All language subtitles for Continent 7_ Antarctica - S1E5 Science Of Survival.pt-PT

Adoro conduzir o navio.

Quebrar o bloco de gelo.

Tentem mant�-lo direito.

� algo delicado de se fazer

e vou sentir falta de o conduzir.

� a �ltima vez que estarei no mar.

Em breve, vou reformar-me.

Para mim, foi uma viagem muito emocional.

Foi um enorme prazer

poder ver o �ltimo e bel�ssimo local
por explorar do planeta.

E n�o quero ver a Ant�rtida falhar
como continente

por eu falhar.

Mas tenho sempre aquela d�vida
no meu subconsciente.

McMurdo, daqui Polar Star.
A colis�o � iminente.

V� l�. Estamos muito perto.

ANT�RTIDA: A VIDA NO LIMITE
CI�NCIA DA SOBREVIV�NCIA

Devagar. N�o � muito plano,
tem de ficar direito.

A Base Scott, o posto de investiga��o
permanente da Nova Zel�ndia na Ant�rtida,

d� apoio a quase 100 miss�es
na �poca de mais trabalho.

Sim, temos um sinal.

Mas no �ltimo m�s do ver�o...

Partimos para o primeiro dia
de recolha de amostras.

...enquanto algumas equipas ainda lutam
para terminar as expedi��es cient�ficas...

O primeiro n�cleo. O primeiro de muitos.

...outras est�o a ficar sem tempo.

Ponho as coisas atr�s.

� a �ltima oportunidade.

Quanto mais cedo partirmos,
mais cedo vamos para casa.

A equipa do Monte Erebus perdeu
11 dias de voo devido ao mau tempo.

E ap�s 12 semanas a tentarem criar
uma imagem do fluxo do magma

no interior do vulc�o
mais ativo da Ant�rtida,

j� s� lhes restam 36 horas.

Temos 133 locais no projeto.

Atualmente, temos boas medi��es
em 95 deles.

Parece que n�o vamos conseguir
terminar esta �poca.

Est�o todos seguros e prontos?

- Est� tudo bem.
- Vamos subir.

� muito frustrante, mas temos de nos unir
e tirar tudo do monte.

T�m uns seis locais para limpar.

Sim.

Depois do mau tempo,
podemos demorar a desenterrar tudo.

Sim.

Voltamos na �poca seguinte.
Se deix�ssemos c� coisas no inverno,

congelariam e n�o sei se ter�amos
acesso no pr�ximo ano,

se as encontr�ssemos,
depois das tempestades e da neve.

Deve estar � frente, � uma hora.

J� avistei.

LOCAL 82

Aqui parece bastante s�lido.

Cada um dos instrumentos custa
uns cem mil d�lares.

T�nhamos cerca de um milh�o
de d�lares em instrumentos.

Se perd�ssemos um,
n�o poderia concluir o trabalho.

N�o sei se gostei da descolagem.

Quase me cortava o cabelo.

N�o precisavas dele t�o comprido.

Verificamos se os dados s�o bons.

Recolhes informa��o, Graham?

Parece bastante bom.

Vamos guardar este.

7PH, podemos carregar.

�timo, estou a caminho.

Temos de recuperar o equipamento todo
de seis locais na montanha,

desde que recolham bons dados,

porque o valor do projeto
est� guardado num disco r�gido.

O local 95 fica junto aos penhascos,

ao sol, �s 11 horas.

Est� bem.

LOCAL 95

Este instrumento est� aqui
h� duas semanas.

Temos muitos dados.

Tem aquecido e arrefecido

e muita �gua derreteu e congelou.

Torna-se dif�cil tirar tudo.

Muito bem. Est� bom.

Sucesso. Passamos ao pr�ximo.

Vamos para a posi��o 92, correto?

- Correto.
- Muito bem.

� a que fica a 2100 metros?

- �.
- Muito bem.

Est� irregular. N�o vejo um s�tio
onde possa pousar.

Deve ficar acima daquelas fendas.

Este n�o me agrada muito.

� um dos locais mais preocupantes,

porque est�
entre dois sistemas glaciares.

Pode haver muita atividade nos glaciares,
que criam fendas.

O que veem?

Temos algumas fendas debaixo de n�s.

Avan�a um pouco.

- Entendido.
- Talvez cem metros.

Temos de gerir o risco e decidir
se � aceit�vel para o nosso objetivo.

O piloto do helic�ptero confia em mim
para escolher um local seguro.

