All language subtitles for Joel Coen - The Tragedy of Macbeth (2021 EE)

Quando n�s tr�s vamos nos rever?

No raio, no trov�o ou ao chover?

Depois que o conflito acabar.

Quando a batalha
perder e ganhar.

Em que lugar?

Na charneca.

Para Macbeth l� encontrar.
Para Macbeth l� encontrar.

O bem � o mal e o mal � o bem.

Pairamos na n�voa impura e al�m.

Salve, valente amigo.

Relate ao rei quanto sabe da luta
at� o momento em que saiu dela.

O desfecho era duvidoso,

como nadadores cansados que se agarram
e em sua arte se afogam.

O impiedoso Macdonwald

tinha a Fortuna sorrindo para a disputa,
oferecendo-se como meretriz ao rebelde.

Por�m, n�o foi o suficiente,

pois o bravo Macbeth,
merecedor do t�tulo que leva,

desdenhando a Fortuna, ergueu a espada,
fumegante com a execu��o sangrenta,

e como servo da bravura, abriu caminho at� se colocar diante do inimigo.
E como servo da bravura, abriu caminho at� se colocar diante do inimigo.

N�o o tendo cumprimentado
nem dito adeus,

do umbigo � garganta o abriu e em nossa
muralha pendurou-lhe a cabe�a.

Valente primo. Que homem digno.

Mal havia a justi�a,
cheia de bravura,

for�ado o inimigo a confiar
nos pr�prios calcanhares,

quando o rei noruegu�s, diante
da oportunidade, com armas polidas

e novos homens,
partiu para um novo ataque.

N�o desanimaram nossos capit�es,
Macbeth e Banquo?

Sim.

Como �guias diante de pardais
ou o le�o, da lebre.

Assim, redobraram
duplos golpes contra o inimigo.

J� n�o consigo falar.

Minhas feridas pedem socorro.

Que Deus salve o rei.

Digno duque,
de onde o senhor vem?

Venho de Fife, grande rei,

onde bandeiras norueguesas zombam do c�u e deixam fria a nossa gente.
Onde bandeiras norueguesas zombam do c�u e deixam fria a nossa gente.

O pr�prio soberano noruegu�s, com muitas
tropas, e auxiliado pelo desleal traidor,

o duque de Cawdor, deu
in�cio a um sombrio confronto.

At� que Macbeth e Banquo,
fortemente armados,

com ele se defrontaram
de igual para igual.

Espada contra espada e bra�o contra bra�o
fizeram seu esp�rito se curvar.

Em conclus�o,

a vit�ria foi nossa.

Que grande alegria!

Jamais o duque de Cawdor voltar�
a trair nossos interesses.

- N�o.
- Pronuncie j� a morte dele.

- Assim providenciarei.
- E com seu antigo t�tulo

sa�de Macbeth.

Onde voc� estava, irm�?

Matando porcos.

Irm�, e voc�?

Veja o que eu trouxe.

Mostre! Mostre!

De um marinheiro o polegar que na rota
de regresso veio a naufragar.

Um tambor. Um tambor!

Macbeth vai chegar.

Isso.

Numa peneira zarparei s�,

e como um rato cot�,
roerei, roerei, roerei.

At� secar eu o drenarei.
At� secar eu o drenarei.

E o sono, nem noite e nem dia,

as p�lpebras lhe
baixar� em ousadia.

Ser� vida amaldi�oada.

Por exaustivas nove
vezes nove semanas,

ir� ele definhar
e perder suas ganas.

As irm�s bruxas, de m�os dadas,

pelo mar e pelas estradas,

l� se v�o, concentradas.

Tr�s para voc� e tr�s para mim.

E tr�s de novo para nove...

chegar enfim.

Sil�ncio.

O encanto est� pronto.

Nunca vi dia assim,
t�o feio e t�o belo.

Qual � a dist�ncia at� Forres?

Que criaturas s�o essas t�o mirradas
e de vestes selvagens,

que n�o parecem habitantes
da Terra, mas nela se movem?

T�m vida? S�o algu�m
a quem podemos perguntar?

Respondam, se puderem.
Quem s�o voc�s?

Salve, salve, Macbeth.

Sauda��es a ti, duque de Glamis.

Salve, salve, Macbeth.
Sauda��es a ti, duque de Cawdor.

Salve, salve, Macbeth.

Que rei h� de ser no futuro.

S�o imagin�rias? Ou s�o aquilo que realmente aparentam?
S�o imagin�rias? Ou s�o aquilo que realmente aparentam?

Se podem ver nas sementes do tempo
que gr�os h�o de brotar ou n�o,

falem comigo, que nunca implorei
nem temi sua gra�a ou seu �dio.

Menor do que Macbeth,
por�m, maior.

N�o t�o feliz,
mas muito mais feliz.

