All language subtitles for Diana The Woman Inside 2017

Tinha um maravilhoso sentido de humor
e um riso fantástico.

Tenho saudades do riso.

Penetrava tudo.

Ninguém se aproximou da vida
de Diana, Princesa de Gales.

Um ícone de magnitude sem precedentes,

adorada por milhões,

era a mulher mais famosa do mundo.

Quero acabar com o mito
de que passou aqueles anos a chorar,

no Palácio de Kensington, à porta fechada.

Passou muito tempo a rir.

Era uma pessoa calorosa.

Recordo alguém que questionava muito,

que dava respostas engraçadas,

era divertida, adorava piadas ordinárias.

EDITOR

Mandou-me postais terrivelmente atrevidos.

São os ossos do ofício.

- Sim.
- Não pode agir como antes.

Talvez seja bom,
se soubesse como costumava agir.

A transformação de Diana
de princesa e esposa

em deslumbrante estrela internacional
e lenda cultural

aconteceu no escrutínio incansável
dos olhos do público.

Ficou com a ideia de que estava
a tornar-se um enorme sucesso

para que pudesse desfrutar?

Desfrutar de algo assim?

Meu Deus, foi assustador.

Foi uma caminhada tão longa até ao altar.

Não, estou a brincar.

Estou?

Mas quando chegou, o que disse?

Quer mesmo saber isso?

Diana avivou a popularidade
da família real

perante os desafios modernos.

Durante 17 anos, a sua vida luminosa
mas perturbada, fascinou milhões.

Ela via o casamento
e entrar na família real…

TREINADORA

… seriamente, como um trabalho.

Harry, o que estás a fazer?

Sinto que o meu papel
é apoiar o meu marido, sempre que posso.

Estar sempre atrás dele, a encorajá-lo.

E também, o mais importante,
ser mãe e esposa.

Ela amava-os completamente.

O magnetismo de Diana
cativava os que a conheciam.

Tinha uma ligação com o público

que era única e extraordinária.

A Diana era excecional,

independentemente da posição.

Eram centenas,
frequentemente milhares de pessoas.

Perguntamos porque aconteceu.

GUARDA-COSTAS

Porque era ela tão popular?

É tão bonita.

Foi um privilégio.

Não posso crer que fiz isto.

Disseram: "Que acolhimento!" E assim foi.

Parecia uma figura solitária

a atacar esta enorme instituição.

NÃO VOU CALADA

Nunca desistiu.

Tinha uma personalidade forte.

Deu força às mulheres.

Creio que isso
era muito importante para ela.

Muitas mulheres têm maus casamentos.

CURADORA

Identificavam-se com ela.

Era uma comunicadora brilhante.

Criava uma ligação com as pessoas.

Era por isso que a amavam tanto.

Transformou a nossa família real.

A ironia da Diana é não ter percebido

quantas pessoas a admiravam.

Diz muito sobre a sua modéstia

e da falta de confiança
nas suas capacidades.

Como mãe,

posso pedir-vos que respeitem
o espaço dos meus filhos?

Trouxe os meninos de férias.

- Pois.
- E agradecíamos que nos desse espaço.

Livros, artigos,

se fosse lascivo e sobre ela, vendia.

Era intimidante e custava-lhe muito.

AMEI O JAMES HEWITT

Na altura, a autoestima dela
estava muito em baixo,

e achei importante dar-lhe o que queria…

ANTIGO OFICIAL DE CAVALARIA

… sentir-se uma mulher inteira
em todos os sentidos.

Sim, adorava-o. Estava apaixonada por ele.

Mas fui desiludida.

CARTAS ROUBADAS

Muito desiludida é dizer pouco.

Ela só queria
comprar as suas cartas de volta.

E ele foi um sacana.

Disse-me várias vezes:

"Esta mulher quer o meu trabalho.

Quer ser a nova princesa."

E tinha toda a razão.

Diana, Princesa de Gales,
tornou-se uma obsessão internacional.

A estrela de uma telenovela da vida real

que cativou um público global.

O Khan foi interessante
pois reparava corações

e ela tinha o coração partido.

Era cirurgião.

Às vezes, queria gritar.

Depois conheceu o Dodi Fayed.

O BEIJO

Após sete semanas,

sob a proteção da equipa
de segurança dele, ela morre.

A vida dela foi breve,

mas Diana, Princesa de Gales,
deixou a sua marca.

Cativou o mundo
e abalou a monarquia britânica.

Nas décadas que se seguiram,

o nosso fascínio
pela Princesa do Povo não diminuiu.

Diana permanece um paradoxo
irresistível e inesquecível.

Houve uma campanha
para diminuir a memória dela.

Foi feito um grande esforço
para empurrar a Diana

para as margens da história real.

O Mark Bolland foi chamado
pelo Príncipe de Gales.

Era um antigo secretário particular
do Príncipe.

Foi chamado apenas para promover
a existência da Camila.

E, no processo,

intencionalmente ou não,

apagar a Diana quase da existência.

Houve aqueles, particularmente nos media,

que deram o seu melhor

para erradicar a memória da Diana,
mas ela está a resistir.

Da sepultura, após 20 anos,

ainda é uma figura poderosa,
uma atração para muita gente.

Todos na família real,

para facilitar a transição da Camila,

preferiam que ninguém falasse de Diana.

Numa forma de dizer:
"Ela teve o seu tempo.

Está morta, lamento,
mas vamos seguir em frente."

Não vai ser assim.

Nunca haverá outra Diana, nunca.

Fomos roubados
de uma pessoa muito especial.

A Diana fez um trabalho incrível
pela família.

E quase os pôs de joelhos no fim.

BIÓGRAFA REAL

Era considerada um perigo
para a monarquia.

Afinal, foi a salvadora.

O CASAMENTO DO ANO

A ilustre Diana Frances Spencer

nasceu numa vida de privilégio e tradição.

Os seus pais eram membros distintos
da aristocracia inglesa.

A linhagem dos Spencer, claro,

perde-se no tempo,
mas está fortemente associada

com a família real, há vários anos.

Veio de uma família

muito ligada à família real.

Trabalhavam para eles.

Como tal, entendiam os protocolos.

O pai era estribeiro da Rainha.

Viviam numa casa
na propriedade de Sandringham.

As duas madrinhas e quatro das tias-avós

eram damas de companhia.

As duas famílias conheciam-se muito bem.

A guarda de honra,

os Royal Scots Greys,
fez um arco de espadas

para o visconde Althorp
e a sua noiva passarem.

Foi uma ocasião brilhante

e deverá ser recordada
como o casamento do ano.

A 1 de julho de 1961,

a ilustre Diana Frances Spencer
nasceu em Park House

na propriedade Sandringham,

no mesmo quarto em que a sua mãe,
Frances, tinha nascido.

Ninguém poderia prever
o impacto que teria,

não só na família real,
mas em todo o mundo.

Ela gostava de dançar

e gostava muito de nadar.

Estava sempre a nadar na piscina.

Dançava no salão nobre e tocava piano.

GOVERNANTA

Não, ela nunca disse o que queria ser.

A única vez que a ouvi dizer alguma coisa
foi na brincadeira,

no casamento da irmã, "O meu casamento
será na Abadia de Westminster."

Tinha cerca de 18 anos na altura.

Mas todos pensámos
que seria o Príncipe André.

A calma e segurança da infância de Diana

foi destruída quando era jovem.

Em 1967, o casamento dos pais
acabou em separação.

Teve uma infância muito difícil.

Os pais tinham constantemente
discussões terríveis.

A mãe estava num casamento abusivo.

Deu ao marido os filhos que ele queria.

Deu-lhe, finalmente, o filho
que queria desesperadamente,

o filho e herdeiro.

Depois, viu uma oportunidade
de ter uma vida feliz.

Apaixonou-se por outra pessoa
e foi-se embora com ele,

acreditando totalmente
que levaria os filhos.

Não a conhecia.

Saiu de casa quando tinha seis anos.

AMIGA DA PRINCESA

Não estava interessada nos filhos.

A decisão de Frances
de se separar do marido,

lançou uma sombra sobre a vida da Diana,

influenciou o seu próprio casamento.

Era uma coisa constante no plano de fundo.

A mãe foi-se embora.

Nunca se esqueceu do som
dos passos da mãe na gravilha.

A mãe disse: "Volto para a semana."

E nunca mais voltou.

Não entendeu nada
das decisões de custódia.

Só sabia que a mãe
não a amava o suficiente

para ficar com ela.

No início dos anos 60,
era praticamente inédito

uma mãe não ficar
com a custódia dos filhos.

Mas no processo de custódia,

a mãe falou contra ela.

A Frances foi criticada e demonizada.

A mãe dela era a lady Ruth Fermoy,

dama de companhia da Rainha-mãe.

Era um snobe terrível
e desaprovava totalmente

que a filha deixasse o seu conde

para se juntar a um burguês.

Depôs contra a filha.

Disse que era má mãe.

Como resultado, a Frances Shand Kydd,
o nome que tomou,

perdeu a custódia dos quatro filhos.

O lorde Spencer criou os filhos,

com a ajuda de amas, obviamente,

e a Diana ainda tinha contacto com a mãe.

Era muito chegada ao pai.

