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O sol no centro do sistema solar

é um objeto
incrivelmente quente.

É uma bola de gás
quente e furiosa.

A atmosfera é muito mais quente

do que a superfície e
não sabemos por quê.

Para poder ver
verdadeiramente o sol,

seu interior, sua
superfície, sua atmosfera,

temos que ir para o espaço.

Tivemos espaçonaves que chegaram
tanto quanto o planeta Mercúrio.

Mercúrio é conhecido como
o planeta dos extremos.

É o planeta que se formou
mais próximo do sol.

O lado diurno de
Mercúrio tem mais 450ºC,

o lado noturno cerca
de menos 180ºC.

Está tão perto do sol,

que as dinâmicas são
muito mais poderosas.

Mercúrio é o lugar mais fácil de
chegar em nosso sistema solar,

onde podemos medir o clima
espacial, o vento solar,

combinando com o campo
magnético planetário.

Identificamos o
objeto de acoplamento.

Se o cálculo estiver errado

a missão não é bem-sucedida.

Acontece que uma nova
descoberta foi feita.

Encontramos o que acreditamos
ser gelo em Mercúrio.

Vamos para o
ambiente mais extremo

em todo o sistema solar.

Vamos entrar e tocar o sol.

Três, dois, um, zero.

Esta é a história
da exploração do sol

contada por aqueles
que ousaram fazê-la.

A última etapa em nossa
busca para descobrir

os segredos do sol e os
mistérios de Mercúrio.

Isso é adeus, nave espacial.

SEGREDOS DO SISTEMA
SOLAR: SOL & MERCÚRIO

A humanidade está em uma busca
constante por conhecimento.

Temos a tendência de fazer
perguntas e nos perguntar por quê.

A natureza é olhar para
cima e olhar ao seu redor

e querer entender o
que está ao seu redor.

E a primeira coisa quando alguém
viu ao olhar para cima foi o sol.

Estudar o sol
sempre foi difícil,

principalmente porque
ele é muito brilhante.

Ele queima seus olhos,
queima suas chapas fotográficas,

ele queima tudo se você
não fizer isso com cuidado.

Acho que ele foi
ao longo dos anos,

visto às vezes como amigo e
outras vezes como inimigo.

Foi descrito na
literatura e na arte

como o ardente senhor da
guerra do sistema solar.

Doador da vida,
mas durante os eclipses solares,

todas as civilizações tinham
medo que o sol não voltasse,

porque eles
confiavam muito nele.

O sol é uma constante
em nossas vidas.

Ele sobe todas as manhãs,
se põe todas as noites

e ainda assim quando
olhamos para o sol

vemos que ele não
é nada constante,

é uma estrela em constante
mudança e incrivelmente ativa.

Astrônomos chineses
estiveram entre os primeiros

a registrar o comportamento do
sol há cerca de 2.800 anos atrás.

Eles notaram que manchas
escuras às vezes apareciam

em sua superfície e
depois desapareciam.

Mas seria necessário a
invenção do telescópio

para os humanos
realmente começarem

a realmente desvendar os
mistérios da nossa estrela.

No verão de 1610,

surpreendentemente e um tanto
tolamente diríamos hoje,

Thomas Harriet olhou
através de um telescópio

diretamente para o sol.

Ele fez isso no início da manhã,

quando havia uma
névoa no horizonte,

de modo que a luz
do sol estava fraca,

mas ele olhou
diretamente para o sol

e viu na sua superfície
manchas pretas.

O registro que ele deixou
para nós foi um desenho do sol

com as manchas na superfície.

Mas o observador mais famoso
de manchas solares foi Galileu

e ele fez desenhos intrincados e
absolutamente fantásticos das manchas solares

e ele as monitorou,
em particular durante o verão de 1612,

permitindo-nos ver onde as manchas
solares estavam se formando.

Ele foi capaz de mostrar
que o sol girava.

Ele foi capaz de mostrar que o
sol girava em taxas diferentes

dependendo da latitude do sol

e ele nos mostrou que o sol
não é este objeto perfeito,

ele tem manchas,
mas é interessante e está mudando.

Galileu pensou que
as manchas solares

provavelmente eram nuvens que
se formavam na atmosfera do sol.

Então, 200 anos depois,

um conjunto totalmente
diferente de observações

sugeriam que a Terra e o
sol podiam ter algum tipo

de misteriosa conexão invisível.

Em 1806,
o explorador e geógrafo Prussiano

chamado Alexander Humboldt,

percebeu que durante uma noite

onde houve uma forte
exibição da aurora,

a agulha da sua bússola
desviou de seu rumo normal.

Então, quando a exibição
da aurora diminuiu,

a bússola voltou para
a sua posição anterior.

Na verdade,
de maio daquele ano até junho de 1807

ele fez leituras da
bússola a cada meia hora,

da meia-noite até a manhã.

