All language subtitles for (Dis)Honesty The Truth About Lies (2015)

Quando menti na candidatura,

pensei que estava a fazer o melhor
para as minhas filhas.

Acusado de Batota

Como a redu��o do autocontrolo
promove comportamentos n�o �ticos

Incapaz de resistir � tenta��o:

Eu era o maior na universidade.

Enganar tornou-se um problema grave

Depois da primeira vez,
tornou-se um pouco mais f�cil,

ao ponto de come�ar a sentir-me
confort�vel com isso

e que n�o havia
problema nenhum em faz�-lo.

Eu sabia que era errado.
Mas n�o sabia que era ilegal.

Eu supunha que era ilegal.

S� n�o pensava ser apanhado por isso.

3 Ex Directores da Nortel
Acusados de Fraude

Quando tens essa mentalidade

ou pensas que toda a gente faz o mesmo,

Cont�gio e Diferencia��o
Comportamento N�o �tico

� mais f�cil pensar que aquilo
que est�s a fazer � leg�timo.

Eu convenci-me de que n�o estava
a prejudicar nada nem ningu�m.

Uma mentirinha tornou-se numa grave.
"Ela � t�o mentirosa."

Eu n�o era a puta nem a vadia,

n�o era a marota nem a drogada.

Eu era uma mentirosa.

Chega a um ponto em que o monstro
� t�o grande que j� n�o precisa de ti

e tu n�o o consegues controlar e s�
esperas que isso n�o te destrua.

Cheguei a perguntar ao meu advogado

se ia ser preso por causa disto.

"O que � que fazem a tipos como eu?

N�o me mandam para a pris�o.

Posso fazer servi�o comunit�rio?
O que � que eu vou fazer?"

Ele responde:
"Enviam tipos como tu para a pris�o."

Apesar de desejar
n�o ter de passar por aquilo,

percebi que n�o sou a �nica
a passar por algo assim.

� uma experi�ncia profundamente humana.

UNIVERSIDADE DE DUKE,
DURHAM, CAROLINA DO NORTE

DAN ARIELY
BACHAREL EM CI�NCIAS

DOUTORADO EM FILOSOFIA

Em caso de EMERG�NCIA
Utilize o Martelo para Quebrar o Vidro

Como reconhecimento
do seu esfor�o e empenho.

O meu nome � Dan Ariely
e interesso-me pelo comportamento humano.

Interesso-me por
racionalidade e irracionalidade.

Interesso-me pelas situa��es
em que tomamos boas decis�es

e pelas situa��es
em que tomamos m�s decis�es.

Dan Ariely � professor
na Universidade de Duke,

onde fundou
o Centro de Retrospectiva Avan�ada.

Com colegas e estudantes,
fazemos centenas de experi�ncias

para testar e compreender
o comportamento humano.

E nos �ltimos anos,
temos vindo a focar-nos na desonestidade.

Dou por mim a mentir muito,
principalmente aqui na escola,

sobre... n�o � bem mentir,

mas acho... n�o sei.

�s vezes, eu falseio a realidade.

J� convenci muitas pessoas
de que sou russa.

Acho que j� menti aos meus pais antes.

Tive uma namorada no liceu.

� dif�cil arranjar tempo para estar
com a namorada.

Por isso, fiz tudo aquilo.
Acho que todos n�s fazemos, algumas vezes.

A minha pesquisa
� sobre economia comportamental.

E a economia comportamental desafia

muitos dos pressupostos
da economia tradicional.

Na economia tradicional,

presumimos que as pessoas s�o
decisores perfeitos.

Que podemos comparar todas as op��es,

que n�o temos quaisquer limita��es
ao n�vel da capacidade cognitiva.

A economia comportamental
n�o faz quaisquer pressupostos.

Em vez disso, colocamos
pessoas em situa��es diferentes

e observamos como elas se comportam.

E o que muitas vezes
vemos acontecer nessas experi�ncias

� que as pessoas n�o pensam a longo prazo.

As pessoas s�o m�opes e m�s.

Descobrimos que n�o s�o capazes
de considerar todas as op��es

e tamb�m que n�o se comportam sempre
de uma forma perfeitamente racional.

Interessei-me pela irracionalidade pela
primeira vez devido a um acidente tr�gico.

Quando eu era adolescente,

participei no Movimento Jovem, em Israel.

Est�vamos a preparar-nos
para uma celebra��o

e havia fogo de artif�cio
para iluminar a arena.

Mas um foguete explodiu perto de mim.

E, como consequ�ncia, fiquei com
queimaduras em 70% do corpo

e passei os tr�s anos seguintes
no hospital.

A pior parte do meu dia
era o processo de tirar os curativos.

Os enfermeiros acreditavam
que a melhor forma seria

arrancar os curativos
o mais r�pido poss�vel

para acabar logo com a dor.

Mas eu, que tinha sofrido
aquelas dores excruciantes,

queria que o fizessem lentamente.

Que demorassem mais e me dessem algum
descanso durante o processo.

Mas, como � �bvio,
acabaram por fazer

o que acharam ser a coisa
correta a fazer.

E quanto mais tempo passava no hospital,
mais frustrado me sentia.

E podia ver mais exemplos
de irracionalidade � minha volta.

DAN ARIELY
S� IRRACIONAL

O estudo da irracionalidade tornou-se
a minha profiss�o, o meu passatempo

e o foco da minha vida.

INSTITUTO DE ESTUDOS AVAN�ADOS,
PRINCETON, NOVA J�RSIA

Ao sair do hospital,
comecei a estudar na universidade.

N�o tinha dinheiro para pesquisa.

INSTITUTO DE ESTUDOS AVAN�ADOS

Fui a uma loja de ferramentas
e comprei um torno de carpinteiro.

Montei-o no laborat�rio
e pedi a pessoas

para colocarem dois dedos no torno.

Eu apertaria apenas ligeiramente
os dedos das pessoas

com dura��o, intensidade e padr�es
diferentes ao longo do tempo

e eu iria verificar as suas prefer�ncias.

"Qu�o doloroso foi?"

"Que padr�o preferiria?"
e por a� adiante.

Aprendi que os enfermeiros estavam errados
de forma sistem�tica e previs�vel.

Estavam preocupados em reduzir a dura��o

quando, na verdade, deveriam
ter tentado minimizar a intensidade.

E a partir da�, comecei a procurar
todas as formas poss�veis

de pensar no comportamento irracional.

A forma como pensamos no dinheiro,
na sa�de e nas poupan�as

e a forma como procrastinamos,
e todo esse tipo de coisas.

E entre estes, havia a quest�o
da desonestidade.

LABORAT�RIO COMPORTAMENTAL

Ao come�ar a estudar a desonestidade,

eu e os meus colegas pens�mos ser apenas
mais um exemplo de irracionalidade humana.

Outro exemplo dos erros
que todos cometemos,

mas que n�o compreendemos muito bem.

MENTIR - TODOS O FAZEM
(HONESTO)

Mas o mundo � nossa volta
parecia estar a dizer-nos

que este �, na verdade,
um t�pico mais importante para estudar.

Em todo o lado,
h� esc�ndalos empresariais.

ESC�NDALO ENRON
QUANTO PIORAR�?

Enron, Worldcom,
a crise financeira de 2008.

Fal�ncia da Lehman, AIG
Nos Mercados Mundiais

Observ�mos que existe mais batota
no desporto profissional.

- Alguma vez usou ester�ides?
- N�o.

Nunca usei ester�ides.

Nunca me dopei.

Testemunh�mos embustes pol�ticos
e as suas imensas repercuss�es.

N�o torturamos as pessoas.

Deixe-me dizer-lho novamente,
n�o torturamos as pessoas.

Parece que l� n�o existiam
armas de destrui��o maci�a.

Disse que sabia onde estavam.

N�o. Eu disse que sabia onde eram
os esconderijos suspeitos.

A ASN recolhe qualquer tipo de dados

sobre milhares ou centenas
de milhares de americanos?

N�o, senhor.

N�o?

N�o deliberadamente.

De repente, o mundo estava a dizer-nos

que � mais importante
compreender a desonestidade.

E n�o apenas compreender
o que a causa,

mas tamb�m compreender o que podemos
fazer para a refrear e reduzir.

Quantas pessoas aqui mentiram,
pelo menos uma vez,

desde o in�cio de 2014?

Quantas pessoas aqui se consideram,
na generalidade,

pessoas honestas e maravilhosas?

O mesmo grupo.

Como � que pode ser?

Como � poss�vel pensar em n�s
mesmos como pessoas honestas

e ao mesmo tempo reconhecer
que somos desonestas?

No fundo, � tudo uma quest�o
de racionaliza��o.

Por um lado, queremos olhar-nos
ao espelho

e pensar que somos pessoas boas,
honestas e maravilhosas.

Por outro,
queremos aproveitar, egoisticamente,

o facto de sermos desonestos.

Desde que enganemos s� um bocadinho,
n�o temos de pagar qualquer pre�o

HONESTIDADE
DESONESTIDADE

em termos da imagem
e da forma como nos vemos.

Chama-se o factor da ilus�o.

FATOR DA ILUS�O

� a capacidade de nos comportarmos mal
e de nos vermos como boas pessoas.

E podem pensar em todas as formas

nas quais, na vossa vida,
t�m um factor de ilus�o.

O limite de velocidade.

LIMITE DE VELOCIDADE

O sinal pode indicar 90,
mas sente-se bem a conduzir a 95?

E que tal mentir um pouco nos impostos?

RENDIMENTOS

E exagerar o seu perfil
de encontros pela Internet?

Atrav�s de muitos estudos, descobrimos
que tudo o que altera o factor da ilus�o

tamb�m altera a capacidade
das pessoas serem desonestas.

Existem imensos elementos que podem
alterar a magnitude do factor da ilus�o.

E pudemos observar
muitos desses elementos em laborat�rio.

Por exemplo, se puder dizer a si mesmo

"Toda a gente faz",

� mais f�cil para si
racionalizar para si mesmo

que enganar n�o tem mal nenhum
e passa a faz�-lo ao n�vel seguinte.

O meu nome � Joe Papp
e nasci em Cleveland, Ohio.

Eu era ciclista profissional.

Eu era completamente louco por ciclismo.
Adorava aquilo.

Agora... Olha a compress�o dos pneus.

Comecei a participar em competi��es
de ciclismo no meu primeiro ano do liceu.

Aqui vamos n�s.

- Vamos l�, Joe.
- Vamos l�, Joe.

Competi pela equipa
da Univ. de Pittsburgh,

quando era estudante l�.

Depois, estive dois anos e meio fora

para competir pela equipa nacional
americana por todo o mundo.

E a sprintar para o bronze,
em segundo lugar, segue Joe Papp.

JOE PAPP
VENCEDOR 1.� PR�MIO AMERICANO BERGEY

Tive uma �poca repleta de sucesso

e cheguei a participar
nas eliminat�rias ol�mpicas.

Mas depois, o ano acad�mico
ia come�ar no outono

e havia um prazo de inscri��o

e eu senti a necessidade
de regressar para retomar os estudos.

