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Ent�o viajaremos em
um trem a vapor

� muito r�pido para a alma humana que,
desconcertada,

fica para tr�s, � procura
daquele que abandonou.

Mas � divertido ver tudo
passando r�pido.

N�o est� cansada tamb�m?
Estou exausto.

Estou t�o cansado deste
constante levantar de acampamento

e fugir.

Falta muito para vermos
os meninos.

Acabo de beij�-los

e j� me esqueci de suas fisionomias.

S� falta Hamburgo e logo,
finalmente, iremos para casa.

Muito bem!

Seus aplausos.

Esteve maravilhoso.

Muito bem, Clara!

Vamos, Robert, vamos!

Senhoras e senhores,
o homem a quem amo,

o grande compositor Robert Schumann.

Oh, n�o, n�o almejo a fama.

Muito bem, Clara!
Tr�s brindes!

Robert, meu amor, segure-me!

Muito bem!

Parece que voc� n�o gosta
de minha m�sica.

Est� com uma partitura minha,
Robert Schumann.

Gostaria que me devolvesse. Pode
encontrar-me neste endere�o.

Quem era?

Era Johannes Brahms.
Do distrito de Porto.

Onde j� se viu?
Manda-me sua m�sica

esperando que eu a devolva.
Quem pensa que �?

Todos dizem que ele tem
um talento exuberante.

- Robert, onde est� a m�sica dele?
- Entre os bastidores, no quarto de ensaio.

- E onde fica esse endere�o?
- Perto das docas.

Onde os emigrantes esperam
seus barcos.

Se voc� pretende ir ali,
� necess�rio prote��o policial.

Sim, Brahms!

O barco � amanh� �s 10 horas.
Podemos escutar at� l�.

Brahams tocar�!

- �timo!
- Toque para n�s.

Obrigado.

N�o dever�amos ir ali, Clara.

Por que n�o? N�o tenho medo.

Venha, vamo-nos.

- Dever�amos ir, Clara.
- Oh Robert.

Sr. Brahams, trouxemos sua m�sica.

N�o houve tempo para olhar.

Mas viemos para ouvi-lo.

Muito obrigado. Obrigado por ter vindo.
� muito am�vel de sua parte.

Receito que tudo que posso lhes oferecer
� cerveja ou schanpps. N�o � muito.

Estamos aqui para escutar m�sica,
n�o para beber.

De acordo!

Esperarei do lado de fora.
Aqui cheira muito mal.

Por favor, venha comigo.
Temos uma viagem longa pela frente.

Um momento mais.

Escute!

Pare!

Deixe-me passar!

- Robert!
- Sim!

� imenso!

� quase t�o maravilhoso como
voltar para casa com papai Wieck.

Podemos dar festas.

- Saraus musicais. Tudo o que quisermos.
- Subam aqui!

� muito quieto. N�o fa�a barulho.

Suba. � muito bonita.

Onde est� a bab�?

Estou aqui, sr. Diretor de M�sica.
Sou Berta.

Bom dia, Berta.
Muito obrigado.

Gostou, querida?

Esta casa nos trar� felicidade.
Posso sentir e estou certa disto.

- Est� feliz.
- Quero voltar a compor.

Pensei que tivesse isso tivesse acabado.
Voc� � minha amada esposinha.

Isto n�o lhe basta?

Sim, mas...

- Ah, champanhe.
- Est� tudo bem.

Henriette, a cozinheira.

S� trabalhei nas melhores casas.

Por Dusseldorf!

E por Heinrich Heine, o magn�fico.

Pelo ferro, pelo a�o e pelo carv�o.

Robert!

- E o vil metal, que vem das minas.
- Pare.

Quer dizer que esta � a nossa
sala de m�sica?

Meu piano!

E ele foi afinado.

Eu me sentaria agora mesmo,
se n�o fosse por esta dor de cabe�a.

As notas est�o estourando
em minha cabe�a.

Agora!

Um pouco de respeito, meninos.
N�o consigo pegar o olho.

A cabe�a de papai est� doendo.

- Psiu! Papai est� com dor de cabe�a.
- Vamos!

E vamos!

Oh, um piano! � lindo.

Viemos entregar o piano para Clara.
De Robert.

O qu�? Para mim?

� maravilhoso.

Tragam para cima.
Mas, por favor, com muito cuidado.

Cuidado. Vire um pouco.

Bem, ent�o traremos o piano para cima.
Mas silenciosamente.

Deveria praticar 4 horas por dia.
Mas d�i a cabe�a do meu marido...

Normalmente, s�o as mulheres
que t�m dor de cabe�a

e os homens, quando n�o podem...
praticar.

N�o � assim.

Nas duas cestas h� roupa de cama.
Leve-os para cima, por favor.

