All language subtitles for Leo.Reich.Literally.Who.Cares.2023.1080p.WEBRip.x264.AAC5.1-[YTS.MX]

AO VIVO DE LONDRES

Certo. Acho que vou s� andar.

Sou um g�nio solit�rio na metr�pole.

E depois corta para o t�tulo.

LITERALMENTE, QUEM LIGA?

Com voc�s,
o comediante mais novo de todos,

Leo Reich!

Meu Deus!

Meu Deus! Gente!

Sem ofensa, mas, literalmente, oi!

Antes de mais nada,
posso me desculpar pela minha roupa?

N�o tive tempo pra me trocar.

Eu tive que correr pra c� direto
do pior pesadelo do meu pai. Foi...

O dia foi louco!

Eu j� vou come�ar o show.

Antes disso,
eu gostaria de me apresentar.

Pra quem n�o me conhece, eu sou Leo.

Eu sou queer.

Ouviram isso? Esse � o som do choque.

Acostumem-se.

N�o. Eu sou queer.

Olhando assim,
parece que alguns de voc�s

tamb�m t�m uma sexualidade,
o que � ic�nico.

Muito obrigado por virem.

Pessoalmente,
me identifico como bissexual.

E, particularmente,
para mim isso significa

que eu sou 90 por cento gay

e 10 por cento

comprometido a provar que os que
implicaram comigo estavam errados.

� um caso de "eles n�o v�o vencer"!

Isso � sempre divertido.
Levantem as m�os.

Algu�m aqui odeia pessoas queer?

Ningu�m.

Ningu�m. Infelizmente, gente,

isso significa que estamos
em uma c�mara de eco.

Gente!

Precisamos come�ar a falar
com pessoas das quais discordamos.

O que faremos quando viermos
a um show de com�dia?

Sim, trazer um nazista registrado. Sim.

Vamos construir algumas pontes.

� brincadeira.
N�o acredito nisso.

Algumas ressalvas
antes de eu come�ar o show.

Quero dizer que se houver
um t�pico ou uma quest�o

que eu n�o mencionar durante o show,
por favor, n�o deduzam.

Odiaria que algu�m dissesse:

"Sim, foi meio divertido,

mas um sil�ncio ensurdecedor
sobre a fome mundial."

"Isso foi um apoio?" N�o!

Sobre a fome mundial,

� claro que eu acho que h�
argumentos �timos dos dois lados.

� s� que, pra mim, pessoalmente,

sei que outras pessoas
sabem mais sobre isso.

Ent�o vou focar a minha energia
em levant�-las. N�o literalmente!

E meio que...

E meio que amplificar as vozes delas.

De novo, n�o literalmente
nem figurativamente.

�timo!

Tamb�m acho que eu devo dizer,
s� para ser transparente,

que a grava��o deste programa
est� sendo patrocinada pelo meu pai.

N�o.

N�o. � o pequeno neg�cio do meu pai,
que � incr�vel mesmo.

Procurem por eles
depois se for poss�vel.

Eles se chamam "Deutsche Bank".

E eles fazem um trabalho
muito importante.

Cita��o necess�ria. Certo!

Acho que isso �...

A �ltima...

Desculpa. S� mais uma coisa
antes de come�ar.

Se eu parecer um pouco distra�do
ou esquecido durante a apresenta��o,

sinto muito mesmo.
N�o � muito profissional.

Mas, no meu camarim, antes de entrar,

eu tive uma percep��o angustiante

de que houve um momento
no ensino fundamental

onde eu dei uma cambalhota

e ela foi a �ltima!

Mas eu n�o vou deixar isso
afetar o show.

Vai ser cheio de com�dia experimental,

que ultrapassa os limites

e nunca vista antes
sobre apps de relacionamento.

Mas tamb�m vai ser
muito mais do que isso.

Pra mim, acho que esse show
� uma reflex�o.

Uma reflex�o
sobre o cinismo do s�culo 21,

sobre a auto-objetifica��o
incentivada pelas redes sociais,

sobre a coopta��o capitalista tardia
da est�tica queer.

� zoeira. D� pra imaginar?

N�o!

N�o. Relaxem! Vai ser engra�ado.

Mas por qu�?

Por que ser engra�ado?

Por que ser engra�ado agora?

Pra mim, quando entrei em cena,
no final dos anos 90,

para os leigos, quando eu nasci,

sinto que o mundo ficou mais sombrio.

Eu leio as not�cias
e fico com quest�es existenciais.

"Como paramos a guerra?"

"O que � a economia?" E...

O que posso fazer pra ajudar
as pessoas a enfrentarem tudo?

Ent�o nas pr�ximas duas ou tr�s horas,
vou s� tentar...

Eu vou fazer o meu melhor
pra responder algumas dessas quest�es

e vou fazer isso
atrav�s do meio mais antigo,

mais simples e poderoso de todos,

que � simplesmente falar
sobre mim mesmo.

Esta � a minha hist�ria.

E ela come�a com uma m�sica.

J� pe�o desculpas.

Esta foi a primeira m�sica que escrevi,

ent�o talvez ela soe arrogante,
bobinha ou algo assim.

Mas ela fala
das minhas experi�ncias de vida

tendo 20 e poucos anos
e crescendo nesta �poca bem assustadora.

Pois �! Podem dar o play.

Hoje

Hoje eu sou jovem

Eu gosto de come�ar cantando...

N�o. N�s n�o temos tempo.

Gosto de come�ar cantando
s� pra voc�s pensaram:

"Ele n�o precisa fazer com�dia."

E...

E tamb�m porque, pra mim, essa m�sica
� sobre a experi�ncia da gera��o Z.

� sobre a experi�ncia de crescer agora.

De certa forma, � sobre a experi�ncia
de crescer sendo queer.

Eu nunca ou�o
ningu�m falando sobre isso,

mas voc� se sente um pouco diferente
ao crescer sendo queer.

Se � que isso faz algum sentido.

Mesmo quando novo, eu me sentia
um rebelde, um estranho.

At� na pr�-escola, brincando de mam�e
e papai, eu era o gato.

� interessante, n�o �?

Me distanciar do n�cleo familiar
dessa forma.

Me portar como outra coisa,
algo bestial.

As outras crian�as gritando:
"Matem o homossexual!"

Elas literalmente disseram isso
com os olhos.

Eu sinto que n�s queer
aprendemos a atuar

e a fingir muito cedo.

Eu fingi ser h�tero por muito tempo.

E me lembro de certos momentos.

Eu lembro que, no oitavo ano,

havia uma prova de m�sica
no final do ano

onde t�nhamos que cantar algo.