Frequentei a faculdade durante o ano 2000,

altura em que terminei
a minha licenciatura.

Mas n�o conseguia livrar-me
do bichinho do ciclismo

e voltei a praticar a modalidade.

Comecei a praticar a tempo inteiro

e, apesar de eu n�o ser o Lance Armstrong,

fui bem sucedido a n�vel profissional

durante cinco ou seis anos antes disso.

E quando voltei �s competi��es,
as coisas estavam diferentes.

Basicamente, as competi��es
estavam mais r�pidas.

Houve uma competi��o em Massachusetts
da qual eu me recordo em especial.

Era um evento que eu facilmente acharia

que teria a hip�tese de vencer,

mas, em vez disso, tive de dar tudo
de mim s� para me aguentar na pista.

E aquilo nunca tinha acontecido antes.

Lembro-me de ter chorado.

De me ter sentido um fracasso e
perguntar como aquilo acontecera e...

Demorei alguns dias a processar
o que realmente tinha acontecido.

Lembro-me de ter falado ao telefone
com um dos meus colegas de equipa

e de ele soltar um riso abafado,

como se ele soubesse de uma piada,
da qual eu n�o sabia.

E foi naquele momento
que ouvi falar em doping.

O meu colega disse:
"Marca uma consulta com a doutora tal.

Ela vai ajudar-te."

Marquei a consulta e disse:

"Sou ciclista e n�o consigo igualar
o desempenho dos outros atletas."

Ela analisou as minhas an�lises
ao sangue e disse:

"Podemos prescrever-lhe EPL",

um medicamento dado aos doentes com cancro

que fazem quimioterapia.

Este medicamento obriga os rins
a produzir mais gl�bulos vermelhos.

Mas para um atleta de desempenho de elite,
o seu efeito � fenomenal.

A mudan�a � da �gua para o vinho.

Sei exactamente quanto este
medicamento melhorou o meu desempenho,

acima de 12 ou 13%,

o que significa uma melhoria colossal

num desporto que se decide
em quest�o de segundos.

N�o s� subi um n�vel
no contexto desportivo,

como comecei a dopar-me cada vez

com mais frequ�ncia.

Em 2006, mudei para uma equipa italiana

e lembro-me, muitas vezes,

de o irm�o do gestor da equipa
vir ao hotel

com uma garrafa t�rmica de a�o inoxid�vel

e come�ar a distribuir uma ampola,

uma seringa ou comprimidos
por cada ciclista.

E depois os ciclistas a discutir entre si

o que iriam tomar,
quando, como e para qu�.

Todos eram c�mplices.

Todos t�m o interesse
de manter isto discreto

e de se apoiarem uns aos outros.

O ciclista profissional Joseph Papp
disse que sentiu que n�o poderia vencer

sem ter tomado os medicamentos de melhoria
de desempenho porque os outros tomavam.

ESTADOS UNIDOS DA AM�RICA
V. JOSEPH PAPP

O R�U:
CULPADO PELOS CRIMES 1 E 2

Os testes a Joe Papp detectaram doping.
Ele declarou-se culpado

e foi banido do ciclismo profissional.

Eu nunca me teria imaginado
a tomar doping.

Quando tens essa mentalidade,

ou pensas que toda a gente faz o mesmo

ou que 70% das pessoas o faz,

mesmo que n�o saibas que � verdade,

� mais f�cil pensares que aquilo
que fizeste � leg�timo.

Para poder estudar a desonestidade,

temos de poder calcular,
de forma precisa, esperemos,

at� que ponto as pessoas s�o desonestas.

Temos imensos m�todos.
Vou descrever um deles.

Em 2002, o Dan e os seus colaboradores

iniciaram uma s�rie de estudos designados

AS EXPERI�NCIAS MATRIZ.

Muito obrigado.
Vamos come�ar. Vamos para o laborat�rio.

Sentem-se onde quiserem
e tenham convosco um bloco e uma caneta.

Demos �s pessoas
20 problemas matem�ticos simples.

Encontrem os dois n�meros
que somados d�o 10.

EXEMPLO

Toda a gente poderia resolver
estes problemas se tivesse tempo,

mas n�o damos muito tempo �s pessoas.

Vamos dar-vos cinco minutos
para resolverem o m�ximo poss�vel.

Quando os cinco minutos terminarem,
por favor parem,

pousem o l�pis e contem
as respostas corretas.

E agora que sabem quantas
respostas corretas t�m,

peguem na folha,

v�o at� � frente da sala

e ponham-na no triturador de papel.

E fazem-no. V�m at� � frente da
sala, dizem que resolveram seis problemas,

pagamos-lhes seis d�lares
e elas v�o para casa.

Obrigada pela sua participa��o.

O que as pessoas da experi�ncia n�o sabem

� que n�s manipul�mos o triturador.

O triturador destruiu
as laterais da p�gina

mas o corpo da p�gina continuou intacto.

E o que descobrimos?

Em m�dia, as pessoas resolveram quatro
problemas mas afirmam ter resolvido seis.

Eu resolvi seis.

N�o sei se � embara�oso ou n�o,
mas resolvi seis.

Eu acho que resolvi sete.

Mais de 40 mil participaram
nas Experi�ncias Matriz.

CERCA DE 70% FEZ BATOTA.

Fizemos esta experi�ncia
em 40 mil pessoas.

E, at� agora,
descobrimos 20 grandes batoteiros.

S�o pessoas que fizeram batota � grande,
dizendo ter resolvido 20 problemas,

e que nos roubaram 400 d�lares.

GRANDES BATOTEIROS

Tamb�m descobrimos

cerca de 20 mil pequenos batoteiros.

PEQUENOS BATOTEIROS

E esses roubaram-nos
cerca de 50 mil d�lares.

E eu acho que esta n�o �
uma m� reflex�o da realidade.

Sim, h� grandes batoteiros por a�,
mas s�o muito raros.

E por causa disso,

o seu impacto econ�mico
no geral � relativamente baixo.

Por outro lado,
existem milhares de pequenos batoteiros.

E por haver tantos,

o impacto econ�mico da pequena batotice �,
na verdade, inacreditavelmente alto.

O IRS � MANIPULADO EM MAIS DE 15%
DA SUA RECEITA FISCAL ANUAL.

NOS EUA, ESTIMA-SE UMA FRAUDE NOS SEGUROS
SUPERIOR A 40 MIL MILH�ES DE D�LARES/ANO.

BURLAS NA SA�DE CUSTAM AO GOVERNO DOS EUA
MAIS DE 200 MIL MILH�ES DE D�LARES/ANO.

Nunca disse aos meus filhos que existia
o Pai Natal, o coelho da P�scoa

ou a fada dos dentes.
Recusei-me a faz�-lo.

FIL�SOFO

Porque quando eu era bastante jovem,

escondi-me numa pequena c�moda

no fundo das escadas
para apanhar o Pai Natal.

E vi os meus pais a colocar
os presentes de Natal.

Fiquei chocado

por me terem enganado continuamente

durante anos e anos

e acho que nunca mais voltei
a confiar neles.

A minha m�e faz um bolo muito especial
para o anivers�rio do meu pai,

o dobos torte.

GABRIELLA BOROS
ARTISTA

� um bolo de baunilha h�ngaro
com creme de chocolate

com nove camadas e no topo

leva caramelo crocante.

E � delicioso.

No ano passado, ela deu-me o bolo
para eu partilhar com os meus filhos.

E eu escondi o bolo e comi-o sozinha.

No segundo ano,
tinha um amigo chamado Irving.

CIENTISTA DO COMPORTAMENTO

E o Irving era um grande mentiroso.

Um dia, ao almo�o, ele estava a contar
aos mi�dos todos da mesa

que o pai dele tinha uma bazuca.

Eu era um mi�do.

Uma bazuca era a maior arma
que eu conseguia imaginar.

E toda a gente na mesa disse:
"N�o tem nada."

E ele virou-se para mim e respondeu:
"Tem, sim.

David, tu estiveste em minha casa.
Tu viste-a."

E eu disse: "Sim, mesmo.
Eu estive em tua casa.

E o teu pai tem mesmo uma bazuca."

E depois percebi
que tinha dito uma mentira

e senti-me t�o mal.
Mas depois tamb�m pensei:

"Uau, n�o se pode mesmo
confiar nas pessoas."

O Lado Obscuro da Criatividade:

Os Pensadores Originais
Conseguem Ser Mais Desonestos

Um dia, eu e o Dan est�vamos
no escrit�rio dele

e naquela reuni�o em especial

CIENTISTA COMPORTAMENTAL

est�vamos a reflectir na ideia
do g�nio do mal

e no facto de, muitas vezes, parecer

que a criatividade e a desonestidade
andam de m�os dadas.

Naquela altura,
havia not�cias sobre o facto de

o Bernie Madoff ser muito criativo
no seu esquema Ponzi.

Ent�o n�s come��mos a questionar
o que a criatividade faz �s pessoas.

Fomos para o laborat�rio
estudar o assunto mais a fundo.

VARIA��O MATRIZ
CRIATIVIDADE

Cri�mos situa��es
em que se pedia �s pessoas

para serem criativas
ou onde a criatividade era fundamental.

Depois pedimos �s pessoas
para usarem a tarefa matriz.

E o que descobrimos foi que, quando as
pessoas est�o numa onda de criatividade,

� mais prov�vel que inventem imensas
justifica��es para o porqu�

do que est�o prestes a fazer ser
moralmente correto e justific�vel.

As RP e o marketing,
quase devido � sua natureza,

propiciam um ambiente
moralmente question�vel.

A Escolha � Evidente.

Ryan Holiday � um estratega dos media.

O que � que fazes?
Tens de criar algo do nada.

E por causa disso,
vou inventando � medida que surge.

Estive a ler este blog
e achei-o muito engra�ado.

O blogger
chama-se Tucker Max.

E o blog s�o hist�rias
de bebedeiras e engates.

AS HIST�RIAS DO TUCKER MAX

� um modo de contar hist�rias
na primeira pessoa,

em que ele fala
sobre as maluqueiras que faz

e as trapalhadas em que se mete.

POL�CIA DE AUSTIN
MAX, TUCKER

As hist�rias s�o muito engra�adas
e hilariantes,

mas ao mesmo tempo s�o controversas,
confusas e m�s.

E algo neste tipo de escrita cativou-me

e eu acho que foi a honestidade

e a autenticidade da forma
como o autor se apresentou.

O meu nome � Tucker Max

e eu sou um imbecil.

De certa forma, isso fascinou-me.

Enviei um e-mail ao blogger a dizer:

"Quero trabalhar para ti.
Farei tudo o que precisares."

A TUA CARA AQUI

Dizia-se que escreveria um livro,

mas nem tinha um publicit�rio.

ESPERO QUE SIRVAM CERVEJA NO INFERNO

Acabei a trabalhar naquela campanha.

Foi do g�nero: "Temos este livro,
penso que as pessoas gostariam.

Como dar�amos conhecimento
dele �s pessoas?"