O ba� de brinquedos
vai para l� tamb�m.

O ba� grande vai para a
sala de jantar.

� a porcelana. Cuidado, por favor.

Bom dia! Viemos ver ao Diretor.

Sim. A orquestra espera
seu novo diretor.

Os m�sicos demoraram muito tempo
para encontr�-lo.

Sim, entre. Por favor, sentem-se.

N�o queremos incomod�-la.

Mas a orquestra espera h� uma hora.

Hora e meia, para sermos exatos.

Diretor!
Viemos busc�-lo.

- Adeus.
- Adeus.

Senhores!

Robert Schumann est� diante de voc�s.

O herdeiro de Beethoven.

O maior compositor vivo!

� uma honra para esta cidade

que voc�, querido Robert Schumann,
de agora em diante dirija

esse curso musical.

Eles dizem que somente a�o
e dinheiro governam aqui.

Por�m esta � uma nova era,

a onda que devemos aproveitar,
se quisermos evitar a derrocada.

Abriremos caminho a um grande
futuro, daqui.

E esse futuro tamb�m ser� o
dos artistas.

Ent�o, celebremos com uma
recep��o calorosa.

Muito bom.

- Mas � dif�cil de tocar.
- Maravilhoso!

Obrigado.

Maravilhoso!

Trabalhei nele a noite toda.

Uma noite!
E ele mesmo fez a marca��o.

Esse - se me permitem -
� apenas o primeiro movimento

de minha nova sinfonia.

Penso em colocar o nome de
Sinfonia Renana,

em honra ao rio que atravessa
a cidade.

Desculpem-me.

N�o dormi o suficiente.

Precisa de um caf� bem forte.

N�o, isso n�o ajuda.

Devo continuar trabalhando
no segundo movimento.

Fazemos uma breve pausa?
Ou devo dirigir em seu lugar, maestro?

Quer ir para sua casa, sr. Schumann?

Sim, seria melhor.
Senhores, interrompemos por hoje.

Continuaremos amanh�.

Robert, querido.

Tenho que trabalhar no segundo
movimento.

O que aconteceu?

Ele ficou esgotado.

Parece-me que

teve problemas com a orquestra.

Explique-me isso.

Ele fala muito baixo e sua voz
desvanece-se muito r�pido.

Tem-se a impress�o que ele
tem medo da orquestra.

N�o � t�pico dele.

Normalmente, fico sentada
ao piano, aqui em cima.

Tudo se arranjar� amanh�.
Se precisar, posso assumir depressa.

Voc�, senhora?

Seria uma grande honra.

Mas a orquestra nunca aceitar� isso.

Por que n�o?

O nome de nosso diretor � Robert,
n�o Clara Schumann.

Ele olhar� como fa�o e logo
chegam a um acordo com o papel.

Uma orquestra n�o � assunto
para as mulheres.

- Seria terr�vel para o moral.
- Pe�o-lhe desculpas.

Sento-me com os m�sicos,
cada vez que interpreto.

Nunca houve qualquer problema.

Ent�o, at� amanh�.

Sim.

O que faz aqui?

- Est�o mortos.
- Peixes.

Ontem, entretanto, estavam vivos.

Bem, n�o se pode com�-los vivos.

Mas repare como ele olha para voc�.
Pobre peixe.

Henriette,
precisamos de outra torta.

N�o quero comer isso.

Eles t�m asas.

Crian�as, n�o fa�am arrua�a.
� horr�vel.

O que est� acontecendo?

Robert, acha que deveria
trabalhar com a orquestra?

Voc� n�o foi muito bem hoje.

Imagino ser dif�cil para voc�.

Para al�m do mais, s�o 40 pessoas
e s�o m�sicos.

Pensam em tudo, exceto na m�sica
que tem ante seus olhos.

Eu sei. Conhe�o-os.

Claro, Clara. Voc� os conhece.
Naturalmente.

Sim, porque tocou com eles
muito ami�de.

Deve trat�-los com respeito.

Ademais, a maioria n�o s�o pagos.
Podem simplesmente levantar-se e sair.

- Se quiserem.
- Eu sei.

Se falar com eles t�o baixo,
como fala comigo,

- n�o ser�o capazes de entend�-lo.
- Deixe para l�.

Meu adorado professor.

Toda a fam�lia depende de seus ingressos.
N�o podemos correr riscos.

E acha que fa�o isso?

Diante da orquestra,

deve comportar-se com lucidez
e decis�o.

Isso est� �timo. Maravilhoso.
Pensei que n�o estava trabalhando.

Mas n�o quero mudar nada.
Ao contr�rio.

Deixarei assim para toda a
eternidade.

Devo continuar trabalhando e...
continuar...

Hip, hip, hurra, Dusseldorf!