E em seu trabalho ele
descobriu um fenômeno

que ele chamou de
tempestade magnética.

Hoje a chamamos de
tempestade geomagnética,

uma perturbação do campo
magnético da Terra.

Humboldt concluiu que tudo o
que estava por trás da aurora,

as luzes do norte e do sul,

tinha um impacto
magnético na Terra.

A medida que as investigações sobre
os mistérios do sol continuaram,

mais e mais fenômenos
estranhos foram vistos.

Em 1859, Richard Carrington,
um rico cervejeiro de Surry, na Inglaterra,

cuja paixão era ver
o sol todos os dias

e desenhar o que ele
via na sua superfície.

E ele percebeu um dia
no início de setembro,

quando ele estava desenhando
suas manchas solares,

ele viu duas regiões
brilhantes se formarem,

que brilhavam muito forte.

E ele ficou tão chocado
que saiu correndo

para encontrar alguém para
vir confirmar o que ele viu,

uma nova e incrível descoberta,

que ninguém nunca
tinha visto antes,

e ele queria uma
segunda opinião.

Mas quando ele voltou,

as manchas brancas brilhantes
diminuíram em brilho

e se moveram.

Ao mesmo tempo,
no Observatório Sky Garden de Londres,

um dispositivo extremamente
sensível chamado magnetômetro

que monitora o campo
magnético da Terra,

registrou uma
anomalia repentina.

Então, 17 horas e meia
depois, a aurora surgiu.

Através dos Estados Unidos,
da Inglaterra e vários outros lugares,

na Índia, onde eles tinham
sistemas telegráficos,

todos eles pararam de funcionar.

Foram geradas centenas de volts
de eletricidade nestas linhas.

Uma pessoa em Washington
quase foi eletrocutada.

Aparentemente outra estação telegráfica
foi incendiada em Connecticut.

A Aurora Borealis que normalmente
se vê nas regiões árticas,

agora podia ser vista em
Cuba quase diretamente acima.

No Japão foi relatada uma
profunda aurora vermelha carmesim.

Mineiros em Pike's
Peak, no Colorado,

basicamente acamparam à uma
da manhã pensando que era dia,

eles estavam preparando
o café da manhã.

Porque estava tão claro.

Então, quando Richard
Carrington viu algo no sol

e as pessoas viram ao mesmo
tempo um evento da Terra,

eles começaram a pensar,

sim, há algo acontecendo aqui.

Carrington descreveu
suas observações

das explosões solares na
Royal Astronomical Society

em Londres naquele novembro.

Foi a primeira vez que um
evento na superfície do sol

estava diretamente
ligado a eventos na Terra

mas a causa desta
estranha conexão

permaneceu um mistério até a
invenção de novas tecnologias.

A verdadeira revolução da
astronomia não aconteceu

até o advento da fotografia,

começando com o
método daguerreótipo.

E isso foi adaptado para
uso em um telescópico

e finalmente a primeira
fotografia do sol foi tirada.

George Ellery Hale,
no final de 1890,

foi o primeiro a
desenvolver um instrumento

chamado de
espectro-heliográfico,

onde ele basicamente
selecionou uma linha espectral,

eu acho que era a H-alfa,
a linha do hidrogênio atômico,

e ele reproduziu essa linha
em uma chapa fotográfica

para construir uma imagem do sol

visto à luz apenas desta
transição particular de átomo.

E então, de repente, isso reduziu
o brilho do sol um milhão de vezes

e agora podíamos
fotografar o sol

e ver o seu brilhante
anel de luz.

Usando esta técnica,

Hale estabeleceu que havia
fortes campos magnéticos

nas manchas solares
na superfície do sol.

Outra tecnologia que foi usada
para desvendar os segredos do sol,

resultou em uma descoberta
ainda mais intrigante.

A atmosfera nebulosa que vemos

durante um eclipse solar
total - a corona solar,

ela é mais quente do
que a superfície do sol.

E isso realmente
não faz sentido,

isso vai contra
as leis da física.

Ao nos afastarmos de um corpo
quente, deveria ficar mais frio,

mas algo está
acontecendo nesta região

que está aquecendo este
material de uma forma incrível.

E não sabemos por que,
se está tão quente,

por que o gás fica no sol?

Materiais quentes
movem-se muito rápido

e se as moléculas de gás viajam mais
rápido que a sua velocidade de escape,

deveria haver um vento
fluindo para longe do sol.

E essa ideia
radical foi prevista

pelo astrônomo
Americano Eugene Parker.

Em 1958, pensava-se que o
espaço era um vácuo rígido

e enquanto a luz e o calor do
sol poderiam atravessar o espaço,

a enorme gravidade
do sol impediria

que qualquer matéria como
o gás nos alcançasse.