Infelizmente,
a mãe via a Diana como uma rival.

Como em todas as relações familiares,

há várias dinâmicas.

A Frances era a versão
mais velha da Diana.

Alta, elegante, uma senhora encantadora.

Muito teimosa, determinada, centrada.

Havia uma fricção entre elas.

Sem dúvida.

Na realidade, Frances, a mãe,

era talvez a melhor amiga que tinha.

A determinada altura, sem dúvida,
a Diana e a Frances,

foram muito chegadas.

Foi a confidente mais próxima
nos primeiros anos de casamento.

Estava lá um dia
e ela estava ao telefone com a mãe,

estavam a discutir.

A mãe disse:

"Diana, eu é que devia
ter sido a estrela."

A tragédia para a Diana e para a Frances

é que na altura da morte da Diana

não se falavam.

Estiveram bem muitos anos,
mas no início daquele ano,

em 1997, tiveram um desentendimento
muito grave

e nos últimos meses não se falavam.

Seja o que for que tenha acontecido
no fim da vida de Diana

e na relação, acho que é esquecido,

considerando, sabem,

a proximidade que tiveram antes.

Certamente, no meu tempo.

Após a morte do avô em 1975,

o pai de Diana tornou-se
o oitavo conde Spencer

e herdou Althorp.

Como as irmãs e irmão,

assumiu o título
e tornou-se lady Diana Spencer.

De alguma forma,
ser filha de um aristocrata

e vir de uma família privilegiada
não importava.

Víamo-la como uma de nós.

Pensávamos que era uma rapariga comum.

Aos nove anos,

foi enviada para Riddlesworth Hall.

Bom dia, Sra. Russ.

Em 1974, seguiu as irmãs mais velhas,

Sarah e Jane,
para a Escola West Heath em Kent.

Diria que é uma enorme família,
muitos risos.

Muitas das raparigas tinham títulos.

Mas o pessoal não sabia quais…

PROFESSORA

… por isso todas eram tratadas igualmente.

A Diana era muito simpática
e muito prestável.

Era muito fácil falar com ela,
mesmo naquela idade.

Depois das aulas, tínhamos um intervalo,

em vez de sair,

ela ficava a conversar,

queria saber das nossas vidas.

Era uma ótima nadadora
e ganhou muitos prémios na escola.

Gostava muito de dançar,
principalmente ballet.

Eram só duas na turma,

era muito especial, quase aulas privadas.

Queria ser bailarina,
mas sou demasiado alta.

Não imagino um homem a tentar levantar-me,

mas tento dançar uma vez por semana.

É uma combinação de sapateado,
jazz e ballet.

Gosto imenso.

Dançava muito bem, era tão entusiasta.

Sei que praticava todas as manhãs
no salão nobre antes de eu chegar.

Era muito dedicada
e era uma alegria ensiná-la.

Queria ser bailarina,
mas era demasiado alta.

Mas, obviamente,
não podia seguir esse caminho.

Ainda assim,
continuou a dançar toda a vida.

BALLET NACIONAL

Às vezes, ia aos ensaios e dançava

com o Ballet Nacional Inglês.

Era maravilhoso para ela poder aparecer

e entrar nos ensaios.

Ela adorava ir a Covent Garden
e ver os espetáculos

e claro, famosamente,
dançou uma vez com o Wayne Sleep.

Quando ela dançou com o Wayne Sleep,

fiquei imensamente orgulhosa.

Foi uma das prendas de casamento,

que correu mal.

Era um tributo para o Carlos, foi filmado,

e ele não ficou impressionado
pois achou que ela estava a exibir-se.

Mas foi incrivelmente corajoso
subir ao palco

na casa do Ballet Nacional Inglês
em Covent Garden

e dançar com o grande Wayne Sleep.
Foi muito corajoso.

Achei que foi fantástica.

Embora o seu percurso académico
não tenha sido notável,

fora da sala de aulas
tinha uma paixão por música.

A paixão dela era a música.

Não era Duran Duran, Boy George ou Wham.

Ela gostava de música pop,

mas a paixão dela era a música clássica.

Lembro-me dela a conduzir o seu carro,

a ouvir música de bandas
como os Supertramp

e depois a ouvir qualquer coisa
muito clássica.

Era grande fã de ópera

e foi várias vezes a Itália
para ver o Pavarotti.

Acredito em ter música em todo o lado,

sejam auscultadores,
o rádio ou um gira-discos.

É ótimo fazer uma caminhada

e levar a música comigo.

Ouço imensa música clássica,

seja Grieg, Rachmaninov ou Schumann.

Toda a minha família,
o meu lado da família,

é muito musical e eu apanhei o gosto.

Adoro.

Ainda toca piano?

Sim, toco.

Não é nada de especial, longe disso,

mas gosto muito e é muito terapêutico.

Criava facilmente ligação com as pessoas.

Os que a conheciam estimavam-na
pelo toque humano.

Como Princesa de Gales,
brincou com os seus estudos

e a sua falta de sucesso académico.

Na visita à escola, dez anos depois,
para inaugurar um pavilhão desportivo

com o nome da antiga diretora,

recordou antigas infrações
e o preço que teve de pagar.

Ela disse: "Wendy, voltei à escola

e surpreendeu-me que as funcionárias

estivessem nervosas comigo,
sou apenas a Diana."

Os meus anos em West Heath
foram muito felizes.

Fiz muitas amigas que vejo com frequência,

e apesar do que a Sra. Rudge,

e as outras professoras podem ter pensado,

aprendi alguma coisa.

Embora não se note nas notas dos exames.

Era muito mais inteligente
do que as pessoas pensam.

Não era académica.

Não há dúvidas,
não se saiu muito bem na escola,

ou passou em exames. Não era assim.

Ela própria admitiu

que não tinha tido boas notas.

Ocasionalmente, referia-se a si mesma

como a mais burra da família.

Na verdade, era uma das mulheres
mais inteligentes

que alguém podia conhecer.

Fingia ser parva.

Sabia exatamente o que se passava
na política, na economia.

Era muito conhecedora.

Estava bem informada,
podia falar de política.

Interessava-se pelos temas da atualidade.

Costumava dizer-me:
"Falam sempre por cima de mim

porque pensam que sou uma tonta,

mas eu sei do que falam."

Era inteligente.

Era o sentido de humor
que a fazia sobressair

de outros membros da família real.

- O que é isso?
- Um carro.

É uma prenda?

Conseguia dizer qualquer coisa improvisada

muito humorística ou espirituosa.

Gostava de uma piada.

Tinha alvos particulares para as piadas.

Em Kensington,
a pobre princesa Michael de Kent,

uma vizinha próxima,
era muitas vezes o alvo.

Gostava de pregar partidas
e provocar as pessoas,

mas não era má, só em brincadeira.

Comprei-lhe uma roupa, era uma tanga.

Estavam a tornar-se populares
no mundo da moda desportiva.

Ficou contente de a vestir.

Correu numa roupa desportiva
muito reveladora

e surpreendeu a princesa Michael,
enquanto ela,

e as amigas snobes,
saíam para as corridas.

Queria envergonhá-las
e acho que conseguiu.

Estava com a amiga Simone

e estavam cobertas
com uma maquilhagem de abacate.

Estavam a fazer
uma limpeza profunda ao rosto.

Puseram as caras de fora da janela,

como duas marcianas,
enquanto a princesa Michael

estava a entrar no carro
para ir a um sítio importante.

Fui lá um dia
e fiquei à espera no piso de baixo,

na sala formal,
e enquanto lá estava sentada,

apareceu um lindo gato.

Quando a Diana entrou disse:

"Meu Deus, gostas de gatos?"

Eu disse: "Sabes que sim."

Ela disse: "Esqueci-me, tens três."

"Sim."

Ela disse: "Queres outro?"

Eu disse: "Não me importo."

Ela disse: "Bem,
este gato está muito infeliz

a viver com a princesa Michael,

tal como todos os que vivem lá,

podes levá-lo contigo, por favor?"

Eu disse: "Adorava."

Ela disse: "Paul, uma caixa."

Ele foi buscar a caixa e disse:
"Sabe que o gato tem chip?"

E a Diana disse: "Não era divertido

se acabássemos as duas na prisão?"

No início,
dava-se bem com a princesa Michael,

mas isso mudou.

Não se davam tão bem…

… como deviam, talvez.

Não gostava da princesa Michael de Kent
e o sentimento era mútuo.

Tinha um sentido de humor maravilhoso.

Queríamos rir.

Fosse qual fosse a piada,
riamo-nos por causa dela.

A Princesa teve dificuldades
em conter um ataque de riso

ao ver o marido de capacete de obras.

Era cómica, espirituosa
e tinha um grande coração.

Provocava os polícias.

Provocava os amigos.

Provocava outros membros do pessoal
no Palácio de Kensington.

Quando as câmaras se desligavam,
era hora de brincar.

Lembro-me de voltar de Nova Iorque,

chegámos a Heathrow,

e ela disse:
"Tem de ligar ao meu cabeleireiro."

Eu perguntei porquê.

E ela disse: "Ligue-lhe,
faça uma das suas vozes cómicas."

Lembro-me de lhe ligar,
tinha um salão em Claridge's,

pus em alta-voz no carro.

