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O A�OUGUEIRO

Acha que dever�amos
contar-lhe tudo?

Que quer dizer?

Por exemplo, que a principio
era ideia sua...

...e eu n�o estava de acordo.

N�o, � prefer�vel
sermos um pouco mais diplom�ticos?

- Ent�o voc� fala.
- N�o, por qu�?

Poderia faz�-lo suspeitar,
devemos ser muito naturais.

Sim, mas ver� que
para mim n�o � f�cil.

- Por qu�?
- Queria dizer toda a verdade.

Dizer que a principio
foi ideia sua.

Mas mesmo que fosse minha, n�o significa
que voc� n�o concorde, n�o?

E o que tem a ver com isso?
A quest�o n�o � essa.

Ent�o onde est� o problema?

Agora � preciso
fazer uma reflex�o

sobre um aspecto fundamental
da nossa reuni�o.

A crian�a de nossos sonhos

jamais corresponder�
ao filho ideal.

Sonhar � uma coisa e viver � outra.

E uma pessoa equilibrada
� a que n�o se deprime

quando o sonho resulta ser
diferente da realidade.

Nisso estamos de acordo,
n�o?

Voc�, por exemplo.

� certo que todos gostariam

de ter um filho bonito, alto,
simp�tico e inteligente,

mas o amor
n�o se mede pela est�tica.

Uma vez posto isso,

voc� acha que aceitaria
adotar e querer bem a uma crian�a

n�o muito bonita?

Sem d�vida,

um filho n�o se escolhe
no supermercado.

Um filho sempre � um filho,
tanto que...

Tanto qu�?

Sim, bom,
creio que dever�amos aceit�-lo.

Deveriam ou queriam?

Quer�amos, claro.
Quer�amos.

Voc� quer nos dizer algo?

Eu o imagino louro,
com os olhos verdes.

E num quarto muito bonito,
claro,

com todos seus brinquedos.

� como se eu o estivesse olhando
da a porta.

Enquanto brinca

o escuto cantar.

Que canta?

Na verdade eu n�o ou�o a can��o.

Mas canta em voz baixa,

como cantamos
quando estamos calmos.

Pode acontecer, n�o?

Sim, claro.

Alina!

Que houve?

Nada.

Bom, o que foi?

Que foi o qu�?

- Fui convincente?
- Muito.

Por que dizem

que essas reuni�es
s�o para nos conhecermos,

para trocar
experi�ncias?

� evidente que s�o
para nos p�r � prova.

Mas com quem
eles acham que est�o tratando?

Com uns imbecis?

Que est� acontecendo?

Que est� acontecendo?

A Srta. Giulia Alparti
� uma filhinha de papai.

Neste caso professor
da Universidade, critico de arte.

Que uma manh� acordou-se
com o capricho de ser artista.

Podia ter escolhido outra coisa,
poetisa,

n�o sei, novelista, musicista.

Mas para nossa infelicidade
empenhou-se em ser pintora,

com resultados

que todos temos
ante nossa vista.

Sei que aceitar sua exposi��o
individual na galeria

traria vantagens,
digamos, diplom�ticas.

No que me toca,
o primeiro resultado que observo

� uma perda de estilo
e de imagem de nossa galeria,

a �nica da cidade com
certo prest�gio internacional.

Pelo que me pergunto, Alina,
como lhe ocorreu

colocar-nos no rid�culo
desta maneira.

Lorenzo, explique-me por que
para falar tudo isso

tem que deixar reluzir
sua ideologia.

Giulia Alparti n�o ser�
nem Picasso nem Gottuso,

mas eu pessoalmente

encontro suas �ltimas obras
muito interessantes.

Queridas amigas,

est� aqui outro exemplo
de gato mimado.

Felicidades, Alina.
Superou-se a si mesma.

Muito bem, muito bem.

Lorenzo, n�o lhe permito
que me fale neste tom!

Amigos,
mas cada um em seu lugar.

Passo todas as manh�s
escutando suas besteiras,

e n�o me parece
que voc� tenha feito nada.

