All language subtitles for Women.Make.Film.A.New.Road.Movie.Through.Cinema.Chapters.38-40.2018.576p.BluRay.x264-HANDJOB

af Afrikaans
sq Albanian
am Amharic
ar Arabic
hy Armenian
az Azerbaijani
eu Basque
be Belarusian
bn Bengali
bs Bosnian
bg Bulgarian
ca Catalan
ceb Cebuano
ny Chichewa
zh-CN Chinese (Simplified)
zh-TW Chinese (Traditional)
co Corsican
hr Croatian
cs Czech
da Danish
nl Dutch
en English
eo Esperanto
et Estonian
tl Filipino
fi Finnish
fr French
fy Frisian
gl Galician
ka Georgian
de German
el Greek
gu Gujarati
ht Haitian Creole
ha Hausa
haw Hawaiian
iw Hebrew
hi Hindi
hmn Hmong
hu Hungarian
is Icelandic
ig Igbo
id Indonesian
ga Irish
it Italian
ja Japanese
jw Javanese
kn Kannada
kk Kazakh
km Khmer
ko Korean
ku Kurdish (Kurmanji)
ky Kyrgyz
lo Lao
la Latin
lv Latvian
lt Lithuanian
lb Luxembourgish
mk Macedonian
mg Malagasy
ms Malay
ml Malayalam
mt Maltese
mi Maori
mr Marathi
mn Mongolian
my Myanmar (Burmese)
ne Nepali
no Norwegian
ps Pashto
fa Persian
pl Polish
pt Portuguese
pa Punjabi
ro Romanian
ru Russian
sm Samoan
gd Scots Gaelic
sr Serbian
st Sesotho
sn Shona
sd Sindhi
si Sinhala
sk Slovak
sl Slovenian
so Somali
es Spanish Download
su Sundanese
sw Swahili
sv Swedish
tg Tajik
ta Tamil
te Telugu
th Thai
tr Turkish
uk Ukrainian
ur Urdu
uz Uzbek
vi Vietnamese
cy Welsh
xh Xhosa
yi Yiddish
yo Yoruba
zu Zulu
or Odia (Oriya)
rw Kinyarwanda
tk Turkmen
tt Tatar
ug Uyghur
Would you like to inspect the original subtitles? These are the user uploaded subtitles that are being translated: 1 00:00:21,226 --> 00:00:24,089 A maioria dos filmes foram dirigidos por homens. 2 00:00:24,190 --> 00:00:28,690 A maioria dos ditos cl�ssicos foram dirigidos por homens. 3 00:00:29,675 --> 00:00:34,165 Mas h� 13 d�cadas, em todos os seis continentes onde se fazem filmes, 4 00:00:34,266 --> 00:00:37,304 milhares de mulheres tamb�m t�m dirigido filmes. 5 00:00:39,560 --> 00:00:41,550 Alguns dos melhores. 6 00:00:43,404 --> 00:00:45,150 Que filmes elas fizeram? 7 00:00:45,390 --> 00:00:47,729 Que t�cnicas usaram? 8 00:00:49,121 --> 00:00:52,110 O que podemos aprender sobre cinema com elas? 9 00:00:52,506 --> 00:00:57,415 Vamos revisitar os filmes atrav�s dos olhos das diretoras. 10 00:00:58,960 --> 00:01:02,529 Vamos fazer um novo road movie pelo cinema. 11 00:01:06,060 --> 00:01:08,489 MULHERES FAZEM CINEMA 12 00:01:08,590 --> 00:01:12,960 UM NOVO FILME DE ESTRADA ATRAV�S DO CINEMA. 13 00:01:18,750 --> 00:01:21,200 Os filmes s�o t�o cheios de vida. 14 00:01:21,500 --> 00:01:23,500 Mas como eles s�o na morte? 15 00:01:24,200 --> 00:01:27,759 Todos j� vimos tiroteios e cenas no leito de morte, 16 00:01:27,860 --> 00:01:31,599 mas e as formas criativas, incomuns, ou talentosas 17 00:01:31,700 --> 00:01:34,099 que a morte tem sido representada no cinema? 18 00:01:34,200 --> 00:01:36,400 E o que podemos aprender com elas? 19 00:01:40,340 --> 00:01:46,739 38 - MORTE 20 00:01:46,840 --> 00:01:50,510 Comecemos logo antes da morte. Com o seu fasc�nio. 21 00:01:51,100 --> 00:01:54,900 A c�mera segue uma mulher no corredor escuro de uma cl�nica. 22 00:01:55,990 --> 00:01:58,420 Ela tem c�ncer de mama e est� morrendo. 23 00:02:03,260 --> 00:02:07,169 Agora ela olha para n�s, enquanto recuamos. 24 00:02:07,270 --> 00:02:10,660 THE ETERNAL BREASTS JAP�O, 1955 25 00:02:12,840 --> 00:02:15,800 A�, este plano expressionista. 26 00:02:16,090 --> 00:02:19,400 Ela segue um cad�ver no caminho para o necrot�rio. 27 00:02:23,260 --> 00:02:24,800 R�stias de luz. 28 00:02:25,000 --> 00:02:27,239 � como se ela fosse son�mbula. 29 00:02:27,340 --> 00:02:29,810 Fascinada pela morte, atra�da por ela. 30 00:02:30,140 --> 00:02:36,300 Um belo ritmo nesta cena, dirigida por Kinuyo Tanaka. 31 00:03:04,690 --> 00:03:07,420 A morte chama, e a� acontece. 32 00:03:21,500 --> 00:03:22,820 NECROT�RIO 33 00:03:34,850 --> 00:03:37,010 Tantas maneiras de mostr�-la. 34 00:03:37,800 --> 00:03:41,879 Que tal esta, da diretora Wang Ping, em 1965? 35 00:03:41,980 --> 00:03:43,299 O LESTE � VERMELHO, 1965 36 00:03:43,400 --> 00:03:45,110 Uma luta coreografada. 37 00:03:47,440 --> 00:03:50,419 Trabalhadores � esquerda, contra capitalistas � direita. 38 00:03:50,520 --> 00:03:51,910 Uma dan�a. 39 00:03:53,460 --> 00:03:55,400 A�, um homem corre. 40 00:03:57,560 --> 00:03:58,920 Tambores. 41 00:04:06,340 --> 00:04:09,910 E sua postura heroica, quando a vida come�a a deixar seu corpo. 42 00:04:24,840 --> 00:04:26,410 Outro tiro... 43 00:04:43,540 --> 00:04:46,900 e uma panor�mica se comp�e como um quadro. 44 00:04:47,540 --> 00:04:50,900 � como se ele tivesse morrido num afresco ou numa tape�aria. 45 00:05:05,800 --> 00:05:08,299 Uma morte tamb�m pouco convencional. 46 00:05:08,400 --> 00:05:13,020 O enorme bal�o que flutuava sobre a cidade cai no ch�o. 47 00:05:16,330 --> 00:05:17,900 Os alde�es d�o vivas. 48 00:05:20,800 --> 00:05:23,210 Mas a�, a pol�cia atira. 49 00:05:23,800 --> 00:05:28,900 E agora, a met�fora da diretora b�lgara Binka Zhelyazkova. 50 00:05:29,190 --> 00:05:31,300 O bal�o � como uma baleia. 51 00:05:31,530 --> 00:05:33,600 Gigante, gentil, 52 00:05:34,030 --> 00:05:35,410 assassinado. 53 00:05:36,450 --> 00:05:38,000 Um menino chorando. 54 00:05:58,390 --> 00:06:03,100 Ele esvazia, como a esperan�a e a felicidade dos alde�es. 55 00:06:03,950 --> 00:06:06,200 A matan�a se torna fren�tica. 56 00:06:15,540 --> 00:06:19,220 Das mortes estilizadas �s simples. 57 00:06:20,550 --> 00:06:22,700 �Le Lit�, de Marian Hansel. 58 00:06:23,050 --> 00:06:24,600 O homem moribundo. 59 00:06:24,900 --> 00:06:26,410 Uma imagem parada. 60 00:06:26,680 --> 00:06:28,810 E a�, seu �ltimo suspiro. 61 00:06:42,550 --> 00:06:45,699 Agora, estamos aos p�s dele, como um quadro renascentista. 62 00:06:45,800 --> 00:06:48,800 A c�mera se aproxima, e uma �nica voz. 63 00:06:56,740 --> 00:06:59,459 N�s dizemos que o esp�rito deixa o corpo, 64 00:06:59,560 --> 00:07:01,700 mas aqui, nos aproximamos dele. 65 00:07:15,940 --> 00:07:17,890 Ent�o, um v�u se interp�e. 66 00:07:26,900 --> 00:07:29,000 Eles se movem do outro lado do v�u. 67 00:07:37,590 --> 00:07:39,310 Assim como a c�mera. 68 00:07:53,800 --> 00:07:56,259 Menos dram�tica ainda � esta cena 69 00:07:56,360 --> 00:07:58,959 da diretora americana Liza Johnson, 70 00:07:59,060 --> 00:08:00,399 de �Amores Inversos�. 