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"S� h� duas ou tr�s hist�rias

na vida dos seres humanos

e repetem-se t�o cruelmente

como se nunca
tivessem acontecido."

Uma hist�ria concebida, filmada
e produzida por Claude Lelouch,

a partir da mem�ria
de UNS E OS OUTROS.

Os homens e as mulheres
que v�o conhecer,

entraram neste filme

porque a hist�ria deles era muito
invulgar ou muito banal.

S�o interpretados por
Robert Hossein, Nicole Garcia,

Geraldine Chaplin,
Daniel Olbrychski,

Jacques Villeret, Jorge Donn,
Rita Poelvoorde, Evelyne Bouix,

Macha Meril, Francis Huster,
Raymond Pellegrin,

Jean-Claude Brialy, Fanny Ardant,
Jean-Claude Bouttier,

Richard Bohringer,
Nicole Croisille, Ginette Garcin,

Jean-Pierre Kalfon,
Genevi�ve Minich, Paul Preboist,

Alexandra Stewart, Eva Darlan,
Manuel Gelin, Candice Patou,

Maia Simon, Marthe Villalonga
e no papel de Glen, pai e filho,

James Cann.

As personagens que v�o encarnar
existem ou existiram.

�, portanto, a eles
que dedicamos estas imagens

que come�am em Moscovo,
em 1936,

no dia em que se escolheria quem
dan�aria o "Bolero"de Ravel

e seria a primeira bailarina
do Bolshoi.

Sonia Mnouchkine
dan�ar� o "Bolero" de Ravel.

Tatiana...

Boris ltovich.

Boris ltovich.

Est�s como queres
Para ti, s� champanhe, Paris

Andas um pouco transviada
Trata de voltar ao pa�s

Acho-te muito p�lida
Branca como a tua m�sica

M�sica original de Francis Lai
e Michel Legrand.

Coreografia da fam�lia russa:
Maurice B�jart.

Coreografia da fam�lia americana.:
Micha Van Oche e Rick Odums.

Coreografia da fam�lia francesa.:
Nicole Daresco, Anne-Marie Boras

e Larry Vickers.

Letras das can��es:
Boris Bergman, Pierre Barouh,

Alan e Marilyn Bergman.

Orquestra��o:
Michel Legrand.

Adoro-te um tanto negra
Mas o cinzento n�o te fica mal

N�o podes mudar de aspecto
lsso seria incorrecto

Um cheirinho a �frica
At� te ficava bem, Paris

A selva nas Tulherias
N�o se v� todos os dias

Senhoras e senhores, aquelas que
foram a gl�ria das "Folies Berg�re",

em 1920 e 1930,
Gina e Ginette!

Vamos aplaudi-las!

Querem mais? Querem mais?

Desculpe? O pianista?

O F�hrer adorou.

Amo-te!

Ol�! Eu sou Jack Glenn,

a bordo do "SS Caroline".

Em directo do belo rio Hudson.

Esta m�sica chama-se "Sarah".

Vou dedic�-la � minha ador�vel
esposa francesa

que acaba de me dar outro beb�,
evidentemente chamado Sarah.

Se tivesse esperado mais 2 ou 3
dias, tamb�m tinha escrito a letra.

Jason, ouve-me com aten��o.

Quero que cuides muito bem
da tua irm�zinha,

para a tua m�e poder voltar
depressa a cantar connosco.

Sarah, est�s a chorar?

- Ela est� a chorar?
- N�o.

Querida, hoje falei
com um entendido e ele disse-me

que o leite de vaca � muit�ssimo bom,
para as vitelas.

Para o meu anjinho, o leite da m�e
h�-de ser muito melhor.

Obrigado, obrigado.

E agora para vosso prazer,
espero eu, uma can��o...

Senhoras e senhores,

interrompemos este programa
para dar um notici�rio especial.

Ap�s a invas�o da Pol�nia
pelas tropas alem�s,

a Fran�a e a lnglaterra
declararam guerra � Alemanha.

E, agora, voltamos a Jack Glen
e � sua orquestra.

Que podemos n�s dizer?

Estou certo de que toda
a Am�rica

deseja aos nossos amigos
de Fran�a e da Gr�-Bretanha

boa sorte
e que Deus os acompanhe.

Convido todos os franceses
que queiram continuar livres,

a ouvir-me.

Esta guerra
� uma guerra mundial.

Ningu�m pode prever
se os que hoje s�o neutros,

continuar�o a s�-lo amanh�

e se os aliados da Alemanha
o ser�o para sempre.

Se as for�as da liberdade n�o
triunfarem sobre as da opress�o,

qual ser� o destino

de uma Fran�a
submetida ao inimigo?

A honra, o bom-senso,
o interesse superior da P�tria,

mandam que todos os franceses
livres continuem a combater,

onde estiverem e como puderem.

Eu, General De Gaulle,
inicio aqui em lnglaterra,

essa tarefa nacional.

Magda, meu amor,

estou impressionado
com a mem�ria do F�hrer que,

ao confiar-me a m�sica
das for�as de ocupa��o,

ter� querido recompensar-me
pelo meu concerto de 1938.

� uma guerra curiosa
e uma ocupa��o curiosa,

com ocupantes bem comportados
a pactuar com ocupados d�ceis.

Toda a gente parece preferir
o amor � guerra,

a m�quina fotogr�fica
� arma...

Quanto mais ouvirem o barulho
da m�sica,

menos ouvir�o o do canh�o.

� essa a divisa
do nosso Estado-Maior,

que nos manda dar concertos
por toda a cidade.

Se estivesses c�,
quase me sentiria em f�rias.

Na realidade, a guerra n�o �
combate dos que se detestam,

mas sim o afastamento
daqueles que se amam.

Para 1941, tenho um �nico desejo,
meu amor.

Juntar-me � minha mulher
e ao meu filho.

P.S.: Come�o a preferir
Ravel a Beethoven.

Est�s como queres
Para ti s� champanhe, Paris

Andas um pouco transviada
E eu sigo-te como um chamariz

Acho-te muito p�lida
Mas tens de me acompanhar, Paris

H� noites que passam
A vida ao relento

H� sombras que pingam
Gotas de ouro

Chuva de Ver�o
Perto do metro de Barb�s

Um homenzinho vai partir
Sem deixar endere�o

N�o �s daqui
Por isso te chamam Paris

S� tiveste amantes
Nunca tiveste amigos

Agradas a toda a gente
Dan�as com todos, Paris

Sejas morena
Ou fa�as-te loira

Paris, travesti

Ainda agora
Come��mos a sair

Bom ano para todos

Bem-vindo 41

Querido Karl, claro que ouvi
o �ltimo discurso do F�hrer e,

como tu, come�o a ouvir
muitas notas desafinadas.

