All language subtitles for Get.Gotti.S01E03.720p.WEB.h264-EDITH[eztv.re]

Quem � John Gotti para mim?

PERMANE�A SENTADO

Conhe�o-o desde pequeno.

Ele era um mentor.

Sempre cuidou de mim.

Aos 16 anos, fui expulso da escola.

Eu queria ser um g�ngster.

E o meu pai n�o falava comigo.

Ent�o, fui ver o John Gotti
e o Tony Lee, o parceiro do meu pai.

Ele disse: "Vou p�r-te
no sindicato dos pedreiros."

Eu disse: "N�o quero ser pedreiro."

"O que queres fazer?" "Trabalhar para ti."

Nunca esquecerei. Ele olhou para mim

e disse: "Queres trabalhar para mim?

O governo odeia-te.

Matas pessoas, vendes droga.

Est�s a envenenar a cidade.

Antes de entrares nesta vida,

vai a Washington

e olha para o edif�cio
do Dep. de Justi�a."

Ele disse: "Lembra-te de uma coisa.

Aquele edif�cio
vai perseguir-te a vida toda."

A CIDADE DO MEDO:
NOVA IORQUE CONTRA JOHN GOTTI

NOVA IORQUE

JANEIRO DE 1989

John Gotti, o chefe
de umas fam�lias mais poderosas

do crime organizado do pa�s
foi acusado hoje.

Gotti � acusado de ordenar
um ataque a John O'Connor em 1986,

do sindicato dos carpinteiros.

A ECCO

Ao contr�rio dos casos anteriores,

desta vez, a ECCO acredita que John Gotti
enfrentar� o caso mais robusto at� agora.

Avan��mos com as provas que t�nhamos

para abrir um processo contra John Gotti.

O foco dessa investiga��o
foi o tiroteio de John O'Connor,

ordenado por John Gotti.

Est�vamos prontos para o desafio

e John Gotti seria condenado.

Declara-se culpado ou inocente?

Inocente.

Ap�s a acusa��o, Gotti foi libertado
sob fian�a de 100 mil d�lares.

A Procuradoria de Manhattan
tentar� o que o FBI n�o conseguiu,

prender John Gotti.

Por ser reincidente,
se considerado culpado,

pode ser condenado a pris�o perp�tua.

O FBI

Era quase uma competi��o com a ECCO.

Apresentaram o caso
contra o John antes de n�s.

Isto foi uma vergonha para o FBI.

Est�vamos a levar uma co�a.

"N�o conseguem
mandar este tipo para a cadeia."

Como advogados,
trabalh�vamos lado a lado com o FBI.

Mesmo com o caso do tiroteio
do O'Connor, n�o �amos parar.

Quando Gotti saiu sob fian�a,

t�nhamos a escuta
no Ravenite Club h� dez meses.

N�o havia conversas reveladoras.

Ouv�amos trechos.

Ouv�amos o John afastar-se da mesa,

uma porta a abrir e a fechar.

J� n�o os ouv�amos. O que se passava?

Estamos a filmar.

Muitos mafiosos, mas n�o o John.

Os agentes do FBI n�o viam o Gotti sair,
mas ningu�m ouvia a voz alta dele.

E o Gotti nunca se calava.

N�o sab�amos para onde teria ido.

Ent�o, 20 minutos depois,
ouvimos a voz do John.

Cala a puta da boca.

O que n�o sab�amos?

T�nhamos informadores de alto n�vel.
Um deles disse:

Estive no clube e vi o John Gotti,

o subchefe Frank LoCascio
e Sammy "O Touro" Gravano, o consigliere.

Eles levantaram-se,
entraram pela porta das traseiras

e desapareceram uma hora e quinze."

N�o sab�amos da porta das traseiras.

Ele usa um apartamento em cima.

Uma velhota, esposa
de um mafioso dos Gambino falecido,

que era o porteiro,
vivia neste apartamento.

Pensas: "S� podem estar a gozar."

Eu n�o tinha d�vidas
de que era o local para meter uma escuta.

T�nhamos de descobrir como.

Foda-se!

Come�o a discar o telefone
numa sexta ou s�bado � noite.

Quando atendia,
eu sabia que estava em casa.

Na primeira vez que fiz isso,
acordei � uma da manh�.

A pobre senhora de 90 anos
atendeu e eu disse:

"Desculpe, foi engano."

Senti-me muito mal.

Mas tive de voltar a faz�-lo.
E foi a mesma coisa.

Fiquei espantado na terceira vez.

O meu cora��o disparou
quando ela n�o atendeu.

Pensei: "� hora de entrar l�."

Mas � igualmente angustiante,
pois h� muitos riscos.

Na noite que entr�mos,

a ansiedade era muita

para fazer o trabalho
e sair sem sermos detetados.

A vigil�ncia observava
as idas e vindas naquele pr�dio.

Antes de come�armos,

verific�mos tudo duas ou tr�s vezes.

Uma agente de vigil�ncia
subiu ao terceiro andar.

O apartamento a metro e meio atr�s de n�s
tinha um c�o, que enlouqueceu.

Em Nova Iorque, � sempre dif�cil.

Tivemos de arriscar.

Eram duas da manh�.

Entr�mos naquele corredor�

� e era o corredor mais silencioso
em que j� estive na vida.

Ningu�m tinha uma televis�o ligada,
um r�dio ligado.

Nada.

Foi assustador.

E percebemos que,
quando cheg�ssemos � porta,

o c�o ia ladrar.

Mas sab�amos que n�o havia volta a dar.

L� estava eu, em novembro,
a andar de meias.

Era uma indica��o de que eu era um ladr�o.

O meu parceiro come�ou a arrombar.