Liguei e disse: "Olá, Richard.

É o Jack Viza do New York Times.

Queremos falar do penteado da Diana."

E o Richard, numa voz
muito efeminada, disse:

"Não dou entrevistas."

"Não é uma entrevista.

Só queremos saber quando a penteou."

"Não vou falar do cabelo dela."

"Bem, Richard, digo-lhe uma coisa.

Quando lhe pintou as raízes?"

A Diana e a irmã estavam no banco de trás.

Vi a Diana a enfiar lenços na boca.

O motorista estava quase
a perder o controlo

e achei melhor parar.

Disse: "Está tudo bem, Richard. É o Ken."

Não repito o que ele disse.

Em 1977, lady Diana frequentou

o Instituto Alpin Videmanette na Suíça.

Depois de West Heath,
passou dois semestres na Suíça,

onde esteve num internato.

Com o dinheiro herdado aos 18 anos,

comprou um apartamento em Londres
onde viveria

até o noivado ser anunciado.

Por uns tempos,
trabalhou como educadora de infância.

Queria ensinar crianças
e disseram que podia ir lá.

Comecei a trabalhar às tardes,

depois as manhãs e o dia todo.

Mas só trabalhava
três dias por semana na creche,

nos outros dois cuidava
de um menino americano.

Foi em 1977
que o solteiro mais cobiçado do mundo

e herdeiro do trono britânico
encontrou a sua futura princesa.

Foi em 1977, o Carlos estava lá,

na casa de um amigo da minha irmã,
para uma caçada.

Conheci-o num campo.

Lembro-me de pensar que era muito alegre,

uma rapariga de 16 anos muito atraente.

O casamento aconteceu de forma estranha.

Foi o poder da avó.

Naquela altura,
a trabalhar para a Rainha-mãe,

estava uma senhora
chamada Ruth Fermoy, a avó de Diana,

que foi fundamental,
junto com a Rainha-mãe,

para criar esta relação.

Podemos dizer com alguma certeza

que foi o último casamento real combinado.

O príncipe Carlos estava sob pressão
para encontrar a futura rainha.

Diana era perfeita para o papel.

Há alguma possibilidade

do anúncio do casamento ser em breve?

Pode dizer-me se é possível?

Não vou dizer nada, lamento.

O príncipe Carlos deu-nos uma dica,

que não faltava muito.

Cuidado!

Como a Rainha disse:
"A lady Diana Spencer é uma de nós."

Sabia os protocolos e as regras.

Parecia ser ideal.

Era conhecida da Rainha
e do príncipe Filipe.

Gostavam muito dela.

JORNALISTA

Ela tocou-lhe no coração
e foi o início da relação.

A vida da Diana mudou num instante.

Era sempre bombardeada com a imprensa.

Lidou com isso admiravelmente
e foi muito cortês,

mas sei que não estava contente.

Vai voltar?

A casa dela em Londres ficou cercada

pela imprensa, os fotógrafos.

Seguiam-na para todo o lado.

Foi o fim de o Carlos e a Diana

poderem explorar a relação,

conhecerem-se.

Eles mal se conheciam nessa altura.

A 24 de fevereiro de 1981,

o noivado real tornou-se oficial.

Quando o conheceu, ela era muito jovem.

Ele é muito charmoso e ela foi arrebatada.

Por um tempo, foram uma equipa de sonho.

Havia amor entre o Carlos e a Diana
a determinada altura.

Ela nunca deixou de amar o Carlos.

Mesmo até ao fim, ela amou-o.

Estava genuinamente apaixonada
pelo Príncipe de Gales.

Ela disse-o, não vou duvidar.

Da parte do Príncipe não estou convencido.

Gostavam do mesmo,

dos mesmos interesses,
medicina complementar,

comida biológica, agricultura biológica.

Natural, voltar ao básico.

Ambos tinham um ótimo sentido de humor.

Quando ficaram noivos,
ainda mal se conheciam.

Foi a verdadeira tragédia.

Se tivessem casado seis anos depois,

não se tinham divorciado.

Infelizmente, ela era demasiado jovem.

Quando o Carlos conheceu a Diana…

HISTORIADOR

… ele não era emocionalmente livre
para se entregar,

como ela se entregou.

A Camila estava no caminho

e sempre teve a intenção de ser rainha.

O príncipe Carlos, como soubemos depois,

já estava emocionalmente comprometido
com outra.

A história da Camila era constante,

uma praga na vida da Diana.

Ela percebeu muito cedo

que não ia ser um mar de rosas.

Ontem, era ama.

Um dia, irá ser rainha.

É uma mudança tremenda

para alguém de 19 anos enfrentar.

É verdade, mas tive uma amostra
nos últimos seis meses.

Ao lado do príncipe Carlos
não pode correr mal.

Ele está comigo.

Imagino que apaixonados.

Claro.

- Seja o que for que isso significa.
- Sim.

Todos nos rimos, ou muitos riram,

mas acredito que estava a ser sincero.

Ele estava envolvido com a Camila
durante o noivado.

Famosamente, ela deu-lhe
botões de punho e pequenas ofertas

que ele levou para a lua-de-mel
com a Diana.

Nos antigos casamentos combinados
era aceite

que o Príncipe de Gales e outros
tinham amantes.

Mas a Diana
não estava preparada para isso.

Então, o casamento começou mal.

Falam do divórcio e da relação
como sendo muito complexa.

Não era complexa.

Era uma relação, como qualquer outra,

em que uma das partes cometia adultério.

Para o público cativado,

a lady Diana parecia ser
a candidata perfeita

para a posição de Princesa de Gales.

Porque veio até aqui?

Para tentar ver a Diana e o Carlos.

Porque está tão contente?

Sinto que é a pessoa certa para ele.

Admirada e imitada pela sua beleza,

o guarda-roupa de Diana
tornou-se um foco contínuo de atenção.

Quando cheguei,
tinha muita gente para me ajudar.

Agora a escolha é minha,

mas nem sempre posso vestir o que gosto

porque não é prático.

É espantoso com o que temos
de nos preocupar.

As coisas óbvias, como o vento.

Está sempre um vendaval,

o vento é meu inimigo.

Sem dúvida.

E temos de nos esticar para receber flores

por isso, não pode ser muito revelador.

As bainhas não podem ser curtas
pois quando nos baixamos,

há seis crianças a verem
por baixo da saía e continua.

Precisamos de roupa para o trabalho,
tem de ser prática.

Às vezes, posso ser um pouco escandalosa.

É muito bom, às vezes.

Era uma mulher impressionante,
fisicamente.

Tinha quase uma figura de modelo.

Era muito alta e magra.

Tinha uma linda postura e porte.

Tinha uma pele impecável.

Aquilo que recordo nela

não é a Diana polida
a representar em público,

mas a Diana cujo cabelo,

quando não estava
bem arranjado pelo cabeleireiro,

não tinha volume,
com o mínimo de maquilhagem,

calças de ganga,
terrivelmente alta, claro.

Ficava espantosa
de calças de ganga e t-shirt,

sem maquilhagem.

Acho que ela não sabia como era bonita.

Era naturalmente muito bonita.

Vi-a logo pela manhã sem maquilhagem,

acabada de sair do duche

e tinha uma pele maravilhosa.

Era extremamente fotogénica.

Na escola, não pensaríamos

que se tornaria um modelo de moda.

Não tirava uma má fotografia.

Gosto de ver fotografias dela.

Está muito bem.

Não gosto tanto de a ver de branco,
tenho de admitir.

Um dos primeiros vestidos
que usou num evento

foi um vestido preto de tafetá da Emanuel.

Os jornais só falavam no decote.

EDITORA

Foi um escândalo.

O vestido preto era…

ESTILISTA

Era o vestido de transformação.

Tinha o decote.

Causou grande comoção.

Houve uma grande conversa
por causa do decote.

Com o vestido preto,

foi a primeira vez
que a viram com roupa de adulta.

Antes disso, usava estilos românticos,

com muitos folhos.

O vestido foi uma transformação

de menina para futura princesa.

Usou preto poucas vezes

pois é normalmente reservado para o luto.

Com o vestido preto,

reparou que a imprensa
lhe dava muita atenção,

que o que vestia tinha impacto.

Não foi uma surpresa o valor ser alto.

LEILÃO - 2010

Era um vestido famoso,
por isso angariámos tanto dinheiro.

A vender por mais de 160 mil,

é o preço, 160 mil.

Vendido. Muito obrigada.

Foi o leilão mais empolgante
em 30 anos de carreira.

LEILOEIRA

Foi incrível.

No dia em que o noivado real
foi anunciado,

a futura Princesa de Gales mudou-se

para a casa de Londres da Rainha-mãe,
Clarence House,

e depois para o Palácio de Buckingham.

A Diana foi atirada aos leões.

Foi viver no Palácio de Buckingham.

Sentia-se um pouco isolada
e insegura da sua posição.

Era tão jovem. Só tinha 19 anos.

EDITORA

Sentia que não podia ter amigas

num sítio tão assustador.

Mudou-se da sua casa alegre
onde vivia com as amigas

para o Palácio de Buckingham,
que é muito diferente.

Foi um choque para ela.