E o que eu queria muito cantar

era "Maybe This Time"
do musical Cabaret.

Mas eu sabia que n�o podia,
sen�o iam falar.

Tinha que ser algo que convenceria
a todos de que eu era h�tero.

Foi o que eu fiz.
Cantei "Mercy", de Duffy.

E sim, finalmente eu era
um dos caras, mas...

a que custo?

Eu cantava: Voc� me fez implorar,
voc� me fez implorar

Todos falavam:
"Deus! Chamem uma ambul�ncia.

Este menino � viciado em vagina."

"� preocupante! � preocupante!"

Quase.

No mesmo ano,
ganhei meu primeiro valent�o na escola.

Eu chamo de "valent�o",
mas ele s� me dizia:

"Voc� � um gay pat�tico."

Acho que ele era mais
um or�culo maldoso.

Mas essa era a vibe.
Essa era a vibe na escola.

Esse tipo de homofobia disfar�ada,
que, �s vezes,

surgia de formas estranhas.
At� meus amigos faziam!

Eu lembro que, no s�timo ano,
meu melhor amigo que se chamava Ben,

veio correndo at� mim e disse:

"Sabia que se sua m�o for maior
que seu rosto,

isso significa que voc� � gay
e que tem c�ncer?"

Mesmo naquela �poca, eu disse:
"Que insano!

Que loucura que nossos corpos evolu�ram
pra fazer isso."

E coloquei a m�o no rosto.

A minha m�o � maior que meu rosto.

Minha nossa!

Naquela hora eu tive que lidar
com um diagn�stico t�o intenso.

Por um lado,
talvez eu s� viveria uma semana.

Por outro, nessa semana, eu teria

que transar sem camisinha
num quarto escuro?

Eu s� tinha 11 anos!

E, literalmente,
enquanto eu pensava isso,

Ben pulou pra frente,
bateu minha m�o no meu rosto

e foi embora correndo e rindo.

Eu me senti t�o humilhado,
que fiquei vermelho.

E, tirando todo o resto, eu ainda penso:

"Que coisa baixa de se fazer

com quem acabou de descobrir
que tem c�ncer."

Eu achava a escola dif�cil. De verdade.

N�o s� por isso, mas tamb�m porque
eu cresci na �poca das redes sociais.

Acho que tem coisas �timas
nas redes sociais. Mesmo.

Agora estou fazendo uma parceria
com o Instagram. Voc�s devem ter visto.

Funciona assim:
eu posto fotos, conte�dos,

dou a eles controle irrestrito
sobre minha autoestima,

e, em troca, eles deixam eu usar
o aplicativo de gra�a!

Mas tamb�m acho
que as redes sociais t�m problemas.

Acho que elas nos deixam desesperados
pra documentar tudo da nossa vida.

Pra nos embrulhar
pra o consumo de outros,

pra transformar
todas as nossas experi�ncias vividas

em algum tipo de conte�do compr�vel.

E eu escrevi muito sobre isso
na minha autobiografia,

que eu vou ler agora.

MATAR DE RIR
UMA AUTOBIOGRAFIA DE LEO REICH

Os meninos na escola n�o me entendiam,

mas Ben era diferente.

Faz�amos tudo juntos.

�amos para as aulas juntos,
volt�vamos de �nibus juntos,

jog�vamos Call of Duty,

no qual eu era muito bom
em fingir que gostava.

Ben gostava de esportes,

era legal, e fazia algo genial
no qual ele era alto.

A essa altura,
eu era um rom�ntico ing�nuo.

Eu queria que algu�m aparecesse
na minha porta ensopado de chuva

e me pedisse em namoro.

Eu me perguntava se Ben sabia
que eu era queer.

Se ele sabia pela forma
como eu olhava para ele.

Eu me perguntava se ele sabia
pela forma como eu o masturbava.

Eu imaginava o nosso futuro juntos.

Em 20 anos, n�s estar�amos casados.

Eu chegaria tarde em casa: "Desculpa.
Estava apagando inc�ndios no trabalho."

Estamos em 2043,
ent�o muita coisa est� pegando fogo.

E ele diria: "Tudo bem.
Isso � o que paga as contas."

E meus pais diriam:
"N�o cobramos aluguel."

E n�s rir�amos.

E mesmo que o mundo esteja acabando,

est� tudo bem,

porque Ben estende sua m�o e diz:

"Eu amo voc�."

Leo, voc� s� tem 23 anos.
Pra que uma autobiografia?

Pra mim � simples. Pra eu ser imortal.

Desta forma, mesmo que eu morra
antes dos meus netos nascerem,

ainda v�o poder me conhecer
atrav�s da autobiografia,

do meu OnlyFans.

E...

eu gosto de imagin�-los reunidos:
"O vov� vivia assim e amava assim."

Eu costumava ser um rom�ntico
� moda antiga ou algo assim.

Lembro que, na adolesc�ncia,
eu vivia sonhando

com o romance
de conto de fadas cl�ssico.

Sabemos como s�o os cl�ssicos.

O garoto conhece a garota.
Eles se apaixonam.

O pai do garoto contrata
um aprendiz mais velho.

O garoto deixa a garota por ele.
O garoto goza no p�ssego.

O aprendiz come o p�ssego

e deixa o garoto angustiado
na majestosa vila Lombardiana.

J� ouvimos isso mil vezes!

Mas voc� cresce
e percebe que a vida n�o � assim.

Ningu�m comeu meu p�ssego gozado. E...

E tudo certo. Est� tudo bem, de verdade.

Eu n�o namorei muitas pessoas
na minha vida,

o que �s vezes surpreende as pessoas.

Porque as pessoas falam
que tenho uma energia extrema

de algu�m que foi tra�do cruelmente
in�meras vezes.

Mas n�o.

N�o fui a muitos encontros,
principalmente nos �ltimos anos.

E parte disso � por causa
dos fatores circunstanciais �bvios,

minha personalidade, etc. Mas tamb�m...

� porque eu tamb�m passei
por um t�rmino complicado.

E eu estou bem.

Eu estou na pista,
voltei para os aplicativos e tal.

Sobre aplicativos de relacionamento:

n�o acho que eles s�o para mim,

porque eu estou procurando algu�m
que tenha os mesmos gostos e tal.

E quais s�o as chances
de eu entrar no Hinge

e de repente encontrar algu�m
que tamb�m gosta de viajar?

Tipo assim... Cres�a!

Eu realmente acho que a modernidade
dificultou a vida amorosa dos jovens.

