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1
00:00:21,226 --> 00:00:24,089
A maioria dos filmes foram
dirigidos por homens.
2
00:00:24,190 --> 00:00:28,690
A maioria dos ditos cl�ssicos
foram dirigidos por homens.
3
00:00:29,675 --> 00:00:34,165
Mas h� 13 d�cadas, em todos os seis
continentes onde se fazem filmes,
4
00:00:34,266 --> 00:00:37,304
milhares de mulheres tamb�m
t�m dirigido filmes.
5
00:00:39,560 --> 00:00:41,550
Alguns dos melhores.
6
00:00:43,404 --> 00:00:45,150
Que filmes elas fizeram?
7
00:00:45,390 --> 00:00:47,729
Que t�cnicas usaram?
8
00:00:49,121 --> 00:00:52,110
O que podemos aprender
sobre cinema com elas?
9
00:00:52,506 --> 00:00:57,415
Vamos revisitar os filmes atrav�s
dos olhos das diretoras.
10
00:00:58,960 --> 00:01:02,529
Vamos fazer um novo
road movie pelo cinema.
11
00:01:06,060 --> 00:01:08,489
MULHERES FAZEM CINEMA
12
00:01:08,590 --> 00:01:12,960
UM NOVO FILME DE ESTRADA
ATRAV�S DO CINEMA.
13
00:01:18,750 --> 00:01:21,200
Os filmes s�o
t�o cheios de vida.
14
00:01:21,500 --> 00:01:23,500
Mas como eles s�o na morte?
15
00:01:24,200 --> 00:01:27,759
Todos j� vimos tiroteios
e cenas no leito de morte,
16
00:01:27,860 --> 00:01:31,599
mas e as formas criativas,
incomuns, ou talentosas
17
00:01:31,700 --> 00:01:34,099
que a morte tem sido
representada no cinema?
18
00:01:34,200 --> 00:01:36,400
E o que podemos aprender
com elas?
19
00:01:40,340 --> 00:01:46,739
38 - MORTE
20
00:01:46,840 --> 00:01:50,510
Comecemos logo antes da morte.
Com o seu fasc�nio.
21
00:01:51,100 --> 00:01:54,900
A c�mera segue uma mulher
no corredor escuro de uma cl�nica.
22
00:01:55,990 --> 00:01:58,420
Ela tem c�ncer de mama
e est� morrendo.
23
00:02:03,260 --> 00:02:07,169
Agora ela olha para n�s,
enquanto recuamos.
24
00:02:07,270 --> 00:02:10,660
THE ETERNAL BREASTS
JAP�O, 1955
25
00:02:12,840 --> 00:02:15,800
A�, este plano expressionista.
26
00:02:16,090 --> 00:02:19,400
Ela segue um cad�ver
no caminho para o necrot�rio.
27
00:02:23,260 --> 00:02:24,800
R�stias de luz.
28
00:02:25,000 --> 00:02:27,239
� como se ela fosse son�mbula.
29
00:02:27,340 --> 00:02:29,810
Fascinada pela morte,
atra�da por ela.
30
00:02:30,140 --> 00:02:36,300
Um belo ritmo nesta cena,
dirigida por Kinuyo Tanaka.
31
00:03:04,690 --> 00:03:07,420
A morte chama, e a� acontece.
32
00:03:21,500 --> 00:03:22,820
NECROT�RIO
33
00:03:34,850 --> 00:03:37,010
Tantas maneiras de mostr�-la.
34
00:03:37,800 --> 00:03:41,879
Que tal esta, da diretora
Wang Ping, em 1965?
35
00:03:41,980 --> 00:03:43,299
O LESTE � VERMELHO, 1965
36
00:03:43,400 --> 00:03:45,110
Uma luta coreografada.
37
00:03:47,440 --> 00:03:50,419
Trabalhadores � esquerda,
contra capitalistas � direita.
38
00:03:50,520 --> 00:03:51,910
Uma dan�a.
39
00:03:53,460 --> 00:03:55,400
A�, um homem corre.
40
00:03:57,560 --> 00:03:58,920
Tambores.
41
00:04:06,340 --> 00:04:09,910
E sua postura heroica, quando
a vida come�a a deixar seu corpo.
42
00:04:24,840 --> 00:04:26,410
Outro tiro...
43
00:04:43,540 --> 00:04:46,900
e uma panor�mica
se comp�e como um quadro.
44
00:04:47,540 --> 00:04:50,900
� como se ele tivesse morrido
num afresco ou numa tape�aria.
45
00:05:05,800 --> 00:05:08,299
Uma morte tamb�m
pouco convencional.
46
00:05:08,400 --> 00:05:13,020
O enorme bal�o que flutuava
sobre a cidade cai no ch�o.
47
00:05:16,330 --> 00:05:17,900
Os alde�es d�o vivas.
48
00:05:20,800 --> 00:05:23,210
Mas a�, a pol�cia atira.
49
00:05:23,800 --> 00:05:28,900
E agora, a met�fora da diretora
b�lgara Binka Zhelyazkova.
50
00:05:29,190 --> 00:05:31,300
O bal�o � como uma baleia.
51
00:05:31,530 --> 00:05:33,600
Gigante, gentil,
52
00:05:34,030 --> 00:05:35,410
assassinado.
53
00:05:36,450 --> 00:05:38,000
Um menino chorando.
54
00:05:58,390 --> 00:06:03,100
Ele esvazia, como a esperan�a
e a felicidade dos alde�es.
55
00:06:03,950 --> 00:06:06,200
A matan�a se torna fren�tica.
56
00:06:15,540 --> 00:06:19,220
Das mortes estilizadas
�s simples.
57
00:06:20,550 --> 00:06:22,700
�Le Lit�, de Marian Hansel.
58
00:06:23,050 --> 00:06:24,600
O homem moribundo.
59
00:06:24,900 --> 00:06:26,410
Uma imagem parada.
60
00:06:26,680 --> 00:06:28,810
E a�, seu �ltimo suspiro.
61
00:06:42,550 --> 00:06:45,699
Agora, estamos aos p�s dele,
como um quadro renascentista.
62
00:06:45,800 --> 00:06:48,800
A c�mera se aproxima,
e uma �nica voz.
63
00:06:56,740 --> 00:06:59,459
N�s dizemos que o esp�rito
deixa o corpo,
64
00:06:59,560 --> 00:07:01,700
mas aqui, nos aproximamos dele.
65
00:07:15,940 --> 00:07:17,890
Ent�o, um v�u se interp�e.
66
00:07:26,900 --> 00:07:29,000
Eles se movem
do outro lado do v�u.
67
00:07:37,590 --> 00:07:39,310
Assim como a c�mera.
68
00:07:53,800 --> 00:07:56,259
Menos dram�tica
ainda � esta cena
69
00:07:56,360 --> 00:07:58,959
da diretora americana
Liza Johnson,
70
00:07:59,060 --> 00:08:00,399
de �Amores Inversos�.
71
00:08:00,500 --> 00:08:03,959
AMORES INVERSOS
EUA, 2013
72
00:08:04,060 --> 00:08:05,399
Johanna?
73
00:08:05,500 --> 00:08:08,410
-Estou aqui.
-Sim.
74
00:08:08,890 --> 00:08:11,300
Kirsten Wilg interpreta
uma cuidadora.
75
00:08:11,540 --> 00:08:14,620
Uma c�mera im�vel.
Nenhuma m�sica.
76
00:08:14,790 --> 00:08:16,600
Nenhum clima especial.
77
00:08:20,000 --> 00:08:22,900
Eu gostaria de usar
meu vestido azul.
78
00:08:23,250 --> 00:08:24,499
Sim, senhora.
79
00:08:24,600 --> 00:08:27,559
A c�mera corta da anci�
para outro �ngulo,
80
00:08:27,660 --> 00:08:29,290
outro plano est�tico.
81
00:08:46,300 --> 00:08:49,410
Mas quando voltamos,
a senhora est� morta.
82
00:08:49,900 --> 00:08:51,500
Seus anos terminaram.
83
00:08:59,730 --> 00:09:01,200
Nenhum tambor.
84
00:09:04,980 --> 00:09:06,510
Nenhuma mudan�a no mundo.
85
00:09:58,580 --> 00:10:02,310
Depois que algu�m morre,
os entes queridos precisam saber.
86
00:10:02,540 --> 00:10:04,169
Era uma sexta � tarde,
87
00:10:04,270 --> 00:10:07,739
quando eu voltei e vi uma multid�o
na frente da nossa casa.
88
00:10:07,840 --> 00:10:09,149
Uma multid�o.