Mas Parker pensava
de forma diferente.

Na década de 1950,
as pessoas pensavam que o espaço era vazio

que era um vácuo,
que não havia nada nele.

A ideia foi desmentida
por várias observações.

Ele passou pela matemática,
ele passou pela física,

e previu que a atmosfera quente
do sol tem uma alta pressão,

então o gás quer se expandir,

enquanto isso,
a atração gravitacional do sol

tenta segurar o gás,

então temos essa
competição de forças.

E se subirmos de altura
na atmosfera do sol

chega-se a um ponto onde
a atração gravitacional

não é capaz de superar
o impulso do gás quente.

E há uma consequência
muito importante disso.

O gás flui para o sistema solar,

o sol está literalmente
se expandindo no espaço.

Eu percebi que tínhamos
a expansão supersônica

da atmosfera externa do sol.

Uma ideia totalmente radical.

Eugene escreveu um
artigo científico,

submeteu ao
Astrophysical Journal

e ele foi rejeitado.

Quase ninguém o levou a sério.

Recebi várias recusas educadas
e outras não tão educadas.

O que Eugene Parker percebeu
foi que o sol é tão quente

que os átomos estão se
movendo tão rapidamente

que alguns deles podem
realmente escapar do sol

e seus cálculos
sugeriram que o sol

deveria estar
constantemente perdendo gás,

fluindo para longe
para criar um vento.

Era muito revolucionário pensar

que a visão anterior de um sol
mantido unido pela gravidade

em sua totalidade não
era realmente verdade.

Parker pediu ao então editor
do Astrophysical Journal,

Subrahmanyan Chandrasekhar,

para olhar para o
seu papel novamente.

Chandrasekhar não conseguiu
encontrar nenhuma falha matemática

no trabalho de Parker.

Chandra estudou estrelas
por muitos anos,

na verdade,
ele iria ganhar um prêmio Nobel

olhando para a
vida das estrelas.

Ele olha a matemática,
ele olha a física.

O editor disse a Eugene...

"Você realmente acha que
há algo no seu trabalho?"

E ele disse que sim
e o editor publicou.

Mas ainda assim ele
foi ridicularizado.

Só porque o artigo foi publicado

não teve nenhum efeito positivo,

eles não estavam atrás dele porque
acreditaram que estava errado.

Três, dois, um, zero.

Quatro anos depois de
eu fazer a proposta,

havia uma nave espacial
indo para Vênus.

Quando a Mariner 2 voou por
Vênus em dezembro de 1962,

ela tornou-se a primeira missão
bem-sucedida a outro planeta.

Durante a viagem,
ela teve outro primeiro,

ela mediu a densidade
e a composição

de um fluxo constante de
partículas saindo do sol.

E eles realmente
descobriram que o sol

tinha esse fluxo
de gás saindo dele.

O vento solar realmente existe.

O resto é história.

Esta descoberta foi importante,

de repente o espaço
não é mais um vazio,

não é mais um vácuo,

está cheio de material,
está cheio desse vento solar.

A velocidade dos ventos
solares é quase inacreditável.

Ele se move entre 250 e
750 quilômetros por segundo

e tem alguns efeitos realmente
significativos em nosso planeta.

A terra meio que se protege

das grandes forças
dinâmicas do vento solar

através deste campo magnético
bastante rígido que ela possui.

Na direção do sol,

o campo magnético é
comprimido e fortalecido.

Na parte diretamente oposta
da meia-noite da Terra,

o campo magnético é alongado
como a cauda de um cometa.

Essa cauda pode se curvar e se
reconectar de forma idêntica

e isso causa um fluxo de partículas
nas regiões polares da Terra

e é por isso que temos a aurora.

A primeira vez que
eu realmente entendi

que o sol tinha um grande
impacto em nosso planeta

foi quando vi pela primeira
vez as luzes do norte

e eu estava na Suécia em Kurina

em um inverno muito frio

e eu olhei para cima

e acabei por ver esta incrível
cortina de luz verde e vermelha

e parecia literalmente uma cortina
de cinema ondulando ao vento.

Quando eu estava no
chão olhando para cima

e vendo a aurora,
eu pensei, uau,

isso é incrível.

E o pensamento repentino
de tudo o que estou vendo

está sendo impulsionado pelo
sol através do vento solar,

impactando com o campo
magnético do nosso planeta.

O Observatório Solares em órbita

realizam uma série de
experimentos complexos,

monitorados por
cientistas da NASA.

Os Observatórios Solares Orbitais
foram oito missões em uma série.

Eles foram lançados no
início dos anos 1960

até o final da década de 1970.

Coletivamente,
essas missões deram

uma oportunidade de longo prazo
para estudar a atividade do sol.