Gerar� reis,
embora rei n�o seja.

Salve, salve, Macbeth e Banquo.

Banquo e Macbeth.

Salve, salve.

Fiquem, oradoras imperfeitas.
Contem mais.

Sei que sou o duque de Glamis.
Mas de Cawdor? Como?

O duque de Cawdor est� vivo,
� homem pr�spero.

E ser rei ultrapassa
os limites da cren�a.

De onde tiraram
t�o ins�lita informa��o

e por que nos fizeram parar numa charneca
desolada com sauda��es prof�ticas?

A terra tem borbulhas,
tal como a �gua,

de onde devem ter sa�do.
Para onde foram?

E o que parecia s�lido
se fundiu como suspiro ao vento.

Se tivessem ficado mais...

Aqui estiveram as criaturas
de que falamos?

Ou ter�amos comido da raiz
da insanidade que aprisiona a raz�o?

Seus filhos chegar�o a reis.

O senhor chegar� a rei.

E tamb�m duque de Cawdor.
N�o foi o que disseram?

Nesse mesmo tom e nessas palavras.
Nesse mesmo tom e nessas palavras.

A Trag�dia de Macbeth

Quem vem l�?

O rei recebeu com alegria, Macbeth,
as not�cias da sua vit�ria.

E ao saber de sua investida
pessoal na luta contra os rebeldes,

questiona se admira��o e elogios
cabem ao senhor ou a ele.

Fomos enviados pelo nosso rei
para lhe agradecer.

E para o levarmos at� ele,
n�o para lhe pagar.

E como sinal de uma honra maior,

ele me ordenou cham�-lo
de duque de Cawdor.

Assim, salve, dign�ssimo duque.
Assim, salve, dign�ssimo duque.

Pois seu � o t�tulo.

Pode o diabo falar a verdade?

O duque de Cawdor ainda vive. Por
que me vestem com roupas alheias?

Quem era o duque ainda vive,
sim,

mas sob pesado julgamento encontra-se
a vida que ele merece perder.

Quer tenha combinado
com os pr�prios noruegueses,

ou por meios secretos
tentado auxiliar os rebeldes,

ou se com ambos confabulou visando
a ru�na de sua p�tria, n�o sei dizer.

Mas o certo � que altas trai��es,
j� confessas e provadas...

provocaram sua queda.

Agrade�o a considera��o.

Glamis e duque de Cawdor.

O melhor est� por vir.
O melhor est� por vir.

Espera que seus filhos
sejam reis,

quando as que me fizeram duque
de Cawdor n�o menos prometeram a eles?

Confiar plenamente nelas poderia
impulsion�-lo a chegar ao trono,

al�m de duque de Cawdor.

Mas � estranho.

Muitas vezes,
para nos levarem � perdi��o,

agentes das trevas
nos contam a verdade,

ganham nossa confian�a com trivialidades,
para nos tra�rem com graves consequ�ncias.

Tal incita��o sobrenatural pode
n�o ser boa e pode n�o ser m�.

Se for m�, por que me prometeram
um sucesso que veio a se realizar?

Sou o duque de Cawdor.

Se for boa, por que me rendo � sugest�o
cuja imagem horrenda meus pelos arrepia

e faz meu cora��o bater forte
nas costelas, de modo n�o natural?

O temor atual � menor que a mais
horr�vel das fantasias.

Meu pensamento,
no qual o crime � s� imagina��o,

abala de tal forma o meu ser, que tem
a atividade asfixiada por suposi��es,

e nada �, sen�o o que n�o �.

Se o acaso me quer rei, o acaso
haver� de me coroar sem esfor�o meu.

Venha o que vier.

O tempo e a hora passam,
mesmo no pior dos dias.

"Elas me encontraram
no dia da vit�ria."

Pude ver,
pela exatid�o do relato,

que s�o dotadas
de saber mais do que humano.

Meu desejo ardente
era continuar a interrog�-las,

mas elas se transformaram em ar
e nele desapareceram.

Ainda tomado
de espanto com o ocorrido,

chegaram mensageiros do rei,
aclamando-me como 'duque de Cawdor',

t�tulo com o qual me haviam
saudado as irm�s bruxas,

referindo-se a mim no futuro como: 'Salve, ainda ser�s rei'.
Referindo-se a mim no futuro como: 'Salve, ainda ser�s rei'.

Achei bom comunic�-la o que se passou,
companheira de minha grandeza,

para que n�o perca
a chance de alegrar-se

por ignorar a grandeza
que lhe � prometida.

"Guarda isto
em seu cora��o e at� breve."

Glamis o senhor j� �,
e tamb�m Cawdor,

e ainda vir� a ser
o que lhe foi prometido.

Temo, por�m, sua natureza.

� cheia demais do leite da bondade
humana para tomar o caminho mais curto.

O senhor ser� grande.

