All language subtitles for Wer.Wir.Waren.AKA.Who.We.Were.2021

Nós somos aqueles que desapareceram.

Nós somos como aqueles
que se viram na hora de sair

que se viram na hora de sair
como quem ainda quer dizer alguma coisa,

mas não tem mais nada a dizer.

Não insistimos na nossa sobrevivência,

porque a nossa capitulação
foi nossa maneira de acompanhar o tempo.

Não nos opusemos
ao nosso desaparecimento.

Nós fomos aqueles que sabiam,
mas que não entendiam.

Tínhamos muita informação,
mas nenhum discernimento,

transbordávamos de conhecimento,

mas não tínhamos experiência.

E assim seguimos,

desimpedidos de nós mesmos.

Há muitas coisas horríveis
e assustadoras,

e a mais assustadora de todas
é a humanidade.

Isso é algo que...

acredito que isso tenha sido dito
por volta de 500ac.

Eles não tinham
toda essa tecnologia incrível,

e ainda assim chegaram a essa conclusão.

Que a humanidade é as duas coisas,
algo incrivelmente positivo

porque é capaz de criar e produzir
muitas coisas boas,

é capaz de ir além de si mesmo

e fazer tantas coisas boas pelos outros
e pelo planeta

e ao mesmo tempo

de uma maneira insana e inacreditável
pode ser totalmente autodestrutivo

e há uma irresponsabilidade imensa que...

Não sei.

Isso me deixa furiosa.

Isso também me deixa triste,
mas principalmente furiosa.

Quando olhamos aqui em volta,
olhamos essa paisagem...

E o absurdo que isso representa.

Não apenas a enormidade positiva,
em sentido perturbador,

mas também em um sentido patético.

É preciso ser incrivelmente patético
e insensível

para criar tudo isso
e destruir com as próprias mãos.

O que isso vale para ele?

O que os outros humanos
valem para ele

se ele deixa que isso aconteça?

Não estou falando dos indivíduos,

dos trabalhadores
e trabalhadoras dessa usina nuclear,

das pessoas que vão à escola aqui,
que vivem nessa cidade,

estou falando das pessoas

que aparentemente nem moram aqui.

As pessoas que são as donas disso
e que controlam isso

e cujos interesses são
totalmente diferentes

do interesses da cidade
e dessas redondezas.

Eles são indiferentes ao sofrimento
ou alegrias dos moradores daqui.

Eles não dão a mínima para isso.

Eles não tem o menor interesse nelas.

Isso faz com que a gente se pergunte
o que é preciso acontecer a uma sociedade,

quantos acidentes como
esse serão necessários...

até que...

até que cheguemos a ponto de inflexão,

até que todos os limites sejam alcançados,

e finalmente até o último idiota
entenda que não podemos seguir assim.

O problema é que aparentemente
esse ponto de inflexão não existe

e desastres como esse
precisam se repetir indefinidamente.

Você está muito azul!

Você também.

As pessoas podem viajar para a Lua,
podem mandar equipamentos para Marte,

mas é impressionante
o quanto somos limitadas

em relação ao nosso acesso
às profundidades dos nossos oceanos.

Até agora somente três pessoas
desceram a 11km de profundidade

na parte mais profunda do oceano.

Enquanto isso pense em quantos de nós
já subiram a mais de 11km no céu.

É incrivelmente azul.

Estou tentando contar os tons de azul.

A maioria deles ainda nem tem nome.

Tanta água...

97% da água da Terra está lá,

está nos oceanos.

E nós só estamos arranhando
a superfície do oceano?

Nós ainda não fazemos ideia,

ignoramos a maioria das coisas
que há lá embaixo.

Pelo que estamos esperando?

Na média a profundidade
dos oceanos é de 3,2km.

Na área mais profunda
a profundidade é de 11km.

Os oceanos do mundo estão cheios de vida,

até o fundo.

Temos que passar mais tempo
debaixo d'água

para entender
o que acontece lá embaixo

e como tudo está ligado entre si.

Em parte, conseguimos saber.

Eu gostaria muito de desenvolver
um equipamento acústico

Se conseguirmos anular
todos os sons,

que os pequenos submarinos
e outros veículos fazem sob a água,

e então ressaltar os ruídos
que há no fundo do mar...

assim como usamos visão ampliada,
ampliar a nossa audição.

O oceano é cheio de sons.

Quisemos ir para a Lua
e 10 anos mais tarde estávamos lá.

Por que não dizemos agora

"Quero andar a uma profundidade
de 37.800 pés,

no fundo do oceano,
11km abaixo da superfície."

Ter a oportunidade, como cientista,

de estar a uma profundidade
de mais de mil pés,

400m abaixo da superfície,

e ver as criaturas que vivem ali
no seu próprio ambiente.

Eu vi muitas daquelas criaturas
presas em redes

que foram puxadas desde o fundo do oceano
até a superfície.

Era conveniente para mim
poder observá-las

mas elas estava mortas
ou quase mortas, era horrível.

Mas poder eu mesma mergulhar
no oceano

e ver aqueles peixes
com luzes nas suas laterais

ou observar corais vivos
e ver sua fluorescência...

Essa experiência foi um presente.

Isso mudou tudo.

A partir dali passei a me envolver
mais seriamente

no desenvolvimento de tecnologias

para tornar os oceanos mais acessíveis

e não apenas para cientistas sortudos.

Precisamos saber
o que está acontecendo no mundo.

Na área azul do mundo.

Mas só ficamos na superfície.

Muitos países
investiram bilhões de dólares

para viajar até a Lua.

E outros bilhões
para pousar em Marte ou em Júpiter,

para explorar o nosso sistema solar
e explorar o nosso Universo.

E isso está correto.

Devemos querer saber

o que há lá fora.

Nos colocar em perspectiva.

Por que não temos
a mesma curiosidade,

recursos e investimento

para explorar essa parte do Universo?

É como se pensássemos:
"Ah, eu tenho um coração,

mas não me interessa saber
como ele é,

para mim não importa
se ele continua ou não a bater."

Deveríamos nos importar
com o funcionamento do coração do Planeta.

O oceano.

Como ele funciona?

Como ele é influenciado
pelo que fazemos aqui?

Tudo o que sabemos

é tirar coisas do oceano
e descobrir como podemos lucrar com elas.

Como podemos transformá-las em produtos,
as coisas que estão no oceano.

Mas vivemos no séc. 21.

Hoje sabemos coisas
que não sabíamos há 50 anos,

sem falar
no que não sabíamos há mil anos.

Precisamos proteger esse sistema
enquanto ele ainda funciona,

enquanto ele ainda nos mantém vivos.

Mas se continuarmos fazendo
o que estamos fazendo,

ele vai funcionar de forma irregular,
o que já está acontecendo.

