All language subtitles for Cocaine.Cowboys.Reloaded.(2014)

S. M. AQUELE QUE CONTA BEM HIST�RIAS.

Boa noite, sou Randy Christmas,
presidente da c�mara de Miami.

Este filme � extraordinariamente
revelador e baseado em factos.

� sobre uma tentativa brutal
do crime organizado

para assumir o controlo
absoluto do estado da Florida.

Se n�o fosse o trabalho
perspicaz e corajoso

das ag�ncias
de defesa da lei da Florida,

e a integridade dos seus
gabinetes governamentais,

essa amea�a
poderia ter-se concretizado.

Aproveito a oportunidade
para fazer um aviso

�s pessoas de todos
os estados da na��o.

Pode acontecer no vosso estado.

Aqui na Florida, acreditamos que
nunca mais nos voltar� a acontecer.

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O meu nome � Jon Roberts.

Nasci em Nova Iorque.

Fiquei sem pai
quando tinha nove anos,

e sem m�e quando tinha 13.

O meu padrasto expulsou-me de casa
quando tinha 13 anos.

A minha irm� tentou criar-me,

mas falhou redondamente
por minha causa.

Fui ver o meu tio, que me acolheu.

Ao princ�pio p�s-me a fazer
cobran�as, que ele era agiota.

P�s-me a trabalhar
com um dos homens dele,

que por acaso tamb�m era
o motorista do Carlo Gambino.

E o meu tio disse-me
que ele olharia por mim.

Um tipo devia dinheiro ao meu tio.

Rapt�mo-lo, metemo-lo
num apartamento.

E o tipo que me ajudou
estava viciado em hero�na.

Eu disse: "Vou para casa dormir.
Fica de olho no tipo."

O gajo injectou-se, teve uma overdose,

e o tipo que ele estava
a vigiar abre a porta

e sai para a rua, porque o meu amigo
estava morto no ch�o.

Foi � pol�cia, apanharam-me
e puseram-me...

Havia um s�tio chamado T�mulos em
Nova Iorque, uma das cadeias antigas.

E eles vinham aos T�mulos
fazer-nos propostas.

"Se fores para o Vietname, e voltares

com uma dispensa honrosa,
desistimos da tua acusa��o."

Eu disse: "Parece um bom acordo."

Alistei-me por um ano.
E eles entrevistavam.

E disseram: "Vamos
dar-te treino avan�ado.

Vamos mandar-te para aqui, e...

Podes fazer umas loucuras
no Vietname, se quiseres."

Era para a 101� Esquadra A�rea,

e at� gostei, porque tinha
uma mentalidade marada.

Acabei por ficar l� quatro anos.

Fui projectado de uma �rvore
numa explos�o.

Tenho uma placa
de metal na cabe�a.

E n�o me quero meter
a contar hist�rias de l�,

porque toda a gente tem uma...

E quando se volta
e n�o se pode fazer nada,

pergunta-se:
"Para que fui eu treinado?"

Perdi tudo. O meu tio disse-me:

"Tu e eu vamos ganhar
muito dinheiro juntos,"

e abrimos l� um restaurante.

Abrimo-lo, compr�mo-lo
ou tir�mo-lo a algu�m,

se bem me lembro, na minha inf�ncia.
Chamava-se Alice's Restaurant.

E depois pass�mos para discotecas,
e abrimos quatro ou cinco.

O neg�cio correu bem,
est�vamos a ganhar muito bem.

Um dia, a pol�cia apareceu e disse
que o nosso s�cio...

Tinham-no encontrado
na via r�pida de Long Island.

Tinha sido morto
e tinha 11 buracos de bala.

Quem sabe
o que lhe aconteceu?

O melhor que pude
pensar na altura foi:

"Vou afastar-me desta confus�o."
Mudei-me para c�...

BEM-VINDOS AO AEROPORTO
INTERNACIONAL DE MIAMI

... e entrei para
o neg�cio da coca�na.

TRAFICANTE DE COCA�NA

Distribuiu 2 mil milh�es de d�lares
de coca�na para o Cartel de Medell�n.

Acho que tem a ver com a localiza��o.

Fica no fim do mapa,
no fundo do mapa,

o trampolim.

As pessoas que fogem
umas das outras,

ou da lei ou dos seus dem�nios.

Se fugirem o suficiente, v�m c� dar.

Miami Beach - A Grande Est�ncia
de F�rias Americana

H� sempre algo de emocionante
a acontecer em Miami Beach

A zona da Cidade de Miami
era mesmo muito tranquila,

e era um lugar
muito agrad�vel para se viver.

Nesse tempo, Miami era sulista.
Era como o Alabama.

N�o havia dinheiro nem arranha-c�us.
A baixa estava muito vazia.

Miami Beach era uma data de idosos

sentados em cadeiras de baloi�o
em South Beach, � espera de morrer.

Nesse tempo, era
um mundo muito diferente.

Sou do sul da Florida,

dos poucos t�o velhos
que at� c� nasceu.

Trabalhava em importa��es.

Algumas exporta��es,
mas sobretudo importa��es.

CONTRABANDISTA

Levou mais de 38 toneladas de coca�na
da Col�mbia para os Estados Unidos.

Nesse tempo, a cidade
era como uma cidade virgem.

O sul da Florida era vulner�vel
� penetra��o

de fornecedores de drogas.

A Florida � o para�so
dos contrabandistas de drogas.

- Estava toda aberta nessa altura.
- Toda aberta.

Uma costa com 1900 km,
em grande parte isolada,

deserta, milhares de rios e ba�as.

Ningu�m sabe ao certo
quantas ilhas h� ao largo.

Os piratas actuavam aqui
no s�c. XVIII.

Durante a Guerra Civil,
os contrabandistas de armas

atravessavam o bloqueio da Uni�o,
vindos das Baamas.

Os contrabandistas de rum
usaram a mesma t�cnica.

Esta cidade sempre teve
alguma coisa a entrar.

Nos anos 60,
foi um ponto de partida

para os soldados da fortuna, que
faziam assaltos de comandos em Cuba.

Dezenas de quil�metros
a sudoeste de Miami

existe um campo de treino militar
em 65 quil�metros

de terra pantanosa dos Everglades,
para refugiados cubanos

que querem regressar
� ilha para lutar.

Estes tipos tinham sido
treinados pela CIA,

entraram para a ind�stria da pesca
e estavam a ganhar muito bem.

A mudan�a em 1975
foi causada por uma lagosta.

Houve uma mudan�a
de lei nas Baamas

que proibiu aos exilados
cubanos radicados em Miami

a pesca de lagosta
em �guas baamianas.

Desempregou uma quantidade
imensa de pescadores.

Obedio Perez
vendeu o seu rel�gio de ouro

e anel a semana passada,
para dar de comer aos dois filhos.

Espera que o banco
lhe venha buscar o barco

antes do fim do m�s.

O barco de Francisco Gado
est� a meter �gua por falta de uso.

Diz que talvez se afunde
antes do pr�ximo pagamento.

Mais de mil outros
pescadores de lagosta,

muito deles exilados cubanos,

n�o saem das docas
h� seis semanas.

Tinham os barcos e a per�cia,
tinham o treino.

Foi nessa altura que come��mos a ver

o m�todo do fil�o
para transportar marijuana.

Os pescadores faziam
de intermedi�rios,

e as lanchas traziam-na para a costa.

Nessa altura, toda a gente na
Florida fazia contrabando de erva.

E podia-se entrar
com um barco carregado,

atracar e descarreg�-lo,
e ningu�m dizia nada.

N�o havia qualquer
defesa da fronteira.

H� milhares de barcos
de pesca na �rea,

centenas de milhares
de barcos de recreio,

muitos capazes de ir �s Baamas.

Mais um barco numa entrega
de marijuana na Corrente do Golfo.

Se houvesse azar,
atiravam-na borda fora.

Encomendavam 18 000 kg
e eles enviavam 23 000 kg.

S� tinham barcos para levar 18 000,
e deitavam o resto fora.

Pod�amos estar no barco e encontrar
fardos de marijuana a boiar.

A famosa garoupa quadrada.

Havia gente que ia l�
descarregar o barco,

e levavam o dentista,
o advogado ou o m�dico,

porque podia contar aos netos
que tinha sido contrabandista.

O sul da Florida � a capital do
contrabando de drogas dos EUA.

Mais nenhum s�tio do pa�s
lhe chega aos calcanhares.

A primeira viagem de marijuana,
encontr�mo-la atrav�s dum bombeiro.

Tinha um avi�o bimotor
chamado Piper Aztec

que pilotava at� � Col�mbia.

Prop�s-nos ir l� buscar
450 kg, 50 mil d�lares.

N�o fiquei l� muito
contente com a quantia,

mas disse: "Bem, pelo menos
� um come�o."

E fizemo-la. Foi um fiasco
do princ�pio ao fim.

Tivemos de deitar tudo fora.

N�o havia lugar alternativo
quando volt�mos.

Estava um pol�cia seminole parado
na estrada onde queriam aterrar.

O r�dio do avi�o era usado
e tinha uma bateria velha,

e n�o se aperceberam de
que a bateria estava gasta.

Dessa nossa primeira viagem,

com todos os problemas,
aprendemos a li��o.

A partir de ent�o, tivemos sempre
at� quatro lugares alternativos.

Dei com uns jamaicanos,
fui � Jamaica

dar uma vista de olhos, em pessoa.

Os jamaicanos...
A erva n�o era muito boa.

Fizemos uma viagem,
trouxemos 320 kg,

mas desta vez trouxemo-la
para nossa casa.

Pessoas que eu conhecia,
chamemos-lhes a equipa de terra.

Eram todos meus amigos,
e os ve�culos eram meus.

Tentei controlar tudo.
Chegou ao ponto

de haver tanta erva c�
que n�o se podia vender.

Era demasiado barata.
Ficava a 500 d�lares o quilo,

tendo em conta o que d�vamos por ela,
com as despesas e tudo,

e o risco legal.

As grandes apreens�es eram medidas
em centenas de quilos.

N�o � invulgar agora
apanhar um barco

com 30 ou 40 toneladas
de marijuana.

Pela mesma quantia
que se ganhava com 18 000 kg,

podia-se trazer 450 kg de coca�na
e ganhar o mesmo, se n�o mais.

Quando estavam
a enviar aquela erva toda,

mandavam uns quilos de coca.

Quanto � marijuana,
talvez a pol�cia a pudesse impedir.

Mas, quanto � coca�na, a pol�cia
n�o tem respostas.

No in�cio, era muito pouca,
porque era t�o cara.

Traziam-na numa mala.

Coca�na encontrada atada
� cintura de viajante.

No ano passado, as apreens�es
de coca�na duplicaram.

Mais de um quarto de todas
as apreens�es de coca�na

nos Estados Unidos foram
no Aeroporto de Miami.

Enquanto film�vamos um dia normal,
os agentes apanharam outro.

Dois quilos de coca�na pura
estavam escondidos no saco.

A Alf�ndega disse que a apreens�o
valia mais de um milh�o de d�lares.

Quando vim c� pela primeira vez,
n�o fazia ideia do que ia fazer,

e trabalhei com um tipo
a treinar c�es.

A acirrar os c�es e a deix�-los
agarrar na luva e morder-me.

E, enquanto o fiz,
conheci um cubano em Hialeah,

que se tornou muito famoso c�.

Chamava-se Albert San Pedro.
Estava no neg�cio da droga.

Era evidente.
Arranjei-lhe um c�o terr�vel.

Chamava-se Sarge.
Era um pastor alem�o.

O c�o era maluco.
Completamente doido.

E guardava a mercadoria debaixo
da casota do c�o, ao lado da casa.

Levantava a casota e tinha
uma plataforma de cimento,

e na plataforma tinha um cofre.

E o c�o dormia sobre
a mercadoria dia e noite.

Era esse o esconderijo dele.

Acabou por se tornar
no meu fornecedor principal.

Adiantava-me 115 gramas
e dava-me tr�s ou quatro dias

e eu trazia-lhe o dinheiro.

Depois da meia-noite o empres�rio
de Hialeah, Alberto San Pedro,

foi novamente detido
na sua mans�o.

At� agora, as acusa��es s�o de
conspira��o para cometer homic�dio,

narcotr�fico e corrup��o.

San Pedro gaba-se de controlar
a maioria da Comiss�o de Dade County,

o presidente da c�mara
e nada menos que 15 ju�zes.

N�o houve men��o da parte
de qualquer membro do conselho,

ou do presidente da c�mara Raul
Martinez, do caso de San Pedro.

N�o h� nenhum grupo
de crime organizado

que desafie os cubanos.

Em Miami, as organiza��es
de droga colombianas

tomaram conta desse mercado.

Preocupadas, as autoridades
colombianas dizem ver agora

mais planta��es de coca,
pois os traficantes colombianos

tentam assumir o controlo de todas
as fases de produ��o da coca�na.

Era muito evidente para
n�s que os colombianos

se estavam a envolver na �rea
da distribui��o, aqui nos EUA.

Os colombianos perceberam
que estavam perder

uma grande parte dos lucros
com pessoas

a quem n�o tinham de dar nada.

N�o precisavam dos cubanos
como intermedi�rios.

E passaram-lhes ao lado
por completo.

Essa presen�a foi o que deu origem

� loucura dos anos 80 aqui em Miami.

Aquela gente n�o tinha
piloto nem avi�o.

Perguntaram
se estar�amos interessados,

e eu tentei ser
cauteloso ao m�ximo.

Tem de se ter cuidado
com quem conhecemos,

com quem falamos, porque
pode ser um pol�cia � paisana.

Isso come�ava
a ser frequente, na altura.

Organiz�mos uma reuni�o
para conhecer aquela gente,

e eu comprei o leitor de cassetes
port�til mais caro que encontrei.

E fui a muitos locais diferentes.

E o melhor s�tio que encontrei
foi um sal�o de bowling.

O barulho, as pessoas,
o ru�do das m�quinas.

Fiz isto porque se me encontrar com
algu�m que tente gravar a conversa,

quero que fique pouca coisa gravada.

E quando cheg�mos ao local,

tinha tr�s dos meus amigos l� fora.

Todos t�nhamos transmissores,
n�o havia telem�veis na altura.

Havia, mas eram assim deste tamanho.

Quando sa�mos da reuni�o, disse-lhes

que �amos tomar uma decis�o
e que depois fal�vamos.

E os meus amigos
seguiram-nos at� casa,

para ter a certeza
de que n�o iam

para a Ag�ncia do Combate
�s Drogas, o FBI, a Alf�ndega...

E vigi�mo-los durante tr�s dias,

para ter a certeza
de que eram quem diziam ser.

Esses dois eram o Rafa e o Max.

CARTEL DE MEDELL�N

Propuseram-nos um n�mero
que era mais do que aliciante.

Tr�s mil d�lares cada, por
um quilo nas nossas condi��es,

e queriam transportar pelo menos 400,

um lucro de 1,2 milh�es.
Eu s� fazia o transporte.

Ia busc�-la e devolvia-a.

Paguem-me e torno a ir.

N�o me preocupavam, porque
n�o fazia ten��o de os roubar.

N�o tinha a m�nima
inten��o de os enganar.

S� queria ganhar dinheiro.

E ganh�mos muito.

O Sonny e o Rico no mesmo bar.

Sou mesmo uma rapariga de sorte.

Chamo-me Toni Mooney.
Nasci em Miami.

Quando acabei o liceu,

conheci um tal Shelton Archer,

que era fot�grafo.

Veio ter comigo e disse-me
que devia ser modelo.

Tinha sotaque ingl�s.

Disse que queria fotografar-me
no aeroporto. Tinha um avi�o.

Acabei por ir com ele ao avi�o
no aeroporto de Lantana,

e ele fotografou-me.

A maioria das modelos ganha pouco,
mas devo dizer que,

por causa do Shelton, tinha
um apartamento fabuloso, muito lindo.

Comprou-me um Mini Cooper.
Tinha empregada e tudo.

O dinheiro � muito
melhor que cart�es,

e o Shelton tinha sempre bastante,
e, se n�o tinha, ia buscar mais.

Era fot�grafo, pelo menos parecia.

Claro que era um pouco estranho
ele viver na Col�mbia.

Disse-me que tinha um trabalho
para mim em Santo Domingo.

N�o sabia que o ia conhecer t�o bem,

mas tivemos um acidente de avi�o.

Na primeira etapa da viagem,
acordou-me para dizer

que n�o sabia
se �amos sobreviver.

Acab�mos por fazer
uma aterragem for�ada.

Estivemos l� sete dias.

N�o t�nhamos �gua.
Est�vamos a lamber condensa��o

do avi�o, e foi muito mau.

Por fim, a guarda costeira
veio salvar-nos.

Os baamianos tinham estado
� nossa procura,

mas quando descobriram
a t�cnica do Shelton,

a avioneta e tudo o mais,
n�o o foram buscar

porque tinha l� sido acusado
de contrabando de drogas.

Quando nos vieram finalmente buscar,

acreditaram que eu estava
s� a apanhar boleia,

puseram-me em liberdade
e detiveram-no a ele.

Fui de avi�o para Miami,
e estava a trabalhar

numa sess�o com uma rapariga,
e ela disse-me

que queria que eu
conhecesse uma pessoa.

Um amigo apresentou-ma,
era advogado.

Andava com uma rapariga linda
que era modelo da Ford.

E disse: "Ela tem uma amiga linda

que vive em West Palm,
mas trabalha em Nova Iorque,

e gostava de ta apresentar,"
e foi assim que a conheci.

Ela e o namorado
estavam sempre a dizer:

"N�o fa�as isto,
n�o bebas � frente do Jon e n�o..."

E eu s� disse: "Calma...

Esperem l�, nem quero ir."

E abrimos a porta e l� estava ele,

com uma cara...
Parecia t�o mau,

mas vim a descobrir que n�o era,
era uma pessoa maravilhosa.

Lembro-me de dormir no sof�,
e o Jon trazer cobertores e tapar-me.

No dia seguinte,
acordei no sof�.

Disse que me queria mostrar
os cavalos de corrida dele.

E eu adorava cavalos,
cresci com eles.

E disse: "Est� bem."

Quando era nova, era s� eu,
a minha m�e e o meu irm�o.

E o Jon completava a nossa fam�lia,
na nossa opini�o.

E n�s ador�vamo-lo.

N�o podia fazer nada mal feito.

Era como um sonho.
Podia ter tudo o que quisesse.

O Jon resolvia todos os problemas.

Era muito generoso na altura.

Tudo estava
�s mil maravilhas em casa,

todos estavam felizes, e...

Mas tudo mudou
quando ele conheceu o Shelton.

Na altura, vendia.

Os cubanos n�o tinham
grandes quantidades,

por isso tive de procurar
outras pessoas.

Uma rapariga com quem eu andava

conhecia um ingl�s que era piloto
para uma gente de Medell�n.

Ela apresentou-mo e ele disse:
"Vou desenrascar-te."

Posso apresentar-te a uns
colombianos que conhe�o,

e h� um que te pode dar
tudo o que precisares."

Tinha ouvido muitas hist�rias destas,

por isso disse:
"Quando estiveres pronto, avisa."

E fomos de carro at� Sunny Isles
e entr�mos numa casa.

Havia uns cinco ou seis
colombianos l�,

e armados para a guerra,
at� aos dentes.

Tinham pistolas, metralhadoras,
e estavam todos l� de p�.

Nessa altura percebi que o tipo
falava a s�rio, era tudo verdade.

Conheci um tipo baixinho,
n�o tinha mais de 1,65 m.

Apresentou-se, dizendo:
"O meu nome � Rafa."

E diz-me:
"Arranjo tudo o que quiseres."

E se tiveres algum dinheiro,

at� ponho o dobro do
dinheiro com que entrares."

E eu disse:
"Bem, mostra l� qualquer coisa."

Levou-me para uma sala, carregou
num bot�o e a parede abriu-se.

E eu nunca tinha visto
tanta coca�na na vida,

ali atr�s da parede.

Disse: "Acho que me podes ajudar.

D�-me um dia para arranjar
o dinheiro, e depois volto."

No dia seguinte voltei,
estava l� um americano

e apresentou-mo.
Disse: "� o meu compadre.

N�o estou c� muito,
mas tudo o que precisares,

ele trata de tudo,

e n�o te preocupes, confia nele
a cem por cento."

E o homem a quem me apresentou
era o Max Mermelstein.

O Jon apresentou-me ao Max.
Pensei que eles iam

abrir uma sapataria juntos,
ou coisa parecida.

O Rafa acabou por confiar no Max
porque o Max era casado

com uma colombiana.

A mulher do Max era
prima do Pablo Escobar.

Tinham um la�o com o Max.

O Max parecia uma j�ia
de pessoa naquela altura.

Pelo menos parecia.

Um domingo, o Max deu uma festa,
e eu fui � quinta dele.

De repente aparece um tipo,

e o Max diz: "� o meu homem
dos transportes.

Vais trabalhar com ele."

Ele tinha duas motos todo-o-terreno
com tr�s rodas.

E diz: "Max, trouxe as tuas motos
de volta." E tirou-as do cami�o.

Diz ele:
"Essa faz uns 150 ou 160 km/h.

A outra faz uns 130."

E o Max diz: "Estou-te a dizer,
estes tipos s�o a s�rio.

N�o precisas de mais nada.
Vais trabalhar com eles."

O tipo apresentou-se.
Chamava-se Mickey Munday,

e era um parolo da Florida
que passou c� a vida.

N�o gostei dele.

Quando conheci o Jon,
ele conduzia um Mercedes preto,

de duas portas,
t�pico de um traficante.

Parecia uma pessoa com
quem n�o me quero associar.

O Mickey n�o era mau tipo.

Tinha uma lancha de corrida.
Estava metido nas corridas.

Lembram-se do MacGyver?
Era assim.

Fazia coisas incr�veis.

E o Max p�s-me a trabalhar
com eles

e mandou-me para a Col�mbia.

Medell�n, Col�mbia.

De momento, existe pouco ou nenhum
combate � coca�na aqui.

A cidade s� tem uma popula��o
de cerca de 50 000,

mas h� uns 50 avi�es
no aeroporto.

Os traficantes controlam
muita da zona rural.

A cidade est� completamente
dedicada aos narc�ticos.

O Rafa apresentava-me �s pessoas
com quem trabalhava.

Conhecemos a elite
dos neg�cios de droga da Col�mbia.

Eram os Ochoas...

Aqui vive um homem
que se pensa ser

um dos traficantes de coca�na
mais poderosos do mundo.

Fabio Ochoa. Este rancho � dele,
e tratam-no como um her�i.

Eram uma fam�lia
important�ssima na Col�mbia

N�o tinham nada de secreto.

Fabio Ochoa � considerado
por muitos o padrinho do neg�cio.

