All language subtitles for Sour Grapes 2016

O �ndice baixou em Wall Street hoje,
quando o DOW e o S&P 500

fecharam com o valor mais alto de sempre.

Se dissesse que podia ganhar dinheiro
com o seu amor pelo vinho...

Vimos os pre�os subir como nunca.

...esqueceria o ouro e investiria em vino?

Resumindo, se quer ter
uma boa ou verdadeira cole��o de vinho,

a altura para comprar � agora.

Vendeu o Ch�teau La Fleur de 1961?

Consigo sentir o Chardonnay no palato.

Vendeu uma ou mais do que uma garrafa de
2,70 litros de Ch�teau La Fleur de 1961?

Achei que era um pouco atrevido.

Quem inspecionou estas garrafas?

Tenho sabugueiro, perfumado, saboroso...

Vivo e com leve toque a folhas.

Isto � que � o "poder da sugest�o", certo?

Houve algo que o fez suspeitar
de o vinho ser de contrafa��o?

Uvas Azedas

BORGONHA, FRAN�A

O vinho est� vivo.

N�o � uma bebida.

N�o � uma ferramenta,
uma mesa, um prato ou um carro.

Est� vivo.

D� para ver como os ramos das vinhas
s�o cheios de curvas, tortuosos.

� muito tradicional.

� um processo de poda antigo,
que j� quase n�o � usado.

Chamamos-lhe "poda de vaso".

Com o tempo, os ramos cresceram
e agora parecem est�tuas.

� fantasmag�rico,
especialmente agora, com o nevoeiro.

Mas faz tamb�m parte da nossa hist�ria.

Chamo-me Laurent Ponsot.

Sou vinicultor, vigneron, na Borgonha.

Nasci por cima de um adega nesta aldeia,
em Morey-Saint-Denis,

numa fam�lia
que tem esta adega desde 1872.

MORADIA PONSOT
ENTRADA

Aqui sente-se aquilo a que chamo
"o esp�rito das vinhas".

Assim que respirei pela primeira vez,
senti o cheiro do vinho.

LAURENT PONSOT
VINICULTOR

E posso dizer que tinha sangue no vinho,
n�o vinho no sangue.

O esp�rito dos vinhos de Borgonha � �nico,

o nome no r�tulo
n�o representa apenas um vinho,

mas uma cultura e uma hist�ria.

O que as pessoas veem
e sentem com o vinho n�o tem pre�o.

Estamos nos 1.600 d�lares, licitante 1053.

S�O FRANCISCO, CALIF�RNIA

Lote 982, Roman�e-Conti. 1972.

Duas garrafas.

Nove mil e quinhentos, 10.000.

Lote: 982
D�LARES: 10.000

A licita��o � de 10.000 d�lares.

Dez mil d�lares, quem d� 11.000?

Estamos nos 10.000.

Para 10.000 d�lares.

Para 11.000 d�lares agora.

Deem-me 12.000.

Onze mil.

Onze mil d�lares, est� vendido.

Para o 1019.

Acho que a cena dos leil�es come�ou
nos anos 90, com o boom da Internet.

Todos estavam a ganhar dinheiro.

Desenvolveu-se uma cultura
de colecionadores muito ricos,

JAY MCINERNEY
ROMANCISTA E CR�TICO DE VINHOS

que se reuniam em leil�es
para verem e serem vistos.

Para serem vistos a licitar.

Os pre�os come�aram a escalar.

Cinco mil e quinhentos, 6.000.
5.500, �ltima oportunidade.

Est� nos 5.500.

Cinco mil e quinhentos, ent�o.

1987...

Comecei a receber uns emails.

Os �ltimos Borgonha
deixaram-me aturdido e tonto de admira��o

Foi estranho.
N�o conseguia perceber de onde vinham.

Descreviam noites

o vinho foi puro sexo para o nariz

em que colecionadores muito ricos

bebiam, por exemplo, Roman�e-Conti de 1945
e Petrus de 1955.

Vinhos mesmo muito caros.

Acabei por descobrir
que os emails vinham de John Kapon,

respons�vel pela leiloeira
Acker Merrall & Condit.

John Kapon - Presidente, Diretor de Leil�o

Caixa original de madeira,
12 garrafas de Roman�e-Conti de 1990.

JOHN KAPON
LEILOEIRO

J� n�o fazem caixas dessas
com 12 garrafas.

Acho que este foi
o �ltimo ano de colheita...

As notas de Kapon eram criativas.

com uma acidez rica
que lembra as call girls nos casinos.

Usava descritores raros.

Tentava que a experi�ncia da prova
fosse mais interessante,

criando novas met�foras.

Tem um pico de churrasco coreano e sua

no copo, um bom suor como o do sexo.

Esta cultura chegou ao seu apogeu

sob a �gide da Acker Merrall & Condit

e de um grupo chamado Angry Men.

Todos os membros tinham alcunhas

como Mr. Angry, Big Boy e Hollywood Jef.

Perdemos a festa de tequila ontem � noite.

Mas, sabes...

- Valeu a pena.
- Sim, valeu.

Bebi muito daquele vinho da Madeira
de 1907 ontem � noite.

- Era...
- O vinho tinha muitas camadas.

Sim, coco, noz-moscada, caf� expresso.

Sim, tinha bastantes camadas, n�o tinha?

Acho que o de 1988 tem tanta acidez.

Consegue ser incr�vel.

Mas esse ano tem muito bons
e muito maus...

O de 1988 tem muita acidez.

Sem d�vida.

Mas 1996 � o ano de colheita a comprar.

Para quem nos est� a ouvir,
podem comprar qualquer champanhe de 1996.

Se n�o tiverem dinheiro,
comprem o de 2002.

Se n�o tiverem para esse, bebam cerveja.

"HOLLYWOOD" JEF LEVY
REALIZADOR DE CINEMA

A melhor forma de provar vinhos
de alta qualidade � em grupo,

porque h� poder nos n�meros.

- Obrigado.
- ...um sabor �nico.

Os vinhos s�o mesmo muito caros, por isso,
o nosso grupo re�ne-se oito vezes por ano.

� vez, cada membro organiza o encontro
e providencia vinhos da sua adega.

Voc�s bebem demasiado juntos.

Voc�s n�o se cont�m!

O nome "Angry Men",
ou homens zangados, surgiu

de quando nos convidam
para um jantar de vinho

e levamos
uma excelente garrafa de vinho, certo?

E todas as outras pessoas
levam vinho da treta, mesmo mau.

E ficamos mesmo zangados e...

Tratava-se de homens
que j� n�o queriam zangar-se,

por isso, todos tinham de trazer
um vinho mesmo excelente.

Muito obrigado.

Quem me apresentou aos Borgonha
foi o Rudy Kurniawan.

O Rudy convidou-me
para um encontro dos Angry Men,

em que conheci a malta toda.

Os seus jantares
eram sempre extravagantes, malucos.

Bebiam cem a duzentos mil d�lares
em vinho, por noite.

Era mesmo extraordin�rio.

Esses tipos tinham aquilo a que
os americanos chamam "fucking money".

Recebi um b�nus de 3 milh�es de d�lares,

MAUREEN DOWNEY
CONSULTORA DE VINHOS

"Vou esbanjar um milh�o."

Esse � o "fuck you money".

Far�o o que quiserem com ele.

N�o se importam, n�o h� consequ�ncias.

� o tipo de dinheiro que a maioria
dos humanos nunca experiencia.

L� vem ela.

O mundo dos bons vinhos
� quase s� dos homens.

Especialmente quando era mais jovem,

ia �s provas
e todos perguntavam quase imediatamente

de quem era acompanhante.

Tinha um emprego importante.
Geria uma leiloeira em Nova Iorque.

Comprei uns 50.000 d�lares em champanhe
no �ltimo leil�o,

para um cliente cuja filha vai casar.

Foi em 2000 ou no in�cio de 2001.

Faz�amos leil�es,

e comecei a aperceber-me

de um tipo jovem, magrinho, parolo,
que gostava de vinho.

RUDY KURNIAWAN
COLECIONADOR DE VINHO

...por 2.600.

Na altura, era algu�m que oferecia lan�os
sobre os Pahlmeyer Merlot.

Ficou-me na mem�ria
o Pahlmeyer Merlot e o Rudy.

� um vinho de boa qualidade,

mas tem apenas um zero, n�o quatro.

Mil e seiscentos, 1.700, 1.800 d�lares.

Mil e oitocentos por uma �nica garrafa
de La T�che de 1985.

Lan�o de 1.800 d�lares.

O que foi mesmo estranho
foi que 18 meses depois,

ele ligou-me
e disse que se queria encontrar comigo,

porque queria participar
no mundo dos leil�es.

Achei isso um pouco estranho,

porque ele era um mi�do parolo
que bebia Merlot da Calif�rnia.

- E ent�o, Rudy?
- E ent�o?

- Como est�s?
- Como est�s?

- Muito bem.
- Bem.