71 00:08:00,500 --> 00:08:03,959 AMORES INVERSOS EUA, 2013 72 00:08:04,060 --> 00:08:05,399 Johanna? 73 00:08:05,500 --> 00:08:08,410 -Estou aqui. -Sim. 74 00:08:08,890 --> 00:08:11,300 Kirsten Wilg interpreta uma cuidadora. 75 00:08:11,540 --> 00:08:14,620 Uma c�mera im�vel. Nenhuma m�sica. 76 00:08:14,790 --> 00:08:16,600 Nenhum clima especial. 77 00:08:20,000 --> 00:08:22,900 Eu gostaria de usar meu vestido azul. 78 00:08:23,250 --> 00:08:24,499 Sim, senhora. 79 00:08:24,600 --> 00:08:27,559 A c�mera corta da anci� para outro �ngulo, 80 00:08:27,660 --> 00:08:29,290 outro plano est�tico. 81 00:08:46,300 --> 00:08:49,410 Mas quando voltamos, a senhora est� morta. 82 00:08:49,900 --> 00:08:51,500 Seus anos terminaram. 83 00:08:59,730 --> 00:09:01,200 Nenhum tambor. 84 00:09:04,980 --> 00:09:06,510 Nenhuma mudan�a no mundo. 85 00:09:58,580 --> 00:10:02,310 Depois que algu�m morre, os entes queridos precisam saber. 86 00:10:02,540 --> 00:10:04,169 Era uma sexta � tarde, 87 00:10:04,270 --> 00:10:07,739 quando eu voltei e vi uma multid�o na frente da nossa casa. 88 00:10:07,840 --> 00:10:09,149 Uma multid�o. 89 00:10:09,250 --> 00:10:12,020 Ela se funde. Se afasta. Um dedo. 90 00:10:12,400 --> 00:10:14,849 A�, passamos para o chap�u dele 91 00:10:14,950 --> 00:10:18,100 e subimos as escadas, at� onde a av� morreu. 92 00:10:20,890 --> 00:10:25,500 A marca registrada de Caroline Leaf, suas imagens desfocadas. 93 00:10:28,430 --> 00:10:30,999 -A sua av� morreu. -Cad� a mam�e? 94 00:10:31,100 --> 00:10:32,429 No quarto com... 95 00:10:32,530 --> 00:10:35,290 -� melhor voc� n�o entrar. -Eu quero v�-la. 96 00:10:38,290 --> 00:10:39,339 N�o entre aqui. 97 00:10:39,440 --> 00:10:42,600 E pessoas desfocadas, papel de parede, vozes. 98 00:10:42,900 --> 00:10:44,300 Pintura a dedo? 99 00:10:44,800 --> 00:10:47,600 Em marrom e cinza, como uma pintura rupestre? 100 00:10:49,540 --> 00:10:51,410 A vov� deixou umas joias. 101 00:10:51,930 --> 00:10:55,539 O colar � para Brefka e o anel � para sua esposa. 102 00:10:55,640 --> 00:10:57,100 Quem vai se casar? 103 00:10:58,760 --> 00:11:01,400 De que outra forma sabemos que algu�m morreu? 104 00:11:02,030 --> 00:11:04,710 Dificilmente pode ser mais criativa que esta. 105 00:11:05,140 --> 00:11:08,100 A c�mera avan�a. Cores suaves. 106 00:11:08,590 --> 00:11:11,410 Estamos entrando em um mundo. Que mundo? 107 00:11:13,400 --> 00:11:17,000 CRULIC - O CAMINHO ADIANTE DIRE��O: ANCA DAMIAN 108 00:11:23,540 --> 00:11:25,900 Imagens planas. O telefone toca. 109 00:11:26,340 --> 00:11:31,259 Um document�rio estilizado narrado pelo protagonista falecido, 110 00:11:31,360 --> 00:11:32,799 um romeno na vida real, 111 00:11:32,900 --> 00:11:35,959 que morreu em uma greve de fome na Pol�nia em 2008, 112 00:11:36,060 --> 00:11:38,079 ao protestar contra sua pris�o. 113 00:11:38,180 --> 00:11:41,220 Ele diz ser embaixador romeno em Vars�via. 114 00:11:41,330 --> 00:11:43,099 Ele quer que meu tio Leontescu 115 00:11:43,200 --> 00:11:47,710 confirme o parentesco com Claudiu Crulic, que sou eu. 116 00:11:48,530 --> 00:11:52,500 A�, ele informa ao meu tio que estou morto. 117 00:11:55,440 --> 00:11:58,779 E pede 2.500 euros para me levarem para casa 118 00:11:58,880 --> 00:12:00,710 e ser cremado. 119 00:12:02,000 --> 00:12:06,110 N�o, o consulado n�o pode ajudar na repatria��o. 120 00:12:09,390 --> 00:12:13,869 Um visual parecido em �El Camino�, de Ana Mariscal. 121 00:12:13,970 --> 00:12:15,600 EL CAMINO ESPANHA, 1963 122 00:12:16,840 --> 00:12:20,200 Dois planos descendentes, em dire��o ao caix�o. 123 00:12:25,790 --> 00:12:27,610 Mas a�, isto. 124 00:12:27,940 --> 00:12:30,600 N�o h� cortes neste momento imprevisto. 125 00:12:34,240 --> 00:12:35,710 Desculpe, Tiny. 126 00:12:37,110 --> 00:12:40,200 O menino � ao mesmo tempo destemido e assustado. 127 00:12:50,400 --> 00:12:52,400 Vamos a outro funeral. 128 00:12:52,540 --> 00:12:56,220 Nas montanhas albanesas. Com uma por��o de homens. 129 00:12:57,340 --> 00:12:58,789 VIRGEM PROMETIDA 130 00:12:58,890 --> 00:13:01,920 IT�LIA, SU��A, ALEMANHA, ALB�NIA, KOSOVO, FRAN�A - 1968 131 00:13:06,740 --> 00:13:10,910 A�, a mulher de cabelo curto, a virgem prometida do t�tulo. 132 00:13:12,040 --> 00:13:14,400 A c�mera segue o caix�o. 133 00:13:15,490 --> 00:13:16,920 E a�, isto. 134 00:14:01,840 --> 00:14:04,989 Quase um document�rio tosco de um ritual de enterro. 135 00:14:05,090 --> 00:14:06,439 Tristeza, lamentos, 136 00:14:06,540 --> 00:14:10,000 mas tamb�m � como se tentassem traz�-lo de volta da morte. 137 00:14:11,190 --> 00:14:14,490 A�, ela beija o padrasto. 138 00:14:26,540 --> 00:14:28,869 De uma cena de gritaria a outra. 139 00:14:28,970 --> 00:14:32,900 O GIGANTE EGO�STA DIRE��O: CLIO BARNARD 140 00:14:33,290 --> 00:14:36,139 O amigo do menino teve uma morte horr�vel. 141 00:14:36,240 --> 00:14:38,810 O homem � o maior respons�vel. 142 00:14:39,780 --> 00:14:43,520 Solte-o! Solte-o! 143 00:14:43,800 --> 00:14:46,299 F�ria, c�mera na m�o. Uma tempestade de dor. 144 00:14:46,400 --> 00:14:49,920 Maldito desgra�ado! Eu te mato! Patife! 145 00:14:51,930 --> 00:14:53,399 Imagens ca�ticas. 146 00:14:53,500 --> 00:14:56,210 Me soltem! 147 00:15:00,340 --> 00:15:03,500 E o menino � carregado. Explodindo. 148 00:15:07,640 --> 00:15:09,600 Ele � preso no cont�iner. 149 00:15:13,120 --> 00:15:15,910 A onda de choque destrutiva da morte. 150 00:15:44,320 --> 00:15:48,400 E quando a onda passa? Vem outra. 151 00:15:48,620 --> 00:15:50,200 Choques subsequentes. 152 00:15:52,140 --> 00:15:54,010 Um homem desliga a TV. 153 00:15:58,000 --> 00:16:01,000 Seu filho morreu numa estrada, andando de bicicleta. 154 00:16:01,440 --> 00:16:06,900 Na TV, h� imagens do acidente, mas ele n�o aguenta olhar. 155 00:16:12,400 --> 00:16:14,600 Um mundo azul de a�o. 156 00:16:17,120 --> 00:16:21,600 Mas ent�o, ele volta. A cabe�a totalmente enquadrada. 157 00:16:24,380 --> 00:16:27,900 O local, o trevo, segundos antes de acontecer. 158 00:16:30,900 --> 00:16:35,410 Rua vazia. A�, l� em cima, um vislumbre do rapaz. 159 00:16:44,090 --> 00:16:45,990 N�o, filho. 160 00:16:47,240 --> 00:16:49,400 Ele congela a imagem, claro. 161 00:16:49,760 --> 00:16:52,700 Voc� n�o faria isso, para deter o passado? 