Em Berlim, depois das vit�rias
das nossas tropas, � a euforia.

A m�nima cr�tica torna-se logo
trai��o ou espionagem.

Esta noite, festejo
com o teu filho e os vizinhos.

Pensarei em ti toda a noite.

Bom ano!

Este concerto do jovem pianista
alem�o Karl Kremer,

� oferecido pelas tropas
de ocupa��o.

Ainda por cima, toca bem.

Para um branco,
toca muito bem.

E acabou-se.

Tive uma ideia,
que n�o sei se � boa.

E se fiz�ssemos
um n�mero a tr�s?

A Carole, a Gina e eu. Tr�s
gera��es das "Folies Berg�re".

Para quem? Para eles?

N�o engordei assim muito.

V�s alguma sa�da
em termos de trabalho?

Espera por mim... Eu volto.

Amo-te muito.

Depois das declara��es de guerra
da Alemanha e da lt�lia � URSS

e da ofensiva geral da Wehrmacht
no mar B�ltico e no mar Negro,

Estaline proclama a t�cnica
da terra queimada

e convoca todos os homens
dos 16 aos 55 anos.

Aqui Londres, os franceses
falam aos franceses.

Honra e P�tria.

Minha senhora, fa�a o favor de
mandar os alunos baixar as cal�as.

Dou-lhe a minha palavra de honra
de que n�o h� c� nenhum israelita.

Por favor, pe�a aos seus alunos
que baixem as cal�as.

Como te chamas?

Jean-Fran�ois Duvivier.

Tens a certeza
de que o teu nome � esse?

Ele urinava para o lado
em pequeno e foi operado.

Jean-Fran�ois, diz o Pai Nosso
ao senhor oficial.

Pai Nosso que estais no C�u
Santificado seja o Vosso nome...

N�o tinha raz�o em obrigar-te
a aprend�-lo?

Recreio excepcional
para todos.

Esta manh�, foram � minha aula
procurar crian�as judias.

Agora, � assim que eles
chegam aos pais.

Ontem, mandei-te uma encomenda
pela Cruz Vermelha.

N�o te preocupes, porque n�o
me privo de nada.

Como mulher gr�vida,
tenho direito a um suplemento.

J� sei que n�o estar�s em casa
quando o beb� nascer,

mas a ideia de nos encontrarmos
os tr�s numa esta��o,

d�-me for�as para esperar
dias melhores.

Pap�, mam�...
Quero ir convosco.

Pedimos a todos
calma e sangue-frio.

Estes comboios levam-vos
para campos de trabalho,

onde ser�o tratados
como prisioneiros de guerra,

sob o controlo da Cruz Vermelha
lnternacional.

As fam�lias n�o ser�o separadas.

Por cada evas�o durante a viagem,
tiramos 20 ref�ns � sorte.

N�o sabemos para onde vamos,
nem quanto tempo isto vai durar.

Portanto, � indispens�vel
organizarmo-nos.

H� duas entradas de ar. As mulheres
e as crian�as devem aproveit�-las.

Ali ao fundo, h� um buraco
para o que sabem.

O mais pr�tico � isol�-lo
com uma manta.

Mas, acima de tudo, pe�o-vos
que mantenhamos a calma.

Acho que ainda estamos
em Fran�a.

Talvez haja uma forma
de salvar o David.

� uma grande sorte,
estarmos no �ltimo vag�o.

D� c� a tua alian�a
e o dinheiro. A alian�a!

N�o!

N�o, Simon!

O dinheiro e as j�ias
que est�o junto deste beb�,

s�o da pessoa que o educar
at� ao fim da guerra.

Chama-se David Meyer e mora
em Paris, no Boulevard Strasbourg.

Obrigado um milh�o de vezes.

Para o Julien, que se levantava
de madrugada todos os dias,

aquele dinheiro
tinha outro sabor.

Fez muitos quil�metros para
que entre o dinheiro e o beb�

n�o pudesse haver
qualquer liga��o.

Senhor Prior!

Telefono-te porque �s minha irm�,
advogada e preciso de um conselho.

N�o tinha papel nenhum.

N�o desligue, menina.

Um belo dia em Manhattan...

Por que n�o goz�-lo com um r�dio
de autom�vel novo em folha?

E voltamos � m�sica,
com "Sarah", de Jack Glenn.

Bom dia, meu anjo.

Olhem para isto!

Vais come�ar a andar hoje?

J� andas! J� andas!

Acabem j� com isso!

N�o quero que se portem assim.

Parem com isso!

Para que tive eu g�meos?

Se querem lutar, v�o para a Europa
que eles precisam de especialistas.

Que vou eu vender amanh�
aos clientes?

Acabem com isso
para n�o assustarem a beb�.

Se n�o, ter�o de se haver comigo!

�ltimas not�cias de Washington...

O refor�o das unidades americanas
no teatro europeu,

provocou a mobiliza��o

de mais homens em todo o pa�s.

Um relat�rio
do Quartel-General Aliado

confirmou que o avan�o nazi
na frente russa

foi detido pela primeira vez.

Estaline ordenou que, apesar
das baixas extremamente pesadas,

a cidade cercada que tem
o seu nome, Estalinegrado,

continuar� a ser um s�mbolo
da resist�ncia russa.

Um grito ecoa por toda a parte.:
"Resistir em Estalinegrado!"

Tatiana, meu amor!

Um homem que conhecer a guerra,
nunca poder� declarar outra.

Os que as desencadeiam,
n�o t�m liga��es nem amor.

�, decerto, o modo de se vingarem
da felicidade dos outros.

H� um ano, quando parti,

julgava que algures
haveria uma explica��o,

para o confronto
dos que se detestam.

Hoje, tenho a certeza
de que s� haver� vencidos.

Todas as minhas for�as est�o
voltadas para a primeira licen�a

que nos prometeram
para Janeiro de 1943.