89
00:10:09,250 --> 00:10:12,020
Ela se funde.
Se afasta. Um dedo.
90
00:10:12,400 --> 00:10:14,849
A�, passamos para o chap�u dele
91
00:10:14,950 --> 00:10:18,100
e subimos as escadas,
at� onde a av� morreu.
92
00:10:20,890 --> 00:10:25,500
A marca registrada de Caroline
Leaf, suas imagens desfocadas.
93
00:10:28,430 --> 00:10:30,999
-A sua av� morreu.
-Cad� a mam�e?
94
00:10:31,100 --> 00:10:32,429
No quarto com...
95
00:10:32,530 --> 00:10:35,290
-� melhor voc� n�o entrar.
-Eu quero v�-la.
96
00:10:38,290 --> 00:10:39,339
N�o entre aqui.
97
00:10:39,440 --> 00:10:42,600
E pessoas desfocadas,
papel de parede, vozes.
98
00:10:42,900 --> 00:10:44,300
Pintura a dedo?
99
00:10:44,800 --> 00:10:47,600
Em marrom e cinza,
como uma pintura rupestre?
100
00:10:49,540 --> 00:10:51,410
A vov� deixou umas joias.
101
00:10:51,930 --> 00:10:55,539
O colar � para Brefka
e o anel � para sua esposa.
102
00:10:55,640 --> 00:10:57,100
Quem vai se casar?
103
00:10:58,760 --> 00:11:01,400
De que outra forma
sabemos que algu�m morreu?
104
00:11:02,030 --> 00:11:04,710
Dificilmente pode ser
mais criativa que esta.
105
00:11:05,140 --> 00:11:08,100
A c�mera avan�a. Cores suaves.
106
00:11:08,590 --> 00:11:11,410
Estamos entrando em um mundo.
Que mundo?
107
00:11:13,400 --> 00:11:17,000
CRULIC - O CAMINHO ADIANTE
DIRE��O: ANCA DAMIAN
108
00:11:23,540 --> 00:11:25,900
Imagens planas.
O telefone toca.
109
00:11:26,340 --> 00:11:31,259
Um document�rio estilizado narrado
pelo protagonista falecido,
110
00:11:31,360 --> 00:11:32,799
um romeno na vida real,
111
00:11:32,900 --> 00:11:35,959
que morreu em uma greve
de fome na Pol�nia em 2008,
112
00:11:36,060 --> 00:11:38,079
ao protestar contra sua pris�o.
113
00:11:38,180 --> 00:11:41,220
Ele diz ser embaixador
romeno em Vars�via.
114
00:11:41,330 --> 00:11:43,099
Ele quer que meu tio Leontescu
115
00:11:43,200 --> 00:11:47,710
confirme o parentesco
com Claudiu Crulic, que sou eu.
116
00:11:48,530 --> 00:11:52,500
A�, ele informa ao meu tio
que estou morto.
117
00:11:55,440 --> 00:11:58,779
E pede 2.500 euros
para me levarem para casa
118
00:11:58,880 --> 00:12:00,710
e ser cremado.
119
00:12:02,000 --> 00:12:06,110
N�o, o consulado n�o pode
ajudar na repatria��o.
120
00:12:09,390 --> 00:12:13,869
Um visual parecido
em �El Camino�, de Ana Mariscal.
121
00:12:13,970 --> 00:12:15,600
EL CAMINO
ESPANHA, 1963
122
00:12:16,840 --> 00:12:20,200
Dois planos descendentes,
em dire��o ao caix�o.
123
00:12:25,790 --> 00:12:27,610
Mas a�, isto.
124
00:12:27,940 --> 00:12:30,600
N�o h� cortes
neste momento imprevisto.
125
00:12:34,240 --> 00:12:35,710
Desculpe, Tiny.
126
00:12:37,110 --> 00:12:40,200
O menino � ao mesmo tempo
destemido e assustado.
127
00:12:50,400 --> 00:12:52,400
Vamos a outro funeral.
128
00:12:52,540 --> 00:12:56,220
Nas montanhas albanesas.
Com uma por��o de homens.
129
00:12:57,340 --> 00:12:58,789
VIRGEM PROMETIDA
130
00:12:58,890 --> 00:13:01,920
IT�LIA, SU��A, ALEMANHA,
ALB�NIA, KOSOVO, FRAN�A - 1968
131
00:13:06,740 --> 00:13:10,910
A�, a mulher de cabelo curto,
a virgem prometida do t�tulo.
132
00:13:12,040 --> 00:13:14,400
A c�mera segue o caix�o.
133
00:13:15,490 --> 00:13:16,920
E a�, isto.
134
00:14:01,840 --> 00:14:04,989
Quase um document�rio tosco
de um ritual de enterro.
135
00:14:05,090 --> 00:14:06,439
Tristeza, lamentos,
136
00:14:06,540 --> 00:14:10,000
mas tamb�m � como se tentassem
traz�-lo de volta da morte.
137
00:14:11,190 --> 00:14:14,490
A�, ela beija o padrasto.
138
00:14:26,540 --> 00:14:28,869
De uma cena de gritaria a outra.
139
00:14:28,970 --> 00:14:32,900
O GIGANTE EGO�STA
DIRE��O: CLIO BARNARD
140
00:14:33,290 --> 00:14:36,139
O amigo do menino
teve uma morte horr�vel.
141
00:14:36,240 --> 00:14:38,810
O homem � o maior respons�vel.
142
00:14:39,780 --> 00:14:43,520
Solte-o! Solte-o!
143
00:14:43,800 --> 00:14:46,299
F�ria, c�mera na m�o.
Uma tempestade de dor.
144
00:14:46,400 --> 00:14:49,920
Maldito desgra�ado!
Eu te mato! Patife!
145
00:14:51,930 --> 00:14:53,399
Imagens ca�ticas.
146
00:14:53,500 --> 00:14:56,210
Me soltem!
147
00:15:00,340 --> 00:15:03,500
E o menino � carregado.
Explodindo.
148
00:15:07,640 --> 00:15:09,600
Ele � preso no cont�iner.
149
00:15:13,120 --> 00:15:15,910
A onda de choque
destrutiva da morte.
150
00:15:44,320 --> 00:15:48,400
E quando a onda passa?
Vem outra.
151
00:15:48,620 --> 00:15:50,200
Choques subsequentes.
152
00:15:52,140 --> 00:15:54,010
Um homem desliga a TV.
153
00:15:58,000 --> 00:16:01,000
Seu filho morreu numa estrada,
andando de bicicleta.
154
00:16:01,440 --> 00:16:06,900
Na TV, h� imagens do acidente,
mas ele n�o aguenta olhar.
155
00:16:12,400 --> 00:16:14,600
Um mundo azul de a�o.
156
00:16:17,120 --> 00:16:21,600
Mas ent�o, ele volta.
A cabe�a totalmente enquadrada.
157
00:16:24,380 --> 00:16:27,900
O local, o trevo,
segundos antes de acontecer.
158
00:16:30,900 --> 00:16:35,410
Rua vazia. A�, l� em cima,
um vislumbre do rapaz.
159
00:16:44,090 --> 00:16:45,990
N�o, filho.
160
00:16:47,240 --> 00:16:49,400
Ele congela a imagem, claro.
161
00:16:49,760 --> 00:16:52,700
Voc� n�o faria isso,
para deter o passado?
162
00:17:07,880 --> 00:17:10,010
Ou poria em c�mera lenta...
163
00:17:12,830 --> 00:17:15,220
segundos antes do tornado?
164
00:17:30,300 --> 00:17:31,710
N�o.
165
00:17:32,990 --> 00:17:34,710
N�o.
166
00:17:37,560 --> 00:17:41,120
A diretora holandesa candidata
ao Oscar, Paula Van der Oest
167
00:17:41,230 --> 00:17:43,299
e o ator Pierre Bokma
168
00:17:43,400 --> 00:17:46,600
nos levam cada vez
mais perto do momento,
169
00:17:46,730 --> 00:17:48,100
da agonia.
170
00:18:05,630 --> 00:18:08,510
Ent�o, corta
e n�s ficamos do outro lado,
171
00:18:08,710 --> 00:18:10,320
na escurid�o.
172
00:18:16,360 --> 00:18:18,500
Mas � poss�vel
sair da escurid�o.
173
00:18:19,120 --> 00:18:20,920
Nossa �ltima cena de morte.
174
00:18:21,300 --> 00:18:24,220
A senhora polonesa
que conhecemos antes.
175
00:18:24,550 --> 00:18:26,620
Ela se deitou para morrer.