N�o lhe falta ambi��o, mas n�o disp�e
da maldade que deveria acompanh�-la.

O que deseja com fervor,
deseja obter santamente.

N�o jogaria sujo, mas aceitaria
ganhar injustamente.

Apresse nesse regresso,

para que eu possa injetar
coragem em seus ouvidos

e castigar com a ousadia
da minha l�ngua

tudo que o afaste
do aro dourado.

Cawdor j� foi executado?

Meu soberano.

Falei com algu�m
que o viu morrer.

O relato � que ele confessou
abertamente as trai��es.

Implorou que Vossa Alteza o perdoasse,
j� que revelou grande arrependimento.

Nada em vida combinou tanto com ele
como o modo de deix�-la.

Morreu como se tivesse preparado
a pr�pria morte,

para desfazer-se de seu mais precioso bem como se fosse algo insignificante.
Para desfazer-se de seu mais precioso bem como se fosse algo insignificante.

Arte alguma ensina a ler
no rosto as fei��es da alma.

Ele era um fidalgo em quem eu
depositava absoluta confian�a.

�, digno primo.

Agora mesmo, pesava-me
o pecado da minha ingratid�o.

S� me resta dizer que o senhor merece
muito mais do que podemos pagar.

O servi�o e a lealdade que devo
ao senhor por si j� se pagam.

Seja bem-vindo.

Comecei a cultiv�-lo e me esfor�arei
para que se desenvolva plenamente.

Nobre Banquo, que menos n�o fez e cujos
feitos n�o devem passar desapercebidos.

Permita que eu o abrace
e o segure junto ao meu cora��o.

Na terra em que eu florescer,
sua a colheita h� de ser.

Minha abundante alegria,
esbanjando plenitude,

ora busca ocultar-se nas gotas da tristeza.
Ora busca ocultar-se nas gotas da tristeza.

Filhos, compatriotas, duques,

e os que nos s�o pr�ximos:

Saibam que passaremos nosso Estado
ao nosso primog�nito Malcolm,

a quem doravante nomeamos
"pr�ncipe de Cumberland".

Tal honra n�o h�
de acompanhar s� a ele.

Sinais de nobreza, como as estrelas,
brilhar�o sobre todos que merecem.

Sigamos para Inverness,
para que se estreitem nossos la�os.

Serei eu mesmo
o arauto a alegrar

os ouvidos de minha esposa com a not�cia
da sua visita. Assim, permita-me ir.

Meu digno Cawdor.

Vamos atr�s dele, que zelosamente
seguiu para preparar nossa recep��o.

N�o h� compatriota igual.

Pr�ncipe de Cumberland!

� um degrau que me derruba ou que devo superar,
� um degrau que me derruba ou que devo superar,

pois em meu caminho se encontra.

Estrelas, sua luz exterminem

para que meus obscuros
e profundos desejos n�o iluminem.

O rei chegar� esta noite.

� louca de dizer isso.
O seu senhor n�o est� com ele?

Com licen�a, � verdade.
Nosso duque vai chegar.

Um dos meus colegas veio antes.

Cuide bem dele.
Ele traz �timas not�cias.

Est� rouco o pr�prio corvo

de tanto grasnar a fat�dica
chegada de Duncan ao meu castelo.

Venham, esp�ritos que satisfazem
as ideias de morte.

Assexualizem-me aqui

e me encham, da cabe�a aos p�s,
da mais terr�vel crueldade.

Tornem espesso meu sangue.

Bloqueiem o acesso e a passagem do remorso,
Bloqueiem o acesso e a passagem do remorso,

de modo que pesar natural algum
abale meu cruel prop�sito,

nem que a paz se sobreponha
entre a execu��o e meu plano.

Venham aos meus seios de mulher

e substituam meu leite por fel,
pastores da morte,

de onde quer que suas subst�ncias
et�reas sirvam �s desgra�as da natureza.

Venha, noite densa, e cubra-se
da mais sombria fuma�a do inferno,

para que meu punhal agudo
n�o veja as feridas que causar,

nem o C�u possa espreitar pelo manto
da escurid�o e gritar: "Pare!"

Grande Glamis.

Digno Cawdor. Digno Cawdor.

Maior que ambos ser�,
pelo t�tulo que receber�.

Sua carta me transportou para al�m
desse presente ignorante.

Eu agora sinto o futuro,
neste instante.

Minha querida amada.

Duncan chega esta noite.

E quando ir� partir?

Amanh�, como ele pretende.

O Sol nunca brilhar� esse dia.

Seu rosto, meu duque, � um livro aberto
em que pode-se ler prop�sitos estranhos.

Para enganar o mundo,
assemelhe-se a ele.

Seja caloroso no olhar,
com as m�os e ao falar.

Aparente ser flor inocente,
mas seja a serpente nela escondida.