Alguns agentes afirmam

que o senhor
e membros da sua fam�lia

s�o os maiores traficantes
de coca�na no mundo.

N�o sei nada das mentiras que dizem.

Isso n�o me interessa.

Sou bem conhecido de todos
os criadores de cavalos do mundo.

A minha vida foi honrada,
e posso tirar o chap�u.

Era o Pablo Escobar.

O Sr. Escobar tem de ser considerado

o John Dillinger do tr�fico
da coca�na na Col�mbia.

E este � Carlos Lehder.

Carlos Lehder � procurado

pelas autoridades americanas
por tr�fico de droga.

Disse que a coca�na era a bomba
at�mica a lan�ar sobre a Am�rica.

Os traficantes de coca�na t�m mais
dinheiro e poder do que o governo.

Parecia que tinham um escrit�rio

deste tamanho com computadores
e 40 secret�rias.

Eram s� um bando de vagabundos.

A maioria destes colombianos
vinha de fam�lias indigentes.

E, quando toda a gente de c� se meteu
na coca�na, foi como encontrar ouro.

Basicamente, foi
um novo-riquismo desenfreado.

Os colombianos t�m
quintas, chamam-lhes fincas,

cheias de coca�na at� ao tecto,
porque n�o paravam de produzir.

Chamam-lhe o Vale das Orqu�deas.

As flores s�o uma
das principais exporta��es.

Tal como a coca�na.

Mais de 20 toneladas por ano.

Este vale � a capital
mundial da coca�na.

Era todo um processo.
Parecia uma f�brica.

Camponeses, agricultores
sustentam as fam�lias

transformando as folhas
em pasta de coca.

Era uma quest�o de sobreviv�ncia.

Mais nenhuma cultura se dava
naquelas condi��es,

�quela altitude nas montanhas.

O agricultor vive da planta da coca,

e, sem ela, n�o vale a pena viver.

Sem a coca, morr�amos.

A pasta de coca � ent�o
levada para laborat�rios

para ser transformada em coca�na.

Esta � uma rota concorrida,
ao longo do Amazonas.

Ao descer o rio num escaler,

os tipos punham-se de p� no barco
e seguravam nos sacos de coca�na,

e lembro-me de gritarem "coca-roca".

A exibirem-na. "� isto que temos."

H� demasiados campos de coca,

demasiado dinheiro
e demasiados traficantes.

Ao princ�pio pensei
que era tudo deles.

Mas quando se chega ao ponto
de desempacotar,

est�o todos diferenciados,
n�o era tudo da mesma pessoa.

Uns 50 pertenciam a fulano,
dez a sicrano e cinco a beltrano.

Juntavam tudo e enviavam.

Iam � esta��o, enchiam o comboio

depois iam-se embora.
Era isso que faziam.

Os barcos e avi�es que
fazem o contrabando v�m para Miami,

e a coca espalha-se por todo
o leste dos Estados Unidos.

Compr�mos uma propriedade
em Lakeland,

constru�mos duas pistas de aterragem
e erguemos dois celeiros

que eram hangares.
Pareciam celeiros,

mas quando se abria
a porta do palheiro,

via-se que tinha a forma
da cauda de um avi�o.

Usava um carro familiar
com cinco, seis ou oito anos.

E carreg�vamos 300 pacotes.

P�nhamos amortecedores
pneum�ticos no carro,

para n�o se enterrar no ch�o.

E us�vamos um reboque
para trazer o carro de volta.

Traziam-nos para Miami.

Eu c� gostava de ir
quando a lua estava bem cheia.

Chamava-lhes
"luas de contrabandista."

A lua l� no alto, enorme,
porque aterr�vamos sem luz.

Mas, uma noite, enquanto via
uma entrada alternativa,

vi uns tipos sair da Estrada 27.

N�o sabiam que eu estava l�.
Estou a ouvir tudo o que dizem.

Tinha telesc�pio e �culos nocturnos.
Podia ser a b�fia.

Vieram e houve uma bola de fogo.

Parecia uma bomba at�mica.
Nunca vi um tal fulgor.

Se chegasse uma m�quina fotogr�fica
com flash mesmo � cara,

e disparasse,
n�o teria sido t�o luminoso.

Fiquei cego, porque
a vis�o nocturna aumentou-o.

E o tipo na r�dio dizia: "Meu Deus!
V�o morrer, morreram."

E de repente, z�s! Mesmo
� minha frente. Foi um daqueles.

Uma avioneta. N�o sabiam que tinham
posto o cabo da electricidade

desde a �ltima vez.

Bateu-lhe com a parte de cima
do nariz, passou por cima do avi�o,

arrancou as antenas
e cortou a cauda a direito.

E os amigos puseram-se
na alheta. E ele tamb�m.

E deixaram uma coisinha
no avi�o que eu guardei.

Uma data de coisinhas.

Foi uma noite bem proveitosa,

e s� ia � procura
dum destino alternativo.

A opera��o do Mickey
era muito s�lida,

uma bela opera��o,
apesar de ter os seus limites.

Queriam que f�ssemos mais vezes.
Um avi�o maior ou algo assim.

Foi ent�o que compr�mos
um Cessna Conquest.

Pag�mos 980 000 d�lares por ele.

Em dinheiro.

E esta? Tente isso hoje.

T�nhamos feito uma viagem com ele.

�s vezes, aborrecemo-nos.

E nessa viagem, fui l�.

N�o para descarregar ou p�r
na carrinha, s� para estar l�.

O piloto sabia que ia ter um problema

quando viu as luzes
de Tampa no horizonte,

pois significava
que estava demasiado alto.

Se avistava as luzes de Tampa,
eles podiam v�-lo com o radar.

De repente, come�am
a passar carros disparados.

Da pol�cia.
E um avi�o em persegui��o.

Primeiro, perseguiam-no
com avi�es militares.

E vinham os meus rapazes
com os carros c�,

a correr pelo restaurante adentro.
"Que se passa?"

"Temos de nos pisgar daqui."

A tropa percebeu
que n�o era uma amea�a,

mas j� tinham ligado
para a Alf�ndega.

A b�fia por todos os lados.

Vai tudo a fugir porta fora.

N�o se deita ninharias fora.
Deita-se tudo fora.

Primeiro o co-piloto saltava.

Quinze ou 20 minutos
depois, sa�a o piloto

e deixava o piloto autom�tico ligado

a apontar para
o Tri�ngulo das Bermudas.

Ningu�m acreditava que me
tinha livrado da carga, e eu disse:

"Perdi-a, meu.
Eles que te digam, perdi-a."

E eles: "Porque n�o veio no jornal?
Mostra o artigo no jornal."

Logo que aconteceu,
claro que n�o veio no jornal.

E era preciso trazer-lhes provas,

mas n�o podia provar.
N�o havia nenhuma maneira.

Vieram disparados
para minha casa

com metralhadoras
e bandos de assassinos.

Lembro-me que eu e o meu irm�o
est�vamos no alpendre,

e dois tipos chegam de carro.

O Rafa veio.
Saem do carro armados:

"Fodeste-nos.
Ficaste com a nossa carga."

E claro, eu vou logo l�,

mesmo � frente dele e come�o
a gritar: "Sai da minha propriedade!"

Os colombianos tinham
medo desta senhora.

A seguir o Jon saiu da casa,
o meu irm�o veio c� fora,

e ambos t�m armas sacadas,
ali com uma espingarda laser, e...

Ela n�o queria saber quem vinha. O
Rafa podia trazer seis, sete homens.

Ela era uma mulhera�a
e o Rafa s� media 1,65 m,

e ela olhava para ele de cima,
aos gritos.

L� estava eu a gritar.

"Hoje n�o entras em minha casa."

Parecia que ia haver
uma guerra ali mesmo.

"�s maluco? Ficava eu com
a tua carga por esta quantia?"

Podia t�-los enganado,
mas nunca o fiz.

"�s maluco? Amanh� trabalho.

Amanh� fa�o 1000.
Porque n�o ficar com os teus 1000?"

Quinhentos quilos comparado
com o que eu trago todas as semanas.

N�o valia a pena.

No dia seguinte, leram que tinha
sido tudo encontrado.

� a prova do jornal,
porque quando lhes damos o artigo,

"480 quilos Apreendidos
em Yeehaw Junction"...

Claro que perceberam
que n�o roub�mos nada.

- C� est�o os meus 480 kg.
- Temos de nos livrar dele.

"O problema n�o � nosso, � vosso."

Mas sem o jornal n�o havia provas.

Infelizmente, perdemos
um avi�o de um milh�o de d�lares

e eles perderam os custos do
produto, por isso anulam o lucro.

E n�s tamb�m o fizemos.

O Rafa era assim t�o doido,
e acho que era

porque cheirava tanta coca,
ficava paran�ico.

Era um homenzinho um pouco louco,

e tinha de se ter cautela com ele

porque ele ficava t�o passado.
Ele fumava o produto.

Tirava metade do tabaco de um cigarro
punha coca�na l� dentro,

voltava a p�r um bocadinho
de tabaco, e fumava.

Uma vez, havia uma viagem marcada
para um s�bado,

houve um problema qualquer
e eu precisava de mais um dia.

O Max estava fora.
Cheguei a casa dele,

e fui � sala de jantar.

O Rafa estava sentado
� cabeceira da mesa.

Pensei que fosse marijuana,
mas afinal n�o era.

Um c�rculo deste tamanho
e desta altura.

E estava a usar um cart�o de cr�dito
para lhe dar forma.

O que era, era tabaco dum cigarro.

Tinha fumado tantos cigarros

que tinha um monte
de tabaco deste tamanho.

E fumou tanto
que havia aquele tabaco todo.

Pensei: "Alto l�."
E ele est� a babar-se.

E as outras pessoas est�o
cheias de medo dele,

porque bastava ele dizer
e morria algu�m.

E eu n�o falo espanhol,
e tenho de dizer ao gajo

completamente passado
que precis�vamos de mais um dia.

Tive de ir buscar o filho do Max
coisa que n�o queria mesmo fazer,

porque tinha uns 14 anos,

para traduzir para mim,
para ter a certeza

de que algu�m faria a chamada,
porque eu n�o queria

enviar o meu avi�o no dia seguinte,
e n�o estar l� ningu�m.

Mas estava numa das suas farras.
E os novos tinham de o temer.

Era incr�vel. Era um tipo
que ganhava tanto dinheiro.

O Rafa controlava
quase cada quilo de coca

que entrava no pa�s
da gente de Medell�n.

N�o havia ningu�m acima dele
para o Cartel de Medell�n neste pa�s.

Era um pequeno Napole�o.

Muitas vezes me perguntava
quanto dinheiro � que algu�m

que tivesse a cabe�a no lugar
poderia ter ganho,

em vez dum toxicodependente.

Ele e o Mickey come�aram
a fazer descargas a�reas.

Constru� uma pequena f�brica
de barcos, uma brincadeira,

e decidimos fazer a rota
da Col�mbia at� �s Baamas,

e descargas a�reas para barcos.

E tinham emissores que deixavam cair,

para saberem exactamente
onde estava a carga,

pois havia uma frequ�ncia
que emitia para onde estava.

A consola do meio abria.

Punham buracos no meio do barco,

e enchiam-nos.

E depois traz�amo-la com barcos.

�s vezes eu trabalhava naquilo
a que cham�vamos a "porta da rua".

A porta da rua era
a entrada por Haulover.

Cham�vamos-lhe isso porque n�o se
podia dizer: "Entram por Haulover."

"Vais entrar pela
porta da rua." Era c�digo.

Na enseada de Haulover,
aluguei um apartamento

no 12� andar, no canto nordeste.
Chama-se Harbour House.

Tem uma vista
espectacular da enseada.

E meti l� uma menina,
paguei-lhe para l� viver,

paguei o apartamento, e sempre
que faz�amos uma viagem,

tinha uns bin�culos incr�veis
e claro que tinha um r�dio.

Quando entr�vamos em Haulover,

havia outro barco,
e o tipo l� dentro

era um pol�cia
amigo de inf�ncia,

para ele poder ouvir
as mensagens de r�dio da pol�cia.

Eu disse: "Leva a tua fam�lia,
vai � pesca, diverte-te.

As pessoas viam-me l�,

h� um banco de areia onde
se vai nadar, � muito divertido.

E ele claro que observava.
Rumo ao norte na Intracosteira,

a meio do caminho,
depois da curva,

estava l� outro barquinho de pesca.
Era o barco para queimar.

Se houvesse um problema,
pegavam fogo ao barco.

Todos ligariam a dizer que
havia crian�as na �gua.

A pol�cia tem o h�bito...
Se h� algo assim,

largam tudo,
e isso � uma emerg�ncia.

E isso absorveria tudo
se pens�ssemos que havia sarilho.

Felizmente nunca tivemos de o usar,
nunca houve um problema.

Da�, continu�vamos a subir

at� � entrada da marina de Maule
Lake, uns 400 m a norte daqui.

Na curva, estava outro amigo meu
que tinha uma casa de pneus.

Estava sentado a pescar.

Consegue ver toda
a extens�o da Intracosteira,

e o canal de volta
para a marina de Maule Lake.

Pagava-lhes.
"V�o pescar, divirtam-se."

Quando chegavam
� marina de Maule Lake,

tinha um barco de pesca desportiva
que tinha sido uma troca.

Tinha v�rios molhes alugados.

Eu atracava l� o barco,
e eu ou algu�m

passava a noite a vigiar o barco.
Se ningu�m o perturbasse,

no dia seguinte
aparecia o meu reboque

com uma ordem de servi�o
e um atrelado, atrelava o barco

e levava-o para o armaz�m.

O barco entrava l�,
porque o armaz�m era meu

bem como os outros todos.

N�o tinha a preocupa��o de ser
visto porque tudo me pertencia.

E �amos para as traseiras,
abr�amos o compartimento

e carreg�vamos os carros.

Eu gastava dinheiro.
Mais ningu�m fazia isso.

Os gajos alugavam barcos,
porque era barato,

e depois eram apanhados
no aluguer do barco.

Que est�o a fazer? De onde v�m?

"Ando � pesca."

E tinham uma garrafa de Coca-Cola

que dizia "Engarrafado
em Nassau". Burros.

Para n�o haver c�es,

pegava num pouco
de marijuana ou coca�na,

e punha na liquidificadora
com um pouco de �lcool

e deixava a liquidificadora
a trabalhar uma hora,

at� n�o ficar nada. Desgastava
as liquidificadoras assim.

E misturava com
um pouco de querosene

e metia aquilo num pulverizador
para as ervas daninhas.

A ideia era pulverizar o bet�o
� volta do poste telef�nico,

ou o pneu grande do atrelado.

Se o c�o desse sinal,

n�o havia drogas nenhumas.

O c�o dava sinal numa �rvore,
ou num pneu velho no ch�o.

Eu informava o Max de cada nota
de d�lar que vinha da Col�mbia,

deviam-lhe ter deitado aquilo,
para cada nota ter coca�na.

Todos os avi�es que aterravam c�,

todas as cargas que sa�am
e precisavam de entrar,

contratavam algu�m para supostamente
deitar produto para os insectos.

Para tudo o que sa�sse
da Col�mbia alertar os c�es,

e acabavam-se os c�es.

As drogas estavam por todo o lado.

Milh�es de americanos
consomem drogas ilegais.

Toda a gente come�ou
a consumir coca�na.

A coca�na estava na berra.

- Era coisa chique.
- Em toda a parte.

Todos os dias, cerca de 5000
tomam a primeira dose, ou cheiro.

Uns cinco milh�es snifam,

injectam ou fumam coca�na
todos os meses.

O p�blico americano
acha que � giro.

� uma droga muito sedutora,
quase como uma mulher.

Deve ser a coisa mais parecida
com um orgasmo que existe.

� emocionante. Podemos estar
parados a cem � hora.

Estamos a analisar
amostras de coca�na.

que foram compradas a um pre�o
entre 50 e 100 d�lares por grama

que s�o 95 por cento puras.

Em Dade County h� duas
mortes por semana por coca�na.

Cada m�s h� novos esfor�os para
combater a febre das linhas brancas

que alastrou de Miami
para Denver e S�o Francisco.

As apreens�es de coca�na na Florida
aumentaram 700 por cento.

Uma das piores e mais pol�micas

investiga��es de drogas
de sempre no sul da Florida.

A Alf�ndega deteve um 747 da Avianca
de madrugada no Aeroporto de Miami,

o voo di�rio que acabara
de chegar de Bogot�.

Escondidos em flores
cortadas, 1130 kg de coca�na.

Pass�mos de caixas
com um ou dois quilos de coca�na,

para mil quilos,
uma tonelada de coca�na,

para 10 000 kg de coca�na,
10 toneladas.

Havia caixas e mais
caixas, 1600 kg de coca�na.

Agentes do combate � droga disseram
que valia 950 milh�es de d�lares.

A carga vinha
de Medell�n, Col�mbia,

a capital mundial
de exporta��o de coca�na,

enviada a bordo dum jacto
da Colombia Airlines rumo a Tampa.

Os agentes da Alf�ndega foram
chamados, de armas sacadas,

n�o fossem os contrabandistas
de coca�na

tentarem apoderar-se
das drogas � for�a.

O Comiss�rio Regional da Alf�ndega,
Robert Batard, disse:

"Algu�m vai morrer por causa disto."

� uma grande apreens�o de coca�na,

certamente a maior de sempre
nos Estados Unidos.

Cada caso era maior que o anterior,
e um novo recorde.

Lembro-me dos dias
em que trazia para o trabalho

uns 30 g de coca�na,
e quatro ou cinco agentes

se juntavam � volta a dizer:
"Vejam quanta coca est� ali."

Agora apreendemos 680 kg,
ou 900 kg

e � apenas mais um caso.

A procura de coca�na nos EUA
� insaci�vel, ao que parece.

Quando c� cheguei,

t�nhamos neg�cios
como lojas de t-shirts na praia,

onde se comprava bronzeador
e jacar�s de peluche.

De repente, a Mayor's Jewelers

torna-se na maior vendedora
de rel�gios Rolex do planeta.

A economia disparou.

E isso � muito dif�cil
de compreender,

a n�o ser por haver um fluxo
enorme vindo da Col�mbia

de drogas que s�o pagas
e vendidas a granel em Miami.

Chamam-lhe dinheiro sujo,
e h� muito no neg�cio da droga.

Aquilo que o dinheiro da coca�na
compra, para al�m das drogas,

� que est� a ter maior impacto
no sul da Florida.

As pessoas sa�am � noite.

Deu origem a uma grande ind�stria
de vida nocturna.

As mulheres vestiam roupas incr�veis
e havia discotecas fant�sticas.

Com coca�na, as horas de festa
s�o intermin�veis.

T�nhamos umas discotecas bestiais
constru�das dentro dos hot�is.

O servi�o completo de 48 horas.

O Jockey Club, o Turnberry,

o Palm Bay Club, o Cricket Club.

Entrava-se nas discotecas
e via-se pessoas

com an�is de diamante, Rolexes,
garrafas de vinho de 500 d�lares

e champanhe nas mesas.

�ramos extravagantes.
Quem se ralava?

Faz�amos o que quer�amos. Por
exemplo, se quer�amos jantar fora,

na altura o Forge era
o melhor restaurante de c�.

Costumava pregar partidas,
se houvesse um tipo na mesa ao lado

e o via beber
uma garrafa de champanhe,

e talvez n�o fosse Dom,
fosse outra coisa.

Mandava a garrafa de champanhe
mais cara e dizia ao empregado:

"Leve-lhe esta garrafa de champanhe."
Os tipos olhavam � volta.

"Donde veio o champanhe?"
Eu fazia aquilo a duas ou tr�s mesas.

Era do g�nero: "Quero l� saber.
S�o uns mil d�lares."

E os gajos: "Mas que raio se passa?

Como � que este gajo
est� a mandar isto tudo?"

Mas o melhor clube era, sem d�vida,

o Mutiny em Coconut Grove.

Era frequentado quase exclusivamente
por traficantes.

Se fosse uma prostituta, o Mutiny
era o para�so das prostitutas.

N�o tem mal nenhum andar
atr�s de raparigas novas.

Era como os marinheiros
a virem ao porto,

s� que, em vez de terem s�
dinheiro para gastarem em terra,

estes marinheiros �s vezes tinham
50 000 ou 100 000 d�lares no bolso.

N�o acreditavam
em cart�es de cr�dito.

Alugavam 200 quartos

por per�odos de cinco horas,
24 horas por dia.

Visitas m�ltiplas di�rias da parte
da Pol�cia de Miami.

Claro que n�o havia muitas deten��es.

A parte mais assustadora do dilema

da coca�na que temos
� a quantidade de dinheiro ilegal,

os milh�es de d�lares de lucro

que est�o a ser canalizados
para neg�cios leg�timos.

� reconhecido abertamente
que a comunidade est� viciada

nos bens e servi�os leg�timos

que o dinheiro da ind�stria
das drogas compra.

Adoro ir �s compras.

A vez que comprei mais
foi no Keeneland.

Comprei cavalos de corrida.

A minha paix�o eram os cavalos.

Em vez de gastar 10 000,
20 000 d�lares em compras,

gast�vamos 100 000 d�lares
num cavalo.

Tinha entre 40 e 50 cavalos
de corrida na altura.

Sabe quanto custa
aliment�-los por m�s?

Cinquenta mil por m�s s� para dar
de comer aos cavalos.

Sem falar nos tratadores.

Lembro-me da primeira vez
que fui ao Keeneland.

Fomos de jacto at� l�,
eu e a minha amiga.

O Jon disse que me ia
conseguir cr�dito l�.

"Toni, n�o te preocupes.
�s a namorada do Jon.

Quanto quiseres. Um milh�o chega?"

E eu...

Se quer�amos mandar
os filhos para a universidade,

ningu�m se importava
que pag�ssemos em dinheiro.

N�o havia problema
em gastar dinheiro.

H� outros sinais de mudan�a.

Os compradores est�o a dar
mais entrada para os carros.

E as presta��es s�o
provavelmente

pagas a dinheiro,
em vez de cart�o de cr�dito.

Tinha um Porsche Turbo.

Tinha um Mercedes, o 6.9
era o carro que todos queriam.

Sabe o Mercedes antigo
com asas de gaivota

em que as portas
abrem para cima?

Gastei 200 000 d�lares nesse carro
e nem um dia o conduzi.

Tinha tr�s Cigarettes
no quintal.

Dois pumas.
Vivia com le�es-da-montanha,

tinha um carpinteiro, e um mec�nico
a tempo inteiro para os barcos,

um mec�nico e um piloto
para o helic�ptero,

e jogava.
Num fim de semana,

apostava 100 000 d�lares
numa partida de futebol.