Espero que tenhas voltado
de Estalinegrado,

onde, segundo parece, as nossas
tropas fazem maravilhas.

Todos os dias sonho
que vou a subir a escada,

ao teu encontro e do nosso filho.

O poeta Simonoff est� connosco.

Acaba de escrever algo sublime.
Ouve...

"Se me esperares, eu volto,
mas espera-me muito.

Espera at� que a chuva amarela
traga a tristeza

ou que a neve voe

Espera pelo triunfo do Ver�o,
espera que o passado esque�a

e j� n�o se esperem os outros

Espera que das terras distantes
j� n�o venha correio

Espera at� que estejam cansados,
os que contigo esperavam."

Chegou uma carta
do ex�rcito para si.

Queridos Don e Rob,

o vosso pai diz que desde que
voc�s andam pelos bares ingleses,

o nosso bar est�
muito sossegado.

Temos saudades das vossas lutas
constantes. Quem o diria?

� verdade que as inglesas
andam a pintar-se de louro,

s� para agradar aos soldados
americanos?

Agrada-me saber que n�o andam
� pancada um com o outro,

e que s�o uns verdadeiros
cavalheiros ingleses.

O nosso vizinho Jack Glenn
tamb�m est� em lnglaterra.

Talvez o encontrem.

N�o nos agrada nada saber
que est�o nos Comandos.

Numa altura destas,
n�o foi boa escolha.

Agora que as crian�as j� falam,
passamos o tempo a falar de ti.

O �nico momento feliz
do meu dia,

� quando estou
� espera do correio.

N�o podes escrever-me todos
os dias? Est�s t�o longe.

Queridos pais, suspenderam-nos
as licen�as por uma semana.

Consta que devemos sair
de lnglaterra para o que j� sabem.

O tempo est� h�mido e andamos
a preparar-nos h� 6 meses.

Parece que n�o deve tardar.

Falaram-nos muito de Paris
e estamos ansiosos por chegar l�.

Estamos bem e esta estadia
em lnglaterra n�o foi m�.

Conhecemos muitas
mi�das simp�ticas.

Desde que estamos na tropa,
ainda andamos mais � pancada.

Mas � s� entre os dois.

Estamos prontos
para entrar em ac��o.

O que diziam do nevoeiro
em Londres n�o era mentira.

Mas, n�o falando das bombas,
� uma bela cidade.

Gostam da minha m�sica e parece
que todos t�m os meus discos.

Amanh�, temos uma coisa especial
para dez mil soldados.

Deve estar a preparar-se
alguma coisa.

Tem havido muitas
desloca��es de tropas.

Vamos gostar muito de voltar
a trabalhar no bar.

Como vai o bar, e voc�s?

Amamo-vos e temos saudades.
Os vossos filhos, Rob e Don.

Novidades?

Muito nevoeiro em Londres.

E parece que tamb�m
chove muito.

Mas n�o te preocupes
com o teu querido...

Como m�sico do ex�rcito, tenho
toda a esp�cie de privil�gios.

Sou muito mimado
e protegido.

Diz alguma coisa para mim?

Um grande abra�o para a Emma.

O Jason j� deve estar
um grande m�sico.

Est�s a ensinar
a Sarah a cantar?

Um grande abra�o para a Emma.

Vejam se nos guardam uma caixa
de u�sque para o fim da guerra.

Os vossos dois in�teis e
desordeiros filhos v�o ganh�-la

porque decerto vamos fazer parte
do primeiro grupo de ataque,

sob o comando
do General Ridgway.

Tropas de elite...
E esta?

Os primeiros comandos a chegar
para libertar a Fran�a.

Sabemos exactamente
onde vamos descer.

At� j� marc�mos encontro
com duas francesas.

Claro que vamos andar � pancada.
Ele vai querer a minha mi�da.

Quando receberem esta carta,
j� estaremos em solo franc�s.

Quem sabe?
Talvez mesmo em Paris.

Est�s como queres

Para ti s� champanhe,
Paris

S� andas
Um pouco transviada

Trata de voltar
Para mim

"la para a cama com os alem�es
e dan�a com os americanos."

Paris ultrajada.

Paris destru�da e martirizada,

mas Paris
liberta por si pr�pria.

Liberta pelo seu povo
com a ajuda do ex�rcito.

Com o apoio da Fran�a inteira,

da Fran�a que luta,

da �nica Fran�a,

da Fran�a verdadeira,
da Fran�a eterna.

A Cruz Vermelha tem um servi�o
de ajuda permanente

aos prisioneiros.

Para facilitar as buscas,

pedimos a quem venha
esperar os deportados,

que n�o fique nos cais e passe
primeiro pelos recenseamentos.

A lista dos comboios vindos
da Alemanha e da Pol�nia,

ser� afixada esta tarde
no cais n�mero um.

Chama-se uma equipa m�dica
com urg�ncia

ao comboio da linha
n�mero cinco.

Os deportados que n�o tiverem
fam�lia nem apoio em Paris,

podem apresentar-se na comiss�o
de aux�lio na porta B.

A lista oficial dos mortos
do campo de Mathausen,

est� afixada na entrada
da esta��o.

N�o tentem encontrar
sozinhos um parente ou amigo,

isso s� aumentaria a confus�o.

Passem pelo servi�o de informa��es
ou de recenseamento.

Todos os problemas das vi�vas
de guerra,

est�o a cargo do Socorro
Cat�lico franc�s.

Gabinete 42, ao lado
da sa�da A.

A ponte n� 3 est� fechada.

Atravessem na esta��o.

Pedimos que evacuem
a sala de espera,

para instalar mais uma antena
da Cruz Vermelha.

Podemos partir. Fechem a ponte 3
para deporta��o dos alem�es.

Cais no. 2, partida do comboio
de prisioneiros alem�es.

Pedimos a todos que mantenham
a calma e o sangue-frio.

Chegada na linha oito
de um comboio com sobreviventes

dos campos de Treblinka,
Volvzseck e Auschwitz.

Nome do seu marido?

Ren� Garel.

Sabe o n�mero da matr�cula?

26322.

Profiss�o?

Professor prim�rio.

- E a sua profiss�o?
- Professora prim�ria.

Tenho um Ren� Garel,
que se evadiu em Mar�o de 1945.

Foi preso dois meses depois

e executado a 6 de Maio
de 1945.

Sou o Capit�o Mulcahy.