162 00:17:07,880 --> 00:17:10,010 Ou poria em c�mera lenta... 163 00:17:12,830 --> 00:17:15,220 segundos antes do tornado? 164 00:17:30,300 --> 00:17:31,710 N�o. 165 00:17:32,990 --> 00:17:34,710 N�o. 166 00:17:37,560 --> 00:17:41,120 A diretora holandesa candidata ao Oscar, Paula Van der Oest 167 00:17:41,230 --> 00:17:43,299 e o ator Pierre Bokma 168 00:17:43,400 --> 00:17:46,600 nos levam cada vez mais perto do momento, 169 00:17:46,730 --> 00:17:48,100 da agonia. 170 00:18:05,630 --> 00:18:08,510 Ent�o, corta e n�s ficamos do outro lado, 171 00:18:08,710 --> 00:18:10,320 na escurid�o. 172 00:18:16,360 --> 00:18:18,500 Mas � poss�vel sair da escurid�o. 173 00:18:19,120 --> 00:18:20,920 Nossa �ltima cena de morte. 174 00:18:21,300 --> 00:18:24,220 A senhora polonesa que conhecemos antes. 175 00:18:24,550 --> 00:18:26,620 Ela se deitou para morrer. 176 00:18:29,700 --> 00:18:31,610 Segurando seu ter�o. 177 00:18:32,530 --> 00:18:35,400 Sobre aqueles ramos que tremulam contra o frio. 178 00:18:36,640 --> 00:18:40,020 Coros em ru�nas, onde tardiamente doces p�ssaros cantaram. 179 00:18:41,290 --> 00:18:44,520 -Em mim, tu... -A vela esmaece. 180 00:18:45,040 --> 00:18:49,810 Como depois que o sol se p�e no oeste, 181 00:18:50,480 --> 00:18:56,710 que pouco a pouco a noite escura carrega. 182 00:18:57,140 --> 00:18:58,949 Mas a�, ela revive. 183 00:18:59,050 --> 00:19:01,369 HORA DE MORRER POL�NIA, 2007 184 00:19:01,470 --> 00:19:04,199 ...que encerra tudo. 185 00:19:04,300 --> 00:19:07,300 Este plano f�nebre do quarto. 186 00:19:08,230 --> 00:19:10,810 Que torna o teu amor mais forte, 187 00:19:12,240 --> 00:19:14,400 te faz amar t�o bem. 188 00:19:15,850 --> 00:19:20,700 E a�, a vista de cima, tamb�m chamada de vista do caix�o. 189 00:19:20,840 --> 00:19:22,300 E a�... 190 00:19:23,560 --> 00:19:26,110 -Ela volta! -Voc� est� louca? 191 00:19:28,140 --> 00:19:31,299 -Morrer? -Como se acordasse de um sonho. 192 00:19:31,400 --> 00:19:32,800 Sem chance. 193 00:19:46,740 --> 00:19:51,300 H� 39 cap�tulos, mais de 13 horas atr�s, 194 00:19:51,490 --> 00:19:54,910 n�s perguntamos como se faz uma grande abertura de um filme. 195 00:19:57,900 --> 00:20:02,400 Agora, perto do fim da hist�ria, perguntamos sobre o final. 196 00:20:06,460 --> 00:20:12,419 39 - FINAIS 197 00:20:12,520 --> 00:20:14,179 Eu estava no templo. 198 00:20:14,280 --> 00:20:16,400 Vejamos alguns pouco comuns. 199 00:20:17,500 --> 00:20:20,739 Em �Hotel Very Welcome�, de Sonja Heiss, 200 00:20:20,840 --> 00:20:25,200 Svenja n�o quer que sua estranha aventura em Bangkok termine. 201 00:20:25,530 --> 00:20:27,679 Ela fala com o agente de viagens, 202 00:20:27,780 --> 00:20:30,369 e apesar de ele ser meio incompetente, 203 00:20:30,470 --> 00:20:32,979 e provavelmente nunca terem se encontrado, 204 00:20:33,080 --> 00:20:35,039 eles n�o querem que a liga��o termine. 205 00:20:35,140 --> 00:20:38,859 -Eu tamb�m. N�o te vi. -Nem eu vi voc�. 206 00:20:38,960 --> 00:20:43,700 Eu preciso... voltar. Estou na lista de espera. 207 00:20:44,000 --> 00:20:45,889 A� vou voltar para Washington. 208 00:20:45,990 --> 00:20:47,439 -Washington? -�. 209 00:20:47,540 --> 00:20:50,710 Vou sentir falta de falar com voc�. 210 00:20:50,890 --> 00:20:53,010 Eu sei. 211 00:20:53,190 --> 00:20:58,329 -Venha comigo. -N�o posso, eu... 212 00:20:58,430 --> 00:21:00,889 Voc� pode... vir comigo. 213 00:21:00,990 --> 00:21:03,219 -Estou no aeroporto. -Aeroporto? 214 00:21:03,320 --> 00:21:06,189 �, aeroporto. Hoje. Agora. 215 00:21:06,290 --> 00:21:09,210 Hoje? Agora? 216 00:21:10,000 --> 00:21:12,889 -Darei meu n�mero em Washington. -Washington? 217 00:21:12,990 --> 00:21:14,819 -�. -N�o. 218 00:21:14,920 --> 00:21:19,810 -Eu vou... com voc�. -Que fofo. 219 00:21:21,140 --> 00:21:22,900 Eu quero te ver. 220 00:21:23,740 --> 00:21:26,359 -N�o posso... -N�o chore! 221 00:21:26,460 --> 00:21:28,800 -Eu choro. -N�o chore. 222 00:21:30,940 --> 00:21:34,199 Cortes entre tomadas simples, luz natural. 223 00:21:34,300 --> 00:21:36,020 Final adiado. 224 00:21:38,360 --> 00:21:39,700 O que voc� disse? 225 00:21:41,280 --> 00:21:44,979 -N�o, n�o, n�o. -N�o, n�o, n�o? 226 00:21:45,080 --> 00:21:47,810 -N�o, n�o, n�o. -Sim, sim, sim. 227 00:21:56,060 --> 00:21:58,700 Eu n�o entendo tailand�s. Desculpe, Mick. 228 00:21:59,390 --> 00:22:02,989 -�Rak khun.� -�Rak khun.� 229 00:22:03,090 --> 00:22:04,609 �Rak khun� � �eu te amo�. 230 00:22:04,710 --> 00:22:06,379 �Rak khun� � �eu te amo�? 231 00:22:06,480 --> 00:22:10,739 -Pensei que fosse �at� logo�. -N�o � �at� logo�. 232 00:22:10,840 --> 00:22:13,020 -Tchau. -N�o. 233 00:22:13,140 --> 00:22:14,520 Tchau. 234 00:22:14,860 --> 00:22:16,380 Um quase final. 235 00:22:16,800 --> 00:22:18,809 -Fique na linha. -Ficar na linha? 236 00:22:18,910 --> 00:22:20,410 Fique na linha. 237 00:22:21,650 --> 00:22:23,000 Para sempre? 238 00:22:23,860 --> 00:22:25,799 -Para sempre? -Para sempre? 239 00:22:25,900 --> 00:22:27,800 -Para sempre? -Para sempre. 240 00:22:34,140 --> 00:22:36,649 Os finais mais comuns s�o otimistas. 241 00:22:36,750 --> 00:22:41,220 Em Hollywood e Bollywood, o final frequentemente � feliz. 242 00:22:41,740 --> 00:22:45,289 �A P�tria da Eletricidade�, de Larissa Shepitko 243 00:22:45,390 --> 00:22:47,049 est� longe de Hollywood, 244 00:22:47,150 --> 00:22:50,320 mas tem o final feliz. 245 00:22:51,840 --> 00:22:54,249 Camponeses ucranianos constru�ram uma bomba 246 00:22:54,350 --> 00:22:56,620 para irrigar seus campos ressequidos. 247 00:22:56,820 --> 00:23:00,110 Mas a bomba explodiu e agora, est�o chorando. 248 00:23:00,440 --> 00:23:04,000 Os espl�ndidos rostos difusos de Shepitko. 249 00:23:04,240 --> 00:23:05,610 A solenidade. 250 00:23:09,140 --> 00:23:11,000 A colheita ser� perdida de novo? 251 00:23:11,150 --> 00:23:14,600 Mas a�, n�s vemos que come�a a chover. 252 00:23:14,800 --> 00:23:16,500 A colheita ser� salva. 253 00:23:21,590 --> 00:23:25,420 Eles est�o exaustos demais para festejar. Sem sons sincronizados. 254 00:23:25,640 --> 00:23:28,600 S� alguns dos melhores closes do cinema. 255 00:23:30,000 --> 00:23:33,500 Um final feliz como um resgate, um sacramento, 256 00:23:33,740 --> 00:23:35,359 quase que uma revela��o. 257 00:23:35,460 --> 00:23:39,530 ...mas as pessoas n�o sentiam a chuva, 258 00:23:39,900 --> 00:23:43,500 porque tinham deixado de esperar que ela viesse. 