Acho que, na verdade, a modernidade
dificultou muitas coisas,

como, por exemplo,
essa enxurrada de informa��o.

� t�o constante e t�o avassaladora.

Neste momento do show,
quero dar um passo atr�s.

Dar um passo atr�s, respirar fundo

e fazer algumas afirma��es.

Eu estou feliz.

Eu me conhe�o.

Ei!

Eu n�o sou pessoalmente respons�vel
por nada.

E as pr�ximas,
voc�s podem repetir comigo.

Eu sou v�lido.

Eu sou v�lido.

Minha voz � �nica, importante

e n�o ser� silenciada.

- Minha voz...
- N�o temos tempo.

Mas � esse tipo de coisa.

Esse tipo de coisa tem sido

t�o �til pra mim nos �ltimos anos.

Algumas coisas n�o t�m sa�do
conforme planejado.

Vai parecer que sou muito idiota.
Eu juro que n�o sou idiota.

Na verdade, sou bem esperto.

Keats. Foi o que veio � cabe�a.

Mas eu me sinto... N�o sei.

Acho que todas as s�ries de com�dia
que via quando era adolescente

realmente me fizeram imaginar

que meus 20 e poucos anos
envolveriam muito mais

"navegar pelo universo do namoro
na cidade grande"

e bem menos ter que procurar no Google
"n�mero de mortos".

Minhas experi�ncias nos �ltimos anos

n�o fizeram jus �quela fantasia
dos 20 e poucos anos das s�ries.

Eu vi todos os epis�dios de Friends.

N�o tem o que a Rachel pensa "foda-se"
e se masturba com a cortina aberta.

Tem sido desanimador.

Tem sido desanimador.

Acho que come�ou a me atingir
em certo ponto da pandemia.

Percebi que estava ficando mais
pessimista, mesmo sem perceber.

Eu me dei conta de que comecei a fumar
porque alguma parte minha decidiu

que valia a pena eliminar
20 anos da minha vida.

Talvez valesse a pena
se algu�m me visse e pensasse:

"Talvez ele seja franc�s."

Em um certo ponto da pandemia,

me tornei um completo c�tico
do coronav�rus. Deixa eu terminar.

Eu...

N�o digo que estava c�tico
em rela��o � ci�ncia.

S� estou dizendo
que ainda estou meio descrente

se isso precisava mesmo acontecer
durante a �nica vida que eu tenho.

Porque parece mesmo o tipo de coisa

com a qual a gente poderia ter lidado
no passado...

quando era normal adoecer,

e as pessoas tinham emocional
pra lidar com isso.

Mas n�o.
Atropelem minha juventude preciosa.

Obrigado, Bill Gates.
Retiro o que eu disse imediatamente.

Retiro o que eu disse.
N�o gosto de teorias da conspira��o.

N�o por n�o ach�-las verdadeiras.

Mas porque acho de verdade
que n�o � da minha conta.

N�o � da minha conta
o que ped�filos bilion�rios aprontam

na privacidade de suas cabalas.

S� acho que � muito dif�cil
de permanecer s�o no momento.

Nesta �poca.

Nesta �poca pol�tica
de insultos e cancelamentos.

Odeio a cultura do cancelamento.
Acho que se voc� acredita nisso,

� um nazista e deveria ser enforcado.

Mas...

Foi meio que por isso
que eu quis fazer esse show.

Para lembrar as pessoas
de que, sim,

sei que pode ser dif�cil
estar vivo agora.

Mas sempre h� algo que podemos fazer
pra ajudar o outro a superar.

Ent�o eu reuni
algumas dicas de autocuidado.

Espero que ajudem.

Voc� come�ou a sentir
Que o mundo enlouqueceu

Voc� leu as not�cias
Agora est� triste medicamente

Abusadores est�o livres
O patriarcado existe sim

Algumas pessoas nem t�m
Uma quedinha por mim

E tem alguma coisa acontecendo na �sia

Provavelmente

Est� com medo, cansado
Se sente sozinho

Voc� n�o precisa
De um aplicativo de medita��o no celular

H� uma sa�da

Fa�a o que eu fiz

� a �nica coisa que se resta a fazer

Pare de se importar com qualquer coisa

Apenas pare de se importar
E assim voc� sempre vencer�

O que voc� pensa sobre a guerra?

Absolutamente nada
Porque estou cansado de me importar

Estou t�o cansado de me desesperar

N�o vou mais fazer isso

N�o me fale sobre o carbono no ar

Eu literalmente n�o me importo

Importo, importo, importo, importo

Ei, ei, ei, ei, corta essa

S� fui at� a� com a m�sica.

Mas eu acho... N�o temos tempo.

N�o temos tempo.

Mas eu espero que...

Espero que essa mensagem se espalhe.

N�o �? Cada vez mais,

todos os dias,
n�s sofremos uma press�o grande

pra fazer o trabalho emocional
de saber sobre as coisas. E...

Eu acho que, especialmente
neste contexto geopol�tico,

pode ser f�cil de esquecer
que esses problemas existenciais,

como a mudan�a clim�tica
ou sei l� o que,

s�o solucionados basicamente com a��es
individuais pequenas e significativas.

Algo simples como investir
em um terapeuta neutro em carbono

pode fazer toda a diferen�a.

Ou s� se reajustar psicologicamente,
reajustar as esperan�as e sonhos.

Porque todos n�s, quando crian�as,
temos grandes ideias rom�nticas

sobre como ser� a vida adulta, n�?

"M�e! Quando crescer,
vou ser astronauta."

"M�e, quando crescer,
n�o vou morar com voc�."

E...

E � fofo, mas voc� cresce.

Voc� percebe
que a vida real n�o � assim.

Isso n�o � realista.

Como voc�s sabem,
eu era um rom�ntico � moda antiga,

mas eu me reajustei bastante.

Eu nem acho mais que vou casar.

E n�o me entendam mal.
Eu amo casamentos.

Eu amo casamentos.
Sou f� de uma boa ostenta��o.

E eu...

� �bvio que eu fico emocionado

com a bela musicalidade
da express�o "open bar".

Mas...

N�o sei.
Me parece t�o fora de moda!

Devem ter pessoas casadas aqui.
E outras que querem se casar.

N�o estou aqui para julgar ou desprezar
as escolhas de vida

violentamente conformistas de ningu�m.

� s� que, para mim,
parece t�o ultrapassado!

Mas eu acho que a monogamia em si
parece muito ultrapassada.

N�? Porque n�s sabemos
que a monogamia � estruturada

na opress�o e
no apagamento das mulheres.