Havia um instrumento a
bordo que permitia ver o sol

usando um eclipse
solar artificial.

Ele colocava um disco
na frente do sol

para bloquear sua luz fulgurante

e monitorar a extensão da
atmosfera ao redor do sol.

Em 1971, alguns tipos de manchas
foram notados nessas imagens.

Transpirou-se que uma nova
descoberta fora feita.

Hoje nós a chamamos de
ejeções de massa coronal.

Enormes quantidades de gás,

com cerca de dois milhões
de toneladas de gás,

ejetadas em um filamento que
se move muito rapidamente

para longe do sol.

São como bolas de gás de boliche

sendo jogadas para longe do
sol em direção aos planetas.

13, 12, 11, 10...

O Skylab fez algumas das
primeiras observações detalhadas

dos maciços eventos
de ejeção coronal.

..4, 3, 2, 1, zero.

A missão Skylab era uma
missão de voo espacial humano.

Era um laboratório orbital.

Todos os astronautas foram
treinados em física solar

antes de serem lançados

e eles operavam
telescópios solares

que estavam a bordo desta
fantástica estação espacial.

Um dos verdadeiros
sucessos do Skylab

veio do número de
ejeções de massa coronal

que a missão observou.

Observações de longo prazo
mostraram o quão ativo é o sol,

e podemos ver que essas erupções

estão ejetando uma grande quantidade
de material no sistema solar

a velocidades de milhões
de quilômetros por hora,

talvez até 3.000
quilômetros por segundo.

São eventos fenomenalmente
energéticos.

Quando vejo as
imagens do Skylab,

fico sempre maravilhada

porque me impressiona
o quão lindo é o sol,

quanta estrutura a
sua atmosfera tem,

mas também como
o sol é dinâmico.

Existem imagens de erupções
que são absolutamente vastas.

E eu sempre tenho em mente
como somos anões perto do sol.

O poder do sol e a
complexidade do sol

e as belas estruturas do sol

estão todas encapsuladas
nessas imagens.

Isso nos permitiu entender
os eventos de 1859,

o chamado Evento Carrington,

porque percebemos que o
sol pode chegar até nós

de uma maneira diferente.

A descoberta deste
enorme mistério,

de todo aquele material
lançado contra a Terra,

foi uma ejeção de massa coronal

e foi isso o que aconteceu em
1859, o Evento Carrington.

E houve vários eventos
próximos aos de Carrington.

Em 2012,

houve uma ejeção de massa coronal
ao nível do Evento Carrington

que acabou por atingir a Terra.

Conforme nos movemos
para uma sociedade

que está cada vez mais
dependente da tecnologia

nos tornamos mais vulneráveis
ao clima espacial.

O clima espacial é
extremamente teórico

até que sua cidade entre em um
blecaute por algumas semanas.

Isso ainda não aconteceu

mas se tivermos uma super
tempestade de nível Carrington

esse evento provavelmente será
muito, muito real,

e bastante mortal também.

Um evento de nível
Carrington prevê

causar trilhões de
dólares em danos,

poderia acabar com
as redes de energia.

Ele pode causar o mau
funcionamento do GPS,

danificar a instrumentação
dos satélites,

os satélites podem ter
a sua altitude alterada,

pode causar altas doses de radiação
para astronautas que estiverem lá fora,

mas nunca vemos
esse grande evento

porque eles raramente acontecem.

E a razão pela qual
quero estudar Mercúrio

é porque Mercúrio tem estes eventos do
tamanho de Carrington todos os dias.

Ele está tão perto do sol,
sua dinâmica é tão poderosa,

que eu posso estudar a
física por trás da interação

e se eu puder entender
a física de Mercúrio,

posso aplicar esse
conhecimento à Terra.

Mercúrio é conhecido como
o planeta dos extremos.

É o planeta que se formou
mais próximo do sol.

Uma das coisas que fazemos
na ciência planetária

é fazer sobrevoos e o sobrevoo nos
permite fazer o reconhecimento inicial

para determinar se
queremos voltar lá.

Para Mercúrio,
o primeiro sobrevoo da Mariner 10

realmente foi emocionante.

A Mariner foi lançada em 1973.

A jornada até lá
é muito complexa.

Tem esse problema de
não ser sugado pelo sol

e o que fazemos é passar
gradualmente pelo sistema solar

até que nossa espaçonave e
Mercúrio estejam na mesma órbita

e então usamos um pouco de
energia no último minuto

para sermos capturados
pela gravidade de Mercúrio

e ela faz três
sobrevoos por Mercúrio.

Não sabíamos o que
poderíamos encontrar.

E eles produziram
muitas surpresas.

Eles encontraram fortes
campos magnéticos.

Isso nos surpreendeu,
Mercúrio tem um campo magnético,

uau, quem teria pensado.