176
00:18:29,700 --> 00:18:31,610
Segurando seu ter�o.
177
00:18:32,530 --> 00:18:35,400
Sobre aqueles ramos
que tremulam contra o frio.
178
00:18:36,640 --> 00:18:40,020
Coros em ru�nas, onde tardiamente
doces p�ssaros cantaram.
179
00:18:41,290 --> 00:18:44,520
-Em mim, tu...
-A vela esmaece.
180
00:18:45,040 --> 00:18:49,810
Como depois que o sol
se p�e no oeste,
181
00:18:50,480 --> 00:18:56,710
que pouco a pouco
a noite escura carrega.
182
00:18:57,140 --> 00:18:58,949
Mas a�, ela revive.
183
00:18:59,050 --> 00:19:01,369
HORA DE MORRER
POL�NIA, 2007
184
00:19:01,470 --> 00:19:04,199
...que encerra tudo.
185
00:19:04,300 --> 00:19:07,300
Este plano f�nebre do quarto.
186
00:19:08,230 --> 00:19:10,810
Que torna o teu amor mais forte,
187
00:19:12,240 --> 00:19:14,400
te faz amar t�o bem.
188
00:19:15,850 --> 00:19:20,700
E a�, a vista de cima,
tamb�m chamada de vista do caix�o.
189
00:19:20,840 --> 00:19:22,300
E a�...
190
00:19:23,560 --> 00:19:26,110
-Ela volta!
-Voc� est� louca?
191
00:19:28,140 --> 00:19:31,299
-Morrer?
-Como se acordasse de um sonho.
192
00:19:31,400 --> 00:19:32,800
Sem chance.
193
00:19:46,740 --> 00:19:51,300
H� 39 cap�tulos,
mais de 13 horas atr�s,
194
00:19:51,490 --> 00:19:54,910
n�s perguntamos como se faz
uma grande abertura de um filme.
195
00:19:57,900 --> 00:20:02,400
Agora, perto do fim da hist�ria,
perguntamos sobre o final.
196
00:20:06,460 --> 00:20:12,419
39 - FINAIS
197
00:20:12,520 --> 00:20:14,179
Eu estava no templo.
198
00:20:14,280 --> 00:20:16,400
Vejamos alguns pouco comuns.
199
00:20:17,500 --> 00:20:20,739
Em �Hotel Very Welcome�,
de Sonja Heiss,
200
00:20:20,840 --> 00:20:25,200
Svenja n�o quer que sua estranha
aventura em Bangkok termine.
201
00:20:25,530 --> 00:20:27,679
Ela fala
com o agente de viagens,
202
00:20:27,780 --> 00:20:30,369
e apesar de ele ser
meio incompetente,
203
00:20:30,470 --> 00:20:32,979
e provavelmente
nunca terem se encontrado,
204
00:20:33,080 --> 00:20:35,039
eles n�o querem
que a liga��o termine.
205
00:20:35,140 --> 00:20:38,859
-Eu tamb�m. N�o te vi.
-Nem eu vi voc�.
206
00:20:38,960 --> 00:20:43,700
Eu preciso... voltar.
Estou na lista de espera.
207
00:20:44,000 --> 00:20:45,889
A� vou voltar para Washington.
208
00:20:45,990 --> 00:20:47,439
-Washington?
-�.
209
00:20:47,540 --> 00:20:50,710
Vou sentir falta
de falar com voc�.
210
00:20:50,890 --> 00:20:53,010
Eu sei.
211
00:20:53,190 --> 00:20:58,329
-Venha comigo.
-N�o posso, eu...
212
00:20:58,430 --> 00:21:00,889
Voc� pode... vir comigo.
213
00:21:00,990 --> 00:21:03,219
-Estou no aeroporto.
-Aeroporto?
214
00:21:03,320 --> 00:21:06,189
�, aeroporto. Hoje. Agora.
215
00:21:06,290 --> 00:21:09,210
Hoje? Agora?
216
00:21:10,000 --> 00:21:12,889
-Darei meu n�mero em Washington.
-Washington?
217
00:21:12,990 --> 00:21:14,819
-�.
-N�o.
218
00:21:14,920 --> 00:21:19,810
-Eu vou... com voc�.
-Que fofo.
219
00:21:21,140 --> 00:21:22,900
Eu quero te ver.
220
00:21:23,740 --> 00:21:26,359
-N�o posso...
-N�o chore!
221
00:21:26,460 --> 00:21:28,800
-Eu choro.
-N�o chore.
222
00:21:30,940 --> 00:21:34,199
Cortes entre tomadas simples,
luz natural.
223
00:21:34,300 --> 00:21:36,020
Final adiado.
224
00:21:38,360 --> 00:21:39,700
O que voc� disse?
225
00:21:41,280 --> 00:21:44,979
-N�o, n�o, n�o.
-N�o, n�o, n�o?
226
00:21:45,080 --> 00:21:47,810
-N�o, n�o, n�o.
-Sim, sim, sim.
227
00:21:56,060 --> 00:21:58,700
Eu n�o entendo tailand�s.
Desculpe, Mick.
228
00:21:59,390 --> 00:22:02,989
-�Rak khun.�
-�Rak khun.�
229
00:22:03,090 --> 00:22:04,609
�Rak khun� � �eu te amo�.
230
00:22:04,710 --> 00:22:06,379
�Rak khun� � �eu te amo�?
231
00:22:06,480 --> 00:22:10,739
-Pensei que fosse �at� logo�.
-N�o � �at� logo�.
232
00:22:10,840 --> 00:22:13,020
-Tchau.
-N�o.
233
00:22:13,140 --> 00:22:14,520
Tchau.
234
00:22:14,860 --> 00:22:16,380
Um quase final.
235
00:22:16,800 --> 00:22:18,809
-Fique na linha.
-Ficar na linha?
236
00:22:18,910 --> 00:22:20,410
Fique na linha.
237
00:22:21,650 --> 00:22:23,000
Para sempre?
238
00:22:23,860 --> 00:22:25,799
-Para sempre?
-Para sempre?
239
00:22:25,900 --> 00:22:27,800
-Para sempre?
-Para sempre.
240
00:22:34,140 --> 00:22:36,649
Os finais mais comuns
s�o otimistas.
241
00:22:36,750 --> 00:22:41,220
Em Hollywood e Bollywood,
o final frequentemente � feliz.
242
00:22:41,740 --> 00:22:45,289
�A P�tria da Eletricidade�,
de Larissa Shepitko
243
00:22:45,390 --> 00:22:47,049
est� longe de Hollywood,
244
00:22:47,150 --> 00:22:50,320
mas tem o final feliz.
245
00:22:51,840 --> 00:22:54,249
Camponeses ucranianos
constru�ram uma bomba
246
00:22:54,350 --> 00:22:56,620
para irrigar
seus campos ressequidos.
247
00:22:56,820 --> 00:23:00,110
Mas a bomba explodiu
e agora, est�o chorando.
248
00:23:00,440 --> 00:23:04,000
Os espl�ndidos rostos
difusos de Shepitko.
249
00:23:04,240 --> 00:23:05,610
A solenidade.
250
00:23:09,140 --> 00:23:11,000
A colheita ser� perdida de novo?
251
00:23:11,150 --> 00:23:14,600
Mas a�, n�s vemos
que come�a a chover.
252
00:23:14,800 --> 00:23:16,500
A colheita ser� salva.
253
00:23:21,590 --> 00:23:25,420
Eles est�o exaustos demais para
festejar. Sem sons sincronizados.
254
00:23:25,640 --> 00:23:28,600
S� alguns dos melhores
closes do cinema.
255
00:23:30,000 --> 00:23:33,500
Um final feliz como um resgate,
um sacramento,
256
00:23:33,740 --> 00:23:35,359
quase que uma revela��o.
257
00:23:35,460 --> 00:23:39,530
...mas as pessoas
n�o sentiam a chuva,
258
00:23:39,900 --> 00:23:43,500
porque tinham deixado
de esperar que ela viesse.
259
00:23:44,440 --> 00:23:49,700
Elas n�o tinham percebido,
na esperan�a de sobreviver,
260
00:23:49,890 --> 00:23:52,569
que haviam se tornado
a esperan�a encarnada,
261
00:23:52,670 --> 00:23:57,000
ajudando-as a fazer o poss�vel
e no entanto, imposs�vel.
262
00:23:57,460 --> 00:24:00,389
Como a esperan�a se tornou
parte de uma esperan�a maior,
263
00:24:00,490 --> 00:24:03,220
uma esperan�a de um mundo
futuro comunista,
264
00:24:03,620 --> 00:24:08,220
uma parte de uma esperan�a maior
que precisavam para viver.