Onde est� Schumann?

O...

- o nosso diretor.
- Est� compondo.

Em casa. Ou, qui��, descansando.
Quem sabe?

Senhores, por favor!

Vamos dar as boas vindas
� Clara Schumann.

Ei, temos que amamentar?

Meu marido ficou em casa para
trazer-lhes o segundo movimento

da sinfonia Renana,
t�o logo quanto poss�vel.

E quando ser� isso?

Temos que nos preparar para
o festival musical.

Nem sequer sabemos o que tocar.
Come�amos com o primeiro movimento.

Bem, ent�o continuaremos
trabalhando nele.

Fique em casa, com seu senhor.

Teremos fantasias diferentes
com ela.

Senhores. Sei que n�o est�o acostumados
com uma mulher regendo.

E eu n�o estou acostumada com voc�s
e seus costumes.

Mas, para que esse festival musical
tenha �xito,

ter�o que trabalhar comigo,
por favor.

Vamos tentar.

Obrigada.

Recomecemos no mesmo ponto.

As trompas, hummm,
no compasso 161, uma nota errada.

E as flautas, por favor,
entrem mais tarde.

Uma vez mais, por favor.

O que est� acontecendo?

Com o devido respeito, senhora.

Essa situa��o n�o pode se tornar
permanente.

Trabalhar sob a reg�ncia de uma mulher.

Nunca aconteceu tal coisa.
Em parte alguma, existe isso.

Devemos aparecer em p�blico assim?

Dusseldorf ser� motivo de pilh�ria.

A boa m�sica nunca � motivo
de pilh�ria.

Especialmente aqui, em Dussesldorf

onde as pessoas t�m tal crit�rio
de inusitado e do novo, n�o � verdade?

Vamos continuar.
Seja homem ou mulher!

Obrigada.

Senhores, vamos repetir com um
pouco mais de for�a.

Compasso 91, por favor.

Ela sabe o que est� fazendo.

- Nada mal para uma mulher.
- De fato, nada mal.

Ei, o que est� fazendo aqui?

Tenho uma coisa para entregar
aos Schumann.

Mam�e n�o est� e papai
est� compondo.

N�o deixamos ningu�m entrar, quando
papai est� doente. Foi mam�e quem disse.

Por favor, entregue isto a seu pai ou a
sua m�e. Meu nome est� a� em cima.

Jo-han-nes.

Bra-hms.

Oh, ele anda com as m�os.

- J� foi.
- Que pena.

Isso � m�sica.

Temos que entregar ao papai.

Mas ele est� trabalhando e
n�o podemos interromp�-lo.

Tinha algo incomum.
Podia andar com as m�os.

� Hans Ramms.

N�o comeu outra vez.
Mas claro, n�o s�o ostras.

Tudo o que faz � beber.

- Papai?
- sim!

Papai, temos uma coisa
para voc�.

Esperem, crian�as!
Ainda est�o a�?

R�pido! Corram e tragam-me.

Se n�o o virem, perguntem aonde foi.

Elise, Ludwig!
Esperem, vou tamb�m.

Papai, n�o conseguimos encontr�-lo.

- Todos caminham com os p�s.
- N�o com as m�os.

Oh, eu gostaria de poder andar
com as m�os.

Para piano. Quem comp�s?

� desse rapaz arrogante,
de Hamburgo.

Dedicado com admira��o � Clara Schumann.
Johannes Brahms

Foi ele quem tocou aquela valsa
pegajosa naquela espelunca.

Um talento transbordante.

Voc� ficou completamente
encantada com ele.

Era como um gatinho vagabundo
capaz de converter-se num tigre.

E sua valsa me atingiu o cora��o.

E a� est�, nosso tigre!

Hans Ramms! A� est�.

Clara est� tocando.

Minha m�sica, hein?

Bem-vindo.

Se quiser, eu cairei.

Quero descer como o jovem Werther,
que deu sua vida pelo inalcan��vel.

Oh, que po�tico.

Mas nossa Henriqueta n�o gosta de limpar
sangue do vest�bulo.

Ent�o, � melhor voltar � Terra.

Permita-me voar.

� essa a sua m�sica?

Sim.

Ent�o des�a e toque-a para n�s.

Hans Ramms.

Aprendi a fazer isto nos barcos
do porto de Hamburgo.

N�o seria melhor voc� mesmo
tocar sua m�sica?

N�o posso tocar t�o bem quanto Clara.

Que vai tocar?

Sra. Schumann interpreta Brahms e
eu a Robert Schumann

com meu pr�prio estilo.

Esse � meu romance.

Descobri quando era uma menininha,
mais jovem do que voc�.

Queremos que fique, pois queremos que
ensine-nos a plantar bananeira.

E depois que formos para a cama,
poder� tocar com ele.