Aquele que chega
deve ser bem acolhido.

Deixe a meu encargo os preparativos para esta noite.
Deixe a meu encargo os preparativos para esta noite.

Aquela que,
nos dias e noites futuros,

h� de nos prover com poder
soberano e dom�nio vindouros.

Mantenha um olhar sereno.

Alterar a express�o
chama a aten��o.

Deixe o resto comigo.

Este castelo fica
em um lugar agrad�vel.

O ar afaga r�pida e docemente
nossos sentidos delicados.

H�spedes do ver�o,
as andorinhas comuns em templos,

bem demonstram com seus ninhos

que, aqui, o sopro do C�u
tem aroma convidativo.

N�o h� sacada, friso, viga,
ou canto algum

em que elas n�o tenham constru�do
seu leito e o ber�o f�rtil.

Elas gostam de viver e procriar, j� notei, onde o ar � delicado.
Elas gostam de viver e procriar, j� notei, onde o ar � delicado.

Veja, veja,
nossa ilustre anfitri�.

Fosse dobrado nosso trabalho, sob
qualquer aspecto, e depois redobrado,

ainda assim, nada seria, se comparado
com a grande e profunda honra

com a qual Vossa Majestade
enche nossa casa.

Onde est� o duque de Cawdor?

Seguimos logo atr�s dele
com objetivo de antes chegarmos.

Mas ele monta bem. E seu afeto,
agudo como suas esporas,

� sua casa o trouxe
antes de n�s.

Bela e nobre anfitri�,
somos seus h�spedes esta noite.

D�-me sua m�o.

Leve-me at� meu anfitri�o.

Se � para ser feito e estar feito,
ent�o, melhor ser� faz�-lo logo.

Se o assassinato puder impedir quaisquer
consequ�ncias e alcan�ar pleno sucesso,

este golpe pode ser
o in�cio e o fim de tudo.

Apenas aqui... Apenas aqui...

neste intervalo da exist�ncia,
a vida de p�s-morte eu arriscaria.

Por�m, em casos semelhantes,
ainda h� julgamento.

S� fazemos ensinar
li��es sangrentas

que, uma vez aprendidas, voltam
para importunar o inventor.

Essa justi�a imparcial conduz

o conte�do do c�lice envenenado
a nossos pr�prios l�bios.

Ele veio,
pois confia duplamente.

Primeiro, sou seu compatriota e s�dito,
duas raz�es fortes contra o ato.

E sendo seu anfitri�o,

deveria fechar a porta ao assassino,
n�o levantar contra ele meu punhal.

E esse Duncan revela qualidades
t�o brandas de regente

e tem exercido seu of�cio
de modo t�o puro,

que suas virtudes suplicar�o,
como anjos com trombetas,

contra a maldi��o
desse assassinato.

E a piedade, como um rec�m-nascido
enfrentando a tempestade,

ou um querubim celeste, montado
nos corc�is invis�veis das rajadas,

h� de revelar tal ato s�rdido a todos os olhos at� que l�grimas afoguem o vento.
H� de revelar tal ato s�rdido a todos os olhos at� que l�grimas afoguem o vento.

Esporas n�o possuo para cravar
nos flancos do meu prop�sito...

mas somente a ambi��o
que se precipita e sobre outro recai.

E ent�o? Quais as novidades?

- Ele est� terminando a ceia.
- Ele perguntou de mim?

N�o sabe que perguntou?

N�o avan�aremos nesta trama.
Ele muito me honrou.

E conquistei �ureo respeito
de todo tipo de gente,

do qual devo desfrutar agora,
enquanto brilha,

e n�o descart�-lo t�o cedo.

Embriagou-se a esperan�a
que antes o revestia?

Ela adormeceu?

E acorda agora, temendo
o que almejava t�o livremente?

Assim tamb�m julgarei seu amor.

O senhor teme ser em ato e coragem o mesmo que � no desejo?
O senhor teme ser em ato e coragem o mesmo que � no desejo?

Quer vir a ter o que considera
o ornamento da vida

ou viver como covarde
na pr�pria estima,

permitindo que o "n�o ouso" desbanque
o "desejo", como o gato do prov�rbio?

Sil�ncio, por favor.

Ouso fazer tudo o que faz um homem.
Quem ousa mais, deixa de s�-lo.

Ent�o, que animal teve ideia
de me participar esse projeto?

Quando ousar faz�-lo,
a�, ser� um homem.

E querendo ser mais do que era,
ao faz�-lo, mais homem ser�.

J� amamentei e sei como � encantador
amar a crian�a que do meu leite mama.

E, no momento
em que ela me olhasse, sorrindo,

meu seio eu tiraria das gengivas
desdentadas e a cabe�a lhe partiria,

se tivesse jurado,
assim como jurou em rela��o a isso.

E se fracassarmos?

Fracassamos.