265
00:24:08,400 --> 00:24:13,400
E essa esperan�a s�
manteve sua humanidade.
266
00:24:15,640 --> 00:24:19,300
Passemos de finais felizes
para algo deste tipo.
267
00:24:19,440 --> 00:24:22,900
Kusum tem sido infeliz
no amor e est� fugindo.
268
00:24:28,310 --> 00:24:29,710
Zoom out.
269
00:24:30,990 --> 00:24:35,410
Um filme cheio de zooms aumentando
e diminuindo tristeza e alegria.
270
00:24:38,400 --> 00:24:40,510
Mas a�, ficamos com ela.
271
00:24:40,840 --> 00:24:42,310
E suas l�grimas.
272
00:24:51,240 --> 00:24:52,590
E zoom in.
273
00:24:55,550 --> 00:24:57,799
A�, este close congelado,
274
00:24:57,900 --> 00:25:00,299
para um plano
no in�cio do filme.
275
00:25:00,400 --> 00:25:03,010
E a voz dela em off
nos atualiza.
276
00:25:03,340 --> 00:25:04,920
E voltaram...
277
00:25:06,930 --> 00:25:09,900
Nada oficial.
278
00:25:11,550 --> 00:25:13,920
Eu n�o consegui
entrar na universidade
279
00:25:15,900 --> 00:25:19,000
e entrei para as fileiras
dos desempregados.
280
00:25:22,000 --> 00:25:25,200
Esse foi o fim dos meus
doze anos de estudos?
281
00:25:34,050 --> 00:25:36,700
Apenas a bochecha
e um zoom lento.
282
00:25:37,050 --> 00:25:39,710
Os lindos tons
em preto e branco...
283
00:25:42,200 --> 00:25:46,349
e a� nos aproximamos novamente.
Do qu�? Do rosto dela no espelho?
284
00:25:46,450 --> 00:25:49,600
Sim, mas tamb�m
de uma imagem emba�ada.
285
00:25:51,000 --> 00:25:52,610
Um ponto de interroga��o.
286
00:25:54,490 --> 00:25:57,000
Isto � tudo
que a vida me reserva?
287
00:25:59,600 --> 00:26:03,110
Um dos finais mais incertos
e ousados do cinema.
288
00:26:03,520 --> 00:26:08,000
THE GIRLS
DIRE��O: SUMITRA PERIES
289
00:26:09,800 --> 00:26:13,220
Este final � incerto
de um jeito diferente.
290
00:26:13,950 --> 00:26:16,800
Ela foi atropelada por um carro
e est� no hospital.
291
00:26:17,040 --> 00:26:19,900
A brancura e a suavidade
desta imagem.
292
00:26:20,140 --> 00:26:23,400
Mas a�, corta
para seu suposto amante.
293
00:26:23,900 --> 00:26:27,620
Num carro, no escuro,
numa esp�cie de inferno.
294
00:26:32,530 --> 00:26:36,660
CARTAS DE AMOR
DIRE��O: KINUYO TANAKA
295
00:26:42,440 --> 00:26:44,500
Agora, ela move a cabe�a.
296
00:26:52,100 --> 00:26:54,210
Agora, ele segura a dele.
297
00:27:03,920 --> 00:27:07,600
E os olhos dela se abrem.
Uma imagem quase celestial.
298
00:27:13,760 --> 00:27:16,200
E a m�sica muda de tom.
299
00:27:27,240 --> 00:27:29,900
Foi um final feliz, ou triste?
300
00:27:30,300 --> 00:27:33,389
Ambos. Houve uma transfer�ncia.
301
00:27:33,490 --> 00:27:36,500
Um reequil�brio.
Uma incurs�o de gra�a.
302
00:27:41,590 --> 00:27:42,900
Vamos, campe�.
303
00:27:43,440 --> 00:27:45,710
-Vamos para casa.
-Sim.
304
00:27:47,040 --> 00:27:50,649
Em muitos finais, o mundo
parece julgar os personagens.
305
00:27:50,750 --> 00:27:52,679
Ou a hist�ria os julga,
306
00:27:52,780 --> 00:27:55,300
ou as imagens.
307
00:27:56,140 --> 00:27:58,609
Claire Trevor,
uma m�e controladora,
308
00:27:58,710 --> 00:28:00,229
conseguiu o que queria.
309
00:28:00,330 --> 00:28:01,720
Isto � seu.
310
00:28:02,750 --> 00:28:04,300
Voc� ganhou.
311
00:28:05,000 --> 00:28:06,410
Um trof�u.
312
00:28:06,740 --> 00:28:08,310
Mas a que custo?
313
00:28:12,530 --> 00:28:15,500
Da dignidade dela?
Do respeito dos outros?
314
00:28:17,300 --> 00:28:18,690
Florence!
315
00:28:28,600 --> 00:28:30,120
Voc� n�o vai esquecer...
316
00:28:31,100 --> 00:28:32,420
vai?
317
00:28:43,080 --> 00:28:46,439
Anoitece e ela fica
embalando o trof�u,
318
00:28:46,540 --> 00:28:48,810
a �nica coisa que lhe resta.
319
00:28:51,240 --> 00:28:54,989
Ent�o esta lente grande-angular
se afasta e a perde de vista,
320
00:28:55,090 --> 00:28:58,259
e encontra os pap�is caindo,
o vento gelado
321
00:28:58,360 --> 00:29:01,910
e o vazio do mundo
e do cora��o dela.
322
00:29:09,390 --> 00:29:14,539
FIM
323
00:29:14,640 --> 00:29:18,459
FIM
324
00:29:18,560 --> 00:29:21,720
FIM
325
00:29:22,240 --> 00:29:25,310
Esta luta n�o vai terminar
em terrorismo e viol�ncia.
326
00:29:26,340 --> 00:29:29,510
Bem mais radical
e determinado � este final.
327
00:29:30,440 --> 00:29:33,339
Uma locutora de r�dio
feminista em Nova York.
328
00:29:33,440 --> 00:29:34,999
Bem enquadrada.
329
00:29:35,100 --> 00:29:37,820
Sua mensagem ousada,
mas conciliat�ria.
330
00:29:38,640 --> 00:29:40,199
...em luz.
331
00:29:40,300 --> 00:29:43,510
Este � o momento da esperada
mudan�a para todas n�s.
332
00:29:44,240 --> 00:29:48,239
Aqui � Isabella, da R�dio Phoenix,
me despedindo at� amanh�.
333
00:29:48,340 --> 00:29:50,300
N�s fomos longe demais.
334
00:29:50,700 --> 00:29:54,789
A� corta para este homem,
com um traje formal,
335
00:29:54,890 --> 00:29:57,029
como s�o filmados
os rep�rteres de TV.
336
00:29:57,130 --> 00:30:00,239
N�o podemos ignorar
nossa infla��o monumental.
337
00:30:00,340 --> 00:30:04,710
Nem tolerar o abuso desenfreado
em nossos programas sociais.
338
00:30:05,230 --> 00:30:08,200
Neste pa�s, estamos
encurralados pela burocracia.
339
00:30:08,500 --> 00:30:11,500
Ele expressa um medo
comum da direita.
340
00:30:11,650 --> 00:30:16,439
A dire��o teme que a socializa��o
tenha transformado nossa democracia
341
00:30:16,540 --> 00:30:18,430
num estado de bem-estar social.
342
00:30:18,600 --> 00:30:21,039
Se queremos que nossos
ideais sobrevivam,
343
00:30:21,140 --> 00:30:23,419
precisamos considerar
suas implica��es.
344
00:30:23,520 --> 00:30:26,420
Mas a�, o choque.
Ele � interrompido por...
345
00:30:29,750 --> 00:30:32,920
Uma explos�o no alto
das torres g�meas,
346
00:30:33,100 --> 00:30:36,420
dezoito anos antes
de realmente explodirem.
347
00:30:38,040 --> 00:30:41,210
Um final chocante.
Uma destrui��o.
348
00:30:46,630 --> 00:30:49,859
O final de Claire Denis
em �35 Doses de Rum�
349
00:30:49,960 --> 00:30:53,220
� o oposto visual
das torres explodindo.
350
00:30:53,520 --> 00:30:56,210
O pai que j� conhecemos.
351
00:30:56,500 --> 00:30:58,510
Sua filha acabou de se casar.
352
00:30:58,700 --> 00:31:00,500
Ele a ver� menos agora.
353
00:31:00,690 --> 00:31:03,600
Eles viviam juntos,
felizes, ternamente.