259 00:23:44,440 --> 00:23:49,700 Elas n�o tinham percebido, na esperan�a de sobreviver, 260 00:23:49,890 --> 00:23:52,569 que haviam se tornado a esperan�a encarnada, 261 00:23:52,670 --> 00:23:57,000 ajudando-as a fazer o poss�vel e no entanto, imposs�vel. 262 00:23:57,460 --> 00:24:00,389 Como a esperan�a se tornou parte de uma esperan�a maior, 263 00:24:00,490 --> 00:24:03,220 uma esperan�a de um mundo futuro comunista, 264 00:24:03,620 --> 00:24:08,220 uma parte de uma esperan�a maior que precisavam para viver. 265 00:24:08,400 --> 00:24:13,400 E essa esperan�a s� manteve sua humanidade. 266 00:24:15,640 --> 00:24:19,300 Passemos de finais felizes para algo deste tipo. 267 00:24:19,440 --> 00:24:22,900 Kusum tem sido infeliz no amor e est� fugindo. 268 00:24:28,310 --> 00:24:29,710 Zoom out. 269 00:24:30,990 --> 00:24:35,410 Um filme cheio de zooms aumentando e diminuindo tristeza e alegria. 270 00:24:38,400 --> 00:24:40,510 Mas a�, ficamos com ela. 271 00:24:40,840 --> 00:24:42,310 E suas l�grimas. 272 00:24:51,240 --> 00:24:52,590 E zoom in. 273 00:24:55,550 --> 00:24:57,799 A�, este close congelado, 274 00:24:57,900 --> 00:25:00,299 para um plano no in�cio do filme. 275 00:25:00,400 --> 00:25:03,010 E a voz dela em off nos atualiza. 276 00:25:03,340 --> 00:25:04,920 E voltaram... 277 00:25:06,930 --> 00:25:09,900 Nada oficial. 278 00:25:11,550 --> 00:25:13,920 Eu n�o consegui entrar na universidade 279 00:25:15,900 --> 00:25:19,000 e entrei para as fileiras dos desempregados. 280 00:25:22,000 --> 00:25:25,200 Esse foi o fim dos meus doze anos de estudos? 281 00:25:34,050 --> 00:25:36,700 Apenas a bochecha e um zoom lento. 282 00:25:37,050 --> 00:25:39,710 Os lindos tons em preto e branco... 283 00:25:42,200 --> 00:25:46,349 e a� nos aproximamos novamente. Do qu�? Do rosto dela no espelho? 284 00:25:46,450 --> 00:25:49,600 Sim, mas tamb�m de uma imagem emba�ada. 285 00:25:51,000 --> 00:25:52,610 Um ponto de interroga��o. 286 00:25:54,490 --> 00:25:57,000 Isto � tudo que a vida me reserva? 287 00:25:59,600 --> 00:26:03,110 Um dos finais mais incertos e ousados do cinema. 288 00:26:03,520 --> 00:26:08,000 THE GIRLS DIRE��O: SUMITRA PERIES 289 00:26:09,800 --> 00:26:13,220 Este final � incerto de um jeito diferente. 290 00:26:13,950 --> 00:26:16,800 Ela foi atropelada por um carro e est� no hospital. 291 00:26:17,040 --> 00:26:19,900 A brancura e a suavidade desta imagem. 292 00:26:20,140 --> 00:26:23,400 Mas a�, corta para seu suposto amante. 293 00:26:23,900 --> 00:26:27,620 Num carro, no escuro, numa esp�cie de inferno. 294 00:26:32,530 --> 00:26:36,660 CARTAS DE AMOR DIRE��O: KINUYO TANAKA 295 00:26:42,440 --> 00:26:44,500 Agora, ela move a cabe�a. 296 00:26:52,100 --> 00:26:54,210 Agora, ele segura a dele. 297 00:27:03,920 --> 00:27:07,600 E os olhos dela se abrem. Uma imagem quase celestial. 298 00:27:13,760 --> 00:27:16,200 E a m�sica muda de tom. 299 00:27:27,240 --> 00:27:29,900 Foi um final feliz, ou triste? 300 00:27:30,300 --> 00:27:33,389 Ambos. Houve uma transfer�ncia. 301 00:27:33,490 --> 00:27:36,500 Um reequil�brio. Uma incurs�o de gra�a. 302 00:27:41,590 --> 00:27:42,900 Vamos, campe�. 303 00:27:43,440 --> 00:27:45,710 -Vamos para casa. -Sim. 304 00:27:47,040 --> 00:27:50,649 Em muitos finais, o mundo parece julgar os personagens. 305 00:27:50,750 --> 00:27:52,679 Ou a hist�ria os julga, 306 00:27:52,780 --> 00:27:55,300 ou as imagens. 307 00:27:56,140 --> 00:27:58,609 Claire Trevor, uma m�e controladora, 308 00:27:58,710 --> 00:28:00,229 conseguiu o que queria. 309 00:28:00,330 --> 00:28:01,720 Isto � seu. 310 00:28:02,750 --> 00:28:04,300 Voc� ganhou. 311 00:28:05,000 --> 00:28:06,410 Um trof�u. 312 00:28:06,740 --> 00:28:08,310 Mas a que custo? 313 00:28:12,530 --> 00:28:15,500 Da dignidade dela? Do respeito dos outros? 314 00:28:17,300 --> 00:28:18,690 Florence! 315 00:28:28,600 --> 00:28:30,120 Voc� n�o vai esquecer... 316 00:28:31,100 --> 00:28:32,420 vai? 317 00:28:43,080 --> 00:28:46,439 Anoitece e ela fica embalando o trof�u, 318 00:28:46,540 --> 00:28:48,810 a �nica coisa que lhe resta. 319 00:28:51,240 --> 00:28:54,989 Ent�o esta lente grande-angular se afasta e a perde de vista, 320 00:28:55,090 --> 00:28:58,259 e encontra os pap�is caindo, o vento gelado 321 00:28:58,360 --> 00:29:01,910 e o vazio do mundo e do cora��o dela. 322 00:29:09,390 --> 00:29:14,539 FIM 323 00:29:14,640 --> 00:29:18,459 FIM 324 00:29:18,560 --> 00:29:21,720 FIM 325 00:29:22,240 --> 00:29:25,310 Esta luta n�o vai terminar em terrorismo e viol�ncia. 326 00:29:26,340 --> 00:29:29,510 Bem mais radical e determinado � este final. 327 00:29:30,440 --> 00:29:33,339 Uma locutora de r�dio feminista em Nova York. 328 00:29:33,440 --> 00:29:34,999 Bem enquadrada. 329 00:29:35,100 --> 00:29:37,820 Sua mensagem ousada, mas conciliat�ria. 330 00:29:38,640 --> 00:29:40,199 ...em luz. 331 00:29:40,300 --> 00:29:43,510 Este � o momento da esperada mudan�a para todas n�s. 332 00:29:44,240 --> 00:29:48,239 Aqui � Isabella, da R�dio Phoenix, me despedindo at� amanh�. 333 00:29:48,340 --> 00:29:50,300 N�s fomos longe demais. 334 00:29:50,700 --> 00:29:54,789 A� corta para este homem, com um traje formal, 335 00:29:54,890 --> 00:29:57,029 como s�o filmados os rep�rteres de TV. 336 00:29:57,130 --> 00:30:00,239 N�o podemos ignorar nossa infla��o monumental. 337 00:30:00,340 --> 00:30:04,710 Nem tolerar o abuso desenfreado em nossos programas sociais. 338 00:30:05,230 --> 00:30:08,200 Neste pa�s, estamos encurralados pela burocracia. 339 00:30:08,500 --> 00:30:11,500 Ele expressa um medo comum da direita. 340 00:30:11,650 --> 00:30:16,439 A dire��o teme que a socializa��o tenha transformado nossa democracia 341 00:30:16,540 --> 00:30:18,430 num estado de bem-estar social. 342 00:30:18,600 --> 00:30:21,039 Se queremos que nossos ideais sobrevivam, 343 00:30:21,140 --> 00:30:23,419 precisamos considerar suas implica��es. 344 00:30:23,520 --> 00:30:26,420 Mas a�, o choque. Ele � interrompido por... 345 00:30:29,750 --> 00:30:32,920 Uma explos�o no alto das torres g�meas, 346 00:30:33,100 --> 00:30:36,420 dezoito anos antes de realmente explodirem. 