E como n�o t�nhamos nada,
pod�amos tentar tudo.

RESULTADOS DA PESQUISA

Havia um blog com muitas liga��es a ele
e perguntei: "Como conseguiste?"

Ele respondeu:
"Enviei e-mails falsos

a fingir ser um f�

OUTLET
EXCLUSIVO

ou algu�m que odiava o meu blog e
fiz as pessoas falarem de mim."

Portanto, se aquilo resultou neste site,

ser� que resultaria
em sites mais conhecidos,

em jornais, na televis�o?

O nome do livro �
Espero Que Sirvam Cerveja no Inferno.

E, francamente, n�o h� muito nele

que possa ser repetido
num programa familiar como o seu.

Tucker Max, autor de
Espero Que Sirvam Cerveja no Inferno.

Requintado.

ESC�NDALO SEXUAL
UNIVERSIT�RIO

Tent�mos todas estas coisas novas
e resultaram.

O livro vendeu cerca
de dois milh�es de c�pias.

Depois de o livro se tornar um bestseller,

ele produziu um filme baseado no livro.

N�s vimos a controv�rsia criada
com as vendas do livro.

E pens�mos fazer um daqueles filmes

que as pessoas boicotam e dizem:
"N�o v�s ver",

porque sab�amos que a nossa audi�ncia
iria v�-lo mesmo por causa disso.

FODA-SE O TUCKER MAX
� MAIS F�CIL EXPOR ALGU�M

QUANDO S�O UM MONTE DE MERDA

Tent�mos v�rias t�cticas:
"Levemos gente a protestar.

Deixemo-las t�o horrorizadas
que s� falar�o disto."

Ir�amos enviar e-mails an�nimos
para grupos de LGBT

e grupos de mulheres da faculdade.

AS STRIPPERS N�O TOLERAR�O DESRESPEITO
(ESTAMOS A BRINCAR!)

AS MI�DAS SURDAS NUNCA TE OUVEM CHEGAR

Cri�mos an�ncios bem ofensivos.

Eram piadas sobre an�es, strippers, cegos.

Sa� e vandalizei os an�ncios.

VER-TE CHEGAR - ESPEREMOS QUE HAJA
PRESERVATIVOS ANTIVIOLA��O NO INFERNO.

Colei estes autocolantes ofensivos
em todos.

Depois tirei fotos e divulguei-as

em dois blogues pouco conhecidos
de Los Angeles.

Esta grande hist�ria foi divulgada.

E passou a haver cada vez mais
cobertura dos media.

TUCKER MAX: O IDIOTA DA AM�RICA

Depois, come�aram a vandalizar

os cartazes em todas as outras cidades.

RESPEITEM
AS MULHERES

A 16/09/2009, quarta-feira, �s 16:24
Tucker Max escreveu:

Esta deve ser a 1.� prioridade:
Chamar a BT para tirar os an�ncios.

Se conseguirmos que o fa�am, TODA
a imprensa de Chicago ir� cobrir

o acontecimento e vamos vender
1 milh�o, s� em Chicago.

A 16/09/2009, �s 18h40,

Ryan Holiday escreveu:

Definitivamente. Vou come�ar
a enviar reclama��es.

A minha equipa come�ou
a chamar a BT de Chicago

para protestar sobre estes
an�ncios ofensivos.

Brigada de Tr�nsito
de Chicago.

Informaram que estavam
a come�ar a banir os an�ncios da cidade

An�ncios do Filme de Tucker Max
Retirados dos Autocarros da BTC

e estavam a retir�-los dos autocarros.

Era precisamente isso que pretend�amos
porque assim temos uma not�cia de capa.

O Chicago Tribune fez um editorial

"DEITA-TE E CONTA?" NOJENTO

a louvar a decis�o da BTC
de retirar os an�ncios.

n�o o deviam ter feito
num autocarro.

Cr�dito � BTC pela ac��o r�pida.

E agora, foi este tipo de controv�rsia
massiva de pleno direito.

Tucker Max protesta
na Univ. Estatal de Ohio

Senhoras, n�o existe isso
de merecer Respeito

Na cidade de Nova Iorque,
este grupo organizou

um protesto por toda a cidade
e vandalismo dos cartazes

e convidaram os media
para haver mais mediatismo.

Tornou-se dif�cil para mim saber
onde ficava a linha de separa��o.

Ela quer que eu autografe
a roupa interior dela.

O que est�vamos a fazer era gerar
burburinho sobre o filme.

Mas se pensarmos nisso
e analisarmos,

est�vamos a enganar cada vez mais pessoas,

e depois de come�armos n�o pod�amos parar

porque aquilo j� era incontrol�vel.

PAREM DE APOIAR A CULTURA DE VIOLA��O

A VIOLA��O N�O � ENTRETENIMENTO

EI, CONSEGUES OUVIR?
SOMOS N�S A N�O NOS RIR

Os protestos desencadeados pelas t�cticas
de marketing de guerrilha do Ryan

chamaram a aten��o dos media
a n�vel nacional.

SOU V�TIMA DE ABUSO SEXUAL
PAREM COM A VIOLA��O

A indigna��o p�blica resultante
fortaleceu a marca do Tucker Max.

Existe outra vers�o do factor de ilus�o

com a qual nos convencemos

de todo o tipo de coisas
que n�o s�o totalmente verdadeiras.

Por exemplo, a grande maioria
das pessoas acredita

que s�o muito melhores condutores
do que a m�dia.

A grande maioria acredita
que tem menos probabilidade

de morrer de ataque card�aco e cancro
e qualquer tipo de doen�a.

Temos estas cren�as demasiado
optimistas sobre n�s pr�prios.

E convencemo-nos de que isto �,
de facto, verdade.

Mecanismos neurais medeiam
predisposi��o do optimismo

O auto-engano come�a quando sabemos
que estamos a mentir a n�s mesmos.

NEUROCIENTISTA COGNITIVA

Ou temos no��o que estamos a entrar
numa de racionaliza��o, por exemplo.

E pouco tempo depois acreditamos
no que estamos a dizer a n�s mesmos.

Isto � basicamente a predisposi��o
do optimismo que vemos em 80% da popula��o.

VERDADES - FALSOS ELOGIOS
�S PERFEITO

O auto-engano tem consequ�ncias
positivas e negativas.

Penso que, em m�dia,

as positivas compensaram as negativas
para podermos evoluir

de modo a sermos capazes
de nos enganarmos e de o fazermos ami�de.

Vis�o temporal dos custos
e benef�cios do auto-engano

Fizemos um teste �s pessoas

e vemos como corre
�s que n�o t�m as respostas.

CIENTISTA COMPORTAMENTAL

S�o quest�es dif�ceis,
por isso, n�o t�m bons resultados.

A outras pessoas, damos o teste
com as respostas no final da p�gina.

Dizemos: "Vejam, se quiserem.
� convosco."

RESPOSTAS

E os resultados foram excelentes.

Mas damos-lhes outro teste e dizemos:
"Aqui est�o novas quest�es

e, j� agora, n�o h� respostas
no final da p�gina.

Como acham que se v�o sair?"

E elas nem sequer corrigem.

Elas pensam que s�o simplesmente
fant�sticas a fazer testes

e que at� lhes podemos pagar.

Podemos dizer: "Se acertarem no n�mero
de respostas certas,

iremos dar-vos muito dinheiro."

� indiferente. Elas puramente acreditam.
Decidiram pensar assim:

"Sou o melhor do mundo a fazer testes"

e n�s n�o podemos impedi-los de o fazer.

Este processo de auto-engano
� t�o poderoso,

e acontece de forma t�o r�pida,
que depois cai-nos a ficha, tipo:

"Se calhar copiei" e, logo a seguir:
"N�o copiei nada. Sou um g�nio."

E depois:
"Sou um g�nio para o resto da minha vida."

Este impulso � muito forte
e poderoso em n�s.

Consigo ver logo quando algu�m
n�o est� a ser honesto comigo.

Isso fez de mim excelente
no processo de admiss�es.

Marilee Jones � uma antiga Respons�vel
de Admiss�es do MIT.

Expulsei uma pessoa

porque algu�m tinha feito
o exame de aptid�o por ele.

E n�o havia d�vidas de que era verdade
porque ele n�o conseguiu passar a nada.

O que vejo acontecer no mundo
� que as crian�as s�o cada vez mais

encorajadas a ser algo que n�o s�o.

O processo de admiss�es �,
definitivamente, um grande infractor.

ADMISS�ES REGULARES

ESCRIT�RIO DE ADMISS�ES

Portanto,

quando me candidatei pela primeira vez
para o emprego no MIT,

escrevi que tinha ido para outra
faculdade, que frequentava na altura,

em vez da minha faculdade.

1. BACHAREL EM CI�NCIAS

Eu estava a estudar no IPR, em Troy.

E eu esforcei-me por pensar assim:

"Fui para l� para me licenciar",

foi assim que eu me esforcei por pensar.

1. BACHAREL EM CI�NCIAS

Senti que, num s�tio como o MIT,
eu n�o seria aceite

se viesse de um col�gio cat�lico
para raparigas.

Continuei a ser promovida.

ESCRIT�RIO DE ADMISS�ES
RESPONS�VEL

E recebi uma chamada de algu�m
da Academia Americana de Pediatria.

Queria convidar-me a escrever um livro
em parceria com ele.

Claro, absolutamente.

Eu ia � televis�o, ia � r�dio,

aparecia nos jornais
e estava em muitos s�tios.

Vamos fazer outra revolu��o esta noite

porque quero devolver aos nossos filhos
a inf�ncia deles.

Muitas vezes,

as pessoas v�o ver a tua biografia

ou apresentam-te de uma maneira que...

Algumas pessoas pensam que tens
um mestrado ou doutoramento,

outras pensam isto ou aquilo
e tu queres l� saber.

Para mim,

eles estavam s� para ali a falar,
eu n�o queria saber.

Chamavam-me muitas vezes "Doutora"
porque era mesmo assim.

Ap�s 28 anos no escrit�rio de admiss�es,

o MIT descobriu que a Marilee
tinha mentido sobre as suas credenciais.

Pelos vistos, algu�m tinha dito:
"Ela faz-se passar por Doutora."

Bem, a partir da� as coisas come�aram
a desmoronar-se.

Marilee Jones demitiu-se hoje
como Respons�vel das Admiss�es do MIT,

ap�s 28 anos a trabalhar
nesta institui��o de prest�gio.

Numa declara��o prestada hoje, ela disse:

"Estou profundamente arrependida
por desapontar tantas pessoas

da comunidade do MIT e n�o s�."

Eu n�o tinha permiss�o para ver
os elementos da minha equipa.

Eu n�o era bem-vinda no campus
e continuava a pensar, "Sou eu".

Continuava a dizer: "Pessoal, sou eu.

Voc�s conhecem-me h� anos.
Eu sou a mesma pessoa."

E, de repente,
eu fui posta de parte.

Respons�vel de Admiss�es do MIT Demite-se;
Chegam ao Fim 28 Anos de Mentiras Sobre HL

O que me aconteceu?