Dava para ouvir os pinos a subirem
e a descerem, tal era o sil�ncio.

A fechadura
estava a apresentar dificuldades.

Havia um ru�do de metal.

Claro que ia acordar o raio do c�o.

Sustivemos a respira��o o tempo todo.

Dez minutos depois, entr�mos.

O c�o devia estar nas traseiras.

S� assim para n�o nos ter ouvido.

A ac�stica do apartamento era excelente.

N�o era grande. N�o havia eco.

N�o havia ru�do de fundo.

E, em 15 minutos, instalaram a escuta

e pens�mos que, se eles falavam ali,

t�nhamos conseguido.

Foi um sucesso.

Recebi a chamada na manh� seguinte.
A escuta foi instalada, chegara a hora.

Na primeira noite,

nada.

Na seguinte, recebi uma mensagem.

Ningu�m importante no local,
nenhuma conversa relevante.

Eu sabia que ele estava no clube.

Terceira noite.

Ningu�m importante no local,
nenhuma conversa relevante.

N�o dormia h� tr�s dias
e n�o conseguia nada.

Foi uma preocupa��o.

Descobriram? Encontraram a escuta?

Um fio solto?
Cometeram um erro? Nunca se sabe.

Ap�s instalares a escuta,
n�o podes us�-la para sempre.

A cada 30 dias, tinha de dizer ao juiz:

"Estou a ouvir conversas criminosas."

Sen�o, arrisco a minha escuta.
Um juiz pode acabar com aquilo.

T�nhamos de fazer algo r�pido.

Uma das t�cnicas de escuta,

quando queremos que falem de um assunto,

� "ati�ar o assunto".

Queremos alguma coisa
que atice as conversas.

Se algo acontecer,
eles v�o falar sobre isso.

Cheg�mos at� a pedir
que o programa America's Most Wanted

fizesse um especial
sobre o homic�dio do Paul Castellano.

Est�vamos desesperados.

Foi aqui que a figura mais poderosa
do crime nos Estados Unidos

foi morta a tiro h� quatro anos.

Quem matou Paul Castellano?

A pol�cia e o FBI dizem
que John Gotti orquestrou o assassinato.

Eu estava em lua de mel.

E recebi uma chamada do FBI a dizer�

Est�o no apartamento, ouvimos claramente

e est�o a falar do Paul. Temos de avan�ar.

Achei que n�o poderia ficar
mais feliz na minha lua de mel,

mas fiquei mais feliz.

- Ela est� em casa?
- Est�.

N�o te esque�as de me pedir
o dinheiro para ela.

Porque eu esque�o-me.

Ouvimo-los entrar e l� estavam eles.

� constrangedor.

E parecia a m�sica de O Padrinho ao fundo.

"N�o v�o acreditar
que eu n�o adicionei a m�sica.

� bom de mais para ser verdade."

Frankie, viste TV ontem � noite?

Ouvi o John Gotti, o Sammy Gravano.

Ouvi o Frank LoCascio.

- Est�s a falar do Paul?
- Sim, do Paul!

Eles e Gotti falaram
sobre o Castellano e o Tommy Bilotti

e o quanto os odiavam.

Deixa-me falar-te do Paul, Sammy.
Ele era um peixe no deserto.

Era um peixe fora de �gua,
um chibo de merda.

Ele precisava de ser limpo.

Sem dizer: "Mat�mos o Paul",
o John explica porque ele foi morto.

Fic�mos em �xtase.

A qualidade, o conte�do, tudo estava l�.

O que aquela conversa me disse
foi que finalmente estava no s�tio certo.

Para um caso RICO
contra John e os Gambino,

preciso de tr�s elementos.

Preciso de provar
a exist�ncia da organiza��o criminosa.

Preciso de provar que ele � um membro.

E preciso de dois atos criminosos.

Com todos esses elementos, posso acus�-lo.

Mas, quando ouvimos essas conversas,
o John j� enfrentaria outro julgamento.

Era o caso O'Connor da ECCO.

NOVEMBRO DE 1989

JANEIRO DE 1990

TERCEIRO JULGAMENTO: ECCO

Ap�s um ano sob fian�a,

o alegado padrinho chega
para o primeiro dia no tribunal estadual.

Fic�mos muito encorajados.
Est�vamos entusiasmados.

Pens�vamos que t�nhamos as provas
para condenar John Gotti

num caso estadual.

Gotti foi at� ao tribunal,

passando pelas c�maras e pelo p�blico.

Os procuradores sabiam da celebridade
e da popularidade de Gotti.

Um tipo memor�vel, a sorrir,
a andar, sem se importar com nada.

Todos queriam algo dele,

film�-lo, obter um coment�rio,

ou aquele sorriso, aquele olhar.

O julgamento O'Connor foi uma d�diva.

Sou o Eric Shawn,
da Fox News de Nova Iorque.

Como � um julgamento estadual,

ao contr�rio de um tribunal federal,
pod�amos filmar.

Boa tarde, senhoras e senhores do j�ri.

Sentem-se, por favor.

Desde o primeiro dia,
houve troca de farpas.

Eles nunca o viram cometer um crime
e vou provar-vos isso.

Um presidente foi escutado
durante uma semana. Foi despedido.

A estrela era, sem d�vida,

John Gotti, sentado presun�osamente
com os seus fatos de seda.

Ao lado do alegado soldado
dos Gambino, Tony Lee Guerrieri.

EQUIPA CONTRA O CRIME ORGANIZADO

Este julgamento foi diferente
do julgamento de Diane Giacalone.

O julgamento de Diane Giacalone
baseou-se em testemunhos de informadores,

que tamb�m eram pessoas horr�veis,

que se declararam culpados
e testemunharam contra John Gotti.