Tentador! Mas prefiro tocar s�
com sua m�e

depois que os bons meninos forem
dormir.

Mas o quarto de convidados,
ao lado do nosso est� vazo.

Poderia ajudar Berta.
Ensinaremos como.

E pode nos ensinar navega��o, aritm�tica
e ingl�s.

Sr. Brahms!

Tive que persegui-lo literalmente.

Come�amos a conhec�-lo,

a conhecer seu talento.

Sabe o que est� escrito em minhas
partituras?

"Solit�rio, mas livre."

Preciso ser completamente livre,
t�o livre quanto um p�ssaro.

Ent�o que seja.

E obrigada pela espl�ndida m�sica.

Aqui dentro est� meu piano.
� onde pratico.

E este � o quarto de h�spedes.
Uma quarto pequeno.

� aqui que ficarei.

E os meninos dormem
na porta ao lado.

N�o conseguimos dormir!

Uma can��o de ninar.
Conhece alguma?

coberto de rosas

rodeado de l�rios,
deslizou para baixo d colcha

V� dormir e descansa,
que seu sonho seja aben�oado.

N�o tem modos?

Esqueci-os.

Fora! Imediatamente.

Desculpe-me, senhora.

Gostaria de ser seu escravo.

Fora!

Hans Ramms!

- Quem vem para fora comigo?
- Eu!

Quem quer visitar o Velho Homem
do Reno?

Vamos ao Reno com Johannes, papai.

- N�o v�o cair.
- Queremos ir nadar.

N�o entre muito fundo.
Fique onde d� p�, est� bem?

As donzelas do Reno
vivem em �gua profundas.

Elas vir�o busc�-los.

Seus bra�os v�o adiante e depois
para o lado, entendeu?

Como uma r�!

Os bra�os! Os bra�os!

Bom. J� est� bom,
minha r�zinha.

N�o me surpreende que o
homem esteja enformo.

Sou cozinheira, n�o uma carregadora
de garrafas.

J� tive o suficiente.
Quero ir-me embora.

Estou farta!

Tivemos nossa primeira aula
de nata��o, papai.

Muito bem.

Agora v�o fazer seus deveres e sumam.
Marie, cuide deles.

Quando acabarmos de pintar
e de escrever,

podemos voltar ao Reno com Johannes?

Isso n�o � uma negocia��o.

Est� bem, poder�o voltar ao Reno.

Johannes, quero lhe mostrar
uma coisa!

O segundo movimento, meu querido,
est� quase acabado.

Estou muito feliz.

Fiquemos juntos em sil�ncio.
Venha.

Henriette!

Sim, senhora?

Oh, � ador�vel, n�o �?

Sim, sim.

Foi por isso que sempre o amei.

Quando ficar dif�cil, Henriette,
n�o deve se esquecer

de que Deus lhe deu esse dom.

Mas nem mesmo os deuses d�o
dons de gra�a, senhora.

Robert! Robert!
� maravilhoso.

Diga-me, voc� gostou?

Johannes est� tocando o segundo
movimento de minha sinfonia.

Uma alegria t�o profunda de viver. Como
fez para encontrar isso?

Ami�de voc� se apresenta t�o pessimista.

Robert, isso me lembrou de nossos
tempos mais gloriosos.

- Como �ramos felizes.
- �ramos?

O que est� acontecendo, meu amor?

Ouvi. Nos dois ouvidos.

Um trinado.
Um ru�do agudo.

Que n�o para.

Assim est� melhor, querido?

Clara, s� consigo ouvir voc�.

� uma tortura. Que supl�cio.

Calada!

Calem-se!

Azeite quente. Umas gotas de azeite quente
para uma infec��o do ouvido m�dio.

Trago azeite quente?

O que preciso � de l�udano!

Nada disso, Robert!

N�o � t�o f�cil de obter.

E n�o � melhor do que o �pio.

Mas � mais confi�vel, Clara.

Por favor, tente!

N�o quero perder esse trabalho.

Se perder, teremos que voltar
com as turn�s.

E n�o quero fazer mais isso.

Toco para voc�?

O qu�?

N�o sei. Ah, a dor.

Olhe minha m�o!

Est� ligada a dores de cabe�a.

Tenho certeza disso.

Come�aram quando eu tinha 20 anos.

Se aquecer, vai aliviar a dor.

Meu marido pediu l�udano.

N�o posso dar-lhe isso.

Tomei para as contra��es,
antes dos partos.

Mas j� n�o tenho mais.

Quem sabe se ele n�o usou
escondido?

N�o sei. N�s sempre o escondemos.

Suplico-lhe, ajude-o!

Ele est� trabalhando. Tem uma sinfonia
para acabar de compor.

Ir� se chamar a "Renana".