Especialmente a monogamia gay.
Ela foi apagada. Onde ela est�?

Penso na minha rela��o com meu ex.

Tivemos s� uma ou duas conversas
que teriam passado no teste de Bechdel.

Me arrependo de ter sido c�mplice nisso.

Eu acho que...

essa ideia antiga
de um amor incondicional e duradouro...

Como ela se parece agora?

O que significa o amor
em tempos de Ilha do Amor?

N�?

Porque Ilha do Amor deve ser
um dos programas

mais insens�veis e dist�picos
que eu j� vi todos os epis�dios.

� louco.

N�o quero parecer sombrio
bem no come�o do show,

mas n�s sabemos que participantes
da Ilha do Amor tiveram

doen�as mentais e at� morreram.

E isso vai fazer parecer
que sou maluco mesmo,

mas estou come�ando a achar
que talvez n�o valha a pena.

Embora...

talvez haja algo de bom
em ter um programa de televis�o

em que o melhor cen�rio
� uma parceria paga com a ASOS

e o pior cen�rio � a morte.

Porque...

essa n�o � a verdade sobre a vida?

N�o estamos todos quicando
em volta daquele v�o

entre o patroc�nio e o t�mulo?
Eu acho que sim.

Eu acho que sim.

Acho que, se forem continuar
com o Ilha do Amor,

deveriam colocar algumas pessoas queer.

Coloquem pessoas queer, plus size,
pessoas n�o brancas.

Eu acho que, como na��o,
n�s ainda n�o vimos

essas comunidades sofrerem o suficiente.

Levem eles pra Casa Amor!

N�o. Eu... N�o.

Eu n�o acho que vou me casar.

Essa era uma discuss�o
que eu tinha muito com meu ex.

Ele era muito mais tradicional
do que eu nesse sentido.

Ele gostava muito de r�tulos.

E eu sempre fui meio c�tico com r�tulos.

Acho que eles podem limitar as pessoas,
ser bem restritivos.

"Eu sou 'bissexual', sou 'lindo',
sou 'parte do problema'."

"Sim."

Sim, mas eu n�o sou muito mais?

N�s discut�amos muito no geral.

Esse era o nosso principal problema.

E houve algumas grandes discuss�es.
Uma foi por ele ser vegano.

Ent�o sempre que sa�amos para jantar,
ele dizia:

"Como consegue comer carne
sabendo que h� milh�es de animais

sendo abatidos todos os dias?
N�o se importa?"

E eu sempre dizia: "Tudo bem. � justo.

Mas tamb�m h� pessoas
que est�o sendo mortas todos os dias.

Com certeza
dever�amos estar focando nisso.

No fato de eu
n�o estar nem a� pra eles."

"N�o vamos correr
antes de conseguirmos andar."

Quer que eu ligue pra uma galinha?

�s vezes eu n�o me importo
com meus amigos.

Ele...

Ele tinha cren�as �ticas
profundamente enraizadas.

N�o me entendam mal.
�s vezes eu tinha muita inveja disso.

Cren�as profundas
podem ser muito reconfortantes,

especialmente nos dias de hoje.

Por isso considerei ter uma religi�o.

Sempre achei religi�o
um neg�cio t�o bom!

Ela me daria um sentido pra vida toda.

Tudo o que eu teria que dar
seria o meu senso de realidade.

O que, sendo franco, eu raramente uso.

A �nica religi�o com a qual eu tenho
uma conex�o � o juda�smo

porque sou judeu.
� uma conex�o forte.

Algum judeu aqui?

Peguem eles! � zoeira.

Vamos l�! Agora podemos rir disso.

Eu n�o sei voc�s, judeus, mas...

Eu nunca curti muito o deus judeu
e o lance dos "escolhidos".

Isso sempre me lembrou
um daqueles namorados controladores,

que, no come�o da rela��o, falam:

"Escolho voc�. Amo voc�.
Voc� � �nico pra mim."

Tr�s meses depois:
"N�o coma isso. N�o saia com eles.

Se me ama, corta o seu pau!"

O qu�?

N�o. Isso � t�xico. D� um fora nele.

Tamb�m achei que seria um erro
me jogar no juda�smo

no meio dessa lembran�a global de 1939.

Muitos nazistas por toda parte.

Muitos nazistas por toda parte.

E n�o me entendam mal, � vintage, mas...

Tamb�m � assustador.

� �bvio que eu tamb�m tenho
minhas cren�as.

Meu ex dizia muito isso:

"Voc� n�o tem cren�as.
N�o acredita em nada."

Isso � loucura. Tenho muitas cren�as.

Por exemplo, eu sou socialista.

E, sempre que eu dizia isso,

ele falava: "'Eu sou socialista'.
O que isso quer dizer exatamente?"

Para mim, n�o � um compromisso concreto
a certos objetivos pol�ticos.

� mais sobre ter algo pra dizer.

E...

E eu tenho muitas outras cren�as.

N�o lembro agora
porque anotei no celular.

E perdi meu celular.

Mas...

Mas eu salvei na nuvem,

ent�o, em algum momento,
eu farei o download de novo

das minhas convic��es.

N�s brig�vamos muito.

O que estou dizendo
� que brig�vamos muito.

At� no come�o do nosso relacionamento
havia muitas brigas.

Ent�o, olhando para tr�s,
eu deveria saber,

mesmo naquela �poca,
que n�o ia durar muito.

Mas, n�o sei se faz sentido,
acho que isso me fazia gostar mais dele.

Porque sempre quero o que n�o posso ter.

� o mesmo motivo pelo qual estou sempre
pesquisando im�veis.

N�?

E votando.

Porque o romance da fantasia � sempre
muito mais sedutor

do que a dura realidade.

Desde a adolesc�ncia,
eu sempre quis o que n�o podia ter.

UM RETRATO DO ARTISTA
COMO UMA VADIA MALHADA - UM ROMANCE

Quando Leo se assumiu,

todos na escola ficaram chocados.

"E a m�sica da Duffy?"

Ele contou para Ben primeiro, � claro.

Eles estavam na casa de Ben
jogando Call of Duty.

Ben tinha acertado na cabe�a.
"Nossa! Que morte fant�stica!

Que assassinato virtual incr�vel!",

disse Leo muito naturalmente.

E ent�o ele virou pra Ben e disse:
"Ben, tenho algo pra te contar.

Eu sou queer."

E, naquele momento,
ele sentiu tanta vergonha!

Mal sabia ele que dentro de poucos anos

ele se sentiria sortudo de ser queer

por causa do estilo.

Psicologicamente,
continuaria sendo um pesadelo.