Depois eles viram que o campo
magnético parecia uma cauda magnética

exatamente como temos na Terra.

A medida que eles estavam sobrevoando
e tirando fotos da superfície,

abrangendo cerca de 44% dela,

eles nos deram um
instantâneo no tempo

mas não tínhamos ideia sobre
a imagem global de Mercúrio

até enviarmos a próxima
missão do orbitador.

A Mariner 10 nos disse que
estávamos vendo coisas aqui

que contradiziam nosso
entendimento anterior.

Então, quando os recursos
estavam disponíveis

e as condições eram favoráveis,

eles voltaram e fizeram
uma missão de exploração

e era isso que a Messenger era.

Seis, cinco, quatro, três,
partida do motor principal,

dois, um e zero e
decolagem da Messenger

na missão da NASA em Mercúrio.

Quando me tornei o chefe
da ciência planetária,

a Messenger foi lançada e
estava a caminho de Mercúrio.

A Messenger queria
explorar toda a superfície

que nunca vimos antes

mas também tivemos que
desenvolver a tecnologia

para sobreviver
naquele ambiente.

É muito mais extremo que outros
planetas do nosso sistema solar.

Uma das nossas principais
preocupações com o orbitador

era que íamos de um lado
para o outro do planeta

em um período de
tempo muito curto,

algumas dezenas de minutos.

O lado diurno de Mercúrio
está a mais de 450ºC,

e o lado da noite
cerca de -118ºC.

Portanto, um extremo em
temperaturas acima de 600 graus

variando entre um lado
e o outro do planeta.

O gradiente de
temperatura era enorme

e tentar construir
um instrumento

que faça medidas
científicas precisas

era um grande desafio,
um grande desafio de engenharia.

A Messenger orbitava
Mercúrio a cada 12 horas.

Nos seus quatro
anos, de 2011 a 2015,

ela tirou mais de 200.000
imagens de sua superfície.

O que a Messenger
fez foi providenciar

pois esta era sua principal
prioridade científica,

uma imagem de alta resolução de
toda a superfície de Mercúrio.

Mas o mistério era que
havia pontos brilhantes,

havia pequenos pontos brilhantes

e para o radar produzir uma reflexão
de alta intensidade brilhante

pensava-se que haviam
duas possibilidades.

A primeira possibilidade era
que podia haver um material

altamente condutor
de eletricidade.

A outra possibilidade
era que podia haver

formações geológicas naturais.

Mas era muito
difícil de imaginar,

ninguém nunca viu algum tipo
de geologia que fizesse isso.

E então um dos
cientistas da Messenger

pegou todos os pontos brilhantes

das medições de
radar feitas do solo

e as colocou no
mapa de Mercúrio.

Cada simples ponto brilhante
que foi detectado da Terra

estava dentro de uma cratera que
fica permanentemente sombreada.

Encontramos o que
acreditamos ser gelo,

gelo de água em Mercúrio,
que está muito perto do sol.

Está em uma das regiões mais
quentes do nosso sistema solar.

Então, como o gelo chegou lá?

Foi através de
colisões de meteoros?

Meteoros têm água.

Foi através de cometas
que atingiram o corpo?

Cometas têm muita água.

É realmente um enigma.

Costumava-se pensar que a
Terra é o berço da vida,

portanto, toda a química
orgânica do sistema solar

provavelmente está
concentrada na banda

que a órbita da Terra
faz em torno do sol.

Mas agora estamos
estudando o ciclo da água

literalmente em todo
o sistema solar.

Em um extremo,
novamente o planeta dos extremos,

você tem Mercúrio,
onde apesar das altas temperaturas,

você tem alguma
retenção de água,

e no resto do sistema solar

estamos vendo enormes
reservatórios de água

presa nos planetas de
gelo, em suas luas.

Então, quando falamos
sobre onde está a vida

e onde o tipo de química e,
em última análise, de biologia,

que poderia produzir
algo como nós,

neste momento,
parece que pode ser mais amplo

do que apenas um pequeno planeta
dentro da zona habitável.

Sabíamos que a Messenger
não duraria para sempre.

Nossa missão nominal era
para durar um único ano

e nossa espaçonave
sobreviveu incrivelmente bem,

sobreviveu quatro anos e meio,

mas em algum momento a
missão iria chegar ao fim.

Terminamos colidindo
com o planeta.

E por que fizemos isso?

Isso foi porque a
Agência Espacial Europeia

tem uma missão
chamada BepiColumbo

que vai para Mercúrio a seguir

e vai responder a
algumas das perguntas

que a Messenger
deixou para trás.

E uma das coisas
que queremos saber

é quando abrimos a superfície,
a partir de um impacto,

de um novo impacto,
o que vamos encontrar?

Temos uma excelente
ideia aonde colidimos,

porque nós aprovamos fazer isso.