Mas alinhe sua coragem
corretamente e n�o fracassaremos.

Quando Duncan cair no sono,

para onde sua cansativa viagem de hoje o convidar�,
para onde sua cansativa viagem de hoje o convidar�,

de tal modo embriagarei com vinho
e especiarias seus dois camareiros

que a mem�ria, guardi� do c�rebro,
n�o passar� de uma n�voa

e o recept�culo da raz�o
ser� apenas um alambique.

Quando estiverem dormindo como porcos,
estar�o mortos para o mundo.

O que n�o poderemos n�s dois
fazer contra um indefeso Duncan?

Por que n�o acusar seus �brios oficiais,
que carregar�o a culpa pelo nosso crime?

D� � luz filhos homens apenas,

pois seu vigor indom�vel deve
conceber machos t�o somente.

Ser� aceit�vel, ap�s mancharmos de sangue
seus camareiros e usarmos seus punhais,

que foram eles os autores?

Quem ousar� pensar diferente
ao bradarmos nossa dor pela morte do rei?

J� me decidi

e usarei todos os m�sculos
nesta terr�vel fa�anha.

V�, e fa�a passar o tempo com gentilezas.
V�, e fa�a passar o tempo com gentilezas.

A face falsa deve ocultar
o que se passa no cora��o.

A Lua j� se p�s.
N�o ouvi bater horas.

Ela se p�e � meia-noite.

Acho que � mais tarde, senhor.

Aqui. Toma minha espada.

O C�u est� economizando.

Todas as luzes se apagaram.

Uma press�o cai como chumbo
sobre mim. No entanto, n�o durmo.

Poderes clementes,
contenham em mim os pesadelos

que a natureza
liberta no adormecer.

- D�-me a espada. Quem vem l�?
- Um amigo.

Senhor, ainda est� de p�?
O rei j� se recolheu.

Ele revelou uma alegria incomum

e foi generoso
para com seus servi�ais.

Estando despreparados, nosso desejo foi
incapaz de servi-lo como gostar�amos.

Est� tudo bem.

Na �ltima noite,
sonhei com as tr�s irm�s bruxas.

Ao senhor revelaram
certa verdade.

N�o penso nelas.

No entanto,
quando tivermos um momento,

dedicaremos umas palavras
a essa quest�o,

se estiver disposto.

�s suas ordens.

Bom repouso at� l�.

Obrigado, senhor, igualmente.

Diga � senhora que toque o sino
quando estiver pronta minha bebida.

Ser� um punhal
que vejo em minha frente

com o cabo virado
para a minha m�o?

Venha.

Deixe que eu a empunhe.

N�o a toquei,
mas continuo vendo-a.

N�o � sens�vel, vis�o funesta,
tanto ao tato quanto � vista?

Ou n�o passa de um punhal
do pensamento, uma cria��o fict�cia,

de um c�rebro
oprimido pela afli��o?

Ainda assim, eu o vejo...

e de modo t�o palp�vel
quanto este que agora empunho.

Indique o caminho que eu j� ia seguir. E
instrumento como esse eu pretendia usar.

Meus olhos s�o iludidos pelos demais
sentidos ou valem por todos eles.

Eu ainda a vejo,

e sobre sua l�mina e seu cabo, gotas
de sangue que a� n�o estavam antes.

Isso n�o existe.

� o ato sanguin�rio
que a meus olhos informa.

�, terra forte e s�lida, n�o ou�a
meus passos, que dire��o tomam,

pois temo que as pedras
revelem minha posi��o.

J� vou indo. Est� feito.

O sino me convida.

N�o ou�a, Duncan, pois � um chamado
eterno que para o C�u lhe convoca...

ou para o Inferno.

Escuta!

Sil�ncio. Sil�ncio.

Foi o pio da coruja,

essa sentinela fatal que prenuncia
a mais sinistra noite.

Ele est� prestes a faz�-lo.

Aquilo que os embebedou
me deu coragem.

Aquilo que os apagou
me incendiou.

As portas est�o abertas,

e os camareiros empanturrados
zombam de seus deveres com roncos.

Am�m.

Droguei suas bebidas de tal modo
que a morte e a natureza discutem

se est�o vivos ou mortos.

Ai de mim!

Temo que tenham acordado
e nada esteja feito.

O que pode nos destruir
� a tentativa, n�o a a��o.

Escuta. Preparei os punhais. Ele n�o poderia deixar de v�-los!
Escuta. Preparei os punhais. Ele n�o poderia deixar de v�-los!

Meu esposo.

Eu cometi o ato.

N�o ouviu nenhum barulho?

- Quando?
- Agora.

- Enquanto eu descia?
- Sim.

Escuta.

Que vis�o lastim�vel.

Que ideia tola dizer:
"Que vis�o lastim�vel!"