"Ben, olhe para mim", disse Leo.

E ele estendeu a m�o.

"Eu amo voc�."

Ben parou de falar com Leo,
parou de encar�-lo.

Leo come�ou a pensar que o romance
com o qual ele sonhara

n�o era realista pra ele.
Ele nunca tinha visto

uma com�dia rom�ntica
com adolescentes se masturbando.

Voc� tem que escrever sua hist�ria.

Leo come�ou a odiar Ben.

Ele desejava que o carma o punisse.
"Voc� vai ver", ele pensava.

"Voc� pode estar vencendo agora,

mas quem vai rir
quando voc� tiver um filho

e seu filho, seu �nico filho, for gay?

E eu transar com ele!"

Ent�o...

Leo, voc� s� tem 23 anos.
Por que fazer isso?

Por que escrever
uma romantiza��o da sua autobiografia?

Bem...

Porque eu acho que, como queer,
n�s temos que aprender a ocupar espa�os.

Aprender a ocupar espa�os,
a dominar os espa�os,

a alugar esses espa�os pra ter lucro.

Foi por isso que eu virei um senhorio
e por isso que escrevi esse livro. E...

N�o quero parecer sincero demais
sobre isso,

mas � por isso que �s vezes
eu me sinto meio "importante",

como um comediante queer.

� verdade. Posso ficar
diante de plateias como essa e falar:

"Se voc� � queer, isso � normal.

Se voc� � queer,
isso � totalmente normal."

Ao passo que, quando eu sou queer,
isso � especial.

N�s vemos essa pequena diferen�a?

N�o estou falando que sou um guru
ou um l�der de pensamento.

S� tenho 23 anos,
o que a revista Forbes descreveu

como uma das idades
mais jovens no top 25.

Mas...

Eu sinceramente acho que �
uma d�diva conflitante ser jovem agora.

As pessoas criticam tanto os jovens!

Hoje em dia os jovens s�o t�o sens�veis!

Est�o t�o desesperados
pra se fazerem de v�timas!

E eu levo isso para o lado pessoal,
porque...

Eu honestamente acho
que nunca foi t�o dif�cil ser jovem.

Acho mesmo.

N�s temos que planejar nosso futuro
no meio desse caos?

Eu nem sei se comediante
ser� uma profiss�o em dez anos.

Talvez eu tenha que ser o bobo da corte

pra celebridade de Instagram

que conseguir assumir o controle
da maior parte da �gua.

E...

� dif�cil.

� dif�cil se planejar
pra daqui a cinco anos

quando, basicamente, vou acabar
dando cambalhotas pelado

na esperan�a de receber
meu drinque di�rio

pela monarca local Dua Lipa.

� dif�cil.

E n�o me levem a mal. Se houver
pessoas mais velhas aqui,

tenho certeza de que tamb�m � dif�cil

ser velho.

Deve ser insuport�vel.

Eu sei. � muito f�cil para os jovens
criticarem os mais velhos.

� muito f�cil pra n�s

esquecermos que,
quando nossos av�s estavam crescendo,

n�o havia essa linguagem nova.
Antigamente as coisas eram simples.

Voc� � homem ou � mulher.

Voc� � heterossexual
ou um dem�nio bicha. � claro.

E a�, de repente, num piscar de olhos,

tudo � "n�o bin�rio",

"Uber Eats". � muito confuso.

Ent�o eu gostaria de,
neste momento do show,

pensar no que os mais velhos passam.

Li algo horr�vel esses dias.

H� milhares de pessoas em Londres agora

com mais de 50 anos,

e ningu�m est� falando sobre isso.

Espero que isso os ajude a se conectarem

com as pessoas
mais velhas em suas vidas.

Cansado e sozinho

Sem um lugar para chamar de casa

A menos que voc� conte
A linda mans�o georgiana de nove quartos

Que voc� tem

Sua pele come�a a ficar fl�cida

Voc� n�o consegue ter uma ere��o

A �nica coisa que voc� est� fodendo

� com todos n�s em toda elei��o

E quando seus netos

Reclamam com voc�

Voc� diz que eles n�o sabem
O que � sofrer de verdade

Eles n�o viveram
a Segunda Guerra Mundial

Mas voc� tamb�m n�o

N�o

Porque voc� s� tem 72 anos

M�sica para os idosos

Voc�s t�m seus quadris complicados

Apenas vagando pelo jardim

Deve ser horr�vel ser velho

Horr�vel ser velho

Talvez voc� nem viva para ver

O apocalipse

Pelo qual voc� lutou tanto

Jovem ou velho.

N�s n�o temos tempo!

Um dos piores p�blicos que eu j� tive.

Jovem ou velho, todos temos problemas.

Todos temos dificuldades e sofrimentos.
Principalmente agora.

Por isso quis fazer o show,

pra lembrar as pessoas
de que h� coisas a se fazer.

Me manter distra�do.

Foi essencial para mim...

nos �ltimos anos.

Me manter distra�do com quaisquer

projetos criativos emocionantes
que eu tenha em andamento.

"Rrretu."

"Rrretu."

Eu inventei essa palavra.

Mas n�o pensei no significado.

Vai ter a ver
com a perda devastadora da inoc�ncia

ou ser� um prato com arroz.
Ainda n�o sei.

Mas pode ser mais simples que isso.

Pode ser algo t�o simples
quanto ir ao cinema.

Isso foi uma distra��o �til para mim.

Eu vejo qualquer coisa,

desde um sucesso de bilheteria
de Hollywood de super-her�i

at� um filme independente pequeno
e corajoso sobre super-her�is.

Eu n�o ligo.

Eu devo dizer que tenho um ponto fraco
no meu cora��o pelos filmes da Marvel,

s� por serem os �nicos
que sinto que me representam,

porque eu sempre me vi

como um ralo in�til na nossa cultura.
Ent�o...

Eu estou escrevendo
o meu pr�prio filme de super-her�i.

� baseado nas minhas
experi�ncias de vida.

� sobre um menino que � mordido
por um hom�o lindo e radioativo e...

� um pouco de divers�o.

Sempre h� um pouco de tens�o
no recinto nesta hora.

Eu tenho que esclarecer
que me identifico como gostoso.

E alguns aqui devem estar pensando:
"Eu n�o acho voc� gostoso."

Est� tudo bem. Eu n�o vim aqui
para envergonhar

os desejos radicalmente
n�o tradicionais de ningu�m.

N�o vim. Eu vim aqui pra conscientizar.
S� n�o decidi sobre o qu�.

Essa foi outra coisa muito boa
sobre o t�rmino.