Quem sou eu?

Aquilo arruinou-me.

Arruinou-me completamente.

ESCOLA DE CULTURA �TICA FIELDSTON,
NOVA IORQUE

Acho que uma caracter�stica importante
� ser bom a mentir.

Se fores bom a faz�-lo,
n�o tens de te preocupar

em ser apanhado.

Por isso � que eu acho que � bom
ser bom a mentir.

�s vezes tamb�m tens de mentir
para fazer algu�m feliz.

Tipo, se est�s a preparar
uma festa de anivers�rio surpresa,

est�s a tentar ajudar a preparar a festa.

Por isso, est�s a mentir ao teu amigo
para que depois seja uma boa festa.

Todas as criaturas, grandes ou pequenas,

PSIQUIATRA
INSTITUTO DUKE DAS CI�NCIAS CEREBRAIS

t�m o engano como parte
das suas defesas internas.

� uma quest�o de sobreviv�ncia.

Uma planta ou um p�ssaro pode mudar de cor
e camuflar-se

e isso � uma forma de engano.

Quanto maior for o c�rebro,
maior � a capacidade de mentir.

Os chimpanz�s, por exemplo, s�o conhecidos
por mentir ao grupo na quest�o da comida,

afastando-o de onde h� comida,

para que aquele que mentiu
possa voltar ao local mais tarde

e encontrar a comida.

� muito comum
as crian�as pequenas mentirem.

E isso d�-lhes prazer,

ajuda-as a imaginar coisas,
a desenvolver o seu c�rebro

e a desenvolver aquilo a que se chama
teoria da mente.

Uma teoria psicol�gica na qual,
� medida que o nosso c�rebro amadurece,

somos capazes de prever e imaginar
o que o outro est� a pensar sobre n�s.

E, a menos que as crian�as mintam
e imaginem e sonhem em grande,

poder�o n�o ter a capacidade
de desenvolver a teoria da mente.

Uma mentira � como uma faca.

ETGAR KERET
ESCRITOR

Usares a faca para esfaquear algu�m
� errado.

Se usares a faca para
barrar manteiga no p�o,

n�o h� nada de errado nisso.

Uma vez viajei de avi�o
de Berlim para Mil�o.

Tivemos muitos problemas.
Bolsas de ar... Sei l�.

Foi um voo muito mau.

A dado momento,
ouvi uma mulher a chorar

e a gritar em italiano.

Ela tinha cerca de 50 anos.
Tinha uma cruz ao pesco�o.

E eu olhei para a assistente de bordo
porque esperava que algu�m a ajudasse.

Ao olhar para tr�s,
vi as duas assistentes de bordo

sentadas a chorar.

E a outra mulher continuava
a gritar em italiano e a chorar.

E eu pensei: "Algo tem de ser feito
quanto a esta mulher."

E havia um banco vazio ao lado dela.

Eu desapertei o meu cinto,

sentei-me ao lado dela e apertei o cinto.

Segurei-lhe na m�o e disse-lhe:
"Olhe para mim, pare�o assustado?"

Ela respondeu:
"N�o, porque n�o est� assustado?"

Eu disse: "Porque, de todas as pessoas
neste avi�o,

eu sou o �nico engenheiro aeron�utico.

Sou o �nico que sabe

que estamos no avi�o de passageiros
mais seguro do mundo

SEGURO

e apesar de n�o parecer,
n�o vai acontecer nada de mal."

Ela olha para mim e respira fundo,
mas continua a chorar.

Volta a suspirar e segura a minha m�o

e diz: "Jesus enviou-o para mim."

Ela disse: "Qual � a probabilidade de,
de toda a gente da terra,

um engenheiro aeron�utico
se sentar � minha beira." Por isso...

Estas s�o mentiras com as quais
n�o tenho qualquer problema moral.

Porque eu acho que, mesmo
que tiv�ssemos morrido,

morrer num estado hist�rico
� menos engra�ado

do que morrer com algu�m ao teu lado
a dizer-te uma boa mentira.

Crescemos neste mundo social,
no qual os nossos pais nos ensinam

a ter maneiras e a preocuparmo-nos
com as outras pessoas

e a n�o apontar para as pessoas
ou a n�o dizer determinadas coisas.

E aprendemos que mentir um pouco
n�o tem problema nenhum.

Numa experi�ncia que estamos a realizar,

colocamos pessoas a mentir
ligadas a um detector de mentiras.

Os detectores de mentiras basicamente
detectam est�mulos emocionais

quando nos sentimos desconfort�veis.

E quando as pessoas mentem
a si pr�prias,

o detector de mentiras diz-nos
que elas est�o a mentir.

N�o h� problema em detectar mentiras.

Mas �s vezes pedimos
�s pessoas para mentir por caridade.

E, a�, o detector de mentiras n�o reage.

O detector de mentiras n�o detecta nada.
Porqu�?

Porque se pudermos justificar que o que
estamos a fazer � por uma boa causa,

n�o existem est�mulos,

n�o existem conflitos
nem problemas emocionais.

O meu nome � Kelley Williams-Bolar
e sou de Akron, no Ohio.

Quando a minha filha mais velha
estava no liceu

e a minha filha mais nova
estava no segundo ano,

eu estava preocupada com
a qualidade da educa��o.

As escolas n�o se encontravam ao n�vel
acad�mico que era necess�rio.

Eu e o meu pai vivemos em duas �reas
escolares distritais diferentes,

a cerca de 5 km um do outro.

Eu e o meu pai tom�mos uma decis�o,

que eu iria inscrever as minhas filhas
no distrito escolar onde ele vivia.

REGISTO OFICIAL

E quando eu estava a preencher a papelada,
lembro-me de ter pensado:

"Qual � a possibilidade

de eu me meter em problemas s�rios?"

CHEGADAS E PARTIDAS
PARA PAIS

As minhas filhas adoravam aquela escola.

ESCOLA PRIM�RIA ARROWHEAD

Eles ensinavam as crian�as
a ser focadas a n�vel acad�mico.

Elas andaram l� um ano.

Um dia, o tesoureiro da escola
ligou para casa do meu pai

e eu atendi o telefone.

Ele perguntou: "Se eu fosse a� agora,

a senhora estaria a�?"

E como eu estava ali, de facto,
respondi: "Sim, venha.

Se precisar de vir aqui ver se eu
estou aqui, aqui estarei."

Recebi uma carta do tesoureiro
e do superintendente que dizia:

"Temos provas irrefut�veis

de que n�o vive na morada
1373 Black Pond, Copley, Ohio,

e queremos convoc�-la

para uma reuni�o."

E eu lembro-me de ir � reuni�o.

N�o me lembro de quantos homens eram.
Quatro. Superintendente, tesoureiro...

Para resolver este problema.

E tamb�m estavam l� advogados.

Fiz algumas coisas incorrectas,
mas eu amo as minhas filhas.

E lembro-me de ainda ter tentado dizer:

"Elas vivem l�."

E tornou-se dif�cil.

Eu estava a enterrar-me cada vez mais.

A Kelley continuou a mentir
� direc��o da escola

e mudou a morada da carta de condu��o
e do cart�o de eleitor

para a morada do pai.

No fundo, o que eu pensava era:

"Isto � demais."

Eles estavam bastante perturbados.

Basicamente disseram-me:
"Leve as suas filhas para outra escola."

Eu disse: "Est� bem."
Eles n�o as querem l�.

Tirei as mi�das daquela escola.

O ESTADO DE OHIO VS.
KELLEY WILLIAMS-BOLAR

ACUSA��O POR USURPA��O
MANIPULA��O DE REGISTOS

Quase dois anos depois,
recebi uma notifica��o

para me apresentar a tribunal.

Est� aberta a sess�o.

Eles queriam acusar-me criminalmente.

Tenho de estar presente na vida
das minhas filhas para as apoiar.

Infelizmente,
os meios n�o justificam o fim.

O veredicto foi "culpada".

Todos de p�.

A Kelley foi condenada a pena de pris�o
e servi�o comunit�rio

por manipular registos oficiais.

As minhas filhas souberam,
eu contei-lhes o que aconteceu.

Porque eu queria que elas vissem
o efeito da mentira.

D�-se uma reviravolta na hist�ria

que pode ter...

Pode ter um grande impacto na tua vida.

PRONTO

Tenho uma m�quina de vendas.

NOTAS DE 5 E 10
INSERIR

Programei o pre�o para zero.

O que aconteceria?
Ao p�r o dinheiro,

escolheria o doce e
receberia o doce e o dinheiro.

Antes de mais,
coloquei um grande aviso:

"Ligue para este n�mero
caso a m�quina n�o funcione."

Quantas pessoas ligaram?

Zero. Isso mesmo.

Quantos doces � que as pessoas levaram?

Ningu�m levou mais de quatro.

A maioria levou tr�s ou quatro,
talvez cinco fosse batota.

Tr�s ou quatro � pac�fico.

Penso que o que as pessoas estavam a fazer

era racionalizar o seu carma de venda.

O que as pessoas diziam era:
"Eu lembro-me de uma m�quina de vendas

me ficar com o dinheiro

e essa m�quina
tem de estar relacionada com esta."

Outra coisa que as pessoas fizeram
foi chamar os amigos.

E penso que consegue perceber
o intuito, certo?

Se um dos meus amigos fizer o mesmo,

passa a ser mais aceit�vel socialmente.

Num conjunto de experi�ncias,
pusemos pessoas a trabalhar em equipa.

VARIA��O MATRIZ
COLABORA��O

Imagine que n�s trabalhamos em equipa.

Quando eu copio, voc� tira proveito.
Quando voc� copia, eu tiro proveito.

FOLHA DE TESTE

O que acontece agora?

O copian�o aumenta.

O meu nome � Garrett Bauer, 44 anos.

E eu era um negociante profissional.

Adorava aquilo.
Era mais divers�o que outra coisa.

Fazer um neg�cio inteligente
era mais importante para mim

do que ganhar dinheiro.

Quando me mudei para Nova Iorque,

conheci o meu primeiro amigo
e o nome dele era Ken.

Kenneth Robinson recusou
ser entrevistado.

Eu sabia que ele conhecia um advogado.

Eu sou o Matthew Kluger.

Trabalhei numa empresa muito prestigiada

que representava algumas das maiores
empresas da Am�rica.

Relacionei-me com o Ken Robinson
durante alguns anos.

Fal�vamos ao telefone.

Ele disse: "Est�s a trabalhar
nestes neg�cios de monta?"

E eu disse: "Sim."

Ele respondeu: "Deixa-me ver se percebi.

Tu sabes primeiro do que toda a gente
o que vai acontecer."

E disse: "Sabes, essas informa��es
poderiam ser valiosas para algu�m."

Eu respondi: "Sim, mas � muito arriscado.
� altamente ilegal."

O Ken disse: "Eu tenho um amigo
que � um grande negociante.

Ele poderia tirar grande partido
dessas informa��es,

mas poderia provavelmente evitar
detec��o porque faz muito day trading."