E al�m disso,
a respons�vel aqui sou eu!

E comunico oficialmente

que Giulia Alparti expor�
aqui, na sala Caravaggio,

em data que comunicarei amanh�.
Aqui termina a reuni�o!

Boa tarde.

''Querida Alina, nesses casos
recorre-se ao velho prov�rbio:

O poder sobe � cabe�a.

Acontece nas melhores fam�lias.

Em nome da nossa amizade
e de nossos antigos ideais,

afetuosa mas decididamente,
v� tomar no cu.

Desejo-lhe sorte, mas a muitos
quil�metros de dist�ncia.

Seu adorado ex-diretor,
Lorenzo''.

O que respondeu?

''Demiss�o aceita.
Assinado, a diretora''.

Amanh� Giulia vir�.

- Eu vou buscar mais umas coisas.
- De Lorenzo?

N�o, de Giulia.

Olhe, gosto muito do seu trabalho.

- E voc�?
- Assim, assim.

Como ''assim, assim''?
Quanto?

Disse na reuni�o.

� parte de suas hist�rias
pol�ticas, que n�o me interessam,

gosto bastante do trabalho
de Giulia.

Em minha opini�o, Alina,
voc� o valoriza demais.

E Lorenzo joga tudo no ch�o
por raz�es ideol�gicas.

Mudamos de assunto?

Sim, � melhor mudarmos de assunto.

Quando Daniele vai?

Esta noite.

Aonde disse que vai,
� antiga Uni�o Sovi�tica?

Sim, Cazaquist�o, Tajiquist�o...
Tamb�m em Samarkand.

- N�o est� mal.
- Quisera poder ir com ele.

Que tempo faz l�?

�timo, uma maravilha.
Ver�o, mas muito fresco.

E como voc� fica
quando ele for?

Normal.

E depois?

- E depois, vou para o po�o.
- Por qu�?

Por que j� n�o quero sair
nem ver pessoas, fico entediada.

- A vi�va aflita.
- Sim, mais ou menos.

Sabe o que poder�amos fazer?

Recuperarmos nossa fogosa
dupla de solteiras.

Olhe, estamos muito bem.

N�o, por Deus,
antes volto a me fazer de vi�va.

E Daniele quando viaja
tamb�m se faz de vi�vo aflito?

Ou vai atr�s das mulheres
de Samarkand?

Que simp�tica, que engra�ada.

- Quebraria sua cabe�a.
- Muito bem, � assim que se fala.

N�o, mas sinceramente
n�o creio que seja seu estilo.

Tem certeza?

Completamente.

Obrigada.

A que horas vai?

�s nove e vinte.

- Pois adeus a nossa sauna.
- Por qu�?

Vai querer estar com ele esta tarde.

Sim, seria bom.

Ensaia at� tr�s horas
antes de sair.

Se pudesse,
ensaiaria no avi�o.

Ol�!

Finalmente est� aqui!
Tudo bem?

Sim, aqui sim.
L� fora faz um calor tremendo.

- Ol�, linda.
- Ol�.

Venha,
vejamos o que nos trouxe. Venha.

- Ficaremos aqui.
- Aqui tem lugar.

Sim, mas a luz n�o � boa,
� uma pena.

Vejamos.

S�o uma maravilha,
que acha?

Este � lindo.

Mas aqui h� reflexos,
vamos ver l� fora.

Que bom, que fresca!

Sim, e al�m disso
tem �tima luz.

Aqui se v� bem.

� isso.
Ou ent�o, ainda melhor.

- Ent�o
- Este vai com certeza.

- Este � lindo.
- Muito bonita esta linha.

Alina, Alina!

Os exames confirmam
um estado geral de astenia.

Um dos dois:

Ou dorme muito pouco,
ou come muito pouco.

Ou ambas as coisas.

Quanto dorme por noite?

O normal,
inclusive mais que o normal.

Por mim,
dormiria vinte horas por dia.

Esse � outro sintoma
pouco tranquilizador.

Pode descrever sua alimenta��o?

Leite, iogurte,

muita fruta, verdura...