Para onde querem que v�?

Qualquer lugar � direita serve.

Parece bom e plano.

LOCAL 92

Podem abrir as portas.

Vamos.

N�o est� mau.

Sabemos escolher bons locais.

Nevou desde que estivemos c�.

Michal, o que v�s?

- N�o funciona.
- N�o funciona. A s�rio?

Falha de energia.
O instrumento desligou-se, � in�til.

Instalamos dois pain�is solares,
para o manter ligado,

com pouco mais de 100 watts.

Mas o instrumento desligou-se.

- O que fazemos?
- Reiniciamos?

Para termos uma leitura precisa,

precisamos dos dados todos
para o modelo.

Temos de reiniciar o instrumento
e tentar de novo.

Ficou enterrado na neve e gera calor.

Derreteu parte da neve,
arrefeceu e congelou.

Tento tirar o gelo,
para que a bateria armazene energia.

Com menos de dois dias no gelo,

reiniciar o equipamento e voltar a tentar
� uma aposta de 100 mil d�lares.

Est� tudo a funcionar?

Temos ci�ncia.

Temos um dia para vir buscar
estes instrumentos,

antes de deixarmos a base.

Gost�vamos de os ter ligados
pelo menos quatro dias,

mas n�o temos tempo.

Vamos esperar 24 horas.

Est�o todos seguros e prontos.

Se o tempo mudar e ficar aqui,
n�o podemos fazer muito.

S� podemos esperar recuper�-lo.

VALES SECOS

Bom dia.

N�o foi tranquilo.

- Ouvi-o ressonar, esta manh�.
- Ele tamb�m ressonou.

Tamb�m ressonei.

A equipa dos Vales Secos atravessa
as �nicas partes da Ant�rtida

que n�o est�o cobertas de neve e gelo...

Tenho as pernas doridas.

... percorrendo a p� 130 km2.

Depois de ontem, se n�o ressonasses
tinhas um problema.

Ontem, inal�mos metade dos Vales Secos.

Nas �ltimas semanas,

recolheram amostras de solo,
de micro-organismos...

Levamos as melhores amostras.

...e estudaram os padr�es do vento...

De vez em quando, o vento levanta.

...para ajudar a prever
o que pode ser o futuro da Terra.

No mundo inteiro, a situa��o muda.

O problema � que � dif�cil saber
que algo acontece

antes que aconte�a.

Os Vales Secos s�o o maior
ecossistema terrestre do continente.

Se compreendermos
o ponto de refer�ncia,

podemos monitorizar e procurar
mudan�as a partir desse ponto.

Hoje, andamos mais.

Homem de meia idade ligeiramente gordo.

Estou muito velho para isto.

Os helic�pteros da Base Scott
v�m buscar a equipa

daqui a 15 horas.

Vamos voltar � Base Scott.

Esta manh�, come�amos cedo.
Temos de desmontar o acampamento.

Tenho tudo guardado.
Quero tomar um duche.

Mas nem todos est�o prontos.

A ci�ncia nos Vales Secos
correu muito bem.

Fomos a quase todos
os locais de amostras.

Eu e o Kurt vamos subir a montanha
e recolher a �ltima amostra.

O resto da equipa
desmonta o acampamento.

Ser� um dia longo.

A ci�ncia pode demorar
30 minutos ou uma hora,

mas andamos quatro horas
para chegar l�.

- Est�s pronto?
- Vamos a isto.

Os Vales Secos s�o diferentes
de qualquer outro lugar na Terra.

Cada passo que damos
� incrivelmente �nico.

Caminhamos numa zona
onde nunca esteve outro ser humano.

Ficamos muito fascinados,

mas, ao mesmo tempo,
o corpo fica incrivelmente cansado.

O impacto de caminhar afeta-nos
e � muito dif�cil.

Espera um pouco.

Fant�stico.

Uma foca mumificada.

- Est� em bom estado.
- Sim, especialmente aqui.

Este vale fica a 48 km do mar.

� t�o frio e seco
que o tecido org�nico morto

pode ficar preservado por d�cadas,
ou at� mais tempo.

Deve estar aqui
h� umas centenas de anos.

Veio de muito longe.

Quando h� uma tempestade,
n�o se orientam muito bem.

Perdem-se e continuam a andar,
at� morrerem.

A zona � seca e desidratam lentamente.

Encolhem e tornam-se m�mias.

Mas como chegou aqui?

� muito dif�cil vir do mar
e chegar a este vale.