Vinha um tipo todas as
segundas-feiras a minha casa,

e sabia se eu tinha
ganho ou perdido,

porque o seu trabalho
era correr a casa

a ver o que estava partido:
as paredes, as televis�es,

e arranjava tudo. N�o fazia
mais nada. Mas n�o importava.

Nunca aconteceu n�o ter dinheiro
suficiente para comprar uma coisa.

Como seria isso poss�vel?

Calcula-se que mais de
80 mil milh�es de d�lares

s�o filtrados pela economia
do mercado negro anualmente,

dinheiro que o fisco
talvez nunca veja.

Vejam as casas.
Os iates.

Os carros.
Olhem as vendas de j�ias.

Acho que concordam
que o Scarface n�o � fantasia.

Dantes, quando o Jesse James
roubava um banco em Oklahoma,

montava no cavalo, ia at� ao Kansas

e ficava l� oito anos. Mas aqui, n�o.

Aqui, se ganhava em grande,
comprava-se um Rolex,

um Ferrari, constru�a-se
uma casa grande.

Tinha uma casa que devia valer meio
milh�o de d�lares naquela altura.

A propriedade era uma beleza.

- Acho que tinha quatro hectares.
- Port�es autom�ticos.

Dois hectares de terreno,
os outros dois eram os da casa.

De um lado, uma casa de h�spedes,
do outro, a casa da empregada.

Fizemos uma cascata enorme.

Depois encontrei o tipo da seguran�a,

veio c� e decidiu instalar c�maras.

Casinhas de aves com c�maras
em cada cent�metro da propriedade.

E dissemos:
"Ainda podemos ir mais longe."

Em cada canto da casa tinha
pulverizadores de g�s lacrimog�neo.

Havia buracos
na casa e podia-se disparar.

Disparava para os carros
de cada canto da casa.

E eu tinha um controlo remoto.

Apertava-se um bot�o e o p�
espalhava-se por todo o jardim.

E lembro-me quando
test�mos o primeiro,

lan�ou uma nuvem, parecia Hiroshima.

Os meus c�es e gatos
ficaram doentes um dia,

e funcionou.

A propriedade � uma forma cada vez
mais popular para ocultar o dinheiro.

Os branqueadores pagam em dinheiro
e n�o discutem o pre�o.

Comecei a comprar propriedades
em todo o lado.

Comprei propriedade
no Lion Country Safari,

em Wellington e Delray Beach.

Dezenas de milhares de propriedades

compradas por traficantes de drogas.

- Um par de casas.
- Compr�mos uma empresa de barcos.

Um terreno onde ficava
a loja do barco.

- Compr�mos apartamentos.
- Espa�o de armazenagem.

Compr�mos 195 hectares
de terra em Tampa.

Uma data de bens im�veis.

Se comprasse um milh�o
de d�lares em terras

num condado remoto da Florida,

ningu�m no fisco era informado

de que tinha feito essa transac��o.

Compr�mos outro pr�dio
para fazer uma sala de r�dio.

Os traficantes vinham c�
e compravam 8, 10, 15 casas.

Num s�tio no sul de Miami,
tinha quase um bairro inteiro.

Tinha 24 milh�es de d�lares
em propriedades.

N�o s� est�o milh�es
de americanos viciados em drogas

como muitos bancos est�o viciados
no dinheiro das drogas.

O tr�fico de coca�na e o dinheiro

quase arruinaram
a moralidade da comunidade.

Quando se lida com centenas
de milh�es de d�lares,

� dif�cil o governo n�o reparar.

Os agiotas da droga precisam
de encontrar uma forma

de transformar o dinheiro sujo
em d�lares limpos e sem rasto.

Chama-se branqueamento de fundos.

H� muitas estimativas acerca
da quantidade de dinheiro

a ser branqueado na Florida,

e agora podemos calcular que h�
mais de 20 mil milh�es de d�lares

a serem usados nos bancos da Florida
como dinheiro de drogas ilegais.

J� se viu uma cidade
com tantos bancos?

N�o me digam que h�
assim tanta ind�stria

e neg�cios nesta cidade... Por favor.

Os bancos surgiram
da noite para o dia,

numa rua chamada
Brickell Avenue.

Traficantes de drogas
na zona de Miami

tentam abrir os seus pr�prios bancos.

� preciso um oficial de banco
colaborador

que esteja disposto
a ser subornado.

O South East First National,
o maior do estado.

Diversos empregados das sucursais
s�o suspeitos

de aceitar subornos
para ajudar traficantes.

No sul da Florida n�o era problema,
porque havia banqueiros aos pontap�s.

Os presidentes dos bancos fechavam-se
durante dias a contar dinheiro.

S�o seis, e faz mil, certo?

E a tirar um pouquinho para o lado.

Cri�mos o mercado dos bancos
a cobrarem cinco por cento

para converter
o dinheiro em dep�sitos.

Acho que isso nunca acontecera

em nenhum lugar deste pa�s,
provavelmente da Terra.

Segundo as queixas
apresentadas pela Procuradoria-Geral,

o gangue depositou
70 milh�es de d�lares

no Landmark First National Bank.

A funcion�ria do Landmark Bank
Delores Aaron

foi acusada de ajudar
os traficantes de droga

a esconder o dinheiro
em contas especiais.

Mais dois funcion�rios do banco
foram implicados no embuste.

Dos 70 milh�es que se alega
terem sido depositados no banco,

o governo apenas conseguiu
recuperar 6000 d�lares.

Os agentes dizem
que � um caso importante,

mas tamb�m que � uma gota no oceano

quando comparado com todos os outros
embustes com dinheiro de drogas,

de que suspeitam no sul da Florida.

Miami tornou-se a Wall Street
do neg�cio da coca�na.

O Banco da Reserva Federal de Miami

teve um excedente em numer�rio
de 4,5 mil milh�es de d�lares,

e nenhum s�tio onde o guardar.

Teve de ser distribu�do
por outros bancos em todo o pa�s.

O dinheiro continua a sair
de l� semanalmente.

O excedente de dinheiro
na zona de Miami constitui

metade do excedente
de dinheiro do pa�s inteiro.

At� a pr�pria lei foi comprometida
pelos lucros incr�veis.

Todos tinham um pre�o.

N�o se pode ter opera��es
grandes como esta

sem corrup��o na pol�cia.

Conhecia um tenente que trabalhava
em North Bay Village.

Fui ter com ele um dia e disse:
"Quero descarregar uns barcos

atr�s da esquadra
da pol�cia de North Bay Village.

Acha que h� algum inconveniente?"

E ele achou �ptima ideia.
At� chegou ao ponto de dizer:

"At� posso arranjar
dois carros-patrulha

e pomos isso na parte de tr�s
dos carros e levamo-la onde quiser."

Arranjou dois ou tr�s
tipos da pol�cia.

Puseram fitas a isolar o local.

Recu�mos os carros at� � �gua
e atiravam aquilo l� para dentro.

"At� logo, meu." E disseram adeus.

Dois sargentos
e um agente em North Bay Village,

o Oficial do Ano
William Risk,

o sargento Fernando Ganden
e o agente George Stephaloras

foram acusados
de conspira��o de narc�ticos.

Alguns pol�cias com
Porsches vermelhos

tinham acidentes s� com o ve�culo,

e descobria-se que tinham
coca�na no sangue.

De manh�, um agente de Miami esteve
numa persegui��o de alta velocidade.

Quando o carro da pol�cia
tentou deter a viatura,

o Porsche acelerou
e deixou-o para tr�s.

O Porsche ia pelo menos a 160 km/h.

O condutor saiu
do carro e disse � pol�cia

que tamb�m era agente
da pol�cia de Miami.

A Pol�cia encontrou 1180 d�lares
em notas de 20 debaixo do seu banco.

A seguran�a interna do departamento
vai sem d�vida investigar

porque estava este agente
a fugir do outro pol�cia,

e o que fazia ele com todo
aquele dinheiro no carro.

E deve ter havido muitos mais

pol�cias que n�o foram apanhados.

Todo o sistema de justi�a criminal

estava minado de subornos.

N�o h� maior neg�cio aqui em Miami
do que o neg�cio da droga,

e traz consigo intriga internacional,

viol�ncia descontrolada, corrup��o,

e o que aparenta ser
o colapso das for�as da lei.

Quando se junta
a corrup��o da pol�cia

� dos advogados e ju�zes,
deixa de haver lei.

A primeira vez que me expus
ao mundo da droga...

Em poucos meses
ap�s chegar aos Homic�dios,

percebi que uma d�zia dos meus
colegas do Gabinete de Homic�dios

estavam a ser
investigados pelo FBI.

O FBI diz que tem provas suficientes

de que membros dos Homic�dios
de Dade County

est�o emparceirados
com traficantes de drogas.

Quando cheguei aos Homic�dios,

foi no fim dos Pol�cias da Coca�na.

Era um grupo de
detectives de homic�dios

que tinham estado envolvidos
com um distribuidor de narc�ticos

chamado Mario Escandar.

Sete detectives dos Homic�dios
de Dade County

foram hoje intimados
por um Grande J�ri Federal.

Para o departamento
de Homic�dios, foi arrasador.

De repente,
toda a camada superior

de pessoal experiente
foi para a cadeia.

Os Pol�cias da Coca�na levantam
uma s�rie de quest�es aterradoras

sobre as for�as
da lei de Dade County.

Estes homens que foram acusados

eram os investigadores
de homic�dios mais experientes.

De repente,

pass�mos a ser os detectives
seniores do escrit�rio,

e a isso chama-se
forma��o na pr�tica.

Conheci o Al Singleton
quando vim para os Homic�dios.

O Singleton sempre escreveu sobre

os outros detectives de c�,
e ele estava num esquadr�o.

Tiveram um esquadr�o
especial por algum tempo,

a Comitiva de Agentes
Contra Assassinatos.

O esquadr�o da CACA era uma equipa
especial para investigar homic�dios.

Foi criado para os casos
de drogas latino-americanos.

O crime mudou.
Havia muitos cad�veres

que eram jovens latino-americanos.

Mas o que me indicou mesmo
que est�vamos

numa era diferente foi Dadeland.

Os primeiros tiros em p�blico
nas guerras da coca�na.

Julho de 1979 no movimentado centro
comercial de Miami, Dadeland Mall.

Foi um tiroteio do faroeste

no centro comercial mais
movimentado de Dade County.

�s 14h30.

Um grande cami�o de artigos
de festa estacionou.

Ningu�m ligou a isso.

Os tipos sa�ram
e entram na loja de bebidas.

De repente
come�a um grande tiroteio.

Dois Abatidos a Tiro em Dadeland

V�rios assassinos colombianos
dispararam metralhadoras

e outras armas numa loja de bebidas,

matando o traficante
de drogas Herman Jimenez

e o seu guarda-costas.

O empregado da loja e um repositor
tamb�m ficaram feridos.

Apareceu o m�dico-legista adjunto.
Perguntei-lhe quantas vezes

tinha sido baleado
o alvo principal, e ele disse:

"Perdi a conta.
Parece uma peneira."

Os atiradores fugiram
da loja de bebidas,

ainda a atirar sobre
carros e transeuntes.

E varreram a tiros o estacionamento
do centro comercial.

Disseram: "Algu�m tem
uma ca�adeira

e est�o a disparar. Ouvia-se tiros,
como de uma pistola de fulminantes.

Ent�o fugiram,
e deixaram ficar o cami�o.

Numa cena de crime secund�ria,
para onde me mandaram,

est� o que ficou conhecido
como o cami�o de guerra.

O cami�o de guerra que os assassinos
das metralhadoras deixaram para tr�s.

Este cami�o � um arsenal sobre rodas.

A pol�cia encontrou o furg�o
todo equipado com armas,

coletes � prova de balas e muni��es.

A pr�pria pol�cia n�o tem
um ve�culo equipado assim.

O cami�o tinha escrito: "Tempos
Felizes, Artigos para Festas"

A pol�cia diz que o nome
da empresa e o telefone s�o falsos.

Quando eu vi o cami�o de guerra,

quando vi a quantidade
de armas que l� havia,

quando vi a quantidade
de prepara��o,

percebi que est�vamos
num jogo diferente.

Os detectives dizem que a guerra
come�ou a 23 de Abril,

um tiroteio ente os passageiros
de duas viaturas,

a fazer corridas por South Dade.

Dois carros a trocar tiros,
o carro da pol�cia mete-se,

come�am a alvejar o carro
da pol�cia. O carro bate.

Aqueles tipos, antes de chegarem
h� umas semanas,

deviam andar a cavalo
nas montanhas da Col�mbia

a darem tiros uns aos outros.
Agora estavam

em carros novos caros,
a balearem-se na auto-estrada.

O Audi preto que podem ver
pertencia a Herman Panesso.

Dentro da mala, a pol�cia encontrou
o cad�ver de Amy Suskin,

outra figura proeminente duma
fam�lia de drogas colombiana.

A pol�cia diz que Suskin
foi morta por vingan�a

pelo assassinato
da empregada de Panesso.

A pol�cia metropolitana diz
que a guerra continua.

Cada dia em 1980, segundo a pol�cia,

� mais um dia no faroeste.

A taxa de mortandade c�
est� a aumentar

mais depressa do que
em qualquer outro pa�s.

O trabalho eficaz de um gangue a que
a pol�cia chama os Cocaine Cowboys.

Os chamados Cocaine Cowboys.

Por alguma raz�o,
a sociedade americana

sempre teve um fasc�nio
pelos fora-da-lei

em carros velozes, de arma na m�o.

Os Cocaine Cowboys s�o
t�o rom�nticos como mort�feros.

A coca�na sempre foi
um neg�cio violento.

Os roubos come�am a fazer parte
dos riscos da profiss�o.

Se algu�m rouba 22 kg de marijuana,

� um neg�cio de 10 000 d�lares.

Mas se algu�m n�o pagar
20 kg de coca�na,

a 50 000 d�lares o quilo, � um
neg�cio de um milh�o de d�lares.

N�o hesitam em disparar
sobre as pessoas

que eles apenas suspeitem
que os v�o roubar.

Houve tantos tiroteios em Miami.

Muitas metralhadoras nas estradas,

nas auto-estradas,
nas ruas residenciais.

Em plena luz do dia na via r�pida
de Palmetto em Dade County,

um suspeito de traficante
acaba de ser alvejado

por assassinos de metralhadora.

Parece uma daquelas
cenas do Vietname.

Ao contr�rio de
outros grupos de crime,

os colombianos abatem
membros de fam�lia

e disparam sobre multid�es.

As pobres pessoas e crian�as
que l� estavam ficavam aos bocados.

Matavam toda a gente que vissem.

Agentes amea�ados no sul da Florida
dizem que os assassinos colombianos

n�o querem saber
se h� v�timas inocentes,

pois trazem para Miami
o tipo de viol�ncia

que nunca antes se viu.
Perto do Est�dio de Miami,

um rapazinho de tr�s anos
levou um tiro e ficou paralisado

quando assassinos
lhe mataram o pai.

Uma rapariga de 14 anos
foi assassinada.

Ao meio-dia, um traficante
de coca�na colombiano

foi alvejado num
restaurante de pizas cheio

depois dos assassinos
mandarem vir o almo�o.

Quando encontrava
um jovem hisp�nico morto,

a pol�cia assumia automaticamente
que tinha a ver com coca�na.

�s vezes lia-se no jornal...
Ena, conhe�o este tipo.

Foi assassinado ou preso.

Cada vez mais traficantes colombianos

trazem para c� o seu estilo
de viol�ncia brutal.

Tivemos raptos

e assassinatos de metralhadora
� luz do dia.

Era inacredit�vel. Ouvia-se os tiros,

falhavam dez, mas apanhavam um.

De repente ouvi uma quantidade
de tiros, uns 10 ou 12.

Estava a passear os c�es.

De repente oi�o os tiros.

Os tiros acordaram-me.

Ouvi balas por cima da cabe�a,
atirei-me para o ch�o.

� o tipo de coisa que se v�
na televis�o, n�o na vida real.

Quatro tiros em plena luz do dia,

� frente de v�rias
testemunhas aterradas.

Mas era a vida real
e estava acontecer.

No Doral, a pol�cia da praia tinha
um agente disfar�ado a comprar droga.

Cinco pessoas levaram tiros,
incluindo o pr�prio informador.

Alvejaram o pr�prio
informador por engano.

Tiros, corpos a sangrar,
pessoas a gritar

e as pessoas no Doral
n�o entraram em p�nico.

Muitas pensaram que estavam
a filmar o Ac��o em Miami.

A pol�cia n�o costuma fazer ideia
de quem s�o os colombianos.

Todos tinham meia d�zia
de identidades.

Os criminosos usam um n�mero
espantoso de pseud�nimos e alcunhas.

Os colombianos dizem ser de Porto
Rico, mas nem escrev�-lo sabem.

Est�o c� com uma identidade falsa,
passando por porto-riquenhos.

�s vezes os detectives nem conseguem
identificar as v�timas.

Normalmente para
os investigadores de homic�dio,

a parte mais dif�cil de resolver
� "Quem � o culpado?"

Em Miami era "Quem � a v�tima?"

� dif�cil descobrir quem matou algu�m
se n�o sabemos quem foi morto.

Claro que se for um ilegal
a atravessar a fronteira,

as impress�es digitais n�o interessam
porque n�o h� registos.

A pol�cia tamb�m tem dificuldade

em conseguir que as testemunhas
e informadores trabalhem com eles.

N�o fa�o ideia do que aconteceu.

Talvez n�o saibam
dizer muito em ingl�s

mas sabem sempre dizer: "Quero
um advogado," ou "N�o sei."

Estamos a lidar com crimes que t�m

repercuss�es internacionais,
e para os quais

os homens que trabalham
nas esquadras de pol�cia locais

nos Estados Unidos
n�o receberam treino.

Quatro cad�veres deixados
na mala dum Chevrolet.

Uma das v�timas era informador
da Ag�ncia do Combate �s Drogas.

Todas as v�timas foram torturadas.

As pessoas que disseram que Miami
estava � beira da anarquia

deviam ter raz�o.

E sei que, de diversas maneiras,
contribu� para isso.

Muita gente teria
ficado mais contente

se o Arthur McDuffie tivesse sido
apenas uma estat�stica do tr�fico.

Era um segurador negro
chamado Arthur McDuffie,

e morreu depois duma discuss�o
com a pol�cia de Dade.

Os agentes envolvidos foram acusados

de encobrir o incidente,
para virem a ser...

... considerados inocentes.
Estamos todos de acordo.

David H. Fisher, porta-voz.

O que aconteceu depois
disso ficou na hist�ria.

10 DE MAIO DE 1980

Tr�s dias de revoltas, 18 mortos.

Somos seres humanos,

e queremos ser tratados como tal.

E depois aconteceu o �xodo de Mariel.

O trauma do �xodo de Mariel.

Foi um dos influxos
mais dram�ticos de imigrantes

num curto espa�o de tempo

para o mesmo s�tio,
da hist�ria da Am�rica.

O primeiro barco chegou
a 21 de Abril de 1980.

A administra��o Carter
reagiu � crise com confus�o.

A 5 de maio, ap�s o "bra�os e
cora��o abertos" de Jimmy Carter,

setenta e um americanos cubanos
conseguiram licen�a alfandeg�ria

para o cargueiro Red Diamond
navegar at� Mariel, Cuba.

A administra��o Carter disse
que os cubanos seriam bem-vindos,

e que pod�amos aceitar 3500 deles.

O resultado foi que vieram
sem parar, dia e noite.

Chamam-lhes os Marielitos.

Ao deixarem Cuba,
Castro chamou-lhes esc�ria.

O pr�prio Fidel Castro
afirmou publicamente:

"Puxei o autoclismo de Cuba
em cima dos Estados Unidos."

Gabou-se disso.

De uma s� jogada,
Castro livrou a Cuba

de milhares e milhares
de indesejados.

Para cada um dos refugiados
honestos e trabalhadores

que vieram para c� fazer vida nova,

tamb�m vieram os criminosos
mais mort�feros e impiedosos

que alguma vez foram libertados
em qualquer lugar do mundo.

Entre eles h�
assassinos, violadores

ped�filos, indiv�duos perigosos.

Demos por isso quando
vimos os sapatos deles,

que eram das pris�es cubanas.

Havia uma cadeia na Ilha de Pines

que tinha 2000 prisioneiros
implac�veis.

Uma semana depois,
s� havia uns 20 prisioneiros

na cadeia. Onde estava o resto?

Nas ruas de Miami.

N�o seria bom tirar
toda a gente do Corredor da Morte,

toda a gente das pris�es e cadeias

e institui��es mentais
para criminosos loucos,

e mand�-los todos
para um s�tio bonito

onde uma comunidade ing�nua
os recebesse de bra�os abertos?

O Castro lixou-nos bem.

Vieram para c� muitos criminosos

no �xodo de Mariel.

Nunca vi gente assim em Cuba.

N�o respeitam nada.
N�o respeitam a lei e a ordem,

n�o respeitam a bondade.

Eram inimigos p�blicos
n�mero um em Cuba.

Tipos que eram criminosos
violentos num regime comunista

em que n�o era f�cil
ser criminoso.

Quando vieram para c�,
tornaram-se arqui-criminosos.

Foram descritos pelo director
do Gabinete Federal de Pris�es

como os criminosos
mais perigosos

com que alguma vez lidou
nos seus 23 anos de carreira.

Temos aqui um grave problema.

O resultado foi que a nossa taxa
de homic�dio duplicou nesse ano.

Sabia que est�vamos em apuros.

Quando os refugiados
estavam a chegar em catadupa,

o �ndice de criminalidade
aumentou 89 por cento.

O �ndice de criminalidade aumentou.
Apanhavam mulheres

na rua, violavam-nas
e matavam-nas.

Em 1978, foram comunicadas
15 viola��es na cidade.

Mas nos primeiros
sete meses deste ano,

o n�mero aumentou para 59.

Noventa por cento das pessoas
detidas nesses casos eram refugiadas.

O homic�dio continua a ser
a principal causa de morte

entre os refugiados de Mariel.

Perfaz cerca de 48 por cento
dos nossos homic�dios.

Pessoas eram mortas a tiro em bares,
s� para ver quem era mais macho.

Dois homens discutiram por causa
do arranjo dum aparador de relva,

e na cl�ssica tradi��o
do faroeste do Matt Dillon,

um desafiou o outro
para um duelo com pistola.

Havia carros descontrolados nas ruas
� procura do hospital, porque tinham

dois ou tr�s feridos
no banco de tr�s.

A Sra. Louise Thompson perdeu
o filho Michael, de 17 anos

porque se recusou a dar a um estranho
a ponta do seu cigarro.

Como paga, foi alvejado
com uma Magnum .357.