Mas, neste caso,
John Gotti foi apanhado nas escutas.

Hoje, a Procuradoria
usar� as suas provas mais fortes.

Cassetes gravadas secretamente,

supostamente ligando Gotti
ao ataque a O'Connor.

Grav�mos Gotti a dizer o que queria
que acontecesse ao John O'Connor.

Por favor, toque a cassete.

John Gotti falava com Anthony Guerrieri,
conhecido como Tony Lee, sobre espanc�-lo.

John O'Connor, 608.

Na Broadway 1694 ou algo assim.

- Carpinteiros.
- Queres�

Agente de neg�cios.

Algu�m que pudesse falar com ele.

Queremos ver com quem ele est�.
Vamos dar cabo dele.

O John Gotti sabia:
"Sim, foi o que eu disse."

Claro que n�o ia confessar,
mas sabia que t�nhamos a grava��o.

N�o h� nada melhor do que uma grava��o.
Sem interrogat�rio, totalmente cred�vel,

os jurados podem ouvi-la
e decidir por si pr�prios

o que diz e quem o disse.

Ter a cassete como prova neste caso,

ao contr�rio do caso RICO anterior,
era uma grande vantagem.

Mary Murphy cobre o julgamento
e junta-se a n�s com uma novidade.

Todas as pessoas no tribunal
usavam auscultadores.

Os advogados de defesa,
os procuradores, o juiz, o j�ri.

John Gotti recusou-se a us�-los.

Fora do tribunal, perguntei: "Sr. Gotti�"

Porque n�o ouve as cassetes?

- Porque n�o p�e os auscultadores?
- Gosto do Julio Iglesias.

"Prefiro ouvir o cantor Julio Iglesias."

O Gotti parecia divertido com a situa��o.

Uma das coisas boas
do julgamento do caso O'Connor

foi que aconteceu enquanto
t�nhamos a escuta no Ravenite.

Esperar�amos o fim julgamento

para ver se Gotti
mencionava algo do julgamento.

Talvez admitisse algo
que poder�amos usar no nosso caso.

Aquele cabr�o do O'Connor.

Ele pode p�r em risco a Cosa Nostra.

Durante o julgamento,

o John andava com aquela arrog�ncia,
"somos os maiores".

Apesar disso, o John estava bem ciente
do que estava em jogo no julgamento.

Houve �timas conversas.

Isto est� a incomodar-me hoje.

Fomos t�o ing�nuos! Principalmente eu.

Ele estava incomodado
por terem conseguido grav�-lo

e lamentava tudo isto
enquanto o grav�vamos.

A dizer que n�o deve acontecer
enquanto acontecia.

A partir de agora, se algu�m disser "La",

n�o precisa de dizer "La Cosa Nostra",
s� "La", vou estrangular o cabr�o.

Ele exp�s tudo. O John dizer:

"Vou dar cabo
de quem disser 'La' de 'La Cosa Nostra'."

Ele admitiu que existia.

Ele entregou-me de bandeja
a exist�ncia da organiza��o.

John Gotti entra no tribunal
como se fosse o dono.

Um homem com fatos feitos de seda,
mas com uma armadura jur�dica de teflon.

Soubemos que os advogados de defesa
iriam questionar

se John Gotti disse mesmo:
"Vamos dar cabo dele."

Os dois lados discutiram
o significado das palavras da escuta.

Vamos dar cabo dele.

Eram as palavras que os procuradores
acharam que derrubariam John Gotti.

Vamos dar cabo dele.

O advogado de defesa questiona
tudo o que estava nas cassetes.

Pessoas diferentes ouvem coisas diferentes
quando ouvem esta cassete?

Sim.

Vamos dar cabo dele.

� t�o claro. Isto � rid�culo.
Ele diz claramente: "Vamos dar cabo dele."

Nem prest�mos aten��o.
Est�vamos todos a rir-nos

por usarem isso como parte da defesa.

Essas palavras foram
as palavras-chave em todo o julgamento.

Gotti disse�

Vamos dar cabo dele.

A tal frase "vamos dar cabo dele",

Sabe o que significa?

Sabe o que o Sr. Gotti pensou
quando disse isso?

Sim, senhor.

Leu-lhe a mente?

O que foi t�o genial
e desonesto ao mesmo tempo

� que basta semear
uma d�vida na cabe�a de um jurado.

A� entrava Bruce Cutler.

- Acho que � bastante �bvio�
- Sabe o que ele pensa agora?

Quem me dera saber.

O FBI

Um dia, durante o julgamento,

escut�mos o John quando ele voltou.

Estava preocupado com o caso.

Amanh�, quero chamar todos os capit�es.

Vou dizer-lhes que sou o representante
at� dizer o contr�rio.

No julgamento, ele estava preocupado
em ser condenado, e com raz�o.

Numa grava��o, teve uma conversa
com Sammy "O Touro" Gravano.

Queria fazer dele o subchefe da fam�lia,
para geri-la caso ele fosse preso.

Se algo me acontecer e eu sair das ruas,

o Sammy ser� o chefe interino.

Mostrou o respeito
que ele tinha pelo Sammy,

a confian�a que tinha nele
em ser capaz de gerir a fam�lia

enquanto o John estava preso.

� o meu desejo.

Se eu estiver na choldra,
a fam�lia ser� liderada pelo Sammy.

Eu ainda serei o chefe,
mas com o Sammy a liderar.

O Sammy n�o era algu�m
como o John Gotti, que sa�a � noite.

Era mais discreto.

O Sammy tinha respeito pelo Gotti

e ele era Cosa Nostra.

O Sammy era leal ao Gotti, era mesmo.

Ent�o, como te sentes?

Queres que te nomeie subchefe oficial?
Chefe interino?