� um dos mist�rios dos Vales Secos.

Vamos aos locais seguintes.

Ainda falta muito.

ESTREITO DE MCMURDO

Esta��o McMurdo,
daqui Polar Star da Guarda Costeira.

A situa��o � normal.
Partimos gelo perto de Hut Point.

Bem-vindos � zona de McMurdo.

A miss�o do quebra-gelo Polar Star
da Guarda Costeira

� abrir um caminho
atrav�s do gelo marinho

para que os cargueiros possam
reabastecer o continente

com combust�vel, alimentos
e equipamento essenciais.

Segundo oficial, pode ver no radar

a que dist�ncia estamos de Hut Point?

Vejo 2,2 km.

Estamos no per�metro.

- Velocidade de sete n�s.
- � bom.

A tripula��o est�
na extens�o final da miss�o

e o cargueiro Ocean Giant
est� a aproximar-se.

Mas antes que o monstro
de 13 600 toneladas chegue � costa,

o capit�o Walker ainda tem de talhar
uma zona de viragem no gelo.

� uma boa posi��o
para a zona de viragem.

Leme a meio. Recuar com quatro.

O primeiro canal � da largura do navio.

No fundo, tem 24 a 26 metros de largura.

Depois, queremos que tenha 90 metros
e haja um lago no gelo,

para que os navios de carga e o petroleiro

possam dar a volta e regressar.

Come�amos a virar.

Vamos continuar a afastar o gelo.

Quando a popa passar, podemos
come�ar a virar, rumo a McMurdo.

Depois, tiramos bocados de gelo
do canal, lentamente,

at� chegarmos ao porto.
Depois, fazemos um corte paralelo.

Queremos criar peda�os pequenos.

O Polar Star � especificamente concebido
para esta tarefa,

mas n�o pode fazer tudo de uma s� vez.

Tem de cortar em ziguezague
peda�os de gelo contornando um circuito

e esmagar o gelo que fica no meio.

� uma manobra de precis�o.

� tentar fazer uma cirurgia
com uma marreta.

Vamos tentar chegar aos 270,
o m�ximo poss�vel.

Ponha o leme esquerdo no m�ximo.

� talvez a parte mais crucial da miss�o

e j� perdemos tempo
com o problema dos instrumentos,

problemas mec�nicos
e na casa das m�quinas.

� a �ltima vez que comando
um quebra-gelo da Guarda Costeira,

Tenho de ter muito cuidado,
porque h� demasiado em jogo.

Sr. Lynne, quando entrarmos,

vamos iniciar a zona de viragem grande.

Fazemos uma curva grande � esquerda.

Ser� uma curva � esquerda muito violenta.

- J� est�?
- Sim, senhor.

Vamos a isso.

Comecem a virar.

Esquerda ao m�ximo e avancem.

N�o sejam t�midos.

Quando come�armos a zona de viragem,

n�o podemos sentir al�vio.

Temos de suportar a curva
e o navio afasta bastante gelo.

Mantenham o leme no s�tio e insistam.

Est� a virar.

H� algum problema.

Est� a abrandar.

Cinco n�s e a descer.

Temos um alarme.

Creio que � o segundo.

A perder estibordo.

V� l�.

Se ficarmos parados e falhar,
n�o � uma boa despedida.

Quatro n�s e meio.

Tenho de tratar do eixo a estibordo.

Continua a descer.

Entendido.

- Parem todos.
- Parem todos.

ESTREITO DE MCMURDO

Controlo, como estamos a estibordo?

Daqui controlo. Vamos descer
para ver o que se passa.

Entendido. Obrigado.

De repente,
o Polar Star ficou sem propuls�o

e com apenas 24 horas
at� chegar o navio de abastecimento,

a equipa tem de se apressar
e descobrir por que motivo.

MK-1, como est� tudo?

N�o est� bem. Encontr�mos fendas
nos apoios do rolamento de impulso.

Certo.

Eis a fenda.

Que loucura!

Esta pe�a cedeu bastante.

Os rolamentos de impulso
localizam-se nos suportes de fixa��o

e ajudam os propulsores
a guiar o navio em frente.

Se falharem,
n�o h� nada que impe�a os eixos

de levar o motor
em dire��o � proa do navio.

Capit�o, houve uma falha na solda

da estrutura de apoio
do rolamento de impulso.

Todas as soldas t�m falhas
de at� 15 cent�metros.