Em nome do Secret�rio do Ex�rcito,
fui encarregue de vos dizer

que os vossos filhos Robert J. Tracy
e Donald J. Tracy

descansam em paz em Fran�a.

Como vi�va de guerra,

confiaram a Tatiana a escola
de principiantes do Bolchoi,

de que o filho Sergei
podia aproveitar plenamente.

Todos tratavam
muito bem Tatiana,

especialmente
o seu velho amigo Alexis.

Arranjei-te uma casa.

Continuas a n�o querer
um pai para o teu filho?

Falaremos mais tarde.

Assim, � dif�cil de dizer...

Ouviste dizer que tenham
encontrado um beb� por aqui?

Em Agosto de 1942.

Bom dia. Deixei aqui um beb�
em Agosto de 1942.

- Aqui?
- N�o foi aqui, foi ali na linha.

� que n�o pude...

N�o sei como dizer.
Fui obrigada a deix�-lo.

Foi para o salvar que...

Ia nos comboios...

Por isso, trouxe uma...

Trouxe uma fita
como a que ele tinha.

Tinha uma manta e isto.

Mas, se n�o o viram,
isto n�o vos diz nada.

Tamb�m n�o ouviram falar

de uma crian�a que tenha ficado
debaixo do comboio?

Fico contente.
Voc�s teriam sabido...

N�o sabem, por acaso,
onde poderei procurar?

Para ali...?

Est�s como queres

Para ti s� champanhe,
Paris

Partiste h� pouco

Volta para c�

Acho-te muito p�lida

Branca como a tua m�sica
Paris

Veste-te com mais alegria

O luto fica-te mal

Vi o vosso nome no jornal
e vim...

E o Simon?

J� l� vai quanto tempo?
Foi em 1942.

N�o mudaste nada.

Que � feito de ti?

Voc�s n�o t�m trabalho para mim?

S� temos isto
at� ao fim da semana.

- Onde est� o Simon?
- O Simon?

Pela montra de um caf�
Do boulevard

Os dois

No meio da multid�o

Temos uma coisa para Nice.
Pagam mal, mas comemos bem.

N�o podemos ensaiar
um pouco mais? E que eu...

Uma semana depois,
perante montanhas

de incompreens�o e �dio,
a Evelyne suicidava-se.

Ningu�m lhe perdoava
os amores da Ocupa��o.

Est�vamos em 1945.

O sangue e as l�grimas
fizeram tr�guas...

Quanto � esperan�a,
seria preciso esperar 20 anos

antes de a ver reaparecer
algures nos anos 60...

Para os que nasceram antes,
durante e depois da guerra,

aqueles a que mais tarde chamariam
a gera��o do Sistema D,

era a vez de come�arem
uma vida de adultos.

A tua m�e s� tinha isto
e pediu-me que to desse.

� lindo. Obrigada, av�!

N�o te esque�as de lhe ir
p�r flores todas as semanas.

N�o me esque�o. Entra.

N�o te esque�as que foi
numa cidade como Paris

que a tua m�e
se meteu em sarilhos.

Quando chegar a Paris, mando-vos
vir logo. Quando me casar.

Quanto mais tarde vir Paris,
melhor para mim.

- Gostamos muito de ti.
- Eu tamb�m.

Tem cuidado.

Joga!

N�o h� pressa.

Ela intimida-te?

Vais para Paris, querida?

Oferece-lhe os bombons.

Quem te vai esperar � esta��o?

Deixa-a.

Este tem a mania!

N�o lhe prometas nada.

Quer que a fa�a rir?

Sabe a do gago
que vai � ca�a com o amigo?

Se vires ca-ca�a di-dizes-me...

Deixa, que eu tenho bom olho.

Olha um co-coelho.

J� fu-fugiu.

Olha uma per-perdiz.

Pa-passou-se, meu velho.

Olha para eles
a lerem juntos o jornal...

Este d� cabo de mim...

Na linha 7, comboio de Nice,
Marselha, Lyon, Dijon.

Recomenda-se
aos soldados da Arg�lia

que embarcaram em Marselha

que n�o deixem a esta��o sem
passarem pelo posto de recep��o.

A professora?

A minha noiva.

Francis, n�o tinhas dito nada.

N�o � minha. � dele.

O pap� pugilista!
Depois, telefono-te.

E se a Hist�ria
n�o tivesse imagina��o?

Vinte anos antes,
vinte anos depois...

De uma guerra mundial
para uma guerra na Arg�lia.

Que poderia ter mudado
para Edith n�o passar

pelos mesmos medos, esta��es
e fracassos do que a m�e?

Por que n�o estava l� o noivo?

Por que ser� a continua��o
como o princ�pio?

Por que ser� o princ�pio
como o fim?

Por que tem ela
a mesma cara do que a m�e?

Por que se apresenta
o destino do mesmo modo?

Por que s�o sempre os mesmos
que ningu�m vem esperar?

Estou?
� de Turbigo 1520?

Queria falar com o Sr. Michel.

Desculpe...

Como n�o vos encontrei em casa,
calculei que estivessem aqui.

Os meus companheiros todos
tinham algu�m na esta��o.

E voc�s... Que interessa?

N�o compreendes, m�e?

Sou o teu filho.
N�o sou um desconhecido.

Tens sorte.
Ela sempre te deu vontade de rir.

Trouxe os meus amigos de Paris.

N�o queriam vir.

Apresento-vos
o Sr. e a Sra. Nicolas.

Sempre que o trabalho
lhe permitia,

Anne voltava � esta��o.

Em busca de uma informa��o,
de um milagre.

Desde o campo de concentra��o
que n�o queria tocar violino.

Ao fim de vinte anos,
era a primeira vez

que revelava o segredo
aos seus amigos.

Os guardas da linha
eram uma esp�cie de fam�lia.

A sua vida parara ali,
numa noite de 1942.

Tinha for�osamente
de recome�ar ali.

Gostas?

Gostava mais, se n�o olhasse
assim para a minha mulher.

Como estou a olhar para ela?

Como se ma quisesse roubar.

Vai fazer torradas,
est� bem?

- Jason, ele tem fome.
- Ent�o, que coma!

Por que se apaixona a minha mulher
por quem lhe escreve uma can��o?

Compra um l�pis.

- Para qu�?
- Para lhe escreveres uma can��o.