Um sorria dormindo e um gritou:
"Assassino!" e assim, acordaram.

L� fiquei, escutando-os.

Mas fizeram suas ora��es
e voltaram a dormir.

Est�o no mesmo quarto.

Um gritou: "Deus nos aben�oe"

e o outro: "Am�m", como se vissem
as m�os sujas do carrasco.

Ao escutar o temor, n�o pude dizer
"am�m", ap�s o "Deus nos aben�oe".

N�o fique remoendo.

Por que n�o pude dizer "am�m"?

Eu precisava muito da b�n��o,
mas o "am�m" travou na garganta.

Essas coisas n�o devem
ser pensadas assim.

Desta forma, nos deixar�o loucos.
Desta forma, nos deixar�o loucos.

Parece que ouvi uma voz gritar:
"N�o durma mais."

"Macbeth matou o sono."

O sono inocente.

O sono que desata
a emaranhada teia das afli��es,

que p�e fim a cada dia,
que banha as chagas da labuta,

� b�lsamo dos esp�ritos feridos,
prato principal da natureza,

- maior alimento no festim da vida.
- Como assim?

Continuava a gritar pela casa:
"Basta de sono."

Glamis assassinou o sono,
assim, Cawdor n�o mais dormir�.

"Macbeth n�o mais dormir�."

Quem gritava assim?

Digno duque, sua nobre for�a se enfraquece
se pensa em tudo t�o doentiamente.

V�. Pegue �gua e tire das m�os
esta testemunha t�o nojenta.

Por que trouxe
os punhais para c�?

Devem ficar l�! Leve-os e suje-os
com o sangue dos camareiros adormecidos.

N�o volto mais. Temo pensar
no que fiz. N�o ouso olh�-lo de novo.

Que falta de determina��o.

D�-me os punhais.
D�-me os punhais.

Os que dormem e o morto
s�o apenas imagens.

S� o olho infantil teme
um diabo desenhado.

Cobrirei de sangue os camareiros,
para sobre eles recair a culpa.

Tenho as m�os da cor da sua,
mas me acanharia ter um cora��o t�o branco.

De onde v�m as batidas?

Que se passa comigo que,
com um simples ru�do, me apavoro?

E que m�os s�o essas?
Elas me arrancam os olhos.

Poderia todo o grande oceano de Netuno
lavar esse sangue das minhas m�os?

N�o, minhas m�os � que encarnar�o
os numerosos mares,

tingindo de vermelho
o que � verde.

Sabendo o que fiz,
melhor n�o me reconhecer.

Acordar�o Duncan batendo assim.
Acordar�o Duncan batendo assim.

Quem dera pudessem.

Isso, sim, � que � bater!

Se um homem fosse porteiro no Inferno,
n�o faria outra coisa sen�o virar a chave.

Toque, toque!

Quem est� a�,
em nome de Belzebu?

L� vem um agricultor que se enforcou,
na expectativa de uma boa colheita.

Chegou na hora.
Aqui suar� bastante.

Toque, toque.

Chega um trapaceiro, capaz de jurar
pelos dois pratos da balan�a,

mas que n�o conseguiu
enganar o C�u.

Entre, trapaceiro.

Toque, toque. Quem �?

� um alfaiate ingl�s que chega
por ter roubado meias francesas.

Entre, alfaiate.
Aqui pode aquecer seu ferro!

Toque, toque. N�o tem sossego.

Mas este lugar
� frio demais para o Inferno.

N�o continuarei nele
como porteiro do diabo. J� vou!

N�o se esque�am do porteiro.

Foi se deitar t�o tarde
que demorou a se levantar?

Ficamos bebendo
at� o segundo canto do galo.

E a bebida, senhor,
provoca tr�s coisas.

- Quais s�o as tr�s coisas?
- Nariz vermelho, sono e urina.

A lasc�via, senhor,
ela provoca e desprovoca.

Provoca o desejo,
mas compromete o desempenho.

Assim, pode-se dizer que a bebida
� trapaceira com a lasc�via.

Ela a cria e a lesa,
ela a estimula e desalenta.

Ela a convence e a desanima, faz levantar e depois, abate.
Ela a convence e a desanima, faz levantar e depois, abate.

Em resumo, ela o engana enquanto dorme,
faz promessas e vai embora.

Parece que a bebida
lhe passou a perna esta noite.

Bom dia a ambos.

O rei j� est� de p�,
digno duque?

N�o, ainda.

Ele me pediu que o chamasse
cedo. Por pouco perdi a hora.

Ousarei cham�-lo.

O rei parte hoje?

Parte. Assim ele decidiu.

A noite foi agitada.

Onde dormimos,
o vento derrubou a chamin�.

Dizem uns que ouviram muitos prantos no ar.
Dizem uns que ouviram muitos prantos no ar.