Viam um carro que lhes agradava,

e matavam quem l� estivesse
dentro e levavam-no.

O homem que chocou contra
v�rios carros de pol�cia ontem,

ferindo um agente antes de morrer,

foi identificado hoje
como um refugiado cubano

do �xodo de Mariel.

Muitos dos Mariels
que deixaram as cadeias cubanas

veneravam o �dolo africano Xang�.

Acham que Xang� os salvou
das pris�es do Castro.

E outros que ainda cr�em
em rituais pag�os

invocavam a Santeria antes
de cometerem os seus crimes.

Compram po��es em lojas
chamadas bot�nicas,

po��es que acreditam
que os protegem da pol�cia

e os tornam invulner�veis �s balas.

A pol�cia n�o sabia
o que era a Santeria.

Iam a uma casa
numa chamada de rotina

e encontravam um caldeir�o

com ossos de pernas
e caveiras humanas.

Nem os mortos
est�o a salvo em Miami.

Agora � uma comunidade
a esfor�ar-se para lidar

com um influxo de mais
de 100 000 refugiados cubanos.

N�o temos recursos para
os refugiados, de momento.

N�o temos fundos para
a assist�ncia social regional.

N�o temos recursos.

E n�o havia uma �nica
pessoa a n�vel federal

ou judicial que estivesse
ao corrente do facto

de que o sistema deste pa�s
� para seres humanos,

n�o para pessoas que
nem pertencem � ra�a humana.

Assim, o �xodo da Liberdade
acabou em pol�mica.

H� quem diga que foi um fardo
desnecess�rio para o pa�s

e que devia ter sido parado h� muito.

Porque tem uma comunidade,
de entre todas as do pa�s,

de pagar os erros de c�lculo
do governo federal?

O estado da Florida
n�o tem marinha, for�a a�rea

servi�os de imigra��o,
alf�ndega ou radar,

nem CIA, nem servi�os estrangeiros
para lidar com pa�ses estrangeiros.

O estado n�o tem maneira
de impedir estas chegadas,

ou de os fazer regressar � origem.

Jimmy Carter tem mais
seis semanas como presidente.

Os direitos humanos
foram um forte seu.

Para proteger os direitos humanos
dos residentes de Miami,

ainda pode organizar
um �xodo de volta a Cuba

para estes cubanos indesej�veis.

Transporte a�reo para a base
naval de Guant�namo,

abrir as portas
e deixar estes cubanos

voltar para o lugar donde vieram.

Boa noite.
Que sejam boas as vossas not�cias.

Havia homic�dios relacionados
com narc�ticos,

homic�dios relacionados com Mariel,

e estas revoltas.

Criou as condi��es perfeitas

para um investigador de homic�dios.

De repente, Dade County tornou-se

a capital dos homic�dios
dos Estados Unidos.

Dade County, Florida, registou
mais de 560 homic�dios em 1980.

Fic�mos com
cad�veres no ch�o,

amontoados. Um horror.

Foi muito mau.
Deve ter sido o pior que j� vi.

Alug�mos um cami�o frigor�fico.

Alugaram um cami�o
com atrelado frigor�fico

do Burger King para meter
os cad�veres adicionais.

J� tinha 27 corpos que tinham
dado entrada nesse dia.

Os residentes do sul da Florida
compram e t�m mais armas que nunca.

Tivemos um enorme aumento
de campos de tiro.

Para uma comunidade t�o pequena,
t�nhamos 60 ou 70 campos de tiro.

Eu nunca ia a lado nenhum em
Dade County sem estar armado.

Nem pensar.

Tinha sempre uma arma.

N�o conseguia dormir bem sem ela.

Alguns ju�zes itinerantes de Dade
County vieram ao meu curso.

Um dos ju�zes queria uma arma
debaixo da tribuna.

Os civis est�o a matar tantos
suspeitos de crime como a pol�cia.

Os civis mataram 30 dos 43 criminosos
falecidos no ato de um crime.

No sul da Florida, uma tend�ncia que
aumenta � o "homic�dio justific�vel".

- Afasta-te, ou fica e luta. � isso?
- � isso.

A viol�ncia com viol�ncia se paga.

Da dona de casa ao homem de neg�cios,
ao Cocaine Cowboy,

e at� ao funcion�rio
das bombas da esquina,

todos vivemos num campo de batalha.

Era perigoso andar nas ruas.

N�o sa�a � noite sozinho
nem que me pagassem.

O p�blico est� bem
protegido de momento?

� evidente que n�o. N�o conseguimos
controlar a criminalidade.

Quantos crimes de morte � moda
antiga, estilo "quem � o culpado"

solucionou este ano?

N�o devem ter sido mais de quatro.

N�o t�nhamos tido
quaisquer resultados

a resolver homic�dios colombianos.

Estamos totalmente sobrecarregados,
com falta de pessoal, armas e fundos.

� uma batalha sem tr�guas.

Dade County est� a perder.
Miami est� a perder.

Neste momento, sem sombra
de d�vida, est�o a ganhar a guerra.

Estamos a perder a batalha.

Estamos a perder, ponto final.

Apareceu um artigo na Time,

"Para�so Perdido", sobre Miami.

Exp�e os problemas
que assolam o sul da Florida.

Crime, drogas, refugiados.

A capa da Time do "Para�so Perdido"
pareceu definir

Miami como a cidade mais violenta
da na��o naquela altura. E era.

Ao mesmo tempo que os m�dia
arrasavam Miami, o turismo cessou.

E todos pensaram
que era o fim de Miami.

O factor chave foi afugentar
homens de neg�cios e investidores.

Os neg�cios correm mal, e enquanto
houver not�cias novas de Miami

sobre crime e refugiados,
a situa��o n�o melhora.

Com tudo isto a passar-se
em South Dade,

que est� a pol�cia a fazer?

Escrevi um relat�rio
conceptual sobre a CENTAC,

� volta de Dezembro de 1980.

CENTAC � a unidade Central T�ctica.

CENTAC, que combina os esfor�os

duma ag�ncia de combate �s drogas,

e dos departamentos de Homic�dios
e crime organizado.

Reuniu os fundos e recursos
do governo federal,

da DEA e da Alf�ndega
com os conhecimentos da pol�cia local

e das ag�ncias estatais.

H� uma publica��o da
Ag�ncia do Combate �s Drogas

que associa a CENTAC aos Intoc�veis.

Os Intoc�veis foram
a CENTAC do seu tempo.

Esse tipo de aura deu
aos agentes da CENTAC

a sensa��o de serem
uma elite dentro da elite.

Foi a primeira for�a
de interven��o policial de Miami.

Raul Diaz foi o tenente
a cargo da CENTAC.

Quando surgiu a oportunidade
da CENTAC, perguntei logo ao Al.

Era tenente na altura,
e eu trabalhava para ele.

T�nhamos uma rela��o especial.

Um investigador
de homic�dios fenomenal.

Um pol�cia dos pol�cias. Escorreito.

E era uma pessoa
que n�o fazia ideia

que diabo se estava
a passar nos narc�ticos.

Foi meu mentor.

A melhor forma de descrever o Raul
� como um investigador inovador.

Digamos assim.

Sentia o pulso das ruas.

Sabia o que se passava.

O seu forte era conhecer pessoas
e lidar com informadores.

Fal�vamos com eles
numa l�ngua que eles compreendiam.

"Voc�s v�m c� e fazem estas coisas,

e n�s vamos prender-vos ou matar-vos,

ou vamos fazer
das vossas vidas um inferno...

... a menos que falem
e colaborem connosco."

� a maneira de dizer as coisas.

E n�o � preciso
usar for�a, basta falar.

Eram das pessoas mais
ocupadas em Dade County,

o Al Singleton
e a equipa da CENTAC.

O objectivo da CENTAC � resolver

homic�dios latino-americanos
relacionados com drogas.

O objectivo da CENTAC 26
era livrar-se...

... das pessoas que estavam
a tomar parte nos homic�dios,

e de quem os mandava cometer.

Nunca apanhamos os do topo,
a maioria dos respons�veis.

Fizemos uma lista dumas 20 pessoas.

E incidimos nessas 20 pessoas.

N�o faltavam c� criminosos
de carreira latino-americanos.

Mas o n�mero um
era o Amilcar Rodriguez.

E isso porque ele era suspeito

de uns 20 homic�dios. Em tr�s dias,
apanh�mos o alvo n�mero um.

A maior captura at� � data
� Rafael Leon Rodriguez,

conhecido por Amilcar.

Um alegado distribuidor de coca�na
para cinco fam�lias colombianas.

Amilcar � acusado
dum duplo homic�dio em Dade County,

e de tentar matar pol�cias
em duas ocasi�es.

A deten��o de Amilcar teve como base

dados que Raul Diaz tinha
antes dos Homic�dios.

Descobrimos que era conhecido
por muitos nomes.

Quando come��mos
a mostrar as fotos dele na rua,

surgiram 14 ou 15 pseud�nimos.

O tipo tinha uma MAC-10,
uma MAC-11,

uma Smith and Wesson modelo 59.
Tinha 148 balas.

Os assassinos colombianos
preferem a metralhadora MAC-10.

A MAC-10 dispara rajadas
de 16 balas por segundo.

Todos t�m armas, pistolas autom�ticas
com carregadores de 14 balas.

Os meus detectives de Homic�dios
s� tinham 72 balas entre os 12.

E espera-se que os pol�cias
exer�am as suas fun��es

com um rev�lver de seis tiros.

Decidiu-se que, se �amos
enfrentar aquela gente,

os agentes dos Homic�dios
deviam poder ter semiautom�ticas.

Pol�cia de Dade County
Quer Mais Armamento

Balelas. Vamos mais al�m.

Vamos obter autoriza��o
para usar metralhadoras.

Por isso na CENTAC, quando fic�mos
operacionais, t�nhamos metralhadoras.

Nasci em Cali, na Col�mbia,
a 5 de Julho de 1957.

Cheguei aos Estados Unidos
a 5 de Julho de 1969.

Era conhecido como ladr�o de carros.
Um dos maiores de Chicago,

e depois dos anos 80, fiquei
conhecido como assassino do Cartel.

EXECUTOR

Confessou envolvimento em 29
mortes durante as Guerras da Coca�na.

Suspeito de mais 12 mortes.

Fui para Chicago
viver com o meu pai.

Trabalhava para a General Motors.

Andei numa escola cat�lica onde
aprendi ingl�s.

Fui mec�nico com o meu pai.
Foi onde aprendi a arrombar carros.

Comecei com um grupo de gajos

e come��mos a roubar carros,
a vend�-los para pe�as.

Entre 200 e 500 d�lares por carro.

Roub�vamos cinco
ou seis por noite. �ramos tr�s.

Est�vamos a ganhar bom dinheiro.
Melhor que trabalhar para o meu pai.

Est�vamos num restaurante
a tomar o pequeno-almo�o,

e entraram tr�s colombianos.

Um deles era o Cruz Gonzalez,
e perguntou: "Onde est� o Riverita?"

Pergunt�mos porqu�, e ele disse:
"Procuro quem me roubou o carro."

E eu disse-lhe:
"Sou quem procuras, o Rivi."

"Roubaste-me o carro
e quero-o de volta."

Respondi: "S� to devolvo
se me deres 500 d�lares,

porque agora pertence-me."
E ele riu-se.

E disse: "Tens tomates, sabias?"
Eu disse: "J� me tinham dito."

Perguntou-me se j�
tinha estado na Florida.

Eu disse: "Algumas vezes."

Perguntou-me se j� tinha estado
em Miami. "Sim, com o meu pai."

Perguntou se lhe podia conduzir
um cami�o para a Florida.

Eu disse: "Sim, pagas?"
Ele disse que sim,

pagava 500 d�lares se levasse
o cami�o. Eu disse que podia ser.

Deu-me 500 d�lares,
e eu disse: "Tenho uns seis."

Lev�mos o cami�o. Fomos a conduzir,
a fumar erva pelo caminho.

Par�mos a meio, porque quis saber

o que havia na caixa.
Estava cheio de caixas.

Encost�mos e eu abri uma,
e estava cheia de armas usadas.

Ca�adeiras, rev�lveres,
pistolas autom�ticas.

A partir da�, j� n�o excedi
o limite de velocidade.

Quando cheguei a Miami,
pagou-nos e disse:

"Tenho uns neg�cios.
Talvez pudessem trabalhar para mim

e ganhar mais algum
dinheiro em Miami,

se pudessem ficar c�."
Perguntei: "A fazer o qu�?"

Ele disse: "S� a entregar droga
e a recolher dinheiro.

Talvez a dar umas li��es,
de vez em quando."

Decidimos ficar umas semanas.

Quando me pediu para vigiar
um dos seus armaz�ns,

foi a primeira vez
que trabalh�mos com gente

metida no neg�cio da droga, mas mais
tarde vimos que eram uns gatinhos.

Depois de aprendermos o neg�cio,
e como usar armas

e de conhecermos gente diferente,
eles n�o eram ningu�m.

Eram gatinhos, uns meninos.

O Cruz tinha um ex-militar,
um velhote.

Assim que o conheci,
gostei logo dele.

E disse-me que tinha estado
muitos anos no ex�rcito

e que era perito em demoli��es.

Comecei a fazer-lhe
muitas perguntas sobre explosivos,

e armas autom�ticas.

Fui � sala ao lado buscar uma.
Era uma MAC-10.

Disse que queria saber
desmont�-la e limp�-la.

Come��mos a ir aos Everglades,
disparar as nossas metralhadoras.

Aprendi, e fiquei muito bom naquilo.

A primeira vez que tive
uma MAC-11 na m�o,

soube que era a minha arma favorita.

Perguntou se eu queria aprender
a usar explosivos.

E eu: "Sim."
E ele: "Tens bons nervos?"

Eu disse: "Bastante firmes."

Ele disse: "Temos dinamite a chegar
do Texas daqui a alguns dias.

Vou ensinar-te a fabricar bombas."

No dia seguinte, a dinamite
chegou com os detonadores.

Pegou em quatro cartuchos
de dinamite e nos detonadores.

Come�ou a ensinar,
a mostrar-me como se fazia.

Duas horas depois, diz:
"Achas que consegues fazer uma?"

Eu disse: "Acho que sim." E fiz.

Disse: "A �nica coisa que precisa
� de ser ligada � bateria

e ao rel�gio."

Ele disse: "Consegues fazer isso?"
Os meus filhos estavam a dormir.

No quarto ao lado estava a minha
mulher. Ele estava a tentar-me.

Eu disse: "Sim. Quanto tempo
ponho no rel�gio?"

Ele disse: "Uns 30 segundos. Avan�a."

Assim fiz. O rel�gio andou.

Estava sentado � minha frente.

Passaram 10 segundos, 15...

Ele disse:
"Daqui a dez segundos, explode."

Eu disse: "Eu sei. Queres que eu
a desligue, ou desligas tu?"

Ele sorriu, e parou o detonador.

Depois disse: "Tens jeito."

Mas assegura-te que
quando fizeres isto,

n�o tomaste drogas nem bebeste,
ou mandas os teus mi�dos pelos ares."

Umas semanas depois, est�vamos
numa discoteca em Miami.

1 de Maio de 1981

O Flaco entrou.

Ele diz que temos de nos p�r a andar,
porque iam matar algu�m l�.

Tens de tirar a tua gente.
Essa gente � tua direita."

Eram seis colombianos a rir
e a beber aguardente.

"Vamos pulverizar essa mesa,
a mesa toda."

E eu disse: "Est� bem, agrade�o.
Vou buscar a minha gente."

Fui � casa de banho
e disse-lhes: "Temos de ir.

Vai haver tiros aqui."
Ele diz: "S� um minuto."

Vim c� para fora. Enquanto isso,

o Venegas parara
na mesma mesa, por azar,

e disse aos tipos para irem embora
porque ia haver um tiroteio.

E ele estragou
a matan�a. Foi azar.

Descobri que ele conhecia
um dos tipos da mesa,

estava a cuidar do amigo,

disse-lhe para sair
porque ia haver tiroteio.

Estava c� fora. O Venegas saiu.

Atr�s do Venegas vem toda a gente.

Come�aram a sair aos empurr�es.

O Flaco veio de mota. Estava furioso.

Disse: "Voc�s lixaram tudo.
N�o vos devia ter dito nada."

Eu disse: "Pois,
foi sem querer, meu."

Ele diz: "Est�s metido
num sarilho, meu.

Num sarilho com a minha patroa.

A patroa quer ver-te."
Eu disse: "� vontade."

Entr�mos no carro,
apanh�mos a I-95.

E no caminho estou a dizer:
"Esta gente n�o me vai matar, vai?"

Ele diz: "N�o sei. N�o posso
garantir nada, meu."

T�nhamos lixado um esquema.
Iam matar seis pessoas.

Sabia que n�o eram mariquinhas

Fomos at� um Holiday Inn
na I-95, em Miami.

Vi quatro tipos sa�rem do carro.

Disse: "S�o eles?"
Ele disse: "S�o, parte deles.

H� mais gente � esquerda.
Olhei, e l� estavam mais quatro

do outro lado a sa�rem do carro.

Cheguei-me ao tipo
mais velho que estava l�.

Diz: "�s o Rivi?" Disse: "Sou."

Ele disse: "Vem comigo."

Entrei no carro e estava
uma senhora no banco de tr�s.

E perguntou-me: "Foste tu que
lixou a matan�a ontem � noite?"

E eu disse: "De certa forma, sim."

Ela disse: "Ando atr�s
desta gente h� meses,

e foi a primeira vez
que os tivemos sob mira",

e que eu tinha lixado tudo.

Diz ela: "Sabes que mais?

Encontra-os e ficamos quites.

Quero os dois irm�os.

Os outros quatro �amos abater
por estarem na mesa."

Eu disse: "Ia matar quatro outras
pessoas s� para matar dois?"

Ela disse: "Comigo � assim.

Tiro-os todos do meu caminho."

Eu disse: "N�o era mais f�cil
matar s� dois?"

Ela disse: "N�o,
era mais f�cil matar os seis.

Pulverizar a mesa toda, em vez
de chegar perto e dar um em cada."

Isso surpreendeu-me.
Ela falava de homic�dio, como quem...

E eu disse-lhe: "D�-me uma semana
e eu encontro os tipos."

Quando volt�mos para o hotel,

contei aos outros o que tinha
acontecido, e o Venegas estava l�.

Ele disse: "Que aconteceu?" Eu disse:
"Estamos na merda com esta senhora.

Se n�o encontrarmos os gajos,
vamos ter de nos pisgar.

Porque v�o vir atr�s de n�s,
basicamente foi isso que me disse."

Ele disse: "� meu amigo,
eu conhe�o o gajo."

Eu disse: "Conhece-lo? Consegues
encontr�-lo?" Ele disse: "Sim."

Eu disse: "Se o consegues encontrar,
est� o caso arrumado."

Ele disse: "Sim, posso encontrar
um deles, o mais velho."

Eu disse: "� disso que
precisamos, de um.

Atrav�s dele apanhamos o outro."

Eu disse: "Faz assim.
Vamos a uma cabine telef�nica

mandar um bip, marcamos
um encontro para esta noite."

E raptamo-lo,
e entregamo-lo a esta gente."

Ele mandou um bip,
o tipo respondeu.

Marc�mos um encontro
no estacionamento do Ramada Inn.

Ele disse-lhe que t�nhamos armas
e explosivos para vender.

E l� veio ele.
�s oito horas j� era escuro.

Estava na galhofa com o Venegas.

Eu estava atr�s duma �rvore.
O Venegas abre a mala,

sa� de tr�s da �rvore, encostei-lhe
uma arma �s costelas

"Andava � tua procura."
E ele diz: "N�o te devo nada."

E eu: "Pois n�o. H� uma
pessoa que precisa de ti.

Est� uma senhora � tua procura.

Chama-se Griselda Blanco."
Ficou p�lido.

Disse: "Vais estar com ela
daqui a um par de horas."

Come�ou a tremer.

Uma hora depois,
chegaram e levaram-no.

No dia seguinte, estou em casa
�s quatro da tarde.

Ela vem l� a casa. A minha mulher
estava a fritar peixe,

e ela bate � porta e entra,
como se a casa fosse dela.

Ela disse: "Adoro peixe", e eu disse
� minha mulher para lhe fritar peixe.

Est� a comer e a contar-me
como mataram o tipo,

e o cortaram �s
fatias enquanto jant�vamos.

Eu disse: "Que est�s a dizer?
Mataste o gajo a tiro?"

Ela disse: "Matei-o a tiro.

E depois o Tulio e o Cubamba
cortaram-no aos bocados

e meteram-no numa caixinha,

e embrulharam-no como um presente,
com um la�o e tudo,

e deix�mo-lo a dois quarteir�es
daqui, na auto-estrada."

Eu disse: "No meu bairro?"

Ela disse: "Sim, viemos
para sul para te visitar,

por isso ach�mos que era
um bom s�tio para o deixar.

Deix�mo-lo na auto-estrada."

Eu disse: "Costumam fazer isso?"
Ela disse: "Sim." Ela gostava.

Gostava de cortar as pessoas
aos bocados e larg�-las assim.

A CENTAC tamb�m espera destrin�ar

as organiza��es de drogas
de Griselda Blanco,

uma mulher extravagante
a quem os jornais colombianos

chamam A Madrinha.

N�o sabemos ao certo exactamente
quando esteve em Miami.

Provavelmente em 1978.
Claro que n�o sab�amos onde,

porque era fugitiva.

E sab�amos que era traficante
de grandes quantidades.

Era a maior da �poca. Era a Madrinha
da ind�stria da coca�na.

Sanguin�ria, dram�tica,
n�o fazia prisioneiros.

� suspeita de 15 homic�dios
e agora est� escondida.

Os anos de 1979, 1980, 1981
e 1982 foram

quando cometeu os homic�dios
em Dade County.

Na cultura latino-americana,
n�o � costume

uma mulher estar � frente
da pr�pria organiza��o.

Por isso, achei que devia ser
uma mulher implac�vel.

� considerada uma
mulher muito perigosa.

Puxa ela o gatilho
se tiver oportunidade.

A pol�cia diz que Griselda Blanco
come�ou h� anos a assaltar bancos,

e entrou no neg�cio da droga,
sempre matando at� chegar ao topo.

O papel de Griselda Blanco
tornou-se muito saliente

naquilo a que cham�mos
as Guerras da Coca�na.

O primeiro homic�dio not�vel
em que ela foi implicada

foi Dadeland,
que foi em Julho de 1979, claro.

A pol�cia acha que o caso de Dadeland
foi simplesmente uma vingan�a

em rela��o a outro incidente
aqui na Florida Turnpike.

O famoso tiroteio na auto-estrada
em que estavam nos carros

a disparar uns sobre os outros, esses
dois homic�dios estavam ligados.