Marc�mos uma reuni�o numa esquina
e fal�mos para a� durante uma hora.

S� o facto de estar a falar
da possibilidade de fazer isto

era pisar o risco, mas naquela altura
eu n�o me apercebia disso.

O Bauer p�s-me � vontade

com o que est�vamos a fazer.
O errado era

a) comum e b) pouco prejudicial
para as pessoas.

As informa��es privilegiadas
s�o passadas,

se n�o for todos os dias,
� todas as semanas.

H� por a� muitas pessoas

a ter acesso a informa��es privilegiadas
e a us�-las para negociar.

Toda a gente negoceia com isto.

N�o havia ningu�m
no escrit�rio a n�o o fazer.

Eu passava informa��es
e o esquema ganhava forma.

O Matt ligava ao Ken
com informa��es do g�nero:

"Achamos que a IBM
vai comprar a Sun Microsystems."

Depois, eles diziam quantas ac��es.
Subtra�amos o valor do imposto,

eu pagava os impostos
e depois t�nhamos o dinheiro.

Eu n�o esperava que aquilo
tomasse tamanhas propor��es,

mas a verdade � que
tomou tamanhas propor��es.

O Matt, o Garrett e o Ken negociaram
informa��es privilegiadas durante 17 anos.

Uma noite, o Ken ligou-me a dizer
que a casa dele tinha sido invadida.

N�o me lembro de tudo o que ele disse,

mas lembro-me de pensar que uma parte
do que dizia era um pouco suspeito

e de me ocorrer:
"� poss�vel algu�m estar a ouvir",

mas rejeitei aquela ideia
por a achar paran�ica.

GRAVA��O DO FBI

Ken Robinson: E as informa��es
da firma de advogados?

Ken Robinson: � o que me preocupa.

Ken Robinson: Como quando pesquisaste
sem eu saber como.

Matt Kluger: Se eles tivessem,
j� estariam aqui.

GRAVA��O DO FBI

Matt Kluger:
H� uma grande diferen�a entre

o que sabem provavelmente ser mentira

e provar que o que eles pensam � mentira.

N�o querem ir a tribunal sem chamadas,

Matt Kluger: sem uma pista,
sem isto ter acontecido nesta altura.

Ken Robinson:
Certo.

Matt Kluger:
Eles n�o t�m nada disto.

Ken Robinson:
Certo.

E eu fui preso na manh� seguinte.

Levantei-me da cama e ouvi algu�m a dizer:

Garrett Bauer, onde est�?

� claramente grave

quando tens tantos agentes do FBI
� porta de tua casa.

Os procuradores federais condenaram
dois homens por um esquema de fraude

que durou 17 anos.

EUA vs. GARRETT BAUER

vulgo "Mr. G"
e MATTHEW KLUGER

A nossa investiga��o documentou mais de
109 milh�es de $ em neg�cios ilegais.

Bauer e Kluger foram declarados culpados
por fraude de ac��es,

conspira��o em lavagem de dinheiro
e obstru��o � justi�a.

Durante a rodagem deste filme:

Garrett Bauer iniciou uma senten�a
de pris�o de nove anos.

Matthew Kluger iniciou uma senten�a
de pris�o de 12 anos.

Kanneth Robinson iniciou uma senten�a
de pris�o de 27 meses.

Eu estava curioso. S�o os homens

considerados mais mentirosos
do que as mulheres?

Esta � uma grande quest�o.

A quest�o �:
existem diferen�as de g�nero

no que toca a mentir?
Existem grandes diferen�as.

Grandes diferen�as.

E a diferen�a � que apenas as mulheres
fazem esta pergunta.

Mas no ato de mentir em si,
n�o existe diferen�a.

Eu estava sentada no �trio
a carregar o meu telem�vel

e, de repente, ouvi o an�ncio:

"O seu voo est� prestes a partir."

Corri,

entrei no meu voo,
sentei-me no meu lugar

Miriam Novalle
Empres�ria

e quando a porta se fechava apercebi-me
que tinha deixado o telem�vel a carregar.

Corri at� �s hospedeiras de bordo
mas uma delas disse:

"Deve sentar-se, senhora.
Vamos descolar..."

"N�o podem.
O meu telem�vel ficou no �trio.

Ou�a, eu trabalho para a CNN.

� UMA MENTIRA - CNN

Amanh� estarei no ar
e preciso do meu telem�vel

porque tudo em que trabalhei est� l�."

Sabem o que aconteceu?

O avi�o voltou para tr�s,
foram buscar o meu telem�vel,

uma mulher entregou-mo

e toda a gente ficou a olhar para mim
do tipo "Que raio � isto?"

Cont�gio e Diferencia��o
em Comportamento N�o �tico

O Efeito de Uma Ma�� Podre na Fruteira

Num projecto, Dan, Shahar Ayal e eu

decidimos aprofundar a influ�ncia
do comportamento n�o �tico dos outros

nas nossas decis�es de mentir.

Concebemos uma experi�ncia
com diferentes tipos de condi��es.

NORMAS SOCIAIS DA VARIA��O MATRIZ

Imaginem a mesma experi�ncia
que vos descrevi h� pouco,

mas com uma grande diferen�a.

Contrat�mos um estudante
que sabia o que se passava.

30 segundos ap�s a experi�ncia come�ar,
ele levantou a m�o.

O que fa�o?

Ele diz: "J� resolvi todos os problemas.
O que fa�o agora?"

Deveria vir aqui e...

Ao fim de 30 segundos
de a experi�ncia come�ar,

ainda est�s na primeira pergunta.

N�o h� d�vidas

de que aquela pessoa est� a mentir,
ent�o o "professor" disse:

"Se j� terminou tudo, pode sair."

E a pessoa pega em todo aquele dinheiro

e vai para casa.

O que aconteceria � vossa moral?

Bem, muitas mais pessoas mentem.

Mas pode haver duas explica��es,
neste caso.

Uma explica��o � que apenas
prov�mos �s pessoas

que, nesta experi�ncia,
n�o existe desvantagem em mentir.

Teste

A segunda possibilidade � que

n�o se trata do facto
de se poder ser apanhado,

mas sim do facto de que
� socialmente aceit�vel mentir.

Obrigado pela vossa participa��o.

Por isso decidimos estudar isto

analisando se a pessoa que mente
� algu�m como n�s,

algu�m com quem encontramos semelhan�as
ou algu�m totalmente diferente de n�s.

Fizemos a experi�ncia em Carnegie Mellon.
Todos os estudantes eram de l�,

o estudante que sabia de tudo
tamb�m era de l�.

Mas esse estudante levava uma camisola
da Universidade de Pittsburgh.

O que acontece se fores um estudante
da Universidade de Carnegie Mellon

e um estudante de Pittsburgh mentir?

Sabes que ainda te podes safar.

Aqui est� a prova que algu�m vai para casa
com o dinheiro todo,

mas tu n�o pensas que pessoas como tu
fazem coisas dessas.

O que acontece agora?
A mentira n�o continua.

N�o se trata da probabilidade
de ser apanhado.

Trata-se de saber se �
socialmente aceit�vel

no nosso meio.

O meu nome � Erika Nelson.
Sou da Fl�rida.

Sou casada com o Kenny.

E temos seis filhos juntos,
sendo que nossos s�o dois.

Ele tem um bom cora��o
e n�s temos uma boa rela��o.

Mas partir de nada

para seis filhos, foi demais.

Por isso, ele mergulhou no trabalho

e n�s n�o t�nhamos sexo, n�o t�nhamos...

Nem sequer convers�vamos.

Tudo girava em torno dos mi�dos
e do trabalho dele

e tudo o que eu fazia era

mudar fraldas de manh� � noite,

e a minha vida era basicamente isto.

Tu tamb�m vais mudar.

Num bom dia, eu vestia soutien.
Era o meu dia de estar aperaltada.

Perdi-me nisso.

Mas eu amava o meu marido
e queria que as coisas resultassem.

Ent�o eu tentava falar com ele

mas nada do que eu dizia
parecia toc�-lo.

Nada mudou.

Cheguei a ir ter com ele a chorar

e disse: "Preciso de mais do que isto
para a minha vida.

E amo-te o suficiente para te dizer isto

porque n�o quero destruir o que temos."

E ele...

N�o � que ele tivesse sido indiferente.

Acho que ele pensou:
"N�s vamos ultrapassar isto."

Mas eu n�o interpretei as coisas assim.
Para mim, foi como uma bofetada.

ASHLEY MADISON
A vida � curta. Tem um caso.

Ashley Madison � uma p�gina web
para pessoas casadas

ou para pessoas que t�m um relacionamento

que querem ter sexo com outras pessoas.

Acho que � esse o chamariz
de Ashley Madison.

Tu sabes que toda a gente sabe
que �s casado.

PESQUISE E FALE COM PESSOAS CASADAS
DA SUA ZONA

Por isso n�o existe estranheza.

Pesquisas na tua �rea,
que por acaso � uma comunidade pequena,

e existem centenas de pessoas registadas.

E � f�cil de certa forma mascarar

a realidade do que est�s a fazer
porque est�s atr�s de um computador.

Falei com um tipo.

Cheg�mos a ter uma boa amizade

durante alguns meses.

Mas depois as coisas tornaram-se
mais s�rias.

Conversas mais �ntimas
e desejo de nos conhecermos.

A que horas nos encontramos hoje � noite?

Ele iria levar-me a restaurantes chiques
e eu iria arranjar-me

e isso deveria ser maravilhoso.

Eu podia ter a minha vida dom�stica
e ser uma boa m�e

e depois poderia ter outra vida

em que usava soutiens e roupas sexy

e maquilhava-me e arranjava o cabelo.

O oposto do que tinha em casa.

E acho que sentia mais atrac��o
do que outra coisa.

E iria mentir e dizer que ia sair
com as minhas amigas,

ou visitar os meus pais
para estar com ele.

Acho que...

Mesmo quando sabes que est� errado,
a gratifica��o imediata

sufoca o que sabes ser correto.

Uma noite, regressei a casa
e perguntei ao meu marido:

"Esta semana vais estar fora?"

E ele disse: "Porqu�? Para poderes
falar com ele ao telefone?"

E eu respondi: "Como � que descobriste?"

Ele afastou-se e eu fui atr�s dele.

Eu n�o sabia h� quanto tempo ele sabia,
o que � que ele sabia,

tinha todas estas perguntas
na minha cabe�a.

Ele respondeu: "Mandaste um e-mail."

Eu cheguei do escrit�rio

e o e-mail estava aberto e eu li tudo."

Eu disse: "Eu ia receber aten��o
de outra pessoa qualquer,

da maneira que isto est�, e eu n�o seu
como sair disto.

Preciso da tua ajuda
ou da ajuda de algu�m.

Mas n�o quero destruir o que temos."

Eu vi como ele ficou magoado.

E ele n�o merecia aquilo.

Apaguei a minha conta nesse dia.

Erika e Kenny v�o a reuni�es
de terapia para casaia.