� vegetariana?

N�o exatamente.

Que quer dizer?

�s vezes como carne,
quando janto com amigos,

mas veja, n�o queria...

Tem alguma obje��o

a uma dieta baseada
em prote�nas de animais?

Quer dizer,
teria que comer muita carne?

Uma quantidade normal,
mas regularmente.

Bom, na realidade
se tiver problemas...

N�o quero entrar
em quest�es ideol�gicas.

Meu dever consiste
em prescrever uma dieta

com 200 gramas di�rios
de carne vermelha,

fresca, pouco assada,
nunca cozida.

Mais este complexo vitam�nico
que tomar�...

duas vezes ao dia,
antes das refei��es.

Seus problemas interiores
s�o assuntos seus.

Mas saiba que a alimenta��o
que me descreveu...

parece pobre
e totalmente insuficiente.

Chupa laranjas?

N�o, n�o muitas.

Pois tamb�m deveria chupar
muitas laranjas.

Est� a�.

Para minha senhora Em�lia,

sempre t�o fresca,

jovem,

cristalina. Aqui tem.

Sim, como a �gua da fonte.

Se n�o fosse casado
faria uma loucura!

E o que tem ser casado?
Existe o div�rcio.

E como vou divorciar-me?

E quem iria escolher?

Tamb�m faria uma loucura por voc�.

Fa�a uma loucura com quem quiser,
eu cedo meu lugar.

N�o sabe o que perde.

Est� fresco a� dentro,
n�o �?

Quer vir comigo?

Se n�o fosse por voc�, ficaria
a� dentro toda a manh�.

O de sempre, Bruno.

Aqui � o 579-8961.

Deixem uma mensagem ou enviem
um fax depois do sinal.

Alina, aqui � seu ex-vice-diretor
Lorenzo Viliani,

Quem sente a sua falta terrivelmente.

Calma, n�o estou lhe pedindo
que me readmita.!

Ei, � a terceira vez que telefono.

Quando voc� vai parar de ser
esnobe e atender ao celular?

� somente uma quest�o de tempo
e acabar� caindo tamb�m.

Necessito falar com voc�,
ligue para mim.

Eu tenho celular, se bem
que n�o me deixasse us�-lo.

D� sinais de vida. Tchau.

E do engenheiro,
soube algo?

Sim, telefonei.
N�s nos encontramos e tudo mais.

N�o! � verdade? E ele?

Os filhos, a fam�lia,
essas pobres criaturas...

N�o era esse que trepava com
sua mulher uma vez por m�s?

Sim, � ele.

Ent�o � um caso raro
na cidade.

Quando voltava para casa,
chorava tanto, pobrezinho.

Quanto eu sinto!

Sabes? Pode pegar sua fofoca
e colocar na geladeira.

Mas sabe de uma coisa?
N�o era mau.

- Quem?
- Esse, engenheiro.

N�o me diga que gostava dele.

Francamente, sim.

E o teria pegado?

Se n�o fosse
felizmente casada, sim.

Sabe? Eu lhe dou de presente.

Bem, voc� pode mant�-lo,
contanto que voc� n�o o incomode,

deixe-lhe as noites,
os domingos,

o Natal, a Semana Santa...

Fora isso,
� o melhor homem do mundo.

Mas francamente,
no sei o que voc� esperava.

Nada.

Que v�o tomar no cu,
ele e sua mulherzinha.

Vem chorar e me dizer que
n�o fodem nem se falam.

Contou-me uma viagem a Cal�bria

em que n�o se dirigiram
uma s� palavra.

Casamentinho de merda!

Sempre disse
que preferia um homem casado

para ser livre.

Mas n�o um safado desse.

Para algu�m como voc�
podia ser uma distra��o.

Alina, eu procuro me distrair
sozinha.

Mas se quer que
lhe diga a verdade,

eu lhe via mais calma
quando estava com ele.

Alina, est� bom,
mudemos de assunto.

Certo, mudemos de assunto.
Escolha um.

Est� certo,
queria lhe perguntar.