Gostava de ir l�

e instalar algumas linhas de solda

e inspecionar tudo,
para garantir que est� tudo pronto.

Estamos aqui para escoltar
o navio de abastecimento.

V�o chegar amanh�, �s 13:00.

� crucial para o sucesso da miss�o

que essas repara��es
sejam terminadas a tempo.

Sim, capit�o.

S� lhe posso dar 24 horas.

24 horas, capit�o. Entendido.

Obrigado.

VALES SECOS

- Subimos umas centenas de metros.
- Sim.

Craig e Kurt caminharam cinco horas at�
ao �ltimo local para recolher amostras.

- � ali, certo?
- Sim.

Apesar de o sol estar a brilhar,

a temperatura baixou 18 �C

e o vento aumentou para 32 km/h.

Temos de trabalhar.

Est� a ficar frio.

Quando caminhamos, temos de ter cuidado
para n�o transpirar.

Assim que paramos,

deixamos de gerar calor
e come�amos a trabalhar,

e a transpira��o torna-se logo
uma desvantagem.

- Est�s bem? Queres ir por aqui?
- Tudo bem.

Devido ao projeto,
estamos em ambientes dif�ceis e extremos.

Somos respons�veis pelo trabalho.

Vinte passagens � por aqui?

- Sim, e uma �nica ali.
- E uma ali.

Embora possam estar
algures nos Estados Unidos,

podem pensar que estamos muito longe,

mas o que vemos agora
� que a Ant�rtida � crucial,

pode e ir� afetar o resto do planeta.

O vento est� a levantar.

Assim que o vento come�a,

muda tudo muito depressa.

Os ventos dos Vales Secos,
muitas vezes violentos,

levam o material org�nico
de um lado para o outro

permitindo que
os ecossistemas microsc�picos sobrevivam.

Mas tamb�m podem levantar
areia seca � velocidade de 145 km/h.

Vai-me para a vista.

Estou meio cego do olho direito.

Quando trabalhamos,
a temperatura pode descer,

mas, ao mesmo tempo,
come�a a levantar a areia.

Trabalhamos e levamos com areia na cara.

O revestimento dos meus �culos
foi eliminado em segundos.

Uma boca cheia de areia.

Tento concentrar-me
e s� ou�o a areia estridente.

Sentimo-la, arde na pele.

As minhas c�rneas foram fustigadas.

Dev�amos esconder-nos naquela duna,
para descansar.

� um ref�gio de emerg�ncia.

� uma esp�cie de tenda sem apoios.

Ele pega num lado e eu no outro.

Protege do vento
e a temperatura sobe uns cinco graus.

� bom e quente.

� uma oportunidade fant�stica
para sair do vento e relaxar.

Estou exausto.

- Temos de voltar a uma hora respeit�vel.
- Sim.

CABO EVANS

- � incr�vel.
- Lindo.

A 96,5 km dos Vales Secos,
nas margens do Cabo Evans,

h� uma estrutura que tem sido
cuidadosamente preservada nestas condi��es

h� mais de 100 anos.

Vamos tirar o equipamento.

- Tens duas GoPro e eu tamb�m.
- Sim.

Constru�da pelo explorador pioneiro
Robert Falcon Scott, em 1911,

e abandonada
ap�s a sua tr�gica morte, em 1912.

� como uma c�psula do tempo.

S�o GoPro quentes.

Barbara Bollard-Breen e a equipa
est�o aqui para a abrir

e criar um modelo 3D
que dar� aos investigadores em todo mundo

acesso virtual a este extremamente remoto
peda�o da Hist�ria.

� o ambiente mais intocado
do nosso planeta.

Temos de o proteger. � a nossa obriga��o.

Espero reproduzir a cabana de Scott
e este ambiente lindo

e permitir que os outros entrem
e vejam a cabana em 3D.

Isto faz parte do treino.

Temos de garantir
que n�o entra sal no edif�cio,

porque corr�i o metal.

Temos de limpar os p�s,
n�o podemos mexer em nada.

Tudo o que l� est� � um artefacto.

Vemos as mem�rias e n�o deixamos
vest�gio da nossa presen�a.

Muito bem, isto � emocionante.

Estamos num lugar especial e protegido.

Sentimos que somos
uma continua��o da Hist�ria,

dos primeiros exploradores � atualidade.

Em junho de 1910,

Scott e os camaradas
embarcaram numa expedi��o � Ant�rtida

e decididos a chegar ao Polo Sul.