E o que acontecer� se ele ficar viciado?
Ou j� o �?

Espero que n�o tenhamos que nos
arrepender, voc� e eu.

Desejo uma boa recupera��o.

Obrigada.

Ele precisava disso. Como voc� � am�vel.
Obrigado.

Venha c�. Venha comigo.

Minha mulher, venha, minha companheira.

Minha noiva, minha adorada.

Voc� est� muito nervosa.

Flores!

H� muito tempo que n�o recebo flores.

Obrigada, Wazielewski,
deixou-me emocionada.

- Sr. Tausch.
- Senhora.

- Venham, senhores.
- Obrigado.

Ah, maestro, senhor.

Como � bom v�-lo em plena posse
de suas faculdades.

Trazemos-lhe sauda��es da orquestra.

�gua para mim, por favor.

Ah, o mais jovem.
Comp�e para piano?

Sim, para piano tamb�m. Mas n�o somente.
Tamb�m para violino e orquestra.

Para violino? Sou o primeiro violino da
orquestra de Dusseldorf.

Quem sabe n�o terei a oportunidade
de ver o que comp�s.

Sim.

Devo ir ver as crian�as.
Com licen�a.

- Sentem-se, senhores.
- Obrigado.

Que honra ser servido por m�os
t�o famosas.

N�o dizem que o czar russo beijou
essas m�os?

Conversaremos amanh�.

Meu marido j� est� quase terminando a
sinfonia Renana, n�o � Robert?

Sim. O que n�o est� acabado de acordo
ao meu gosto � o segundo movimento

A sinfonia ser� uma sensa��o.
� uma obra incompar�vel.

O melhor presente que um homem pode
dar a esta cidade e a seu rio.

Sim?

- Taush, um brinde!
- N�o, obrigado.

Por favor, n�o seja desmancha prazeres.

Robert, est� medicado.
N�o deveria beber.

A vida � muito curta.

Claro que �. Apenas 2 ou 3 movimentos
antes que a morte chegue.

Pelo meu segundo movimento!

At� a cozinheira chorou ao escut�-lo.

� verdade. Vi a cozinheira chorando,
enquanto escutava da cozinha.

Senhores! E como vai minha esposa
com a orquestra?

Voc�s sabem, eu n�o aprovava.

Mas era seu desejo, assim que admiti
a derrota.

Desculpem-me, por favor.

Minha esposa � uma artista.

� mesmo. E uma boa regente tamb�m.

Venha. Voc� � galante como todos
os poloneses.

Senhores...

Irei buscar outra garrafa

da adega.

Um �xtase. Um sonho.

Nossos respeitos ao diretor.
N�o queremos aborrec�-lo mais.

Robert, basta!

Estou preparado para intervir,
se for incapaz de reger.

� muito am�vel, sr. Tausch,
mas suponho que os ricos

est�o interessado sobretudo
em ver o pr�prio Robert Schumann.

Robert!

Sim, sim. Depois de tudo, pagam-lhe
um sal�rio principesco.

Obrigado. Mas quem sabe o sr. Schumann
n�o esteja mais doentes do que pensamos?

Fico louco, quando vejo voc�
com Johannes!

A maneira como se devoram
com os olhos.

Conhece o c�lebre dr. Richarz,
que agora pratica perto de Bonn?

Sua cl�nica � a mais recente e s�
para poucos selecionados.

Mas Taush, o regente n�o est�
perturbado emocionalmente.

Ele � meu amigo.
Sente-se como eu sinto.

� o �nico que me compreende.
E voc� o afastar� de mim.

Mas n�o � nada, nada.

Voc� � repulsivo!

Repulsivo. Sim, sou repulsivo.

Robert, temos 5 filhos e
estou gr�vida novamente.

� meu?

Se quiser lhe dar nossas sauda��es,
senhor...

- Brahms. Boa noite!
- Boa noite.

Senhores. Come�aremos
pelo segundo movimento.

O diretor reger� a partir daqui.

Clara, preciso de meu medicamento,
por favor.

Substitua-me.

Que Deus me ajude.

Tudo bem?

Dar� certo.

A quest�o �: por quanto tempo?

Bravo! Bravo Schumann!

Bravo! Sim! Clara!

Espl�ndido, maestro!
Maravilhoso!

Terminou muito bem. Deve estar
terrivelmente exausto.

Sim, estou.

Sou m�dico.

Especializei-me em casos como o seu.

Richarz. Este � o meu cart�o de visita.

Tenho uma cl�nica muito moderna em Bonn.

Quem era?

Um m�dico.
Um especialista cerebral.

- Dr. Richarz?
- Conhece-o?

Na realidade, n�o.

Bravo! Maravilhoso! Fant�stico!