De repente eu tinha toda uma liberdade
pra experimentar sexualmente.

E eu amo sexo.

Principalmente o sexo gay.

Que eu acho que tem uma vantagem.

Apenas em rela��o ao mist�rio envolvido

sobre o que de quem vai entrar onde.

H� muitos pap�is a serem interpretados.
E gosto da teatralidade disso.

� complicado, �bvio, mas h� basicamente
dois pap�is principais.

Voc� pode fazer dois sons:
"Hugh" ou "ah".

� meio que uma trilha
que se divide no bosque.

Peguei a trilha menos percorrida.

Ai! Na verdade, n�o.
Esse � um poema que escrevi.

Muitas piadas sobre gays no show.

Muitas piadas sobre gays.

Me preocupo com isso.

N�o quero que venham me falar:
"Voc� � o que faz piadas sobre gays."

Qualquer um dos meus amigos pr�ximos
pode dizer

que n�o h�, literalmente,
nada que eu odeie mais

do que quando descrevem
com precis�o as minhas a��es.

E meu ex fazia muito isso:
"Voc� disse isso ontem."

As pessoas mudam. Elas crescem!

E simplifica o que eu estou fazendo.
"Piadas sobre gays."

Na verdade, estou muito interessado
no simbolismo po�tico em camadas

do anal.

Porque, gozar na bunda,
como as crian�as dizem,

� um gesto poderoso.

N�? Que gesto poderoso
de esperan�a em ru�nas.

� como plantar
uma semente no deserto. Nossa!

Nossa! � o que eu digo
quando fa�o isso. Nossa!

Estou falando sobre anal
entre gays principalmente.

Eu entendo que casais heterossexuais
tamb�m podem fazer sexo anal,

o que � claro que eu acho
que � problem�tico.

Eu tive o desprazer de ver isso
com meus pr�prios olhos

porque eu pesquisei. E...

S� vou dizer o seguinte:

parece que eles est�o gostando,
mas tem uma presun��o.

Algo do tipo "temos outra op��o".

Eu acho que � pura performance e falso.

Eu amo sexo. � o que estou dizendo.

Pra mim, no sexo � onde eu realmente
me encontro como ator.

N�o posso ser eu mesmo durante o sexo.

Sen�o, eu ia dizer coisas do tipo:
"Se eu morresse, voc� choraria?"

N�o sei se sabem disso,
mas o que deveriam falar durante o sexo

s�o coisas bem confiantes,
como "com certeza".

Sabem? Ou tipo "100 por cento".

Li isso em algum lugar.
O que estou dizendo

� que, sexualmente,
� muito importante ser animado.

E foi algo que descobri

em uma das primeiras vezes
em que transei,

que � uma hist�ria t�o velha
quanto o tempo.

Cantem comigo se souberem a letra.

Eu tenho 19 anos, ele, 24

Ele est� dando uma festa

Est� acabando, e ele diz: "Quer ficar?"

Eu digo: "Sim, vamos aprontar"

Ele pega na minha m�o e me puxa

S� para eu saber que sou dele

E quando eu me aproximo para um beijo

Ele vira para mim e diz

"Se voc� pudesse ir agora
E voltar quando todos tiverem ido

Isso seria incr�vel

Porque prefiro estar morto e enterrado
do que descobrirem que nos tocamos."

Estou parafraseando

Ent�o eu ouvi isso

E, por dentro, eu comecei a gritar

Aquelas quatro palavras

Casamento primaveril, tema pastel

Transar com algu�m que me odeia
� a �nica coisa que me excita

Transar com algu�m que me odeia muito

N�s j� temos tanto em comum

Transar com algu�m que me odeia

Tudo bem achar isso atraente

Transar com algu�m que me odeia muito

A primeira vez que vi porn� pesado
Eu tinha nove anos

� muito novo pra ver.

Porn� pode dar expectativas irrealistas
sobre como o sexo deveria ser.

Por um tempo,
eu s� conseguia gozar durante o sexo

se todos os m�veis parecessem couro.

Corta para uma hora depois

Est�vamos fazendo um sexo gostoso

Eu estava fazendo
Meus movimentos cl�ssicos

Como ficar deitado e beijar

Claramente ele j� fez isso antes
V�rias vezes

Ele est� acelerando o ritmo

Com as duas m�os, ele me puxa

E, de repente, cospe na minha cara

Na �poca, eu n�o sabia
que se faz isso com o parceiro sexual.

Eu achava que era algo que se fazia
com um pivete na rua.

Se voc� for um vil�o da Disney.

Ele cuspiu no meu rosto e disse:
"Gostou disso?"

E eu pensei: "Seja animado."

Ent�o eu disse em voz alta:

"Cem por cento."

E ele amou isso. E ele me odiava.

O que era incr�vel ou terr�vel
ou algo assim.

� claro que, em algum momento, talvez
eu queira mais da minha vida sexual.

Em algum momento, talvez eu queira
encontrar algu�m que me ame.

Sei l�. Porque todos n�s merecemos amor.

Eu li isso em um quadro branco
em uma esta��o de metr�.

Em algum momento,
talvez eu queira amor,

flores, velas
e uma posi��o sexual tradicional.

Algu�m me olhe no olhos
e diga: "Voc� esqueceu de tirar o lixo!"

Mas, quando eu quiser isso, ser� f�cil.

Eu vou transar com algu�m que me ame

Quando eu finalmente encontrar
A pessoa certa

Quando eu transar com algu�m
Que me ame muito

E me respeite

E me apoie

Eu...

Vou achar dif�cil gozar

Essa � uma m�sica sobre sexo.

Eu acho que o sexo
� uma forma de entretenimento

muito positiva e f�sica.

Acho que esse � o nome do jogo, n�?

Seja positivo.

Pode ser dif�cil ser positivo agora,
mas h� formas de fazer isso.

Recentemente li dois ter�os fascinantes
de uma manchete. N�o sei se algu�m viu.

E dizia que quando voc� se sente
sem esperan�a, perdido ou depressivo,

voc� pode se for�ar a sorrir

e o movimento muscular aciona
as mesmas endorfinas

como se voc� estivesse feliz.
Ent�o voc� finge felicidade.

Voc� sorri, d� um joinha, faz dancinhas,

e isso aciona...

Isso me ajudou em tr�s funerais.

E...

E isso mostra que n�s controlamos
como nos sentimos.

Escolhemos a nossa pr�pria realidade,

ent�o por que n�o escolher viver

uma realidade mais esperan�osa
e otimista?

Fiquei inspirado recentemente.