Este acampamento base foi constru�do
para alojar os 16 homens,

19 p�neis e 34 c�es.

E sustent�-los por dois anos.

Eram cientistas.

N�s somos cientistas.

Estamos unidos. � especial estar l�
e continuar a ci�ncia.

� �timo.

C�us, eis o cheiro!

� gordura de foca.

Est� aqui desde 1911.

Usavam-na como combust�vel,
para se aquecerem.

� incr�vel.

Olha. Vejo parte do isolamento
de ervas marinhas que usaram.

T�m serapilheira atr�s,
uma camada de erva marinha,

mais serapilheira.

Pregaram uns rebites
e isso tornou-as mais quentes.

S�o os est�bulos.
Tinham p�neis na Ant�rtida.

Os p�neis n�o sobreviveram.

N�o � o clima certo para os p�neis.

Ainda est� acorrentado!

Inacredit�vel.

Teria sido dif�cil para os animais.

Est� muito bem conservado.

Quero muito abrir aquela porta
e ver a cabana do capit�o Scott.

CABO EVANS

- Est�s pronta?
- Estou. E tu?

Barbara Bollard-Breen e a equipa
v�o criar uma vers�o virtual

da hist�rica cabana com mais de 100 anos,

para ajudar a proteg�-la.

Vou abrir.

E est� prestes a entrar
pela primeira vez.

Meu Deus!

Nem sei o que esperava, mas...

Est� muito bem conservado, � incr�vel.

Deixaram-na assim,
quando partiram para o polo.

Como se esperassem
que regressassem todos.

No dia 24 de outubro de 1911,

o explorador brit�nico
Robert Falcon Scott e 16 homens

deixaram esta cabana
e partiram numa expedi��o ao Polo Sul.

Foi o segundo grupo, desde sempre,
a conseguir l� chegar.

Mas, no regresso,

ficaram presos num nev�o
que durou nove dias.

A 9 de mar�o, Scott escreveu no di�rio:

"Resistimos at� ao fim,
mas estamos a ficar mais fracos

e o fim n�o deve estar longe.

� uma pena,
mas n�o creio que consiga escrever mais."

Meses depois,

o grupo foi encontrado morto
devido ao frio,

a mais de 160 km da seguran�a do abrigo.

Incr�vel!

� estonteante.

Est� muito bem conservado. Sinto
que somos as primeiras a descobri-la.

Para onde quer que olhemos,
vemos algo inacredit�vel,

As botas e os chap�us nas prateleiras.

� incr�vel.

- Quase sentimos a presen�a deles.
- � verdade.

Posso imaginar as pessoas nos beliches.

Sentados � mesa, a partilhar uma refei��o.

A trabalhar na cozinha.

Os pratos est�o ali.

A��car, cacau.

Meu Deus!

The Illustrated London News.
S�bado, 29 de fevereiro de 1908.

Custa seis pence.

N�o � extraordin�rio?

A cabana tem sete metros de largura
e 15 de comprimento,

e restam apenas algumas horas
� equipa da Barbara

para completar a sua miss�o.

Temos de trabalhar.

Vai pelo meio, eu vou por aqui.

- Vamos ver como corre?
- Est� bem.

Fazemos um mosaico virtual
do interior da cabana.

Temos v�rias c�maras,
com v�rios �ngulos e alturas.

Quando processarmos no computador,
podemos ter uma imagem 3D da cabana.

Captamos milhares de imagens.

Depois, colo as imagens

e crio ortomosaicos tridimensionais.

Todos os segundos s�o preciosos.

Temos pouco tempo.

� um local muito remoto.
Temos uma oportunidade.

� um pouco enervante,

mas queremos que fique bem feito,
porque n�o podemos voltar.

VALES SECOS

- Queres arrumar isto?
- Sim.

- Limpo e fa�o o resto.
- Est� bem.

Nos Vales Secos, o Craig e o Kurt
est�o a ficar sem tempo.

Temos de voltar.

Sempre que partimos, est� mais pesada.

Suspeito que o Craig
me p�e rochas na mochila.

T�m apenas cinco horas
at� o helic�ptero voltar

e ainda t�m de caminhar
dez quil�metros at� ao acampamento.

Vamos embora.

� uma caminhada longa.

Fazemos sempre caminhadas muito longas,

mas agora estamos atrasados,

por isso, temos de regressar depressa.

Ser� muito mais r�pido atravessar o riacho

do que contornar o lago todo.

Deve ser uma diferen�a de hora e meia.