Ela via muita televisão,
tinha programas preferidos?

Meu Deus!

ANTIGOS ALUNOS

- Crossroads.
- Crossroads, sim.

Também gostam?

Infelizmente, sim.

Do nada, um dia,
chegou uma carta do Palácio.

No interior estava uma carta da Diana

a perguntar se me lembrava dela
em West Heath,

e que, devido à situação dela,

tinha ficado noiva do príncipe Carlos,

não podia sair,
principalmente por causa da imprensa,

e se considerava ir ao Palácio
de Buckingham para a ensinar.

Foram tempos maravilhosos,
são memórias felizes.

Ia ao Palácio de Buckingham
três vezes por semana.

Estava muito feliz.

Parecia estar muito apaixonada.

Estava cansada, como todas as noivas,
por causa dos preparativos.

Houve muitas provas do vestido

e treinos para entrar e sair da carruagem.

As provas foram no nosso estúdio.

Toda a gente tentou descobrir
o que íamos fazer.

Foram para as casas do outro lado da rua

para tentar filmar pela janela.

Fizemos os vestidos das damas de honor,
também foi muito divertido,

porque a Diana costumava
trazê-las às provas.

Uma vez, estavam todas de patins.

Foram tempos de muito trabalho,
mas muito divertidos.

A Diana estava muito feliz,
nós estávamos felizes

e era muito empolgante.

A prova final foi no Palácio de Buckingham

porque a cauda não cabia no estúdio.

Era muito longa.

O príncipe Carlos viajava muito.

Ela achou que ia ser romântico,

que iam ter jantares à luz das velas
no Palácio de Buckingham

que ia levá-la num cavalo branco,

mas não foi assim.

Ela mal o via.

Acho que ninguém lhe explicou

a enormidade do que estava a fazer.

Achou que seria ótimo ser princesa.

O que é a realeza?

BIÓGRAFO REAL

É uma mistura de mito e realidade.

É o conto de fadas de uma princesa

a unir-se com a História.

Ela vivia num mundo romântico.

Lia os romances da Barbara Cartland.

Pensava que a vida real

seria como estar num romance.

Casava com o príncipe que amava,

estaria em segurança.

Acho que não entendia verdadeiramente
o que implicava.

Entre o pessimismo económico
e um governo impopular,

foi oferecido aos britânicos
o que nunca falhou em alegrá-los,

um evento real feliz.

Tinham sido tempos muito difíceis.

Estávamos em recessão,

tínhamos tido motins
em Brixton e Liverpool.

De repente, aconteceu o casamento real,

era verão e Londres estava em festa.

Toda a gente ficou muito alegre
e exultante.

Escrevia sobre o casamento real
para o Mail na altura.

Lembro-me de estar na rua na véspera,

a entrevistar muita gente

que estava acampada na rua,

do Palácio de Buckingham
até à Catedral de São Paulo.

Quando amanheceu em Londres,

as preparações para a parada
estavam avançadas.

Acordaram os cavalos cedo.

Em frente ao Palácio de Buckingham
e até à Catedral de São Paulo,

os passeios estavam cheios de pessoas.

S e estão contentes e sabem
Batam palmas

A 29 de julho de 1981,

a vida da lady Diana Spencer
mudaria para sempre.

Embora ainda plebeia,

a bonita inglesa transformar-se-ia

na terceira lady do reino,
a Princesa de Gales.

Estávamos à espera nos degraus
e estava tudo tranquilo,

e finalmente percebemos que era agora.

Esperávamos que todos gostassem
do vestido.

O vestido de noiva,
o segredo cuidadosamente guardado,

tafetá de seda cor de marfim
resplandecente, com renda antiga

e uma cauda longa, quase oito metros,
bordada à mão.

A noiva mais encantadora e romântica
que já tocou o coração do mundo.

Achei requintado, tão bonito.

Uma das coisas extraordinárias

de que as pessoas se recordam

é da cauda terrivelmente longa.

Mas a cauda longa
é o pesadelo das damas de honor.

Reparámos que o vestido tinha rugas

e o coração caiu-me aos pés.

Sabíamos que o tafetá ganha rugas,

mas também que esticava
porque era muito pesado.

Demorou algum tempo a arranjá-la,

quando saiu da carruagem,

para ficar bem.

Era romântico, dramático, teatral.

O vestido era feito de tafetá de seda
especialmente tecido.

Era muito tecido.

A quantidade de tule que usámos no saiote

devia ter centenas de metros.

Tinha milhares de pérolas e lantejoulas

bordadas na renda.

Estava muito trabalho no vestido.

Tinha a última cadeira na fila

e estava a olhar para trás
para a ver entrar.

De certeza que para ela
deve ter sido esmagador,

com tanta gente em volta,
mas estava radiante.

Olhámos uma para a outra,

a cara dela iluminou-se
e levantei a cabeça.

Estava muito orgulhosa dela.

O buquê, orquídeas e gardénias claras,

murta escura e rosas Mountbatten douradas.

Nunca pareceu nervosa.

Acho que nunca a vimos nervosa.

Eu estava nervosa.

Carlos e Diana unem-se,
perante Deus e o mundo,

para fazerem os seus votos um ao outro.

Diana Frances,
aceita este homem como seu marido,

para viverem juntos segundo a lei de Deus

no sagrado matrimónio?

Irá amá-lo, confortá-lo,

honrá-lo e respeitá-lo
na doença e na saúde,

esquecendo todos os outros,
sendo-lhe fiel,

até que a morte os separe?

Sim.

Quem duvidaria do amor e alegria

que este casal
obviamente sente e partilha?

Tão forte que, por um dia inspirador,

uma nação inteira esquece os problemas
para lhes desejar felicidade.

Os melhores contos de fadas acabam com:

"E viveram felizes para sempre."

Rezemos para que este conto de fadas
não seja a exceção.

Lembro-me do Arcebispo da Cantuária,

Runcie, a dizer: "É disto
que são feitos os contos de fadas."

É um dia maravilhoso e especial,
cheio de esperança.

Correu mal rapidamente.

Embora um conto de fadas,

teve um final incrivelmente triste
de tantas maneiras.

No dia do casamento, a Diana disse

que o primeiro instinto dela,

foi nesta altura que soube da Camila,

o instinto dela foi fugir.

A família não a deixou.

Atrás dos noivos vem a Rainha,

acompanhada pelo conde Spencer.

O príncipe Carlos
não conseguiu largar a amante

e a tragédia desenrolou-se.

O problema da Camila
estava em audiência pública.

Como recuperamos disso?

Era muito difícil.

Casou com o homem certo?

Um nome completo
é algo difícil de organizar.

Doou realmente à sua esposa

todos os seus bens terrenos?

O que disse?

Disse parte dos meus bens?

Entre cenas de alegria nacional
e celebração,

começou a obsessão do público
com a princesa Diana.

Gosta da vida de casada?

Recomendo vivamente.

Era um evento.

Onde quer que fosse,
havia uma ligação aos britânicos.

Adoravam-na. Não era antiquada,

da Casa de Windsor.

Era glamorosa,

como uma estrela de cinema.

As pessoas de York saíram aos milhares

numa manhã de domingo.

No que se tornou uma tradição imediata,

houve prendas e flores aos cestos cheios.

A Diana tinha glamour e estatuto.

As estrelas de cinema têm glamour,

mas não têm o estatuto
de uma futura rainha.

Assim, a Diana era única.

Queremos a Di!

O estilo dela, o envolvimento,
a abordagem,

a atitude, a diversão, o sentido de humor,

tornou-a querida do público.

Quem associava sentido de humor
à família real

antes de ela chegar?

Tinha uma forma natural
de cumprimentar pessoas

e de nos fazer acreditar que estava
genuinamente interessada em nós.

Fazia-nos sentir importantes.

Era maravilhosa.

Era imensamente popular
de uma forma difícil de imaginar agora.

Acho que ela não tinha noção
de como era popular.

Se fazia as visitas,

assumia que as pessoas
eram levadas para a verem.

Eu disse: "Não, as pessoas vêm para a ver.

Não são eventos políticos

em que têm de vir prestar-lhe homenagem."

Quando ela morreu, pensei:
"Se ela soubesse."

Com o aumentar da sua fama,

aprendeu rapidamente a causar impacto.

A roupa era uma espécie de linguagem.

Podíamos ver como se sentia,

ou que mensagem queria transmitir,

só pelo que tinha vestido.

Sabíamos sempre se ia ser um bom dia

ou um mau dia.

Num bom dia,
vestia cor-de-rosa ou vermelho.

Estava de humor rosado.

Tinha os óculos cor-de-rosa,
metaforicamente, e ia colaborar.

Mas se fosse trabalhar de preto,

pensávamos: "Céus."

Ficava de costas para nós o dia todo.

AUTOR E JORNALISTA

Era muito inteligente a usar a imprensa
e a passar a mensagem

que queria que divulgássemos por ela.

Não criava grandes tendências,

mas escolhia peças particulares
e outras pessoas usavam-nas.

Quanto mais confiante
foi ficando no seu estilo,

mais foi esticando os limites
um bocadinho.

Por uns tempos,
gostou muito do estilo militar

e tinha muitos casacos cossacos
e coisas com alamares.

O cabelo também era importante.