Eu aprovei isso ou
não teria acontecido

e nós colidimos,
deixamos um grande buraco

e então podemos dizer a
BepiColumbo onde procurar.

E acho que nova
ciência surgirá disso,

essa é a esperança.

Uma das coisas que Mercúrio nos
disse, e a Messenger também,

ao olharmos cuidadosamente para a sua
órbita e ver como ela está mudando,

é que o sol deve
estar perdendo massa.

Nós sabemos ao estudar
outras estrelas

que a evolução do
sol o conduzirá

a uma fase chamada
gigante vermelha

onde a superfície vai
inflar para talvez

além da órbita da Terra,

e quando isso acontecer,
toda a vida neste planeta

será extinta.

Agora, quando será isso?

Olhando para a evolução baseada

em nossas observações
de Mercúrio,

podemos realmente
sintonizar essas respostas

e determinar como o sol está
evoluindo ao longo do tempo.

Isso é realmente espetacular.

Compreender nossa estrela
observando planetas individuais.

A missão Soho foi
lançada em 1995.

Dez, nove, oito, sete,
seis, cinco, quatro, três,

dois, um, ignição e decolagem
da Soho na atmosfera

em uma missão internacional
de física solar.

Foi uma missão
realmente significativa

porque carregava todo um
conjunto de telescópios

que nos permitiu sondar o
sol por dentro e por fora.

Ela fez as observações mais
próximas da superfície do sol

que nos mostrou como
o sol é esculpido

por campos magnéticos.

Um dos grandes e emocionantes
resultados da missão Soho

foi o desenvolvimento
em nosso entendimento

de como funcionam as
ejeções de massa coronal.

A Soho ao longo dos anos observou
literalmente milhares delas

porque tínhamos uma
visão contínua do sol.

E entendemos que elas são
erupções do campo magnético

que transportam massa
para o sistema solar.

A Soho nos permitiu
trabalhar mais

nessa conexão sol-Terra
por meio dessas erupções

que podem surgir
em nosso caminho.

A outra grande descoberta
que a Soho nos ajudou a fazer

foi entender os mecanismos
internos do sol.

Parece muito
contra-intuitivo dizer

que podemos olhar dentro do sol

porque sabemos que quando
olhamos para as imagens,

podemos ver através da
atmosfera até a superfície

mas não podemos ver
diretamente dentro dela.

Então, quando dizemos
olhar dentro do sol,

na verdade estamos nos
referindo a uma técnica

onde usamos ondas
sonoras para "ver",

para sondar dentro do sol.

Então o sol é uma
enorme bola de gás

e tem ondas sonoras
saltando dentro dele.

E quando essas ondas
sonoras vêm à superfície,

elas fazem a
superfície respirar,

somos capazes de
decifrar os sons

e com isso podemos decifrar

quais são as condições
dentro do sol.

Uma das coisas mais
notáveis sobre a Soho

é que ela é uma das mais resistentes
espaçonaves da frota da NASA.

Ainda está lá hoje e
a missão foi estendida

até cerca de 2022 e
todos devemos ser gratos

porque a Soho é
o nosso guardião,

ela monitora o sol,
é nosso sistema de alerta precoce

para as ejeções de massa coronal
e as tempestades geomagnéticas.

Temos ignição e decolagem

da nave espacial Genesis da NASA

em uma missão para
recuperar um pedaço do sol.

A Genesis foi lançada em 2001.

Seu objetivo é medir a
composição do vento solar,

então a composição do sol

e as diferentes camadas do sol.

Agora, as missões anteriores
fizeram isso à distância

mas a Genesis vai realmente
coletar um pouco do sol

que chega a ela e
trazer de volta à Terra

porque em um
laboratório na Terra

podemos medir as composições
com extrema precisão.

A composição do sol é muito
importante para entendermos,

porque a massa do sol em
comparação com os planetas

é absolutamente enorme e se
soubermos a composição do sol

conheceremos a composição do
sistema solar como um todo.

A espaçonave localizou
um ponto muito especial

onde a gravidade do sol
equilibra a gravidade da Terra

e lá ela ficou por 850 dias

coletando o vento solar,

coletando essas partículas
carregadas do sol

e então os coletores
foram fechados

e voaram de volta à Terra para
pousar em um deserto no Oregon.

Tenho uma boa visão do alvo.

A sonda da Genesis caiu
através da atmosfera

e ao chegar a 33
quilômetros acima do solo,

quando o pára-quedas
deveria ser acionado,

e ele não abriu.

Não há nada para desacelerar
a velocidade desta nave.

A missão Maidrin CCP informa

que do nosso local de vista,
não vemos um para-quedas.

345, parece que não
temos para-quedas senhor,

setor 200 - gerente da missão.

Procurando impacto.