Já está acontecendo,
zonas mortas estão surgindo no oceano

por causa do que estamos fazendo
aqui na superfície.

Aquilo que despejamos no oceano,
aquilo que tiramos do oceano,

isso está fazendo com que o coração
do nosso Planeta bata de forma irregular.

O que se vê daqui é inacreditável.

Primeiro você olha para baixo e...

você a Terra por inteiro.

Não prestamos atenção
aos países que estamos vendo,

ou ao que exatamente você está vendo.

Só depois de algum tempo percebemos

que os países realmente são assim.

As fronteiras desenhadas
nos mapas não são inventadas,

as massas de terra
os rios, as montanhas,

é exatamente da maneira
como vemos nos atlas.

mas em tamanho real.

Sem as fronteiras dos países
são mais difíceis de identificar

porque nos acostumamos a ver
as delimitações nos mapas.

É assim que nos orientamos,
mas não dá para vê-las daqui de cima.

É fascinante ver quantas formas variadas
as nuvens podem assumir.

Desde o primeiro dia fiquei fascinado por ver
que nuvens podem sombrear outras nuvens.

Às vezes, pouco antes do pôr-do-sol,

podemos ver sombras de nuvens
de milhares de quilômetros.

As nuvens são iluminadas por cima
e pelos lados de tons avermelhados,

assim sabemos que o pôr-do-sol
visto da Terra deve estar lindo.

São efeitos incríveis.

É belíssimo.

Aqui de cima, as florestas tropicais
são escuras, como um oceano.

Não há contraste,
muitas vezes há uma névoa acima delas.

Sem nenhum contraste,

exceto os rios
que atravessam as florestas,

serpenteando como milhares
de cobras marrons.

Isso é o que deveríamos ver
olhando daqui de cima.

E então, olhando daqui de cima,

vimos o quanto a floresta Amazônica
é pequena vista daqui.

Podemos ver toda ela
em apenas um piscar de olhos.

Então olho para lá
e vejo toda a Amazônia de uma vez.

E ela é o pulmão verde do nosso Planeta.

E então vemos como são enormes
as áreas desmatadas.

É inacreditável como essas áreas desmatadas
estão avançado sobre a floresta.

Daqui de cima parece que é um câncer
que está devorando a floresta

e crescendo em todas as direções.

Vemos muitas partes
da floresta tropical pegando fogo.

Há fumaça subindo de várias áreas.

É o desmatamento pelas queimadas
e isso não vai parar.

Visto daqui de cima isso é uma loucura.

O fato de termos um pequeno planeta azul...

E que ele é tudo,
é o único lugar onde podemos viver.

O único lugar no Universo

onde pessoas podem viver.

Ele tem uma atmosfera
tão fina e tão frágil.

E nós, os humanos,
não temos nada melhor a fazer

senão destruí-lo.

Jogamos poluentes no ar.

Derrubamos florestas.

Despejamos lixo nos oceanos.

Não cuidamos dele.

Vemos guerras daqui de cima.

Vemos mísseis atravessando o céu.

Vemos vilas e cidades queimando.

Podemos ver exatamente
onde os conflitos estão acontecendo.

Vemos explosões de bombas.

Visto daqui de cima, isso parece loucura,

porque não vemos as fronteiras.

Apenas vemos
que as pessoas estão em guerra lá embaixo,

pessoas que vivem lado a lado.

É inacreditável ver isso daqui de cima,
É ridículo.

Justamente por termos um espaço limitado
para viver.

Deveríamos estar fazendo o possível
para protegê-lo.

Se trabalharmos juntos,
o nosso futuro pode ser muito melhor.

Senão, teremos inúmeros problemas
muito sérios para lidar.

Cenários como ciberconflitos,

terrorismo,
aumento das instabilidades de estado,

proliferação nuclear,
pandemias, crises financeiras,

crises de abastecimento de água,
eventos climáticos extremos,

colapso de ecossistemas,
crises alimentares,

migrações em massa involuntárias
e prefiro parar por aqui.

Será que vamos conseguir

alcançar a cooperação global?

Ninguém sabe.

Mas sabemos o que precisa ser feito

se a sociedade quiser
ter sucesso nessa empreitada.

Uma das razões para a humanidade,
o homo sapiens,

ter tido sucesso como espécie,
é a nossa capacidade

de cooperar uns com os outros,
quando não somos parentes.

Para a maioria
dos primatas não humanos,

os laços familiares devem ser mantidos por
meio de interações sociais com parentes.

Quando esses grupos aumentam muito,
as oportunidades de interação diminuem

e os grupos se separam.

Como os seres humanos
superam esse obstáculo?

A cooperação entre milhões?

Bom, nós fazemos isso principalmente
através de histórias especiais.

Histórias que podemos chamar
de narrativas de formação de identidade.

Narrativas que alinham
os papéis sociais das pessoas,

que apresentam relações bem definidas
respeitando uns aos outros,

lhes dando uma sensação de quem são
e uma sensação de pertencimento.

Embora possamos não estar sempre
à altura deste desafio,

sabemos que somos capazes de superá-lo.

Porque através de narrativas acompanhadas
de mudanças internas e externas

transformamos a visão da escravidão
como modelo de negócios aceito internacionalmente

em um mal reconhecido.

Há muito espaço lá atrás.
Por favor, afastem-se para o fundo.

Não vai demorar muito.

A Chanceler descerá a qualquer minuto.

Por favor, continuem sorrindo.

Soluções globais exigem a capacidade de ver

que existem problemas
em outras partes do mundo

que, em princípio,
não parecem afetá-lo diretamente.

É preciso compaixão.

O senhor acha possível desenvolver essa compaixão.

De onde vem seu otimismo?

O otimismo vem da pesquisa.

Há muitos estudos que mostram
que a compaixão

e a capacidade de ver
através dos olhos dos outros,

podem ser aprendidas.

Isso pode ser aprendido
como aprendemos a ler e escrever.

A pergunta que devemos nos fazer hoje,

nós entendemos porque ler e escrever
é tão importante,

sem isso não chegaríamos tão longe,

mas vivemos em um mundo
onde não chegaríamos longe sem compaixão,

então, por que não a ensinamos?

Diante do crescente nacionalismo,

a senhora finalmente explicou
um dos pontos mais importantes:

a saber, que é impossível

resolver o problema da falta de cooperação
através de conflitos.

Grandes personalidades
como a senhora provam

que é possível evitar conflitos
mesmo em situações difíceis.

Por isso espero
que a Iniciativa de Soluções Globais

possa apoiar pessoas como a senhora
e políticos com ideias afins

a reconectar o nacionalismo
com o multilateralismo,

bem como a prosperidade social
com a prosperidade econômica.

E é por isso que quero lhe dar este presente,

que é a primeira cópia do nosso jornal

sobre iniciativas globais
e que se chama "Recoupling".