347 00:30:38,040 --> 00:30:41,210 Um final chocante. Uma destrui��o. 348 00:30:46,630 --> 00:30:49,859 O final de Claire Denis em �35 Doses de Rum� 349 00:30:49,960 --> 00:30:53,220 � o oposto visual das torres explodindo. 350 00:30:53,520 --> 00:30:56,210 O pai que j� conhecemos. 351 00:30:56,500 --> 00:30:58,510 Sua filha acabou de se casar. 352 00:30:58,700 --> 00:31:00,500 Ele a ver� menos agora. 353 00:31:00,690 --> 00:31:03,600 Eles viviam juntos, felizes, ternamente. 354 00:31:05,740 --> 00:31:07,700 A�, corta para esta imagem. 355 00:31:07,820 --> 00:31:11,900 Nenhum rosto, nenhuma emo��o �bvia, nenhuma despedida. 356 00:31:13,500 --> 00:31:15,810 A panela vermelha � esquerda. 357 00:31:16,240 --> 00:31:20,910 Mas depois, ele descobre outra panela de arroz que ela comprou. 358 00:31:21,700 --> 00:31:25,999 A diretora Denis ama o final do filme de Yasujiro Ozu, 359 00:31:26,100 --> 00:31:29,410 em que um homem solit�rio descasca uma ma��. 360 00:31:29,840 --> 00:31:32,339 Este � seu equivalente de descascar a ma��. 361 00:31:32,440 --> 00:31:34,500 A amargura dos objetos. 362 00:31:35,100 --> 00:31:38,510 Os desenhos infantis na panela da filha. 363 00:31:39,100 --> 00:31:43,600 A segunda panela n�o foi usada e talvez, nunca seja. 364 00:31:43,920 --> 00:31:47,120 Uma nota encantadora. Um final zen. 365 00:31:55,400 --> 00:31:59,690 RITUAL IN TRANSFIGURED TIME DIRE��O: MAYA DEREN 366 00:32:00,140 --> 00:32:03,200 O que poderia ser menos Hollywood, menos Bollywood? 367 00:32:03,340 --> 00:32:04,810 Talvez isto... 368 00:32:06,540 --> 00:32:10,990 Uma mulher fugindo de um homem. A dan�a do desejo, de certa forma. 369 00:32:35,040 --> 00:32:37,800 Ela gira. Mas ent�o, isto. 370 00:32:42,200 --> 00:32:46,140 Ela fica branca, afunda, cai, em c�mera lenta. 371 00:32:46,390 --> 00:32:49,710 Ela est� embaixo d��gua, ou numa posi��o inversa? 372 00:33:14,810 --> 00:33:18,510 Chegamos ao fim da estrada, nosso �ltimo cap�tulo. 373 00:33:19,840 --> 00:33:21,800 Vamos terminar em grande estilo. 374 00:33:24,660 --> 00:33:27,099 � bom terminar com m�sica e dan�a. 375 00:33:27,200 --> 00:33:29,589 Junto a corridas de carro e tiroteios, 376 00:33:29,690 --> 00:33:33,510 os n�meros musicais s�o as cenas mais elaboradas no cinema. 377 00:33:37,300 --> 00:33:41,199 40 - M�SICA E DAN�A 378 00:33:41,300 --> 00:33:44,689 Todos vimos os cl�ssicos. S�o mais ou menos assim. 379 00:33:44,790 --> 00:33:50,489 Um artista falta e ent�o, um substituto, algum novato 380 00:33:50,590 --> 00:33:52,620 precisa ir em seu lugar. 381 00:33:55,360 --> 00:33:57,100 A m�sica toca. 382 00:34:00,630 --> 00:34:05,000 Isso a perturba. Ent�o, ela � empurrada. 383 00:34:11,800 --> 00:34:14,000 Puxa. Ela � boa. 384 00:34:15,230 --> 00:34:16,600 Um redemoinho. 385 00:34:20,690 --> 00:34:24,320 O olhar arregalado ao entrar no palco pela primeira vez. 386 00:34:26,190 --> 00:34:28,239 Aplausos. Cabe�as se viram. 387 00:34:28,340 --> 00:34:31,200 De repente, todos olham para ela. 388 00:34:40,040 --> 00:34:41,610 Nasce uma estrela. 389 00:34:49,650 --> 00:34:52,490 Ela faz mais um pouco, e aplaudem mais. 390 00:34:59,390 --> 00:35:04,189 Um momento cl�ssico no not�vel filme chin�s de Huang Shu-gin, 391 00:35:04,290 --> 00:35:06,400 �Woman, Demon, Human�. 392 00:35:09,390 --> 00:35:13,010 Huang toma emprestado do teatro e da �pera, claro, 393 00:35:13,240 --> 00:35:15,620 como muitos musicais fazem. 394 00:35:17,730 --> 00:35:21,939 A diretora sovi�tica Vera Stroeva faz isso de forma expl�cita 395 00:35:22,040 --> 00:35:27,810 em sua adapta��o de 1954 da �pera de Mussorgsky, �Boris Godunov�. 396 00:35:30,690 --> 00:35:33,010 Um exterior realmente moscovita. 397 00:35:35,230 --> 00:35:36,710 Uma prociss�o. 398 00:35:41,690 --> 00:35:46,200 E a�, esta lente grande-angular, que parece um quadro medieval. 399 00:35:46,590 --> 00:35:49,010 Teatral, decoroso. 400 00:35:49,690 --> 00:35:52,120 Brancos, vermelhos e azuis. 401 00:35:52,340 --> 00:35:57,110 Talvez n�o totalmente cinematogr�fico. Mas este plano, �. 402 00:35:57,450 --> 00:35:59,300 Longa vida a Boris Fedorovich! 403 00:36:02,890 --> 00:36:05,489 E o corte para o coro da multid�o. 404 00:36:05,590 --> 00:36:06,999 Longa vida e felicidade! 405 00:36:07,100 --> 00:36:08,800 Louvem-no! 406 00:36:20,750 --> 00:36:23,800 E este �ngulo � muito cinematogr�fico. 407 00:36:24,280 --> 00:36:28,249 A emo��o e a multid�o numa �pera, mas com proximidade. 408 00:36:28,350 --> 00:36:30,089 Primeiro plano dram�tico. 409 00:36:30,190 --> 00:36:31,549 Cen�rio glorioso. 410 00:36:31,650 --> 00:36:35,329 Trinta e tr�s anos depois de Stroeva fazer seu filme, 411 00:36:35,430 --> 00:36:37,720 ele foi exibido em Cannes. 412 00:36:56,640 --> 00:37:00,229 O cinema se apoderou das tradi��es musicais do teatro e da �pera, 413 00:37:00,330 --> 00:37:02,900 mas aumentou seu senso de movimento, 414 00:37:03,100 --> 00:37:05,190 sua �nfase no movimento. 415 00:37:05,810 --> 00:37:09,090 Aqui Margaret Tait nem usa a c�mera. 416 00:37:09,200 --> 00:37:11,890 Ela pinta diretamente no filme. 417 00:37:16,040 --> 00:37:18,779 Movimento em duas dimens�es, tremulante, puro. 418 00:37:18,880 --> 00:37:20,810 As origens dos filmes. 419 00:37:36,130 --> 00:37:37,899 Em seus prim�rdios, 420 00:37:38,000 --> 00:37:42,100 Alice Guy mostrou o chamado da m�sica no cinema. 421 00:37:42,750 --> 00:37:48,000 Uma fam�lia burguesa comum, a esposa, o marido e a empregada. 422 00:37:48,490 --> 00:37:53,000 Mas a�, a esposa ouve algo e levanta a m�o esquerda. 423 00:37:53,330 --> 00:37:57,800 Ela levanta as duas m�os, se levanta e a empregada ouve. 424 00:37:59,440 --> 00:38:01,159 A�, ele tamb�m se levanta. 425 00:38:01,260 --> 00:38:04,210 S�o como marionetes. Precisam dan�ar. 426 00:38:08,900 --> 00:38:13,010 A m�sica � o fio condutor. O fio condutor do cinema. 427 00:38:57,950 --> 00:39:01,600 Ontem 428 00:39:02,490 --> 00:39:06,200 Esta mulher est� vestida como uma est�tua grega. 429 00:39:06,500 --> 00:39:08,739 A diretora Marion Hansel 430 00:39:08,840 --> 00:39:11,739 fez seu filme em c�mera lenta, 431 00:39:11,840 --> 00:39:15,089 para que possamos ver os movimento do tecido, 432 00:39:15,190 --> 00:39:19,310 a ilus�o que os escultores cl�ssicos esperam alcan�ar. 433 00:39:23,090 --> 00:39:26,110 Billie Holiday canta. Fascinante. 