Pensa nisso esta noite.

Foi a primeira vez que tivemos

um chefe da m�fia

a explicar literalmente
como tudo funcionava, quem era quem.

Era um tipo a ensinar
como a m�fia funcionava.

Consigliere,

subchefe,

ainda sou o chefe.

Isto foi �timo para n�s.

O John basicamente disse
que era da fam�lia Gambino.

� outra das pe�as
que preciso para provar um caso RICO.

Durante o julgamento,
um investigador estava num bar uma noite

com v�rios agentes do FBI.

E disseram-lhe:

"Estamos a salivar,
� espera que percam este caso

para apresentarmos um caso
e mostrarmos quem o consegue condenar."

T�pico do FBI.

EDIF�CIO FEDERAL

Na altura, todas as ag�ncias policiais

suspeitavam que o FBI tinha escutas,

mas ningu�m sabia.
N�o partilh�mos com ningu�m.

O Bruce Mouw dizia sempre:
"N�o contem a ningu�m."

T�nhamos de ser discretos

e ter cuidado
com quem sabia das grava��es,

pois John Gotti poderia descobrir,
prejudicando a escuta.

N�o h� muitos segredos entre as pol�cias

e sei que fomos ao FBI e dissemos: "Ou�am,

se ouvirem falar de subornar o j�ri,

vamos ter com o juiz
e pedir a anula��o do julgamento."

Ent�o, dissemos ao FBI
que nos avisassem se soubessem de algo.

Enquanto o John era julgado pelo estado,

eu ouvia atentamente

e come��mos a ouvir conversas
sobre os jurados, mas n�o eram claras�

O que tens de fazer � apertar este tipo.

Tens de lhe dizer:
"Ouve, d�-nos a merda dos nomes."

Fomos bons para ele no passado,
seremos bons no futuro. D�-nos os nomes.

N�o tenho d�vidas de que tentariam
subornar um jurado se pudessem,

pois j� o tinham feito.

D�-nos os nomes.

At� poder�amos ter revelado isso.

Discutimos muito esse assunto.

Decidimos que n�o havia provas
de que algu�m fora comprometido.

Decidimos n�o prejudicar
a escuta para os ajudar.

TRIBUNAL CRIMINAL

A ECCO

Um j�ri de NI deve come�ar as delibera��es
no julgamento de John Gotti.

Eu estava convencido
de saber quais eram as provas,

e acho que todos no tribunal
esperavam que houvesse uma condena��o.

A minha preocupa��o

era aguentar a escuta
at� terminar o meu caso.

Os jurados pediram
para ouvirem uma cassete nove vezes.

Pela primeira vez, o sempre confiante
Gotti parecia preocupado.

Trouxeram o advogado de recurso,
que se sentou � mesa da defesa

com os livros de Direito abertos,
pronto para apresentar um recurso.

A postura f�sica de John Gotti
indicava que ele tinha um problema.

Eu vivia com o Tony Lee,
estava com ele quando ia ao tribunal.

Enquanto esperavam pelo veredicto,
eles fizeram um pacto

de que, se fossem condenados ou ilibados,

n�o dariam qualquer satisfa��o ao governo
e n�o fariam nenhum gesto.

Quanto ao arguido John Gotti,
consideram-no

culpado ou inocente da primeira acusa��o,

crime de conspira��o em quarto grau?

Foc�mos a cara do John Gotti

com a c�mara no tribunal
e dava para ver a tens�o.

Consideramo-lo�

� inocente.

E o John fez assim. Ainda fez um gesto.

Acho que todos, incluindo o John Gotti,
ficaram surpreendidos.

O meu primeiro assistente
apareceu � minha porta e disse:

"Absolvido de todas as acusa��es."

Fic�mos em choque.

Transmitiram o veredicto em direto,

o que aumentou
o estatuto de celebridade de John Gotti.

Ele saiu apressado do tribunal
com o punho cerrado, a acenar.

Como se fosse
o her�i conquistador, o vencedor.

John Gotti safou-se de novo.

Ele fez uma festa no Ravenite Club,

que durou o dia todo e a noite toda.

Mais tarde, lan�aram fogo de artif�cio.

A porta abriu-se e John Gotti saiu

com o Sammy a olhar
para o fogo de artif�cio.

Na noite da sua absolvi��o,
o famoso padrinho da cidade

saiu do seu covil para comemorar.

Corri para l� para falar com John Gotti.
Estava l� toda a gente.

Havia muita imprensa.

Sr. Gotti.

- Como se sente?
- Est� feliz?

- Est� feliz?
- Estamos felizes.

Estamos felizes!

- O que acha?
- Uma boa decis�o.

E o irm�o de John Gotti, Peter,

foi � porta do clube e disse�

- Quer entrar?
- Sim. S� eu?

"S� a Barbara, entre."

Est� bem.

Barbara, pergunta-lhes�

O John Gotti e o Frank LoCascio
estavam sentados numa mesa redonda enorme

e o Gotti disse: "Estamos a beber Cristal,

mas s� temos copos de pl�stico, pode ser?"

Levantei o meu copo e disse:
"Lembrem-se de uma coisa, senhores.

Pela boca morre o peixe."

A boa not�cia � que ele estava solto,
a minha escuta sobreviveria.

A m� not�cia
� que este tipo cresceu ainda mais.

Encorajou-o ainda mais e fez,
de novo, a pol�cia parecer incompetente.

Boa noite. Ele � John Gotti

e hoje est�-se a tornar o Don Teflon.

Quando o Gotti venceu um caso
pela terceira vez�

Foi a� que ficou com o nome Don Teflon,

que o governo odiava, j� agora.

Ele era escorregadio.

E tinha os m�dia na palma da m�o.