Esta manh�, na sua casa
dos arredores de Nova lorque,

Sarah Glenn
e o irm�o, Jason,

souberam que a m�e morreu
num acidente de autom�vel.

O pai, Jack Glenn,
ficou em estado grave.

Ela era uma can��o
E tu um amigo

E eu chamava-te pap�

Ela fez o seu papel
At� ao fim

E eu chamava-lhe mam�

Assim partiste
Levada pelo vento

E no C�u te falarei

A vida

Sempre pelas costuras

E n�o se pode voltar atr�s

Ela sabia os comos
E tu os porqu�s

Agora s� posso
Contar contigo

Nos c�us

O meu pai tinha conseguido
comprar tudo.:

a guerra, o div�rcio,
o meu regresso da Arg�lia,

a nova noiva...

- � a vida.
- � a vida...

Admito que me roubem a mulher,
mas n�o a carteira.

N�o se zangue.

Festej�vamos
a minha primeira casa.

Custava-me exibir
o luxo em que fora criado.

Mas, como em todo o grupo que se
preze, tem de haver um muito rico.

Ela era uma can��o
E tu um amigo

E eu chamava-te pap�

Sorri um pouco mais.

Eu s� sorrio, Jason.

Gostas?

- � novo?
- Comprei-o hoje.

Vamos come�ar.

Vou buscar o teu vestido.

Cabeleireiro.

Desculpem...
� s� um segundo.

lmagina milhares...
Dez mil pessoas.

Eu tinha uma orquestra
de cem figuras.

Eles estavam doidos.

Faziam amor no meio da rua,
cantavam e dan�avam...

J� te contei a hist�ria do padre?

A minha filha
cantar aqui no Lido?

Voc� n�o precisa de cantoras.

A minha filha canta.
N�o �...

S�o meus convidados.

Sou o director.

"Para os admiradores
de Jack Glenn, o famoso maestro,

vai seguir as pisadas
da sua talentosa filha.

"Todos se lembram do casamento
de Sarah Glenn

com o produtor Lennie Gavitz

que parece desfazer-se,

mas o pai ainda acredita
no casamento e,

para o provar,
est� em lua-de-mel em Paris.

Como todos sabem,

a primeira mulher faleceu
tragicamente h� menos de um ano.

Mas...

... Jack tem vindo
a consolar-se como pode,

nos bra�os
da sua ador�vel canadiana,

nos locais mais rom�nticos
de Fran�a."

Se a minha m�e
visse esta m� l�ngua...

Quero mais fumo.

Est�o prontos para avan�ar?

Quero mais "playback".

Alinhem os carros.
Tirem o branco.

Sarah, o teu pai est� c�.

Continuem o movimento.

Continuem... Com energia.

Sil�ncio junto � c�mara.

Esgot�mos, logo
que a bilheteira abriu.

Por que escolheu Brahms
depois de Beethoven?

O meu marido n�o gosta
de discutir o programa

depois de escolhido.

Por aqui...

Marc�mos o ensaio
para amanh�, �s dez da manh�.

� muito cedo.

As cr�ticas em Londres
foram fant�sticas.

O que interessa agora
s�o as cr�ticas de Nova lorque.

Alguns jornalistas gostavam
que explicasse melhor

o que disse
sobre a reencarna��o.

Como � que explica
que ele tocasse

a 3a. Sinfonia de Rachmaninov
aos cinco anos,

se n�o a tivesse conhecido
noutra vida?

Quando fazem uma pergunta
ao seu marido,

� sempre a senhora que...?
- Sim.

Onde est� o p�blico?

N�o compreendo.
Est� tudo vendido.

Deve estar a brincar...

Quem s�o aqueles dois senhores
na primeira fila?

Cr�ticos, do "Times"
e do "Tribune".

Tudo vendido?

Sim, s� havia lugares de p�.

Estou pronto.

Foi incr�vel, o que se passou
esta noite em Nova lorque,

no primeiro concerto
de Karl Kremer.

Duas pessoas na sala,
com todos os lugares vendidos.

Comecemos pelo princ�pio,
para compreendermos melhor

esta noite que marcar�, sem
d�vida, a hist�ria da m�sica.

Os judeus de Nova lorque
compraram todos os bilhetes.

Tens de dar uma confer�ncia
de imprensa.

Tem de ser, querido.

Tens de falar com os jornalistas.

Sou alem�o.

E, acima de tudo, m�sico.

Toquei para o F�hrer
quando tinha vinte anos.

Em 1938,
qualquer um se sentiria feliz

ao ser felicitado por ele.

Quando a guerra come�ou,

estava no Ex�rcito
a servir o meu pa�s...

N�o confundam todos
os alem�es com a Gestapo.

Fui feito prisioneiro de guerra e,

quando voltei a Berlim,
a nossa casa fora bombardeada.

O cad�ver do nosso filho
foi l� encontrado.

Era a casa do meu passado
e do nosso futuro.

O meu mundo � a m�sica.

Esta manh�, quando ia embarcar
com a Companhia do Bolshoi,

o grande bailarino Sergei
ltovitch escolheu a liberdade,

refugiando-se,
no �ltimo momento,

junto de dois pol�cias � paisana.
O respons�vel pelo Bolchoi

disse que isso se devia
a uma mulher.

Tendo sucedido uma semana
ap�s o afastamento de Kroutchev,

dedicamos a nossa edi��o da uma
da tarde � R�ssia de 1964.

Uns e os outros
N�s e os outros

Se cada um
� o outro para n�s

Raramente �
Um para o outro

Apesar de todos
Os discursos

E pedidos de socorro
Dos outros

Na terra onde chafurdam
Uns sem os outros

Se todos os homens
S�o iguais

H� uns mais iguais
Do que outros

Escrevia George Orwell

� verdade para ele ou ela
Ou para o outro

Faz como quiseres.
Chamas a isso dan�ar?

Contraiam-se!

Mais seco! Mais n�tido!

Uns e os outros
N�s e os outros

Se cada um
� o outro para n�s

Raramente �
Um para o outro

Campeonato
de Fran�a de M�dios

em assaltos de tr�s minutos.

O campe�o Michel Chapus

contra Philippe Rouget!

Os dois homens foram pesados
no jornal "L'Equipe".

Michel Chapus: 72,5 quilos

e Phillippe Rouget: 72,3 quilos.

O campe�o Michel Chapus!