354
00:31:05,740 --> 00:31:07,700
A�, corta para esta imagem.
355
00:31:07,820 --> 00:31:11,900
Nenhum rosto, nenhuma emo��o
�bvia, nenhuma despedida.
356
00:31:13,500 --> 00:31:15,810
A panela vermelha � esquerda.
357
00:31:16,240 --> 00:31:20,910
Mas depois, ele descobre outra
panela de arroz que ela comprou.
358
00:31:21,700 --> 00:31:25,999
A diretora Denis ama o final
do filme de Yasujiro Ozu,
359
00:31:26,100 --> 00:31:29,410
em que um homem solit�rio
descasca uma ma��.
360
00:31:29,840 --> 00:31:32,339
Este � seu equivalente
de descascar a ma��.
361
00:31:32,440 --> 00:31:34,500
A amargura dos objetos.
362
00:31:35,100 --> 00:31:38,510
Os desenhos infantis
na panela da filha.
363
00:31:39,100 --> 00:31:43,600
A segunda panela n�o foi usada
e talvez, nunca seja.
364
00:31:43,920 --> 00:31:47,120
Uma nota encantadora.
Um final zen.
365
00:31:55,400 --> 00:31:59,690
RITUAL IN TRANSFIGURED TIME
DIRE��O: MAYA DEREN
366
00:32:00,140 --> 00:32:03,200
O que poderia ser menos
Hollywood, menos Bollywood?
367
00:32:03,340 --> 00:32:04,810
Talvez isto...
368
00:32:06,540 --> 00:32:10,990
Uma mulher fugindo de um homem.
A dan�a do desejo, de certa forma.
369
00:32:35,040 --> 00:32:37,800
Ela gira. Mas ent�o, isto.
370
00:32:42,200 --> 00:32:46,140
Ela fica branca, afunda,
cai, em c�mera lenta.
371
00:32:46,390 --> 00:32:49,710
Ela est� embaixo d��gua,
ou numa posi��o inversa?
372
00:33:14,810 --> 00:33:18,510
Chegamos ao fim da estrada,
nosso �ltimo cap�tulo.
373
00:33:19,840 --> 00:33:21,800
Vamos terminar em grande estilo.
374
00:33:24,660 --> 00:33:27,099
� bom terminar
com m�sica e dan�a.
375
00:33:27,200 --> 00:33:29,589
Junto a corridas de carro
e tiroteios,
376
00:33:29,690 --> 00:33:33,510
os n�meros musicais s�o as cenas
mais elaboradas no cinema.
377
00:33:37,300 --> 00:33:41,199
40 - M�SICA E DAN�A
378
00:33:41,300 --> 00:33:44,689
Todos vimos os cl�ssicos.
S�o mais ou menos assim.
379
00:33:44,790 --> 00:33:50,489
Um artista falta e ent�o,
um substituto, algum novato
380
00:33:50,590 --> 00:33:52,620
precisa ir em seu lugar.
381
00:33:55,360 --> 00:33:57,100
A m�sica toca.
382
00:34:00,630 --> 00:34:05,000
Isso a perturba.
Ent�o, ela � empurrada.
383
00:34:11,800 --> 00:34:14,000
Puxa. Ela � boa.
384
00:34:15,230 --> 00:34:16,600
Um redemoinho.
385
00:34:20,690 --> 00:34:24,320
O olhar arregalado ao entrar
no palco pela primeira vez.
386
00:34:26,190 --> 00:34:28,239
Aplausos. Cabe�as se viram.
387
00:34:28,340 --> 00:34:31,200
De repente,
todos olham para ela.
388
00:34:40,040 --> 00:34:41,610
Nasce uma estrela.
389
00:34:49,650 --> 00:34:52,490
Ela faz mais um pouco,
e aplaudem mais.
390
00:34:59,390 --> 00:35:04,189
Um momento cl�ssico no not�vel
filme chin�s de Huang Shu-gin,
391
00:35:04,290 --> 00:35:06,400
�Woman, Demon, Human�.
392
00:35:09,390 --> 00:35:13,010
Huang toma emprestado
do teatro e da �pera, claro,
393
00:35:13,240 --> 00:35:15,620
como muitos musicais fazem.
394
00:35:17,730 --> 00:35:21,939
A diretora sovi�tica Vera Stroeva
faz isso de forma expl�cita
395
00:35:22,040 --> 00:35:27,810
em sua adapta��o de 1954 da �pera
de Mussorgsky, �Boris Godunov�.
396
00:35:30,690 --> 00:35:33,010
Um exterior realmente moscovita.
397
00:35:35,230 --> 00:35:36,710
Uma prociss�o.
398
00:35:41,690 --> 00:35:46,200
E a�, esta lente grande-angular,
que parece um quadro medieval.
399
00:35:46,590 --> 00:35:49,010
Teatral, decoroso.
400
00:35:49,690 --> 00:35:52,120
Brancos, vermelhos e azuis.
401
00:35:52,340 --> 00:35:57,110
Talvez n�o totalmente
cinematogr�fico. Mas este plano, �.
402
00:35:57,450 --> 00:35:59,300
Longa vida a Boris Fedorovich!
403
00:36:02,890 --> 00:36:05,489
E o corte
para o coro da multid�o.
404
00:36:05,590 --> 00:36:06,999
Longa vida e felicidade!
405
00:36:07,100 --> 00:36:08,800
Louvem-no!
406
00:36:20,750 --> 00:36:23,800
E este �ngulo �
muito cinematogr�fico.
407
00:36:24,280 --> 00:36:28,249
A emo��o e a multid�o
numa �pera, mas com proximidade.
408
00:36:28,350 --> 00:36:30,089
Primeiro plano dram�tico.
409
00:36:30,190 --> 00:36:31,549
Cen�rio glorioso.
410
00:36:31,650 --> 00:36:35,329
Trinta e tr�s anos depois
de Stroeva fazer seu filme,
411
00:36:35,430 --> 00:36:37,720
ele foi exibido em Cannes.
412
00:36:56,640 --> 00:37:00,229
O cinema se apoderou das tradi��es
musicais do teatro e da �pera,
413
00:37:00,330 --> 00:37:02,900
mas aumentou seu senso
de movimento,
414
00:37:03,100 --> 00:37:05,190
sua �nfase no movimento.
415
00:37:05,810 --> 00:37:09,090
Aqui Margaret Tait
nem usa a c�mera.
416
00:37:09,200 --> 00:37:11,890
Ela pinta diretamente no filme.
417
00:37:16,040 --> 00:37:18,779
Movimento em duas dimens�es,
tremulante, puro.
418
00:37:18,880 --> 00:37:20,810
As origens dos filmes.
419
00:37:36,130 --> 00:37:37,899
Em seus prim�rdios,
420
00:37:38,000 --> 00:37:42,100
Alice Guy mostrou o chamado
da m�sica no cinema.
421
00:37:42,750 --> 00:37:48,000
Uma fam�lia burguesa comum,
a esposa, o marido e a empregada.
422
00:37:48,490 --> 00:37:53,000
Mas a�, a esposa ouve algo
e levanta a m�o esquerda.
423
00:37:53,330 --> 00:37:57,800
Ela levanta as duas m�os,
se levanta e a empregada ouve.
424
00:37:59,440 --> 00:38:01,159
A�, ele tamb�m se levanta.
425
00:38:01,260 --> 00:38:04,210
S�o como marionetes.
Precisam dan�ar.
426
00:38:08,900 --> 00:38:13,010
A m�sica � o fio condutor.
O fio condutor do cinema.
427
00:38:57,950 --> 00:39:01,600
Ontem
428
00:39:02,490 --> 00:39:06,200
Esta mulher est� vestida
como uma est�tua grega.
429
00:39:06,500 --> 00:39:08,739
A diretora Marion Hansel
430
00:39:08,840 --> 00:39:11,739
fez seu filme em c�mera lenta,
431
00:39:11,840 --> 00:39:15,089
para que possamos ver
os movimento do tecido,
432
00:39:15,190 --> 00:39:19,310
a ilus�o que os escultores
cl�ssicos esperam alcan�ar.
433
00:39:23,090 --> 00:39:26,110
Billie Holiday canta.
Fascinante.
434
00:39:30,330 --> 00:39:32,200
Ela � como uma an�mona do mar.
435
00:39:32,740 --> 00:39:34,310
Estamos no alto.
436
00:39:34,650 --> 00:39:36,539
O fundo � marrom escuro.
437
00:39:36,640 --> 00:39:40,959
Corpo e roupa quase t�o abstratos
quanto o filme de Margaret Tait.
