistência,

é torturado até a morte
por Güttner.

Por fim, o Dr. Primbs
entrou na minha cela

e disse: "Limpe-se!
Vamos dar uma voltinha".

A casa era impressionante,
parecia uma mansão.

E ali estavam reunidos...

cerca de 6 homens,
com comida e bebida fartas.

Vários tipos de iguarias.

Parecia bom.

Eu ouvi uma voz...

"Sirva-se e relaxe,
está tudo bem."

Era o Hofer.

A esposa de Hofer me cumprimentou,
uma bela mulher.

Loira, a imagem perfeita
da mulher nazista.

Eu imagino a cena,

lá estava o Freddy,
deve ter sido muito confuso.

Hofer, é claro,
tinha esperança...

de que ele seria o mandachuva
da Fortaleza Alpina.

A essa altura,

ele já devia saber
que não havia muita chance.

Então ele decidiu
que poderia usar Fred.

Fred aproveita a oportunidade

para oferecer a Hofer
uma saída.

Eu disse:
"Rendam-se às nossas tropas

e serão tratados como
prisioneiros de guerra."

Eu não tinha o direito
de fazer isso,

mas achei que era
um bom negócio.

Dessa forma,
ele continuaria vivo.

Sugeri que ele declarasse
Innsbruck

uma cidade aberta.

Ele disse: "Bom, sabe como é,
tenho um dever."

Mas aquilo fez Hofer pensar.

Fred descobre
que Hofer mudou de ideia.

Em vez de se render,

Hofer vai lutar
até as últimas consequências.

Como governador do Tirol,

ele está prestes a fazer
um apelo às armas.

O programa de rádio
já ia começar,

e eu lhe disse de novo,
antes de ele entrar ao vivo,

que fizesse a coisa certa
pelo povo

e declarasse Innsbruck
uma cidade aberta.

E foi isso que ele fez.

Fred, outrora preso
e espancado pelos nazistas,

agora livra Hofer da prisão.

É muito parecido com a cena
do filme "Bastardos Inglórios".

Franz Hofer queria imunidade
para crimes de guerra.

Fred Mayer não tinha autoridade
para conceder essa imunidade,

mas em um dos maiores blefes
da guerra,

ele disse que protegeria Hofer,
em troca da rendição de Innsbruck.

Eu dirigi
até a linha de frente

e me encontrei com o primeiro
oficial americano.

Eu disse: "Major West,
sou Fred Mayer do OSS.

Quero que você aceite
a rendição do Tirol."

Foi o que aconteceu.

Os americanos marcham
até Innsbruck,

agora uma cidade aberta.

3 DE MAIO DE 1945

-Você negociou a rendição de Innsbruck?
-Sim.

-Nenhum tiro foi disparado?
-Nenhum.

-Nenhum sangue foi derramado.
-Ainda bem.

O êxito da Operação Greenup
salvou incontáveis vidas,

encurtou a guerra
na frente italiana

e evitou que a histórica
Innsbruck fosse destruída.

Eu sinto orgulho do meu pai,
é claro.

E acho que meu pai
é um exemplo para mim.

Sempre penso
como seria se eu...

tivesse vivido naquela época.

Não sei dizer.
Só gostaria...

que eu tivesse agido certo.

Olá!

"Freddy, cadê você?"

Eu deveria ver sua imagem,
mas ainda não a vejo.

Também não consigo ver você.

Pelo menos reconheço sua voz.

-Eu vejo você agora!
"-Está me vendo?"

Sim, estou vendo a sua testa.

"Você consegue me ver?"

-Sim, agora consigo te ver!
"-Eu também!"

Você ainda tem cabelo,
assim como eu.

Dá uma olhada nele!

"Então, como você vai?
Está tudo bem?"

Não tenho queixas. Só queria
que você também estivesse bem.

Bem, saí do hospital
faz uma semana

e me sinto bem melhor
do que antes.

"-Estou em boa forma."
-Que ótimo.

Agora eles vão me dar
uma medalha...

É isso aí.

e vou espetá-la no meu pijama.

"No mínimo!"

Considero a coisa toda
um incrível golpe de sorte.

Penso que tudo isso...

é um retrato da minha vida.

Embora meus pais tenham sido
mortos pelos nazistas,

ainda acho que fui
muito sortudo.

Todos aqueles caras lutando,

enquanto eu trabalhava
numa sala confortável.

Pouca bravura de nossa parte,
exceto o Fred.

E o Franz também,
porque ele...

corria grave risco
por ter desertado.

Todos nos perguntamos
como...

reagiríamos à tortura.
É algo que te leva pensar,

se você se tornasse prisioneiro,
ou algo assim.

No caso de Fred,
sabemos como ele reagiu.

Güttner foi pego pelo CIC,

e ficou preso lá.

Eles me perguntaram
se eu queria vê-lo.

Sim, eu queria bater nele.

Eu fui até lá
e ele logo foi dizendo:

"Ouça, faça o que quiser
comigo, mas,

por favor, não machuque
a minha familia!"

ANTIGA PRISÃO DA GESTAPO
EM INNSBRUCK

Eu disse: "O que você pensa
que somos, nazistas?"

E fui embora.

Acho que você parece bem
e saudável.

Continue assim
por mais 10 anos, certo?

Não quero ficar por aqui
tanto tempo, mas...

Se cuida, Hans!

"-Você também, Fred."
-Te desejo muita saúde.

-Pra você também. Adeus.
"-Adeus."

Isto cansa.

Tem cada engenhoca incrível
hoje em dia.

Ele me parece ótimo.

Um pouco mais velho,
mas com a mesma face de menino.

NO DIA SEGUINTE À SUA ENTREVISTA,
HANS FALECEU.

VIRGÍNIA OCIDENTAL, EUA

Cumpri o meu dever.

Mas era a minha guerra.

Eu odiava os nazistas e amava
a América, foi simples assim.

Minha guerra!

Vencer foi uma sensação
muito boa.

Nós os derrotamos.

E o fato de que Hans está...

Onde poderei encontrá-lo

e onde vou me encontrar
com Franz,

é uma sensação muito boa.

Um final feliz.

O ex-diretor da CIA,
William Casey,

disse que "Greenup"

foi a operação mais bem-sucedida
do OSS no sul da Europa.

Fred Mayer, Franz Weber
e Hans Wijnberg

foram condecorados por seu papel
na Operação Greenup.

Os produtores do filme dedicam
este filme a Fred, Hans e Franz:

os Verdadeiros Bastardos Inglórios.

LEGENDA : SUB_COMANDO