Como vos disse, estava bastante queimado,

e quando voltei ao hospital,

talvez quatro ou cinco anos depois
de ter tido alta,

o respons�vel da unidade de queimados
viu-me e disse:

"Dan, tenho um tratamento novo
fant�stico para si.

Venha comigo."

Fui com ele e ele explicou-me que,
quando me barbeio,

tenho pequenos pontos negros
do lado esquerdo do rosto, restolhos,

o lado direito est� queimado,
n�o tem pelos nem restolhos.

E ele pode resolver esse assimetria.

Como? Ele vai tatuar o lado direito
do meu rosto

at� assentar perfeitamente
no lado esquerdo.

Ele disse-me: "V� para casa e fa�a a barba
e volte amanh�.

Amanh� � hora do almo�o estar� bem."

Fui para casa a pensar que tipo de barbear
deveria eu fazer.

O que me daria mais horas de simetria?

De manh� ou � tarde,

qual o melhor barbear?

De qualquer forma, barbeei-me,
fui ao escrit�rio dele

e disse: "N�o tenho a certeza
se quero isto.

N�o tenho a certeza se isto � para mim."

Ele olhou para mim e disse:
"Dan, o que se passa consigo?

Gosta de ter a cara como est�?

Tem algum prazer depravado
em estar nesse estado?"

Sa� do escrit�rio e fui ter com
o respons�vel dele e disse:

"O que se passa?
Querem fazer-me sentir culpado?"

Ele disse: "J� fizemos isto
em dois pacientes

e precisamos de um terceiro
para fins acad�micos."

E eu sou o paciente ideal, certo?

Metade da cara queimada, outra metade
n�o ficaria nada bem no trabalho dele.

Eis a quest�o.

� muito f�cil pensar neste m�dico
como sendo mau.

Mas ele era um m�dico extraordin�rio.
Eu apreciava-o e devo-lhe muito.

Mas, apesar disso, naquele momento
ele teve um conflito de interesses.

EXPERI�NCIA DOS PONTOS
CONFLITOS DE INTERESSES

No ecr� do computador ver�o um quadrado.

Estar� dividido em dois.
Metade direita e metade esquerda.

Vamos unir alguns pontos no quadrado
apenas durante meio segundo.

A vossa tarefa,
como participantes nesta experi�ncia,

� dizer qual lado tem mais pontos.

Normalmente � bastante �bvio
qual dos lados tem mais,

h� muitos deste lado
e poucos daquele.

Mais � Esquerda
Mais � Direita

Mais uma coisa,

n�o vamos pagar-vos a mesma quantidade
pelo direito e pelo esquerdo.

Os participantes recebem mais
se clicarem no lado direito.

Mas independentemente da quantidade,

a vossa tarefa � ser o mais precisos
e honestos poss�vel.

Preparados? Podem come�ar.

Esta tarefa � uma experi�ncia b�sica
em conflitos de interesses.

Muito poucas pessoas come�am
por mentir flagrantemente.

Mas se o n�mero de pontos for semelhante,
apenas mais ligeiramente � esquerda,

as pessoas respondem "Direita."

OBRIGADO POR PARTICIPAR NESTE ESTUDO
GANHO TOTAL 2,5 D�LARES

Em qualquer conflito moral

existe uma linha e temos de decidir
de a vamos passar ou n�o.

Queres ir para o outro lado

e sabes qual � o lado certo.

Talvez v�s para o outro lado, �s vezes.

O meu nome � Tim Donaghy
e cresci em Havertown, na Pensilv�nia.

O meu pai era �rbitro
de basquetebol universit�rio

e por causa disso
e do meu amor ao desporto

segui as pisadas dele

e fiz carreira na NBA
como �rbitro de basquetebol.

Tim Donaghy foi �rbitro
da NBA de 1994 a 2007.

O jogo da NBA � muito diferente

do liceu para a faculdade.
Apesar de muitas regras serem iguais,

n�o s�o aplicadas da mesma forma.

Comecei a arbitrar com base nas regras
tal como est�o no livro.

Tim Donaghy, o �rbitro novato,
est� a ser muito r�gido

neste in�cio de partida,
muitas faltas ofensivas,

ele est� a seguir o livro
das regras � risca.

Infelizmente, vi algumas pessoas

que se moviam um pouco
mais r�pido do que eu.

Aprendi com os veteranos
que existe uma certa forma

de fazer as coisas

para poderes avan�ar
e eles v�o dizer-te qual �.

Alguns jogadores t�m o benef�cio
de viajar gra�as ao basquetebol

em detrimento de outros jogadores.

Certos jogadores t�m o benef�cio

de n�o verem uma falta ser marcada

que os mandaria para o banco.

Rubio observa, bom se conseguir...

Oh, meu Deus, que m� jogada
de Jason Phillips

que n�o teve a coragem
de enfrentar Kobe Bryant.

Horr�vel.

H� uma probabilidade de 50-50,
ao ler o livro das regras,

no que se refere �s faltas,
se s�o feitas por grandes estrelas

e se h� press�o por parte dos treinadores,
por vezes.

O que mudou aqueles �ltimos minutos
para voc�s, rapazes?

Os rapazes dos apitos.

Nunca falei com o comiss�rio

sobre que faltas marcar e n�o marcar
num jogo.

Mas o departamento de opera��es
claramente imp�e ordens.

N�o S�o Permitidos Visitantes
nos Vesti�rios dos �rbitros

Atrav�s de v�deos, e-mails, reuni�es

dizem o que querem que seja falta
e o que n�o seja.

E parece sempre girar em torno
das estrelas

ou das grandes equipas.

Kobe Bryant � uma estrela nesta liga.

Ele leva muita gente aos jogos,
vende muitas sapatilhas

e muitos casacos.

E os f�s pagam imenso dinheiro

para se sentarem no est�dio a assistir

e querem determinados jogadores em campo,

os jogadores que pagaram para ver.

� mais uma forma de entretenimento

do que uma competi��o desportiva.

N�o acho que os �rbitros sintam

que est�o a fazer algo que n�o � correto.

Nas suas mentes, eles acham
que fazem o que lhes � dito para fazer

a partir do escrit�rio da liga.

E se continuarem e receberem

aqueles cheques de b�nus chorudos,
v�o continuar a fazer o que a liga quer.

E Reggie Miller com 90% de...

Sendo �rbitro da NBA e estando envolvido
no planeamento

do jogo naquela noite,

eu sabia que algumas equipas
estariam em vantagem

ou desvantagem.

Foi uma situa��o em que pisei o risco

e n�o o deveria ter feito.

Nunca irei esquecer quando surgiu
o primeiro problema.

Associa��o Nacional de Basquetebol
Bodog.net

Um amigo meu estava a ver os resultados
dos jogos da NBA

e pediu-me para ajud�-lo a escolher
alguns jogadores vencedores

e eu lembrei-me de estar a ver
o hor�rio de �rbitros nessa noite

e eu sabia quem iria arbitrar certos jogos

e escolhi alguns jogos para ele
e forem bem escolhidos.

Ele ligou-me no dia seguinte
e tivemos uma conversa franca.

Eu sabia que uma equipa estava fora
ou que um certo �rbitro

iria dar tratamento especial
a uma equipa ou jogador.

Passei essas informa��es ao meu amigo

e ele ficou chocado por eu poder
prever o resultado de um jogo.

Poder�amos discutir alguns jogos
de que ambos gost�vamos

e, devido ao meu contrato com a NBA,

eu n�o podia fazer
qualquer tipo de apostas.

Contact�vamos os apostadores
e ficava tudo no nome dele

mesmo sendo para os dois.

Chegou ao ponto em que apost�vamos

tr�s ou quatro jogos por semana na NBA.

� medida que o tempo passou,
comecei a sentir-me culpado

e quis parar o que estava a fazer.

O que eu n�o percebi foi que o meu amigo
passava as informa��es

a pessoas relacionadas
com o crime organizado.

E essas pessoas apostavam
quantias enormes de dinheiro

com base nas informa��es que eu lhe dava.

Eles apanharam-me
num hotel em Filad�lfia,

levaram-me a dar uma volta de carro

e fizeram-me saber que recebiam
as informa��es

e que elas deveriam continuar a chegar

pois, caso contr�rio, algu�m iria visitar
a minha fam�lia � Fl�rida.

No imediato, pensei em cooperar com eles

e, com sorte, no final da �poca

eles iriam deixar-me em paz
e ganhar dinheiro suficiente

de forma a podermos lavar as m�os daquilo
e nunca mais tocar no assunto.

E eu manteria o meu emprego
e seguiria uma direc��o diferente.

Os San Antonio Spurs s�o
Campe�es do Mundo da NBA!

Quando a �poca terminou,
voltei para casa em Sarasota, Fl�rida,

pronto para jogar golf.

E recebi a chamada de um amigo

a dizer que o FBI estava a fazer perguntas
a muitas pessoas

e que o esquema tinha sido descoberto
atrav�s de escutas � fam�lia Gambino.

E que andavam a fazer muitas perguntas.

O "REPARADOR"

Hoje, o �rbitro reformado
da NBA, Tim Donaghy

ser� declarado culpado em tribunal

NBA
�rbitro envolvido em esc�ndalo de apostas

devido a alegadas apostas em jogos
nos quais era �rbitro.

Tim Donaghy esteve preso 14 meses.

Sabemos que,

se mentir uma vez, � prov�vel
que o volte a fazer.

E, provavelmente, a segunda mentira
ser� maior do que a primeira.

Ao analisar o c�rebro descobrimos que,
se ao in�cio mentir um pouco

existe uma grande resposta em zonas
relacionadas com a emo��o,

tais como a am�gdala e a �nsula.

L �nsula - L Am�gdala - CCA

� d�cima mentira,
mesmo que minta a mesma quantidade,

a reac��o n�o ser� t�o elevada.

MENTIR AO LONGO DO TEMPO
MENTIR - TEMPO

� medida que a mentira aumenta
ao longo do tempo,

a reac��o no c�rebro diminui.

Pensamos que a raz�o disto acontecer

deve-se a um princ�pio b�sico do c�rebro.

O c�rebro adapta-se.

Por exemplo, se estiver a ouvir m�sica
e o volume for muito baixo,

e eu o aumentar duas vezes,

sentir� uma grande diferen�a.

Mas se estiver a ouvir r�dio
e o volume estiver muito alto,

e eu reduzir o som duas vezes,
nem sequer notar� a diferen�a.

O c�rebro codifica tudo
em rela��o � linha base.

O mesmo acontece
em rela��o � desonestidade.

Se formos pessoas muito honestas
e n�o tivermos mentido

e agora estivermos a mentir,

o c�rebro vai codificar isto
como uma grande diferen�a

em rela��o � nossa linha base.

Mas se formos desonestos e mentirmos muito

o c�rebro n�o reage tanto.

Algum tempo depois, o valor negativo
de mentir, o sentimento negativo,

j� n�o est� t�o presente.

O que nos faz mentir cada vez mais.

Os meus pais cresceram no Bronx

Jim O'Grady
Jornalista de R�dio

e eles davam muita import�ncia
em estar comigo e com os meus dois irm�os

� mesa, todas as noite, ao jantar.