-Eu agradeço muito.
-Não foi nada, estou feliz por estar aqui.

Isso e uma coisa boa,
é um bom momento para discutir esses assuntos.

E acredito que a senhora
dá um ótimo exemplo

ao responder perguntas tão difíceis.

Em vez de entrar em conflitos,
o que é muito fácil,

a senhora sempre apresenta
uma abordagem conciliatória e construtiva.

É uma grande inspiração.

Temos problemas globais

que só podem ser resolvidos globalmente.

Por isso é loucura pensar

que o nacionalismo

contradiz o multilateralismo
de alguma maneira.

Precisamos de um tipo de multilateralismo

que seja bem recebido por nacionalistas,

porque todos devem ter interesse

em resolver problemas globais.

A menos que a pessoa tenha perdido
totalmente o contato com a realidade.

E essas pessoas existem.

Também é verdade que na política

as necessidades psicológicas das pessoas

possuem um papel de suma importante.

E isso foi que eu,

juntamente com o resto do pessoal
na área econômica,

não consegui entender.

Acho que o pensamento mais tóxico

que alguém poderia ter

sobre todos esses desafios

veio de Milton Friedman.

Ele disse

que o objetivo é a maximização
da utilidade e a racionalidade

e isso explica tudo.

Essa foi a narrativa,
uma narrativa simples,

que duas ou três gerações de economistas
assumiram como verdadeira.

Nós ficamos totalmente cegos

por uma definição
muito limitada da humanidade,

que não estava alinhada
nem mesmo o entendimento de humanidade

que surgiu durante o Iluminismo

e por isso não tinha correlação
com a realidade.

Isso causou muito prejuízos.

E essa foi a manchete

de uma entrevista que concedi
para o jornal Die Zeit.

"Minha esposa disse: Que besteira!"

Esse foi o título

de um apanhado

do que considero ser
as minhas ideias mais importantes.

O senhor se arrepende
por ter demorado tanto?

É claro, me arrependo muito.

Eu perdi décadas, na minha opinião.

Converso muito sobre isso com a Judith.

E...

ela diz...

E em vez de dizer
"sim, você poderia se arrepender disso...",

ou "eu avisei e você me ignorou"

ela diz:
"A vida é um processo, não um produto,"

e "Esse foi um processo
que você precisava atravessar."

E se eu tivesse tido essas ideias
há 30 anos, então...

eu não teria sido capaz
de alcançar mais nada.

Eu poderia ter explorado
outras disciplinas da neurociência

e da psicologia muito mais cedo.

Porque ficou muito claro para mim

que durante três décadas

usei piadas

para ignorar todas essas coisas.

E no fim das contas cheguei à conclusão
de que elas são muito importantes

e que elas têm implicações enormes
nas ciências econômicas.

E por isso "Que besteira!"
não é um título ruim,

apesar de ter causado muito ultraje.

Acredito

que as pessoas

gostam de construir sobre aquilo
que já disseram antes.

E é possível construir muitas coisas
com base no que os economistas têm atualmente.

O Iluminismo teria sido impensável

sem o que veio antes dele.

Então, apesar de ter sido
um novo entendimento de humanidade

e uma nova abordagem da vida,

ainda assim, foi construído sobre o que veio antes.

e acredito que devemos continuar a construir.

E "Que besteira!" é um chamado

para começarmos a construir algo novo.

Porque o telhado está vazando.

é muito especial estarmos aqui agora,

que haja apenas seis pessoas

no espaço agora.

Todo o resto das pessoas está lá embaixo no Planeta.

Toda a história da humanidade
aconteceu naquele planeta,

desde organismos unicelulares,
até os dinossauros e os homo sapiens.

É incrível imaginar

que toda a história da humanidade

aconteceu lá embaixo.

Inacreditável.

Naquele pequeno planeta azula

que está viajando através do Universo escuro.

Uma das coisas que se tornou óbvia

a partir da perspectiva lá de cima,
lá do espaço,

é que a Terra é azul,
que é uma Terra aquática,

Algumas pessoas, assim como eu,
achamos que em vez de chamá-la de Terra,

deveríamos chamá-la de Oceano,

porque é o Oceano que faz da Terra
um lugar habitável,

inclusive para nós.

Eles nunca são monótonos.

Sempre há algo novo.

Eu não consigo imaginar

que alguém se sinta entediado
debaixo d'água,

ou alguém que se entendia em qualquer lugar
ou em qualquer momento,

porque sempre há alguma coisa...

uma maneira de observar alguma coisa.

Saber que você está lá
fazendo a observação.

Você é a parte que recebe

o que quer que esteja acontecendo.

Onde quer que esteja, é um milagre.
A vida é um milagre.

E saborear cada momento,

é disso que se trata.

Eu adoraria ser aquela esponja

que vive no Ártico
e que pode viver por 10 mil anos.

é uma colônia de criaturas,
não é apenas um organismo.

Uma comunidade de células

que coexistem
e tem uma forma de comunicação

que permite que elas reajam
como um indivíduo.

Seria divertido
ser uma colônia de criaturas

que chamamos de esponja.

Ou ser um tubarão-da-Groenlândia.

Eles podem viver a grandes profundidades

por talvez 400 anos.

Alguns podem viver tanto.

400 anos!

O que estava acontecendo
na história da humanidade há 400 anos?

Quando uma criatura de 400 anos
estava apenas começando a sua vida.

De qualquer forma,

aprendemos muito
nos últimos 400 anos,

mas ainda não sabemos
o que os tubarões-da-Groenlândia sabem.

Seria ótimo estar na pele deles.

Estar na pele de qualquer peixe.

Com seu sistema sensorial
que só podemos imaginar.

Ter uma linha lateral cheia de células

que aparentemente são receptores
de movimento.

Assim um cardume de peixes
pode se mover como um único peixe.

Mudar sua direção
sem esbarrar uns nos outros.

Pois os peixes sentem a presença
dos seus vizinhos.

Quem não gostaria de ser
como todas essas criaturas?

Experimentar como deve ser como elas?

Ser um polvo
e poder mudar sua forma.

Sinalizar com cores.

Sinalizar com formas.

Aqui de cima
não podemos fazer essas coisas.

Mas seria incrível saber como é isso.

Acredito que tenha um microfone sem fio
caso seja necessário?

Sim.

Quatro.

-Quatro.
-Sim.

-Ótimo.
-Aqui está.

Bom trabalho.

Não é possível.

Não? Certo, sem problema.

Para onde devemos ir?

-Como está?
-Minha pessoa favorita!

-Você é incrível! Como está?
-Vou ficar na ponta dos pés.

Temos que pensar de forma diferente.
Isso é o mais importante.

Precisamos mudar a forma de pensar
sobre aquilo que vive no oceano.

Um polvo tem u7m lugar no oceano.