Eu estava mostrando Londres
pra minha amiga americana.

Em um determinado momento, ela me disse:

"Se n�o fosse por n�s,

voc�s estariam falando alem�o."

E eu fiquei tipo...

"Isso � t�o legal!"

Escolher viver em um mundo

onde a pior coisa que teria acontecido

se Hitler tivesse ganhado a guerra,

seria a mudan�a lingu�stica.

Eu me senti melhor
ao imaginar judeus brit�nicos

marchando pra morte,
e os ingleses falando:

"Sortudos! Pelo menos n�o precisam
aprender alem�o.

S�o tantos tempos verbais!"

� muito importante permanecer positivo.
Acredito mesmo nisso.

Esse foi outro problema do meu ex.
T�o negativo!

T�o negativo o tempo todo!

"O mundo est� em chamas.
Temos que ajudar."

"Voc� beijou outro." E isso te desanima.

Como uma corda no seu pesco�o.
E � uma pena tamb�m,

porque, de muitas maneiras,
foi um relacionamento t�o bom!

Foi um relacionamento rom�ntico.

Quem n�o quer sair
com seu amor da inf�ncia?

E, de certa forma,
era isso que Ben era pra mim.

Ent�o, quando nos reconectamos
no ano passado,

eu imediatamente pensei
que toda a nossa hist�ria juntos

daria ao nosso romance uma liga��o
t�o chamativa e relacion�vel

que, desde o encontro fofo
at� a cena do rompimento,

tornaria tudo t�o cinematogr�fico.

LITERALMENTE AMOR
UMA COM�DIA ROM�NTICA POR LEO REICH

O exterior. Parque. � tarde.

Close em um garoto em um banco.
Nosso her�i.

Leo, 23 anos, parece perdido,

um pouco triste,
quase d� pra dizer "malhado".

Ele n�o sabe o que h� de errado com ele.

Pode estar faltando algo ou algu�m
na vida dele?

De repente, na multid�o,
ele repara em Ben.

Vinte e tr�s anos,
alto, cabelo castanho.

Alto.

Eles se olham.

Ben acena.

Corta para...
Duas semanas depois.

Interior. Restaurante,
mas de um jeito autoconsciente.

Leo se senta de frente pra Ben.

Ele parece mais relaxado,
mais confort�vel, mais musculoso.

"Como voc� est�? Quanto tempo!
O que voc� tem feito?

Voc� teve aquele filho gay?"

Corta para...

Tr�s semanas depois. Interior.

O apartamento suntuoso
de Leo em Londres,

e nunca explicamos
a grana por tr�s disso.

Ben est� parado na porta de Leo,
encharcado de chuva.

"Namorado?

N�o. � s� um t�tulo. Eu...

Sim. Vamos l�."

Corta para...

Quatro meses depois. Interior.

A majestosa vila Lombardiana.

Close em Leo e Ben
masturbando um ao outro.

"Desculpa. Podemos parar?"

"N�o. Essa � a fantasia,
mas, de repente, parece t�o real!"

"N�o. Vamos...

Vamos tentar de novo com o p�ssego!"

Corta para...

Quatro meses depois. Interior.

O apartamentinho horrendo de Ben.

Ben e Leo discutem.

"Voc� escolheu ficar com esta pessoa.

Este � quem eu sou. Um artista.

Se voc� n�o aguenta me ver
dividindo minha arte com o mundo,

ent�o talvez
n�o dever�amos estar juntos.

Bem, eu acho que os meus nus s�o arte!"

Corta para...

Tr�s noites depois. Interior.

Boate gay,
mas n�o de um jeito autoconsciente.

Leo est� b�bado. N�o h� sinal de Ben.

Ele conversa com um homem muito gato.

"Eu n�o diria 'namorado'.

N�s n�o damos r�tulos
porque eles foram inventados pela igreja

pra enganar as pessoas
e faz�-las se amarem.

Caralho!

Que porra � essa? Voc� me mordeu!

E � radioativo!"

Corta para...

Entret�tulo. "A Marvel apresenta:

Garoto Genial e Sexy"!

Nesta cidade, o superpoder verdadeiro
� ser voc� mesmo.

E voar.

Ent�o quem... N�o.

Quem interpretaria voc�
no filme da sua vida?

Pra mim...

Para mim seria Lupita Nyong'o.

Me chamem de "corajoso"! Por favor!
Por que fazer isso?

Por que expor t�o cruelmente

a hist�ria do seu relacionamento
no filme

e mostrar que � um traidor?
N�o � constrangedor?

Bem, primeiramente "constrangedor".
Precisamos desconstruir

esse desejo regressivo e envergonhado
de manter tudo privado.

E "trair" � uma palavra t�o forte!

E as palavras s�o o qu�? R�tulos.
E sempre fui contra r�tulos.

"Trair."

O dicion�rio define "trair"
como "violar regras".

Mas quem fez as regras?

Um homem branco, h�tero e chato
numa sala de reuni�o?

N�o, obrigado!

"Infiel."

Infiel?

� s� dizer "judeu".

Nem foi por isso que terminamos.

Literalmente,
enquanto est�vamos terminando,

Ben me disse: "N�o ligo
que voc� tenha beijado outra pessoa.

N�o ligo pra isso.
N�o ligo que n�o concordemos em nada.

Eu s� ligo pra voc�."

E ent�o ele estendeu a m�o e disse:

"Eu amo voc�."

E eu queria muito dizer de volta.

Mas alguma parte minha dizia
que se eu estendesse a m�o para toc�-lo,

ele iria bat�-la na minha cara
e sairia correndo e rindo.

E eu n�o podia arriscar!

Eu tinha acabado
a quimioterapia, literalmente.

Eu n�o consegui dizer de volta.

N�o consegui.
E ele estava muito triste comigo.

Em parte, foi porque
enquanto est�vamos terminando,

eu estava t�o triste, que eu sorria.

Ele disse:
"Voc� acha imposs�vel ser vulner�vel.

Voc� nunca faz nada pra ningu�m.

E se esconde atr�s desse
personagem ir�nico e desinteressado

pra evitar a dor de se importar
de verdade com alguma coisa."

E ele estava certo.

Ben queria que eu o amasse,

mas como construir um futuro
com algu�m que voc� ama

quando n�o h� mais futuro?

S� h� o presente. Vivemos o agora

atuando para os outros.
E foi neste mundo que cresci.

Um mundo onde as redes sociais
nos fazem nos vender

como se nossa personalidade fosse
algum tipo de mercadoria destac�vel

com valor de mercado atribu�do.