Temos visão do veículo
impactado na superfície.

Os pára-quedas
falharam em abrir,

a sonda se dividiu em duas

e aquela lama
horrível do deserto

entrou na espaçonave,
a coisa toda se despedaçou.

A decepção em torno da
comunidade científica foi enorme.

As informações que temos aqui

das pessoas no terreno é
que nada foi implantado

e, portanto, eles estão tratando-a
como uma nave espacial viva.

Após este terrível fracasso,
eles vão para o deserto

e eles pegam pequenos
pedaços de vidro

e estávamos recolhendo
pequenos pedaços dos coletores

e eles conseguiram
limpar os coletores

e realizar análises
realmente detalhadas.

E, na verdade, a missão atingiu
todos os seus objetivos.

Mediu a composição do sol,

mediu a composição
do vento solar,

mediu a composição
dessas ejeções em massa

e mediu a composição
isotópica do sol.

E foi incrível,
pois fez tudo o que queríamos

e apenas com pedaços.

O estudo do sol é
extremamente importante.

Contamos com ele
para luz e calor

e nós somos tão dependentes de nossa
estrela para nossa sobrevivência

que realmente
precisamos entende-lo.

A Solar Probe é o
próximo grande desafio,

é a missão mais ambiciosa
que já realizamos.

Porque vamos para o
ambiente mais extremo

em todo o nosso sistema solar.

Vamos entrar e tocar o sol.

Ainda há muitas coisas
para entender sobre o sol.

Existem alguns
mistérios enormes.

Já sabíamos que a corona
tem um milhão de graus

mas como pode ser?

A Solar Probe vai
se aproximar do sol

mais do que qualquer
nave espacial jamais fez.

Ela vai ficar dentro
de 10 raios do sol,

que fica dentro das partes
externas da atmosfera do sol.

Ela vai tocar nossa estrela.

Trabalhamos tão duro
ao longo dos 60 anos,

desde que Gene escreveu
seu primeiro artigo,

para aprimorar a
tecnologia necessária

para fazer este tipo de missão.

É uma missão
incrivelmente ambiciosa.

Na verdade,
tive o prazer de levar Gene

até a sala limpa do Laboratório
de Física Aplicada da John Hopkins

onde fizemos a maior parte
da montagem e muitos testes.

E foi um momento muito
bom para acolhê-lo

e ver sua reação a esta
incrível peça de tecnologia

que irá cumprir esta missão
que ele meio que gerou.

E ele ficou muito
emocionado na sala limpa,

observando parte da
equipe de engenharia

que foi lá e que
eu o apresentei,

e era como se eles estivessem
encontrando uma estrela do rock.

E eles estavam muito
animados em conhecê-lo,

e ele estava muito
animado em conhecê-los

e então foi um momento
adorável para apenas dizer,

esta é a sua nave
espacial e ela está indo

para dentro do vento
solar e da corona

e ler os instrumentos que
vão fazer as medições.

Todos parecem
estar de bom humor.

Acho que todo mundo adora
trabalhar nesta missão.

Olhe para os sorrisos
felizes ao nosso redor.

E ter aquele tempo com ele

e, novamente,
ver sua mente explodir

com a tecnologia
que ele estava vendo

e a primeira coisa que
ele fez foi imediatamente

dar crédito a todos
os engenheiros

pelo seu trabalho
naquela nave espacial

e ele até me disse...
"Nicky, acabei de escrever um artigo."

E eu disse...
"Sim, é um artigo muito bom, Gene."

E ele disse... "Se descobrir
que estou errado no que previ,

"posso apenas escrever
outro artigo."

Mas se um de seus engenheiros

errar em algum de seus cálculos,

a missão não será bem-sucedida.

E ele disse que a pressão
sobre eles é muita intensa,

e ver a maneira como eles
se superam a cada desafio,

é simplesmente incrível.

E acho que sua frase
favorita foi...

"..eu tiro o chapéu para os homens
e mulheres da equipe Solar Probe."

Prazer em conhecê-lo
e boa sorte em tudo.

Muito obrigado.

É de longe a missão de física
solar mais ambiciosa que já tivemos

e de fato ela tem um
nome muito adequado.

Eu estava sentado no
meu escritório um dia,

o telefone tocou, eu atendi,

era Tom Serbokin e ele disse

que a NASA está considerando

colocar meu nome na Solar Probe,

se eu tinha alguma objeção

e eu fiquei meio surpreso

e acho que resmunguei de volta...
bem, acho que não.

Eu estava sentado lá no
meu escritório pensando...

..Meu Deus,
no que nos metemos agora?

A Parker Solar Probe
com o nome da pessoa

que previu a existência
do vento solar.

A primeira vez que
nomeamos uma missão

em homenagem a um cientista vivo
e é absolutamente apropriado

que ela tenha este nome.