Para alguns, um lugar no prato,
mas depois que conhecemos um polvo,

é cada vez mais difícil querê-lo no prato.

Polvos são uma parte do mundo,
apenas são diferentes da gente.

Na primeira vez em que vivi debaixo d'água
tive uma experiência transformadora

porque passei a conhecer os peixes.

O fato deles terem rostos.

Que todo peixe é diferente
do outro,

como nós também somos.

É uma nova era de entendimento

que todos nós partilhamos.

sabemos que tudo está conectado.

O que vamos fazer
sobre esse conhecimento?

Esse é o desafio que estamos abordando
nesta conferência.

Como será o futuro que queremos?

Obrigada.

Nenhum país cumpre o que prometeu em Paris,

o que dizer do que precisamos.

Não estamos fazendo o nosso trabalho.

Não quer dizer que algumas pessoas
não estejam tentando.

Eu estou furioso!

Eu estou cansado.

Para quem acha que isso não é sério,

há três décadas tivemos a década mais quente
de todos os tempos,

mas somente até a década seguinte,
quando tivemos a década mais quente da história.

Até a última década,
esta década,

é novamente a década mais quente da história.
O julho mais quente da história.

Um dia em julho foi o dia mais quente
da história da humanidade.

Vocês não acham

que alguém como um presidente
ou um ministro da economia

deveria entender o significado disso?

Essa situação é absurda!

Nos comprometemos a doar um bilhão de dólares
para o Fundo do Clima que criamos.

Sabem quanto dinheiro há hoje no Fundo do Clima?

Menos de cinco milhões de dólares.

Como alguém pode dizer
que estamos falando sério?

Precisamos

de líderes que guiem o mundo
na direção correta.

Mas não devemos esperar
para fazer a diferença.

Assim como alguns caras maus
pode causar grandes problemas,

alguns caras bons,

estou usando "caras" como gênero neutro,

podem mudar a situação de forma positiva.

E isso já está acontecendo.

Mas cada um de nós,
estou pensando nos nossos superpoderes,

porque nós sabemos
o que a humanidade não sabia antes.

Nós sabemos...

É muito fácil
identificar os problemas

e nós também sabemos apontar o dedo
para queles que deveriam fazer isso ou aquilo,

mas também precisamos nos olhar no espelho.

Porque cada escolha que fazemos,
o que comemos, o que vestimos,

a energia que usamos,
a água que desperdiçamos ou economizamos,

tudo isso multiplicado por 8 milhões de pessoas
tem um peso enorme

se começarmos a nos mover na direção certa.

A juventude tem uma grande influência,

porque os adultos estavam lá,

o conhecimento estava lá,
mas eles ficaram presos aos seus hábitos.

Os jovens não têm isso.

Eu sou um grande fã.
Nem sei o que dizer.

O que mais posso fazer?

Porque sinto essa necessidade de fazer mais.

Isso é ótimo.

Precisamos fazer com que os outros
também sintam essa urgência.

Porque isso não é invenção.
Essa é a realidade.

Nós temos mais uma chance.
Esse é o nosso momento.

Precisamos agir agora.
Sabemos muito mais hoje

e se esperarmos muito,

será tarde demais
para o que podemos fazer agora.

Vai ficar cada vez mais difícil.

Então precisamos agir
enquanto ainda é fácil.

Ou seja, agora.

As ilhas correm o risco de desaparecer,
isso precisa ser dito.

Em Dionewar,
percebemos isso a partir de 2016.

Em 2016, criamos uma campanha de conscientização

sobre o impacto das mudanças climáticas

e para encontrar soluções alternativas.

Mas de 2016 a 2019

a terra recuou 20 metros.

-20 metros?
-Sim, é muita coisa.

-Em três anos?
-Isso.

Principalmente a parte de Dionewar
que fica de frente para o oceano.

Isso não ético, não há proteção.

A ilha está exposta.

Para Palmarin, alguns dizem que...

Palmarin só sobreviveria por mais 15
ou 20 anos, ou por um máximo de 30 anos.

Não há algum tipo de polícia civil ou do governo?

-Nenhum projeto?
-Nada.

-ONGs?
-Nada.

A comunidade não pode fazer nada.
Pode ter certeza.

Porque isso requer muito dinheiro.

Isso requer meios financeiros enormes.

Você precisa de um investimento alto.

De certa forma isso é irônico.

O impacto que temos

na mudança climática é mínimo.

A África representa 4%
das emissões de gases estufa.

Se a China ou os EUA mudassem de atitude,
o impacto seria muito maior.

Esse é o grande problema.

Até sugeriram a criação
de um tribunal internacional do clima.

Eles querem identificar os culpados
e querem puni-los.

Mas esses países são os culpados.

Quando falamos em aquecimento global,

isso quer dizer
que dividimos a responsabilidade.

Precisamos analisar a civilização humana
e seu comportamento como um todo.

Não compartilhamos tudo.
Até mesmo a palavra "antropoceno",

que significa o impacto dos humanos
no ecossistema da Terra,

define a era geológica
com grande impacto na ecologia mundial.

Algumas pessoas falam em "capitaloceno".

Ou seja, ligado ao capitalismo.

Outros falam em "ocidentaloceno".

São eles. Não é um "antropoceno".

Eles querem dividir a responsabilidade,
mas foram esses que criaram essa confusão.

Nós somos os que sofreram maior impacto

dos efeitos das mudanças climáticas

e que temos menos meios para nos adaptar.

Eu me pergunto
como podemos resolver essa crise.

Muitas pessoas estão trabalhando nisso,
como o Philippe Descola.

O princípio de é que o Ocidente dividiu
o mundo entre cultura e natureza.

A grande divisão.

Uma vez que eles decidiram
que a natureza é um objeto, com seus recursos,

eles começara a conquistá-la
e transformá-la.

Até mesmo a expressão "meio-ambiente"
cria uma divisão.

O meio-ambiente é composto pelo "antropo"
e o que o cerca.

Ele está no centro.

Isso vem do século 15 ou 16.

Descartes disse que o homem deve ser
o mestre o dono da natureza.

Depois tivemos o Iluminismo.
A religião também tem um papel importante.

A Bíblia, O Alcorão e outras escrituras
colocam o homem como centro do mundo.

Até mesmo nas pinturas ocidentais

os humanos estão no centro

e as paisagens são periféricas.

Isso explica muita coisa.

-Houve uma mudança.
-Uma mudança dramática.

Então na verdade estamos enfrentando
uma construção imaginária

do nosso papel no mundo.

Em relação à discussão
sobre o meio-ambiente,

alguns dizem que não estão interessados
na natureza, mas na sua sobrevivência.

No momento estamos no meio
da sexta extinção em massa.

Até agora ninguém se importou muito,
mas agora estão começando a se importar

porque estamos arriscando
a nossa própria condição de vida.