Informavam tudo o que ele dizia.

Olh�vamos e pergunt�vamo-nos
o que estava a acontecer.

Havia s�rias d�vidas
de que conseguiriam culp�-lo de algo

e finalmente fazer justi�a.

PARE

Lembro-me de pensar
que era horr�vel para a sociedade

um assassino e criminoso

ganhar tanta notoriedade.

Mas eu era otimista.
Pensava que poder�amos abrir outro caso.

Depois, soubemos que o FBI
tinha uma escuta durante o julgamento.

Soubemos que o John Gotti
tentou abordar o j�ri no nosso julgamento.

Fomos bons para ele no passado.
Seremos bons no futuro. D�-nos os nomes!

Quando descobri, fiquei chateado.

Se tiv�ssemos descoberto isso
na escuta que t�nhamos,

ter�amos dito.

N�o sei como teria
conseguido viver com isso se n�o dissesse.

N�o se faz isso na pol�cia.

Ap�s vencer estes casos, o John mudou.

Ele mudou, sem d�vida.
Ficou mais arrogante.

Estava mais extravagante,
mais extrovertido.

Achava-se uma estrela de cinema.

Estava apaixonado
com a sua pr�pria imagem.

Estava vaidoso, dizia: "Sou o John Gotti.

Eu sou assim e vou esfregar-to na cara."

Estranhos iam ter com ele.

"D�-me um aut�grafo?" Eu testemunhei isso.

Hoje, diriam: "Podemos tirar uma selfie?"

Ele dava aut�grafos.

Entr�mos no carro.
O Tony Lee disse: "Ele est� a brincar?

Como p�de fazer isso? Qual � a dele?"

Ele disse: "Tenho um p�blico.
Eles querem ver-me."

�ramos mafiosos.
N�o dev�amos ter p�blico, f�s.

Se tens experi�ncia,
sabes que isto n�o vai acabar bem.

N�o �s uma estrela.

�s o chefe da fam�lia do crime Gambino.

Age como tal.

O governo tamb�m tem ego.

Dizia: "Estes cabr�es
est�o a gozar comigo?"

Ele estava a abusar.
"Desafio-vos a virem atr�s de mim."

Chegou a um ponto
em que fic�mos sob os holofotes.

O FBI n�o dava tr�guas.

Vigiavam todos,
sobretudo quem era pr�ximo do John.

V� um ve�culo?

N�o deix�mos de fazer o que faz�amos.

� como fumar.
N�o vou ter cancro do pulm�o.

O tipo atr�s de mim vai ter.

Pois.

Houve muita press�o
para que algu�m o prendesse.

N�o pod�amos perder.

Se perd�ssemos, quem sobraria?

As outras ag�ncias tentaram e falharam.

Conseguimos informa��es incr�veis
das cassetes.

Eram elucidativas, mas n�o chegavam.

A organiza��o era clara.

O problema eram os atos criminosos.

Precisamos de grava��es
em que ele falasse de homic�dios,

apostas, agiotagem, extors�o laboral.

Ouv�amos v�rias conversas.

S�o chibos.

� muito trabalho.

Que se fodam os federais.

�s vezes, pode ser desencorajador.
Perguntamo-nos se vamos conseguir.

Desta vez, vencemo-los.

C�us, era o tempo todo.

Ser� a "Cosa Nostra" at� eu morrer.

E ent�o, eis que John Gotti

foi escutado a falar com Frank LoCascio.

Ele estava a queixar-se do Sammy Gravano.

Disse-lhe um milh�o de vezes.

Sammy, calma.

Abranda.

Sempre que viro as costas,
aparece uma nova empresa.

Var�es.

Constru��o.

Consultoria.

Bet�o.

Ele destacava
as diferentes empresas de constru��o

que o Sammy geria.

Tens gesso cartonado, amianto, tapetes.

O que se segue, caralho?

Ele explicou os sindicatos.

Explicou muita coisa criminosa.

A extors�o laboral
� o primeiro ato criminoso.

Estava bem claro.

E continua.

Sempre que um s�cio
discorda de n�s, matamo-lo.

Vais ter com o chefe e ele mata-o.

Ele mata-o. Ele d� o aval.

� o John numa diatribe
a falar com o Frankie LoCascio,

a explicar porque mandava matar pessoas.

Quando o DiB foi morto, contaram-me algo.
Eu estava preso quando o limpei.

Eu sabia porque estava a ser feito.
Mas fi-lo na mesma.

Robert DiBernardo, chamavam-lhe "DiB".

O DiB tinha uma das maiores
opera��es de pornografia nos EUA.

N�o falamos de Nova Iorque.

Estamos a falar de todo o pa�s.

Ele era importante.

Sempre quis que ele me levasse
aos est�dios em Jersey,

onde filmavam os filmes porno.

Eu era um mi�do com 20 anos.

"DiB, quando me vais levar aos est�dios?"

Ele era muito rico. Podre de rico.

FEVEREIRO DE 1990

Em 1986, o DiB desapareceu

enquanto o John estava detido,
no caso de Diane Giacalone.

Ele desapareceu do nada.

Na altura, n�o sab�amos porque o mataram.
Suspeit�mos da fam�lia Gambino.

Mas o John disse que foi ele.

O DiB, ele foi subversivo contigo?

Nunca.

Ele falava pelas minhas costas,
acreditei no Sammy.

Se ele falava mal do John,
n�o sei ao certo,

mas ele era uma amea�a.

Ele assinou a sua senten�a de morte.
E esse foi o fim do DiB.

H� sempre um m�todo por tr�s da loucura.
Envolve sempre carcanhol.

Agora, o DiB estava fora de cena.

Quando o mafioso morre,
a fam�lia fica com os despojos.