Essa descoberta do vento solar,

ele era tão visionário que
fez essa incrível descoberta.

Ele começou um novo
ramo da ciência,

a física do nosso sol.

Eu não estive
presente no lançamento

mas é claro que todos
nós vimos na TV.

Fomos convidados para um local

que tinha uma visão
clara do lançamento,

mas a mais de nove
km de distância.

Eram três horas da manhã.

Oito, sete, seis, cinco, quatro,

três, dois, um...

..decolagem do poderoso
foguete pesado Delta 4 Heavy

com a Parker Solar
Probe da NASA,

uma missão ousada para
lançar luz sobre os mistérios

da nossa estrela mais
próxima, o sol.

O céu se ilumina e bem devagar

aquela bolha luminosa
sobe e explode,

e você percebe que
aquilo nunca vai voltar.

Que maneira de começar.

Isso é um adeus à espaçonave,
adeus, companheiros.

Nada na Parker Solar
Probe foi fácil.

Tudo era desafiador,

estamos entrando em uma
temperatura extrema,

há muita pressão solar,

há uma grande quantidade de
calor vindo da luz do sol

porque estamos tão perto dele.

Usamos Vênus para fazer uma
assistência gravitacional.

Parece uma volta desnecessária,

é contra-intuitivo porque
não usamos o planeta

para aumentar nossa velocidade
como muitas missões fazem.

Na verdade,
usamos Venus para desacelerar,

nós perdemos energia para
Vênus, mas muito pouco.

Ele desacelera a nave e a envia
um pouco mais próximo ao sol,

e isso nos ajuda a
ajustar a órbita.

Fazemos 24 órbitas bem
perto do sol de um lado

e ao redor do planeta
Vênus do outro lado,

e essa manobra de compensação continua
a diminuir a órbita cada vez mais

de modo que ela chega
cada vez mais perto do sol

em cada uma dessas órbitas.

A ideia de projetar essa missão,

colocar todas essas
trajetórias no lugar,

obter todas aquelas manobras,

saber exatamente quando
disparar o propulsor,

isso é uma coisa incrivelmente
desafiadora de se fazer.

Ela tem que ser
incrivelmente independente.

Ela tem que cuidar de si própria

porque leva oito minutos
para a luz para viajar

do sol para a Terra,

não temos tempo para controlar
a missão se ela tiver problemas,

ela precisa tomar
uma ação corretiva.

A programação da ação corretiva,

tudo é desafiador,

materiais leves para poder
enfrentar esse calor incrível.

Tudo foi um grande
desafio com esta missão.

A Parker Solar Probe completou
hoje dois dos seus sobrevoos

através da corona do sol.

Estamos em uma
localização muito boa,

onde a Terra pode
ver a nave espacial

e baixar todos os nossos dados.

E começamos a ver
algumas imagens incríveis

e alguns segredos foram revelados
nesse conjunto de dados.

Somos cientistas, ficamos entusiasmados
com gráficos de linhas tortuosas

e temos visto
alguns dos gráficos

e eu ouvi cientistas suspirarem

porque não era bem
o que se pensava

ou não se encaixava em
nenhum dos modelos simples.

Tem tanto lá dentro e
vai demorar muito tempo

para desvendarmos
todos os mistérios

que estão nesse
conjunto de dados.

No momento estamos em uma região
onde podemos fazer corrotação,

e isso significa
que a espaçonave

está acima da mesma parte do sol

e conforme a espaçonave se move,

o sol está girando e
estamos tendo algum tempo

onde ela estava sobre
a mesma parte do sol

por um longo tempo.

E por isso estamos entusiasmados com
todos os diferentes tipos de ciência,

as diferentes formas que
podemos operar a nave espacial

e novamente,
fazer um pouco de ciência

que é apropriada para onde
quer que estejamos na órbita.

Tende a ser que
visionários como Parker

são os responsáveis por alguns
dos maiores avanços na ciência.

São pessoas que conseguem ver
as partes simples do problema,

as coisas que
realmente importam.

Acho que toda a equipe de
ciência da Parker Solar Probe

sente uma tremenda responsabilidade
de responder a essas perguntas

que existem há décadas

mas também acho que as
missões realmente inspiram

a próxima geração de cientistas.

Se você olhar para
uma missão da NASA,

ela tem uma incrível grupo
diversificado de pessoas

que têm um objetivo comum

e então eu não acho que você
precisa necessariamente aspirar

ser um cientista de foguetes
ou um engenheiro de propulsão,

você pode ser o que quiser

e realmente trabalhar
em uma missão da NASA.

Eles nos fazem explorar
esses conceitos tremendos

que no final das contas
vão ser o nosso futuro.

Eles fornecerão a ciência futura

que vão permitir que a
humanidade sobreviva e prospere.