Estranhos gritos de morte, vozes
terr�veis profetizando cat�strofes

e eventos ca�ticos rec�m-concebidos
naquela hora sinistra.

E o p�ssaro obscuro...

- Vossa Majestade?
- ...piou a noite toda.

Dizem que a Terra
teve febre e at� tremeu.

Foi uma noite agitada.

Horror! Horror! Horror!

Nem l�ngua nem cora��o
podem aceitar ou lhe dar nome.

- O que houve?
- O caos acaba de concluir sua obra-prima.

Um profano assassino invadiu
o templo sagrado do Senhor,

e tirou a vida do santu�rio.

A de Sua Majestade?

V�o ao aposento
e destruam suas vis�es.

N�o me pe�am para falar.
Vejam, e falem por si mesmos!

Despertem! Despertem!
Toquem o sino de alerta!

Assassinato e trai��o!

Saiam de suas tumbas e andem como esp�ritos para ver este horror!
Saiam de suas tumbas e andem como esp�ritos para ver este horror!

Banquo e Donalbain!
Malcolm! Despertem!

Levantem-se e vejam
a imagem dessa grande desgra�a.

Malcolm! Banquo!

Se eu tivesse morrido
uma hora antes apenas,

teria vivido uma vida aben�oada.

A partir de agora, nada mais � s�rio
na exist�ncia. Tudo � insignificante.

O que houve? Por que a horr�vel
trombeta acorda quem dorme nesta casa?

- A gl�ria e a gra�a est�o mortas.
- Fale! Fale!

O vinho da vida foi derramado

e s� restou a borra
para esta adega se vangloriar.

Banquo. Banquo.

Nosso rei foi assassinado.

Ai de mim!

- Como? Em nossa casa?
- Cruel demais, onde quer que fosse.

- O que aconteceu?
- Est�o vivos e n�o sabem.

A nascente, a origem, a fonte de seu sangue secou.
A nascente, a origem, a fonte de seu sangue secou.

O manancial em si se esgotou.

Seu pai

foi assassinado.

Por quem?

Ao que parece, os pr�prios
camareiros o mataram.

Suas m�os e seus rostos
estavam todos sujos de sangue.

Mas me arrependo da f�ria
que me levou a elimin�-los.

- Por qu�?
- Por que fez isso?

Quem pode ser s�bio e fascinado,

comedido e furioso, leal
e neutro, num mesmo instante?

Homem algum.

A dilig�ncia do meu amor violento
foi mais r�pida que a lenta raz�o.

L� estava Duncan,

com a pele clara
salpicada pelo sangue dourado.

E suas feridas abertas pareciam brechas
da natureza para a entrada da ru�na.

L�, os assassinos, impregnados pelas cores do crime,
L�, os assassinos, impregnados pelas cores do crime,

tinham os punhais monstruosamente
cobertos de sangue.

Quem poderia evitar,
tendo um cora��o para amar

e, nesse cora��o,
a coragem de tal amor expressar?

Cuidem da senhora.

Depois de agasalhar nossa d�bil nudez,
que sofre exposta, vamos nos reunir

e discutir este ato sangrento
para tentar entend�-lo.

Por que nos calamos,

para que outros
digam o que devemos?

Vamos fugir.

- Ainda n�o temos l�grimas.
- N�o vamos nos unir a eles.

Demonstrar tristeza n�o sentida
� f�cil para o falso.

- Irei para a Inglaterra.
- E eu, Irlanda.

Com destinos separados estaremos mais seguros.
Com destinos separados estaremos mais seguros.

Onde nos encontramos,

os sorrisos escondem punhais.

Quanto mais pr�ximos,
mais sanguin�rios.

A flecha assassina disparada
ainda n�o pousou.

O mais seguro � evitar sua mira.

Ent�o, ao cavalo. E n�o percamos
tempo com despedidas formais.

A� vem o bom Macduff.

Como vai o mundo, senhor?

Sabe-se quem foi o autor
desse crime sanguin�rio?

Aqueles que Macbeth apunhalou.

Ai, que dia. Com que inten��o
teriam feito isso?

Foram subornados.

Malcolm e Donalbain,
os dois filhos do rei, fugiram,

o que os torna suspeitos do ato.

Assim, � bem poss�vel
que Macbeth assuma o trono.

Proclamado j� foi. Agora, dirige-se
a Dunsinane, para ser coroado.

Ir� a Dunsinane?

N�o, primo, irei a Fife.

Bem...

pois eu irei.

Espero que tudo corra bem l�.
Adeus.

Que o manto velho
n�o nos caia melhor que o novo.

Aquele que n�o perdeu de todo a cabe�a
Aquele que n�o perdeu de todo a cabe�a

Com um sopro,
ventania e temporal

Que na pr�pria
sorte se fortale�a

Pois todos os dias
h� de haver vendaval

Tenho 70 anos e bem me lembro,

durante esse tempo,

que j� vi horas terr�veis
e coisas estranhas.