Sim, nós sabíamos muito
e sentíamos pouco.

Não podíamos sentir.

e ouvimos T.S. Eliot perguntar

"Onde está a sabedoria
que perdemos no conhecimento?

Onde está o conhecimento
que perdemos na informação?"

Ouvimos isso
e continuamos a acumular informações.

Como se precisássemos
de um novo relatório do clima para agir,

um novo relatório de danos
sobre os oceanos do mundo, sobre a floresta tropical.

migração, secas,
guerras religiosas e comerciais,

aumento do nível do mar,
desertificação,

escassez de recursos,
superpopulação, extinção de espécies,

ou superbactérias.

Já estamos cansados de ouvir isso,
não estamos?

Eles mostraram como isso funciona,

não saber
enquanto achamos que sabemos de tudo

e alegar que não sabíamos

quando sabíamos o tempo todo.

Como adquirimos tanta ignorância?

O que estou dizendo é que hoje

estamos em uma situação
em que eles ainda detêm o poder.

Eles têm o poder sobre o mundo.

Eles podem usar esse poder
para mudar o mundo.

Mas esse poder está em declínio.

Tudo vai mudar neste século.

Se eles falharem em pegar essa oportunidade

de agir como agentes transformadores
para o mundo,

e eles terminarão em uma situação
em que eles serão inferiores.

E eles vão sofrer.

Assim, a curto prazo,
precisamos encorajá-los a mudar.

Se eles não quiserem, não há o que fazer.
É o que eu penso.

-É problema deles.
-Verdade.

As coisas vão mudar
e eles terminarão em uma situação

em que não estarão preparados
para a nova realidade.

A menos que mudem
seus hábitos de consumo e estilo de vida.

Eles terão que fazer as coisas
de uma forma diferente.

Podemos caminhar 5km para o trabalho.

Podemos viver com pouca água.

Podemos viver assim
porque estamos acostumados.

Podemos nos virar com poucos recursos.

Podemos fazer muitas coisas
com poucos recursos, mas eles não.

Nós confiamos na família, na nossa unidade,
nas nossas relações.

Construímos muitas estruturas
que nos permitem viver neste mundo,

onde a maioria dos recursos,
inclusive os nossos,

foram tirados de nós.

Eles tiraram os nossos recursos
e nós conseguimos nos virar.

Sabemos como fazer isso.

E não por puro altruísmo,

se nós podemos ajudá-los a mudar,
é bom para eles.

Se eles não quiserem mudar,
o mundo mudará sem eles.

Então o poder que eles têm hoje
para transformar o mundo,

vai se voltar contra eles.

É uma questão de tempo.

Algumas vezes acho que deveríamos
direcionar nossa energia para...

Imagine um campo próspero

e um campo em declínio.

O que fazemos?

Vamos gastar nossa energia
no campo próspero?

Ou vamos usá-la tentando evitar
que o outro campo piore ainda mais?

Essa é a grande pergunta.

Algumas vezes acho que deveríamos focar
em tentar revitalizar esse campo

para que possa voltar a ser próspero.

Mas depois acho que devo me concentrar
no campo próspero,

em vez de desperdiçar minha energia
em um mundo em declínio,

um mundo que não quer mudar.

Vamos deixá-los ao seu próprio declínio.

E vamos investir nossa energia
em algo próspero e promissor.

Pode soar cínico e eu sinto muito,
mas eles estão fazendo isso há cinco séculos.

Eles viraram o mundo de cabeça para baixo
e não querem reconhecer isso.

Eles não querem saber.

Devemos continuar gastando nossa energia

dizendo a eles que eles devem
tentar colocar as coisas em ordem.

Lá as pessoas mais lúcidas sabem
que eles precisam mudar seu estilo de vida.

Estão buscando
soluções alternativas,

estão tentando
se conectar ao resto do mundo,

mudar a dinâmica.

Mas aqueles que detém o poder financeiro
não querem fazer isso.

Por isso precisamos
deixar isso para a entropia.

Algo não está certo
nesses sistemas que parecem funcionais

e se adaptam por meio de reapropriação.

Porque isso se traduz
em uma linguagem neoliberal.

É aí que mora o perigo.

É uma questão perigosa, "nós" contra "eles".

Nós os criticamos
por não quererem criar um "nós" comum.

Mas é o contrário,
porque continuamos a dizer "eles".

Nós os separamos.

Falamos em "nós" e "eles".

Quando deveríamos ser capazes
de criar um "nós" comum.

Mas como podemos criar um "nós"
com pessoas que não querem?

Mas, em última análise,
precisamos criar um "nós".

No final das contas,
precisamos criar uma comunidade humana,

um "nós" global.

Nós estamos em maior número,

mas eles são mais poderosos.

Então, no fim das contas,
com o passar do tempo,

se nós criarmos um "nós",
teremos que incluí-los.

Então, como criaremos um "nós" com eles,

nessas circunstâncias?

Quais são os erros mais graves

cometidos no Ocidente?

O individualismo

e a independência das coisas

causou grande dano ao pensamento ocidental
desde Platão.

Para entender isso melhor,

devemos observar o segundo maior erro:

a sensação de permanência.

Que damos durabilidade a tudo.

Este é um pensamento budista

porque um princípio do budismo diz:

O que está no alto,
cairá até o fundo,

o que se coleciona,
voltará a ser espalhado.

Isso vale para tudo, para as famílias,
coisas, nosso próprio corpo.

O que é juntado, coletado,
será espalhado ou usado.

no fim das contas, tudo está destinado a...

O que é acumulado é usado,

O que está junto será separado.

Essa não é uma visão pessimista,
é como as coisas são.

Se pensar de forma não realista,

"Eu estou no topo
e preciso ficar aqui."

Essa é uma ilusão absolutamente risível.

Porque o nosso controle
sobre as condições exteriores é limitado.

É fugaz e ilusório.

É totalmente impossível.

Quando se está no topo,

você é demitido ou fica doente

ou sua esposa vai embora,
qualquer coisa pode acontecer.

-Você pode falir.
-É daí que vem o medo.

É uma ilusão completa.

Quanto mais você se agarrar a isso,
mais dolorosa será a queda.

Mas voltando à ideia de liberdade:

Acho que no Ocidente

há uma interpretação errada
do que é a liberdade.

Acreditam que é ser capaz
de fazer tudo o que vier à mente.

Mas isso é o oposto da liberdade.

Desta forma, você se torna
um escravo de seus próprios pensamentos.

O conceito individualista
desse entendimento ocidental é

"Que o vento e a correnteza
me levem a qualquer lugar."

Meus sentimentos e assim por diante.

É assim que se naufraga.

A verdadeira liberdade
é assumir o comando,

içar as velas e navegar
para onde quiser ir.

Ter a liberdade
de alcançar seus objetivos.