434 00:39:30,330 --> 00:39:32,200 Ela � como uma an�mona do mar. 435 00:39:32,740 --> 00:39:34,310 Estamos no alto. 436 00:39:34,650 --> 00:39:36,539 O fundo � marrom escuro. 437 00:39:36,640 --> 00:39:40,959 Corpo e roupa quase t�o abstratos quanto o filme de Margaret Tait. 438 00:39:41,060 --> 00:39:43,400 E o amor 439 00:39:46,840 --> 00:39:52,900 Ent�o a juventude festiva era minha 440 00:39:55,240 --> 00:39:57,100 Ela parece flutuar. 441 00:39:57,340 --> 00:39:58,800 Flutuar. 442 00:39:58,920 --> 00:40:03,339 Muitas cenas musicais no cinema tentam remover a gravidade, 443 00:40:03,440 --> 00:40:07,000 e passar a um estado de leveza, de aus�ncia de peso. 444 00:40:12,030 --> 00:40:16,610 Este � o document�rio �Elena�, da diretora brasileira Petra Costa, 445 00:40:16,740 --> 00:40:20,790 sobre sua irm� que foi a Nova York e depois cometeu suic�dio. 446 00:40:23,090 --> 00:40:25,989 A leveza daqueles deixados para tr�s, 447 00:40:26,090 --> 00:40:27,810 do mundo flutuante. 448 00:40:44,490 --> 00:40:48,300 Muitos n�meros musicais aspiram a um mundo flutuante. 449 00:41:13,450 --> 00:41:14,919 Este tipo de mundo. 450 00:41:15,020 --> 00:41:18,679 Garotas juntas num quarto. � tarde, mas n�o est�o cansadas. 451 00:41:18,780 --> 00:41:21,310 S�o movidas pela m�sica. Leves. 452 00:41:35,890 --> 00:41:37,549 A diretora Edith Carlmar 453 00:41:37,650 --> 00:41:41,300 e o diretor de fotografia Mattis Mathiesen as seguem. 454 00:41:41,510 --> 00:41:43,100 Mant�m elas enquadradas. 455 00:41:48,920 --> 00:41:51,239 A c�mera n�o se aproxima demais. 456 00:41:51,340 --> 00:41:55,190 Queremos ver todo o movimento, sentir todo o movimento. 457 00:42:03,930 --> 00:42:08,939 Eu s� quero sentir o amor verdadeiro 458 00:42:09,040 --> 00:42:10,810 E por falar em sentimento, 459 00:42:10,930 --> 00:42:13,669 um bombeiro, um centro comunit�rio. 460 00:42:13,770 --> 00:42:18,879 Porque eu tenho muita vida correndo nas veias 461 00:42:18,980 --> 00:42:21,190 N�o precisamos nos afastar desta vez. 462 00:42:21,500 --> 00:42:22,900 Um close basta. 463 00:42:24,400 --> 00:42:27,279 � como o filme de Gene Kelly, 464 00:42:27,380 --> 00:42:30,500 esperando para fazer seu n�mero em �Cantando na Chuva�. 465 00:42:30,820 --> 00:42:34,010 A m�sica o p�e em um mundo pr�prio. 466 00:42:36,320 --> 00:42:39,800 Estou me preparando para deix�-la 467 00:42:41,160 --> 00:42:43,320 Os olhos est�o fechados, claro. 468 00:42:43,800 --> 00:42:46,400 Ele dan�a como se ningu�m estivesse olhando. 469 00:42:46,580 --> 00:42:50,589 Uma simples cena de dan�a. A mais ador�vel de todas. 470 00:42:50,690 --> 00:42:53,400 Antes de eu chegar 471 00:42:55,100 --> 00:42:58,100 Eu j� me via chegando 472 00:43:00,290 --> 00:43:04,539 Eu s� quero sentir o amor verdadeiro 473 00:43:04,640 --> 00:43:07,380 Sentir a casa em que eu moro 474 00:43:09,650 --> 00:43:11,800 Porque eu tenho muita vida 475 00:43:12,090 --> 00:43:14,210 Correndo nas veias 476 00:43:14,490 --> 00:43:16,690 Indo para o lixo 477 00:43:18,890 --> 00:43:23,229 E eu preciso sentir o amor verdadeiro 478 00:43:23,330 --> 00:43:28,099 Palmas erguidas para o universo enquanto brilhamos com a lua 479 00:43:28,200 --> 00:43:29,739 Sentimos o calor 480 00:43:29,840 --> 00:43:31,949 � como se ela estivesse olhando para ele. 481 00:43:32,050 --> 00:43:33,409 Somos diamantes no c�u 482 00:43:33,510 --> 00:43:35,999 Voc� � uma estrela cadente 483 00:43:36,100 --> 00:43:39,500 A�, ela se levanta, como se fosse se juntar a ele. 484 00:43:39,930 --> 00:43:43,759 Estou viva somos como diamantes no c�u 485 00:43:43,860 --> 00:43:49,400 -Logo eu senti a energia -A famosa cena em �Garotas�. 486 00:43:49,650 --> 00:43:54,300 Quatro jovens do sub�rbio de Paris em um quarto de hotel. 487 00:43:54,640 --> 00:44:00,420 -A festa de fim de semana. -Esta noite, voc� e eu 488 00:44:01,440 --> 00:44:04,749 A diretora Sciamma e a diretora de fotografia Crystel Fournier 489 00:44:04,850 --> 00:44:06,410 mant�m o close. 490 00:44:06,840 --> 00:44:08,610 E o azul de novo. 491 00:44:09,040 --> 00:44:11,839 Elas est�o soltas, estas dan�arinas. 492 00:44:11,940 --> 00:44:15,419 Escaparam das amarras de Paris e seus problemas. 493 00:44:15,520 --> 00:44:17,600 Brilhe como um diamante 494 00:44:17,990 --> 00:44:20,700 Brilhe como um diamante 495 00:44:20,949 --> 00:44:21,949 Elas est�o flutuando. 496 00:44:22,050 --> 00:44:26,039 -Como diamantes no c�u. -Diamantes no c�u. 497 00:44:26,140 --> 00:44:29,109 Brilhe como um diamante 498 00:44:29,210 --> 00:44:31,939 Outro uso cl�ssico da m�sica no cinema. 499 00:44:32,040 --> 00:44:36,119 Somos lindas como diamantes no c�u 500 00:44:36,220 --> 00:44:38,729 Brilhe como um diamante 501 00:44:38,830 --> 00:44:41,289 Brilhe como um diamante 502 00:44:41,390 --> 00:44:44,300 Brilhe como um diamante 503 00:44:44,650 --> 00:44:47,480 Ent�o, brilhe 504 00:44:47,650 --> 00:44:49,949 Esta noite 505 00:44:50,050 --> 00:44:53,010 Voc� e eu 506 00:44:53,290 --> 00:44:57,410 Somos lindas como diamantes no c�u 507 00:44:57,850 --> 00:45:00,400 Olho no olho 508 00:45:08,140 --> 00:45:12,720 Uma das primeiras diretoras brasileiras, Gilda de Abreu, 509 00:45:13,150 --> 00:45:15,099 levou isto mais longe. 510 00:45:15,200 --> 00:45:18,989 Cantora, dan�arina, compositora, escritora e diretora, 511 00:45:19,090 --> 00:45:21,099 ela aqui dirige o marido, 512 00:45:21,200 --> 00:45:25,110 em um dos filmes brasileiros mais famosos, �O �brio�. 513 00:45:25,700 --> 00:45:29,119 Ele � um homem decente que finge a pr�pria morte 514 00:45:29,220 --> 00:45:31,320 e reaparece como alco�latra. 515 00:45:31,460 --> 00:45:34,890 Um quadro est�tico. Uma can��o melanc�lica. 516 00:45:39,590 --> 00:45:42,700 E ent�o, quando ele vira um pouco a cabe�a, 517 00:45:42,900 --> 00:45:45,900 a c�mera se vira para crian�as olhando o bar. 518 00:45:56,220 --> 00:46:00,700 � quase um conjunto est�tico, ligado pelo arrependimento. 519 00:46:08,650 --> 00:46:12,400 A�, esta linda imagem gr�fica e ela vira a cabe�a. 520 00:46:17,040 --> 00:46:21,010 O que est� havendo aqui? Todos ouvem atentamente. 521 00:46:21,180 --> 00:46:23,539 Uma comunidade tempor�ria se forma. 522 00:46:23,640 --> 00:46:25,700 O tempo parece ter parado, 523 00:46:26,140 --> 00:46:29,490 ou o resto do mundo, desaparecido. 