Quem beneficiou? O John Gotti beneficiou,

pois herdou o neg�cio da pornografia.

O mercado atual com a Internet?

Ele ganhava mais do que isso.

A cassete indica claramente
porque mataram o tipo.

Eu estava preso quando o limpei.

Eu sabia porque estava a ser feito.
Mas fi-lo na mesma.

� a nossa grava��o mais poderosa
de uma perspetiva de conduta criminosa.

Era uma prova irrefut�vel.

Com os tr�s elementos,
podia fazer uma acusa��o RICO.

ACUSA��O RICO

Foi um grande momento para n�s.

O nosso plano era prend�-los
no Ravenite de uma vez.

Entr�mos no clube.

Fomos � sala das traseiras

e o John, o Sammy e o Frankie
estavam sentados � mesa.

Disse: "John, sabes porque estou aqui."

E o John disse:
"Que p�ssimo momento! Pedimos caf�."

Convers�mos um pouco
porque � o John, n�o �?

"Sabes que vou vencer esta, certo?"

Sei que vais tentar.

N�o sei se vais vencer.

"A tua m�e deve estar do meu lado."

"N�o conheces a minha m�e."

Disse: "No teu lugar, preocupava-me
com o que disseste no apartamento."

E, de repente, ele calou-se.

E foi isso.

O chefe da fam�lia mafiosa
mais poderosa do pa�s

foi preso esta manh�.

Gotti � acusado de v�rios atos mafiosos,
incluindo a morte em 1985

do chefe da fam�lia Gambino,
Paul Castellano.

Acusa��es semelhantes
foram feitas contra Frank LoCascio

e o subchefe do cl� Gambino,
Sal "Sammy Touro" Gravano.

Todos sab�amos
que ser preso fazia parte do trabalho.

Nunca pens�vamos nisso.

Quando ele foi preso, era s� o jogo.

Era essa a vida.

Gotti enfrenta v�rias penas perp�tuas

e at� 105 anos de pris�o,
se for condenado por todas as acusa��es.

Mas, se n�o for condenado,

ser� a quarta vit�ria de Gotti
sobre o governo.

As pessoas na imprensa constru�am
uma aura de que ele era invenc�vel,

que ningu�m o podia prender.
N�o pod�amos perder.

Revimos tudo o que t�nhamos

e percebemos que t�nhamos
de recorrer a outras ag�ncias

com quem n�o costum�vamos cooperar.

A ECCO tinha escutado o Clube Bergin

antes de o John se tornar
chefe da fam�lia Gambino.

Era crucial ver
se havia algo de valor ali.

Um dia, o promotor principal ligou-nos

a pedir as nossas cassetes
para usar no julgamento deles.

Sab�amos que t�nhamos
provas extraordin�rias para um caso RICO.

Aceita 4 mil por um trabalho.

Ficas com dois e d�s dois ao Bougato.

A minha preocupa��o era a ECCO

ainda estar chateada
porque o FBI arruinou o caso, n�o �?

Tudo era um problema.

Algumas pessoas do FBI achavam
que o caso deles era o mais importante

e s� elas seriam capazes disso

e, em grande medida,
queriam o cr�dito por isso.

Tento n�o pensar assim.

Se o uso
das nossas provas ajudasse, �timo.

O mais importante
era a condena��o do chefe da fam�lia.

Neste julgamento, pela primeira vez,

a Equipa Contra o Crime Organizado e o FBI

declararam tr�guas
na luta sobre quem fica com a gl�ria.

PROVAS - ECCO

Todos cooperaram:

"O que posso fazer?
Quando queres? Para onde levo?"

A procuradora disse: "Adoro estas cassetes
tanto quanto as do FBI."

Porque as nossas cassetes
foram gravadas em 1986,

enquanto as cassetes do FBI
no Ravenite foram gravadas em 1990 e 1989.

As nossas grava��es aconteceram
antes de Robert DiBernardo ser morto.

Conversas em que questionam
a lealdade do Robert DiBernardo.

Esquece esses ot�rios como o DiB.

Se suspeito de trai��o, ajo.

N�o significa nada. Ele n�o � ningu�m.
Isso n�o � lealdade.

E depois t�nhamos
as grava��es do FBI em 1990,

com o Gotti a dizer
que limpou o DiBernardo.

As nossas grava��es indicam
que o Gotti ainda odeia Paul Castellano.

Havia grandes conversas
sobre a organiza��o,

quando John Gotti se tornou chefe.

O Tommy e o outro v�o morrer.

PROVAS

Ent�o, as nossas cassetes
estavam interligadas com as do FBI.

Todas as conversas que t�nhamos

que mostravam todos os crimes cometidos,
tornaram-se muito relevantes

para vencer o caso.

QUARTO JULGAMENTO
DIA 1

O palco est� pronto
para um confronto �pico

entre o Don Teflon
e o governo dos Estados Unidos.

Carrinhas conduzidas
por agentes fortemente armados

levaram John Gotti
ao Tribunal Federal de Brooklyn.

Sab�amos que seria uma luta feroz

dos Estados Unidos contra John Gotti.

No canto oposto,
membros da Brigada Gambino do FBI.

Muitos passaram a carreira
a perseguir Gotti

e a maior das cinco fam�lias
do crime organizado de NI.

Fora do tribunal,
onde as c�maras estavam reunidas,

a emo��o estava ao rubro.

As pessoas queriam saber
se o governo o apanharia desta vez.

E depois tornou-se o desfile
das estrelas de Hollywood para o apoiar.

O julgamento de Gotti
� o maior espet�culo fora da Broadway,

com os espetadores
a fazer fila �s duas da manh�

para entrarem no tribunal.

Anthony Quinn, Mickey Rourke.