Para isso é preciso aprender
a controlar o navio.

Controlar a mente
não significa acorrentá-la.

É sobre controlar sua mente,

em vez de ser o escravo
dos seus pensamentos.

Podemos treinar a nossa mente

para que ela se torne atenta,
para que se torne altruísta,

para ser amorosa,
mais empática ou aberta.

Trata-se de uma consciência ampla,
não-focada,

mas extremamente vigilante
de tudo o que pode acontecer,

sem que a mente
seja distraída por pensamentos.

É um estado de meditação profunda.

Essa habilidades podem ser aprendidas.

Há evidências de que as pessoas
que treinaram isso

conseguiram mudar
as estruturas cerebrais.

Mudanças na atividade cerebral
levam a mudanças estruturais,

porque a repetição de certas funções
forma o cérebro.

É disso que se trata a neuroplasticidade.

Há 20 ou 30 anos,
as pessoas pensavam

que cérebro adulto é era completo,

não poderia mais ser alterado,
pelo menos sem causar danos,

e isso estava errado.

Porque desenvolvemos o cérebro constantemente,
seja para melhor ou para pior.

O que quero dizer é:

Por que o ser humano deveria ser
perfeito desde o início?

Sabemos que para tudo
precisamos de educação e prática.

Por exemplo,
quando aprendemos um instrumento.

Por que deveria ser diferente
para as qualidades básicas do ser humano?

Muitas pessoas acham
que não é preciso praticar isso.

Mas sim, você tem que praticar isso,
assim como todo o resto.

Se eles dizem no Ocidente
que praticam o amor e a bondade,

acreditam que você está manipulando
sua personalidade ao fazer isso.

Mas se você disser que pratica
para se tornar um pianista,

então ninguém tem nada contra.

Mas então você não deve aprender
a ler e escrever.

Manipulamos o cérebro das crianças,
as manipulados para ser de certa maneira.

São 15 anos de escola.

Devíamos deixar as crianças sozinhas
para fazer o que quiserem.

-Conhece o trabalho do Tim Kasser?
-Conheço.

Por mais de 20 anos,
ele realizou um estudo

sobre como as pessoas diferem
em termos de materialismo e consumo.

Esse estudo mostrou
que pessoas mais voltadas para o consumo

buscam prazeres hedonistas.

Elas tendem a buscar a felicidade nas sensações,
mas não a encontram.

Eles disseram que não eram felizes.

Elas não têm o lado eudaimônico.

Não costumam ser muito saudáveis,
pois vivem de excessos,

muitas festas e coisas assim.

Têm muitos relacionamentos
profissionais e sociais,

mas poucos amigos verdadeiros.

É interessante notar que elas também são
mais obcecadas pela morte.

São menos empáticas,

e se interessam menos por ideais
holísticos, como a proteção ambiental,

pobreza em meio à prosperidade

e coisas assim.

Kasser dizia "não sou moralista,

mas quem quer ser feliz e saudável,
ter amigos de verdade e viver bem,

ele deve se esforçar
por valores intrínsecos,

como a amizade,
e a valorização de alegrias simples."

Não se trata
de trocar de carro a cada dois anos,

o estilo de roupa, o status,
o salário ou qualquer coisa.

Essas não são ideias
de algum idiota

que quer voltar para a natureza.

Esses são os resultados
de um estudo de 20 anos

feito com 10 mil pessoas.

Esse é o princípio básico
do altruísmo e egoísmo.

O egoísmo é uma situação
em que todos perdemos.

Aqueles que se tornam infelizes,
tornam todos infelizes.

O altruísmo serve aos outros,
porque esse é o objetivo.

Mas também
é o melhor tipo de autorrealização.

Alguém certa vez falou
de "valores obituários" neste contexto.

Quando alguém morre, você diz:
"Ele era uma ótima pessoa.

Uma pessoa que viveu a vida
impunemente,

enriqueceu às custas dos outros,

e só satisfez as suas necessidades."

Ninguém nunca diz isso em um enterro.

O que dizem é: "Ele era uma ótima pessoa
porque ajudava os outros."

Isso é interessante.

Os valores do obituário
são uma forma de ver a vida a longo prazo.

-O que devemos dizer no seu funeral.
-Isso.

O que há de errado nesse sistema

para ele nos levar
a esse tipo de problema?

Acho que um dos erros

é que fingimos que a economia
é um estado da natureza.

Assim como as árvores que crescem,
montanhas que existem,

vemos a economia como um sistema
que simplesmente temos que aceitar.

E perdemos a ideia

de que a economia existe
para prover o bem-estar à humanidade.

Está certíssimo.

Ela é nossa criação
e por isso precisamos mudá-la.

Então se as pessoas mudam

em princípio para serem mais livres...

não livres
para fazer loucuras,

mas livres dos padrões habituais
de comportamento,

quando houver um bom número
de pessoas assim,

é então que uma mudança cultural
poderá ocorrer

e então também poderemos
mudar as instituições.

essas duas coisas devem se apoiar,

as instituições e as pessoas,
as instituições e a cultura.

É preciso começar com a mudança do indivíduo,
mas isso não significa...

As pessoas acham

que as pessoas são independentes,
como bolas de bilhar,

o fato de que elas são ligadas,
esse é o ponto de mutação.

Acho inacreditável que daqui de cima
seja tão lindo

e que lá de baixo
seja tão horrível.

É possível ver o oceano
pelo olho do furacão, inacreditável!

E o que você aprendeu sobre flutuação?

O quanto melhoramos nisso
desde que chegamos aqui.

Agora sei onde ficam todos os apoios
na nave toda.

Quando fico flutuando com a câmera,
vou sentindo o caminho com os pés,

e sei que posso lentamente
pisar nesta bolsa,

agora estou flutuando mais para cima,
sei que há uma alça.

Agora estou flutuando para trás,
acho que por aqui há uma alça elástica.

Talvez tenham tirado daqui,
mas sei que há um apoio para os pés.

é incrível que seus pés
que estavam acostumados a andar no asfalto,

de repente tenham ficado tão sensíveis
quanto as palmas das mãos.

Posso sentir com os pés
e saber exatamente onde estou.

Apenas pelo som desse apoio de pés
sei que há uma alça para os pés por aqui...

Deslizo meu pé aqui
e encontro a alça para pés.

Não preciso nem olhar,

apenas pelo som
e pela sensação no pé,

sei que estou entre uma barra de metal
e uma alça para os pés.

E então me viro para cima,

aqui há mais uma alça para os pés,
eu posso me prender nela

e eu não tinha essa habilidade
há dois ou três meses.

Há um mês
eu ainda não era capaz de fazer isso.

Mas agora que estou te filmado,
percebo que podemos fazer isso.

Isso é muito legal.

Dizem que a pele do peito do pé
costuma descascar.

Parece que acontece com a maioria das pessoas,
mas não aconteceu comigo.