524 00:46:29,840 --> 00:46:32,700 S� resta a can��o, o momento, 525 00:46:32,920 --> 00:46:34,310 a m�sica. 526 00:46:52,400 --> 00:46:56,509 A diretora Ebreu capta o aspecto consciente de um n�mero musical, 527 00:46:56,610 --> 00:46:59,910 a tens�o extasiada do momento. 528 00:47:08,140 --> 00:47:12,459 Quatro d�cadas depois, a cineasta americana Joan Micklin Silver 529 00:47:12,560 --> 00:47:16,000 usa a mesma ideia em �Amor � Segunda Vista�. 530 00:47:16,590 --> 00:47:19,029 � o anivers�rio da protagonista, Izzy. 531 00:47:19,130 --> 00:47:22,300 A fam�lia dela cantou parab�ns ao telefone. 532 00:47:22,940 --> 00:47:25,289 Suas colegas intelectuais cantaram, 533 00:47:25,390 --> 00:47:27,300 acompanhadas no violoncelo. 534 00:47:27,550 --> 00:47:30,599 Mas na noite propriamente dita, n�o estar�o com ela, 535 00:47:30,700 --> 00:47:34,700 ent�o, ela finge que vai a um restaurante chique. 536 00:47:35,230 --> 00:47:38,679 Ela est� numa lanchonete movimentada, onde tocam rap. 537 00:47:38,780 --> 00:47:41,010 Quase uma cena de document�rio. 538 00:47:41,140 --> 00:47:43,510 Uma noite encantadora 539 00:47:44,290 --> 00:47:46,690 Mas a�, esta mulher chega. 540 00:47:47,400 --> 00:47:49,529 Voc� v� um estranho 541 00:47:49,630 --> 00:47:52,100 E o cara para de tocar o rap. 542 00:47:52,490 --> 00:47:55,799 E de alguma forma, voc� sabe 543 00:47:55,900 --> 00:48:00,700 Os olhos se viram para a cantora e a c�mera avan�a em sua dire��o. 544 00:48:00,920 --> 00:48:02,959 E novamente 545 00:48:03,060 --> 00:48:05,200 Uma noite encantadora 546 00:48:05,350 --> 00:48:07,720 Voc� o ouvir� rindo 547 00:48:08,140 --> 00:48:11,429 O momento, novamente. Nem todos est�o paralisados, 548 00:48:11,530 --> 00:48:14,200 mas o objetivo cinematogr�fico est� claro. 549 00:48:15,240 --> 00:48:17,069 E torn�-lo seu 550 00:48:17,170 --> 00:48:21,400 Um n�mero musical � uma imposi��o no mundo real. 551 00:48:21,740 --> 00:48:24,589 Uma imposi��o de estranhos, muitas vezes. 552 00:48:24,690 --> 00:48:26,449 N�o conformistas. 553 00:48:26,550 --> 00:48:28,300 Nunca o deixe ir 554 00:48:28,680 --> 00:48:30,899 Quando o encontrar 555 00:48:31,000 --> 00:48:37,090 Nunca o deixe ir 556 00:48:43,980 --> 00:48:47,419 Um �ltimo exemplo de como a m�sica � usada no cinema 557 00:48:47,520 --> 00:48:49,199 no sentido tradicional. 558 00:48:49,300 --> 00:48:51,710 Angola, 1961. 559 00:48:51,850 --> 00:48:55,189 O protagonista do filme, o manifestante Domingos, 560 00:48:55,290 --> 00:48:56,790 foi assassinado. 561 00:48:57,230 --> 00:49:01,300 A c�mera sobe para seus amigos, que o pranteiam. 562 00:49:01,420 --> 00:49:05,210 Eles cantam. O senso comunit�rio da m�sica. 563 00:49:05,620 --> 00:49:07,010 Da dor. 564 00:49:08,600 --> 00:49:12,800 A can��o os une. As imagens os unem. 565 00:49:13,200 --> 00:49:17,429 Uma s�rie de closes e movimentos ligando uma imagem � outra. 566 00:49:17,530 --> 00:49:19,410 Uma esp�cie de fio condutor. 567 00:49:55,200 --> 00:49:59,929 Mas muitas cineastas quiseram desafiar as conven��es da m�sica, 568 00:50:00,030 --> 00:50:01,810 ou desconstru�-las. 569 00:50:06,400 --> 00:50:08,600 Vejamos cinco exemplos. 570 00:50:09,200 --> 00:50:13,300 Primeiro este. �The Connection�, de Shirley Clark. 571 00:50:13,630 --> 00:50:15,790 Come�a de forma convencional, 572 00:50:18,900 --> 00:50:22,039 mas a� n�s vemos a sombra da c�mera na parede. 573 00:50:22,140 --> 00:50:25,900 E vemos o homem que quer evitar a luz. 574 00:50:26,140 --> 00:50:28,000 Qual �, cara. 575 00:50:28,130 --> 00:50:30,310 Afaste isto de mim. 576 00:50:30,530 --> 00:50:34,210 A m�sica � filmada em um �nico plano, 577 00:50:34,350 --> 00:50:38,039 sem cortes, quase como um musical da MGM, 578 00:50:38,140 --> 00:50:42,699 mas o conte�do � como um making-of, um document�rio, 579 00:50:42,800 --> 00:50:45,469 um ensaio em que vemos os cabos sendo presos 580 00:50:45,570 --> 00:50:48,100 e as luzes sendo ajustadas. 581 00:50:48,530 --> 00:50:52,429 A cena de Clark faz o clima, mas tamb�m o quebra. 582 00:50:52,530 --> 00:50:55,210 Ela � ambivalente sobre o momento musical. 583 00:51:08,190 --> 00:51:11,800 Agn�s Varda faz algo semelhante em �As Duas Faces da Felicidade�. 584 00:51:12,030 --> 00:51:14,700 O homem na hist�ria dan�a com uma mulher. 585 00:51:14,830 --> 00:51:18,900 Mas a�, Varda passa a c�mera por tr�s de uma �rvore. 586 00:51:27,820 --> 00:51:31,010 A�, outro deslocamento, na dire��o oposta. 587 00:51:33,950 --> 00:51:36,410 Agora, ele est� dan�ando com outra mulher. 588 00:51:53,440 --> 00:51:55,800 E ele dan�a com uma terceira mulher. 589 00:51:58,140 --> 00:52:00,000 Ainda sem cortes. 590 00:52:01,890 --> 00:52:05,200 Varda cria o momento e o quebra. 591 00:52:07,440 --> 00:52:11,100 A unidade da m�sica e da imagem, sem cortes, 592 00:52:11,300 --> 00:52:14,200 mas a desuni�o da vida do homem. 593 00:52:19,320 --> 00:52:24,590 A leveza da m�sica e da c�mera, o peso da dor que ele causa. 594 00:52:26,840 --> 00:52:31,420 Agora o filme da americana Dorothy Arzner, �A Vida � Uma Dan�a�. 595 00:52:31,650 --> 00:52:34,600 Maureen O�Hara empurrada para o palco. 596 00:52:36,400 --> 00:52:38,310 Um p�blico turbulento. 597 00:52:41,720 --> 00:52:44,410 Ela tenta ser graciosa e dan�a bal�. 598 00:52:46,940 --> 00:52:49,800 Roubou a roupa da Tiger Lily, menina? 599 00:52:50,030 --> 00:52:52,100 Um defeito na roupa. 600 00:53:09,240 --> 00:53:11,300 Ela faz parte de um show burlesco. 601 00:53:11,450 --> 00:53:14,189 A roupa de outra dan�arina cai no palco, 602 00:53:14,290 --> 00:53:16,100 como se estivesse se despindo. 603 00:53:17,450 --> 00:53:19,900 Tudo bem, n�s aguentamos! 604 00:53:23,050 --> 00:53:25,500 Ela vai para a casa da m�e. 605 00:53:29,630 --> 00:53:34,200 A�, o close furioso de O�Hara. Ela percebe a goza��o. 606 00:53:34,690 --> 00:53:37,749 A mulher que escreveu a hist�ria, Vicki Baum, 607 00:53:37,850 --> 00:53:39,939 era boxeadora, na vida real. 608 00:53:40,040 --> 00:53:42,200 O que vai fazer agora? Chorar? 609 00:53:43,340 --> 00:53:45,100 Um discurso de luta. 610 00:53:45,740 --> 00:53:49,500 Um discurso que desconstr�i Hollywood e o patriarcado. 611 00:53:51,340 --> 00:53:53,600 Podem olhar. N�o estou com vergonha. 