Trouxe uns vinhos para bebermos.
Podes dar-me uma ajuda?

O seu conhecimento
parecia verdadeiramente extraordin�rio.

Na verdade,
ele ensinou-me quase tudo o que sei.

Era uma aut�ntica figura de culto
e todos falavam sobre ele.

O meu amigo...

Tinha origens misteriosas.
De onde � que ele tinha vindo?

Parte do que criou a sua lenda

foi o seu extraordin�rio palato.

Nunca conheci ningu�m com melhor palato.

Qualquer vinho, da Calif�rnia � Fran�a,
de qualquer tipo, de qualquer ano.

O Rudy era extremamente,
a um ponto quase surreal,

incrivelmente acertado em todos os vinhos.

O talento para as provas cegas

vem naturalmente,
mas temos de nos esfor�ar.

Temos mesmo de nos esfor�ar.

Prova-se o vinho
cegamente, identificamo-lo,

� a medalha de honra de um sommelier.

Abana-se um pouco e vemos
se se passa alguma coisa com o �lcool.

Observamos as marcas do vinho,
se descem depressa ou devagar.

Cheiramo-lo e ele desperta sentidos
no nosso c�rebro.

Depois, passa pela nossa cabe�a, a lista

dos vinhos diferentes que prov�mos.

E pensamos: "Que pode ser isto?"

Acho que um palato para vinhos � muito
semelhante a uma habilidade atl�tica.

Lamento.

As provas de vinho s�o muito
sobre conhecer o vocabul�rio

e sermos capazes de expressar,
com esse vocabul�rio,

o que estamos a experienciar
a outros provadores de vinhos.

Sinto claramente o sabor apimentado
e a citrinos de que fala.

Sim. Eu conheci o Rudy.

Tony!

- Tony, que contas?
- Ent�o, Tony?

Conheci-o numa prova.
Fiquei muito impressionado.

Identificou quase todos os vinhos
na prova cega.

Deve t�-lo aprendido ao beber
uma enorme variedade de vinhos.

� a �nica forma de aprender.

Perguntamo-nos sempre porqu� e como.

� por isso que sabemos.

Em 18 meses, agora tenho

umas 3.000 garrafas de vinho.

Vamos fazer uma caderneta.

As Aventuras do Rudy.

Penso que conheci o Rudy em 2004.

Foi num almo�o para um dos produtores

e torn�mo-nos amigos depressa.

Ele era muito am�vel para todos.

Gostei mesmo do tipo.

ARTHUR SARKISSIAN
PRODUTOR DE CINEMA (A HORA DE PONTA)

� engra�ado, porque temos muitos vinhos
hoje que eu ainda n�o provei.

Pass�mos muito tempo juntos,
�amos a jantares de vinhos.

- Como est�s?
- Bem, meu.

Cansado, mas bem.

- Viagem longa?
- Desde as cinco da manh�.

Uma viagem longa.

Catorze horas a conduzir.

- De onde vieste?
- De LA, meu.

LA, meu.

As pessoas nesta cidade
est�o cheias de tretas.

Mas o Rudy n�o.

Acorda-me, percebes?

A nada do que fazia faltava classe,
cordialidade e afabilidade.

Tens gostado de tudo?

No meu anivers�rio, ele deu-me uma garrafa
de champanhe Pol Roger de 1949,

o que � incr�vel.

- O que tem agora?
- Colgin, interessante.

- Sim?
- Muito diferente do Herb Lamb.

Acha?

N�o sei se � cem por cento Cabernet...
Como um Meritage.

Ele era apenas um apreciador de vinho.
� um apreciador de vinho.

Falo sempre no passado,
porque ainda � muito estranho.

Ele nunca me disse nada que eu pudesse
vir a descobrir ser mentira.

Mas ele nunca disse muito.

Eu era uma jornalista,
curiosa com os leil�es.

Estava sentada ao fundo, na Christie's,
e reparei num homem muito jovem,

que estava a gastar muito dinheiro,
rodeado de pessoas que eu sabia

serem produtores de cinema. Eram
claramente o objeto da aten��o de todos.

Que bela hist�ria.

CORIE BROWN
JORNALISTA

Quem � este tipo?
Porque gasta tanto dinheiro?

E o que quer fazer com o vinho dele?

Hoje, n�o posso, tenho a agenda cheia.
Ligue-me, amanh�. Talvez possa...

Levei meses a conseguir que se sentasse
e tomasse um caf� comigo.

Tenho de ir daqui a 5 minutos.

Tenho uma importante prova de Borgonhas.

- Deixe-me dar uma volta...
- V�!

Falo consigo em breve.

D�-me a honra
de lhe dar a provar o meu vinho.

Demorei mais um m�s ou dois

at� o fazer sentar-se e dar-me
uma verdadeira entrevista com ele.

Ele come�ou a servir
alguns dos seus �timos vinhos.

Meu Deus, sabe a rolha.

N�o.

Ele vivia com a m�e em Arcadia

e as pessoas � sua volta costumavam dizer

que a sua fam�lia tinha a licen�a
de distribui��o da Heineken

para toda a China.

Era incrivelmente rico

e tinha uma mesada de um milh�o de d�lares
para vinho.

Quando perguntei ao Rudy sobre isso,
disse: "N�o falo sobre a minha fam�lia."

E n�o me disse nada.

POR CORIE BROWN

Presumi que fosse um mi�do rico
� procura de algo para fazer.

Setenta e cinco mil d�lares por caixa?
Ele compra!

As casas de leil�o estavam num alvoro�o.

Ningu�m alguma vez tinha gasto
tanto dinheiro t�o depressa.

Estava a estragar o pequeno clube privado
que os mais velhos tinham.

H� cerca de 38 anos que ando a colecionar.

Tenho muitos r�tulos de DRC

e est�o catalogados por dom�nios
ou grupos de dom�nios.

Tenho Ponsots.
Principalmente da d�cada de 80.

� um grande vinho.
Um dos melhores que ele tem.

�s vezes, s� os provamos uma vez na vida,

se � que temos essa oportunidade.
� divertido.

DON CORNWELL
ENTUSIASTA DE BORGONHAS

Foi o John Kapon
que me apresentou ao Rudy,

num leil�o da Acker, em Beverly Hills.

Quero beber vinhos de Borgonha.

Sou eu, claro.

Ele disse: "� um colecionador
de vinhos de Borgonha, de quais gosta?"

E eu disse: "Os meus favoritos
s�o talvez os Roumier, os Rousseau

"e os DRC, Roman�e-Conti."

Tem raz�o, meu amigo.

Logo a seguir, ele disse:
"Devia comprar vinhos comigo.

"Estou sempre a comprar adegas
e cole��es na Europa."

E lembro-me de o Rudy me perguntar:

"Qual foi Roumier mais velho
que j� bebeu?"

E eu disse que tinha sido um de 1969.

Disse-lhe que tinha tido a sorte
de encontrar dois num leil�o,

j� que s�o muito dif�ceis de encontrar.

E ent�o, o Rudy disse:

"Sabe, no �ltimo ano, bebi

"Roumier Bonnes-Mares

"de 1945, 1949, 1955 e 1962."

Ele escolheu os melhores anos de colheita
de vinhos de Borgonha tintos.

Eu fiquei pasmado.

H� 25 anos que andava � procura deles.

C�TE D'OR, BORGONHA

A Borgonha � �nica no planeta.

O conjunto de ladeiras tem cerca de 70
quil�metros de comprimento e 1 de largura,

e tem 1.250 denomina��es diferentes.

Temos muitas uvas este ano

...mas n�o saberemos o resultado
at� � vindima.

Dizem que o c�u est� acima de n�s...

...mas na Borgonha est� l� em baixo.

L� em baixo,
na adega e nas ra�zes das vinhas.

Estamos apenas 11 metros abaixo
do n�vel do mar

e j� estamos 60 cent�metros dentro
da hist�ria de Borgonha.

Aqui h� pequenas ra�zes, de vinhas,
que j� devem estar aqui h� 200 anos.

A vinha est� a sugar,
por assim dizer, a rocha.

A subir a colina,
do outro lado da estrada,

as vinhas n�o v�o encontrar
os mesmos elementos minerais

e nunca ter�o o mesmo sabor e aromas.

O mais importante para mim
� o que a natureza d�.

Somos apenas
um elemento min�sculo na cadeia.

Se se parte um elo, a cadeia parte-se
e n�o conseguimos chegar ao copo de vinho.

O vinho � a express�o de um lugar

e o de Borgonha � o exemplo crasso disso.

� um vinho para obcecados.

Algu�m com conhecimento

pode dizer a diferen�a, vendado,
entre algo que cresceu aqui

e algo
que cresceu a 12 metros de dist�ncia.

- � mesmo bom.
- Veja at� onde est�.

� mesmo incr�vel.

Isto � provavelmente de loucos.

� agora que fico doido.

Este � o meu s�tio da loucura.

Fico nervoso
e a minha tens�o arterial aumenta.