438
00:39:41,060 --> 00:39:43,400
E o amor
439
00:39:46,840 --> 00:39:52,900
Ent�o a juventude festiva
era minha
440
00:39:55,240 --> 00:39:57,100
Ela parece flutuar.
441
00:39:57,340 --> 00:39:58,800
Flutuar.
442
00:39:58,920 --> 00:40:03,339
Muitas cenas musicais no cinema
tentam remover a gravidade,
443
00:40:03,440 --> 00:40:07,000
e passar a um estado de leveza,
de aus�ncia de peso.
444
00:40:12,030 --> 00:40:16,610
Este � o document�rio �Elena�,
da diretora brasileira Petra Costa,
445
00:40:16,740 --> 00:40:20,790
sobre sua irm� que foi a Nova York
e depois cometeu suic�dio.
446
00:40:23,090 --> 00:40:25,989
A leveza daqueles
deixados para tr�s,
447
00:40:26,090 --> 00:40:27,810
do mundo flutuante.
448
00:40:44,490 --> 00:40:48,300
Muitos n�meros musicais
aspiram a um mundo flutuante.
449
00:41:13,450 --> 00:41:14,919
Este tipo de mundo.
450
00:41:15,020 --> 00:41:18,679
Garotas juntas num quarto.
� tarde, mas n�o est�o cansadas.
451
00:41:18,780 --> 00:41:21,310
S�o movidas pela m�sica. Leves.
452
00:41:35,890 --> 00:41:37,549
A diretora Edith Carlmar
453
00:41:37,650 --> 00:41:41,300
e o diretor de fotografia
Mattis Mathiesen as seguem.
454
00:41:41,510 --> 00:41:43,100
Mant�m elas enquadradas.
455
00:41:48,920 --> 00:41:51,239
A c�mera n�o se aproxima demais.
456
00:41:51,340 --> 00:41:55,190
Queremos ver todo o movimento,
sentir todo o movimento.
457
00:42:03,930 --> 00:42:08,939
Eu s� quero sentir
o amor verdadeiro
458
00:42:09,040 --> 00:42:10,810
E por falar em sentimento,
459
00:42:10,930 --> 00:42:13,669
um bombeiro,
um centro comunit�rio.
460
00:42:13,770 --> 00:42:18,879
Porque eu tenho muita vida
correndo nas veias
461
00:42:18,980 --> 00:42:21,190
N�o precisamos
nos afastar desta vez.
462
00:42:21,500 --> 00:42:22,900
Um close basta.
463
00:42:24,400 --> 00:42:27,279
� como o filme de Gene Kelly,
464
00:42:27,380 --> 00:42:30,500
esperando para fazer seu n�mero
em �Cantando na Chuva�.
465
00:42:30,820 --> 00:42:34,010
A m�sica o p�e
em um mundo pr�prio.
466
00:42:36,320 --> 00:42:39,800
Estou me preparando
para deix�-la
467
00:42:41,160 --> 00:42:43,320
Os olhos est�o fechados, claro.
468
00:42:43,800 --> 00:42:46,400
Ele dan�a como se ningu�m
estivesse olhando.
469
00:42:46,580 --> 00:42:50,589
Uma simples cena de dan�a.
A mais ador�vel de todas.
470
00:42:50,690 --> 00:42:53,400
Antes de eu chegar
471
00:42:55,100 --> 00:42:58,100
Eu j� me via chegando
472
00:43:00,290 --> 00:43:04,539
Eu s� quero sentir
o amor verdadeiro
473
00:43:04,640 --> 00:43:07,380
Sentir a casa em que eu moro
474
00:43:09,650 --> 00:43:11,800
Porque eu tenho muita vida
475
00:43:12,090 --> 00:43:14,210
Correndo nas veias
476
00:43:14,490 --> 00:43:16,690
Indo para o lixo
477
00:43:18,890 --> 00:43:23,229
E eu preciso sentir
o amor verdadeiro
478
00:43:23,330 --> 00:43:28,099
Palmas erguidas para o universo
enquanto brilhamos com a lua
479
00:43:28,200 --> 00:43:29,739
Sentimos o calor
480
00:43:29,840 --> 00:43:31,949
� como se ela estivesse
olhando para ele.
481
00:43:32,050 --> 00:43:33,409
Somos diamantes no c�u
482
00:43:33,510 --> 00:43:35,999
Voc� � uma estrela cadente
483
00:43:36,100 --> 00:43:39,500
A�, ela se levanta,
como se fosse se juntar a ele.
484
00:43:39,930 --> 00:43:43,759
Estou viva
somos como diamantes no c�u
485
00:43:43,860 --> 00:43:49,400
-Logo eu senti a energia
-A famosa cena em �Garotas�.
486
00:43:49,650 --> 00:43:54,300
Quatro jovens do sub�rbio de Paris
em um quarto de hotel.
487
00:43:54,640 --> 00:44:00,420
-A festa de fim de semana.
-Esta noite, voc� e eu
488
00:44:01,440 --> 00:44:04,749
A diretora Sciamma e a diretora
de fotografia Crystel Fournier
489
00:44:04,850 --> 00:44:06,410
mant�m o close.
490
00:44:06,840 --> 00:44:08,610
E o azul de novo.
491
00:44:09,040 --> 00:44:11,839
Elas est�o soltas,
estas dan�arinas.
492
00:44:11,940 --> 00:44:15,419
Escaparam das amarras
de Paris e seus problemas.
493
00:44:15,520 --> 00:44:17,600
Brilhe como um diamante
494
00:44:17,990 --> 00:44:20,700
Brilhe como um diamante
495
00:44:20,949 --> 00:44:21,949
Elas est�o flutuando.
496
00:44:22,050 --> 00:44:26,039
-Como diamantes no c�u.
-Diamantes no c�u.
497
00:44:26,140 --> 00:44:29,109
Brilhe como um diamante
498
00:44:29,210 --> 00:44:31,939
Outro uso cl�ssico
da m�sica no cinema.
499
00:44:32,040 --> 00:44:36,119
Somos lindas
como diamantes no c�u
500
00:44:36,220 --> 00:44:38,729
Brilhe como um diamante
501
00:44:38,830 --> 00:44:41,289
Brilhe como um diamante
502
00:44:41,390 --> 00:44:44,300
Brilhe como um diamante
503
00:44:44,650 --> 00:44:47,480
Ent�o, brilhe
504
00:44:47,650 --> 00:44:49,949
Esta noite
505
00:44:50,050 --> 00:44:53,010
Voc� e eu
506
00:44:53,290 --> 00:44:57,410
Somos lindas
como diamantes no c�u
507
00:44:57,850 --> 00:45:00,400
Olho no olho
508
00:45:08,140 --> 00:45:12,720
Uma das primeiras diretoras
brasileiras, Gilda de Abreu,
509
00:45:13,150 --> 00:45:15,099
levou isto mais longe.
510
00:45:15,200 --> 00:45:18,989
Cantora, dan�arina, compositora,
escritora e diretora,
511
00:45:19,090 --> 00:45:21,099
ela aqui dirige o marido,
512
00:45:21,200 --> 00:45:25,110
em um dos filmes brasileiros
mais famosos, �O �brio�.
513
00:45:25,700 --> 00:45:29,119
Ele � um homem decente
que finge a pr�pria morte
514
00:45:29,220 --> 00:45:31,320
e reaparece como alco�latra.
515
00:45:31,460 --> 00:45:34,890
Um quadro est�tico.
Uma can��o melanc�lica.
516
00:45:39,590 --> 00:45:42,700
E ent�o, quando ele vira
um pouco a cabe�a,
517
00:45:42,900 --> 00:45:45,900
a c�mera se vira
para crian�as olhando o bar.
518
00:45:56,220 --> 00:46:00,700
� quase um conjunto est�tico,
ligado pelo arrependimento.
519
00:46:08,650 --> 00:46:12,400
A�, esta linda imagem gr�fica
e ela vira a cabe�a.
520
00:46:17,040 --> 00:46:21,010
O que est� havendo aqui?
Todos ouvem atentamente.
521
00:46:21,180 --> 00:46:23,539
Uma comunidade
tempor�ria se forma.
522
00:46:23,640 --> 00:46:25,700
O tempo parece ter parado,
523
00:46:26,140 --> 00:46:29,490
ou o resto do mundo,
desaparecido.
524
00:46:29,840 --> 00:46:32,700
S� resta a can��o, o momento,
525
00:46:32,920 --> 00:46:34,310
a m�sica.