J� foi naquele a�ougue da
Piazza Verde que lhe disse?

- E como se foi?
- Bem, como teria que ir?

E sua dieta?

Excelente.

E como est� se sentindo, bem?

Mas n�o de farta
de comer sempre carne?

- Bom dia.
- Bom dia.

Um quilo e meio
para a senhora Margherita,

- Minha cliente mais bonita.
- Obrigada.

E eu, sou a mais feia?

- N�o, a mais fascinante.
- Ah, bom.

Ponha dez salsichas.
Sempre das boas.

Aqui tem,
frescas e saborosas.

- Senhorita?
- Para dizer a verdade, senhora.

Senhora.

Como ontem, duas bistecas
n�o muito grossas.

Obrigada.

- Tome.
- Obrigada.

Diga-me.

Meio quilo de carne para guisado,
mas bem magra.

Bem magra.

N�o haveria alguma hora
com menos gente?

Tenho que vir diariamente
pela dieta que sigo,

e tem tanta gente essa hora
que � imposs�vel.

Oito horas, quando abrimos,
n�o h� ningu�m.

Bom, �s oito
� um pouco cedo.

Ent�o quando fechamos,
ao meio-dia.

Fechamos de duas a tr�s.

Preparamos o as pe�as para venda
e deixamos a porta encostada.

- Essa hora n�o vem ningu�m.
- Seria a hora ideal.

� justamente a hora que saio
da galeria onde trabalho.

Pois a� est�.

Mesmo que veja a porta encostada,
entre, sempre estamos aqui.

- Obrigada, bom dia.
- Bom dia.

- Ainda n�o terminou?
- Quase, senhora.

Algu�m telefonou?

- Seu marido, h� meia hora.
- E que disse?

Deixou um n�mero
de telefone e de fax.

Mas disse que � melhor
mandar um fax,

por que l�
n�o falam bem a nossa l�ngua.

Obrigada.

- Giulia, que maravilha!
- Laura!

Viu que beleza?
Tudo � m�rito de Alina.

Felicidades, diretora.

Eu n�o fiz nada,
foram Giulia e Federica.

Obrigado, Alina.

Boa tarde,
chegou bem a tempo.

Por favor, n�o me pe�am
que fale desta pintora.

Al�m do mais, n�o estou aqui
como cr�tico de arte, mas...

Mas como pai,
e muito emocionado.

Conhe�o as dificuldades
que minha filha

teve que enfrentar
e superar

para estar hoje aqui,

por culpa, digamos,
de minhas explos�es.

E por isso tenho a inten��o
de abra�ar,

n�o s� metaforicamente,
a diretora Regis,

por haver ignorado

nossas controv�rsias
passadas e recentes,

e haver valorizado objetivamente
a obra de Giulia.

E gra�as a todos

por participar
com interesse e com emo��o

desta primeira exposi��o,

a primeira, espero,
de uma longa e feliz s�rie.

Obrigado de
cora��o a todos.

Obrigado.

Obrigado a todos, obrigado.

Onde se meteu?

- Escondendo-se, n�o �?
- Professor!

Como vai?

H� algu�m?

H� algu�m?

Oi?

Sim, sou eu.
Eu quase esgotei o cart�o.

Pode ser amanh� ap�s
a sa�da da galeria?

Na sa�da da galeria.

Sim? Certo.

N�o, n�o, nada.

N�o, � que h� muita confus�o.
Qu�?

Sim, sim, certo.
At� amanh�.

- Bom dia.
- Bom dia.

Vim �s duas e quinze.

N�o nos viu?

Est�vamos aqui.

Aqui ou na c�mara frigor�fica,
cortando as pe�as.

As pe�as?

Dava uma ajuda a Bruno
para preparar as pe�as.

Devia ter esperado,
ou ter telefonado.

Onde �amos estar?

Dois peitos de frango,
pode ser?

Esta hora
n�o h� quase nada.

Senhora?

Dois bifes,
grossos, com pouca gordura.

Sento-me aqui?

- Debaixo da Virgem?
- Sim, onde quiser.