� o exemplo perfeito
da forma de arte existencial.

Vive numa garrafa. Est� vivo.

E, depois,
bebemo-lo e absorvemo-lo no nosso corpo.

� uma arte que se torna,
literalmente, parte de n�s.

Aquele � um Ponsot, um grande produtor.

- Ol�, Carl.
- Ol�!

Como est�s, querido?

Estou bem.

H� muita coisa boa aqui.

Bebemos uns copos e vimos aqui
gastar 100 mil d�lares em vinho.

Este � o s�tio.

Sim, este � o s�tio.

T�m pre�os mesmo muito razo�veis.

Onde � que podemos comprar
um branco de 1961 por 600 d�lares?

De 1961?

Foi um ano louco.

- Jef?
- Sim.

Roman�e-Conti de 1990.

Esta talvez seja uma das melhores garrafas
de vinho alguma vez produzida.

Esta mesmo.

- Vinte mil d�lares?
- Sim.

- Ele conhece os pre�os.
- Vinte mil, a garrafa.

E vai querer isto.

Se gosta de vinho, precisa disto.
Vai querer isto.

Mas tem de escolher.
Quer isto ou um Prius?

Exatamente! Troque-o por um Prius.

Quando bebemos vinho,
n�o olhamos para o pre�o.

Olhamos para o que ganhamos com ele.
O entusiasmo, percebe?

A paix�o,
a forma como o fazem e tudo isso.

N�o tem a ver com o pre�o do vinho.
Algumas pessoas...

O Rudy era muito generoso com todos.

Bebi alguns dos melhores Roman�e-Contis
com ele.

Vinhos que nunca mais beberei.

Fa�am a melhor cara � Borgonha.

Quem quer beber vinho?

Na altura em que isto aconteceu, havia
uma grande procura por bom vinho velho.

Como um todo, o vinho de Borgonha depressa
passou de acess�vel a imposs�vel de obter.

Acho que lhe podemos chamar a era de Rudy.

Tem sedimentos muito subtis,
coloque-os de p� e coloque o gelo depois.

A economia estava no auge.

...de p�, n�o inclinados.

Havia t�o poucos vinhos de Borgonha
no mundo inteiro.

N�o havia o suficiente
para satisfazer a sede.

Tinha tudo a ver com a liquidez
e continua a ser assim.

Sempre que h� muita volatilidade
num mercado,

todos os artigos
comportam-se de modo igual.

Dave, a tua adega de servi�o � muito boa.

Tens belas coisas aqui.

Muitos dos meus amigos empres�rios
colecionam vinho,

porque quando passamos o dia a ver �ndices
no Bloomberg,

DAVID FREDSTON
INVESTIDOR DE FUNDOS PRIVADO

e depois vemos
os pre�os dos leil�es a mexer,

h� um certo orgulho
em conseguir um bom artigo.

Hoje, n�o h� rela��o entre os pre�os
e o que est� na garrafa.

Quando vendo uma garrafa por 100 d�lares,

vejo a garrafa, quando � lan�ada, a 1.000.

Como?

Dois mil e seiscentos d�lares,
pergunto se algu�m d�...

- Vendido por...
- Meu, abri uma garrafa na quinta-feira.

- Sim?
- Agora, sinto-me mal por isso.

Estava na garrafa!

Posso voltar a ench�-la
e p�r a rolha de volta?

Depressa se tornou claro para mim

que ele tinha revolucionado
o mercado do vinho.

Os pre�os estavam a escalar.

Achei que era um pequeno esquema
bastante inteligente.

Ele estava a monopolizar o mercado
de muitos destes vinhos.

Algo mesmo muito inteligente.

Se tens muito dinheiro,
investe, compra muito vinho,

faz os pre�os subir e,
depois, vende pelos novos pre�os altos.

Havia outro tipo l� que estava sempre
a licitar agressivamente contra o Rudy,

era o representante do Bill Koch.

Colecionar tem de ter
um significado emocional para mim.

Parte disso � o elemento de detetive
que existe na investiga��o das origens.

J� colecionei arte impressionista,
j� colecionei espadas de samurai,

moedas de prata da Gr�cia,
algumas antiguidades,

algumas esculturas.

E tenho colecionado vinho.

BILL KOCH
COLECIONADOR

Quer ver a minha casa de banho de vinho?

Uma casa de banho � uma casa de banho,

mas achei que seria divertido
torn�-la interessante,

coloc�mos caixas de vinho aqui, r�tulos,
rolhas no teto,

e se olhar para ali,
h� garrafas de vinho naquela parede.

O meu saca-rolhas secreto.

N�o � saca-rolhas. � saca-adegas. Entrem.

Fui obcecado por comprar vinho
no passado.

Tenho, no total, 43.000 garrafas.

Com vinhos incrivelmente bons, d� para
sentir o amor do vinicultor ao faz�-los.

O que, para mim,
� quase uma experi�ncia religiosa.

N�s, colecionadores,
gostamos de coisas preciosas.

O amor � extremamente precioso.

Que pre�o pode colocar
no amor da sua mulher?

Bem, se se estiver a divorciar,
pode, mas...

Aqui est� uma garrafa de vinho Jefferson.

Um Lafite de 1787, Th.J..

Eu coloc�-lo-ei na mesa.

Alinhamo-los todos.

A raz�o de ter comprado quatro garrafas
de Thomas Jefferson � muito simples.

O mero facto de terem sido
de Thomas Jefferson,

de ele as ter tido na m�o,
fazem parte da hist�ria.

Aqui est� mais uma.
Um Mouton de 1787, novamente de Th.J..

Olhem para esta garrafa.

N�o � linda, em todos os aspetos?

Lafite de 1737, Ch�teau Rothschild.

O impostor n�o tinha um bom conhecimento
de hist�ria de vinhos,

porque os Rothschild
n�o tinham Lafite em 1737.

Infelizmente, paguei 100.000 d�lares
por garrafa.

A galeria do vigarista.

A primeira vez
que descobri um vinho falso

foi por causa do peso da garrafa.

Havia uma garrafa de Petrus
ao fundo da mesa,

estiquei-me para a agarrar

e quando a levantei, quase a atirei
ao teto, de t�o leve que era.

- Esta tem um selo de 1975.
- Sim.

- Mas � de 1929.
- Sim.

Isso apenas come�ou
no ano de colheita 1930.

Procuramos anomalias.

Est� no vidro certo?
A rolha tem o selo certo?

A rolha envelheceu adequadamente?
O papel est� certo?

Sim, est� tudo confuso aqui.

Pergunto-me qual ser� o dep�sito.

Se estas coisas est�o juntas
alegadamente h� 60 anos,

ter�o de o parecer.

Que grande confus�o.

Se a c�psula estiver uma l�stima
e o r�tulo estiver imaculado,

h� qualquer coisa de errado.

� o mesmo que ter uma cara de 95 anos
no corpo de um adolescente.

� sempre preciso ter cuidado
com os leil�es online

porque nunca se conhece a origem.

S� querem vender.

� mesmo dif�cil.

Esta garrafa sabe a rolha, meu.

N�o, estou a brincar.

Adoro fazer isto.

Na altura em que se tinha come�ado
a falar sobre vinho falso,

o Rudy era um especialista em vinho falso.

Quando lhe perguntei sobre isso,
disse que j� tinha comprado tanto

que se tinha tornado um especialista.

N�o te dizem se h� algo de errado com ele,

mas, �s vezes, se duvidarem da garrafa,
colocam uma foto,

- para que avaliemos.
- Certo.

Olhas para a foto, quere-lo,
compra-lo e pronto.

H� algu�m que olhe para as condi��es...

Fala dos leil�es da Acker.

A Acker � �tima, meu. Adoramos o John.

Ele e o John Kapon estavam a rever
meticulosamente todos os seus vinhos

para catalogarem tudo e venderem alguns.

O John Kapon era filho de uma fam�lia
que tinha uma loja de vinhos em Manhattan.

Fazer compras no Natal
pode ser enlouquecedor,

e comprar vinho n�o � exce��o.

Estou aqui, na Acker Merrall and Condit,

em Nova Iorque,
a loja de vinhos mais antiga da Am�rica.

A Acker Merrall n�o era uma grande casa,

era uma loja
que entrou no mundo dos leil�es

e que viu Rudy torn�-la conhecida.

O John transformou-a em algo divertido.

Foi com ele que come�ou a maluquice.

Era uma esp�cie de festa gigante e louca,
com um leil�o.

Na altura em que ele fazia isso,
apareceu o Rudy, com uma adega incr�vel,

e eles ajudaram-se mutuamente.

ENTRE 2003 E 2006

JOHN KAPON VENDE MAIS DE 35 MILH�ES
DE D�LARES DA ADEGA DE RUDY.

Quando o Rudy bebia Merlot da Calif�rnia,

a Acker Merrall & Condit estava
no �ltimo lugar das leiloeiras.