Tr�s meses antes de Dadeland, dois
carros de traficantes colombianos

tiveram aqui um tiroteio
de metralhadoras a alta velocidade.

Quando a pol�cia finalmente
parou um dos carros,

abriram a mala e
encontraram um corpo,

algemado e estrangulado.

A pol�cia pensa que a v�tima,
Jaime Susco,

foi mandado matar por German Jimenez,

o homem que morreu no Dadeland.

Houve muita gente que pagou caro

por ter ca�do em desgra�a
com Griselda Blanco.

Houve um caso not�rio
em que foi implicada.

A pol�cia pensa que,
em Novembro de 1980,

durante a hora de ponta matinal perto
de um hotel no aeroporto de Miami,

os assassinos da Madrinha
mataram uma mulher

chamada Graciela Gomez.

Graciela Gomez atravessou-se
no caminho da Madrinha.

Nada sensato.

A Griselda tinha ci�mes dela
porque era uma jovem atraente.

Os informadores dizem
que Gomez roubara coca�na,

e teve um caso
com o amante da Madrinha...

Deve ter tido a ver
com esses dois erros fatais.

Estava num Corvette,
rumo a norte na Red Road,

parou num sinal vermelho.
Os executores da Griselda, Cubamba,

e um outro chamado Zapata,
seguiram-na,

e ela viu que a seguiam.
Reconheceu-os.

Enquanto a Gomez conduzia o Corvette,

houve tiros dum carro a passar.
Os tiros n�o acertaram.

Teve medo, saltou do carro,

foi para um carro parado no tr�nsito
� frente, a pedir ajuda.

Um casal, marido e mulher,
deixaram-na entrar no carro atr�s,

sem saber o que se passava.

O casal viu, aterrado,

o assassino chegar
� janela do passageiro,

empurr�-los e disparar
� queima-roupa para o banco de tr�s.

Disparou pela janela,
matando a Graciela

no banco traseiro do casal.

Depois voltaram para o carro deles.
N�o correram.

As testemunhas dizem
que foram calmamente para o carro.

Entretanto o casal escapuliu-se do
carro para n�o sofrer danos f�sicos.

Mas houve danos emocionais.

A mulher sentiu a arma na cabe�a.
Esteve muito perto da morte.

N�o se espera uma coisa daquelas
�s 7h30 da manh�.

Lembro-me que
a mulher nunca se refez.

Acho que at� se mudaram, sa�ram
de Miami por causa do incidente.

Isto mostrou a petul�ncia
dos assassinos

e dos traficantes
que estavam em Miami.

Achavam que podiam fazer
o que lhes desse na gana.

E muitas vezes faziam.

A busca dos atacantes continua.

E espera-se que as impress�es
digitais e testemunhas oculares

levem � captura dos dois homens.

E eles eram descarados.
"N�o me apanham."

Funcionava como o faroeste.

Acho que � por isso que lhes chamam
os Cocaine Cowboys.

Bob Kaye, o procurador-geral
dos Homic�dios de Dade County

tem a sua pr�pria defini��o
de cocaine cowboy.

"� colombiano," diz Kaye,

"normalmente um imigrante ilegal
que est� no sul da Florida

para traficar drogas
ou vingar-se de algu�m."

A pol�cia acha que esta gente toda

entra e sai de Miami
com regularidade.

Representei bastantes deles.

Vinham ao meu gabinete,

conduziam uma caravana
da Mercedes Benz.

Pessoas com armas...

Na rua, eram causas
prov�veis sobre rodas.

Havia um elenco de personagens
envolvidas com a Griselda.

- Tinha um ex�rcito.
- Tinha o Paco.

- O Paco e o Diego Sepulveda.
- O Toto.

O Carlos Venegas.
O Alonso Ayala.

- O Hugo.
- O Guillermo Velazquez.

- O Cubamba.
- O Manteco.

O Diego Escobar.
O Oscar Mario.

O Jaime Bravo.

Faziam o que ela mandasse,

mas eram sobretudo executores.

Guarda-costas, essencialmente.

O Riverito. Tornou-se o executor
preferido da Griselda.

Tinha inimigos.
Uns deviam-lhe dinheiro,

outros que lhe tinham raptado
os filhos na Col�mbia,

outros tinham virado a casaca,
ou tinham-na roubado.

Ela n�o perdoa nem esquece.
Ela apanhava-os.

Mais cedo ou mais tarde,
ia atr�s deles.

A lista era espec�fica.

As pessoas que queria mortas,
todas execu��es.

Era uma longa lista,

e cada pessoa tinha um pre�o.

O Oscar Piedrahita dantes
trabalhava para a Griselda.

Era respons�vel
por toda a exporta��o dela.

Mas houve uma vez que raptou

um dos filhos dela,
o Oswaldo, na Col�mbia.

E exigiu cinco milh�es de d�lares
em dinheiro para o devolver.

Acho que lhe deu um milh�o,
e ele soltou o rapaz.

Ele desapareceu.
Quando comecei a trabalhar para ela,

disse que o tipo
era dos primeiros cinco.

E disse: "Se alguma vez
o encontrares,

quero a pele dele,
quero que o mates."

E eu lia o jornal todos os dias.
Lia o Miami Herald e vi os �bitos.

Havia um pequeno artigo

sobre um mi�do
que se afogara numa piscina.

O vel�rio era na casa deles
em Miami Lakes,

e ao fundo do artigo
dizia Oscar Piedrahita,

o pai, e a morada da casa.

Comecei a pensar:
"N�o, � demasiado f�cil."

Meti-me no carro,
fui l�, liguei � Griselda

e disse: "Temos de falar."

Mostrei-lhe o artigo.

Pode ser ele, mas preciso que
mo mostrem a ver se � o tipo certo.

Ela disse: "Tenho uma pessoa
que o conhece muito bem."

Por volta das 17h30 ou 18h,
fomos � morada.

Ela veio comigo.

O Dario conduziu,
ela est� do lado do passageiro

e eu vou atr�s. Temos tr�s carros.

O Chicho est� num deles
com o Manteco.

� ele que o vai identificar.

Pass�mos de carro
e vimos gente � porta da casa,

no relvado em frente. Demos a volta
ao quarteir�o e eu sa� do carro

e falei com o Manteco,
o Oscar e o Chicho.

Perguntam: "Como queres fazer?"
Eu disse: "� simples.

Est�o todos a chorar, todos magoados.

Para o carro � porta
e pergunta por ele.

Quando ele vier c� fora, d�-lhe."

D�o meia volta e estacionam
em frente � casa,

e o Chicho pergunta por ele.
Havia uma senhora.

Ela disse: "S� um minuto,
vou busc�-lo."

Ele sai uns minutos depois.

Veio at� � entrada de carros.
E quando veio,

a metralhadora do Chicho
estava mesmo ali ao lado do carro.

Come�ou tudo aos gritos,

e n�s apanh�mos a Estrada 26
e fomos para casa.

Apareceu na primeira p�gina
do jornal e tudo.

Quando assassinos mataram
o Oscar Piedrahita,

meteram mais balas
na porta da garagem do que nele.

Foi triste ter de morrer assim,

no vel�rio do filho.

Mas ele escolheu isso
quando se meteu com esta mulher.

Eu podia t�-lo apanhado
uns dias depois,

mas ela n�o queria isso.

Foi triste, mas neg�cios
s�o neg�cios.

O Miguel Perez e o Nestor Garcia eram
passadores de droga. Eram parceiros.

O filho mais novo
da Griselda, o Oswaldo.

Fiou-lhes droga, acho que uns
250 000 d�lares.

Come�aram a dar-lhe tanga
por o acharem t�o novo.

N�o sabiam quem ele tinha por tr�s.
Deram-lhe tanga.

Finalmente, disseram
que n�o lhe iam pagar,

que fosse � merda.

Pensou: "Que se lixe,
ele n�o me encontra."

Mas enganou-se.

O Oswaldo voltou para casa da m�e
e contou-lhe. Eu estava l� em casa,

quando ele lhe contou a hist�ria.

A Griselda disse-me:
"Encontra-o e mata-o."

Comecei a interrogar
o Oswaldo acerca daquilo.

Diz-me onde o conheceste.

Ele disse-me: "Disse-me
que trabalha num supermercado."

"Onde?"
Disse ele: "Algures em Kendall."

Eu disse: "Daqui a uns dias
dou novidades."

Peguei na lista telef�nica.

Come�o a ver todos
os supermercados em Kendall.

Havia imensos. Havia demasiados.

Voltei a falar com ele.

Disse: "Lembras-te de mais
alguma coisa sobre o supermercado?"

Ele disse: "Sim, � perto
duma esquadra da pol�cia."

Perguntei a um detective privado
amigo meu.

E perguntei-lhe: "Sabes
de algum supermercado

ou uma esquadra de pol�cia
perto dum centro comercial?"

E ele diz: "H� um
na estrada US-1 com a 200�."

Eu disse: "N�o, � demasiado longe."

Ele disse: "H� outra na Kendall
Drive, perto da auto-estrada."

Fui a essa. Foi a primeira a que fui.

Era na 107� com a Kendall Drive,

e eu vi a esquadra da pol�cia
mesmo atr�s do supermercado,

e era um supermercado cubano.

Achei que estava no bom caminho,
por isso fui buscar o mi�do.

Disse: "Encontraste-te com ele aqui?"

Ele disse: "Sim, foi naquele
restaurante chin�s."

Eu disse: "� o supermercado dele."

No dia seguinte, mont�mos
vigil�ncia ao supermercado.

O dia todo, com o mi�do
para identificar o gajo.

Estava quase a desistir, a pensar
que era a loja errada,

ia-me meter no carro ir embora.

Tinha uma carabina de atirador.
Estava a desmont�-la.

Ent�o ele disse: "� aquele ali."
Eu disse: "Quem?"

"O BMW. � ele ali mesmo."

Estacionou em frente ao supermercado
com mais dois tipos.

Entrou no supermercado.
Eu disse: "Ele vai ter de sair."

Meia hora depois, ele saiu.

Dirigiu-se ao carro.

Era um Chevy Impala antigo.

Quando meteu a m�o
no bolso da camisa,

tirou a chave e voltou-me as costas,

estava a uns quatro metros de mim,
de onde eu estava estacionado.

Disparei-lhe a metralhadora
nas costas.

Comecei a disparar
do fundo das costas

sempre at� a cabe�a.
Depois fiz uma cruz

da esquerda para a direita.
E ele caiu.

Ningu�m ouviu,
porque eu tinha um silenciador.

Mas o idiota do Toto
saca duma .45

e d�-lhe um tiro
sem silenciador.

Com a esquadra da pol�cia ali atr�s.

A esquadra era mesmo
por tr�s do supermercado,

por isso atra�mos a b�fia.

Fugimos por Kendall Drive,
rumo a leste.

Sa�mos do carro, cobrimo-lo
e mud�mos de carro.

Pelas 15h05,

a v�tima identificada
como Nestor Garcia

ia a entrar numa viatura estacionada

no parque dum centro comercial

na esquina da Kendall Drive
com a 117� Avenida.

E dispararam uma saraivada
de balas sobre o carro.

Depois, pus-me a pensar
em como o fiz.

N�o parava de ver
a cena na minha cabe�a.

Um amigo veio l� a casa e disse:
"Meu, � s� trabalho."

Disse: "Sei como te sentes,
tamb�m me senti assim

da primeira vez,
mas depois passa.

Ao segundo j� n�o sentes isso."

Olhei para ele: "De certeza?"
Ele diz: "Podes confiar.

J� fiz mais de 50." E fiquei com
aquilo na cabe�a, � s� trabalho.

A partir da�, foi s� trabalho.

Nestor Garcia foi morto em Kendall.

Um par de meses depois, descobriram

quem era o seu parceiro.
Era o Miguel.

O Miguel Perez soube
que o Nestor fora morto.

Escondeu-se melhor, porque sabia
que seria o seguinte.

E o mi�do perguntou-me
se ia encontrar o outro.

Disse-lhe: "Tens de me ajudar."
Disse que n�o sabia onde ele vivia.

S� sei que tem uma butique.

Disse: "Onde?"
Ele disse: "No Omni."

O Miguel tinha uma sapataria
no centro comercial Omni,

na baixa de Miami.

O centro comercial
Omni International...

Os latino-americanos fizeram
do luxuoso centro Omni

o seu quartel-general informal.

Primeiro fui ao Omni.
Todos os dias.

Tinha uma descri��o do Miguel Perez.

Uma coisa chamou-me
a aten��o na loja

e entrei l�.
Estavam tr�s cubanos a falar.

Foi o espanhol
que me chamou a aten��o.

Fui a uma cabine
e liguei para o mi�do.

Disse: "Descreve o Miguel
mais uma vez."

Ele descreveu-o da cabe�a aos p�s.

Disse: "Acho que o encontrei."

Ele localizou-o.

O Miguel Perez saiu da loja
e dirigiu-se ao elevador.

Est� ali. Vamos.

Entr�mos no elevador.
Ele entrou no elevador.

Estava mesmo atr�s dele.

Iam mat�-lo mesmo
no centro comercial Omni.

Ia mat�-lo.
Ia espetar-lhe um picador de gelo.

N�o podia fazer barulho,
at� um silenciador faz barulho l�.

Entrou outra pessoa
no elevador. Era um pol�cia.

Subimos uns andares,

e ele entrou num restaurante.

Quando saiu, tinha os guarda-costas
com ele e deix�mo-lo ir.

Foi para o estacionamento.
Entrou do lado do passageiro.

O guarda-costas ia a conduzir.
Seguimo-los.

Entraram para a estrada I-95,
que depois sai na US-1.

Est�vamos mesmo atr�s dele.
N�s �ramos tr�s carros.

Finalmente, cheg�mos � US-1
com a Le Jeune Road e 42� Avenida.

O sinal estava verde. �amos passar,
mas disse: "Espera.

Se ele ficar preso no sinal,
apanhamo-lo l�."

Era o cruzamento
da Le Jeune Road com a US-1.

Mas quando atravessei a rua,
estava um carro da pol�cia � direita.

Est�vamos a olhar e
n�o t�nhamos silenciadores.

Eu tinha uma MAC-11
e o outro tinha uma MAC-10.

Dissemos que t�nhamos
de fazer aquilo sem silenciador.

Ele tinha vidros fumados verdadeiros.

Abrimos as janelas
ao mesmo tempo.

Dispar�mos.

Pulverizaram-no com as metralhadoras,
no meio do cruzamento.

E morreu no local.

Mal dispar�mos, o sinal ficou verde

e ficou tudo a olhar.

E n�s, como se nada fosse,

metemos a primeira e avan��mos
como os outros.

Uns quarteir�es � frente,
larg�mos o carro.

Salt�mos do carro
e fomos para casa.

Uma zona residencial pacata
em Kendall esta noite

foi cen�rio duma
carnificina em massa.

Recebemos hoje
uma queixa pelas 17h45.

Uma chamada an�nima
a dizer que tinha havido

um homic�dio nesta morada.

Chamam-lhe os Seis de Kendall.

Mataram seis pessoas
num andar dum pr�dio.

Os corpos foram encontrados
num andar de tr�s assoalhadas

acabado de construir em Kings Court,

uma comunidade residencial
de luxo na Kendall Drive.

Quatro homens e duas mulheres.
O alvo inicial era o Nicolado.

Era primo de outro tipo.
Chamavam-lhe Chino.

Foram mortos na casa
em Miami Lakes, pelo Rafa.

E ele estava em guerra,
a tentar matar o primo.

Puseram-no na lista.

N�o teve nada a ver com a Griselda,
mas como ela e o Rafa

eram parceiros de neg�cios
t�o chegados, ela meteu-se.

Foi a gente dela que fez aquilo.

Estou convencido de que foi
por ordem da Griselda.

N�o sei exactamente
quem estava presente.

Acontece que quando foram � casa,
um dos tipos que vivia l�

tinha dado
uma festa na v�spera.

E estavam mais cinco pessoas na casa.

Havia uma mulher
e tr�s homens a mais.

Mas estavam l�,
n�o havia volta a dar.

Num caso como o dos Seis de Kendall,
do grupo qu�druplo ou l� o que for,

normalmente s� uma
das v�timas � intencional.

H� quatro ou cinco pessoas,
ou duas ou tr�s

que estavam no s�tio errado
na hora errada.

Mataram-nos a todos. Os seis.

Os seis foram torturados e mortos,

incluindo uma empregada.

O homic�dio evidenciou aquilo
que mais preocupava a pol�cia.

Que ao perseguir um alvo,

os assassinos se dispunham
a matar toda a gente da sala.

Isso acontecia muito na Col�mbia.

Agora estava a acontecer em Miami.

Os jornais de Medell�n
sabiam tudo sobre as v�timas

v�rios dias antes da pol�cia
americana as identificar.

Sabemos que s�o seis v�timas.

Quatro latino-americanos
entre os 20 e os 30 e poucos anos,

e duas latino-americanas
na casa dos 20.

A pol�cia ainda n�o revelou
como foram mortos.

Os quatro homens foram baleados,
e as mulheres foram asfixiadas.

Embrulharam-nas com fita
e elas sufocaram.

E havia um beb� que sobreviveu.

N�o fizeram mal ao beb�,
mas levaram-no da casa,

para n�o o deixarem com os cad�veres.

Se bem me lembro,

foi a irm� do Rivi
que tomou conta do beb�.

Os detectives t�m poucas pistas
do paradeiro

do menino cujo nome
revelaram ser Andres.

Nesta altura, a prioridade
� encontrar a crian�a.

Fez as manchetes todas.

Seis pessoas mortas
e um beb� desaparecido?

Era assunto de primeira p�gina.

Esperamos que,
se foi mesmo raptado,

se apercebam de que tem
apenas 13 meses de idade,

que n�o os pode identificar,
que n�o fala.

Fui contactado por algu�m
acerca do problema,

o beb�.

Disse a quem me ligou:

"Se te prenderem com o beb�,

no m�nimo, vais levar
com uma acusa��o

de rapto, se n�o
dos seis homic�dios."

Porque o beb� era o �nico
ind�cio que tinham.

Talvez o deixem em lugar seguro,

e consigamos pelo menos
a devolu��o do beb�.

No dia seguinte veio
uma chamada da Col�mbia

para a pol�cia de Miami, a dizer
onde podiam encontrar o beb�.

Encontraram-no num centro comercial,
sentado num banco.

� outro crime que nunca
foi solucionado.

Pol�cia de Miami Sem Suspeitos
Para Seis Execu��es

Estava a preparar-me para ir
para Nova Iorque fazer uns trabalhos.

Havia dois carros na entrada:

uma carrinha e um Corvette,
um dos meus Corvettes.

Estava a carregar a minha bagagem
para a carrinha para ir ao aeroporto.

O meu filho entrou na carrinha
e destravou o carro.

E a carrinha descaiu

e a minha filha ficou entalada
entre os dois carros.

Partiu a p�lvis, as costelas
e as pernas.

Levei-a � pressa para o hospital,

e liguei � Griselda a dizer
que n�o podia ir para Nova Iorque

por causa do sucedido.

Ela disse:
"N�o te preocupes."

Contei-lhe do hospital, eles pediam
seguro m�dico e essa treta toda.

Nesse tempo n�o tinha
o dinheiro que queriam.

Disse � Griselda.
Ela disse: "N�o te preocupes.

Trabalhas para mim,
e isso est� tudo inclu�do."

N�o era s� o dinheiro,
era o que ela ajudava,

nunca me esqueci disso.

Eu gostava dela.

Ia a caminho de Nova Iorque
e descuidei-me.

T�nhamos duas metralhadoras,
uma Mac-10, uma Mac-11,

v�rias armas com silenciadores.

Pusemos tudo na mesma mala.

Eu fiz isso.

Cheg�mos ao aeroporto
e largaram-me sem problemas.

A mulher do Chicho vinha connosco

e o Chicho tinha uma mala,
mas era bastante pesada.

Via-se que era pesada.
Fui ao balc�o e falei com a menina,

disse que t�nhamos reservas
para um voo para o La Guardia.

Ia pegar na mala, mas era t�o pesada.
Disse: "Meu Deus, o que tem dentro?"

Eu disse: " Apenas roupas
e bagagem."

Ela chamou algu�m
para a p�r no tapete.

Quando o tipo o fez, olhei para ele
e tinha-o visto � entrada.

Ele n�o era funcion�rio do aeroporto.
E eu disse ao Chicho:

"Temos de nos separar.
O tipo � b�fia,

� um agente federal,
mas n�o vejo mais nenhum."

Fiquei ali.
Era imposs�vel apanharem-nos a todos.

Algu�m ia escapar.

Disse ao Chicho:
"Vai para a esquerda,

eu volto para tr�s,
e Tulio, vai para a direita."

Pego nos bilhetes e volto-me.

Quando me volto e chego �s portas,
ela sai com outro tipo.

Disse que era da Ag�ncia
do �lcool, Tabaco e Armas.

Disse: "Venha comigo."
E eu: "Porqu�, estou preso?"

Ela disse: "Est�." Quis fugir,
mas n�o havia para onde.

E n�o tinha a minha arma.

Por isso, disse:
"Est� bem, vamos."

Meteram-me numa sala.
Eu disse: "Qual � o problema?"

Ela disse: "A sua bagagem."

Estava uma mesa grande � minha
frente, e a mala estava aberta.

Tamb�m estava l� o Chicho.
"Esta mala � sua?"

Eu disse: "N�o, senhora."

As metralhadoras estavam � vista,
e os carregadores estavam de fora,

mas as balas ainda estavam metidas.
Podia ter agarrado nelas.

Prenderam-nos e levaram-nos
para a cadeia de Broward County.

A nossa fian�a foi
de 150 000 d�lares cada.

No dia seguinte,
aparece o Luis Casuso.

Era muito famoso
por representar colombianos.

Os traficantes colombianos
t�m tanto dinheiro,

que podem facilmente pagar
a cau��o quando s�o presos.

O testemunho que acabaram de ouvir

� uma t�ctica alarmista para o juiz
n�o baixar a cau��o.

Cardona foi liberto com a cau��o
diminu�da para um milh�o de d�lares.

Ela e as duas irm�s
fugiram para a Col�mbia,

e est�o agora outra vez
no neg�cio da coca�na.

Quando ele entrou,
eu j� sabia quem ele era.

E disse que nos ia
representar aos dois.

Os colombianos
pagam em numer�rio.

E era sempre em dinheiro,
notas de cem d�lares.

E a quantia depende dos casos.

� uma esp�cie de mito
em Dade County,

as pessoas entrarem
com sacos de dinheiro.

Um milh�o de d�lares pesa
� volta de nove quilos.

Numa caixa de sapatos
ou de t�nis.