- Not�cias de Daniele?
- Sim.

Tudo bem?

- Ande, ajude-me a cozinhar.
- Espere, vamos falar.

Revelar� os segredos
do seu trabalho?

Se � um segredo,
� melhor que continue sendo.

E de que falaremos?

De n�s,
tenho um discurso preparado.

Sente-se.

Brincadeiras � parte,

a decis�o de nos separarmos
no trabalho

foi a coisa mais sensata do mundo.

Por que dois galos
no mesmo galinheiro...

N�o, perdoe, uma galinha
que aspira fazer-se de galo

e um galo
que aspira fazer-se de galo

n�o podiam estar juntos.

Al�m disso, n�o creio que duas
pessoas, s� por ser amigas,

trabalhem melhor juntas, n�o?

A amizade � uma coisa
e o trabalho � outra.

Exato.

Por isso n�s,
como pessoas inteligentes,

solucionamos de
forma brilhante.

- Muito brilhante.
- A� est�.

E para mim,
este � o momento oportuno

para construir algo.
- O qu�?

Nossa nova rela��o.

O fato de que fomos amigos

e que, al�m disso,
trabalhamos juntos

provocava brigas, tens�es
e isso nos distanciou, n�o?

Certo.

Olhe isto.

Que tempos!

- Est� vendo?
- De onde tirou isso?

Eu guardo todo tipo de fotos.

Olhe!

Que tempos, hem?
Ande, diga a verdade.

Parece uma eternidade,
passaram quatro anos.

- � verdade.
- Como nos divert�amos!

L� n�o ia tudo
sobre rodas, mas...

O que n�o ia sobre rodas?
Era um desastre!

N�o, fisicamente n�o.

Lembra-se,
aquilo era muito bem.

- Sim mas isso n�o basta.
- Sempre � melhor que nada.

Olhe, Alina,
acho que poder�amos

manter-nos a certa dist�ncia,

mas para tirar
o melhor de n�s

acho que dever�amos,

dever�amos
come�ar a nos encontrar,

n�o sei se habitualmente,
ter uma rela��o

afetuosa, n�o?

Venha, vamos cozinhar,
vamos fazer algo pr�tico.

- Escute.
- Venha.

Estou bem assim, nada mais.

Gosto muito de Daniele,
n�o saberia lhe explicar por qu�.

Ele � t�o s�rio,
t�o diferente de mim...

E depois,
�s vezes � como uma crian�a.

Tamb�m influiu muito
que vi�ssemos para Palermo.

Eu estou tranquila.

E sobre a ado��o.

At� uns tr�s anos,
a ideia de um filho

para mim era algo terr�vel.

Mas ao ver o importante
que era para ele,

tornou-se importante
para mim.

Entendeu?

N�o suporto a ideia de ter
uma rela��o com outro homem.

- Imagine com algu�m como voc�.
- Por qu�? Que tenho de ruim?

Sabe que me lembra
o nosso caso?

Essas hist�rias de dois meses,
de caso,

sem import�ncia.

Nosso caso durou muito
mais de dois meses.

- Quantos, tr�s, quatro?
- No m�nimo quatro meses.

- Certo, quatro meses e meio.
- Assim est� melhor.

N�o, explique-me
por que v� as coisas assim.

E aquela dinamarquesa, ou finlandesa,
a magrela?

Foi embora.

N�o, e por qu�?

N�o era seu tipo.

Pobre Lorenzo!

Alina, n�o posso ficar
pelo menos esta noite?

Decididamente, n�o.

Como que n�o?

Trouxe o pijama
e a escova de dente.

Aprecio seu esfor�o,
mas j� disse que n�o.

Nem no sof�?

Nem no tapete.

Meu amor, j� s�o quatro horas,
n�o consigo dormir.

N�o lhe telefono
para n�o perturbar seus sonhos.

Encontrar� isto ao acordar,
faltam tr�s dias para que volte.

N�o deixo de pensar em voc�.
Durma tranquila.

N�o se esque�a que a amo
Daniele.

Entre.