Quando o Rudy vendeu 35 milh�es de d�lares
em vinho atrav�s da Acker Merrall & Condit

com duas vendas em 2006,

a Acker Merrall tornou-se
a primeira leiloeira no mundo.

Ele � o CEO da Acker Merrall & Condit.

Este ano,
leiloou mais de 100 milh�es de d�lares,

sendo a primeira casa de vinhos a faz�-lo.

John Kapon,
n�o pode queixar-se da vindima, certo?

Percebe, "vindima"?

John, vai-se j� embora, n�o �?

Tem sido um ano de loucos...

"N�o h� muito a dizer sobre esta cole��o,

ACKER MERRALL & CONDIT
NEGOCIANTES DE VINHOS DESDE 1820

"para al�m do facto
de ser uma das melhores da Am�rica.

"� um colecionador
que verifica mesmo o seu vinho."

Ao ver aqueles magn�ficos vinhos ali,

disse: "Este � o sonho
de um colecionador de vinho."

Senti que devia comprar toda a adega.

O leil�o � uma transa��o complicada.

Recebemos um cat�logo de 300 p�ginas

e temos duas semanas para decidir.

Podemos ganhar, podemos n�o ganhar.

Eles estavam a vender
enormes quantidades de vinho,

n�o sei como � que o John poderia
ter inspecionado cada garrafa

quando est� a vender
30 milh�es de d�lares em vinho.

Os impostores gostam de falsificar os
vinhos mais velhos e dif�ceis de encontrar

por serem muito mais valiosos.

Uma noite,
o meu investigador Brad Goldstein,

descobriu que eu tinha dado 25.000 d�lares
por um Petrus de 1921, com 2,70 litros.

Em 1921, a Petrus
n�o fazia garrafas de 2,70 litros.

Tens de ir, rapaz.

Tens de ir. Queres ir buscar a mam�?

Vamos.

O Bill s� dizia: "Quero saber a gravidade
do problema que tenho na adega."

BRAD GOLDSTEIN
INVESTIGADOR PRINCIPAL DE BILL KOCH

Onde est�o os Ponsots?

Onde est�o? N�o os vejo.

Tivemos de encontrar
especialistas em rolhas.

Contrat�mos um tipo
que percebia de r�tulos, c�psulas, vidro

e que at� analisou a cola.

Numa garrafa de 1858,
encontr�mos cola da Elmer.

E a cola da Elmer s� apareceu nos anos 70.

Tome, veja se consegue descortinar
as inconsist�ncias aqui.

Quando mais aprend�amos,
maior era a epidemia.

Tenho mais de 400 garrafas
que se provou serem falsas,

pelas quais paguei
quatro milh�es de d�lares.

Acho que o que espica�ou o Bill

foi as casas de leil�o terem-lhe dito:

"Tant pis", como se diz em franc�s.
Ou seja: "Temos pena, amigo.

"Comprou-a assim, � sua."

Por alguma raz�o,
que talvez o Freud saiba,

eu detesto ser enganado.

A Cruzada Contra as Falsifica��es

Com Milh�es Em Jogo,
Vinicultores e Colecionadores Interv�m

No neg�cio do vinho,
h� um c�digo de sil�ncio.

N�o aceito isto.

T�nhamos alguma certeza de que algumas
das garrafas compradas pelo Bill

da Acker Merrall eram,
sem d�vida, de contrafa��o.

Vamos tirar isto do caminho.

Deu-me a tarefa de descobrir informa��o
sobre esse Rudy Kurniawan.

Deram-me filmagens do Rudy
no in�cio de 2000,

a fazer o que seria
um programa de culin�ria sobre vinho.

Quase ca� da cadeira quando vi os v�deos.

Meu, abri uma garrafa na quinta-feira.

Agora, sinto-me mal por isso.

Posso voltar a ench�-la
e p�r a rolha de volta?

A motiva��o por tr�s do investigador

� mostrar a eleg�ncia da fraude.

Este � o cat�logo do leil�o,
em abril de 2008, em Nova Iorque.

A p�gina que apresenta os Domain Ponsot.

E quando vemos as fotos aqui,
h� uma Clos de la Roche de 1929.

Ponsot come�ou a engarrafar em 1934.

Assim, logo � partida,
o cat�logo j� estava errado e era falso.

Tudo aqui �, tamb�m, falso.

Nunca us�mos esta cera.

Nunca vendemos vinho ao Nicolas.

Nunca tivemos este ano de colheita
imprimido fora do r�tulo aqui.

E Clos Saint-Denis, Clos Saint-Denis,
Clos Saint-Denis,

1945, 1949, 1966 e 1971.

Mas n�s come��mos a produzir
os Clos Saint-Denis em 1982. Por isso...

E aqui est�o os 99 pontos do perito.

E o perito � JK. John Kapon, o leiloeiro.

Como � que o perito
pode ser t�o bom em vinho

que custa 50.000 a 70.000 d�lares?

Porque ganha 20 por cento com ele.

Quando encontramos um vinho falso,

isso conspurca a integridade
do vinho de Borgonha e eu quero limp�-lo.

Por isso, dois dias depois,
meti-me num avi�o e voei para Nova Iorque.

Queria que o John Kapon retirasse tudo.

O mercado de a��es baixou 21 por cento.

Os corretores est�o espantados a olhar

e eu n�o os culpo.

Esta pode ser a maior recess�o em d�cadas,

o que significa
que a vida da maioria dos americanos

est� prestes a mudar,
nalguns casos, dramaticamente.

O Bear Stearns foi abaixo
na semana anterior ao leil�o.

Havia algumas quest�es relativas
ao que iria acontecer com o mercado.

Este leil�o em particular era de doidos.

Est�vamos todos b�bedos
com vinho bastante caro.

As coisas ficaram bem ruidosas

a meio do leil�o,
com o Kapon a bater o martelo e a dizer:

"Calem a boca."

Isto n�o � a Sotheby's.

Sete mil.

Quero 7.500.

Por acaso, reconheci um tipo que entrou
e se sentou ao fundo da sala.

Ele n�o fazia parte da festa.

Era uma esp�cie de fantasma de Banquo.

De repente,
Ponsot levantou-se e fez-se sil�ncio.

Ele disse: "Retirem os meus vinhos."
E o John

estava no p�dio.

Foi um momento bizarro.

Kapon anunciou
que os 30 e tal lotes iam ser retirados.

Parcela executada. Querem duas caixas?

No fim do leil�o, encontrei-me com o Kapon

e perguntei
quem eram os donos desses vinhos.

No dia seguinte, conheci Rudy Kurniawan.

Fomos ao Jean-Georges.

N�o fazia ideia do que ia acontecer.

Ele era apenas o dono dos vinhos. S� isso.

S� havia duas op��es, ou ele n�o sabia

ou sabia e queria vend�-lo,
o que n�o era simp�tico.

Mas isso �...

Depois dos "ol�s", eu disse:

"Agora, tem de me dizer
de onde v�m os vinhos."

Ele n�o vai comer?

Voc� comprou os vinhos, tem de saber.

Eu compro muitos vinhos e...

"N�s compramos tantos vinhos,
eu compro tantos vinhos,

"que n�o sei de onde vieram,
terei de verificar", disse o Rudy.

� por isso que adoro vinho.
Nunca se sabe.

Nunca se sabe.

Tinha a ideia de que o Rudy
andava a fazer jantares e festas,

a tentar fazer de cada cliente um amigo.

Disse para mim mesmo:
"Vou fazer o mesmo com ele.

"Vou deix�-lo pensar que sou o seu
melhor amigo e, depois, talvez fale."

Mont�mos uma equipa
com valor internacional,

na verdade, um antigo agente da CIA.

Desculpem, malta.

Percy, se procuras comida,
n�o tenho nada para ti.

Percy, desaparece.

Receb�ramos informa��es
sobre o seu estatuto de imigrante.

Este � um documento de 2003,
do Departamento de Justi�a,

para a extradi��o do Rudy.

Ele vivia nos EUA,
tendo um mandado de captura.

RUDY KURNIAWAN
EXTRADI��O

saia dos Estados Unidos,

Tem viajado ultimamente?

N�o.

- A pa�ses de vinho?
- N�o.

Ele viajou.

A certa altura,
o seu visto de estudante tinha expirado

e, se sa�sse do pa�s,
nunca mais poderia entrar.

N�o viaja muito? N�o gosta?

Adoro viajar.

Sou como um viciado em a��car
numa loja de doces.

N�o, adoro viajar.

Uma das cartas para a Seguran�a Interna

tinha o nome do neg�cio

que Rudy e os seus irm�os tinham usado

para obter vistos para os Estados Unidos.

Agarr�mos na carta e fomos a esse local,

� pra�a Jalan Gajah Mada.

� uma s�rie de pequenas lojas em Jacarta.

Uma � uma esp�cie de loja de hardware.

� como uma loja de hardware.

RE: Garrafas de Ponsot

Continuo a insistir por emails, e ele diz:

"Ainda n�o encontrei,
mas prometo que lhe darei isso."

Um m�s e meio depois, ele deu-me um nome.