Assim, chegamos � hora do helic�ptero.

H� uma zona profunda ali, v�s?

Para atravessar,

temos de nos descal�ar e vadear.

Vamos fazer isto. Vais primeiro?

N�o, vai tu.

Craig e Kurt t�m botas � prova de �gua,

mas algo com uns cent�metros a mais
f�-los-ia afundar.

E essa � a receita para uma potencial
queimadura de frio.

Temos de atravessar depressa
e voltar a cal�ar as meias e as botas.

Sem dor n�o h� vit�ria.

Qual � a profundidade?

O suficiente para doer.

�s o meu her�i.

Achas que posso atravessar cal�ado?

Se tiveres cuidado e fores r�pido,
deve ser poss�vel.

Claro que n�o vou encontrar
o teu caminho.

Vou acabar por fazer uma estupidez.

- Desculpa, Kurt.
- D�i.

Algu�m tinha de testar o caminho.

Tudo em nome da ci�ncia.

Certo.

Se pudermos voltar depressa, � bom.

Esta �poca foi
a minha 17.� miss�o na Ant�rtida.

Foi t�o emocionante como a primeira.

Creio que isso acontece

porque caminhamos
onde nunca ningu�m caminhou.

� essencial
que este continente se mantenha

o mais intocado poss�vel.

� o �ltimo vest�gio

de um ambiente
verdadeiramente intocado no planeta.

K-0-2-0 Miers, escuto.

Estamos mesmo a chegar.

Entendido. Estamos a postos.

- Ol�.
- Ol�.

Mesmo a tempo.

- Como est� tudo?
- Est� tudo desmontado.

Se servir de consolo,
trabalh�mos contra o vento o dia todo.

A �poca est� conclu�da.

Preparem-se para o helic�ptero.

Ap�s 14 dias no terreno,
a equipa regressa � Base Scott

e traz consigo dados
que podem ajudar a servir de aviso

se o planeta chegar a um ponto cr�tico.

Esta �poca foi um sucesso.

Os Vales Secos s�o
como o can�rio numa mina de carv�o.

H� facetas do ecossistema
que podem servir de aviso.

Temos medidas de refer�ncia

para entendermos o que muda.

Precisamos de um ponto inicial.

A partir da�, vigiamos as mudan�as.

Estamos prontos?

Como seres humanos,
fomos programados para explorar.

O helic�ptero est� a chegar.

Est� enraizado.

N�o h� outro lugar no planeta
onde possamos ver algo

completamente novo,

que temos a certeza
de que nunca foi visto por ningu�m.

Qual � o valor disso?

Para mim, vale tudo.

ESTREITO DE MCMURDO

Achas que est� bom, Brooks?
Est� bom para um cord�o de raiz?

Mais um pouco e podemos avan�ar.

Est� bem.

Nas �ltimas 24 horas,

os engenheiros do Polar Star
trabalharam sem parar

para p�r o navio a funcionar

a tempo de se reunir com o Ocean Giant.

N�o podemos fazer tudo
no limite de tempo que nos d�o.

Algumas docas secas t�m meses
para fazer estes trabalhos.

N�s s� temos uma noite.

Algumas zonas preocupam-nos,
mas damos o nosso melhor.

- Como vai isso?
- Fizemos o melhor poss�vel.

Est� bem.

Fala o capit�o.

Capit�o, estiveram a ver
as falhas da solda

e repararam-nas,

mas, se houver vibra��o excessiva,

devemos voltar l� abaixo e inspecionar

para garantir
que n�o haja uma falha catastr�fica.

Deve estar atento a isso.

Obrigado. Agrade�o.

A maior press�o que sinto

� garantir que o continente
pode sobreviver mais um ano.

N�o assumo a responsabilidade
de �nimo leve.

O navio de carga est� a dez horas.

Embora o navio esteja a desintegrar-se,

creio que podemos avan�ar.

Temos de avan�ar com cautela.

H� demasiado em jogo,
com o navio a caminho.

Est�o prontos?

Sim, capit�o.

Conv�s seguro. Popa a 143.

Quando os motores s�o ligados,

o som � incr�vel.

Quase queremos suspirar de al�vio.

Continuem com a zona de viragem.

Leme esquerdo no m�ximo.

Vejam se o navio agarra aquele corte.

Sim, capit�o. Esquerdo no m�ximo.

Fica atento.

� uma manobra muito delicada.