O pretendente Phillippe Rouget!

� claro que me casei
com a noiva do meu pai.

O Robert, casado
antes do servi�o militar,

tinha um filho da Eva.

Tinham-se conhecido
quando estudavam Direito.

O Jacques,
o mais dotado do grupo,

s� se interessava por cavalos.

E a Candice, por pugilistas.

O Richard, sem profiss�o,
ajudava todos.

Mas, esta noite, para os amigos
da Arg�lia, era a da esperan�a,

porque decid�ramos,
por amizade ou supersti��o,

que o resultado do combate
seria a imagem do nosso futuro.

Nos anos 80, quem n�o gosta
do seu corpo aluga o de outro.

O presidente dos pa�ses do mundo,
cantor de rock, dez anos, canta.

Doen�a? Palavra dos dicion�rios
do passado.

O �ltimo doente
d� uma confer�ncia de imprensa.

Desmontam o �ltimo hospital
pedra por pedra.

O sol est� sempre � vista
At� h� dois...

A vida n�o passa
de umas longas f�rias.

Eu e a minha noiva passeamos
a nossa igualdade pelo Sena.

Quando n�o estou bem
na minha pele, entro na dela.

Dizem-nos tamb�m
que tudo foi vencido.

Os dias seguintes n�o soar�o
mais a falso do que as v�speras.

Haver� tantos gritos de �dio
como de amor.

A conversa ser� a mesma,
salvo um pequeno pormenor.

Os profetas ter�o
sentido de humor.

Amanh�
Adormeceremos

Pois tudo ser�

O grande sono

Mas n�o te preocupes

Se j� vejo

A primeira ave
De um p�s-guerra

Sobre um arame

Que ficou farpado

Com o passar dos anos

Dez minutos de descanso.

N�o podias ter-me dito
que te tinham libertado?

T�nhamos ido buscar-te.

Ter�amos gostado disso.
Pensaste na tua m�e?

Como est� ela?

Estaria melhor, se desses
not�cias mais vezes, idiota.

Ainda posso falar contigo,
ou n�o?

Em conclus�o,
recusas defender-me.

N�o sejas rid�culo.
Todos sabem que somos amigos.

Est�s a ver-nos juntos no tribunal?
N�o era cred�vel.

O que vejo � que n�o
queres que digam

que o melhor advogado de Paris
anda com m�s companhias.

Cobarde! Maricas!

Assalto � m�o armada.
� um caso s�rio.

Faz-me esse favor, Mouchkine.

N�o sei o que tenho,
n�o me sinto bem.

Estou farto de te dizer
que n�o venhas aqui.

- Tens os resultados?
- N�o tens nada.

Procurei tudo.
N�o tens nada.

Tens a certeza?

N�o percebo.

Deito-me cansado.
Levanto-me cansado...

Como cansado.
Fa�o amor cansado.

Porque andas cansado.

E eu que julgava ter feito tudo
para n�o te faltar nada.

Fizeste tudo para seres
o primeiro na tua profiss�o,

mas n�o na nossa vida.

E agora?

Como encaras o nosso div�rcio,
tu que �s um especialista?

� definitivo?

Sabes por que vim aqui hoje?

Tive a ideia parva
de seguir a tua amante,

que n�o deve estar longe,
porque subi mesmo atr�s dela.

Admiras-te de andares cansado?

Acabei, minha senhora.

� realmente definitivo.

Eva, suplico-te,
n�o sejas rid�cula.

- lmaginas-te a mudar?
- Claro! Vais ver.

J� fui casado.
Portanto, divorciado...

Com 40 anos, guerra da Arg�lia,

um pouco forte,
com um filho...

Rico. Muito rico.

Sublinhe... duas vezes.

Afectuoso. Gosta de animais,
sobretudo de cavalos.

Que mais se poder� dizer?

Simp�tico?

Boa ideia. Muito simp�tico.

Ponha a data e assine.

E a quem mando isto?

N�o a tenta?

N�o fa�as isso.
Tiras-lhe for�a nas pernas.

� o seu amigo pugilista.

Diga-lhe que jogue
no Red One.

Obrigado.
Mande-lhe um abra�o.

Uns e os outros

Uns e os outros

Desculpa, Nicole.
Enganei-me.

N�o tem import�ncia.

Antes de partir, fui p�r flores
na campa da tua m�e.

Ela parecia-se contigo,
minha pequena Edith.

Foi ela que me chamou Edith?

L� em casa s� se falava
na Edith Piaf.

E tu gostavas da Edith Piaf?

Cantava melhor
do que tu dan�as.

Vi-te na semana passada
na televis�o.

Paris, est�s indecente
Toda suja

Toda suja por causa
Dessa mente

Paris, que foste Paris
At� fazer torcer o nariz

Paris, est�s indecente

Assim nem serves
Para pingente

�s um despojo infeliz
Minha pobre Paris

Candidata n� 1 ao concurso
de locutoras, Huguette Fr�mont.

Esteja o mais descontra�da
e sorridente que puder.

Quinze horas.
Programa de m�sica cl�ssica

com a c�lebre cantata

"Bruitsch den ougruijen
den ott BMW, 39",

pela orquestra de Lu...

Luduiburje,

sob a direc��o
de Gustav L�onard.

E �s 20H30, ap�s o jornal,

a obra prima
de Mikael Kalatozov,

"Quando Passam as Cegonhas"
com Tatiana Samoilova.

- Garanto-te que a conhe�o.
- De a veres na televis�o.

- N�o � s� da�.
- Bom anivers�rio.

- Como est�s?
- Muito bem.

Jantas connosco?

N�o sou bem
do estilo antigo combatente.

- Mas est�s linda.
- Uma barriga de tr�s meses.

N�o sou eu o pai.

N�o sabes...

Com oito anos de escola,
n�o sabes.

Uma pessoa que anda na escola
n�o diz que n�o sabe.

Desculpa, mas...

Eu digo-te o que vai mal com ela.

Fuma demais, bebe demais
e ama demais.

Ningu�m sabe, na realidade...

Ningu�m sabe o que ela tem.

S� sabem
que ela n�o est� muito bem.

Ela assim vai suspeitar.