Ol�, Sra. Regis, bem-vinda.
Como vai?

- Bem, obrigada, e voc�?
- Bem, sente-se.

Bom...

Tudo bem?

Tenho o prazer de lhe comunicar
pessoalmente

que sua solicita��o de ado��o
foi aceita.

Al�m disso,
ficamos gratamente surpreendidos

que um casal t�o ocupado

haja tomado
esta dif�cil decis�o.

Bem, meus sinceros votos
de felicidades de todo o cora��o.

Bem, vamos trabalhar.

Aqui fala em conversas
com os psic�logos

deduz-se
uma disponibilidade absoluta.

N�o tem problemas
nem de sexo nem de idade.

� algo que nos honra.

Pois assim, vamos ao assunto.

Irei lhe apresentar � diretora
de servi�o social.

Ela est� querendo lhe conhecer.

Alessandra?

Sim, estamos aqui.
Vem? Estamos esperando.

- Aqui estou.
- Alessandra.

Sra. Regis, um prazer!
N�o se levante, por Deus.

Muito prazer em conhec�-la.

Seu marido est� em viagem,
lemos isso,

mas pedi ao juiz
que nos representasse

para impressionar
as mulheres.

Sim, temos um caso
muito delicado

que gostar�amos de submeter
� sua aten��o.

Uma menina, de cinco anos,
linda.

E acredite, muito carinhosa.
Robertina.

Vive com uma av� muito velha.

A m�e j� morreu,
e o pai...

Vamos sair.

Se n�o encontramos uma fam�lia,
a menina ir� para uma outra institui��o.

Mas, por qu�?

Por que, como lhe dizia,
a av� � muito velha.

Ela a ama muito, mas...

A menina tem quase seis anos,
ter� que ir ao col�gio,

e a av� n�o nos inspira
nenhuma confian�a.

Queremos que as conhe�a
as duas, sem compromisso.

A menina � uma fofura,
n�o �, Alessandra?

Doce, carinhosa.

Com certeza que quando lhe vir
dar� seus bra�os para ir para o colo.

Parece que estou vendo!

Mas que isso
n�o a influencie em absoluto.

N�o, al�m disso...

S� lhe pedimos que lhe fa�a
uma visita, se achar por bem

� casa da av�,
sem compromisso.

Sim, � que...

Al�m disso, claro, sem seu marido...

S�o decis�es importantes,
que tem que se pensar muito bem.

N�s cuidamos.

Estaria bem amanh� �s 11.30 h

na Vucciria?

- Conhece um pouco a regi�o?
- N�o muito, mas encontrarei.

� fac�limo.

Se entrar por Via Roma
ou por San Domenico.

Est� no guia,
e al�m disso...

Pergunte a qualquer um,
h� um mercado.

- Que procura?
- A pra�a da Vucciria.

Suba, eu lhe levo.

- Que est� havendo?
- Procura a Piazza da Vucciria.

Disse-lhe que subisse,
mas eu meto medo nela.

Suba, � um bom rapaz.

Sim,
mas o problema � a saia.

No meu tempo n�o t�nhamos carros,
s� t�nhamos uma Lambretta.

N�o confia em n�s?
Aonde vai?

� Pra�a da Vucciria,
disseram-me que era por aqui.

Que diz?
Est� para l�.

Va com ele, � um bom rapaz.
N�o confia em mim?

N�o, acredito, de verdade.

- Ande, leve-a.
- Obrigada.

Va devagar, n�o corra.
Chegar�o logo.

Que est� havendo,
est� procurando algu�m?

N�o, obrigada, obrigada.

- O que disse?
- Pergunto se procura algu�m.

- Senhorita, precisa de alguma coisa?
- N�o, n�o, obrigada.

Est� vendo? N�o precisa de nada.
Vamos, caia fora!

Se precisar de mim, estou aqui.

Aqui estou!

J� vou!

Senhora Concetta!

- Senhora Concetta!
- Sim!

Senhora Concetta!
Como vamos?

Lutando.

- V� que senhora t�o bonita?
- Entrem, entrem.