Embrulha-se como um presente,
p�e-se no banco de tr�s.

Abre-se, conta-se � frente dele
e est� a andar.

Seja o que for que tem de fazer
com o dinheiro, ele faz.

Quando vinha ao meu escrit�rio,
punha armas em cima da secret�ria.

Ele sabia tudo o que se passava.

Sou advogado dele,
e ele conta-me coisas

que eu n�o quero ouvir. Se est�
a tentar causar boa impress�o...

... n�o consegue.

�s vezes, pergunto:
"Viu o fulano de tal?"

"Est� � procura dele?"
E eu: "Estou."

"N�o o vi."

N�o quero saber,
n�o quero ouvir:

"Mat�mos este gajo aqui, acol�."

Costumava cortar-lhe a palavra.

Ele disse: "Sabe que vou
fazer uma mo��o

para anular o processo,

mas primeiro tenho de vos tirar
da cadeia." T�nhamos um fiador.

Tinham comprado uma casa,
e iam dar a casa como cau��o,

mas s� para um de n�s.

Eu disse: "Se entr�mos juntos,
tamb�m sa�mos juntos."

O fiador disse:
"Mandaram-me tirar-te a ti."

Ent�o, disse: "Chicho, eu venho
buscar-te daqui a alguns dias."

Sa� e disse � Griselda:
"Tenho de tirar o Chicho de l�."

"Quem � esse?"
Eu disse: "� o meu melhor amigo."

"Isso � contigo.

Levaste-o, agora tira-o."

Tinha os fundos,
mas faltava branque�-los.

Ela n�o ia pagar a cau��o.
N�o o ia tirar de l�,

porque ainda n�o fazia
parte da equipa. Oficialmente.

E ele ficou lixado.

A mulher dele... Estava em nossa casa

a maior parte do tempo,
com a minha mulher.

E estava sempre a dizer cenas,

a amea�ar que, se ele
n�o sa�sse, ia ao FBI

que ia chibar toda a gente,

e que tinha um livrinho
com as matan�as

que a Griselda ordenara,
e todas as que eu tinha feito.

Eu disse-lhe: "Sabes que isso
� um assunto muito delicado.

Cala a boca e acalma-te.
Ele vai sair.

Se ele n�o sair,
a gente organiza uma evas�o.

Mas tem calma."
Ela disse: "Diz � tua patroa

que, se n�o tira o meu marido at�
ao fim desta semana, vou ao FBI."

Eu j� a tinha debaixo do olho.

Onde quer que fosse,
algu�m a seguia.

Se ela se aproximasse duma
esquadra da pol�cia, estava feita.

Fui � Griselda e contei-lhe.

Ela disse:
"Devias t�-la matado logo ali."

Eu disse: "N�o h� mais nada a fazer

sen�o matar a mulher
do meu melhor amigo."

Disse-lhe que a Griselda queria
falar com ela. Fomos a um hotel.

Est�vamos no bar
a beber uns copos.

N�o fui capaz de ser eu a mat�-la.

Pedi ao Oscar,
e a outro tipo,

e eles disseram:
"N�o, meu. N�o fa�o isso."

�amos voltar para casa.

Normalmente, eu � que conduzo
mas atirei as chaves ao Oscar.

Disse: "Guia tu,
eu vou no banco de tr�s."

Quando ela viu isso,
disse: "Que se passa?

Vais atr�s para me dares
um tiro na cabe�a?"

Eu disse: "N�o. S� que
n�o me apetece guiar."

Ela diz: "Tretas. Conhe�o-te bem."

Nunca deixas outro guiar.
Passa-se qualquer coisa."

Eu disse: "N�o se passa nada."
Ela disse: "Se vais disparar,

v� l� se acertas
aqui mesmo atr�s da cabe�a."

E eu disse: "Se quiseres, eu guio."

Ela disse: "Deixa,
n�o estou preocupada."

Cheg�mos a meio quarteir�o
da casa e ela foi morta.

O corpo foi largado
perto da nossa casa.

Cheguei a casa e o carro
estava cheio de sangue.

A bala atravessou-lhe a testa e saiu
pelo p�ra-brisas. Foi uma porcaria.

Pus uma cobertura no carro. T�nhamos
sempre coberturas para os carros.

No dia seguinte, levantei-me
e recebi uma chamada dela.

Disse: "Est� feito."
"Est� bem."

O Chicho tinha estado
a ligar l� para casa.

Eu disse � minha mulher
para dizer que eu n�o estava.

Depois das 17h ele liga
outra vez, e eu atendi.

Perguntou-me onde estava
a mulher dele.

Eu disse: "N�o sei, n�o a vi."

Ele disse: "De certeza que
n�o sabes onde ela est�?

Eu disse que n�o sabia.
"Vi-a ontem � noite, ia para casa."

Ele diz: "Vi-a na televis�o."

Eu disse, "O qu�?"
Ele disse: "Vi-a na televis�o."

Na Coral Way com a 132� Avenida,

o corpo de uma mulher por identificar
foi encontrado perto da estrada.

"Mataste-a."

Disse: "N�o sei
do que est�s a falar."

Ele disse: "Mataste-a, foste tu."

Ele disse: "A gente depois conversa."
Foi a �ltima vez que soube dele.

O Carlos Nossa,
cham�vamos-lhe Manteco,

mantequilla, manteiga,
porque era muito branco.

Tinha olhos verdes,
parecia um americano.

�ramos como irm�os.
A Griselda n�o gostava muito dele.

Dizia que ele era ganancioso,
que n�o confiava muito nele.

Era uma das raz�es por que
nunca sabiam onde ela morava.

S� eu � que sabia.

Essa tarde mandaram-me
ir a sua casa.

A Griselda disse: "Foste ao Omni?

Encontraste-te com algu�m?"

Disse: "Sim, encontrei o Cacheton."

O Cacheton era um dos clientes dela.

"Que disse ele?"

"Tinha um trabalho importante
se eu quiser.

Uma matan�a dupla,

que valia muito dinheiro,
mesmo muito dinheiro.

Mais do que alguma vez ganhara."

E ela disse: "Sabes se ele falou
com mais algu�m?"

Disse: "Acho que sim.
Apanhei-o a falar com o Manteco."

E ela disse: "Adivinha s�.

O golpe duplo que te quer dar
sou eu e o Dario.

� isso que ele quer."

Devia ter uma grande d�vida
com a Griselda.

E ele disse: "Tens de cuidar
deles os dois."

Se n�o puderes, diz-me
e eu mando a minha equipa."

O Manteco era o meu melhor amigo.

Matar o meu melhor amigo.

At� hoje, n�o tenho qualquer prova
de que o Manteco ia dar esse golpe.

Duvido muito, porque
�ramos demasiado amigos.

Mas com ela,
s� era preciso uma d�vida.

Foi duro, sobretudo com minha filha.

A minha enteada, a Lisa,
tinha nove anos,

portanto, estava mais atenta
do que os outros mi�dos.

Via armas,

via tipos a entrarem
em casa com as armas,

e come�ava a fazer perguntas.

N�o foi f�cil.

Muito do dinheiro que estava
a ganhar, dava � minha sogra.

Abri uma conta no Panam�
e guardei dinheiro para os filhos,

porque nunca pensei
que viesse parar � cadeia.

Pensei que me iam matar.

Era isso que eu pensava
ao deitar todas as noites:

"Talvez seja amanh�."

Metia-me num tiroteio
ou baixava as defesas

e algu�m mais esperto que eu

me dava um tiro na nuca
quando estivesse num restaurante,

o que quase aconteceu v�rias vezes.

Por isso � que vivia � grande,
porque talvez fosse o �ltimo dia.

O Papo Mejia tinha sido
um dos executores da Griselda.

Ao que parece, enganara-a
e fora trabalhar por conta pr�pria,

e isso ela n�o perdoava nem esquecia.
Ficava em p� de guerra.

Est� de momento a decorrer uma rixa

que faz a dos Hatfield
e dos McCoy parecer insignificante.

Estava a perder muita gente,

por isso pediu-me
se arranjava mais gente.

Disse: "Assegura-te de que sabem
do que a casa gasta.

N�o me tragas dois
como o Manteco e o Chicho."

Fiz de conta que n�o ouvi.

Disse: "Tenho dois amigos
em Chicago, s�o marielitos.

N�o brincam em servi�o."
Ela disse: "� disso que eu preciso."

E eles tinham a reputa��o

de serem muito perigosos.

Um deles, o Guillermo Foralis,
chamam-lhe Pepe.

Disse-lhe: "Porque n�o apanhas
um avi�o at� c�?"

Ele veio, e eu perguntei:
"Tens mais amigos?"

Ele disse: "Sim, tenho mais um."
Mandou-me o Miguel Perez.

"Estivemos presos em Cuba juntos,
fizemos uma data de merda em Cuba."

Eu disse: "Achas que ele
consegue matar algu�m?"

Ele disse:
"Sim, ele j� fez isso."

O Miguelito? Sim.

Esta � uma foto que lhe foi tirada

pouco depois de chegar c�
em 1980, no �xodo de Mariel.

Era um criminoso.
Um dos tipos mais medonhos

com que me deparei
em toda a carreira.

Era mais fisicamente intimidante.

Era maior que o Rivi,
mais forte que o Rivi.

Era o tipo de gajo para quem
se olhava e se pensava:

"Este tipo pode explodir
a qualquer momento,

ter uma f�ria e
partir-nos o pesco�o."

Disse-lhe que tinha mais
dois marielitos e um cubano.

Ela disse: "S�o a tua equipa
e �s respons�vel por eles."

O Miguelito basicamente
trabalhava para o Rivi.

Quando c� chegou, demonstrou ser
de confian�a e implac�vel,

e usaram-no basicamente
para todos os servi�os.

O homic�dio de Johnny Castor...

A v�tima tem tr�s anos de idade,

aparenta ser um latino-americano
com ferimentos de bala m�ltiplos.

O alvo era o pai dele, mas
falharam e mataram a crian�a.

Abatido a tiro, s� porque estava
sentado ao lado do pai,

que era colombiano e um alvo
dos Cocaine Cowboys.

O Miguelito estava
presente na altura.

Bem como os homic�dios
ao estilo de execu��es

dum homem e duma mulher,
seis meses depois.

O duplo homic�dio Lorenzo,

onde as crian�as
foram deixadas na cena

com os cad�veres dos pais,

e o Miguelito estava presente,
com toda a certeza.

O facto de um beb�
ter sido deixado

a gatinhar em cima
do corpo ensanguentado da m�e...

N�o consigo pensar em nada
mais horr�vel, n�o consigo mesmo.

Acredita-se que Miguel Perez
est� implicado,

n�o apenas nesses homic�dios,

mas noutro num campo
de futebol em Miami Lakes.

Esses homic�dios do campo de futebol
tiveram cerca de um m�s de intervalo.

O corpo foi encontrado
aqui mesmo, num raio de 14 metros.

O carro dele estava estacionado aqui.

Um latino desconhecido chegou-se
a ele � queima-roupa,

deu-lhe um tiro na nuca.

Tratava-se de Edgar Restrepo.

Era o nosso segundo homic�dio
do campo de futebol em dois meses.

Eram conhecidos por Pel� 1 e Pel� 2.
Achei isso de mau gosto,

mas foi mais um golpe
da Griselda Blanco,

tal como o homic�dio do campo
de futebol no m�s anterior.

Os homic�dios foram cometidos
por Miguel Perez, Miguelito.

Enquanto eu estava
na cena dum deles,

a pol�cia disse: "Os campos de
futebol s�o agora s�tios perigosos."

Mas acho que toda Miami era perigosa.

Outro foi baleado na alf�ndega
do aeroporto por um motociclista.

Dois tipos apareceram numa motoreta
e abateram-no a tiro.

Bem-vindos a Miami!

Um terceiro foi assassinado
a sair duma grande loja.

O homic�dio de Octavio Mejia,

mais conhecido como Monomica.

Quando o Mejia
saiu do centro comercial,

fizeram-lhe uma emboscada.
Levou muitos tiros.

Outra v�tima prov�vel
de Griselda Blanco e Paco Sepulveda.

O rapto de Marta Gomez.

Baleada � queima-roupa na nuca.

Mas um pouco mais abaixo,
e sobreviveu.

Mais uma pega
no conflito Griselda Blanco-Mejia.

A guerra recome�ava,
desta vez na Col�mbia.

Na Col�mbia, derramara-se
muito sangue nas contendas

entre as fam�lias das drogas.

Uma guerra que deixou
mais de cem mortos,

alguns deles transeuntes inocentes.

Houve muita matan�a l�.

Medell�n, Col�mbia, onde chegam a ter

doze matan�as por dia.

� a origem de muitos dos assassinos
e v�timas que acabam em Miami.

Estava na Col�mbia
� procura do Papo.

O Rafico atendeu o telefone,
falou com algu�m e disse:

"Sabemos onde est�."

Eu disse: "Quem?" Ele disse:
"O Papo. A uma hora daqui."

Peg�mos nas armas e nos carros...

Pass�mos de carro no Caf� Aldo.

Eles eram dez e n�s �ramos dez.

Mat�mos uns tr�s dos deles.
Durou cerca de uma hora.

Durante os tr�s dias
de feriados do Natal,

houve aqui 35 homic�dios.

Nos arredores da cidade,
num fim de semana em Janeiro,

os corpos de 11 v�timas de homic�dio
apareceram em caixotes de lixo.

Voltei a Miami pelas duas da tarde.

Queriam falar comigo em Miami Lakes.
� muito importante.

Cheguei a Miami Lakes,

� butique da mulher do Max
Mermelstein, Cristina Fashions.

Chego l� e est� l� o grupo todo.

A Griselda, o Dario...
Perguntei-lhes o que se passava.

Disse que o Papo Mejia tinha
apanhado o �ltimo voo para Miami,

mesmo atr�s do meu, uma hora depois.

"Est�vamos a pensar
se podias ir busc�-lo ao aeroporto."

Eu disse: "No aeroporto, n�o.

� uma miss�o suicida,
e eu n�o fa�o miss�es suicidas.

Apanho-o c� fora." E ela disse:

"N�o, quero que ele seja morto
dentro do aeroporto."

Eu disse: "N�o."

Tamb�m me ofereceu
meio milh�o de d�lares.

Meteu a m�o debaixo duma mesa

e tirou uma baioneta de 40 cm.

Acho que foi o Max que a comprou
numa das lojas do ex�rcito.

Estava toda ferrugenta e velha.
Queria que o espetasse,

porque ele era um porco
e a alcunha dele era Porco,

queriam-no morto como um porco.
Eu deixei andar.

Eu disse: "Est� bem,
mas eu n�o fa�o isso l� dentro."

E ela disse:
"Temos outra pessoa que o faz."

Eu disse: "Quem?"
Ela disse: "O Miguel Perez."

Eu disse ao Miguel:
"Quero ir contigo,

quero ir no carro contigo
at� ao aeroporto.

Quero entrar no aeroporto contigo.

Quando te mostrarmos o alvo,
ficas sozinho."

O esfaqueamento de Papo Mejia,

sendo o Papo um arqui-inimigo
da Griselda Blanco.

O Papo Mejia tinha a perna em gesso,
do joelho ao tornozelo.

A olhar em volta.

Acho que estava � procura
dos inimigos, � nossa procura.

E quando saiu da Alf�ndega,

apareceu um homem com uma baioneta
e espetou-lha v�rias vezes.

Claro que era uma loucura,
e foi mesmo,

porque foi apanhado.

Lembro-me de voltar
no carro com o Dario,

e eu disse-lhe:
"Eu avisei."

Ele disse:
"Achas que o Miguel vai falar?"

Eu disse: "Ele n�o vai falar,
mas est� na merda agora."

N�o sei se existe outra organiza��o

a quem possa ser atribu�do
o mesmo n�mero de homic�dios

de que a Griselda
foi culpada. N�o sei.

Onde houve homic�dios em 1980

A quantidade de casos das Guerras
da Coca�na foi astron�mica.

Nunca trabalhei tanto na vida.

Isto � o que nos aguenta.
Caf� cubano.

Os traficantes t�m mais pessoal
e equipamento do que a pol�cia.

E est�vamos sempre a ir a cenas
de crime, aos casos e ao tribunal.

Sabem que est�o a perder a guerra

porque n�o t�m pessoal
nem equipamento suficiente

para combaterem
os traficantes de drogas.

Se me perguntassem de quantas
pessoas precisava, nem saberia dizer.

H� demasiados homic�dios,
e t�o poucos pol�cias.

E muitos pol�cias fartaram-se.

Chega, n�o posso mais.

Estou c� h� dez anos,
enterrei oito colegas.

N�o h� problema se algu�m saca
duma arma e nos abate.

Anda tudo emocionado
durante tr�s dias at� nos enterrarem,

deitam um punhado de terra
por cima, e est� a andar.

Tenciono sair em Dezembro.
Chego aos dez anos, e ala.

E quando deixar a Florida do Sul,

por mim, pode-se soltar
e flutuar at� � Am�rica do Sul,

porque j� n�o me interessa.

Ele disse: "Que se lixe,
vou-me embora," e partiu.

Demitiu-se o dobro
do n�mero normal de agentes

da Pol�cia de Miami este ano.

Houve uma corrida para contratar
agentes para preencher as vagas.

Tanto a pol�cia metropolitana
como a de Miami

est�o a fazer um esfor�o
para preencher as vagas

causadas pelas taxas
recorde de demiss�es.

A Metro at� contratou uma empresa

para ajudar a recrutar minorias.

Dantes contrat�vamos a nata.

Agora aceitamos qualquer candidato.

Estamos a contratar muita gente
para ser pol�cia

que normalmente
n�o teria sido aceite.

Em Julho de 1985, uma
investiga��o de triplo homic�dio

come�ou quando tr�s corpos
foram encontrados

no exterior do Estaleiro Jones,
no Rio de Miami

Tr�s corpos a boiar no Rio de Miami,

no que pareceu ser quase
um homic�dio rotineiro.

Duas noites antes,
um barco foi aqui descarregado.

Duzentos quilos de coca�na.

Seis indiv�duos de uniforme
invadiram o barco,

e havia seis descarregadores a bordo.

Todos os seis saltaram do barco
para dentro do rio, onde � a marina.

Tr�s sobreviveram,
os outros tr�s n�o.

Tr�s afogaram-se,
e vieram � tona dois dias depois.

Rapidamente se determinou
que eram traficantes.

Sendo latinos e traficantes,
foram um caso do CENTAC numa semana.

Em 1985, um crime muit�ssimo vulgar
era o dos assaltos

e embustes por impostores
que fingiam ser da pol�cia.

Presumimos que fosse um desses casos.

Umas pessoas compraram uniformes
e deram um golpe de drogas.

Recebemos uma chamada
do detective Louis Alberti

que disse ter um agente
de uniforme no seu departamento

com informa��o sobre o caso.

Uma noite pelas 23h, fomos at� l�
falar com o agente Armando Estrada.

Ficou rapidamente muito claro
que a informa��o

que o agente nos estava
a dar era enganosa,

e que era claro que estava
a tentar despistar-nos.

Nessa altura,
soubemos instintivamente

que era um caso
de corrup��o na pol�cia

e n�o de impostores
a fazerem passar-se por pol�cias.

Alega��es de corrup��o
sem precedentes

dentro da pol�cia de Miami.

Tivemos a maior crise
de corrup��o na pol�cia

desde os dias do Serpico
em Nova Iorque.

Foi detest�vel. A �ltima coisa que
se quer � investigar outros agentes.

Mas se tem de ser feito,
tem de ser feito.

Detiveram sete
agentes da pol�cia.

Alguns foram acusados de causar
os afogamentos no rio,

roubar os traficantes,
planear a morte

ou intimida��o de testemunhas.

Uns meses mais tarde,
o esc�ndalo foi revelado.

Rudy Arias passou
de arguido a informador,

confessou os seus crimes e deu
o nome de mais de 60 outros agentes

que tamb�m acusou de corrup��o.

Esperam-se duas novas
acusa��es este m�s

no caso dos Pol�cias do Rio.

E esperam-se ainda mais
depois dessas.

Os Pol�cias do Rio est�o
desesperadamente a tentar negociar.

O Rodolfo Arias revelou-se
uma excelente testemunha.

Deu informa��es acerca
de dezenas de outros agentes.

Foram condenados
18 antigos agentes,

sendo quatro deles
testemunhas para o governo,

dois esconderam-se,

oito confessaram-se culpados
antes ou durante os processos,

um condenado
e outro ainda em tribunal.

Entretanto,
outros 20 antigos agentes

est�o a ser investigados por agentes
das for�as de Miami-Metro Dade

ou do FBI,
e v�o possivelmente ser acusados

no Tribunal Estatal ou Federal.

As acusa��es eram
inacredit�veis e chocantes.

O caso mais chocante
de que tenho conhecimento.

Homic�dios, desfazerem-se
criativamente de corpos,

intimida��o de testemunhas,
branqueamento de quantias enormes,

chantagem, tr�fico de drogas,

centenas de quilos de coca�na...

E eram todos agentes da pol�cia
a serem acusados destas coisas.

N�o havia lei ou ordem
de qualquer esp�cie.

Temos de come�ar a levar
a guerra das drogas muito a s�rio.

Sen�o, vamos ter
uma guerra do Vietname c� dentro.

Ou travamos a batalha e vencemos,
ou desistimos.

V�o esperar que a filha
de algum senador

ou o sobrinho de algum
deputado seja raptado,

por acharem que ele teve que ver

com fazer passar uma lei
que os prejudicou,

e depois, que fazemos?

Temos de ter uma grande
reac��o em casa.

Os governos implicados
no tr�fico de drogas

devem receber san��es.

E temos de fazer um grande
esfor�o para os isolar

do mundo civilizado.

A Paula Hawkins estava a fazer ondas

durante as guerras da coca�na,
quando o Reagan veio c� com o Bush.

O Max come�ou a mostrar
o jornal � Griselda,

sobre a Paula Hawkins
a fazer discursos

sobre o com�rcio das drogas,
isto e aquilo.

Est�vamos em casa do Max
e a Griselda disse:

"Quero matar esta cabra."

Eu disse: "Quem?"

Ela disse: "Esta cabra, a Paula."

Eu disse: "A Paula Hawkins?
� senadora."

Ela disse: "Sim, quero que a mates."
Eu disse: "Eu n�o vou fazer isso."

Ela disse: "Pago-te bem."
Eu disse: "N�o quero saber."

Era muita aten��o da pol�cia.
Se ela for morta...

N�o h� esconderijo que nos valha
se matarmos uma senadora.

Perguntou-me se era poss�vel,
disse-lhe que sim.

� outra pessoa. � poss�vel.

Ia dar um discurso em Nova Orle�es.

Faltavam tr�s semanas
para o discurso.