"Descobri que tinha comprado os vinhos
em Jacarta, a um Sr. Pak Hendra."

Foi a �nica informa��o que me deu.

Voei para Los Angeles
e convidei-o para jantar.

De novo muito depressa, perguntei:

"Agora, Rudy, cara a cara,
olhos nos olhos, diga-me a verdade.

"Quem � o Sr. Pak Hendra?"

� um excelente tipo.

Tem um palato excelente,

h� 20, 30 anos que bebe.

Ele agarrou no telem�vel e escreveu
dois n�meros de Jacarta. Fiquei contente.

Depois, tivemos um agrad�vel jantar.

Excelente comida, vinho,
pessoas e ambiente.

Perfeito. N�o se pode pedir mais.

No dia seguinte,
tentei ligar para os dois n�meros.

Um era de fax
e do outro ningu�m respondia.

Soubemos que o Rudy se tinha encontrado
com um vinicultor franc�s

e que lhe dera dois n�meros de telefone
e o nome de um indiv�duo,

que era o seu fornecedor.

Pedi imediatamente ao nosso antigo
agente da CIA para investigar.

O primeiro n�mero era
de uma companhia a�rea, a Lion Air,

a maior da Indon�sia.

N�o de um grande colecionador de vinhos.

E o segundo n�mero era do centro comercial
Jalan Gajah Mada.

Eu disse...

Batemos a todas as portas,

ningu�m alguma vez ouvira falar

de um Rudy Kurniawan ou do seu pai.

Tudo sobre este tipo revelava ser falso.

Sabes da grande fraude dos vinhos?

Que algu�m falsificou vinho destas vinhas?

N�o.

Algu�m falsificou garrafas
de Clos de la Roche...

...e vendeu-as por 20.000 d�lares.

Quando regressei � Europa, ap�s o jantar,

era tempo de me concentrar na vindima,
porque sou um vinicultor.

Posso n�o parecer um vinicultor, mas sou.

Voltei � investiga��o no fim da vindima.

Depois, decidi ir � �sia,
Hong Kong, Singapura e Taipei.

Queria saber quem era Pak Hendra.

E isto � um crepe.

Um crepe de queijo
que parece um crepe chin�s.

Por cima, colocaremos
um bot�o de rosa fresco como decora��o.

Ao servir o molho,
por favor, use a colher.

Tem de o colocar no meio do prato,
com a carne.

E deixar o molho correr gentilmente.

Vou frequentemente � �sia,
conhe�o muito bem os asi�ticos

e tenho a dizer que os ricos de Jacarta

v�m a Singapura e a Taipei
para se divertirem.

Conhecia muitas dessas pessoas de Jacarta
e perguntei:

"Conhece um Sr. Pak Hendra?"

Por fim,
descobri que "Pak" significa "Sr."

e que "Hendra" � como se fosse "Smith".

� o nome mais usado na Indon�sia.

Assim, perguntava: "Conhece uma fam�lia
muito rica que importa cerveja

"e que tem um filho na Calif�rnia
que adora vinho?"

Ningu�m conhecia uma fam�lia assim.

Quem � o Rudy?

N�o, nada,
ele comprou por um pre�o elevado.

Mas vende-os frequentemente
por um pre�o mais baixo, o idiota.

� um bom amigo, ent�o?

Adoro-o!

Ele n�o falava muito da sua riqueza,

mas isso n�o era preciso,
porque era �bvio.

Escolho este vinho esta noite
porque tenho muito.

Queria sabore�-lo novamente.

Conheci a sua m�e, que �
uma senhora encantadora, e o seu irm�o.

DAR SAPUTRA
IRM�O DE RUDY

Nos �ltimos dois meses,
o teu irm�o esteve c�

umas oito a dez vezes, sozinho.

Ele n�o quer regressar.

Ele era muito s�rio, muito agrad�vel.

Mas o Rudy era muito extrovertido,
completamente o oposto.

Tenho de cortar,

n�o posso beber e comer assim
todas as semanas.

Passei tr�s v�speras de Natal
com ele e com a sua m�e.

Ela era bastante idosa, n�o falava ingl�s

e era claro que ele tomava conta dela.

- Partilhamos sempre.
- Partilhamos sempre.

O Dar dava a impress�o de ser o irm�o
mais velho que geria o neg�cio na �sia

e que dava uma mesada ao Rudy.

Do meu ponto de vista,

ele via o irm�o como um exemplo,
e o irm�o podia dizer:

"Se fizeres asneira, corto-te a mesada."

Foi essa a perce��o que tive.

O Dar n�o me pareceu um criminoso.

Qual � o seu filme preferido do Al Pacino?

Scarface, A For�a do Poder!

Chamo-me James Wynne.
Fui agente do FBI durante 30 anos,

26 dos quais passados a investigar casos

JIM WYNNE
AGENTE DO FBI

que envolviam roubo ou fraude de arte.

Li The Idiot's Book on French Wine.

Foi assim que comecei.

Venho do mundo das finan�as,

e, em muitos aspetos, isto �
uma investiga��o de crimes financeiros.

Uma pessoa descreveu o Rudy como tendo
um reservat�rio sem fundo de necessidades.

Ele fazia movimentos de 16 milh�es de
d�lares com uma conta da American Express.

O Rudy tinha carros muito bons. Um carro
desportivo italiano, um Mercedes, um SUV.

Tinha comprado uma mans�o em Bel-Air,
na Calif�rnia.

Comprava arte contempor�nea,
tinha um Damien Hirst, alguns Warhol.

Todo esse aparato fazia parte
da imagem do Rudy.

Ele era o Great Gatsby da Gera��o X.

Est�s a meter-me num sarilho, meu,
estou de dieta.

A personagem criada pelo Rudy
era a de ser um menininho rico,

com muito dinheiro, enviado
para os Estados Unidos para cuidar da m�e.

E recebia uma mesada do irm�o,
que geria as empresas da fam�lia.

N�o consegui perceber
se alguma dessas coisas era verdade.

Com base na an�lise
de anos de extratos banc�rios,

n�o vejo qualquer prova de ele estar
a receber dinheiro de um fundo,

enviado pelo irm�o.

Disse sempre isso. Dissemos.

O vinho certo, a comida certa.

Brindemos.

O que sobressaiu para mim
foi o desespero do Rudy por dinheiro.

Re. VELHOS BORGONHAS
ARMAZENADOS NA PERFEI��O

Ele est� a incomodar as pessoas.

Ele tem um prazo,
precisa de pagar a algu�m,

RAZ�O DO RETORNO
FUNDOS INSUFICIENTES

mas est� a adiar,
porque n�o tem o dinheiro.

preciso de 3 milh�es para as contas
podes ajudar

Parece o jogo da concha,

pede dinheiro aqui para pagar ali.

Todas as atividades envolvem
transa��es de vinho

e, ou, empr�stimos
e adiantamentos que recebia

de clientes de uma das leiloeiras.

Tr�s milh�es de d�lares
Linha de Cr�dito Renov�vel

Considera o vinho um bom investimento?

� um grande investimento,

historicamente, � um dos melhores,

a par do ouro e...

A Acker, como muitas leiloeiras,
d� adiantamentos, antecipando vendas.

O mais bonito no vinho
� que as pessoas bebem-no,

por isso, h� menos garrafas
a cada dia ou a cada semana

de alguns dos melhores vinhos do mundo.

O que, naturalmente,
coloca automaticamente press�o nos pre�os.

Era uma forma
de ganhar �s outras leiloeiras

que poderiam competir
pelo neg�cio do Rudy.

Em dada altura, o Rudy devia � Acker

quase 10 milh�es de d�lares.

Senhor, levante a m�o, por favor.

Promete contar a verdade,

apenas a verdade
e nada mais que a verdade?

- Sim.
- Sim.

Obrigado.

Pode dizer o seu nome para o registo?

Rudy Kurniawan.

Deixe-me inform�-lo de algumas regras
para seu conhecimento.

- J� dep�s anteriormente?
- N�o.

� importante que fale audivelmente.

Certo. Pe�o desculpa.

O esten�grafo
est� a tentar registar o que diz e,

como ele n�o consegue ver
acenos de cabe�a, precisa de palavras.

- Compreende?
- Sim.

EM 2011, OS ADVOGADOS DE BILL KOCH
INTERROGARAM RUDY

SOBRE AS GARRAFAS FALSAS
COMPRADAS POR KOCH A OUTRO COLECIONADOR.

AS GARRAFAS TINHAM ORIGEM
NA ADEGA DE RUDY.

Sr. Kurniawan,
quem inspecionou estas garrafas?

Basicamente, temos...

Basicamente, bebemos muitas das garrafas
com muitas pessoas diferentes,

incluindo cr�ticos, peritos,

leiloeiras e assim.

Tent�mos pressionar Rudy
para nos dar a origem do vinho.

Quer�amos construir o nosso caso
e process�-lo.