- Como foi?
- Maravilhoso.

- Papai regeu. Mam�e tamb�m.
- Foi mesmo?

De verdade.
Deus! Voc� est� meio congelado.

V� agora mesmo. Eu o esquentarei.
Tenho uma ideia. Vamos!

Sabem o que �? Devem dan�ar,
como os loucos. Para que se aque�am.

E o que acontecer� se papai e
mam�e aparecerem?

Papai e mam�e est�o celebrando
seus �xitos.

E n�s tamb�m temos que
fazer uma festa.

� h�ngaro. Tremendo, n�o?

Sim, fabuloso.

E mexam os bra�os e as pernas!

Um obra imortal, maestro.

Como vai, maestro? Espero que n�o tenha
sido demasiado para voc�.

N�o! Sinto-me como se houvera
nascido novamente.

Bravo!

Um brinde a Robert Schumann!

A Robert Schumann!

Parece-me que ouvi uma m�sica
da rua de frente � casa.

Oh, crian�as, estou muito contente!

Johannes!

- Robert!
- Vamos.

Venha, vou apresent�-lo.

Uma pena...

Amigos, unam-se a mim para dar as boas
vindas � nova estrela do firmamento musical.

Esse jovem est� sob minha prote��o.

Ainda um menino, quase,
e j� � um grande maestro.

Meus amigos, levantemos nossos
copos para ele.

Ser� meu sucessor.

Johannes, sente-se ao piano,
por favor.

Toque para eles. Deixe-os escutar
do que � capaz.

T�o puro como...
t�o puro como a neve,

t�o incisivo como um diamante.

Isso n�o ajuda. Pare.
Esse tipo de coisa n�o ajuda.

Mas funcionou.

� um absurdo! O que pode fazer um
azeite como esse

contra os dem�nios que me devoram
por dentro?

N�o posso mais,
entenda de uma vez.

J� n�o me sussurram. Uivam.

� espantoso como uivam.

D�-me o l�udano.

- N�o!
- Estou ordenando.

J� est� viciado.

V� busc�-lo, cadela!
Agora mesmo!

Robert!

Vou lhe dar 12 gotas,

mas, por favor...

Voc� ainda me ama

ou ama Johannes.

S� amo voc�. S� a voc�.

Ent�o, as vozes mentem.

Est�o aclamando sua
sinfonia Renana.

Os jornais dizem que a audi�ncia
ficou fora de si.

Est� vendo?

Escreveram que � uma obra imortal.

Aqui.

E se envergonham por n�o ter
acreditado nela..

� sua alma.
O melhor que j� comp�s.

A sinfonia custou-lhe
um peda�o de sua vida.

Quando a vejo com ele...

Com quem?

Com Johannes?

� como se fosse meu filho
mais velho.

- Uma crian�a de 20 anos.
- Uma crian�a!

Quando eu me for, ele ficar�.

As crian�as o adoram.

E voc� � tudo para ele.
Admira-a profundamente.

Tenho quase o dobro da idade dele.

Enfim... Seu l�udano ajudou-me.

J� n�o me d�i.
Minha cabe�a est� clara.

Como uma pessoa normal.

Espero que n�o volte.

Vou ao ensaio. Fique aqui.

Todos ficaram impressionados.
Todos.

Especialmente o senhor

Tausch!

Schumann! Schumann!

Tausch!

Obrigado, senhores. Tenho uma
pe�a nova. Um orat�rio.

Mais alto!

Leva o t�tulo de "Das Paradies und die Peri"
� uma obra substancial.

- Fale um pouco mais alto.
- Mais alto!

O coro ter� muito que fazer.

Poderia falar um pouco mais alto,
diretor?

- "Das Paradies und die Peri"
- O qu�?

� sobre uma fada que decide viver
entre os humanos.

Um pouco mais alto, por favor!

Fale um pouco mais alto, por favor.

Diga-me o que quer dizer e eu...

Repare, Tausch! � sobre uma fada que
decide viver entre os mortais.

Sim. � uma grande obra coral,
quase uma �pera.

Tausch!

- Tausch!
- Queremos Tausch!

Obrigado, senhores.

Robert saiu?

Sim, foi ao ensaio.

Tome, para voc�.

Ele escreveu isso sobre mim?

N�o est� satisfeito?

Imposs�vel. N�o posso suportar isso.

O que significa isso?

Louva��es dele...
todo mundo quer isso.

E essa n�o � apenas uma louva��o,
� um paneg�rico.

� uma profunda rever�ncia a quem
ele chama de seu herdeiro.

Est� escrito aqui!

"Ele que seguir� meus passos."

Eu n�o quero isso.

� como se abrisse m�o se si
por mim.

Johannes?

- O que faz com sua mala?
- N�o posso mais ficar aqui.