A estrela de TV, John Amos.
Achava o John Gotti um vencedor.

Eu acho-o fascinante.

- O que tem ele que o impressiona?
- Gosto da forma como ele se comporta.

O primeiro dia
do julgamento foi angustiante.

Fomos ao tribunal e os corredores
estavam cheios de mafiosos, imprensa,

gente do p�blico a tentar arranjar lugar.

Foi o meu primeiro julgamento lotado.

Sab�amos que o John Gotti,
o Sammy e o Frankie iam ouvir

como as cassetes eram boas e s�lidas.

Merecem ter cancro, foda-se,

alcatr�o e penas, mortos,
sida e qualquer outra coisa, caralho.

O que deu vida ao julgamento
foram as cassetes.

As cassetes do Ravenite.

Pensando bem agora,

ele merecia ter a l�ngua cortada.

Grav�mos agiotagem.

N�o havia casa de apostas,
foram atacar algu�m?

Grav�mos apostas.

Dez mil, vinte mil para apostar.

Grav�mos homic�dio.

Eu estava preso quando o limpei.

Conspira��o para matar.

E ele tem de ser morto.

Sobre organiza��es sindicais.

� respons�vel por dois sindicatos.

Sobre extors�o laboral.

Ele fica com um ter�o
e eu fico com dois ter�os.

T�nhamos uma cassete
para todos os crimes que denunci�mos.

E foi a boca de Gotti

e as palavras dele que expuseram o crime.

Diz a esse imbecil que eu, John Gotti,

lhe vou cortar a puta da cabe�a.
Filho da puta!

As grava��es eram muito claras.

N�o havia d�vidas do que ele dizia.

Ele foi exposto como um bandido vulgar
com todos os seus palavr�es.

E acho que as pessoas
nunca tinham ouvido isso.

Ele � um filho da puta.
� tudo o que ele ser�.

Adeus, filho da puta.

Ouvimos que ele era implac�vel,
mandava matar pessoas,

um outro lado de John Gotti

que era diferente da personalidade
que ajud�mos a criar.

Os m�dia escreveram
sobre os fatos de 2 mil d�lares,

mas n�o fal�mos
de onde vieram os 2 mil d�lares.

TRIBUNAL DOS ESTADOS UNIDOS

Eu at� lhe disse:
"Sammy, achas que sou burro?"

Pass�mos a cassete

em que o John fala mal
de Sammy "O Touro" durante uma hora.

A minha parte das empresas?

As pessoas acham que � gan�ncia?

Quando ele diz:
"As pessoas acham que � gan�ncia."

O John est� zangado por o culparem,
por ser um tipo ganancioso

e parecer mal.
O John s� se importa com isso.

O que ouv�amos
era Gotti a queixar-se do Sammy Gravano.

O que n�o ouv�amos
era o que o Sammy Gravano ouvia�

MORREMOS UNIDOS

Este tipo vai matar-me.

Eu estava em casa
e recebi uma chamada do escrit�rio.

O Sammy Gravano queria falar connosco.

Ele queria colaborar.

FBI � NOVA IORQUE
11/12/1990

E isso preocupou-me.

Porque�

N�o podes interrogar as cassetes,
mas podes interrogar o Sammy.

E veio-me � cabe�a:

"Podem culpar o Sammy por tudo."

Mas n�o se pode ignorar algo assim.

Ao falarmos com o Sammy,

al�m de nos dar mais informa��es
do que as conversas que t�nhamos,

fal�mos dos julgamentos anteriores

e de como John venceu o governo
no caso de Diane Giacalone,

e Sammy falou com orgulho,

"O John n�o ganhou o julgamento.
Eu fiz um jeitinho."

"Como assim?"
"Paguei 60 mil d�lares ao jurado."

GOTTI ILIBADO POR J�RI DE NI

Fiquei literalmente espantado.
Fiquei quase incr�dulo.

Ele trouxe mais pormenores
e expandiu as nossas provas,

pois p�de preencher muitas lacunas.

Era preciso tentar.

Sem precedentes! O mais alto membro
da fam�lia do crime Gambino

testemunhar� pela acusa��o
pela primeira vez no estado de NI.

As pessoas come�aram
a chamar Sammy de bufo

e a p�r p�steres de um rato
com a cabe�a do Sammy.

C�us! Sammy Gravano?

Foi t�o chocante! O Sammy?

Quando soube que o Sammy falou,
achei-o um canalha.

Ele era o subchefe.

O Sammy era um mafioso inveterado.

Nunca pensaria que o Sammy Gravano

denunciaria o John Gotti.

Como pode um tipo nessa posi��o
cooperar com o governo?

Um dos dias de que mais me lembro

foi o primeiro dia de Gravano
como testemunha.

Havia equipas enormes do FBI e da SWAT.

Para tr�s!

J� viu isto nos filmes,
mas esta � a vida real.

Num tribunal de Brooklyn,
Sammy Gravano viola o juramento de sangue

de quando se juntou � m�fia,
ao testemunhar contra o chefe,

o Don Teflon, John Gotti.

O governo dan�a com o Diabo,

usa bandidos para apanhar outros bandidos.

No primeiro julgamento contra John Gotti,
usaram v�rios bandidos,

que o j�ri n�o considerou cred�veis.

Ele derrotou o governo federal.

� um vencedor.

Agora, est�o a usar o Sammy Gravano,
um tipo com um hist�rico odi�vel,

um assassino a sangue-frio,

um executor, que matou o pr�prio cunhado.

� um ser humano horr�vel.
Porqu� correr esse risco?

Num tom frio, Gravano
pormenorizou sete homic�dios

nos quais participou ou planeou,

com a ajuda ou aprova��o
de John Gotti, segundo ele.