Não era só o que vestia.

Quando foram à Nova Zelândia,
encontraram cinco ou seis mulheres

com o mesmo penteado e as mesmas camisas.

A roupa não é a minha prioridade.

Gosto de cores vivas

e o meu marido gosta de me ver
elegante, apresentável.

Acho que há demasiada ênfase
na minha roupa.

A moda não é o mais importante para mim.

O casal real parecia quase o par perfeito.

Por um tempo, continuaram a encantar
um público inocente.

Até os interesses diferentes do casal
pareciam cativantes.

Tive a sorte de casar com ela.

E tivemos muitas mensagens…

É incrível o que as senhoras fazem
quando não vemos.

Têm os mesmos gostos?

- No quê?
- Música pop.

Às vezes, sim. Não sempre.

Eu era…

De algumas não gosto e não te importas.

Tenho a reputação de gostar de todas
as pessoas que vemos em concerto.

Mas vamos e esperamos angariar dinheiro
para as caridades do meu marido.

Mas ambos adoramos música clássica,

a ópera e o ballet,

e vamos ver quando podemos.

O Carlos chegou a casa um dia
e, normalmente,

se o Carlos chegasse,
tínhamos de desaparecer,

enquanto ele chegava e se acomodava,
mas uma vez ela disse:

"Não, vamos ter com ele às escadas."

Estávamos com a roupa de exercício
e fomos ter com ele.

Acho que era a forma dela
de o tentar envergonhar.

Mas ele lidou muito bem com a situação.

Foi muito cortês.

A Princesa do Povo, com talento,
atualizou antigas tradições reais.

Ao contrário de outros na família,
a sua atitude era aberta e amigável.

Era única, num sentido,

nunca se referia a nós pelo apelido,

que era a norma com os outros membros
da família real.

Ver a realeza tão de perto.

Eles darem-se ao trabalho de perder tempo

para virem falar connosco,
é inacreditável.

Foi ótimo. Gastei o rolo todo.

Valeu a pena, juro!

O pessoal adorava-a.

BIÓGRAFO

Não encontrei um único funcionário
que não a adorasse.

Não foi publicamente reconhecida

pela família, na altura,

por levar a família real
para o século XXI.

Houve alguma crítica
sobre a quantidade de atenção

que ela puxou para si.

Parte do problema era a inveja
que tinham da popularidade dela.

O Duque de Kent,

fui com ele a vários eventos,

no Reino Unido e no mundo,

poucas pessoas apareciam,
quando aparecia alguém.

E ele disse-me a brincar:

"Ninguém sabe quem sou,
por isso, ninguém vem.

Vinham quando estava
a trabalhar com a Diana."

Acho que a popularidade era o problema.

Diana representou o país

com tanto estilo que o Príncipe de Gales

começou a parecer o sócio minoritário
da empresa real.

Ainda não arranjei maneira
de dividir a minha mulher ao meio.

Acabou por eclipsar o príncipe Carlos,
o que não era intenção dele.

Ele também queria o holofote
e não ia acontecer.

Ele sentia que tinha
coisas importantes para dizer,

mensagens para transmitir nos discursos,

e, claro, fazia os discursos,

tinha a Diana ao seu lado,

e a imprensa ignorava o discurso

e falava da roupa e do penteado dela.

Era incrivelmente frustrante para ele.

Cheguei à conclusão
de que teria sido muito mais fácil

se tivesse duas esposas.

Para cobrir ambos os lados da rua.

E eu andava no meio a dirigir a operação.

O Carlos invejoso?

Ele não sabe o que é inveja.

Em junho de 1982,
dez dias após ter feito 21 anos,

a princesa Diana teve um menino.

Foi uma coisa muito adulta.

William Arthur Philip Louis
Mountbatten Windsor

tornou-se herdeiro do trono

com o título de príncipe William de Gales.

Vamos ver. Olha.

Era incrivelmente dedicada
a ser mãe e esposa.

Era uma mãe fantástica.

Ninguém lhe pode negar isso.

A Princesa encontrou mais alegria
quando o segundo filho,

Henry Charles Albert David,
nasceu em 1984.

Assumiu o título
de príncipe Henry de Gales,

mas a Princesa anunciou
que seria chamado de Harry.

- Cá vamos.
- O último rolo.

Tudo bem.

Ele queria olhar para ali.

Ela afogou aqueles meninos
com amor e carinho,

mas nunca um exagero.

Amavam a mãe.

Testemunhei isso durante muitos anos,

desde o primeiro dia, quando o William
foi para a escola em 1986.

A menos que estivesse fora de Londres

ou no estrangeiro,

levava o William à escola e estava lá

quando chegavam a casa à tarde.

Queria dar-lhes uma infância normal,

mesmo que as circunstâncias
não fossem particularmente normais.

William!

Fez coisas com ele
que a família real não fazia.

Por exemplo, saiu com o William e o Harry,

levou-os ao metro de Londres,

a andar de autocarro, de táxi.

O Príncipe de Gales não gostava disto.

"Porque é que vão andar de autocarro?

Vais levá-los de táxi?"

Não entendia.

Entendo o que ele pensava,
mas era a forma de ela dizer:

"É assim lá fora."

Para verem a diferença

entre os privilegiados
e os desprivilegiados.

Ele dizia: "Porque é que os levaste
a uma hamburgueria?

Temos um bom cozinheiro."

Uma boa pergunta, excelente,

mas não era essa a questão.

Era pela Diana e o que ela sentia

como as crianças naquela idade
deviam ser educadas,

quando os amigos deles

faziam estas coisas diariamente.

Há sempre o mito de que o William

sendo quem é, raramente vê uma criança.

Mas tenho duas irmãs,
com cinco filhos entre elas,

e tenho muitas amigas que têm filhos,
por isso, estamos com eles.

Ele adora outras crianças
e é um organizador,

o que provavelmente será útil no futuro.

É por causa da Diana que o William…

… é o homem que é hoje.

É muito mais descontraído,
muito menos rígido do que o pai.

Tem muitos genes dos Spencer.

O Harry ainda os tem mais.

A vida na corte era um desafio para Diana.

Um espírito livre por natureza,
chocava com o protocolo

estabelecido pela casa.

Sabia que o que escolhia

era não poder andar pela rua?

Não, não sabia.

Lutou pelo que se referia como:
"Quero ser normal."

Mas para muitos membros da família real

é quase impossível ser normal.

Mas acho que ela esteve perto.

É maravilhoso que pudesse sair disfarçada.

Uma vez, ela estava a experimentar

e uma pessoa abriu-me a porta,

acompanhou-me escada acima

até à pequena sala dela,

o William e o Harry estavam lá,

e disse: "A Princesa vem já."

Os rapazes não paravam de rir.

E ela diz: "Enganei-te, não foi?"

Eu disse: "Meu Deus!"

Deve ser complicado.

Não pode ir às compras

como podia antes de ficar noiva?

Não, certamente que não,
nem tenho tempo para tal.

Mas ajuda-me ver o que há,

não necessariamente roupa, mas livros,
várias coisas.

É bom manter o contacto com todos

ou ir às compras com uma amiga

que quer comprar uma coisa
e quer companhia.

Apesar dos media

porem-na debaixo dos holofotes,
ela punha a peruca,

vestia o que queria

e fazia caminhadas em Hampstead Heath,

ia comigo à loja de caridade
em Camden High Street.

Era uma mulher muito bonita, fisicamente.

Não nos esquecíamos dela
se a víssemos na rua.

Dava o seu melhor para se disfarçar,
um boné de vez em quando.

Numa ocasião, íamos a caminhar em Heath

e alguém perguntou: "É a Diana?"

E ela disse: "Não, sou a irmã gémea."

"Certo, está bem."
E continuámos a caminhar.

Lembro-me de apanharmos o metro
em Hyde Park Corner,

até Piccadilly Circus,

saíamos em Piccadilly Circus,

e as pessoas olhavam e pensavam:
"É a Diana no…

Não, não iam andar de metro."

Nunca era um problema de segurança.

Ela desarmava as pessoas.

Não se importava de ser reconhecida,
mas preferia não ser.

No autocarro.

O Harry e o William
a subir ao primeiro piso,

quando ainda tinham revisores,

não sabiam se lhes vendiam bilhetes,

ou se os deixavam entrar,

porque não acreditavam
que eles estavam no autocarro.

Para mim, era uma boa forma

de educar crianças da família real.

O que diz quando lê nos jornais

que é uma mulher determinada e dominante?

Não leio sempre isso.

Muita gente me diz isso, mas não concordo.

Sou perfecionista comigo,

mas não necessariamente com os outros.

Essas histórias surgiram há muito tempo

e continuam a aparecer,
mas não acho que seja assim.

Fica magoada com isso?

Obviamente que sim.

Sentimo-nos muito magoados.

Penso: "Não quero sair

e ir a este evento.
Ninguém me quer ver, socorro, pânico."

Mas temos de nos esforçar e lembrar
que algumas pessoas, esperamos,

não acreditam no que leem sobre nós.

A princesa Diana foi marcada
como manipuladora dos media,

criticada por se autopromover.

Na realidade, só promovia a sua imagem
para o bem de outros.

Ela teve uma relação intrigante
com os media desde o início.