Tornei-me um autor de f�bulas louco.

Mentia constantemente.

Estava no campo de basquete e o
Karim Abdul-Jabbar aparecia,

eu arrasava-o e dizia:

"Tira essa casaco nojento
da minha frente, Karim."

A minha fam�lia iria revirar os olhos.

Uma noite falei sobre um jogo

em que est�vamos presos
e o pr�ximo ganhava o jogo.

Algu�m da minha equipa fez uma jogada,
eu ia assisti-la

a bola passou pela minha cabe�a
e entrou no cesto.

Ganhei o jogo.

E para toda a minha fam�lia foi o limite.

"Para de nos mentir, isso � rid�culo,
isso n�o aconteceu."

A quest�o no meio disto tudo

� que, ainda hoje, consigo
ver a textura da bola.

E consigo sentir-me a fazer o gesto
e a bola a ir

e essa exulta��o ainda vive dentro de mim.

Na minha cabe�a, sei que � mentira.
N�o meu cora��o, n�o consigo largar isto.

Fizemos um estudo com 12 mil
jogadores de golfe.

Dissemos: "Imaginem a bola a cair
no campo, num mau s�tio,

e voc�s queriam que ela estivesse uns
cent�metros mais � esquerda.

Pegariam na bola e mov�-la-iam?"

E as pessoas responderam:
"Nem pensar."

Na natureza do jogo,
como as pessoas o sentem,

ningu�m o faria.
Muito bem, ningu�m o faz.

E lan�ar a bola?

Nenhum problema.

E bat�-la com um taco � ainda mais f�cil.

E sabem o que � o mais f�cil?

Se ningu�m estiver a ver,
d�o uma tacadinha na bola...

Acho que conseguem sentir a intui��o
de que se moveram algo,

esse ato ter� sido totalmente deliberado.

Mas se houvesse alguma dist�ncia,
tacassem, algo acontecesse,

de repente, essa dist�ncia
iria permitir �s pessoas

mais alguma ambiguidade na liga��o
entre elas e o ato final.

VARIA��O MATRIZ
DIST�NCIA DO DINHEIRO

Imaginem a mesma experi�ncia
que mencionei anteriormente.

Preencham as vossas folhas,
resolvam os problemas,

destruam a folha de papel
e v�o ter com o "professor".

Digam-lhe quanto dinheiro merecem.

� pela regra da propor��o:
"Resolvi X problemas, mere�o X."

O valor � pago em peda�os de pl�stico.

Eles pegam no peda�o de pl�stico,
andam meia d�zia de metros

e trocam por d�lares.

Quando uma pessoa nos olha nos olhos
e mente, n�o o faz pelo dinheiro,

mas sim por outra coisa que rapidamente
se transforma em dinheiro.

O que aconteceu?

Na nossa experi�ncia, as pessoas
duplicaram a mentira.

- Aqui tem.
- Obrigado.

Este � o resultado mais problem�tico
que penso que temos.

Pensem nisso, como uma sociedade
estamos a afastar-nos do dinheiro.

Cart�es de cr�dito, ac��es, op��es
de compra, derivados,

lidando com as pessoas
a grandes dist�ncias.

Ser� que, com todas estas dist�ncias
a aumentar,

as pessoas acham mais f�cil terem maus
comportamentos mas continuarem

ver-se como boas pessoas?

Penso que a resposta � sim, absolutamente.

O meu nome � Walt Pavlo
e cresci em Savannah, na Ge�rgia.

Fui o primeiro da fam�lia

a ir para a faculdade.

Trabalhei para a MCI, uma grande
empresa de telecomunica��es.

Eu era cobrador de d�vidas.

E n�o eram as d�vidas do telefone
que recebemos todos os meses.

Eram d�vidas de grandes empresas.

Eu geria clientes que pagavam
as suas d�vidas atempadamente

e recebia alguns clientes

que estavam envolvidos em servi�os
taxados telefonicamente.

Este tipo de empresas n�o s�o propriamente
empresas com boa fama.

SALDO DEVEDOR

Uma empresa devia � MCI
mais de 50 milh�es de d�lares.

Fiquei com ela a meu cargo e pensei:
"O que fazer com isto?"

Devem-nos 50 milh�es, por isso,
temos de fazer uma remiss�o.

Dizer aos nossos accionistas
que os 50 milh�es

que este cliente nos deve n�o v�o entrar.

Em vez disso, disseram-me:
"N�o vamos contar nada a ningu�m."

Vamos deixar isto nos registos
de contabilidade da MCI

e vamos manipular os n�meros

para evitar que esta d�vida
surja no futuro.

Assim d� ideia que vai ser cobrada
noutra altura.

DINHEIRO N�O APLICADO
FATURAS de 31-60 dias

A capacidade de manipular valores
era algo que eu sabia ser errado

mas, ao mesmo tempo,
tirou muita press�o de cima de mim.

SALDO DEVEDOR
FATURAS de 31-60 dias

E antes de eu perceber,

j� tinha manipulado
ou omitido aos accionistas

cerca de 100 milh�es de d�lares de d�vidas
que n�o constavam nos registos da MCI.

� assim t�o simples.

� apenas um registo de contabilidade,
� apenas um n�mero.

Tive a sensa��o
que n�o levaria muito tempo

e que havia formas de desfazer
o que tinha feito e recuar alguns meses,

mas depois percebi que isso
n�o iria acontecer.

Os clientes continuam a n�o pagar.

A quantia de dinheiro que manipulei
est� a aumentar.

Trabalho para uma empresa
que n�o quer saber

da press�o em que me colocou.

Falei com algu�m de fora da MCI e disse:

"Preciso de alguns conselhos.
O que fa�o nesta situa��o?"

Ele respondeu: "Walt, tenho uma ideia.
Acho que h� uma maneira

de fazer com que alguns desses clientes
paguem as d�vidas � MCI.

Isso resolve o teu outro problema

de n�o estares a ver dinheiro a entrar.

E acho que eu e tu

podemos ganhar imenso dinheiro com isto."

E eu disse:
"Diz l� essa �ltima parte outra vez."

O amigo do Walt criou planos de pagamento
para os clientes mais grabes da MCI

sob o pretexto
de as suas d�vidas serem saldadas.

Walt continuou a manipular
os registos financeiros da MCI,

permitindo ao amigo
desviar milh�es de d�lares

para as suas contas banc�rias pessoais
nas Ilhas Caim�o.

Senti-me poderoso.

Se h� dinheiro envolvido,

pensamos logo que
vamos fazer aquilo resultar.

- Ol�, Walt.
- Ol�.

- Isto � fixe?
- Muito fixe.

- Posso dizer-vos que aquela sensa��o
n�o durou muito tempo.

Fui at� �s Ilhas Caim�o.

Fui num jacto privado
e um tipo entregou-me imenso dinheiro.

E eu pensei: "Oh, meu Deus,
o que � isto?

O que � que eu fiz?
At� que ponto levei isto?

N�o quero mais fazer isto."

Seis meses depois,
recebi uma chamada do meu chefe.

"Algu�m da contabilidade ligou-me e disse

que algo n�o bate certo
com um dos registos.

E querem uma explica��o para isso."

Numa frac��o de segundo eu respondi:
"Eu posso resolver isto."

E depois tudo o que fiz desmoronou-se.

N�o havia forma de resolver nada.

Eu tinha sido apanhado.

EUA vs. WALTER A. PAVLO

Walt foi condenado a quatro anos
em pris�o federal.

As pr�ticas de contabilidade da MCI
foram investigadas

tr�s anos mais tarde, aquando
da fus�o com a Worldcom.

Na noite passada, a Worldcom
anunciou uma investiga��o interna

que descobriu uma fraude contabil�stica
de quase quatro mil milh�es de d�lares,

em despesas fict�cias, um dos maiores
esc�ndalos financeiros dos EUA.

Quando fazemos estas experi�ncias,

tanto as fazemos em universidades
como em bares.

Fomos a um bar em Washington, D.C.
frequentado por membros do congresso.

E fomos a um bar em Nova Iorque
frequentado por banqueiros.

Quem mente mais,
os banqueiros ou os pol�ticos?

Quem vota nos banqueiros?

Quem vota nos pol�ticos?

Muitos mais votos nos pol�ticos.

Os banqueiros mentem duas vezes mais.

N�o podem estar contentes
com este resultado.

N�o �, de todo, um bom resultado.

Se considerarmos todos
os elementos que estud�mos

e os combinarmos num s� ambiente,

ter�amos um ambiente muito semelhante

ao que ocorreu
na crise financeira de 2008.

Wall Street n�o absorveu,
em gera��es,

o n�mero de golpes que sofreu hoje.

Tr�s dos cinco maiores bancos
de investimento desapareceram.

A maior lenda de financiamento
do pa�s desapareceu.

T�nhamos pol�ticos, reguladores
banc�rios e at� investidores

influenciados por muitos factores.

Ilus�o, normas sociais,
dist�ncia de dinheiro,

mentir em benef�cio de outros e,
claro, conflitos de interesses.

Queda dos mercados mundiais

Londres - 5,46%
Alemanha - 7,16% �ndia - 7,4%

Acho que a corrup��o � isto.

Quando entras num sistema

e algo nesse sistema te diz
que algo est� mal

e, de repente, abandonas
toda a tua fibra moral.

E por causa disso,
precisamos de descobrir

o que podemos fazer acerca disso.

Como podemos fazer com que as pessoas
se comportem melhor?

Se n�o o fizermos, apenas teremos
cada vez mais desastres

como o que experiment�mos.

Isha Vidhya
Escola

Na �ndia existem muitas escolas
a experimentar as chamadas

"Lojas da Honestidade",
baseadas na confian�a.

O nosso fundador

sempre se interessou muito
pela forma��o de car�cter das crian�as,

S. Mangalavathy - Antiga Directora
Kalaimagal Kalvi Nilayam

mais do que pelas boas notas.

Aquele semente que elas t�m quando
s�o muito jovens

ir� brotar quando forem adultos.

As Lojas da Honestidade n�o t�m supervis�o
e l� os alunos podem comprar coisas como

l�pis, canetas, borrachas e mapas.

Se algu�m quiser comprar alguma coisa,

LOJA DA HONESTIDADE.

a primeira coisa a fazer � ir ver o pre�o.

E depois � s� escolher o que quer levar.

Coloca as rupias dentro de uma ta�a

e n�o h� monitoriza��o.

S�o respons�veis pelo que fazem.

No in�cio, as pessoas
levavam coisas sem pagar.

Levavam l�pis e borrachas

Mas depois, o director disse-nos
v�rias vezes em reuni�es que

isso iria criar uma grande perda no
futuro e nos prejudicaria.

Esta honestidade ocorre em todo o lado
no nosso ambiente escolar.

Desde os estudantes mais velhos,

at� aos mais novos,

S. Tilagavathi
Directora - Escola Isha Vidya

todos sabem o que � a honestidade.

Para as pessoas que encaram isto
superficialmente, parece uma loja normal.