Por que n�o?

Por sua causa, Clara Schumann.

N�o pode me deixar sozinha
com tudo isso, Johannes.

Adeus.

Vou sentir saudades.

A cada hora do dia.

Pensarei em voc�.

A toda hora do dia e da noite.

Aonde vai?

- Leve-nos com voc�!
- Leve-nos com voc�.

Leve-nos com voc�, Johannes!

Tausch est� regendo esta noite.
Minha m�sica.

Preciso de l�udano.

N�o tenho mais.

Robert, o que precisa � de um m�dico.

Por que n�o vai a Bonn,
consultar com esse Richarz?

A ci�ncia tem feito muitos progressos.

Esse Richarz pode ser a minha morte.

Uma morte lenta, sei bem.

Preferia eu mesmo me matar,
antes disso.

Creio que seria mais digno.

Tenho muito medo por voc�,
Robert.

Assim est� melhor.

A dor derrete-se como a neve.

Esse Tausch!

O que est� acontecendo com Tausch?

Ele quer minha posi��o. Mesmo que
ainda eu a tenha.

N�o me deixe.

Eu falhei.

Voc� me ama de qualquer maneira?

Sim, sim.

Obrigada, sr. Brahms.

Maravilhoso.

Causar� sensa��o.

As perguntas nos chegam dos
editores de m�sica.

E entre as grandes salas de concerto,

pode ser exigente e escolher
onde quiser tocar.

T�o puro como a neve.
T�o incisivo como um diamante.

N�o � isso o mais belo

que um m�sico pode dizer de outro?

Schumann deve t�-lo em alta estima

e inclusive am�-lo.

T�o puro como a neve.
T�o incisivo como um diamante.

Olhe, mam�e, as nuvens!

Olhe como cruzam o mundo.

Sa�de Johannes quando o vir.

Diga-lhe que volte.

Johannes deveria voltar.

Senhora!

Henriette foi embora e
eu tamb�m quero ir-me.

Estamos enfrentando problemas s�rios,
mas isso logo mudar�.

Quero meu dinheiro e irei embora.

Henriette agora trabalha
para o diretor Tausch.

Recebe um bom sal�rio e
tem pens�o completa.

O sr. Brahms enviou isso. N�o pode vir,
est� ocupado, compondo um grande �xito.

E n�o posso deixar meu marido agora.

Mas quando o sr. Brahms voltar,
sairei em turn�.

Ent�o, teremos dinheiro outra vez.

Mais do que nunca tivemos.

Ficarei.

N�o quero abandonar os meninos.

Estamos celebrando o carnaval?

- Tome isto!
- Obrigada.

De onde vem essa m�sica?

S�o os foli�es do carnaval.

Eu ouvi uma m�sica. Uma orquestra,
com cantores.

Est� muito longe.

Nunca compus nada t�o bonito.

Venha conosco.

Tenho que trocar de roupa.

Ah, mas � carnaval.

Meu robe ser� hoje minha
toga de rei.

Robert!

Breve. Muito breve estarei
curado, para sempre.

Espere-me!

Alcance-me, minha amada.

Muito bem!

D� a volta!

D� isto � minha esposa,
com meus melhores votos.

Vamos!

Obrigado, Berta.

- Voc� tem boas inten��es.
- S�rio, diretor?

Esse m�dico

dirige uma cl�nica em Bonn.

- Sim?
- Seu nome � Richarz.

Mande busc�-lo.

Imediatamente, diretor.

Empacote minhas coisas.

Tudo o que preciso para uma
longa estada.

Tenho rosas e chocolate.

E eu, biscoito e caramelos.

E uma laranja.

Viram papai?

- N�o.
- N�o.

O que faz o anel dele nesse len�o?

Robert?

Fui ao Reno.

Mas nem ele me quis.

Voc� foi ao Reno?

Eu pulei da ponte.

Mas h� uma cerca.

Sim. Escalei a cerca

e saltei.

N�o entendo.

Os pescadores me tiraram.

Ia deixar-me aqui sozinha,
com as crian�as

e a este que vai nascer em poucas semanas.
Como se n�o significasse nada?

Como se n�o significasse nada.

Robert, desculpe-me, mas...

N�o posso continuar.
N�o sei o que fazer.

Tenho que tocar piano
ou ficarei louca.

Berta veio me buscar.

Deixei tudo de lado.

Sra. Schumann, o diretor disse-me.

Mas ele sempre se recusou antes.

Agora est� preparando
um grande �xito.

Vou arriscar tudo com este paciente.

Se a cura falhar,
terei que fechar meu instituto.

Por�m se lograr �xito,
estar� s�o como sempre esteve.

Robert!

Clara, estou indo.

Diga a Johannes que v� me visitar.