Via sempre onde estava a câmara.

Era profissional nesse sentido.

Os media adoravam-na.

Viam a rapariga divertida
que era incrivelmente prestável.

Sabem, vamos numa digressão
com a princesa Ana

e ela não para para tirar uma fotografia.

Vira as costas aos fotógrafos.

Faz tudo para não ajudar.

A Diana esforçava-se para ajudar
e todos se apaixonaram por ela.

Trabalhava muito bem os media,
também era manipuladora.

Fez amigos e contactos nos media

que trabalhou para o seu benefício.

Escrevia sobre ela quase todos os dias.

Tornou-se parte diária da minha vida.

Não podia ter mais cobertura.

Estava todos os dias nos jornais
e frequentemente na capa.

Estou demasiado nos jornais, horroriza-me.

Quando acontece algo importante,
como uma bomba ou algo assim,

põem-me na primeira página.

Havia um departamento em Buckingham

onde o Príncipe podia ler
os extratos dos jornais.

Eles liam e esqueciam
ou liam e ficavam furiosos.

Ela sabia tudo o que era publicado.

Claramente, houve coisas que escrevi
com que ela ficou furiosa.

Ela chateou-se com o Richard Kay
e eu disse: "Espera, Diana.

Por favor, lê outra vez.

Lê-me em voz alta o que ele escreveu.

Não o que pensas que escreveu,
o que escreveu mesmo."

E ela disse: "Vejo o que queres dizer."

Tinham fotografias minhas
a entrar ou a sair do carro dela.

Era inteiramente normal,

mas foi usado pelos media na altura,

não sei que jornal as publicou,

para a atacar e acusar de hipocrisia,

porque, na altura, ela queixava-se muito

da intrusão dos media.

E ali estava sentada no carro

com uma das figuras dos media, eu.

FALSO

Ela não gostava quando escreviam mentiras.

Podemos dizer que passava
pelas fases iniciais

das fake news nos anos 80 e 90.

Havia sempre tanto a acontecer.

Havia sempre outra crise iminente
ou outra situação,

por isso, não pensava muito no passado.

Ela vivia depressa.

Acontecia tudo muito rapidamente
na vida dela, e…

É quase como se tivesse pressa
para fazer as coisas.

Ela sempre me disse…

… que a vida dela ia acabar abruptamente.

Ela disse: "Sabes,
nunca vou fazer ossos velhos."

Ela disse: "Vou morrer antes de tempo."

No início, tudo parecia bem
com o casamento real.

Havia poucos sinais de problemas futuros.

Após o nascimento de William em 1982,

Diana sofreu de depressão pós-parto.

Ela teve dificuldades, não há dúvida.

Sem dúvida, teve problemas pós-parto

após o nascimento do príncipe William.

Houve um bocadinho de depressão pós-parto.

Subitamente,
no que dizia respeito ao Carlos,

ela mudou à frente dos olhos dele.

Era simpática, alegre, descomplicada,

risonha, divertida, engraçada,

fazia toda a gente rir,

e, subitamente, tornou-se

zangada, invejosa, difícil.

Tinha oscilações de humor.

Mostrou um lado dela

que ninguém tinha visto.

Tudo o que ela queria era um abraço

e um ombro para chorar,

mas, infelizmente,
a educação do Carlos impediu tudo isso.

Ele não sabia como fazê-lo.

Não sabia mesmo.

Não sabia como ajudar.

Pensava que era culpa dele.

Ela estava tão emotiva
como qualquer mulher.

Ele era um homem ocupado,
totalmente dedicado ao dever

e não tinha a capacidade,

a capacidade emocional ou mais nada,
de lidar com a Diana.

As coisas nunca melhoraram.

São coisas inteiramente naturais
que acontecem a muitas mulheres,

mas combinado com ser a mulher
mais adorada no planeta,

deve ter contribuído
para o bem-estar dela.

Pessoas como a Camila
e o círculo íntimo dele diziam:

"Porque é que não a pões
num hospital psiquiátrico?"

Estava totalmente compos mentis.

Ela não se atirou escada abaixo

para chamar a atenção.

Frequentemente, não está ninguém lá

para nos apanhar.

A Rainha, no meio,

nunca tinha tido de lidar
com nada assim em toda a vida.

Não sabia como lidar

com o confronto moral
desta mulher histérica

e com o filho a dizer: "Está louca."

Uma treta absoluta.

Posso dizer isto?

Ela estava completamente normal.

Estava enervada.

Fez coisas que, olhando para trás,

não teria feito se pensasse primeiro.

É fácil pintá-la como maluca, mas,

pessoalmente, não penso que fosse.

Talvez, de vez em quando, tenha explodido,

porque estava genuinamente frustrada

com a forma como se comportavam
em volta dela.

Algumas das pessoas no círculo do Carlos,

todos yes-man, e não sabem como…

Não sabiam como lidar com alguém
que era humana,

tangível, emotiva, que tinha tido um bebé.

Estão habituados a: "Tiveste um bebé.

Larga-o com a ama e segue em frente."

A Diana não era esse tipo de pessoa.

Era completamente normal,

aliás, mais normal, provavelmente,
do que qualquer outro naquela família.

Dizem que vou ser arrastada daqui
por homens de batas brancas,

por isso, se não se importam,

vou adiar o meu esgotamento nervoso
para um momento mais apropriado.

Uma vez ela disse:

"Tenho de ir às compras
em Ken High Street."

E eu disse: "Não."

"Está bem."

E ela disse: "Pode estacionar o carro."

Isto foi estanho
porque nunca tal coisa era dita.

"Não estou aqui para estacionar o carro."

Mas estacionei perto
de Kensington High Street.

Nessa altura, a Diana saiu a correr

para os jardins de Kensington,
o que era estranho.

"Não vou correr atrás.

Não é a minha função."

Há quem diga que devia ter ido,
mas não fui.

Sabia que queria comprar CD

na Tower Records em Ken, Church Street.

Decidi esperar à porta da Tower Records

porque ela não tinha dinheiro.

Ela lá acabou por sair

e dei-lhe o dinheiro para pagar.

Voltámos e eu disse: "O que foi aquilo?"

Acho que foi um momento de fúria.

Queria o seu espaço.

No fim, largou os guarda-costas.

Tiveram muita sorte
em ter a vossa patrona aqui hoje.

Devia passar o dia agarrada à sanita.

Ela disse-me que pensava ser bulímica.

Foi causada pela desarmonia,

a infelicidade no casamento.

Começou quando estava de lua-de-mel.

Obrigava-se a vomitar.

Pode ter havido um distúrbio alimentar

na primeira fase do casamento,

mas não era nada da escala

que algumas secções dos media
querem que acreditem.

A determinada altura disse-lhe:
"Olhaste para ti ultimamente?"

"O que queres dizer?"

Eu disse: "Se te puseres de lado

és uma tábua de passar a ferro com mamas.

E os ombros pontiagudos
estão a tornar-se armas letais."

Ela ficou chocada.

Eu disse: "Não, fica horrível.

Dá para contar as costelas todas.

Isto não é aceitável."

Ela ouviu-me.

Estávamos no Delancey's Cafe,
na esquina em Camden,

e eu disse: "Vá.

Um pouco do que gostas faz-te bem."

Então, bebeu um cappuccino
e comeu um croissant de chocolate.

Quando falou publicamente sobre bulimia,

o efeito foi poderoso.

Levou a uma maior consciência do público

e a um melhor entendimento da doença.

Os distúrbios alimentares,

seja anorexia ou bulimia,

mostram como se pode transformar
o alimento do corpo

num ataque doloroso a si mesmo.

Não creio que ela tivesse
um distúrbio alimentar.

Como qualquer jovem mulher,

as emoções afetam a dieta.

Todas o fazemos.

Quando estamos em baixo, comemos chocolate

e tudo o que não devemos comer.

Ou estamos tão enervadas
que não conseguimos comer.

Sentimos que temos um nó no estômago

e não conseguimos comer nada.

Acho que foi por isso que ela passou.

Os media são bons a exagerar o problema.

Acho que a bulimia foi um exemplo típico,

porque se lê bem.

Foi apenas o stress

e todas as coisas
com que lidava na altura.

Ninguém chamava a atenção
para um assunto como ela.

Transformou o dever e a obrigação

numa vocação notavelmente bem-sucedida.

Tinha uma afinidade natural
com os doentes,

os jovens, os velhos
e os que precisavam de cuidado.

É algo que não se finge.

Vai fazer o que faz melhor,

confortar os doentes e moribundos,

nas suas palavras,
uma rainha dos corações.

Isto está bem?

Testemunhei, em várias ocasiões,
a presença dela como patrona,

a angariar milhões de libras
para investigação

para várias causas merecedoras.

Quebrou todos os moldes
ao abordar a crise da SIDA.

Quando se envolveu com a SIDA
em meados dos anos 80,

ainda era vista como a praga gay,

como uma doença
que se transmitia pelo toque.

Naquele tempo,

falar sobre SIDA era um assunto tabu.

Ela fez uma coisa fantástica,
apertar-lhes a mão.

Nesse instante, mudou atitudes

e reescreveu o manual sobre SIDA
em todo o mundo.