Na Col�mbia,
� uma coisa di�ria normal

mas nos Estados Unidos
nunca debatemos

a morte dum presidente
ou senador. Nem dum juiz.

S� advogados. Nisso
fal�vamos todos os dias.

O Max continuou a insistir.
"O Rivi devia faz�-lo.

O Rivi � o tipo indicado,
tem boa pontaria."

Comecei a dizer � Griselda,
"Se fizerem isto,

o neg�cio vai por �gua abaixo.

N�o v�o ter onde se esconder,
em nenhuma parte do mundo.

V�o perseguir-vos o resto da vida.

Est�o a perseguir-vos agora,
mas isto n�o � nada comparado

com aquilo em que se meteriam."

Falei com a Griselda e com o Dario.

Consegui cham�-los � raz�o.
Disse: "Deixem-se disso,

n�o � bom para o neg�cio."

Acho que isso � um
dos problemas mais graves

com que nos deparamos
nos Estados Unidos.

V�o ter de deixar de tratar

este problema nacional
que temos aqui nesta zona

como um problema local,
e empregar recursos,

dinheiro, pessoas e agentes
c� para lidar com isto.

Estavam fartos, sobretudo com
o vice-presidente Bush em Miami.

Para quem c� vem
com pistolas autom�ticas

e os seus jactos e barcos
comprados com os trocados,

como despesas do neg�cio
porque os lucros s�o t�o grandes,

prendam-nos, encontrem-nos,
apanhem-nos e prendam-nos.

A cidade estava farta,
o governo federal estava farto.

Trouxeram a for�a de interven��o,
trouxeram a cavalaria.

Trouxeram a pol�cia estatal
para patrulhar as ruas de Miami.

Espero e rezo para que estas pessoas

obtenham a pena m�xima de morte,

para dar um exemplo ao resto
do neg�cio das drogas

a acontecer por toda a Florida,
que n�o os vamos tolerar.

N�o merecem piedade.

A marinha emprestou
dois avi�es de radar.

O ex�rcito emprestou
helic�pteros de ataque.

A guerra est� a ser
travada no Atl�ntico.

Navios e avi�es,
parte da Opera��o Hat Trick,

para impedir o tr�fico de drogas.

A Opera��o Hat Trick �
o Dia D da guerra �s drogas.

Navios militares e avi�es com agentes
de combate � droga a bordo

rastreiam suspeitos de contrabando.

Espera-se que agrade
�s for�as da lei.

Est�o h� muito tempo a pedir a ajuda

ao ex�rcito para a guerra �s drogas.

Qualquer contrabandista
que vai entrar na costa

dos Estados Unidos agora, vai estar

um pouco nervoso,
pois talvez n�o consiga chegar.

As deten��es na zona da for�a de
interven��o aumentaram em 27%.

As apreens�es de drogas
aumentaram em 50 por cento.

Havia demasiada pol�cia,
e muita aten��o na televis�o.

Como tinha neg�cios na Calif�rnia,

disse � Griselda que dev�amos
ir embora por algum tempo.

Ela disse:
"Isso � boa ideia, al�m disso

vamos abrir uma rota nova
para a Calif�rnia."

Agora que sabemos,
olhando para tr�s

que saiu da regi�o por volta de 1984,

foi �bvio que a taxa de homic�dio
baixou nesse per�odo.

Os esfor�os aqui da for�a
de interven��o de narc�ticos

fizeram com que as autoridades
noutras zonas do pa�s

constatassem que tiveram um aumento
dos problemas com traficantes,

a passar coca�na por outros
lugares, longe de Miami.

A rede colombiana est�
a alastrar para Los Angeles,

onde a pol�cia diz que
as apreens�es de coca�na

est�o maiores que nunca.

Tendo em conta que toda a opera��o

se mudou para a Calif�rnia,
e eu sou agente de Miami,

tive de convencer os superiores
que valia a pena

eu investigar
um caso na Calif�rnia.

Eu disse que se
alguma vez a apanhasse,

lhe dava um beijo na face.

O que o Mickey trouxe
foi apenas uma parte.

E eu nunca disse ao Mickey
se tinha mais algu�m

a trabalhar, porque
experimentei outras pessoas.

Est�vamos a trabalhar com
o Barry Seal. Era de outro grupo.

O Barry tinha sido piloto da TWA,

e piloto de guerra
no Vietname antes disso.

O Barry foi, de todos,
o melhor piloto que vi na vida.

E foi dar ao mercado
dos cart�is colombianos

como especialista de entregas.

E meteu-se com armas,

dinheiro e drogas, com voos de,
e para, Man�gua na Nicar�gua,

onde gozava da protec��o
do presidente da Nicar�gua.

O Homem Que Enfurece Reagan

O Barry Seal tinha a opera��o
mais incr�vel que alguma vez vi.

N�o sou traficante de drogas.
Eu digo: "Provem-no."

O Barry era destemido.

Mil ou 1500 quilos de coca
eram uma brincadeira para ele,

e n�o eram um problema.

O Barry trabalhava no Luisiana.
Estava sempre pronto a trabalhar.

N�o queria saber. Pegava no avi�o,

ia l� abaixo e atirava
mil quilos para dentro do avi�o,

e voltava para o Luisiana.

Aterrava num aeroporto regular.
Tinha um armaz�m.

Tinha rampas traseiras que baixavam,

e podia-se conduzir
ve�culos em cima delas.

Podia-se p�r toneladas
nestes ve�culos.

O Barry foi apanhado com uma carga,
e n�o disse a ningu�m.

Fez um acordo para ser informador
federal confidencial.

Soltaram-no e instalaram c�maras

no interior do avi�o.
E queriam que ele filmasse

um carregamento,
trazer a coca de volta

e o filme para c�.
E ele concordou em fazer isso.

O ex�rcito trouxe
os cami�es carregados

os sacos de lona cheios de coca�na.

E foram carregados a bordo do avi�o

pelos soldados cubanos
e sandinistas.

E ele conseguiu
umas imagens bestiais.

O Barry Seal p�de tirar
fotos durante a miss�o

de um dos principais traficantes
de coca�na internacionais,

soldados e oficiais
do governo Sandinista,

a carregar coca�na no avi�o.

Altos funcion�rios
do governo nicaraguense

est�o gravemente implicados
no tr�fico de droga.

E na televis�o nacional,
o presidente Reagan

mostrou uma fotografia,
e disse: "Este � o Pablo Escobar,

a carregar um avi�o com coca�na."

Esta foto, tirada � socapa
num campo de avia��o militar

nos arredores de Man�gua,
mostra o Frederico Vaughan,

ajudante principal
de um dos nove comandantes

que governam a Nicar�gua,
a carregar um avi�o

com narc�ticos ilegais
com destino aos Estados Unidos.

As fotos foram obtidas
pelo Barry Seal.

Desta forma, tornou-se testemunha
principal no caso de drogas

mais importante do sul da Florida.

O Seal tamb�m disse � comitiva
de crime organizado do presidente

qu�o f�cil � fazer
contrabando de coca�na.

A minha primeira experi�ncia
foi com marijuana,

mas passei para a coca�na
por ser f�cil de manusear,

e pelo lucro que d�.

Foi quando a pol�cia come�ou
a apertar com Escobar e Ochoa.

N�o foram os colombianos.

Os colombianos
estavam-se a marimbar.

Mas este governo que estava
a dar dinheiro � Col�mbia

come�ou a apertar com eles por l�.

Seal j� est� a colaborar com agentes
do combate �s drogas em Miami,

onde � testemunha-chave
numa das maiores

investiga��es na hist�ria
do sul da Florida.

Entretanto, ainda h� perguntas
por responder

na investiga��o de Baton Rouge.

Havia um juiz em Baton Rouge,
no Luisiana,

que n�o gostava muito do facto

de ser um juiz federal
em Miami que ia

decidir o destino do Sr. Seal.

Um grande j�ri federal
em Baton Rouge

tem investigado as actividades
de Seal ao longo de 15 meses.

A indicia��o de hoje acusa
Seal de conspira��o

de posse e distribui��o
de 210 kg de coca�na.

com um valor de mercado
calculado de 168 milh�es de d�lares.

Em troca da colabora��o de Seal,

o Departamento de Justi�a
vai-lhe permitir declarar-se culpado

das acusa��es de hoje, e receber

o que equivale
a um pux�o de orelhas.

Cheguei a um acordo exactamente
do tipo que queria.

Se est�o contentes ou n�o,
ter� de lhes perguntar.

E, apesar de diversos apelos,
aquele juiz no Luisiana

recusou-se a desistir duma ordem
de pris�o domicili�ria de seis meses,

uma ordem sem qualquer significado,
no final de contas.

Especulou-se que este juiz sabia,

ou devia ter sabido,
que com uma ordem p�blica

em que este indiv�duo
tinha de aparecer

e as horas a que ele tinha
de aparecer e ir-se embora,

lhe estava a dar
uma senten�a de morte.

E foi isso que aconteceu.

O que me empolga mais

� estar numa situa��o
de perigo de vida.

Isso � empolgante.

Os colombianos disseram
ao Max: "Esse tipo � um chibo,

temos de o fulminar,

porque ele est� a falar
e a dizer tudo sobre n�s."

O Max veio ter comigo
e disse: "Ouve,

os colombianos querem
pagar 250 000 d�lares

para limpar o sebo a este tipo.

Conhe�o os teus amigos de Nova
Iorque. Chama os italianos,

chamam-lhes os esparguetes,

Diz aos esparguetes para virem
c� limpar o sebo ao Barry Seal."

Fui de avi�o para Nova Iorque,
falei com o meu tio.

O meu tio disse: "Est� bem,
arranjo-te dois tipos amanh�.

Leva-os l� e mostra-lhes
aonde t�m de ir."

Liguei ao Max, e disse-lhe:
"N�o te preocupes, est� tudo feito."

Pass�mos dois dias no Luisiana.

Mostr�mos-lhes onde
morava o Barry Seal,

os hangares onde
trabalhava no aeroporto...

Mostrei tudo aos tipos.

O tempo todo que l� estive,

n�o vi o Barry Seal uma �nica vez.

Cerca de uma semana depois,
os meus amigos disseram-me:

"Lamento, mas quem matar
este tipo vai ser apanhado.

Anda com uma comitiva
de agentes do governo.

N�o h� maneira de apagar
este gajo sem ser apanhado."

O Max foi ver o Rafa,
e o Rafa passou-se das cornetas.

"Para voc�s, acabou.
Voc�s n�o v�o trabalhar mais

porque n�o conseguem
tratar da sa�de deste tipo."

"N�o posso. N�o tenho mais ningu�m
Que queres que eu fa�a,

ir buscar gente � rua para o matar?

N�o posso fazer nada."

O Max caiu em desgra�a
com os colombianos

porque n�o podia apagar o gajo.

O Max tentou p�r-me
as culpas em cima.

Durante algum tempo, os
colombianos estiveram fulos comigo.

Fulos ao ponto de nem trabalharmos.

Tive muito medo
nessa altura,

que me limpassem o sebo a mim,
por n�o fazer o que eles pediram.

O Rafa veio a minha casa,
e trouxe o Fabito Ochoa.

O Fabito era meu amigo.

Pass�vamos tempo juntos,
�ramos amigos.

E o Fabito disse: "Meu,
a minha fam�lia est� furiosa."

Perguntei: "Porqu�?"

Ele disse: "N�o podes matar
este gajo por n�s?

N�o entendes os problemas
que ele vai causar."

E eu disse: "Fabito, quem quer
que o fa�a vai ser apanhado.

N�o h� maneira
disto ser feito, meu.

Se querem fazer isso
v�o ter de arranjar �ndios

que venham de l� e digo-te j�,
ir�o para a cadeia por isto."

Quando eu disse isso ao Fabito,
isso bastou-lhe.

Voltou l� e comp�s
as coisas com a fam�lia,

e decidiram estupidamente,
como sempre:

"N�s tratamos disso."
E trataram.

Na noite passada, a sorte
de Seal acabou. Foi abatido a tiro

fora do centro de reabilita��o do
Ex�rcito de Salva��o em Baton Rouge,

onde a senten�a
o mandara dormir

durante seis meses, como parte
da liberdade condicional.

Seal recusara-se a entrar

para o programa de protec��o
de testemunhas do governo.

O golpe foi encomendado a Kubaba

que acabou por ir cometer
o homic�dio, claro est�.

Quatro �ndios, meteram-nos num
avi�o, levaram-nos para o Luisiana

e devem ter enchido o tipo
de centenas de buracos

� porta do centro,
e foram apanhados.

Cinco colombianos foram
basicamente apanhados

a fugir do homic�dio de Barry Seal.

Davam muito nas vistas
em Baton Rouge.

O FBI e a Ag�ncia de Combate
�s Drogas esta noite

est�o a tentar descobrir
quem mandou assassinar

um dos mais importantes
informadores do governo

na guerra �s drogas.

Ele teve um juiz federal

que facilitou efectivamente
a execu��o, sem saber,

duma testemunha federal principal.

Tanto quanto pudemos averiguar,

a devida jurisprud�ncia
e legalidades foram exercidas

em toda a investiga��o
relativa ao Sr. Seal,

e qualquer envolvimento
que tenha tido com...

E houve muita especula��o

sobre isso por causa
do envolvimento do Sr. Seal com a CIA

e o movimento comunista da Nicar�gua,

e acerca do que ele sabia,
ou pudesse saber.

E n�o h� d�vida que encerrou

um cap�tulo importante
na condena��o dos cart�is.

A Ag�ncia do Combate
�s Drogas acredita

que Seal foi assassinado
para que n�o depusesse

aqui em Miami, contra um suspeito

traficante colombiano
de alto perfil,

que os EUA estavam
a tentar extraditar de Espanha.

FBI QUER EXTRADI��O DE
ALEGADO REI DA DROGA

O Max metido em sarilhos...

Foi o princ�pio do fim.

O Max teve aquela
m� experi�ncia com o DeLorean,

porque foi ele que deu a DeLorean

a coca com que DeLorean
foi apanhado.

Neste �ltimo ano, o fabricante
de autom�veis John DeLorean

foi detido e acusado
de tr�fico de drogas.

DeLorean disse que estava
a tentar angariar fundos

para salvar a sua
empresa em decl�nio.

Os comerciantes afirmam que
o DeLorean � o Edsel dos anos 80,

e s� se vende como artigo de colec��o.

O Max sabia que tinha um problema.

Devia t�-lo resolvido, mas n�o o fez.

N�o pensou que lhe chegasse.

Como � que ele se podia ter safado?
Ele n�o podia pensar:

"Dei 400-e-tal quilos
a um tipo,

est� tudo a ir de cana,
mas a mim n�o me toca.

Fui eu que os abasteci.
N�o me vai acontecer nada."

Tinha de saber
que ia dar para o torto.

Ent�o prenderam-no,
e nunca mais soubemos do Max.

Eu tinha milh�es de d�lares

dentro de sacos de lixo enterrados
debaixo do relvado.

Nessa noite,
fui l� com uma lanterna

desenterrar sacos de dinheiro
com medo que me viessem buscar.

E eu vivia nos Everglades.

Saltei para uma canoa que tinha,
com...

... seis a oito milh�es
de d�lares, atirei-os para a canoa,

remei para o outro lado,
e enterrei-os nos Everglades

a pensar que vinham a minha casa.

Ningu�m veio, n�o aconteceu nada.

Ningu�m pensou que ia
haver problemas.

O Mickey e os outros disseram:
"N�o vi nenhum problema

com o �ltimo avi�o que aterrou.

Parece estar tudo bem." Eu disse:
"Continuemos at� sabermos."

O Jon disse que n�o havia
motivo de preocupa��o.

Pens�vamos que o Jon
era t�o esperto.

E a verdade � essa.

20 de Setembro de 1986

Lembro-me do 20 de Setembro

pela simples raz�o
de que n�o conseguia dormir.

E nessa precisa noite,

estava a trabalhar com o Mickey
e a sua equipa.

E porque n�o conseguia dormir,
decidi ir a uma sala de r�dio

que t�nhamos montado em Miami
para controlar os avi�es.

A �ltima viagem que fizemos
era mesmo para ser a �ltima viagem.

Nessa altura decidimos parar,

porque t�nhamos ganho
dinheiro suficiente.

Porqu� continuar a arriscar?

Mais cedo ou mais tarde
eles v�o vencer,

e assim foi.
Era uma viagem normal.

A �nica coisa fora do normal,
e que nos devia ter avisado,

era o sil�ncio na r�dio.

Claro que sabiam
que n�s ouvimos tudo.

Para dizer a verdade, dei uma olhada
em volta quando passei de carro

porque ainda estava paran�ico
por causa do Max,

e n�o vi nada. Nada mesmo.

Tudo correu como de costume.

O avi�o aterrou, eu pensei:
"Ena, mais uma boa viagem.

Vou para casa.
Sinto-me �ptimo."

Mal o avi�o aterrou

e entrou no celeiro,
eles apareceram em helic�pteros

e uma data de gente armada
saltou de todos os lados.

Foi uma opera��o simult�nea,
em Tampa e Miami.

Entraram l� todos de preto,

com �culos
de vis�o nocturna e m�scaras.

E eu disse: "Voltei ao Vietname?

Que loucura!"

Sa� pela porta das traseiras.

E que vou eu fazer,
entrar num tiroteio com eles?

Ap�s um pequeno confronto
com um deles.

"Deita-te no ch�o e cala-te."
Pronto, est� bem.

Ao princ�pio olharam para mim,
nunca mais me esque�o:

"Roberts, que est�s aqui a fazer?"

E eu disse: "Acho que fiz merda."
Ele disse: "Fizeste merda, meu.

Mais tarde �amos a tua casa.
Mas assim � mais f�cil para n�s."

Eu disse: "N�o conseguia dormir."
Ele disse: "Que pena."

E quando cheguei � esquadra,
ouvi na r�dio:

"Est�o a disparar.
Ouvem-se tiros...

Parece uma guerra."

Eu disse: "Que se passa aqui?
Isto diz-me respeito?"

"� o teu avi�o,
e � a tua quinta ali em cima.

H� um tiroteio, est�o a disparar."

Estavam a correr dum lado
para o outro, a disparar.

"O teu amigo est� a disparar
contra n�s."

"O meu amigo?" "O Mickey."

Tentei queimar o avi�o.

O Mickey tinha uma pistola de alarme.
E � volta do avi�o,

havia bid�es de gasolina,

usados para reabastecer
o avi�o e sair dali.

Derrubei um.

O Mickey queria escapar, por isso
disparou a pistola de alarme.

Fui para o p�ntano.

Vi o espect�culo o dia inteiro.

N�o o encontraram. Perseguiram-no
pela floresta a noite toda.

O Max Mermelstein torna-se
testemunha e quer falar sobre,

entre outras coisas,
homic�dios em Miami.

Vamos interrogar o tipo.

E francamente, ao princ�pio,

n�o acreditei em 75 por cento
do que ele disse.

Era tudo muito bizarro.

Apresentei-me, e ele diz:
"J� nos conhecemos."

Eu digo: "De que est� a falar?
N�o o conhe�o."

E ele recordou-me que t�nhamos ido
a casa dele em Miami Lakes

anos antes, pedir licen�a
para fazer uma busca,

e que nos mandara pastar.
O mundo � pequeno.

Pode dizer o seu nome completo,
para que fique registado?

Max Mermelstein.

- O Max descoseu-se.
- Abriu-se acerca de todos n�s.

Segundo entendo, desde 1981 at� 1985,

trabalhou a tempo inteiro
para o cartel,

e importou enormes
quantidades de coca�na

para os Estados Unidos.

Por quanta coca�na
teve responsabilidade pessoal

de importar
nesse espa�o de tempo?

Nesse espa�o de tempo,
entre 55 e 56 toneladas de coca�na

passaram-me pelas m�os.

Entre 55 e 56 toneladas.

Eu disse ao Jon.
N�o me deu ouvidos.

Disse-lhe desde o primeiro dia
que o Max era um fraco,

que se ia chibar um dia, no futuro.

Por isso queria tanto mat�-lo.
Mas n�o me deixaram.

A maior parte das vezes, recebo
ordens directas dos irm�os Ochoa.

Conhece os irm�os Ochoa?

Sim, senhor.

E Escobar foi
o outro nome que mencionou.

- Pablo Escobar, sim.
- Pablo Escobar.

A primeira informa��o
que deu ao governo

foi que os irm�os Ochoa
e a sua organiza��o

tinham um contrato, o que significa
que ofereciam dinheiro para raptar

e matar o Barry Seal.

Foi-me indicado directamente
por Fabio Ochoa J�nior

e Rafael Cardona, bem
como Pablo Escobar, pessoalmente,

que deveria rapt�-lo ou mat�-lo.

N�o me pediram que o fizesse.
Mandaram-me faz�-lo.

O governo n�o fazia ideia,

e juro perante Deus,
se n�o fosse o Max Mermelstein...

Acho que nunca nos tinham apanhado.

Ele preencheu as lacunas.

N�o sabiam onde era a quinta.

N�o sabiam nada das nossas viagens.
N�o sabiam nada.

O Max era praticamente da fam�lia.

Nunca pensei que
ele fizesse o que fez.

No dia seguinte, vieram c�
e rebentaram com o port�o

e tomaram posse da nossa casa.

Conseguimos tomar posse
de bens no valor

de 130 milh�es de d�lares
na zona da Florida.

E o Max fez a acusa��o
contra o Mickey e contra mim.

Estou a ler as acusa��es
e a pensar: "Cruzes credo."

N�o sabia que ele estava
a trabalhar com o cartel.

N�o sabia que o Rafa estava
no cartel. N�o sabia nada disto.

N�o digo que n�o soubesse nada,

s� estou a dizer que ningu�m
se tinha apercebido da dimens�o

do envolvimento do Jon.

Entra-se numa onda
em que se ganha tanto dinheiro,

que se tem tanto poder
que nada pode...

N�o ia acontecer.

Todos os dias falava com ela, e ela
dizia: "Est�s enganado, n�o � chibo."

Eu disse: "Est� a trabalhar
com a pol�cia.

Por isso � que n�o estou convosco.
Voc�s v�o presos, e eu n�o."

"Vem para Los Angeles."
Eu disse: "N�o.

Estou bem aqui."

Encontr�mos uma casinha
que tinham alugado.

Sab�amos que estava na resid�ncia,

ent�o cobrimos a frente
e as traseiras e entr�mos.

Subi as escada e encontrei-a
sentada na cama a ler a B�blia.

E fui at� ela.
Com a arma sacada, claro.

Estava bastante assustada.

Ningu�m diria que ela era
uma man�aca homicida violenta.

Disse: "Hola, Griselda."

E ela disse:
"No Griselda. Me llamo Betty."