O John n�o quer lev�-lo,
pode ser falso, de contrafa��o,

mas ele n�o tem a certeza,
eu n�o tenho a certeza.

N�o acredito.

Aceitei lev�-las de volta,
que era a coisa certa a fazer.

Ele n�o estava na defensiva,
estava prudente, mas amig�vel.

Ele � um tipo fixe e agrad�vel.

- Fala franc�s?
- N�o.

- Escreve em franc�s?
- N�o.

Apenas merci.

Nunca definitivo, nada de concreto.

Aquele tipo n�o me disse nada.

Deve dinheiro a toda a gente,
e o John Kapon j� n�o est�,

pelo menos publicamente,
a vender o vinho.

E foi quando comecei a ver

listas a voar pelo pa�s
de diferentes corretores e assim,

porque Rudy estava a tentar arranjar
outros modos de vender.

Este � outro falso.

Ap�s o leil�o Ponsot em 2008,

ningu�m queria negociar os vinhos dele.
Sabia-se que havia um problema.

Mas em 2009, a Christie's, incrivelmente,

vendeu vinho do Rudy, numa s�rie
de leil�es, sob o pr�prio nome dele.

As casas de leil�o tinham passado
de ter alta reputa��o

para aparentemente terem vendido dezenas
de milh�es de d�lares em vinho falso.

Em 2012, em cima de tudo isto,

arranjei um cat�logo
da Spectrum and Vanquish.

Tinham r�tulos novos, a cera cor-de-rosa.

Olh�mos todos para eles e dissemos:

"Sem d�vida, � o vinho do Rudy."

A Spectrum n�o o retirou
e n�o informou se era do Rudy.

Nessa altura, eu publiquei um aviso.

AVISO URGENTE - RUDY KURNIAWAN
EST� A TENTAR LEILOAR MAIS VINHOS

E tornou-se viral.

Havia v�rios problemas com os r�tulos

para os quais nos alertaram.

Um dizia respeito a um r�tulo
em que um importador, a Percy Fox,

tinha a morada mal escrita.

Sackvilee Street com dois "E",

quando devia ter um "L" e um "E".

MAR�O DE 2012

Agentes do FBI vieram aqui
e falaram muito a s�rio.

Apercebi-me pela linha de interrogat�rio
que estavam em cima dele,

e que era a s�rio.

Eu disse:
"Est�o a ladrar para a �rvore errada."

O Rudy era incapaz de fazer
o que pensam que ele fez,

porque n�o tem
simplesmente essa capacidade.

E, ap�s sa�rem,
agarrei no telefone e liguei-lhe.

Como amigo, pensei que devia avis�-lo.

Lembro-me das suas palavras.

Eu disse: "O FBI esteve aqui, Rudy,
e acho que isto � mesmo a s�rio...

"Deu para ver,

"da �ltima vez, fizeram s� perguntas,

"desta vez,
est� a passar-se alguma coisa a s�rio,

"e s� queria que soubesses."

Ele disse: "N�o te preocupes, meu,
tenho tudo sob controlo."

Foram as suas palavras.

"N�o te preocupes, meu,
tenho tudo sob controlo."

N�o havia raz�o para pensarmos
que ele sabia que �amos aparecer.

Encontr�mo-nos na manh� do dia oito,
por volta das cinco da manh�.

O plano era aproximarmo-nos da casa,
estabelecer um per�metro,

bater � porta, anunciarmo-nos e prend�-lo.

Estacion�mos,

os agentes foram
para as posi��es determinadas

e come�aram
a bater � porta e a anunciar-se...

Bateram � porta e anunciaram-se...

E gritaram sem parar,

mas ningu�m respondeu.

O l�der da equipa disse:
"Vamos arrombar a porta."

E eu pensei:
"N�o, isto vai ser um longo dia."

E ent�o, a porta abriu-se.

Era o Rudy,

que parecia ter acabado de sair da cama.

Ao entrar na casa,

s� se via vinho por todo o lado,

na sala de estar
num enorme frigor�fico para vinho.

Fiquei espantado.

Uma pena teria bastado para me derrubar

quando vi o que estava na cozinha.

No lava-loi�a, estavam duas
ou tr�s garrafas mergulhadas em �gua.

Para os r�tulos sa�rem.

Havia duas ou tr�s garrafas
perto do lava-loi�a,

� espera de serem rotuladas.

Havia um instrumento para extrair rolhas,
outro para as voltar a colocar.

Havia um local de misturas

com umas 20 garrafas na cozinha,

de todos os tipos de vinhos da Calif�rnia.

E havia anota��es.

Mudar o ano, mudar o ano de colheita,
mudar o tamanho.

Retirar um n�mero de s�rie.

Encontr�mos garrafas sem r�tulo,

que tinham anota��es � m�o,
como f�rmulas.

Havia r�tulos sem fim,

milhares de r�tulos,
organizados como notas de dinheiro.

O term�stato estava nos 17 graus.

E na casa de um milh�o de d�lares,

usavam aquecedores
nos dois quartos em que dormiam.

Numa arrecada��o,
havia prateleiras de vinho,

e na passadeira havia 18 garrafas
� espera de serem rotuladas.

Havia um est�ncil,
caixas de madeira velhas pela casa,

havia caixas com r�tulos verdadeiros,
como uma biblioteca.

Havia tudo o que era necess�rio
para produzir vinho falso.

Como agente do FBI,
se listasse as dez coisas

que gostaria de obter com uma busca,

isto seria isso
multiplicado dez vezes ao infinito.

N�o sei o que fazia ali tudo aquilo.

� muito estranho, certo?

Eles n�o encontraram impressoras,

encontraram apenas coisas.

N�o encontraram coisas
para fazer c�psulas de cera...

Nenhum meio de produ��o, apenas coisas.

O que estava aquilo a fazer ali?

Ele est� a ver aquilo,
vai d�-lo a algu�m?

Algu�m lhe deu para ele ver? N�o sei.

N�o podia acreditar.

N�o podia acreditar naquilo.

N�o podia ser o Rudy.

Por ser um amigo t�o �ntimo dele,
recebi chamadas.

E depois vi as fotos.

Ele era a �ltima...

Ele � a �ltima pessoa
de quem eu suspeitaria

ser capaz de fazer qualquer tipo intensivo
de artes ou trabalhos manuais.

- Deixei-te uma mensagem.
- N�o recebi.

- Liguei para o n�mero que tenho teu.
- Ainda existe, mas...

Mudei de telefone, sabes?

Ele tem PHDA.

N�o presta aten��o.

A vida � boa.

A vida � boa, meu.

� algo que envolve tempo e trabalho.
E ele...

Ele nunca seria capaz disso.

Eu n�o conseguia imagin�-lo a fazer aquilo
e ainda n�o o imagino.

Ainda n�o acredito que o fez.

� imposs�vel.

RUDY � ACUSADO E LEVADO
PARA UMA PRIS�O EM NOVA IORQUE.

DEVIDO AO RISCO DE FUGA,
N�O LHE � DADA FIAN�A.

Penso que parte
do que ele come�ou a fazer foi...

JEROME MOONEY
ADVOGADO DE DEFESA DE RUDY

...uma esp�cie de recondicionamento.

Se quer acreditar em tudo o que dizem,

por exemplo,
e n�o � que esteja a dizer isso,

VINCENT VERDIRAMO
ADVOGADO DE DEFESA

mas se quer acreditar em tudo o que dizem,

estamos a falar de vinho.

- Meu Deus.
- Ridge Monte Bello de 1991.

N�o o quer?

Est� aqui um vinho,
algo que as pessoas j� provaram

e dizem que � o melhor de sempre.

Se consegues fazer algo
com um sabor assim,

porque n�o recriar essa experi�ncia?

E acho que foi isso que aconteceu.

Tentaram fazer com que parecesse alquimia.

Como se ele estivesse a misturar,
a combinar e a inventar.

Mas acho que n�o era nada disso.

Acho que o Rudy gosta mesmo de vinho.

- Isto �...
- Onde est� o Rudy?

Somos todos inseguros.

Meu Deus, � isso, meu.

E se somos o mi�do novo do grupo,
sentimo-nos mesmo inseguros.

Especialmente, se todos os outros
forem mais velhos,

se todos os outros forem mais ricos,

queres estar � altura
de qualquer expetativa.

A �nica prova governamental

tinha a ver com um par de garrafas

talvez feitas no lava-loi�a
da casa do Rudy em Arcadia.

Acho que n�o conseguirias criar
o n�mero de garrafas que afirmam

que foram falsificadas,
ou seja, isso � um problema para eles.

Esta garrafa,

um C�te R�tie La Mouline de 1985,

� do famoso...

� do famoso leil�o de vinhos maluco.

O leil�o "The Cellar" em que toda
a porcaria aconteceu, o leil�o do Rudy.

"The Cellar" era a adega do Rudy

e ver�o que isto � muito verdadeiro.

Isto � um exemplo dos 90%
de vinhos verdadeiros que o Rudy vendeu.

� fant�stico, como todos ir�o ver.