Aqui tem mais uma coisa
que eu queria mostrar.

Preciso apagar a luz,
depois precisa ajeitar isso.

Percebi que quando apagamos a luz
para ir para o quarto,

dá para ver quantas vezes
os sensores são atingidos pela radiação.

Então vamos apagar a luz aqui

e poderá ver todos os pontos
vermelhos e azuis na câmera.

Com a luz acesa não os vemos,
mas agora sim, veja que loucura.

-Conseguiu ver aí na sua?
-Sim, estou vendo.

Centenas de pontos azuis e vermelhos
por toda a câmera.

Eles ficam mais evidentes
quando se move.

Imagine que cada ponto desses é uma partícula de radiação
que acertou o sensor.

Vemos isso á noite,
antes de ir dormir.

Não tenho certeza,
mas acho que você também vê...

-Os flashes?
-Sim, os flashes nos olhos.

Pouco antes de adormecer,
vejo flashes quando fecho os olhos.

A cada poucos minutos,
pequenos flashes brancos.

Às vezes são redondos,

às vezes são listras,
podem ser de vários formatos.

Talvez eu esteja imaginando coisas,

mas tenho a impressão
de ver inclusive a direção deles.

Às vezes atravessando,
às vezes para baixo.

Não sei, pode não ser verdade,
pode ser minha imaginação.

Já ouvi falar nisso, mas nunca reparei,
nunca vi a direção.

Mas às vezes vejo uma linha completa
no meu campo de visão.

E às vezes é um cone borrado
ou uma nuvem borrada...

São sempre diferentes,
como flocos de neve.

É incrível pensar
que são partículas de radiação

que atingiram sua retina
ou nervo.

Na verdade, é um pouco assustador.

Se você me perguntasse

como imagino uma sociedade
daqui a 100 anos

que olha para trás
e estuda a nossa sociedade atual,

eu provavelmente diria
que tenho a esperança

de que conseguimos anular os limites
que há entre as espécies.

Ou seja, que não diríamos mais

"você tem certas características
e por isso você é humano,

você tem outras características
porque tem outro tipo de característica,

você tem características
que fazem de você uma máquina

e por isso podem lidar com você
dessa ou daquela maneira."

Espero que tenhamos abandonado
esse pensamento.

A função mais importante desses robôs
são os desejos intencionais.

A Erica tem dois tipos de desejos.

O primeiro é o desejo pessoal
e o outro é o social.

Seu desejo pessoal
é querer

sempre travar um bom relacionamento
com novos conhecidos.

Sinto muito,

mas não posso falar com duas pessoas
ao mesmo tempo.

Muito obrigada.

A essência humana não existe.

Essa é minha opinião pessoal+

Mas se alguém me forçasse a definir
o que é a essência humana,

eu diria que os humanos
não podem ser controlados.

Que são seres estranhos,

que são esquisitos.

Eles podem mudar muito,

podem radicalmente mudar o que pensam
e o que sentem em um segundo.

Não é fácil definir o ser humano.

E estamos mudando sua definição
por meio do uso da tecnologia.

Vamos voltar 300 anos,

Se alguém não tivesse braços ou pernas,

ele ou ela não era aceito
como ser humano.

Mas se hoje alguém tem uma prótese,

vamos considerar essa pessoa
um ser humano como nós.

Carne e ossos não têm mais
um papel tão importante assim.

Assim mudamos a definição
do que é ser humano.

Não estamos neste mundo
apenas para comer e dormir,

nós buscamos o conhecimento,
buscamos uma definição,

buscamos a resposta para a pergunta:
O que nos faz humanos.

Isso é o mais importante.

Quando substituímos o corpo
por uma máquina

podemos escolher qualquer tipo de corpo.

Um corpo com três ou quatro braços
ou três ou quatro pernas.

Eu poderia ter um corpo
que se parece com um carro

ou com um foguete.

Ainda não chegamos ao final
da nossa evolução.

Ainda estamos tentando nos tornar
uma espécie de super-humano.

Talvez no futuro
haja dois tipos de pessoas.

A evolução é um processo aleatório.

Não temos controle sobre ela.

Digamos que na Terra
algo aconteça por causa do Sol,

por exemplo,
um aumento extremo na temperatura,

e por causa desse evento,
todas as coisas vivas se extinguem.

Somente as máquinas sobrevivem.

Isso também seria resultado da evolução.

Não podemos sobreviver
sem a tecnologia.

Somente as tecnologias humanas,
como os robôs,

podem sobreviver para sempre
em situações extremas.

Lutamos constantemente
contra a força da natureza.

Para mim é como se...

as pessoas quisessem insistir cada vez mais
e com mais veemência

de que há algo muito especial
que as faz humanas,

e que reconhecer isso é muito importante
porque é o que distingue os humanos

e dá a eles uma moral superior
no mundo e no Cosmos.

E eu acho que isso é muito, muito perigoso.

Uma pergunta importante
é se estamos em posição

de compartilhar o mesmo entendimento
histórico e cultural,

sobre a razão de estarmos aqui, certo?

Sem entender o porquê de estarmos aqui,
qual é o nosso papel histórico,

provavelmente os cenários mais estranhos
podem acontecer.

Por isso as pessoas têm medo
dos robôs,

da sua inclusão na sociedade.

Eles não compartilham as mesmas ideias,
noções e filosofias.

É como se alienígenas chegassem na Terra.

Ou quando os estrangeiros
chegaram no Japão há 200 anos

e começaram a interagir com os locais.

Diferentes culturas
têm diferentes pontos de vista.

Vamos imaginar uma sociedade

em 100 ou 200 anos.

Imagine que eles estão olhando para trás,
vendo a nossa sociedade.

O que acha que eles vão pensar sobre nós?

Em 100 anos, o que pensarão
sobre as nossas intervenções?

Sobre a inclusão de máquinas na sociedade?

O que essa geração futura, essa sociedade futura,
pensaria sobre nós?

Uma metáfora assustadora

é pensar em quando foi criada
a bomba de hidrogênio.

Na época não sabíamos
dos seus perigos sobre o corpo humano.

Através da radiação.

No filme, é possível ver o navio circulando

enquanto a bomba é testada.

Hoje não fazemos mais isso
porque conhecemos os perigos da radiação.

Acidentes como o da Ilha Three Mile
ou de Fukushima mostram isso claramente.

Aprendemos sobre os perigos
depois de fazer experimentos.

Talvez o mesmo aconteça
em relação aos robôs de IA.

É preciso ser capaz de cometer erros.

Isso não tira a nossa responsabilidade
sobre os nossos atos.

Se você agir

como se o desenvolvimento tecnológico
fosse uma lei natural,

então você estará se comportando

como um fatalista.

Na verdade, você se rebaixa
ao status de uma criança sem voz.