Podem dar-lhes apertos de mão e um abraço.

Deus sabe que bem precisam.

A família real não gostou.

Ela disse-me várias vezes
que membros da família disseram:

"Porque não fazes uma coisa boa?"

Ou seja, o que estás a fazer não é bom.

Lembro-me da reunião
que teve com a Rainha, que disse:

"Queres envolver-te com isso?"

Ela sempre disse: "Tenho de ir
onde sou necessária, desejada,

e querem que ajude com estes temas."

Ambos gostam de esquiar.

No entanto, todos os anos,
tornou-se habitual,

não parecem entender-se,

muito bem, nas pistas.

- Qual é o segredo?
- Não?

Leram os jornais.

Só se não puder evitar.

Suspeito que a maioria dos casais
tem discussões.

- Mas nós não.
- Não.

Ocasionalmente, sim, porque…

- Não.
- Sabes, eu…

Eu aguento mais tempo às vezes.

Mas eu sou mais rápida.

Pronto.

- Isto foi um…
- Olá!

A Princesa teria aceitado a reconciliação
com o Príncipe Carlos,

mesmo nas fases finais do casamento.

Sei que queria, genuinamente,
que o casamento resultasse,

por ela e, claro, pelos filhos.

Ela queria que resultasse.

A Camila estava lá.

Ela era obcecada com uma mulher

e convenceu-se

de que a Camila
tinha estado sempre no casamento.

Era uma paranoia.

Era triste, ali estava a Diana,

nos seus curtos anos de vida,

a ser criticada e publicamente humilhada,

por amigos do Príncipe de Gales
e os media nacionais,

a dizer que estava obcecada, paranoica.

Até amigos da Rainha
diziam que ela estava danificada.

Sabia que eram declarações falsas,

porque não era verdade.

Ela tinha razão
desde o primeiro dia em 1981.

Esta foi a primeira fotografia deles
em público tirada em 1975.

Na altura, claro, eram ambos solteiros,

os divórcios a muitos anos de distância.

Lembro-me de uma ocasião,

o 40º aniversário da irmã da Camila,

e ela e o Príncipe de Gales foram à festa.

Todos ficaram surpreendidos
por ela aceitar o convite.

Foi uma certa travessura da parte dela,

pois sabia que a Camila estaria lá,

mas como o convite
estava endereçado aos dois…

Não creio que o Príncipe de Gales

esperasse que ela fosse, mas foi.

Quando chegámos a esta casa,

ela estava deslumbrante,
como seria de esperar.

Abriram a porta para uma sala
com várias pessoas.

Subitamente, ficou tudo parado,

pessoas completamente chocadas

por a Diana ter ido à festa,

sabendo que a mulher de que falava
também lá estava.

Após uma hora ou duas,

gritaram por mim no corredor.

Era a Diana, fui lá e perguntei:
"O que se passa?"

"Não encontro o meu marido ou a Camila."

Eu disse: "O que vai fazer?"

"Tenho de os encontrar, Ken."

Eu disse: "Isso é boa ideia?"

Seria de esperar que isto acontecesse.

Ela disse: "Não, tem de ser."

Eu disse: "Este não é o meu papel.
Não é para mim."

Ela disse: "Não, quero que venha
e seja testemunha."

"Está bem." Concordei relutantemente.

Fomos a um quarto na casa

e lá estava o Príncipe e a Camila
sentados a falar.

Ela aproximou-se,

olhou para a Camila e disse:

"Não penses que não sei disto.

Sei de ti desde que casei
com o Príncipe de Gales."

Ela disse algo estranho.

"Está tudo bem para ti, Diana.
Tens dois meninos maravilhosos."

Até eu tive de pensar

qual seria o objetivo daquela declaração.

Foi o início do fim.

Ela tinha percebido que era o fim.

Soubemos recentemente
que o príncipe Carlos

fez terapia durante 14 anos.

Foi por causa do casamento
ou por causa dele?

Enquanto lutava por crescimento pessoal,

a Princesa refugiou-se nos filhos
e nas caridades.

Também consultou vários conselheiros
e terapeutas alternativos.

Tivemos as cartas de Tarot,

tivemos a pirâmide de cobre,

tivemos a irrigação do cólon.

A única médium que viu foi a Rita Rogers.

Falava com ela todas as semanas

e via-a pelo menos uma vez por mês.

Era a médium dela.

Estas pessoas achavam
que podiam ler o futuro dela

e pô-la no caminho da magnificência.

Um curandeiro que ela viu
prendia-lhe fósseis ao corpo.

Eu disse: "A sério?

Queres essa imagem de dinossauro?"

Um absoluto disparate

que fez pouco por ela, pessoalmente,

exceto custar-lhe
grandes quantidades de dinheiro.

Quando vimos o armário dela
de medicamentos alternativos,

milhares de libras
de coisas de que não precisava.

Eu disse: "Caramba,
foste enganada com estas coisas.

Não caias nisto."

A Diana fez isto porque os amigos
diziam que era bom para ela.

Estava muito stressada
e procurava respostas,

mas nos sítios errados.

Acho que era má ideia.

Tentou mudar o príncipe Carlos

de alguma forma desde que casaram?

De todo. Quer dizer,
talvez uma coisa ou duas,

uma gravata ou outra, mas nada…

- Sapatos.
- Sapatos. Não falamos nisso.

Nada dramático.

Tinha grande interesse
em medicina alternativa e complementar,

como o príncipe Carlos,

é uma das coisas que tinham em comum.

Uma vez, viu a Madame Vasso.

Era a médium da Fergie.

Sentada numa pirâmide.

Havia a pirâmide de cobre.

Lembro-me de a levar
a uma propriedade em Belgravia.

Deixei-a numa casa
que era um risco de incêndio.

Tinha milhares de velas na escadaria.

Levaram-na ao telhado
e sentou-se sob uma pirâmide de cobre.

Foi como se um canalizador

tivesse tubos de cobre a mais

e tivesse feito uma pirâmide
com os tubos de cobre.

Parecia ter uma espécie
de banco de ordenha no meio.

A pirâmide era por causa da energia
que é transmitida por uma pirâmide.

Desculpem.

A senhora,
creio que se chamava Madame Vasso,

disse: "Diana, quer ver
por baixo da pirâmide?"

Lá está ela,

sentada no banco de ordenha
por baixo da pirâmide de cobre

e há um buraco no telhado.

Disse: "O que está a fazer?"

Ela disse: "Estou a deixar os espíritos
malignos saírem pelo telhado."

Eu disse: "É melhor descer."

Ela disse: "Porque se está a rir?"

Eu disse: "Não me estou a rir de si.

Estou a rir-me da situação
em que estamos."

Enfim, fomo-nos embora
e estes tratamentos,

como lhes chamavam,

acabaram, felizmente.

Enquanto foi ficando
cada mais afastada da família real,

Diana ripostou.

Em 1995,
deu uma entrevista televisiva explosiva

em que aproveitou para desabafar

as suas queixas mais profundas.

Ela queria que resultasse,

mas aquela afirmação
na entrevista com o Bashir,

"éramos três no casamento",

foi o único motivo para nunca resultar.

Ela sentia que a maneira
de chegar às pessoas

era falar sobre as cabeças dos media,

falar diretamente pela televisão.

O que senti na altura, e disse-lhe,

foi que isto podia ser prejudicial.

Ela ficou muito contente
com o que tinha feito, na altura.

Achou ótimo e estava contente,

ligou aos amigos e disse:

"Têm de ver."

Ligou-me no dia a seguir à entrevista,

e disse: "Viste televisão ontem?"

Eu disse que sim.

"O que achaste?"

Eu disse: "Foste uma pateta."

Acho que depois se arrependeu amargamente.

Ficou horrorizada.

Eu disse: "Como é que isto aconteceu?

O Martin Bashir ia fazer

um programa sobre as tuas caridades.

O que aconteceu?"

Pessoas desesperadas.

Ele enganou-a,

porque atingiu o ponto fraco

quando ela estava um pouco em baixo.

Foi enormemente criticada pelos media
e as instituições.

Eu disse: "Quem te aconselhou
a fazer esta coisa terrível?"

Ela disse: "Bem, a Fergie e a Ruby Wax."

Eu disse: "Os cérebros da Grã-Bretanha.
Meu Deus."

Tomei uma posição muito forte no jornal

sobre a decisão de fazer a entrevista
com o Martin Bashir

e critiquei-a por isso.

Ela não ficou contente.

Onde cometeu um erro

foi ao questionar se o Carlos
seria adequado para ser rei.

Mais tarde reconheceu
que gostava de não o ter dito.

Ela estava completamente angustiada

e para complicar as coisas, obviamente,

recebeu uma chamada
do Palácio de Buckingham, da Rainha,

a dizer para se divorciarem.

Acabou. Agora não escolhem.

ORDENA O DIVÓRCIO

A Rainha decidiu que esta guerra
não podia continuar.

A ironia é que o público
adorou-a ainda mais por isso.

Ficaram todos do lado dela.

O que tinha acontecido,
os erros que cometeu,

as pessoas continuaram a apoiá-la,
achei que foi notável.

Quatro semanas após a transmissão
da entrevista explosiva,

a Rainha escreveu ao casal,
a encorajá-los a divorciarem-se.