Sim, este � verdadeiro.

Por isso, acho que ele vendeu
principalmente vinho verdadeiro.

Ele tinha uma cole��o incr�vel
e era tamb�m muito generoso.

Meu Deus, isto � t�o bom.

� raro e perfeito.

Queres um garfo,
por estarmos a gravar?

- N�o, vou faz�-lo com as m�os.
- Sim. Vai em frente.

- Vamos l�.
- Aqui vamos n�s.

Muito obrigado.

Ol�, Matthew!

- Como est�s, querido?
- Est� tudo bem.

- Como s�o os vinhos?
- Fenomenais!

Estavas a descer a rua a beber vinho?

- N�o, viemos de carro.
- Est� bem.

N�o podemos conduzir agora,
por isso, pedimos um condutor.

Este � um dos vinhos que o Rudy vendeu.

Experimenta isto, por favor.

� incr�vel.

- N�o h� melhor.
- Sabe mesmo bem.

Muito obrigado. Christian.

Isto � uma garrafa
que o Levy comprou ao Rudy.

� verdadeiro.

- Ele comprou-o a...
- Quando � que foi aberto?

H� duas horas.

- � lixo.
- N�o gostas?

Achas que � falso? A s�rio?

Conhe�o muito bem este vinho.
Nem se aproxima.

N�o tem a vida,

n�o tem o vigor, a vivacidade
ou a dimens�o de um La Mouline de 1985.

Seria o mesmo que ter
uma rica sandes de bacon, alface e tomate

com um ovo em cima.

Esse vinho sabe quase a isso.

Este?

Sabe a sumo de doninha.

O que � muito interessante.

Quantos vinhos do Rudy tens?

N�o sei.

Para a� umas seis garrafas.

Ele tem 6.000 garrafas.

H� uma esp�cie de colabora��o
entre o falsificador e o enganado.

As pessoas querem ser enganadas.

Querem mesmo ter
uma garrafa de vinho t�o rara

que talvez j� n�o exista,

e, por isso, na verdade,
n�o querem saber se � falsa.

Se acredita que Rudy Kurniawan

estava apenas a recondicionar as garrafas,
para ficarem mais bonitas,

ent�o, provavelmente acredita que,
numas semanas,

um homem de barba branca
vai descer pela chamin�

e deixar-lhe uma caixa de Roman�e-Conti
de 1945, debaixo da �rvore.

JASON HERNANDEZ
PROMOTOR FEDERAL

Interessei-me por esta investiga��o

quando conheci Jim Wynne,
o agente do FBI destacado.

Senti logo que podia haver
uma acusa��o a s�rio.

GABINETE DE ADVOGADOS
DISTRITO SUL DE NOVA IORQUE

T�nhamos mesmo provas esmagadoras.

Um conhecedor de falsifica��es,
mestre em r�tulos, rolhas...

Ele tinha comprado coisas
como extremamente grandes quantidades,

milhares de d�lares, de cera.

Andava a encomendar papel
conhecido pelas suas propriedades antigas

que podia ser usado para criar r�tulos.

Reunia dezenas
de garrafas de restaurantes.

Guardo sempre as garrafas vazias.
Sabes isso.

E as pessoas perguntam-me porqu�.

Coloco a data e o local onde as bebi,

e as pessoas com quem as bebi.

Anota��es simples
na parte de tr�s da garrafa.

A explica��o de Rudy era
que estava a criar uma esp�cie de museu

ou que estava a fazer
uma sess�o fotogr�fica.

Estava a digitalizar r�tulos
para o computador

para depois os imprimir
numa enorme impressora que tinha na casa.

Estou a analisar os vinhos,
de um ponto de vista forense.

Ap�s ter visto e catalogado

todas as provas dos computadores de Rudy,

s� posso dizer
que isto � definitivamente dele

porque est� aqui o modelo.

H� cadernos e cadernos que provam
as anota��es do Rudy das provas.

em relevo
MUSIGNY

Uma das provas mesmo interessantes
foi uma meia-garrafa

que tinha uns escritos,

"M-45" e uma f�rmula.

Ou seja, Mouton de 1945,

e ele tinha a primeira f�rmula que
tinha misturado, mas de que n�o gostava.

Ele tinha rasurado isso, e no outro lado

tinha outra f�rmula para o M-45,
da qual gostava mais.

Penso que envolveu muita tentativa e erro,
e muitas misturas.

Ele usava vinhos velhos
que tinha provado uma vez.

Encontrava outros vinhos
com caracter�sticas semelhantes

e fazia experi�ncias � cientista louco.

Geralmente, conseguia

uma imita��o muito convincente
do que dizia no r�tulo.

� f�cil menosprezar tudo isto e dizer:
"Estes tipos agitam o copo,

"mas � tudo uma grande tanga,
� f�cil enganar..."

O facto � que, na maioria das vezes,
n�o dava para enganar estes tipos.

O interessante na fraude de Rudy

� que quase ningu�m
o conseguiria ter feito.

Ele era uma esp�cie de artista.

Este aqui, que est� sujo de lado,
mas n�o no meio.

Foi bem feito, na verdade,

mas demasiado bem feito,
porque quase parece existir

uma linha entre a sujidade
e a outra parte.

A minha teoria � f�cil.

Para falsificar uma garrafa
� preciso uma hora,

se tiver os r�tulos, a cera e tudo.

Para retirar o r�tulo original, a c�psula,

e depois lav�-la, colocar o novo r�tulo,

suj�-la, colocar a cera e tudo.
Leva uma hora.

Ao sabermos que uma das grandes vendas

foi de 15.000 garrafas ou algo assim,

se multiplicarmos o n�mero de garrafas
por uma hora,

d� 15.000 horas, ou seja, � imposs�vel.

Tecnicamente, � imposs�vel
que ele conseguisse...

...t�-lo feito sozinho.

Sabemos que algum do papel
veio da Indon�sia.

Os seus irm�os estavam na Indon�sia.

Sab�amos que havia dinheiro a ir
para os irm�os na Indon�sia.

parece errado

Era muito claro para n�s
que isto era um neg�cio de fam�lia.

- � financeiramente independente?
- O qu�?

� financeiramente independente?

N�o, estou falido.

N�o, estou a tentar...

Engano as pessoas e bebo os seus vinhos.

Quando fal�mos com as testemunhas
e ao conduzirmos a investiga��o,

uma coisa que era consistente

era que ningu�m sabia
a fonte da sua suposta riqueza

e ningu�m conhecia a sua hist�ria.

Legalmente, o seu nome � Rudy Kurniawan,

mas ele tem agido sob nomes diferentes.

Agiu sob o nome Lenywati Tan,
ou Lenny Tan,

que �, na verdade, o nome da sua m�e.

Para responder � sua pergunta, venho de...

Venho de uma fam�lia rica,
uma boa fam�lia.

N�o foi isso que perguntei.

Os nomes de Rudy Kurniawan
e do seu irm�o Dar Saputra

s�o nomes de jogadores indon�sios famosos
de badminton.

RUDY "HARTANO" KURNIAWAN
INDON�SIA VS JAP�O, 1970

O pai dele deu-lhe esse nome
porque � um nome indon�sio.

O Rudy era de ascend�ncia chinesa

e houve uma altura
em que era muito perigoso

para as pessoas de ascend�ncia chinesa
viverem na Indon�sia.

A fam�lia estava relativamente bem,

envolvida em v�rios neg�cios

e tinha tido sucesso.

S�o muito reservados
em rela��o a falarem sobre a fam�lia.

Venho de uma fam�lia rica,
uma boa fam�lia.

Este tipo est� a divertir-se.

� como se estivesse
no programa de prote��o de testemunhas.

� prov�vel que v� demorar algum tempo
a conseguir provar o vinho,

percebem o que quero dizer?

Na Indon�sia,
todos t�m um cart�o de identidade.

Conseguimos arranjar o passaporte dele

e sab�amos que o nome do pai
era Makmur Widjojo

e que o da sua m�e era Lenywati Tan.

Sab�amos ainda que tinha um irm�o Dar
e um irm�o Teddy.

Depois, conseguimos encontrar
as p�ginas deles no Facebook.

N�o estavam a esconder
o consumo flagrante.

EM 2007, SOZINHO, RUDY TRANSFERE
17 MILH�ES DE D�LARES DE LUCRO DO VINHO

PARA OS SEUS IRM�OS EM HONG KONG
E NA INDON�SIA.

Quem o apoiava?

De onde vinha o dinheiro dele?

Quem o criou?

Devia apresentar o menu.

Come��mos a receber informa��es
atrav�s de fontes

na comunidade banc�ria e empresarial
em Jacarta,

a dizer que havia uma liga��o
entre os irm�os de Lenywati Tan

e o maior roubo a um banco

da hist�ria de Jacarta.

O Supremo Tribunal n�o conseguiu
extraditar o ladr�o de bancos Eddy Tansil.

Mas Eddy foi visto na China.