Gostaria de acreditar que é possível
pelo menos nos aproximar de um mundo

onde as diferenças entre o que chamamos de humano
e o que não chamamos de humano

não desempenham mais um papel tão importante.

E que isso nos permita interagir melhor
uns com os outros

e criar uma sociedade melhor.

É preciso estar claro que a liberdade,
consciência, responsabilidade,

inteligência, razão e julgamento

são coisas que precisamos desenvolver juntos
e não sozinhos.

Eu não posso julgar sozinha,

só posso fazer isso com outra pessoa
ou outras pessoas.

E eu espero que essa...

que essa sociedade futura
em 100 ou 500 anos,

ou quando quer que seja,

possa olhar para trás

e perceba que nós pelo menos estivemos
no caminho certo para alcançar isso.

Que pelo menos tentamos.

Luke desbloqueada e aberta.

Ótimo.

Estou pronto
para me prender ao corrimão.

Bom trabalho.
Chegou a hora, você tem o sinal verde.

Entendido.

Eu estou em uma posição confortável.

Certo, muito bem, Alex.

Mais um momento, Alex.

Estou me sentindo muito bem.

Isso aqui é lindo, incrível.

Toda a estação está com um brilho dourado.

Como se fosse feita de ouro puro.

Não é uma questão de acreditar.

Basta olhar as evidências.

Estão lá, qualquer criança pode ver.

Não é algo difícil de acreditar.

Pode ser difícil de aceitar

que somos culpados
por essas mudanças inacreditáveis

que não estão a nosso favor,

mas elas existem.

Não se trata

do domínio que temos sobre os outros.

Essa não é a questão.

Se trata de quão bons podemos ser,
do que amamos mais.

É claro que queremos ser saudáveis.

E não há nada de errado em ser rico.

Mas como se mede a riqueza?

Acho que podemos encontrar essa criança
em nós mesmos,

independente da idade.

Podemos nos surpreender com qualquer idade,

podemos ser curiosos.

Ter esperança.

Mas para isso é preciso
abrir mão de muitas coisas

com as quais nos sobrecarregamos,
sobrecarregamos nossa mente.

"Assim serei uma pessoa legal."

"Assim eu terei sucesso."

Seja lá o que for.

É preciso parar e pensar
no que realmente importa.

É preciso se lembrar

que apenas estar vivo é uma dádiva.

CRIANÇAS

Como um jovem africano na universidade,
às vezes você tem a sensação

de que todo o conhecimento vem de fora,

que a nossa sociedade
nunca produziu ideias e conhecimento.

Você não encontra nada em seus estudos
que venha daqui.

Em St. Louis,
criamos a Faculdade de Civilização, Arte e Cultura.

Lá vamos ensinar e transmitir
as línguas, a literatura, as ideias

e a espiritualidade da África.

O objetivo é mudar a autopercepção
dos jovens estudantes africanos.

Esse é o nosso trabalho,
porque os arquivos e recursos estão lá.

Temos que levar esse conhecimento
para as universidades,

vamos colocá-lo no contexto,
julgá-lo criticamente

e fazer com que seja transmitido.

Temos que vencer a batalha epistemológica
pela consciência

de que há uma infinidade de linguagens
e maneiras de fazer as coisas no mundo

que existem diferentes recursos
sobre os quais as pessoas podem construir.

Do contrário, a sociedade só mudará
superficialmente e não profundamente.

O mundo ocidental determinou a dinâmica

de toda a humanidade
nos últimos 500 anos,

economicamente, socialmente
e intelectualmente.

É possível que o arquivo
de conhecimento ocidental esteja esgotado,

já que exigimos tanto dele.

Mas há uma infinidade de outros arquivos
esperando para serem usados.

Com a ajuda deles,
podemos enfrentar os muitos desafios.

Não podemos basear nossas ações
em apenas um arquivo limitado.

Ao abrir e usar arquivos
de conhecimento africano, asiático ou indiano,

também nos abrimos
para novas abordagens e recursos,

que podem nos ajudar
a responder aos desafios atuais.

A ideia de descolonizar
nossas ações, para mim,

anda de mãos dadas
com a descolonização do pensamento.

De que outra forma
você pode mudar seu comportamento?

Todo mundo sabe que há momentos na vida

em que temos que agir
para aproveitar as oportunidades.

E eu acredito que agora é a hora.

As pessoas entendem que o mundo está instável,
desarticulado.

E então eles se fecham
em suas pequenas comunidades.

Mas o que o mundo precisa agora
é exatamente o oposto.

E então você pensa

que se quer o oposto disso,

você precisa renunciar
a todas as suas identidades pessoais

e se tornar um cosmopolita.

Eu não acredito nisso,
essas duas coisas precisam ser compatíveis.

As pessoas precisam
estar enraizadas na sociedade

e a partir disso,
precisam entender umas as outras.

E nós certamente entendemos
que dentro da nossa sociedade,

temos que dar um passo para trás

para dar a oportunidade à sociedade

para evoluir e ser benéfica a todos.

O que a humanidade como um todo
não entendeu

é que grupos sociais também precisam
dar um passo para trás

para dar à comunidade global
a oportunidade

de lidar
com os maiores problemas globais.

Isso é uma coisa

que precisamos internalizar
e levar ao coração.

Essa é uma nova maneira de ver as coisas.

Não percebemos isso
quando crescemos na Terra.

Eu não tinha consciência disso.

Eu acho que sabia,
mas não tinha consciência.

Na Terra achamos que tudo é infinito,
o ar, os recursos.

Desde o início dos tempos,
o tempo parecia infinitamente longo.

Que há espaço infinito no nosso planeta
e um número infinito de organismos vivos.

Então, visto daqui,
tudo é muito pequeno.

É...

Eu não consigo colocar em palavras.

O Universo é 99,999%

e provavelmente
com mais um milhão de "9" depois,

um grande nada escuro.

E nós só co9nmhecemos um pequeno lugar,

a nossa Terra,

que parece grande para nós,
mas é incrivelmente pequena.

Tudo o que sabemos aconteceu
nesse lugarzinho,

toda a história conhecida pelo homem.

Toda pessoa que já viveu,

viveu lá embaixo
naquela pequena bola azul.

Eu quero levar essa perspectiva comigo,

porque isso é muito importante.

Para que os humanos percebam
que se destruirmos o nosso planeta...

E isso é muito possível.

Olhando para a atmosfera,

temos a impressão de que basta um sopro
para acabar com tudo.

E então será nosso fim.
Será o fim da história humana.

Ao final da expedição

eles descobriram os limites
do que era possível,

eles descobriram o criatural,

o espiritual

e o moral,

e voltaram ao início,

para acriança,

ao bebê deitado ali,
como um ser humano totalmente formado.

Seu futuro deveria ser
inimaginável para ele.

E ainda é.