As fases iniciais do divórcio
foram muito difíceis,

porque ameaçaram
o acesso dela aos meninos.

ONDE FOI A DI AGORA?

Ele aceitou um acordo.

Dividiram os filhos

para os terem igualitariamente.

Ela conseguiu acesso.

Tinha um fim de semana em cinco,
não é muito,

mas eles também estavam num internato.

Devia ser difícil,

andar no enorme apartamento no Palácio

quando os rapazes estavam na escola.

A finalização do divórcio
em agosto de 1996,

aumentou a sensação de liberdade dela.

Em 11 anos, tinha-se transformado
na personificação global

da alta-costura, elegância e sofisticação.

Foi o início de uma nova vida,

que acabou por a levar
a prescindir da proteção

e a levar uma vida independente
sem o título real.

Ela disse: "Finalmente, estou livre."

Sabemos o que a liberdade dá as pessoas.

Ela ligou-me e disse:
"Estás a ver televisão?"

O Trevor McDonald
e o debate sobre a monarquia.

Disse a toda a gente: "Tens de ligar.

Tens de dizer
que queres abolir a monarquia."

Não queria que o Carlos fosse rei.

Obviamente, o William e o Harry
não queriam envolver-se,

até chegar o momento
em que o Trevor McDonald disse:

"O que pensa o público de a Camila
poder vir a ser rainha?"

E o Harry perguntou: "Quem é a Camila?"

E o William disse: "Não sabes?"

A Diana disse: "Espera.

Harry, está na hora de dormir. Vá."

Um ano depois do divórcio,

a relação entre Diana e Carlos
estava outra vez equilibrada.

A Diana e o Carlos ficaram
muito amigáveis depois do divórcio.

Houve sinais do antigo casal.

O helicóptero dele aterrou no Palácio

e ele queria entrar
para ir à casa de banho

e ligou antes.

Um dos criados atendeu a chamada
e disse à Princesa que disse:

"Sim, claro que pode entrar."

Ao telefone ela disse: "Tenho de desligar,

o meu ex quer ir à casa de banho."

O Carlos sai para entrar no carro,

a Diana sai a correr e diz:
"À mesma hora para a semana?"

Os polícias não sabem para onde olhar.

O Carlos corou de vergonha
e entrou no carro.

Riu-se. Quer dizer, eles riram-se.

Foi uma piada e muito engraçada.

Tornaram-se muito bons amigos.

Foi por isso que o Carlos
ficou destroçado.

Quando ela morreu,
ele fartou-se de chorar.

A Diana inspirou um país
com a sua compaixão e bondade.

Nos seus últimos anos,

conheceu o homem que, por sua vez,
a inspirou.

Quando começou a sair com o Hasnat Khan,

conheceu o seu Sr. Maravilhoso.

Começou uma relação com o Hasnat Khan,

um cirurgião cardíaco.

Na altura, um jovem médico
de ascendência paquistanesa,

alguém inteiramente diferente dela.

Como ela disse,
foi o único homem na vida dela

que não queria nada.

Mesmo quando ela se ofereceu
para pagar a reparação do escape.

O carro fazia barulho
e estávamos ao telefone

e ela disse: "Não ouves isto?"

Eu disse: "É uma vergonha."

E ela disse: "Achas que podemos
ser presos por isto?"

Encontrei uma pessoa muito normal,

com grandes qualidades.

Acho que fez um ótimo trabalho pelo país…

CIRURGIÃO

… e pelas pessoas em todo o mundo.

A Diana costumava dizer:

"Podíamos viver numa casa pequena."

Eu disse: "Sim,
quando as galinhas tiverem dentes."

Teria sido muito complicado para ele

viver uma vida com ela como companheira

e ela como ele como companheiro.

Acertadamente, ele viu a perspetiva
com preocupação.

Aquele tipo de vida não seria possível,
mas era o que ela queria.

Ele achou que não podia continuar
a trabalhar como cirurgião cardíaco,

porque ela faria sombra a tudo.

Em tudo o que faziam
não havia privacidade.

Ele pensou que a única forma
de terem um futuro juntos

era mudarem-se para o Paquistão

e isso causou vários problemas
para a Diana.

Ela foi lá.

Conheceu a família dele
para ver se podia adaptar-se à vida lá

e achou que nunca se adaptaria.

Ela gostou muito
dos dias que passámos cá, creio.

Havia amor entre eles,

mas perceberam
que a relação não podia continuar,

ou não se podia desenvolver

como a Diana queria.

É cirurgião cardíaco.

Não podemos prender um médico.

Uma amizade improvável com o Dodi Fayed,

o filho do controverso dono do Harrods,

foi a última reviravolta surpreendente.

Aconteceu qualquer coisa porque a Diana
assumiu a relação com o Dodi Fayed,

no último verão da vida dela.

Foi o único homem, além do Carlos,

com quem se permitiu ser vista em público.

Quando ela foi de férias com o Dodi,

queria fazer ciúmes ao Hasnat Khan.

Ela teve duas férias nesse verão.

Foi com os filhos,
a convite do Mohamed Al-Fayed,

conheceram a família Fayed.

Eles voltaram para Inglaterra
para ir ter com o pai.

Depois, ela voltou para uma segunda volta

no Mediterrâneo, no iate com o Dodi.

Aqui estava um homem sofisticado,
mundano, cosmopolita,

que tinha todos os brinquedos, se quiser,

que ela conhecia.

Os jatos privados, a segurança,
as limusinas,

e, claro, a conta bancária interminável.

Podia cuidar dela.

Ela achou isso enormemente atraente.

A brilhar nas fotografias desfocadas,

no Mediterrâneo naquelas últimas semanas,

estava uma alegria pessoal
que Diana não tentou esconder.

Podiam ter tido um futuro.

Não sei se teriam tido futuro.

Conheciam-se há 15 dias.

É UM ROMANCE REAL

Ao longo de toda a vida, só 15 dias.

Falei com a Diana cinco ou seis horas
antes do trágico acidente.

Ela ligou-me.

Foi uma conversa de rotina.

Ia voltar no dia seguinte.

Estava cansada.

Estava pronta para voltar para casa.

Perguntou-me muito o que o William
e o Harry andavam a fazer.

Estava feliz.

Estava cansada, claro, mas parecia feliz.

Ela disse que estava feliz.

Diana, Princesa de Gales,
perseguida até à morte.

Foi a imprensa que a matou.

- São a escumalha.
- Sim.

Vieram lutar pelos ossos.

Os paparazzi, a imprensa, os media,
não são assassinos.

O Dodi Fayed era obcecado com os media.

Em vez de permitir que os media

tivessem uma parte disto
ao dar-lhes uma fotografia,

cometeu o erro de fatal de lutar com eles.

Podem ser invasivos e irritantes,

mas nunca estiveram lá para te matar.

Era uma sensação horrível
de que não estava mesmo a acontecer,

de que não estávamos a dizer ao país…

APRESENTADOR

… e todo o mundo que a Diana
já não estava entre nós.

A minha irmã ligou-me e disse:
"Já viste as notícias?"

Eu disse: "Que notícia?" "A Diana morreu."

Eu disse: "Que Diana?"

E ela disse: "A princesa Diana."

Fiquei absolutamente destroçada.

Foi tão chocante e ainda é.

Não podia crer.

Foi tipo: "Vou acordar deste pesadelo."

Tive imensa pena da família dela.

Muito obrigado.

Foi uma explosão global de choque

que libertou uma forma extraordinária
e estranhamente pagã de luto.

Os britânicos gostavam profundamente dela.

Sentiram a perda pessoalmente.

Foi como perder um familiar.

Era qualquer coisa na forma
como interagia com as pessoas.

Como mais podemos explicar
as centenas de milhares de pessoas

que foram a Londres nessa semana
entre a morte e o funeral?

Pessoas que não a conheciam

e choravam compulsivamente na rua
e levavam flores?

Era alguém que não conheciam,
mas sentiam que sim.

Hoje, a compaixão de Diana
e a sua influência para o bem continuam,

para sempre paradas no tempo.

Tinha uma notável qualidade de estrela
que podemos nunca mais voltar a ver.

Deixou a sua marca na vida

como uma maravilhosa embaixadora
do Reino Unido

e por todo o trabalho de caridade que fez.

É uma coisa de que a Diana falava sempre.

"Ninguém aprecia o meu trabalho."

Queria reconhecimento,
que alguém dissesse obrigado.

Nunca aconteceu.

Quero que seja recordada melhor
do que tem sido até agora.

Ainda bem que o William e o Harry estão,
finalmente, a mostrar interesse

em reconhecer a posição dela no país

ao anunciar o plano de uma estátua.

O legado da Diana será sempre os rapazes.

O que vemos agora é que o William
e o Harry continuam esse legado.

A Centrepoint em que a Diana se envolveu,

o William é agora o patrono.

O Harry com a Help for Heroes,

e todo esse trabalho que a Diana
começou nos anos 80 e 90.

É parte do legado dela.

Eles estão a fazer o mesmo.

Estes dois jovens modernos
que são o resultado direto da mulher

que mudou, a meu ver,
o rosto da monarquia.

Legendas: Patrícia Encarnação