Um dos ladr�es � Eddy Tansil,
que continua fugido na China.

Eddy fugiu da pris�o
ap�s ter roubado um banco.

O fugitivo desviou 565 milh�es de d�lares

que obteve atrav�s de cr�ditos
do banco Bapindo.

E o outro irm�o, Hendra Rahardja,
tinha um banco,

Harapan Santosa, do qual saiu
com centenas de milh�es de d�lares.

Ele roubou-os e fugiu para a Austr�lia.

Hendra Rahardja � acusado
da maior fraude empresarial da Indon�sia,

no valor de 670 milh�es de d�lares.

�ndices e rupia descem ap�s tumultos

Isto � muito doloroso para n�s,
clientes dos bancos.

Poupei dinheiro durante 30 anos.

Uma das propriedades que Hendra Rahardja

afirmava possuir era o Jalan Gajah Mada.

E pensei:

"Que coincid�ncia."

Mas eu n�o acredito em coincid�ncias.

Os nossos governos e o povo da Indon�sia

pedem aos membros da fam�lia
e amigos de Rahardja

que confessem e se entreguem

para serem julgados
pelos seus horr�veis crimes.

Tem alguma ideia
de onde possa estar o dinheiro?

Em contas banc�rias, em propriedades...

N�o quero dar a conhecer o que sabemos,

mas acreditamos
que h� bens no estrangeiro.

DOS 780 MILH�ES DE D�LARES ROUBADOS
POR TANSIL E RAHARDJA,

FORAM RECUPERADOS MENOS DE DEZ POR CENTO.

Vou encontrar-me com algu�m �s 12:30,
em Westwood, poderia...

N�o sei se o Rudy estaria a beneficiar
de Eddy Tansil

e dos roubos da fam�lia da sua m�e.

Talvez tenha sido por isso
que criou uma hist�ria das suas origens

quando veio para os Estados Unidos.

MANHATTAN, NOVA IORQUE

Outrora uma estrela no mundo
dos vinhos raros e caros,

agora, Rudy Kurniawan vai a julgamento
por fraude em Nova Iorque,

acusado de ganhar milh�es
a vender vinhos a inocentes...

N�o quero estar longe do tribunal.

Quando o Rudy estiver � minha frente,
olhos nos olhos,

quero dizer-lhe que sei o que ele fez,

n�o me d� satisfa��o
ver algu�m ser preso.

Mas isto � t�o importante para Borgonha.

Se o Rudy, no fim do julgamento,
for ilibado,

deixo de poder acreditar
no que quer que seja.

Talvez me torne um monge.

Estou preocupado,
n�o sei o que vai acontecer.

Estou na Am�rica, sou franc�s

e tenho de testemunhar em ingl�s.

Faz com que me sinta nervoso.

"Ele transformou a casa
numa f�brica de vinho",

disse o procurador Joseph Facciponti
sobre o r�u,

tendo criado aquilo a que chamava
de "adega m�gica".

Ele decidiu declarar-se inocente.

�s vezes, principalmente
na �rea da fraude financeira,

h� r�us que, basicamente,
n�o querem aceitar a realidade.

Escolhem n�o a reconhecer.

Quando entrei na sala, achei-o mais magro.

Perdeu peso na pris�o, provavelmente.

Nunca se gosta de ver algu�m
quando bate no fundo.

O Sherlock Holmes do vinho franc�s.

A cruzada de Laurent Ponsot
para descobrir o vigarista

que estava a falsificar
os seus vinhos vintage

come�ou h� cerca de cinco anos
e acabou aqui,

no tribunal distrital de Manhattan,
esta semana.

A dada altura do meu testemunho,

os nossos olhos,
por uma vez, encontraram-se,

e ele sorriu para mim
e fez-me um pequeno sinal

com a cabe�a e sorriu para mim.

Achei bizarro,
mas, ao mesmo tempo, simp�tico.

A primeira pessoa a ser condenada

por vender vinho falso nos Estados Unidos

ir� passar os pr�ximos 10 anos
engarrafado numa cela da pris�o.

O vigarista Rudy Kurniawan ir� tamb�m
pagar 28,4 milh�es de d�lares �s v�timas.

Qual � a sua rea��o ao julgamento de hoje?

Estou muito surpreendido. Pasmado, acho.

N�o esper�vamos que o juiz
desse uma senten�a t�o longa.

Rudy pediu desculpa
ao juiz de Nova Iorque dizendo:

"O vinho tornou-se a minha vida
e eu perdi-me nele."

Uma obsess�o que ser� dif�cil de continuar
atr�s das grades.

Tive casos de crime organizado,
com homic�dios, que levaram menos anos.

� a verdade.

Homic�dios, menos anos.

Os danos causados neste caso
n�o justificam

a senten�a que foi dada.

Simplesmente n�o justificam.

Ele n�o beneficiou tanto com o crime
como outras pessoas.

E as pessoas que mais beneficiaram
do seu crime

est�o a viver � grande, a beber
�timos vinhos e n�o est�o presas...

Outros sugeriram

que mais pessoas
deviam ter sido processadas,

mas para mover um processo

n�o basta dizer que foram negligentes.

H� que provar que a sua inten��o

foi enganar algu�m,
mentindo-lhes ou deturpando os factos.

� como o jogo das cadeiras.

O Rudy era o �nico a estar de p�
quando a m�sica parou.

N�o � o verdadeiro fim dos impostores.

Se continuar a investigar,
encontrarei mais pessoas a fazerem isto,

mas vou parar.

Quero voltar a concentrar-me no
meu trabalho, produzir vinhos aut�nticos.

Reunimo-nos esta noite para tocar
a nota final de uma sinfonia...

...de que me orgulho de ser o maestro.

Mas um maestro nada � sem os seus m�sicos.

Cada um de v�s escolheu
o equivalente a duas mil garrafas.

Obrigado pela vossa paci�ncia,
trabalho e joie de vivre...

porque juntos toc�mos
m�sica harmoniosa e refinada.

ATERRO, TEXAS

Esta � a maior apreens�o de vinho
que os US Marshals alguma vez fizeram.

Atr�s de v�s, temos mais de 500 garrafas

consideradas falsas
da cole��o privada de Rudy Kurniawan.

N�o tenho d�vidas de que ir� demorar
anos, d�cadas, ou talvez nunca se consiga,

descobrir todos os vinhos falsos
de Rudy Kurniawan.

� imposs�vel identificar cada pessoa
que tem uma dessas garrafas.

Est� partida!

Colecionadores mais escrupulosos
decidiram arriscar

e acabaram com uma data de coisas.

John Kapon, e tem de se lhe dar cr�dito
por isso, tem aceitado de volta

tudo o que levantar d�vidas
e reembolsou muitas pessoas.

Muito bem.

Mas acho que muita gente n�o quer saber

que as suas adegas
est�o cheias de falsifica��es.

Por isso, continuam por a�.

Pelo melhor do Chile e da Argentina...

Ir�o circular.

Se comprar isto,
quase de certeza que far� sexo.

Muito bem!

Vai come�ar, senhor, mas a que pre�o?

Dez mil d�lares!

J� n�o olho para cat�logos de vinhos.

Mando-os para o lixo.

Duzentos mil d�lares!

Toda esta ind�stria tem uma certa
pompa e circunst�ncia � sua volta.

Ou se � crente ou um ap�stata.

Sa�de, amigos!

Querem uma cerveja?

Atrevem-se a dizer que o rei vai nu?

� apenas l�quido, � vinho.

Mas tornou-se um bem essencial.

Alguns dos mais importantes CEO
da Am�rica empresarial...

Foram todos enganados por este tipo.

A moral desta hist�ria, na minha opini�o,

quando h� coisas n�o reguladas,

permitimos que os lobos entrem

e enganem o sistema.
Este sistema foi enganado.

Quando descobri que esta caixa de vinho
que ele me vendeu era falsa,

fiquei muito magoado
e senti-me um idiota, tamb�m.

Senti-me rid�culo,

mas o n�mero de experi�ncias maravilhosas
que tive com ele

foi muito maior
do que qualquer raiva que pudesse sentir.

Por isso, perdoei.

RUDY EST� A CUMPRIR A SENTEN�A DE 10 ANOS
NUMA PRIS�O FEDERAL NA CALIF�RNIA.

Quando penso nele, e penso nele bastante,

n�o consigo perceber.

N�o consigo, porque � como falar

de preto e branco.

Vincent!

Ainda n�o tentei, mas adoraria v�-lo.

Um dia,
espero poder vir a sentar-me com ele.

N�o sei. Vou dizer-lhe:
"Porqu� tudo isto?"

RUDY N�O RESPONDEU
AOS PEDIDOS DE ENTREVISTA PARA ESTE FILME.

ESTIMA-SE QUE AINDA HAJA

CERCA DE 10.000 GARRAFAS DE RUDY
EM COLE��ES PRIVADAS.

AT� AO MOMENTO, MAIS NINGU�M FOI JULGADO
NO �MBITO DESTE CASO.