Mas se olharmos mais atentamente,

ensina-nos a honestidade.

E isto � um exemplo da confian�a
que a senhora tem em n�s

e que os estudantes t�m uns nos outros.

Apesar de eu saber que posso pegar
numa coisa sem pagar,

n�o o fa�o porque

se vivermos sem roubar, sem enganar
e sem mentir,

podemos vencer na vida.

Orienta��es para Reduzir a Desonestidade
NINA MAZAR

Muitas das experi�ncias que realiz�mos

s�o sobre tentar encontrar
formas de diminuir a desonestidade.

Nina Mazar - Cientista Comportamental
Rotman School of Management

Fomos � UCLA e pergunt�mos
a cerca de 500 estudantes

se conseguiam mencionar os
10 Mandamentos.

VARIA��O MATRIZ
DEZ MANDAMENTOS

Pedimos �s pessoas para escrever
os mandamentos

que se lembrassem.

E depois coloc�mo-las numa posi��o

em que podiam fazer batota
com a tarefa matriz.

Quantos acham que mencionaram
os dez mandamentos?

- Nenhum.
- Nenhum, exactamente.

At� inventaram mandamentos
muito interessantes.

O que aconteceu depois de as pessoas
tentarem recordar os 10 Mandamentos

foi que, mesmo que n�o conseguissem,
ningu�m fez batota.

N�o se trata de quem recordou
mais mandamentos,

quem � presumivelmente mais
religioso, ter feito menos batota,

e de quem n�o se lembrou de quase nenhum
ter feito mais batota.

Ningu�m fez batota.

N�o importava
qual a religi�o dos participantes.

Sabem do que falam os 10 Mandamentos.

Falam sobre c�digo moral,
comportamento adequado

e saber ou ser lembrado disso

diminui a desonestidade.

De fato, mesmo quando falamos
com ateus convictos

e lhes pedimos para jurar pela B�blia,
eles parem de mentir.

N�o se trata do c�u e do inferno
e de ser apanhado.

Trata-se de nos recordarmos
da nossa pr�pria fibra moral.

Ach�mos este resultado muito promissor.

Mas quisemos test�-lo num contexto
n�o religioso.

Fomos ao MIT e fizemos uma experi�ncia
semelhante com c�digos de honra.

VARIA��O MATRIZ
C�SIGOS DE HONRA

Pedimos a estudantes do MIT
para assinar o c�digo de honra.

"Compreendo que este pequeno estudo est�
de acordo com o C�digo de Honra do MIT."

Assinaram, rasgaram a folha
e o que aconteceu?

Ningu�m fez batota.

E ningu�m fez batota

apesar de o MIT n�o ter c�digo de honra.

Depois fizemos a mesma experi�ncia
em Princeton.

Princeton tem um c�digo de honra
muito forte.

Os caloiros recebem um curso intensivo
de uma semana sobre moral,

palestras e debates.

H� um grupo � capela que tem uma m�sica
sobre o c�digo de honra.

Dou a minha palavra de honra

que n�o violei o c�digo de honra.

� uma m�sica horr�vel mas existe.

Pedimos aos estudantes de Princeton
para assinar o c�digo de honra

e para n�o assin�-lo,

pedimos aos estudantes do MIT
para assin�-lo e n�o assin�-lo.

Houve alguma diferen�a? N�o.

Quando n�o assinam os c�digos de honra,
fizeram batota ao mesmo n�vel.

Quando assinaram o c�digo de honra,
ningu�m fez batota.

Penso que � uma mistura
de boas e m�s not�cias.

As m�s not�cias � que o curso intensivo
sobre moral,

particularmente a vers�o de Princeton,

n�o parece ter qualquer efeito
ap�s duas semanas.

As boas not�cias s�o que,
mesmo sem um curso intensivo

sobre fibra moral,

h� mudan�as na forma como
as pessoas se comportam.

O facto de vos podermos mudar
com estas pequenas interven��es

est� no cerne da economia comportamental.

� esta ideia de que para mudar
o comportamento das pessoas

precisamos de mudar
uma sociedade ou uma cultura.

De facto, por vezes, pequenos ajustes

podem ter grandes impactos
naquilo que fazemos.

Penso que ambos,
organiza��es e governos,

podemos fazer a diferen�a como cientistas.

Podemos conceber uma interven��o

que seria ben�fica na redu��o
de comportamentos n�o �ticos,

no trabalho e na sociedade,
de forma mais ampla.

A EQUIPA DAS PERCE��ES COMPORTAMENTAIS

A Equipa das Percep��es Comportamentais
foi criada pelo governo brit�nico,

David Halpern - Director-geral
A Equipa das Percep��es Comportamentais, RU

pelo primeiro-ministro Davis Cameron,
em 2010, com o novo governo de coliga��o.

A ideia foi introduzir
um modelo mais realista

na forma como as pessoas tomam decis�es

e o que motiva o seu comportamento.

Se fiz�ssemos isso,
far�amos melhor pol�tica.

Afinal, muitos impostos e benef�cios
assentam na honestidade.

Tesouraria e Alf�ndega de Sua Majestade

Quando acrescentamos uma linha
aos nossos impostos a dizer:

"A maioria das pessoas paga os seus
impostos atempadamente",

Nove em dez pessoas
pagam os impostos atempadamente.

n�o apenas � eficaz

como tamb�m � uma boa forma
de encorajar as pessoas a pagar impostos

em vez de as amea�ar.

Aument�mos as taxas de pagamentos
de 30% para 35%.

Owain Service - Gerente
A Equipa das Percep��es Comportamentais, RU

Podem dizer que n�o � muito.
De facto, n�o � de 30% para 100%.

Ou podem dizer:
"� literalmente uma linha de texto."

E, de repente, est�o a falar sobre
centenas de milh�es em receitas

para as vossas autoridades fiscais.

Assim que come�ar,

simultaneamente em diferentes locais,

come�ar� a ver os efeitos

a tornarem-se mais evidentes.

A desonestidade �, de certa forma,
contagiosa e vemo-la em v�rios contextos,

tanto no mundo real
como em experi�ncias de laborat�rio.

Tem uma ramifica��o ainda
mais ampla que �

como nos sentimos em rela��o
�s pessoas que nos rodeiam.

Nos pa�ses escandinavos,

mais de 60% das pessoas dir�o que
a maioria das pessoas s�o de confian�a.

Noutros pa�ses, muitos em
�frica e na Am�rica do Sul,

essa percentagem �, muitas vezes,
inferior a 10%.

� uma enorme vantagem viver num pa�s

em que existe uma grande confian�a social.

CONFIAN�A SOCIAL
CRESCIMENTO ECON�MICO

Acaba por fomentar
o crescimento econ�mico.

Quando colocamos isto em equa��o,

� mais importante, por exemplo,
do que n�veis de capacidade na economia.

CONFIAN�A SOCIAL
PORTUGAL - GR�CIA - RU - EUA - NORUEGA

Temos estado a trope�ar no escuro

com modelos muito ing�nuos de
comportamento humano baseado em pol�ticas.

Imaginem o que podemos fazer se pudermos

colocar um modelo
decente de como as pessoas

se comportam no que fazemos e em como

concebemos as
nossas economias e sociedades.

Quantas pessoas aqui cresceram
em pa�ses que n�o os EUA?

Levantem as m�os.

Mantenham as m�os no ar,
pa�ses que n�o os EUA.

Muito bem. E quantos de voc�s

pensam que as pessoas do
vosso pa�s de origem

mentem menos do que os americanos?

Menos do que os americanos,
mantenham as m�os no ar.

Canadianos?

Brit�nicos?

Brit�nicos. Sim, claro.

Brit�nicos.

Mais algu�m pensou que
eles mentem menos?

Tanz�nia.

Tanz�nia?

Est�o a brincar?

Acho que n�o ouviram a pergunta.

Eu cresci em Israel,

por isso, o primeiro s�tio
onde fui experimentar foi Israel.

Eu tinha a certeza que os israelitas
mentiam mais.

Na verdade, mentem o mesmo.

Tent�mos Turquia, China, Col�mbia,
�frica do Sul, Portugal.

Tent�mos a Alemanha.

E em todos esses pa�ses,
n�o encontramos nenhuma diferen�a.

Como pode ser?

Todos viaj�mos, j� estivemos
em diferentes lugares,

e ficamos com a sensa��o

que mentir difere de local para local.

E aqui est� a quest�o.

As nossas experi�ncias s�o
gerais e abstractas.

E por causa disso, captam a capacidade
humana b�sica para mentir

e nos sentirmos bem connosco mesmos.

E dessa perspectiva, n�o somos diferentes.

Somos iguais em qualquer parte do mundo.

E, para mim, esta � a grande li��o.

N�o se trata de ser mau,
trata-se de ser humano.

E por causa disso, significa
que todos precisamos de pensar

em como nos protegemos
do nosso mau comportamento

e do mau comportamento
das outras pessoas.

Temos muito mais para aprender

e muito a ganhar em compreender
as nossas lacunas �ticas.

No que toca a construir o mundo f�sico,

parecemos compreender
as nossas limita��es.

Constru�mos coisas como estradas e pontes

para nos ajudar com as coisas que n�o
podemos fazer na perfei��o por n�s mesmos.

Mas quando se trata do mundo psicol�gico,

de certa forma, esquecemos a ideia de que
somos limitados e fal�veis.

A ci�ncia tem alguns pontos de partida
para nos ajudar a pensar nisto.

N�o ser� simples,

mas todos temos a capacidade de construir
um mundo melhor, mais �tico e honesto.

Levei muito tempo a perceber

que ia parar � pris�o.

E n�o era por n�o saber que era culpado.

Eu sabia que era culpado.

Sabia que o que tinha feito era errado
e quis emendar o erro

mas o que eu n�o consegui encarar
foram as consequ�ncias.

Tive que assumir o meu erro

e dizer a toda a gente o que tinha feito

e que tinha feito escolhas muito m�s.

Destruiu a minha vida, para ser honesto.

Agora sou bastante honesta.
Sou honesta como Abraham Lincoln mas...

Tento dizer a verdade sobre tudo.

N�o � como eu ter dito algo do tipo:

"Foi t�o errado. Nunca mais fa�o isto."

� mais do tipo, de tudo o que fiz,

h� coisas que eu n�o queria relembrar

e essas coisas surgiram com o tempo.

Arrependo-me de tudo, porque eu queria
ser sincera com as minhas filhas

e dizer-lhes que fiz a escolha mais
correta e que n�o tra�,

e que uma m� escolha n�o se torna boa,
mas n�o posso.

Se as minhas filhas me perguntarem
sobre a minha infidelidade,

serei honesta com elas

porque � o que eu sou,
e tenho de merecer isso.

Eu costumava ver o mundo em termos de
boas pessoas e m�s pessoas.

E agora eu vejo o mundo
em termos de pessoas.

Quando eu sair da pris�o,
o meu irm�o disse que me ir� ajudar,

mas eu n�o sei o que vou fazer.

Acho que terei muito tempo
para pensar nisso.