Usamos 12 500 toneladas
para aparar o gelo

e criar blocos pequenos que os navios
possam afastar em seguran�a.

Fazemos o que temos de fazer.

Parece uma placa grande.
Vamos parti-la ao meio.

Creio que as investiga��es realizadas
t�m muito potencial.

O gelo move-se.

V� l�, sobe.

V� l�. Falta muito pouco.

BASE SCOTT

Neste momento, s�o...

S�o 17:15. � hora de jantar
para os seres humanos normais.

N�s vamos trabalhar,

porque disseram-nos
que o nosso hor�rio foi adiantado.

Temos de adiantar umas horas.

Tem sido uma �poca longa e extenuante
para a equipa do Monte Erebus

e deviam estar a fazer as malas
para voltar para casa.

Graham, o que se passa?

Dormiste bem?

Seria bom ter dormido mais.

Vi luz na encosta.
Espero que valha a pena.

J� passaram 24 horas desde que reiniciaram
os instrumentos no local 92.

� a �ltima oportunidade que t�m
para recolher os dados

e o equipamento intacto.

Vamos buscar um?

- Sim.
- Certo.

Pode ser muito dif�cil
retirar tudo da montanha,

mas, quando o equipamento
� t�o caro e valioso,

regressa sempre.

Vais ter saudades
ou queres sair daqui?

Adoro estar aqui, mas quero estar
em casa com a fam�lia.

Tenho uma filha.
Se n�o voltar esta semana,

acho que procura um pai novo.

Tem saudades minhas.

E a minha mulher tamb�m.

- Mas n�o � o mesmo.
- N�o �.

Dou uma volta ou gostam deste local?

Gostamos, se gostares.

- Gosto.
- Desce.

Obrigado, Heff.

Graham, vais espreitar os dados?

S�o algumas das medi��es mais caras
j� feitas no mundo.

Os recursos e as infraestruturas

necess�rios para as fazer s�o enormes.

N�o quero errar,

porque perdemos muito dinheiro e tempo

quando fazemos isto.

Vou ver o que temos no cart�o.

Tiro-o do ch�o e est� feito.

Est� tudo a funcionar?

Carregou a bateria, isso � bom.

Temos um ficheiro muito grande.
� um bom princ�pio.

Vamos ver a qualidade dos dados.

O que v�s? Est� tudo bem, Graham?
Recolheu dados?

Recolheu.

Come�a a escavar.

Com o tempo que pass�mos
no vulc�o e perto dele,

ainda nos faltam uns 30 locais.

Infelizmente, esta �poca terminou.

S�o r�pidos.

Correu bem. Vamos para casa.

Caramba, isso � �timo.

J� fui a muitos lugares.

Para mim, a Ant�rtida ainda �
a paisagem mais bonita da Terra.

� um lugar complicado.

Trabalhar na Ant�rtida
exige muito do corpo.

Estamos bem?

O Graham est� a dormir.

Certo.

N�o � f�cil viver aqui.

A vida aqui deteriora-nos.

Ficamos extenuados e cansados,
emocional ou mentalmente.

Quando que o projeto fica incompleto,

sentimo-nos ainda pior.

O �ltimo local de dados do Graham
� apenas um dos 132 de que precisa

para criar o modelo final.

Sim, algumas partes parecem ser boas.

Num dia de sucesso,

analiso os dados recolhidos nesse dia.

� medida que adicionamos mais dados,

o modelo torna-se mais preciso e completo.

Estes s�o os dados n�o processados.

Claro que queremos ter uma imagem completa

no fim do projeto.

Temos de dar passos pequenos
para compreender a imagem completa.

Todos os estudos ajudam.

Cada medi��o
parece uma s�rie de linhas num gr�fico,

mas quando juntamos as 132,

isso vai criar uma imagem
da estrutura interna do vulc�o,

da c�mara magm�tica e do fluxo do magma.

At� o conjunto de dados estar completo,

o vulc�o permanece um mist�rio.

Este ano, temos pelo menos 50 locais bons,

mais do que no ano passado.

Tivemos problemas em alguns
e tentaremos de novo para o ano.

Mas, de um modo geral,
a �poca foi um sucesso.

CABO EVANS

� incr�vel.

Barbara e a equipa fotografaram
cada c�nt�metro

do interior da hist�rica cabana
de Albert Falcon Scott,

mas ainda precisam de imagens do exterior.

�timo.

- O vento acalmou e temos de aproveitar.
- Sim.