526
00:46:52,400 --> 00:46:56,509
A diretora Ebreu capta o aspecto
consciente de um n�mero musical,
527
00:46:56,610 --> 00:46:59,910
a tens�o extasiada do momento.
528
00:47:08,140 --> 00:47:12,459
Quatro d�cadas depois, a cineasta
americana Joan Micklin Silver
529
00:47:12,560 --> 00:47:16,000
usa a mesma ideia
em �Amor � Segunda Vista�.
530
00:47:16,590 --> 00:47:19,029
� o anivers�rio
da protagonista, Izzy.
531
00:47:19,130 --> 00:47:22,300
A fam�lia dela cantou
parab�ns ao telefone.
532
00:47:22,940 --> 00:47:25,289
Suas colegas
intelectuais cantaram,
533
00:47:25,390 --> 00:47:27,300
acompanhadas no violoncelo.
534
00:47:27,550 --> 00:47:30,599
Mas na noite propriamente dita,
n�o estar�o com ela,
535
00:47:30,700 --> 00:47:34,700
ent�o, ela finge que vai
a um restaurante chique.
536
00:47:35,230 --> 00:47:38,679
Ela est� numa lanchonete
movimentada, onde tocam rap.
537
00:47:38,780 --> 00:47:41,010
Quase uma cena de document�rio.
538
00:47:41,140 --> 00:47:43,510
Uma noite encantadora
539
00:47:44,290 --> 00:47:46,690
Mas a�, esta mulher chega.
540
00:47:47,400 --> 00:47:49,529
Voc� v� um estranho
541
00:47:49,630 --> 00:47:52,100
E o cara para de tocar o rap.
542
00:47:52,490 --> 00:47:55,799
E de alguma forma, voc� sabe
543
00:47:55,900 --> 00:48:00,700
Os olhos se viram para a cantora
e a c�mera avan�a em sua dire��o.
544
00:48:00,920 --> 00:48:02,959
E novamente
545
00:48:03,060 --> 00:48:05,200
Uma noite encantadora
546
00:48:05,350 --> 00:48:07,720
Voc� o ouvir� rindo
547
00:48:08,140 --> 00:48:11,429
O momento, novamente.
Nem todos est�o paralisados,
548
00:48:11,530 --> 00:48:14,200
mas o objetivo
cinematogr�fico est� claro.
549
00:48:15,240 --> 00:48:17,069
E torn�-lo seu
550
00:48:17,170 --> 00:48:21,400
Um n�mero musical �
uma imposi��o no mundo real.
551
00:48:21,740 --> 00:48:24,589
Uma imposi��o de estranhos,
muitas vezes.
552
00:48:24,690 --> 00:48:26,449
N�o conformistas.
553
00:48:26,550 --> 00:48:28,300
Nunca o deixe ir
554
00:48:28,680 --> 00:48:30,899
Quando o encontrar
555
00:48:31,000 --> 00:48:37,090
Nunca o deixe ir
556
00:48:43,980 --> 00:48:47,419
Um �ltimo exemplo de como
a m�sica � usada no cinema
557
00:48:47,520 --> 00:48:49,199
no sentido tradicional.
558
00:48:49,300 --> 00:48:51,710
Angola, 1961.
559
00:48:51,850 --> 00:48:55,189
O protagonista do filme,
o manifestante Domingos,
560
00:48:55,290 --> 00:48:56,790
foi assassinado.
561
00:48:57,230 --> 00:49:01,300
A c�mera sobe para seus amigos,
que o pranteiam.
562
00:49:01,420 --> 00:49:05,210
Eles cantam.
O senso comunit�rio da m�sica.
563
00:49:05,620 --> 00:49:07,010
Da dor.
564
00:49:08,600 --> 00:49:12,800
A can��o os une.
As imagens os unem.
565
00:49:13,200 --> 00:49:17,429
Uma s�rie de closes e movimentos
ligando uma imagem � outra.
566
00:49:17,530 --> 00:49:19,410
Uma esp�cie de fio condutor.
567
00:49:55,200 --> 00:49:59,929
Mas muitas cineastas quiseram
desafiar as conven��es da m�sica,
568
00:50:00,030 --> 00:50:01,810
ou desconstru�-las.
569
00:50:06,400 --> 00:50:08,600
Vejamos cinco exemplos.
570
00:50:09,200 --> 00:50:13,300
Primeiro este. �The Connection�,
de Shirley Clark.
571
00:50:13,630 --> 00:50:15,790
Come�a de forma convencional,
572
00:50:18,900 --> 00:50:22,039
mas a� n�s vemos
a sombra da c�mera na parede.
573
00:50:22,140 --> 00:50:25,900
E vemos o homem
que quer evitar a luz.
574
00:50:26,140 --> 00:50:28,000
Qual �, cara.
575
00:50:28,130 --> 00:50:30,310
Afaste isto de mim.
576
00:50:30,530 --> 00:50:34,210
A m�sica � filmada
em um �nico plano,
577
00:50:34,350 --> 00:50:38,039
sem cortes,
quase como um musical da MGM,
578
00:50:38,140 --> 00:50:42,699
mas o conte�do � como
um making-of, um document�rio,
579
00:50:42,800 --> 00:50:45,469
um ensaio em que vemos
os cabos sendo presos
580
00:50:45,570 --> 00:50:48,100
e as luzes sendo ajustadas.
581
00:50:48,530 --> 00:50:52,429
A cena de Clark faz o clima,
mas tamb�m o quebra.
582
00:50:52,530 --> 00:50:55,210
Ela � ambivalente
sobre o momento musical.
583
00:51:08,190 --> 00:51:11,800
Agn�s Varda faz algo semelhante
em �As Duas Faces da Felicidade�.
584
00:51:12,030 --> 00:51:14,700
O homem na hist�ria
dan�a com uma mulher.
585
00:51:14,830 --> 00:51:18,900
Mas a�, Varda passa a c�mera
por tr�s de uma �rvore.
586
00:51:27,820 --> 00:51:31,010
A�, outro deslocamento,
na dire��o oposta.
587
00:51:33,950 --> 00:51:36,410
Agora, ele est� dan�ando
com outra mulher.
588
00:51:53,440 --> 00:51:55,800
E ele dan�a
com uma terceira mulher.
589
00:51:58,140 --> 00:52:00,000
Ainda sem cortes.
590
00:52:01,890 --> 00:52:05,200
Varda cria o momento e o quebra.
591
00:52:07,440 --> 00:52:11,100
A unidade da m�sica
e da imagem, sem cortes,
592
00:52:11,300 --> 00:52:14,200
mas a desuni�o da vida do homem.
593
00:52:19,320 --> 00:52:24,590
A leveza da m�sica e da c�mera,
o peso da dor que ele causa.
594
00:52:26,840 --> 00:52:31,420
Agora o filme da americana Dorothy
Arzner, �A Vida � Uma Dan�a�.
595
00:52:31,650 --> 00:52:34,600
Maureen O�Hara
empurrada para o palco.
596
00:52:36,400 --> 00:52:38,310
Um p�blico turbulento.
597
00:52:41,720 --> 00:52:44,410
Ela tenta ser graciosa
e dan�a bal�.
598
00:52:46,940 --> 00:52:49,800
Roubou a roupa
da Tiger Lily, menina?
599
00:52:50,030 --> 00:52:52,100
Um defeito na roupa.
600
00:53:09,240 --> 00:53:11,300
Ela faz parte
de um show burlesco.
601
00:53:11,450 --> 00:53:14,189
A roupa de outra dan�arina
cai no palco,
602
00:53:14,290 --> 00:53:16,100
como se estivesse se despindo.
603
00:53:17,450 --> 00:53:19,900
Tudo bem, n�s aguentamos!
604
00:53:23,050 --> 00:53:25,500
Ela vai para a casa da m�e.
605
00:53:29,630 --> 00:53:34,200
A�, o close furioso de O�Hara.
Ela percebe a goza��o.
606
00:53:34,690 --> 00:53:37,749
A mulher que escreveu
a hist�ria, Vicki Baum,
607
00:53:37,850 --> 00:53:39,939
era boxeadora, na vida real.
608
00:53:40,040 --> 00:53:42,200
O que vai fazer agora? Chorar?
609
00:53:43,340 --> 00:53:45,100
Um discurso de luta.
610
00:53:45,740 --> 00:53:49,500
Um discurso que desconstr�i
Hollywood e o patriarcado.
611
00:53:51,340 --> 00:53:53,600
Podem olhar.
N�o estou com vergonha.
612
00:53:53,900 --> 00:53:57,110
Riam, fa�am valer seu dinheiro.
Ningu�m vai lhes fazer mal.