O Gravano olhava para o Gotti
e o Gotti a olhava para ele.

Dava para ver os olhares afiados.

Houve sil�ncio absoluto no tribunal.

Se n�o houvesse ningu�m no tribunal,

Gotti e Gravano poderiam ter-se atacado.

Nenhum dos jurados olhava para ele,
pois � um assassino em s�rie.

Era quem esperavam ouvir,
mas ningu�m olhava para ele.

O j�ri viu de v�deos de vigil�ncia do FBI,

gravados � porta
do Ravenite Social Club, em Little Italy,

mostrando Sammy Gravano,
que viram no banco das testemunhas,

em cena ap�s cena
como um colaborador pr�ximo de John Gotti.

O melhor que o Sammy Gravano nos disse

foi como a morte
de Castellano e Bilotti foi executada.

Sammy explicou ao j�ri detalhadamente

tudo o que aconteceu.

Quem foram os atiradores? Quem estava l�?

Que ele e o John estavam no carro.
Quem disparou.

Gravano e Gotti passaram pelo local
para ter a certeza de que estavam mortos.

E todos sa�ram de cena. Ent�o�

N�o t�nhamos
estes pormenores que ele contou.

O julgamento de Gotti
est� a chegar a um fim dram�tico.

O j�ri come�a as delibera��es amanh�
e o resultado � uma inc�gnita.

N�o sab�amos quanto tempo iam demorar.

� angustiante para todos.

BOA SORTE, JOHN GOTTI

INOCENTE
POR GOTTI

Deixaram um bilhete a dizer que chegaram
a um veredicto ap�s um dia e meio.

Quando o j�ri voltou antes do esperado,

senti um nervosismo.

Dizem que n�o � bom sinal
quando voltam depressa.

Eu estava nervoso.
N�o sabia qual seria o resultado.

Ainda � um j�ri.

H� pessoas que gostam
de John Gotti por toda a cidade.

Receei n�o conseguir levantar-me
quando o j�ri entrou,

pois os meus joelhos tremiam muito.

O meu cora��o palpitava.
Avisei a minha reda��o:

"H� um veredicto. Preparem-se.
Vamos para a sala de controlo."

�s 13h19, a representante do j�ri
levantou-se e leu o veredicto.

Gotti estava a sorrir,
no seu fato preto impec�vel.

Os jurados eram an�nimos.
Deram-lhes um n�mero, n�o um nome.

N�o havia identifica��o real.

Mas eu tentava ver como estavam nervosos
e assustados, a olhar para Gotti.

Senti: "C�us!
Ningu�m teria for�as para o condenar."

Uma jurada estava a chorar
e eu n�o sabia o que pensar disso.

E ouvimos�

"Culpado, culpado, provado, provado,
provado, provado, culpado, culpado."

Pensei: "Obrigada."

Hoje, o Chefe Elegante
troca o fato pela roupa de pris�o.

John Gotti � condenado
por todas as acusa��es

e passar� a vida atr�s das grades.

O Teflon foi-se.

O Don est� coberto com velcro
e todas as acusa��es ficaram provadas.

A m�fia tal como a conhecemos
em Nova Iorque e nos EUA est� de sa�da.

Foi dif�cil n�o chorar,
fiquei muito emocionado.

Foi um bom dia.

Fiquei muito feliz. Foi um al�vio.

Acabou, conseguimos.

Demorei um pouco a acreditar.

Foi um grande momento,
maravilhoso para a ECCO,

porque todos trabalharam bem juntos.

E voltamos a trabalhar com o FBI.

Se tiv�ssemos trabalhado juntos antes,
a m�fia n�o teria sobrevivido.

Virem-no!

As vozes do triunfo
e da derrota reverberaram no ar.

Os apoiantes de John Gotti
ficaram com um sabor amargo.

O juiz, o j�ri, s�o todos federais,
todos eles. S�o traidores.

Perdi um bom amigo.

Perdi um mentor.
Perdi algu�m que me protegia.

Sabia que nunca mais o veria.
Fiquei triste.

A festa tinha acabado.

Foi uma sensa��o nauseante.
Pris�o perp�tua, nunca ver a luz do dia�

Mas � a vida que escolhem.

As pessoas culpam John Gotti
por estar na capa da revista Time,

por John Gotti estar nos m�dia,

por Sammy Gravano ter acabado
com o crime organizado ao denunciar.

N�o � verdade.

Tenho de dar cr�dito � pol�cia.

Eles trabalharam com afinco,

vigiando, gravando e seguindo-os,

�s vezes, um ano, dezoito meses,

at� os apanharem
e colocarem atr�s das grades.

Fizeram o trabalho deles.
Fizeram um �timo trabalho.

Temos de ser sinceros,

mafiosos ou n�o, eles conseguiram.

Ningu�m deve receber o cr�dito.
Foram eles.

John Gotti foi para a pris�o federal
ap�s a ponte de Brooklyn,

o lado da C�mara,
o seu lar desde que foi preso.

JOHN GOTTI FOI CONDENADO
A PRIS�O PERP�TUA SEM CONDICIONAL.

SAMMY GRAVANO FOI LIBERTADO
AP�S CINCO ANOS.

JOHN GOTTI MORREU NA PRIS�O EM 2002.

Com Gotti fora de cena, � claro

que a infraestrutura da m�fia
em Nova Iorque est� a enfraquecer.

John Gotti e a sua boca grande,
o seu uso dos m�dia,

transformaram uma sociedade secreta
num espet�culo nacional.

Se algu�m � respons�vel
pela queda da m�fia,

n�o sou eu, n�o � o FBI,

n�o s�o os outros procuradores, �

John Gotti.

Legendas: Nuno Oliveira