Autenticidade. Vulnerabilidade.

O que essa palavras podem significar

em uma cultura onde a �nica linguagem
que temos pra nos expressar

� formada pelo jarg�o corporativo vazio
do individualismo progressista?

Essa linguagem pseudopol�tica,
performativa e sem sentido nos manipulou

a fazer o trabalho emocional
de perpetuar met�foras

que violam os limites do discurso
e controlam nossas experi�ncias vividas!

Porque narrativas...

s�o hist�rias.

E hist�rias s�o palavras.
E palavras s�o viol�ncia.

E viol�ncia � problem�tica.
E isso � v�lido.

Terapia.

Assimilem isso.

Depois olhem pra si mesmos.

Cortem as pessoas t�xicas
dos seus fundos de garantia e digam:

"Ei!

Eu sou eu."

Por que n�o s�o as nossas diferen�as

que, essencialmente,
nos fazem diferentes?

Bem, h� um lugar onde n�s n�o achamos
que essa ideia � t�o doida.

Deutsche Bank.

Leistung aus Leidenschaft!

Por que fazer isso? Voc� s� tem 23 anos.

Por que escrever
uma hora de com�dia patrocinada

baseada na romantiza��o
da sua autobiografia?

Pra retribuir.

"Voc� nunca faz nada para ningu�m."

Fa�o isso
como uma representa��o pra voc�s.

Eu sou um dos primeiros judeus
a tentar fazer com�dia stand-up.

Eu sou um dos primeiros artistas gays.

Sou um dos primeiros membros
da Soho House a satirizar privil�gios.

Isso tem significado!

Eu fa�o isso
pra mudar a cabe�a das pessoas.

Provavelmente, quando comecei a falar,

voc�s pensaram:
"Mais um cara chique de Londres.

Ele provavelmente nunca sofreu na vida."

E eu mostrei a voc�s que n�o devem
julgar uma cozinha por sua ilha.

Porque eu sofri!

Eu sofri todos os dias.

Devem estar pensando:
"N�o sofreu pra valer.

Nunca foi oprimido."

Li algo interessante um dia desses.

Mesmo que n�o tenha sido oprimido,

voc� pode agir como tal,
e isso ativa as mesmas endorfinas!

Eu estou ajudando!

Gosto de pensar que meus ancestrais
judeus morreram lutando contra nazistas

pra que eu pudesse estar aqui hoje...

enquanto o fascismo surge de novo
pra contar minhas piadas sobre gays

pra pessoas que j� concordam comigo.

Quando pessoas me perguntam o que fa�o,
eu nem digo com�dia,

eu digo ativismo, porque acho de verdade

que eles nem v�o verificar!

E o lance com Ben...

O lance com Ben
foi apenas uma diferen�a de opini�o.

E todo mundo tem o direito de ter
a opini�o que quiser inventar.

Ben queria que eu o amasse,

mas como amar outra pessoa
antes de se amar, certo?

Como se importar com algo
antes de se importar consigo mesmo?

Como falar sobre qualquer coisa
antes de falar sobre si pr�prio?

Ben queria amor, intimidade e conex�o,

e isso � muito v�lido.

Eu tamb�m queria.

Mas ent�o eu cresci.

E eu me reajustei
e agora quero muito mais.

Eu quero muito mais.

E o que eu quero tamb�m � v�lido.

Quero estar em p�gina de fofoca
antes de tudo derreter,

e isso � v�lido.

Quero me perder caminhando no cen�rio
do protetor de tela do meu MacBook,

e isso � v�lido.

Eu quero reorganizar, fundamentalmente,
desde o in�cio

o quanto pare�o musculoso nas fotos.

E isso � v�lido.

E tudo que eu penso e fa�o

E tudo o que eu disse a voc�

Apesar de nada disso ser verdade

No final do dia

Tudo ainda � v�lido

Surpreendentemente v�lido

Definitivamente � v�lido

T�o perfeitamente v�lido

Verdadeiramente v�lido

Eu sou vulneravelmente v�lido

Todos n�s somos t�o v�lidos,
V�lidos, v�lidos

Vamos l�!

Eu era como voc�, eu tinha muito medo

Eu via as not�cias sozinho na minha cama

A temperatura sobe, todo mundo morre

S� duas ou tr�s coisas restantes
A serem normalizadas

Mas n�o h� nada que eu possa fazer
Para mudar isso

Ent�o, tipo, foi mal, pessoal

Voc� est� com medo, cansado
E se sente indisposto

Levante! Est� um belo dia no Inferno!

H� tantos coment�rios a serem escritos!

H� tantos ch�s para a barriga
Para vender

Ent�o pare de se importar
A menos que tenha uma fortuna

S� pare de se importar

� pela minha sa�de mental

Eu sou o protagonista da vida

E eu nunca n�o vou existir
E isso � v�lido!

E se eu precisar de um plano melhor

Eu vou aproveitar o dia,
Vou viver no presente, cara

E vou verificar meu celular
Enquanto ainda posso

Porque eu sou v�lido

Surpreendentemente v�lido

Definitivamente � v�lido

T�o perfeitamente v�lido

� v�lido parar de se importar

Antes que comece, pare de se importar,
Antes que fique real demais

N�o diga que me ama, isso n�o � justo
Quando eu literalmente n�o me importo

E se eu come�ar a pensar

Talvez desta vez

Talvez desta vez

Talvez desta vez

Vou transar com algu�m aqui que me odeia
At� isso passar

Vou transar com algu�m
Que me odeia muito

Estou de joelhos e estou implorando

Pra quebrar o v�nculo
e tuitar meus nudes

N�o sabe que n�o h� mais nada a perder?

Quando voc� se sente triste, assustado
E perde todas as esperan�as

Est� tudo bem

Porque voc� pode apenas
Ignorar as coisas

E eu li a mais incr�vel

Primeira metade de um tu�te que dizia

Aja como quem n�o se importa

Isso aciona as mesmas endorfinas

Afirma��es, pessoal!

Eu estou feliz!

Est� tudo bem!

Eu tive Facebook aos nove anos!

Estou encontrando meu eu verdadeiro

E o estou postando na Internet!

Pensem nisso.

Tenho nove anos de idade.

Estou dando minha �ltima cambalhota.

Um �ltimo movimento pra frente

natural e n�o analisado

e eu estou me divertindo demais.

E eu nem penso em aproveitar?

O que � isso?

Pra mim, essa �
a porcaria da defini��o de "rrretu".

Vamos l�.

Hoje

Eu sou jovem hoje

PARA ADAM BRACE

Legendas: Raquel Pereira