E d�-lhe minhas sauda��es.

Papai!

Seu papai vir� comigo,
para ficar bom.

Completamente curado.

Bom dia, sr. Schumann.

Como vai?

Sua deje��o esteve empelotada
e cheia de catarro outra vez.

Outra vez, esvaziou seu vinho

no urinol e afirmou que era urina.

Voc� me d� urina para beber,
porque essa mulher diab�lica lhe paga.

O moleira � t�o suave
quanto a de um beb�.

No fundo, em minha opini�o,

� um foco de pus que pode ser
a fonte de sua enfermidade.

Dever�amos sec�-lo.

Klingbel, prepare tudo.

Quem est� a� embaixo?

Johannes, � Johannes!

Johannes!

- Onde est� sua m�e?
- No quarto dela.

Temos um novo irm�o.
Seu nome � Felix.

Johannes voltou.

Claro, estou aqui.

Ol�.

Meus pensamentos estiveram
o tempo todo com voc�.

Obrigada pelo dinheiro que mandou.

A cl�nica de Richarz � horrivelmente cara.
Tive que vender tudo,

inclusive o piano de Robert e
seu piano vertical.

Embaixo, est� quase completamente
vazio.

Longo mudar-se-�o para c� novas pessoas.

Tenho fome.

- Vou ao mercado. Quem vem comigo?
- Estamos com fome!

Ser� exatamente como antes.

Eu tamb�m.

N�o tomar� o caf� da manh�, Johannes?

Claro!
Que tal um piquenique, crian�as?

Em cima, no quarto de Clara, como os
brit�nicos nos bancos do T�misa.

Posso voar.

Geleia fresca. Feita com os primeiros
morangos.

Morangos. Que chique.

E sem os bra�os tamb�m.

1, 2, 3, 4, 5.

A jarra est� pesada.

O leite est� muito frio.

Ludwig!

1, 2, 3,

4, 5.

A loucura de minha juventude.

- N�o acredito que ainda se lembre.
- Trago em meu cora��o.

Quanto tempo desde que comp�s
alguma coisa?

Uma eternidade.

Robert!

Meu marido os agradecer�,
assim que se reestabele�a.

Voc�s ajudaram-no a viver.

Pr�xima esta��o: Bonn!

Viajo para...

Viu Robert? Est� melhor?

N�o.

Robert viver� apenas poucas
horas mais.

Deve se despedir dele, Clara.

N�o! N�o.

Clara, Robert est� morrendo.

Deveria estar com ele,
para se despedir.

� sua �ltima oportunidade.

N�o posso faz�-lo sozinha.
Ajude-me.

Fique! Venha e fique comigo.

Como poderei viver sem ele?

Meu nome � Klingbeil.

Seu marido sobreviveu a todos
os tratamentos.

Por�m, tem uma ferida na cabe�a
que cheira muito mal.

Escreve nome de cidades.

Agora escreve as que come�am
com a letra E.

Antes foi com A, depois com B,
assim por diante.

Est� sendo muito sistem�tico.

Est� planejando excurs�es
para voc�, sra. Schumann

e para voc�, sr. Brahms.

Pode aliment�-lo, se quiser,
sra. Schumann.

� geleia de groselhas.
Como de vez em quando.

E uma gemada, com vinho tinto.

Mas quase n�o come, nem bebe.

Mas voc� pode tentar.

A sra. Schumann gostaria de ficar
a s�s com seu esposo.

Elberfeld. Elfenfeld.

Essen.

Endenich.

Robert! Robert!

Robert, sou eu. Clara.

Clara. Endenich.

Isso n�o tem fim.

Clara, isso nunca vai acabar.

Clara.

Minha noiva.

Morreu.

Deixe-me ir com voc�.

Que vou fazer?

Nosso tempo chegou.

N�o, n�o deveria.

Quem disse isso?

Ele. E as crian�as e
o mundo inteiro.

Clara.

A pequena Clara ainda � uma
menina.

Uma menina que nunca brincou.

Como eu.

Tudo o que fizemos foi tocar piano.

Nunca chegamos a viver a vida
ou o amor.

Amar e sermos felizes.

Afinal posso v�-la,
meu para�so perdido.

Dormirei com outras mulheres,
mas nunca com voc�.

E com cada uma delas,
apenas voc� terei em meus bra�os.

At� o fim dos meus dias.

Esperarei at� que morra e ent�o
irei recuper�-la.

Estarei com voc� no mundo
das sombras

e a trarei a ele.

Clara Schumann e Johannes Brahms
permaneceram juntos

at� a morte de Clara.

Alguns meses ap�s sua morte,
como havia prometido fazer,

Johannes a seguiu at� o
mundo das trevas.

Legenda em portugu�s do Brasil:
Lu Stoker