Entre, senhora.
Aqui estamos.

- Bom, e como estamos?
- Vamos lutando.

Pois aqui estamos.

- E Robertina?
- Dormindo.

Esta hora?
S�o quase doze horas!

Ficou vendo televis�o
e continua dormindo.

Isso n�o pode ser,
j� dissemos isso.

A menina
tem que dormir cedo,

n�o pode ficar
pegada � televis�o.

J� dissemos,
isso n�o pode ser.

Mas ela n�o me ouve.

Pois que ou�a,
que � isto?

- Que quer que fa�a?
- N�o, senhora, eu fico zangada...

Robertina!

Venha, meu amor.

Venha c�.

Viu que senhora t�o bonita?

Quer conhec�-la?

Venha falar com ela.

Venha, querida.

Dou-lhe outra bala
como na outra vez?

- Bom dia, senhorita.
- Bom dia.

Aqui estamos.

N�o h� ningu�m?

Bruno!
Bruno, tem gente!

Foi tomar uma fresca
na c�mara frigor�fica.

Esta hora preparamos
as pe�as para a venda.

Pelo menos, faz fresca.

Bruno!
Bruno, quer vir logo?

Dois bifes, como sempre.

Minha pequena, � muito fraca
comparada comigo.

Tirarei sua roupa com cuidado
para n�o rasgar.

E voc� tirar� a minha.

N�o poder� evitar.

Vai estar dura,
vai lhe dar �gua na boca

e vontade de peg�-la
e meter na boca.

E depois pular em cima,
como uma amazona apaixonada.

E ser� tudo grandioso.

E vou lhe dar o que quiser,
at� voc� desmaiar.

- Aqui est�.
- Obrigada.

Senhora Em�lia, sou todo seu.

- Todo?
- Todo.

- Como vai a dieta?
- Muito bem, obrigada.

Sim, a verdade
� que lhe vejo muito bem.

- De verdade.
- Adeus.

Adeus.

Alina, � Roberta.

Chegou um fax para voc�
de Artfest de Rotterdam.

Tentei mand�-lo para seu fax,
mas algo n�o funciona.

Bom, telefono amanh�.

N�o, amanh� � domingo.
Falaremos na segunda-feira.

Meu amor, volto um dia antes,
amanh� de noite.

H� um voo que sai
tr�s horas depois do concerto.

N�o fica alegre?

Responda para o n�mero do fax,
Telefono amanh� de manh�.

Lembre-se, eu a amo.

Amanh� �s dez horas
chamarei � sua porta.

Se eu estiver enganado,
n�o esteja em casa.

Meu amor:

Estou emocionada
com sua volta no domingo.

N�o vejo a hora de
lhe abra�ar.

Amanh� passarei o dia
na praia com Federica.

Diga-me a que hora chega,
irei lhe buscar no aeroporto.

''Muita merda''
para o �ltimo concerto.

Eu o amo, Alina.

O ar condicionado
est� quebrado.

Alina, saio do hotel
para ir ao concerto.

Aqui est� chovendo,
sei que a� faz muito calor.

Nada,
s� precisava ouvir sua voz,

mesmo que fosse a
mensagem da secret�ria eletr�nica.

Estar� na praia.

Eu a amo.

Aqui � 5798961.

Deixem uma mensagem ou enviem
um fax depois do sinal.

Alina, onde voc� est�?

Tenho uma mensagem de Daniele,
ele pensava que est�vamos juntas.

Eu acabo de voltar.
Onde voc� est�, o que est� fazendo?

Telefone-me, se quiser
podemos jantar juntas.

Estou em casa, adeus.

Aqui � 5798961.

Deixem uma mensagem ou enviem
um fax depois do sinal.

Al�, meu amor,
tudo foi um sucesso.

O p�blico me pediu um bis,
mas eu n�o concedi.

Estou em Moscou,
esperando o voo da It�lia.

Estarei a� em tr�s horas,
prepare-se para n�o dormir.

Eu a amo.

Tradu��o das legendas:
PARENTE - BRASIL