612 00:53:53,900 --> 00:53:57,110 Riam, fa�am valer seu dinheiro. Ningu�m vai lhes fazer mal. 613 00:53:58,200 --> 00:54:01,900 Sei que querem me ver rasgada, para seus 50 centavos valerem 614 00:54:02,030 --> 00:54:06,000 o privil�gio de olhar uma garota como suas esposas n�o deixam. 615 00:54:06,830 --> 00:54:08,939 O que acham que pensamos de voc�s aqui? 616 00:54:09,040 --> 00:54:12,610 Com seus sorrisos pretensiosos, que envergonhariam suas m�es? 617 00:54:12,830 --> 00:54:16,489 Sabemos que est� na moda homens elegantes rirem de n�s. 618 00:54:16,590 --> 00:54:20,509 N�s rir�amos de voc�s, mas somos pagas para girarem os olhos 619 00:54:20,610 --> 00:54:23,300 e fazerem seus coment�rios t�o inteligentes. 620 00:54:23,540 --> 00:54:25,199 Para que isso? 621 00:54:25,300 --> 00:54:29,049 Para irem ao fim do espet�culo se pavonear diante das mulheres 622 00:54:29,150 --> 00:54:31,600 e brincar de ser o sexo mais forte? 623 00:54:36,190 --> 00:54:39,200 Estou certa que elas veem atrav�s de voc�s como n�s. 624 00:54:42,800 --> 00:54:47,800 A dan�a para, desafiando as normas dos filmes. 625 00:54:52,440 --> 00:54:56,200 Deslizando sob as pontes de Amsterd� 626 00:54:56,890 --> 00:55:01,069 Em um barco tur�stico holand�s 627 00:55:01,170 --> 00:55:05,229 V�o as mulheres gr�vidas 628 00:55:05,330 --> 00:55:09,420 N�s, as senhoritas, n�s, as senhoras 629 00:55:09,640 --> 00:55:13,890 De volta a Varda, para o quarto desafio das normas da m�sica. 630 00:55:14,520 --> 00:55:17,600 C�mera flutuante. M�sica flutuante. 631 00:55:17,740 --> 00:55:21,239 Mas a letra nos leva a um novo territ�rio. 632 00:55:21,340 --> 00:55:25,939 Um cruzeiro abortivo 633 00:55:26,040 --> 00:55:29,290 As mulheres est�o em Amsterd� para fazer abortos. 634 00:55:32,930 --> 00:55:38,149 O barco n�o � rom�ntico 635 00:55:38,250 --> 00:55:40,649 A forma cl�ssica de um n�mero musical, 636 00:55:40,750 --> 00:55:42,800 mas com um conte�do bem diferente. 637 00:55:44,640 --> 00:55:47,310 A cena ainda � sobre solidariedade... 638 00:55:54,450 --> 00:55:58,389 como a can��o de luto dos homens em �Sambizanga�, 639 00:55:58,490 --> 00:56:02,149 mas Varda espreme um lim�o na letra, 640 00:56:02,250 --> 00:56:04,039 para dar mais adstring�ncia. 641 00:56:04,140 --> 00:56:08,559 Nossos filhos, nossos �vulos 642 00:56:08,660 --> 00:56:10,939 N�s rimos e jogamos fora 643 00:56:11,040 --> 00:56:14,600 Sem medo do rid�culo 644 00:56:14,890 --> 00:56:19,039 Num barco de bandeira chique 645 00:56:19,140 --> 00:56:22,850 Cheio de mulheres que abortam 646 00:56:23,060 --> 00:56:28,200 Que abortam 647 00:56:34,890 --> 00:56:36,600 Que tal isto? 648 00:56:36,800 --> 00:56:40,100 �Attenberg�, de Athina Rachel Tsangari. 649 00:56:40,790 --> 00:56:43,510 A protagonista p�e uma m�sica. 650 00:56:43,690 --> 00:56:45,800 O pai est� num leito de hospital. 651 00:56:54,090 --> 00:56:57,700 Uma c�mera im�vel, incomum para uma cena musical. 652 00:56:58,050 --> 00:57:02,410 E luzes e cores sombrias. Uma esp�cie de cena de morte. 653 00:57:06,350 --> 00:57:08,200 Esta m�sica � sobre a vida. 654 00:57:10,840 --> 00:57:12,410 Vida real. 655 00:57:14,840 --> 00:57:17,500 � como se ela fosse correr. 656 00:57:21,040 --> 00:57:23,600 Frustrada por n�o poder dan�ar. 657 00:57:23,720 --> 00:57:28,000 As m�sicas nos filmes costumam colocar o mundo em a��o, 658 00:57:28,200 --> 00:57:30,229 mas muita coisa � est�tica aqui. 659 00:57:30,330 --> 00:57:33,010 A impot�ncia da m�sica e da dan�a. 660 00:57:42,550 --> 00:57:44,920 Podemos terminar com este tema aqui? 661 00:57:45,100 --> 00:57:47,000 Ou devemos terminar com isto? 662 00:57:47,600 --> 00:57:50,410 O �lbum visual de Beyonc�, �Lemonade�. 663 00:57:52,130 --> 00:57:54,300 �They Don�t Love You Like I Do.� 664 00:57:54,430 --> 00:57:57,549 Uma esp�cie de renascimento m�tico da m�sica e da dan�a. 665 00:57:57,650 --> 00:58:03,329 Eles n�o te amam como eu 666 00:58:03,430 --> 00:58:09,060 Devagar, eles n�o te amam como eu 667 00:58:09,340 --> 00:58:12,790 Ela � Oshun, a guerreira Yoruba, 668 00:58:13,040 --> 00:58:16,200 vestida de amarelo e em estado de f�ria. 669 00:58:16,690 --> 00:58:20,500 Ela fica feliz enquanto destr�i, neste cen�rio urbano. 670 00:58:20,780 --> 00:58:24,410 Ela � como Gene Kelly em �Cantando na Chuva�, na rua. 671 00:58:24,640 --> 00:58:27,030 E a�, ela olha para n�s. 672 00:58:27,330 --> 00:58:29,390 Vai nos esmagar tamb�m? 673 00:58:31,930 --> 00:58:36,149 Eu pulo da cama e pego minhas tralhas 674 00:58:36,250 --> 00:58:39,110 Olho no espelho e digo �e a�? 675 00:58:39,950 --> 00:58:42,100 E a�? 676 00:58:48,000 --> 00:58:49,400 Ent�o, � isso. 677 00:58:49,650 --> 00:58:53,510 Com a c�mera sendo quebrada, nosso road movie chega ao fim. 678 00:58:53,890 --> 00:58:56,490 Centenas de grandes exemplos de cinema. 679 00:58:56,650 --> 00:58:59,100 Quatorze horas na estrada. 680 00:58:59,800 --> 00:59:02,400 O que vimos nestas 14 horas? 681 00:59:02,950 --> 00:59:04,510 Tudo. 682 00:59:05,380 --> 00:59:07,410 Forma e conte�do, 683 00:59:07,690 --> 00:59:09,600 viol�ncia e ternura, 684 00:59:09,840 --> 00:59:11,400 amor e perda. 685 00:59:12,450 --> 00:59:16,620 Bravura e document�rio. N�s vimos o mundo. 686 00:59:23,130 --> 00:59:27,410 Houve menos acidentes de carro e cenas de batalha 687 00:59:28,450 --> 00:59:30,610 do que se fossem diretores. 688 00:59:31,250 --> 00:59:33,629 Mas n�s tememos generaliza��es. 689 00:59:33,730 --> 00:59:37,789 Uma das poucas diferen�as claras entre nossos filmes 690 00:59:37,890 --> 00:59:41,229 e a hist�ria do cinema dominada pelos homens � esta... 691 00:59:41,330 --> 00:59:44,600 Os filmes que n�s vimos t�m mais protagonistas mulheres. 692 00:59:45,920 --> 00:59:49,300 Bem mais mulheres no centro dos filmes. 693 00:59:49,420 --> 00:59:51,320 Brindemos a isso. 694 00:59:54,410 --> 00:59:56,300 As mulheres fazem filmes. 695 00:59:56,540 --> 00:59:58,120 Grandes filmes. 696 00:59:58,840 --> 01:00:01,600 Fazem isso desde que o cinema nasceu. 697 01:00:03,320 --> 01:00:08,500 Isso ajudou a definir o ret�ngulo an�rquico, andr�gino... 698 01:00:09,240 --> 01:00:12,300 no cinema, ou na tela de TV. 699 01:00:43,820 --> 01:00:46,020 Tradu��o: SANDRA JONES 53994

Can't find what you're looking for?
Get subtitles in any language from opensubtitles.com, and translate them here.