613
00:53:58,200 --> 00:54:01,900
Sei que querem me ver rasgada,
para seus 50 centavos valerem
614
00:54:02,030 --> 00:54:06,000
o privil�gio de olhar uma garota
como suas esposas n�o deixam.
615
00:54:06,830 --> 00:54:08,939
O que acham que pensamos
de voc�s aqui?
616
00:54:09,040 --> 00:54:12,610
Com seus sorrisos pretensiosos,
que envergonhariam suas m�es?
617
00:54:12,830 --> 00:54:16,489
Sabemos que est� na moda
homens elegantes rirem de n�s.
618
00:54:16,590 --> 00:54:20,509
N�s rir�amos de voc�s, mas somos
pagas para girarem os olhos
619
00:54:20,610 --> 00:54:23,300
e fazerem seus coment�rios
t�o inteligentes.
620
00:54:23,540 --> 00:54:25,199
Para que isso?
621
00:54:25,300 --> 00:54:29,049
Para irem ao fim do espet�culo
se pavonear diante das mulheres
622
00:54:29,150 --> 00:54:31,600
e brincar de ser
o sexo mais forte?
623
00:54:36,190 --> 00:54:39,200
Estou certa que elas veem
atrav�s de voc�s como n�s.
624
00:54:42,800 --> 00:54:47,800
A dan�a para,
desafiando as normas dos filmes.
625
00:54:52,440 --> 00:54:56,200
Deslizando sob as pontes
de Amsterd�
626
00:54:56,890 --> 00:55:01,069
Em um barco tur�stico holand�s
627
00:55:01,170 --> 00:55:05,229
V�o as mulheres gr�vidas
628
00:55:05,330 --> 00:55:09,420
N�s, as senhoritas,
n�s, as senhoras
629
00:55:09,640 --> 00:55:13,890
De volta a Varda, para o quarto
desafio das normas da m�sica.
630
00:55:14,520 --> 00:55:17,600
C�mera flutuante.
M�sica flutuante.
631
00:55:17,740 --> 00:55:21,239
Mas a letra nos leva
a um novo territ�rio.
632
00:55:21,340 --> 00:55:25,939
Um cruzeiro abortivo
633
00:55:26,040 --> 00:55:29,290
As mulheres est�o em Amsterd�
para fazer abortos.
634
00:55:32,930 --> 00:55:38,149
O barco n�o � rom�ntico
635
00:55:38,250 --> 00:55:40,649
A forma cl�ssica
de um n�mero musical,
636
00:55:40,750 --> 00:55:42,800
mas com um conte�do
bem diferente.
637
00:55:44,640 --> 00:55:47,310
A cena ainda �
sobre solidariedade...
638
00:55:54,450 --> 00:55:58,389
como a can��o de luto
dos homens em �Sambizanga�,
639
00:55:58,490 --> 00:56:02,149
mas Varda espreme
um lim�o na letra,
640
00:56:02,250 --> 00:56:04,039
para dar mais adstring�ncia.
641
00:56:04,140 --> 00:56:08,559
Nossos filhos, nossos �vulos
642
00:56:08,660 --> 00:56:10,939
N�s rimos e jogamos fora
643
00:56:11,040 --> 00:56:14,600
Sem medo do rid�culo
644
00:56:14,890 --> 00:56:19,039
Num barco de bandeira chique
645
00:56:19,140 --> 00:56:22,850
Cheio de mulheres que abortam
646
00:56:23,060 --> 00:56:28,200
Que abortam
647
00:56:34,890 --> 00:56:36,600
Que tal isto?
648
00:56:36,800 --> 00:56:40,100
�Attenberg�,
de Athina Rachel Tsangari.
649
00:56:40,790 --> 00:56:43,510
A protagonista p�e uma m�sica.
650
00:56:43,690 --> 00:56:45,800
O pai est�
num leito de hospital.
651
00:56:54,090 --> 00:56:57,700
Uma c�mera im�vel,
incomum para uma cena musical.
652
00:56:58,050 --> 00:57:02,410
E luzes e cores sombrias.
Uma esp�cie de cena de morte.
653
00:57:06,350 --> 00:57:08,200
Esta m�sica � sobre a vida.
654
00:57:10,840 --> 00:57:12,410
Vida real.
655
00:57:14,840 --> 00:57:17,500
� como se ela fosse correr.
656
00:57:21,040 --> 00:57:23,600
Frustrada por n�o poder dan�ar.
657
00:57:23,720 --> 00:57:28,000
As m�sicas nos filmes costumam
colocar o mundo em a��o,
658
00:57:28,200 --> 00:57:30,229
mas muita coisa � est�tica aqui.
659
00:57:30,330 --> 00:57:33,010
A impot�ncia da m�sica
e da dan�a.
660
00:57:42,550 --> 00:57:44,920
Podemos terminar
com este tema aqui?
661
00:57:45,100 --> 00:57:47,000
Ou devemos terminar com isto?
662
00:57:47,600 --> 00:57:50,410
O �lbum visual de Beyonc�,
�Lemonade�.
663
00:57:52,130 --> 00:57:54,300
�They Don�t Love You Like I Do.�
664
00:57:54,430 --> 00:57:57,549
Uma esp�cie de renascimento
m�tico da m�sica e da dan�a.
665
00:57:57,650 --> 00:58:03,329
Eles n�o te amam como eu
666
00:58:03,430 --> 00:58:09,060
Devagar, eles n�o
te amam como eu
667
00:58:09,340 --> 00:58:12,790
Ela � Oshun, a guerreira Yoruba,
668
00:58:13,040 --> 00:58:16,200
vestida de amarelo
e em estado de f�ria.
669
00:58:16,690 --> 00:58:20,500
Ela fica feliz enquanto destr�i,
neste cen�rio urbano.
670
00:58:20,780 --> 00:58:24,410
Ela � como Gene Kelly
em �Cantando na Chuva�, na rua.
671
00:58:24,640 --> 00:58:27,030
E a�, ela olha para n�s.
672
00:58:27,330 --> 00:58:29,390
Vai nos esmagar tamb�m?
673
00:58:31,930 --> 00:58:36,149
Eu pulo da cama
e pego minhas tralhas
674
00:58:36,250 --> 00:58:39,110
Olho no espelho e digo �e a�?
675
00:58:39,950 --> 00:58:42,100
E a�?
676
00:58:48,000 --> 00:58:49,400
Ent�o, � isso.
677
00:58:49,650 --> 00:58:53,510
Com a c�mera sendo quebrada,
nosso road movie chega ao fim.
678
00:58:53,890 --> 00:58:56,490
Centenas de grandes
exemplos de cinema.
679
00:58:56,650 --> 00:58:59,100
Quatorze horas na estrada.
680
00:58:59,800 --> 00:59:02,400
O que vimos nestas 14 horas?
681
00:59:02,950 --> 00:59:04,510
Tudo.
682
00:59:05,380 --> 00:59:07,410
Forma e conte�do,
683
00:59:07,690 --> 00:59:09,600
viol�ncia e ternura,
684
00:59:09,840 --> 00:59:11,400
amor e perda.
685
00:59:12,450 --> 00:59:16,620
Bravura e document�rio.
N�s vimos o mundo.
686
00:59:23,130 --> 00:59:27,410
Houve menos acidentes de carro
e cenas de batalha
687
00:59:28,450 --> 00:59:30,610
do que se fossem diretores.
688
00:59:31,250 --> 00:59:33,629
Mas n�s tememos generaliza��es.
689
00:59:33,730 --> 00:59:37,789
Uma das poucas diferen�as
claras entre nossos filmes
690
00:59:37,890 --> 00:59:41,229
e a hist�ria do cinema
dominada pelos homens � esta...
691
00:59:41,330 --> 00:59:44,600
Os filmes que n�s vimos
t�m mais protagonistas mulheres.
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00:59:45,920 --> 00:59:49,300
Bem mais mulheres
no centro dos filmes.
693
00:59:49,420 --> 00:59:51,320
Brindemos a isso.
694
00:59:54,410 --> 00:59:56,300
As mulheres fazem filmes.
695
00:59:56,540 --> 00:59:58,120
Grandes filmes.
696
00:59:58,840 --> 01:00:01,600
Fazem isso
desde que o cinema nasceu.
697
01:00:03,320 --> 01:00:08,500
Isso ajudou a definir
o ret�ngulo an�rquico, andr�gino...
698
01:00:09,240 --> 01:00:12,300
no cinema, ou na tela de TV.
699
01:00:43,820 --> 01:00:46,020
Tradu��o:
SANDRA JONES
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