Ela decerto sabe
Que a protegerei

Se trope�ar
A dormir

H� sombra de um sorriso
Na sua cara

Decerto est�
Num lugar muito belo

Que o seu mundo
Seja sempre

O roseiral

Que via
Do seu baloi�o

O tempo
Que o sono rouba

Quem me dera
Que acorde

Para me dizer
Que gosta de mim

Quando abre
Os olhos ensina

Aos c�us
O que � o azul

Bom dia, Sarah
Vou partilhar

Mais um belo dia
Contigo

Por que est�s triste?

A bilheteira est� fraca.

Que disse o pai?

Gostou muito.
� a can��o dele.

Sarah, o teu filho ao telefone.

Atendo aqui.

V�, a vida � curta!

Seleccionaram-te
para a equipa de basebol? Boa!

- Manda-lhe um beijo.
- E essas notas?

O Jason manda-te um beijo
e eu tenho de ir.

Est� bem.
Tenho muitas saudades.

Escreve... Tens uma m�e.

Jason, agora diz-me...

Como est� a bilheteira?
Fraca ou mesmo m�?

Est� mesmo fraca.

No Lido de Paris,
continuam muito interessados.

E tu l� �s uma grande estrela.

� verdade, e n�o temos
de dizer-lhes que estou doente.

Que est�s a dizer?
Tu n�o est�s doente.

Eles n�o sabem coisa nenhuma.

E se estiveres...
Que n�o est�s...

Chamamos os melhores m�dicos
para te tratarem.

Julgas que me vou meter
com m�dicos?

J� passei por quatro casamentos
e quatro div�rcios.

Tenho o filho de quinze anos
mais fant�stico do mundo.

J� vendemos
doze milh�es de discos.

Tenho tr�s Pr�mios Grammy.

N�o posso deixar perder
essas coisas.

N�o te preocupes, querido.
O Bobby h�-de voltar.

No fundo, tens raz�o.

Se conseguirmos conservar
tr�s ou quatro bons amigos

ao fim de vinte anos, podemos
sempre dizer que triunf�mos.

O teu triunfo � uma beleza.

Vinte anos de negociatas,
cobardias, intrigas

e fizemos tantas vezes amor
com as nossas mulheres,

que agora estamos reduzidos

a dan�ar com gald�rias

com quem nem sabemos
se vamos para a cama.

Ouviste o que eu disse?

Basta, Jacques.

Esquece isso!

Foi tudo o que soubeste fazer.

Est�s doido!

Acaba com isso, Francis.

Basta! Acaba com isso!

Acabem com isso,
por amor de Deus!

Que festa de merda!
Pobre maricas!

lmpotente! Cala-te
e vai tratar do teu cancro.

Queres que te explique
o trajecto desse senhor?

Meninas, venham c� todas.
A vermelha tamb�m.

Quanto te pagaram
para estares aqui esta noite?

Voc�s est�o todos doidos!

Sabes por que a tua mulher se foi
embora? Nunca a satisfizeste.

Maricas!

Troca o bisturi por uma pila
e ser�s mais feliz.

Pobre cretino!

Colaboracionista
e filho de colaboracionista!

A verdade � dura.

Tu sabes mais do que dizes.

Vinte anos a fazerem-lhe em cima
e faz um bolo de anivers�rio.

Eras um falhado, logo � partida.

Os tr�s... Tu tamb�m fizeste
vinte combates a mais.

Jacques, cala a boca.
N�o me obrigues a ser mau.

Deu-te tarde. Era no ringue
que te devias ter armado em mau.

Tinhas triunfado na vida,
se tivesses sido pior.

Tens toda a raz�o.
Mas n�o fales mais nisso.

N�o nos chateies,
para acabarmos a noite sossegados.

J� pagaste �s meninas, ou n�o?

Elas j� se podem ir embora?

N�o podemos passar
uma noitada sem mulheres?

H� vinte anos, pass�vamos
as noites sem mulheres.

N�o t�nhamos de dar
duzentos mil francos a cada.

Ponham-se a andar! A vermelha,
a branca, a cor de malva e a preta.

Rua, sen�o dou-te
com a televis�o!

Acabou-se...
Elas j� sa�ram.

N�o sa�ram nada!

lsso � um quarto
e agora v�o sair � minha frente.

E tu tamb�m!

Confiscado!

Puseram-se a andar.
N�o precisamos delas.

N�o partimos nada.
Podemos divertir-nos.

Vamos beber um copo.
N�o vamos acabar assim.

Bom anivers�rio!

Como chegou a locutora?

lsso demoraria muito a explicar.

Temos tempo.

Duvido que vos interesse.
E um melodrama.

Tenho a certeza de que

j� nos vimos em qualquer lado.
N�o sei onde...

Esta can��o � linda!
O que �? Sabe?

� de Paris?

N�o, sou de Dijon.

Marselha, Lyon, Dijon, Paris.
V�nhamos todos a descer.

Volt�vamos da Arg�lia.

E depois?
Que interessa a Arg�lia?

N�o foram muito simp�ticos comigo.

� que voc� irritou-nos,
com o seu noivo.

Que nunca apareceu.

Esse n�o lhe apareceu.
E os outros?

Tamb�m n�o apareceram?

Como o mundo � pequeno.

Sabe que n�o mudou nada?

E n�s?
Acha-nos mudados?

Ele talvez.
Envelhece mais depressa.

� uma boa recorda��o.

Para ela, n�o.
Vinha angustiada.

� casada?

E voc�?

Tenho o div�rcio a correr.

Bobby, o Jason tentou matar-se.
Est� muito mal no hospital.

Veste-te. Tenho um t�xi
l� em baixo � espera.

Despacha-te!

Como entraste?

Tenho as chaves do Jason.
Despacha-te.

Pap�?

Queria falar
com o Sr. Jack Glenn.

Como e quando foi isso?

Tomou os meus comprimidos.

As minhas porcarias!

Despacha-te, Bobby.

Sarah, eu n�o vou.

As coisas entre n�s acabaram.

Eu sei, mas estou a pedir-te
que venhas ao hospital.

Veste uma camisa, Bobby.
Tenho um t�xi � espera.

- Por favor, Bobby.
- Acabou-se.

Por favor?

� o Jason...

Por amor de Deus,
veste a camisa.

Vai-te lixar!

Vemo-nos esta noite?

Assim que resolver os meus
problemas, sa�mos daqui.

lsso era se fosse s�
um problema de casa...

Ent�o, explica-te.