Eu disse: "N�o."

E dei-lhe um beijinho na face,

tal como tinha prometido
aos agentes,

tantos meses antes.

A pol�cia diz que ela pode
ser respons�vel

por cerca de 200 homic�dios.

Prenderam-na em casa. Dias mais
tarde, prenderam os filhos.

Tudo se desmoronou, sabe?
Agora estou a olhar por mim.

Est�o todos presos menos eu.
E agora andam � minha procura.

A 15 de Dezembro,
estava a passar despercebido.

De repente, o meu irm�o bate � porta.

Diz: "A pol�cia est� l� em baixo."

Eu disse. "A pol�cia?
O que � que querem?

Ele disse: "Est�o l� em baixo."

Olhei para baixo. Tinham quatro
cami�es pretos.

Estavam a apanhar os meus carros.

Tinha dois Corvettes,
um Porsche e um Supra.

Estavam a apanh�-los.
Gritei para o gajo.

Disse: "Mas que raio
est�o a fazer com os carros?"

Quando o tipo se volta,
tem um casaco.

E dizia atr�s:
"Agente Especial, DEA."

Eu disse. "Deixe estar, n�o faz mal.

N�o s�o meus."
Voltei para dentro de casa.

Tinha um quilo e meio
para uso pessoal.

Por isso deitei um quilo
de coca�na pela pia abaixo.

Tirei o silenciador da arma, atirei-o
� �gua porque vivo sobre a ba�a.

Voltei a p�r a arma
no lugar, uma .45.

O �nico carro que deixaram,
quando conheci a minha mulher,

ela tinha um Mazda.
Nesse n�o mexeram.

E disse ao meu irm�o:
"Vamo-nos render. Que se dane."

Descemos no elevador.
Quando sa�mos j� era escuro.

Ningu�m por perto.
Entr�mos no carro...

Comecei a conduzir.
Perguntei ao meu irm�o se...

Disse: "Ningu�m atr�s de n�s."

Chegamos ao aeroporto.
Para um carro ao nosso lado.

Era um tipo baixinho,
com 1,60 m. Grita o meu nome.

"Edward Rivera, est� preso."

Fingi n�o ouvir.

Continuo a andar,
e ele agora est� com medo.

J� sabem quem eu sou.

Ele n�o esperou por refor�os.
Quis ser her�i.

Grita outra vez:
"Tu do casaco vermelho." Voltei-me.

Disse: "� comigo?"
Disse: "Sim, est� preso."

Eu disse: "Porqu�?"

Ele disse: "Mais tarde te diremos"

Comecei-me a rir.
Disse: "Vai-te lixar."

Corri, e o cabr�o apanhou-me.

Levaram-nos para a cadeia municipal.

Desde ent�o, tenho estado detido.

Depois de o Max colaborar,
os pilotos fizeram o mesmo,

as equipas de terra colaboraram,
foi tudo depor

e fazer acordos para estarem
presos menos tempo.

Eu tinha-me tornado
no centro das aten��es

porque era quem lhe metia
a coca no avi�o.

Iam dar-me 30 anos.

N�o era preciso ser um g�nio

para perceber que eram horas
de dar �s de vila-diogo.

Fui a uma audi�ncia
de cau��o, e disseram:

"N�o vai haver cau��o. Esque�a."
E n�o houve mais conversa.

Uma semana depois, o Dick Gregory
aparece com dois agentes do FBI,

um tal Joe Washer, respons�vel
pelo caso, e outro agente.

E disseram:
"Queremos muito o Munday."

Porque os envergonhou ao disparar
a pistola de alarme, e o resto...

E achavam que ele os queria matar.

Eu disse:
"Se me derem uma cau��o,

ajudo-vos a apanhar o Mickey."
Vou ter com o irm�o do Mickey.

Fui sem lhes dizer que ia.

Fui �s escondidas e disfar�ado,
e disse ao irm�o do Mickey:

"Ouve, tens de colaborar comigo,

n�o os vou levar ao Mickey,

mas t�m de acreditar,
durante o pr�ximo m�s ou dois,

que lhes vou dar o Mickey,

e tens de trabalhar comigo
para fazer isso,

porque tenho de me organizar
para me pirar de c�.

E eu ajudo o Mickey
com tudo o for preciso."

Porque o Mickey precisava
de documentos.

Era um fugitivo, mas sabia que eu
lhe arranjava documentos.

"Numa semana, dou-te tudo,

os documentos de que precisas
para o Mickey poder viver

como outra pessoa."

O irm�o do Mickey vai ter
com o Mickey e ele diz: "Bestial."

"Sabe que n�o o vais abandonar.
Vamos a isso."

Levou uma ou duas semanas.
Tinha de assentar.

Felizmente, mostraram a foto
da carta de condu��o.

Eu tenho um aspecto esquisito,
mas essa foto era mesmo terr�vel.

Organizei as coisas
para encontrar o irm�o do Mickey.

Fiz um telefonema que o FBI escutou.

"Ent�o, tudo bem?
Amanh� encontramo-nos no Denny's.

Est� bem, encontramo-nos no Denny's."
E assim foi.

Sabia que me seguiam. E fal�mos.

E eu tinha um microfone escondido,
e eles est�o a gravar,

e est� tudo a correr bem.

Volto para eles. E o tipo: "Ainda bem
que est�s a colaborar connosco."

Diz ele: "Vou-te dizer. Se fugires
eu encontro-te, seja onde for."

"Porque pensas que vou fugir?"

"Porque o Max nos disse
que �s um aldrab�o.

N�o vais colaborar e vais fugir."

Penso c� para mim,
o Max est� finalmente

a fazer uma coisa acertada.

Mas n�o lhes vou dizer.

Continuei com os encontros
e com eles a seguirem-me,

e a segui-lo para lado nenhum.

A �ltima vez
que o iam buscar, eu disse:

"Vai l� estar o irm�o,
e voc�s v�o apanh�-lo."

O plano que eu tinha
com o irm�o do Mickey era

para encostar e encontrar-se com
um tipo com o mesmo aspecto f�sico

que o Mickey, e quando
se encontrassem com ele,

eles cercavam-no e apanhavam-no.

Funcionou. Convergiram
sobre o irm�o do Mickey

e o pobre do outro,
que nem sabia de nada.

Eles disseram: "Apanh�mos-te."

E eu a ver. E o Joe Washer:
"Esse n�o � o Mickey Munday."

Ficaram fulos, meu.
Vieram buscar-me.

Eu disse: "De que est�o a falar?"
Fiz tudo como devia,

e agora como � que vos vou
conseguir o Mickey?"

E era a minha sa�da, n�o era?

Que tentei colaborar,
mas foi isso que aconteceu.

E disseram-me:
"Dev�amos p�r-te atr�s das grades."

Eu disse: "Porqu�? Se eu fosse
fugir, j� tinha fugido.

Disseram-me que me ajudavam,
eu tentei ajudar.

O meu julgamento vem a� em Tampa,

vou estar l� no primeiro dia
do julgamento."

Eu disse: "� bom que me ajudem."

No primeiro dia
do meu julgamento, eu j� era.

Sa� de l� t�o depressa,
tr�s dias antes do meu julgamento.

Estava na Col�mbia.

Tinha o dinheiro todo no Panam�,

e tinha dinheiro na Col�mbia,
e o dinheiro n�o era obst�culo.

Mandaram um avi�o, meti-me nele.

Fui para a Col�mbia,
e por uma semana estive bem.

Vivi numa quinta l�,
uma das quintas do Rafa.

Foi �ptimo, tive criados,
tive... mulheres,

de tudo, comida fant�stica,
uma cozinheira.

E de repente,
lembro-me de acordar certa manh�,

e dizerem: "Despacha-te,
mete-te no carro."

Arranc�mos, e de repente oi�o...

Olhei em volta, e por todo o lado

havia tipos do governo
a disparar sobre o meu carro.

E os tipos do Rafa a disparar
sobre os carros do governo.

E quando sa�mos de l�,
levaram-me para outra quinta.

E foi assim durante semanas.

Foi quando o governo americano

fez tanta press�o
sobre os colombianos, por dizerem:

"N�o lhes vamos dar
mais dinheiro nenhum"

que estavam a tentar

fazer um meio esfor�o
para combater o tr�fico.

Outro esfor�o das for�as da lei
consiste numa maior colabora��o

entre as autoridades
americanas e colombianas.

Temos de p�r o Departamento
do Estado activamente

a informar os pa�ses
de onde prov�m as drogas,

que vamos reavaliar
a rela��o com eles

com base na ac��o que est�o a tomar
para eliminar as drogas.

E a guerra come�ou na Col�mbia,

e fui de um lugar para o outro.

Finalmente disse ao Mike:
"N�o posso mais, isto � uma loucura.

Devia ter ficado na cadeia."

Todos os dias h� armas
a disparar, metralhadoras.

Tinha amigos no M�xico.
Fui para o M�xico

e disseram-me:
"Torna-te cidad�o mexicano

e vives c� sem problemas."

Ent�o vivi l�
uns tempos, e foi �ptimo.

Por uma raz�o qualquer,
o governo estava fulo comigo.

Aquele tipo come�ou com os
"Dez Mais Procurados da Am�rica".

Mostraram uma foto minha

e come�aram a oferecer
recompensas para me apanhar.

Soube que tinha chegado a minha hora

porque estavam a oferecer dinheiro,

e os mexicanos s�o pobres.

Sabia que era apenas
uma quest�o de tempo.

Meteram-me numa cadeia l�

e deram-me um chefe
de cozinha, tr�s celas,

constru�ram um frigor�fico,
deixaram-me construir um gin�sio.

E fiquei l� 11 meses
a lutar com o governo,

e eventualmente perdi,
como era inevit�vel,

e o governo trouxe-me de volta.

E fizemos um acordo
e deram-me 15 anos,

que para mim, bem,
pensei que me iam dar cinco,

embora isso fosse mais
um sonho do que outra coisa.

E lembro-me do dia

em que ele estava sentado na cadeira
a chorar como uma crian�a

que tinha de deixar tudo o que amava.

N�o culpo ningu�m
para al�m de mim mesmo.

S�o horas, tens de ir.

Enquanto os comerciantes de drogas
eram perseguidos,

condenados e presos, aconteceu
uma coisa inacredit�vel.

Os neg�cios que frequentavam
e apoiavam

come�aram a falir e fechar.

As discotecas fecharam todas,

os comerciantes de carros
foram � bancarrota.

Os joalheiros fecharam,
e esses colapsos

criaram novas oportunidades.

Cidade M�gica Est� de Volta

A economia de Miami estava
assente em especuladores

que tinham ganho muito dinheiro
no neg�cio da droga.

Para os comerciantes de autom�veis,
as vendas foram

de vinte milh�es anuais a 60 milh�es
por ano durante dez anos,

foi mais 500 milh�es
de d�lares a pairar.

A coca�na trouxe muito
dinheiro para a cidade.

Noventa e duas multinacionais mudaram

as suas sedes sul-americanas
para locais como Coral Gables.

Acho que o que atraiu investimentos
latino-americanos para aqui

foi a seguran�a relativa
do sistema banc�rio americano

e isto � o ponto mais pr�ximo
dos Estados Unidos � Am�rica Latina,

e tornou-se um centro banc�rio
por essa raz�o.

Preferem o sul da Florida
como um s�tio onde gastar,

descontrair e fazer neg�cios.

Miami est� tentar tornar-se
uma cidade internacional

e est� a alargar
as suas bases econ�micas

no horizonte banc�rio internacional.

Miami est� no meio duma explos�o.

Muito desse dinheiro
era tamb�m da coca�na,

mas n�o tenho a certeza
de que os dois estejam ligados,

como consequ�ncia um do outro.

Construiu metade da cidade.

Construiu os grandes edif�cios
e os arranha-c�us.

Um dia ia trabalhar,
entro na auto-estrada 95

que tem uma vista magn�fica
da baixa de Miami.

Olh�mos para ela e cont�mos

vinte e duas gruas
de constru��o no horizonte,

que pud�ssemos ver, e eu disse:

"Quanto deste dinheiro
vir� das drogas?"

A ind�stria das drogas salvou Miami,
de muitas maneiras.

Se olhar para a linha do horizonte,
muitos destes pr�dios

foram comprados e pagos
com dinheiro de drogas.

O com�rcio das drogas
p�s Miami no mapa.

Nada se compara a Miami
nos anos 70 e 80,

a n�o ser talvez Chicago
nos Loucos Anos 20.

O lugar adquiriu um novo cach�.

E era tamb�m como Casablanca
porque havia intriga internacional.

Tornou-se na nova Casablanca,

onde pod�amos vir para estar
perto do perigo sem nos magoarmos.

De repente Miami parecia
ex�tica, exclusiva,

at� talvez um pouco perigosa.

Tinha de tudo.

A��O EM MIAMI

E fizeram a s�rie Ac��o em Miami.

Os administradores da cidade
ficaram desolados

depois da guerra
das drogas colombiana e Mariel.

Mas agora ia haver uma s�rie
que podia mostrar tudo isso.

A quest�o s�o os turistas,
e se ver a s�rie

torna menos prov�vel que visitem
Miami Beach, no sul da Florida.

Mas o que a s�rie acabou por fazer

foi glorificar Miami.

Nada de tons terra, tudo era magenta

e azul-piscina, e cores lindas,

e retractou um s�tio
lindo para visitar,

e, de repente, Miami
tornou-se novamente atraente.

Temos visto um ressurgimento
de turismo.

Vimos essa mudan�a.

South Beach, por exemplo,
atravessou uma grande mudan�a.

E as ag�ncias de modelos
a abrir portas em South Beach,

South Beach torna-se
um destino por excel�ncia.

Numa das cidades balneares
mais famosas e celebradas da Am�rica,

a Primavera regressa de repente.

Miami Beach est� de volta.

As suas vastas praias brancas
voltam a ser lugar de recreio.

Dantes era s� idosos.

Um bairro degradado.
Era um bairro degradado

E agora � t�o agrad�vel.

E duma maneira estranha
ao longo dos anos,

at� pode ter ajudado o turismo.
� um s�tio estranho nesse aspecto.

Acho que pod�amos ter tido
um renascimento

sem tanta gente
ter de morrer por ele.

Tinha passado bem sem isso,

bem como uma data
de outras pessoas que viveram

sem as enormes contribui��es
de dinheiro

para esta comunidade.

Foram demasiados danos colaterais.

Continuo a adorar Miami,

mas acho que a adoro mais
pelo que era

antes das guerras da coca�na.

Afinal, qual o pre�o
da linha do horizonte?

Quanta gente tem de morrer
para haver um horizonte cintilante?

N�o valeu a pena.
Morreu demasiada gente.

A CENTAC 26 teve
excelentes resultados,

e acho que foi pelo seu sucesso
que viria a acabar.

O Raul era da CENTAC 26 e
quando saiu, foi um choque tremendo.

Deixei a CENTAC por causa
de n�o apenas uma,

mas muitas investiga��es
de que era alvo.

Envolvido em alega��es de conduta
impr�pria com informadores.

Fui investigado por

praticamente todas
as ag�ncias de Dade County,

por alega��es feitas contra mim

por pessoas que meti na cadeia.

Ele era o corpo e a alma
do esquadr�o, sem d�vida alguma.

Nenhuma das acusa��es
criminais teve fundamento,

em qualquer das investiga��es.

Disseram-me que um dos
problemas principais

que tinha foi de que
fiz sombra aos superiores.

Perdi a f� que tinha
no departamento e sa�,

e tornei-me investigador privado,

e gra�as a Deus que
tem corrido muito bem,

e agrada-me muito.

Ap�s Raul Diaz se demitir
da Pol�cia de Miami-Dade,

foi contratado como detective

pela equipa de defesa
da Pol�cia Fluvial de Miami.

Voltei porque tinha de voltar,
n�o tive op��o.

E quando sa�, nunca mais
me esque�o, fui ao Surfcomber,

e na primeira manh�
quando acordei, fui � praia.

Estava deitado quando surgiu
uma rapariga da �gua.

e, ao sair da �gua,
vejo que est� em topless.

T�m de ver que estava preso

h� onze anos ou coisa parecida,
e estava a olhar para esta rapariga

em topless e digo: "Meu Deus."
Tive medo e fugi para o quarto

e nem quis sair do quarto
o dia todo, fiquei t�o...

O que aconteceu?
O mundo inteiro mudou.

Jon Roberts foi libertado da pris�o
em Outubro de 2000.

Voltou para Miami como
exig�ncia da liberdade condicional.

E muita gente que eu conhe�o
j� c� n�o est�.

Os amigos com quem cresci
est�o todos mortos.

Foram mortos.

Rafa Cardona Salazar
foi abatido a tiro

no seu stand de autom�veis
em Medell�n.

O que perdi com isto
foram quase nove anos, claro.

E ainda estou cadastrado
e a ter de me apresentar.

Mickey Munday fugiu
por seis anos

sendo preso pelos
Delegados dos EUA em 1992.

Foi libertado da pris�o em 1999.

Se me arrependo?

Claro, lix�mos muita gente.

Muitos dos meus amigos,
pelo neg�cio em que entr�mos,

perderam muito tempo,
foram para a cadeia.

Acho que o pior que perdi

para al�m do tempo,
foi quando andei fugido,

conheci uma jovem maravilhosa.

Por causa disto, perdi-a.

Nunca conheci algu�m assim antes.

Talvez um dia tenha sorte
e encontre algu�m, mas n�o sei.

Foi disso que eu senti mais falta.

Mas a outra maneira
de encarar a coisa

� que nunca a teria conhecido
se n�o tivesse este problema.

Se n�o tivesse o meu filho,
talvez procurasse maneiras

de lixar o governo outra vez.

Mas agora est�o t�o avan�ados,
e n�o quero voltar para a cadeia.

Agora a coisa mudou muito.

Max Mermelstein
foi a maior testemunha

contra o Cartel Medell�n.

Permaneceu no Programa Federal
de Protec��o de Testemunhas

at� morrer de cancro em 2008.

Na altura,
foi uma aventura inacredit�vel.

Fizemos coisas que nem
se imaginava serem poss�veis,

s�tios onde fomos
e coisas que vimos.

Num m�s conseguia
recuperar o equipamento todo.

Mas n�o vale a pena.

Jon Roberts
morreu de cancro em 2011.

Sr. Perez, � acusado de tr�s
homic�dios qualificados.

Sem cau��o.

Muitos dos criminosos
de Mariel que foram detidos

ao princ�pio
e em meados dos anos 80

receberam senten�as
de 10, 15, 20 anos.

Est�o agora a come�ar a sair.

Com a provoca��o devida,

quem sabe o que ele
poder� fazer outra vez.

Recebi uma chamada
dum cavalheiro

que quer que eu fa�a
um exame de pol�grafo.

Encontramo-nos uns dias
mais tarde e ele diz:

"O senhor � o Nelson Andrew,
que era detective de Homic�dios?"

E eu: "Sim." Ele diz:
"N�o se lembra de mim?"

E eu: "N�o."
Ele diz: "Acabei de sair da cadeia."

Estive l� 15 anos por sua causa.

O Miguel Perez foi libertado da
pris�o a 4 de Mar�o de 2008.

Saiu. Saiu.

Mete medo.

Fui a Miami, confessei-me
culpado de tr�s homic�dios.

Uma senten�a de vida em cada caso,
a serem cumpridas em simult�neo.

Desde ent�o, estou aqui.

Rivi testemunhou contra Griselda
Blanco para fugir � pena de morte.

Quando ele virou a casaca
e nos contou os pormenores

de todos estes homic�dio diferentes
e como ela os ordenou, estava feita.

Essencialmente,
ela era o nosso John Gotti.

E o Rivi era o nosso
Sammy "O Toiro" Gravano.

Rivi foi rejeitado como testemunha

depois de alega��es de sexo
ao telefone com secret�rias

no Minist�rio P�blico
de Miami-Dade.

O caso de Griselda foi transferido
para Orlando, Florida.

O Minist�rio P�blico
de Orange County desistiu

da acusa��o de homic�dio de Griselda
a troco de uma admiss�o de culpa.

Ningu�m merece mais
a pena de morte que ela.

Devia estar no Corredor da Morte.
Mas reconforto-me com o facto

de que, pelo menos at� �
minha reforma, ela vai estar presa.

N�o sei por quanto mais tempo,
mas ainda estar� presa

enquanto eu for pol�cia.

O sargento Al Singleton reformou-se

da Pol�cia de Miami-Dade
a 30 de Junho de 2003.

Griselda Blanco foi libertada
da pris�o a 3 de Junho de 2004.

A 7 de Junho de 2004, Griselda
foi deportada para a Col�mbia.

Griselda Blanco, uma...
Devo dizer que tinha 69 anos,

m�e de quatro, aqui numa das suas

muitas fotos de registo criminal,
morreu ontem.

Foi abatida a tiro por
um assassino de motorizada

ao sair de um talho
em Medell�n, na Col�mbia.

� poss�vel que tenha sido respons�vel

por 200 execu��es
em Miami, Nova Iorque,

e Irvine, Calif�rnia.

A 4 de Setembro de 2012,

Griselda Blanco foi assassinada
em Medell�n, Col�mbia.

Tinha tantos inimigos, � incr�vel
que tenha durado tanto tempo.

Esta manh�,
o Cocaine Cowboy executor

Jorge Ayala regressou ao tribunal

na esperan�a de ver reduzida
a sua pena de pris�o.

O juiz recusou-nos

a possibilidade de ter
uma audi�ncia sobre este tema,

sobre se a Procuradoria-Geral

voltou atr�s no seu acordo
de recomendar liberdade condicional

para o Jorge depois
de 25 anos na pris�o.

Os compromissos feitos para com
o Sr. Ayala n�o foram cumpridos.

N�o sei se � pela fama,

ou pelos Cocaine Cowboys,
ou seja l� o que for,

que est�o a inculpar o Jorge, mas ele
cumpriu a sua parte do acordo.

P�s-se a ele
e � fam�lia em risco

ao fazer frente
aos cart�is colombianos

e ao testemunhar contra eles
nos anos 80 e 90.

E agora que ele j�
deixou de ser �til,

e porque alegadamente
fez uma chamadas

ou teve umas conversas
telef�nicas sexuais

com umas secret�rias
da Procuradoria-Geral,

agora querem atir�-lo aos le�es
e deix�-lo morrer na pris�o,

por causa duns telefonemas
feitos h� mais de 20 anos.

Temos todos de ultrapassar isso.

O Jorge merece o benef�cio do acordo.

N�o merece morrer na pris�o.
J� pagou pelos seus crimes.

M�DICO-LEGISTA

CENTRO DE PATOLOGIA FORENSE

EM HOMENAGEM
AO DR. JOSEPH DAVIS

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