O drone Polar Fox est� equipado
com tr�s c�maras de alta defini��o

para documentar a paisagem
sem deixar uma pegada.

Preparar o lan�amento.

O Tratado da Ant�rtida de 1959,

estabelece e protege a Ant�rtida
como um continente de paz e ci�ncia.

Todas as na��es aderem
a protocolos de prote��o ambiental.

Nomeadamente, em �reas especialmente
protegidas da Ant�rtida, ou ASPAS.

Como esta.

Estamos prontos.

Descolagem.

S� podemos conservar uma �rea
se soubermos o que existe l�.

- Lan�ar.
- Lan�ado.

O avi�o est� no ar.

Onde est�? Est� ali.

Fant�stico. Voa lindamente.

Estamos sempre de olho no avi�o.

� emocionante.

Estas �reas protegidas s�o especiais.

S�o ecossistemas fr�geis,
t�m import�ncia hist�rica.

� importante proteg�-las,

porque s�o os �ltimos lugares remotos
e podemos proteg�-los.

O avi�o n�o tripulado
tem sensores e c�maras.

Tiram milhares de fotografias,
neste preciso momento.

O Ash controla a rota.
Controla-o com o computador.

- Ali. Vejam.
- Sim.

Muito bem, Ash. Vejam s�.

� um momento importante para a equipa.

� o primeiro voo na Ant�rtida
com o Polar Fox.

Este drone foi feito
para estas condi��es.

� muito emocionante.

� �timo t�-lo a voar.

A miss�o da equipa tem sido um sucesso

e o modelo 3D preliminar j� est� em curso.

Os resultados s�o impressionantes.

As pessoas podem entrar na cabana,

podem ver o que est� na parede,
numa experi�ncia tridimensional.

� a nossa esperan�a.

Que as pessoas compreendam
como este ambiente � especial,

porque tem de ser protegido,
porque temos de cuidar deste ambiente.

ESTREITO DE MCMURDO

D� bem a volta.

As soldas de emerg�ncia do Polar Star
est�o a aguentar

e a zona de viragem est� quase completa.

Quando o Sr. Lynne terminar a volta,

temos de partir
os bocados grandes de gelo.

Alguns tripulantes trabalharam
durante 24 horas

para arranjar as fendas
no rolamento de impulso.

� incr�vel que tudo dependa
da �ltima hora.

Parece um filme do Steven Spielberg.

Quando chegarmos � foz,
viramos e ficamos na entrada.

Parece uma placa grande.

Na sa�da, vamos parti-la ao meio.

A zona de viragem est� aberta,

mas ainda est� cheia
de peda�os de gelo a flutuar

e o Ocean Giant est� agora
apenas a oito quil�metros de dist�ncia.

Esta � a reuni�o sobre a escolta
do navio Ocean Giant.

Vamos encontrar-nos �s 13:00,
na entrada do canal.

Passamos � manobra restrita
e todos os postos estar�o ocupados.

N�o deixaremos que a proa deles
fique a 275 metros da nossa popa.

Mais alguma coisa, capit�o? Avan�amos?

Muito bem. Vamos come�ar a opera��o.

O Polar Star tem de guiar
o cargueiro para a costa

a uma dist�ncia de menos de 300 metros

e, se colidirem, podem afund�-lo.

� talvez a manobra mais arriscada
que um capit�o pode realizar.

Escolto um navio com 70 mil toneladas.

� muito peso, quando est�o
a uma dist�ncia de 90 metros.

N�o podemos impedir a colis�o,
se houver um problema.

Da popa para capit�o,
vemos 1000 metros. Escuto.

Entendido.

� algo que vai contra
todas as pr�ticas de seguran�a

no mundo normal.

Mas n�o � o mundo normal, � a Ant�rtida.

Ocean Giant, daqui Polar Star.

Fala o capit�o. Podem transmitir.

Boa tarde, capit�o.

Pe�o-lhe que fiquem a 275 metros
ou mais da nossa popa.

- Escuto.
- Est� bem. Entendido.

A escolta � a parte cr�tica da miss�o.

� extenuante, mental e fisicamente,

ter o peso de um continente
nos meus ombros

e a seguran�a de dois navios.

V�o ficar perto.

A comunica��o ser� constante.
Tente manter a velocidade.

Ser� a �ltima vez que fa�o isto.

Quando escoltarmos o �ltimo navio,

deixarei de sentir o peso nos ombros.

Ativar a doutrina de manobras restritas.

Tradu��o: Ana Rita Santos