S� vejo os defeitos das pessoas.

N�o podes julgar-me,
num per�odo de transi��o.

Escondes muitas coisas.
N�o �s transparente.

Depois do pequeno-almo�o,
conversamos.

lsto resolve-se.
N�o te preocupes.

Que fazes aqui?

O gordo suicidou-se.

Como � que foi isso?

Em Chantilly.
Passei a noite com ele.

- Veste o casaco.
- Ele est� vivo?

Veste o casaco...

Eu conhe�o-a?

N�o. � uma "pequena".

Obrigado pela "pequena".

Vens?

V�s como n�o �s transparente?

Onde est� ele?

Hoje � o dia das surpresas.

Que se passa?

Nada. Julgava que tinha
mais encanto do que este idiota.

Onde est� ele?

Quando quiseres...

Espera um momento.
Quero falar com ela.

Acabou-se, Robert.

� s� um segundo... Desculpa.

Ela disse-te que acabou.

Um segundo...
Depois ligo-te.

A minha irm� est� c�
para cantar e n�o para nadar.

A artista que, nos anos 60,
foi t�o c�lebre como os Beatles,

finalmente aceitou
cantar em Paris.

Chegou esta manh� ao Lido,

onde dar� uma s�rie excepcional
de 30 espect�culos.

A uma pergunta de um jornalista
sobre a sua sa�de,

Sarah respondeu que n�o � por
parecer mais velha do que �

que se devem tirar conclus�es.

Depois, passou o dia descontra�da
a escolher quem ter� a honra

de fazer a primeira parte
do espect�culo.

Na terra onde chafurdam
Uns sem os outros

Se todos os homens
S�o iguais

Alguns s�o mais iguais
Do que outros

Escrevia George Orwell

� verdade para ele
Para ela

Para o outro
Ou para a outra

Por acaso, um dia

Quando sa�mos da gare

Vimo-nos pela montra

De um caf�
Do boulevard

Os dois

Na multid�o
No meio dos outros

Uns e os outros

Uns e os outros

Uns e os outros

N�o tem colher
de sobremesa?

Pode trazer uma colher
de sobremesa? Duas.

Quer uma colher pequena?
Aqui tem uma colher pequena.

A minha m�e era francesa...

Cantava na orquestra
do meu pai.

N�o compreendo...

Deviam ter vindo h� mais tempo.

Devia ter escrito o livro
h� mais tempo.

� incr�vel!

Desculpe... Sente-se.

Como se chama ela?

Anne Meyer.

Quando foi a �ltima vez
que a viram?

H� uns dois anos,
e estava a perder a mem�ria.

Vinha muitas vezes?

De duas em duas semanas.
Continuava a ter esperan�a.

Estava a quantos quil�metros
da tua igreja?

A uns cinquenta.
Agora, j� fica a saber

por que � que o filho
gosta tanto de m�sica.

S�o os caf�s
As esta��es

Que fazer

Para nos encontrarmos

Amanh� adormeceremos

Porque tudo ser�

O grande sono

N�o te preocupes

Se j� vejo

A primeira ave
Do ap�s-guerra

N�o olhes para mim.

Sobre um arame

N�o sorrias.

Que ficou farpado

� uma can��o triste.

Com o passar dos anos

N�o podes cantar em ingl�s,
como as pessoas normais?

Agora

Que conhe�o
As tuas entradas

Posso prever
As minhas sa�das

�s parte de mim

N�o posso passar sem ti

Voltaremos a ver-nos

Um caf� deserto

S�o os caf�s
As esta��es

Como poderemos

Encontrar-nos

Amanh�

Adormecer-me-�s

Posso adormecer

Eu estarei pronto

N�o te preocupes

J� vejo

A primeira ave
Do ap�s-guerra

N�o tarda
Que seja um par

E que ficar�

N�o me queiras mal

- Bravo! Maravilhoso!
- Estava s� a brincar.

Ele � que � maravilhoso.

Posso apresentar-lhe
o Sr. St�phane?

Da Cruz Vermelha
e da UNlCEF.

Queria aproveitar a... Qu�?

Queria aproveitar
a sua presen�a em Paris.

N�o compreendo...

UNlCEF. Caridade...

A Cruz Vermelha!

Est�o a fazer um filme
sobre a vida do meu marido.

Como sabem, esteve
muitas vezes em Paris.

Muitas coisas importantes da sua
vida passaram-se em Paris.

Karl Kremmer,
uma sondagem recente

considera o F�hrer como o homem
mais impopular de sempre.

Pode falar-nos
das suas rela��es com ele?

H� quarenta anos...

Que posso dizer-vos
sobre as minhas fraquezas?

As pessoas da sua gera��o,
Menuhin, Rubinstein,

parecem mais felizes
do que os jovens de hoje.

Como explica isso?

N�s conhecemos a guerra.

Ao lado da guerra,
tudo o resto � suave.

Tenho um encontro
com o sr. Sergei.

Est� a ensaiar com a filha.

� o senhor...?

Agora, dobras-te.

Mudas de direc��o,

e voltas na outra...

Espera.
Est� ali uma pessoa...

Ontem liguei-lhe,
por causa da UNlCEF

e da Cruz Vermelha.

V�o morrer por falta
de um copo de �gua

ou de uma tigela de arroz.

lgnoram os problemas do petr�leo
e as ang�stias conjugais.

T�m simplesmente fome e sede.

Quer mesmo p�r petr�leo
e ang�stias conjugais?

Sei, que muitas vezes,
fizemos este mesmo apelo.

Mas, desta vez, ainda � mais
urgente do que o costume

porque de milhares,
eles passaram a milh�es.

As crian�as moribundas
diante das m�es

j� n�o t�m leite nem l�grimas.

N�s, que ainda temos a sorte
de poder chorar,

devemos fazer qualquer coisa
muito depressa.

A UNICEF e a Cruz Vermelha

organizam com as televis�es
de todo o mundo

uma grande gala
de solidariedade.

H� muitos modos
de participar nela porque,

salvando uma s� crian�a,

poderemos ter a sensa��o
de salvar toda a humanidade.

Procur�mos por toda a parte.

Recorremos
a todas as suas rela��es.

As minhas rela��es
n�o servem de muito...

E pensaram no estrangeiro?

E os hosp�cios?

UNS E OS OUTROS

:: Ressincroniza��o ferneiva ::