Mas esta noite sinistra torna
insignificante tudo o mais.

Meu bom senhor.

O C�u, como pode ver,

incomodado com os atos humanos, amea�a este palco sangrento.
Incomodado com os atos humanos, amea�a este palco sangrento.

Pelo rel�gio, � dia,

no entanto, a noite escura
estrangula a luz ambulante.

� a predomin�ncia da noite
ou a vergonha do dia

que nas trevas oculta a face da Terra,
quando a luz deveria beij�-la?

N�o � natural, assim como o ato
que foi perpetrado.

Na �ltima ter�a-feira, um falc�o,
nas alturas, em seu lugar privilegiado,

foi capturado e morto
por uma coruja que ca�a ratos.

E os cavalos de Duncan, fato
bastante estranho, por�m certo,

t�o formosos e velozes,

os melhores de sua ra�a,
tornaram-se selvagens,

suas baias arrebentaram e fugiram,
desafiando a obedi�ncia,

como que querendo guerrear
contra a humanidade.

Dizem que se devoraram.
Dizem que se devoraram.

Agora, o senhor tem tudo.

� rei, Cawdor,

Glamis...

Tudo como profetizaram
as mulheres estranhas.

Mas temo que tenha
jogado sujo para tanto.

Foi dito tamb�m que n�o passaria
para seus descendentes,

mas que eu, na verdade, seria
a raiz e o pai de in�meros reis.

Se delas vem a verdade,

como no seu caso, Macbeth,
as palavras o beneficiaram...

Por que, pela verdade
que se concretizou para o senhor,

elas n�o podem ser tamb�m meu or�culo
e acender minhas esperan�as?

Sil�ncio. Chega.

Aqui est� nosso
convidado principal.

Se ele tivesse sido esquecido, haveria
um vazio em nossa grande festa,

um grande inconveniente.

Esta noite, haver� uma ceia solene e solicito sua presen�a.
Esta noite, haver� uma ceia solene e solicito sua presen�a.

Vai cavalgar esta tarde?

Sim, bom senhor.

Teria sido �til
o seu bom conselho,

sempre s�rio e proveitoso,
na reuni�o do conselho de hoje.

Mas o aguardaremos amanh�.

Vai para longe?

O suficiente, senhor, para ocupar
o tempo entre agora e a ceia.

Se meu cavalo n�o for veloz,

terei que tomar emprestadas
uma ou duas horas da noite.

N�o perca o banquete.

Senhor, n�o perderei.

Soubemos que nossos primos vis
est�o na Inglaterra e na Irlanda,

e ainda negam
o parric�dio cruel.

Falaremos disso amanh�, ao tratarmos
de quest�es do Estado pertinentes a n�s.

V� pegar seu cavalo.
At� seu retorno, � noite.

Fleance o acompanhar�?

Sim, meu senhor.

Que seus cavalos
sejam velozes e firmes.

E eu os confio aos dorsos deles.

Adeus.

Aqueles homens nos aguardam?

Aguardam, sim, meu senhor.

N�o foi ontem que conversamos?

- Foi.
- �s ordens, Vossa Majestade.

Muito bem,
refletiram sobre o que eu disse?

Saibam que foi Banquo,
no passado,

que os deixou
em situa��o t�o prec�ria,

embora achassem que tivesse
sido eu o respons�vel.

Em nossa �ltima conversa, isso
deixei claro e apresentei provas

de como foram enganados,
tra�dos, com que meios,

por quem e tudo o mais

que faria at� mesmo uma meia alma
e um idiota enlouquecido dizerem:

"Foi o Banquo."

O senhor nos explicou.

Expliquei e fui al�m, e este � o objetivo deste nosso segundo encontro.
Expliquei e fui al�m, e este � o objetivo deste nosso segundo encontro.

Seria tamanha a paci�ncia dos senhores
para deixarem passar tudo em branco?

Ser� que s�o crentes a ponto de rezarem
por esse bom homem e seus interesses,

cuja m�o pesada os vergou sobre a tumba
e reduziu os seus � mis�ria?

Somos homens, meu soberano.

Sim,
s�o classificados como homens.

Portanto, se de homens t�m algo,
e n�o do mais baixo grau de virilidade, digam.

Ent�o, eu lhes confiarei a tarefa
cuja execu��o eliminar� seu inimigo.

Eu sou um, meu soberano,

a quem os golpes vis do mundo
tanto enfureceram,

que agiria de modo imprudente
para feri-lo.

E eu sou outro, t�o cansado
de desastres, marcado pela sorte,

que a vida arriscaria a qualquer momento,
para acert�-la ou de vez perd�-la.

Ambos sabem
que Banquo foi seu inimigo.

Verdade, meu senhor.
Verdade, meu senhor.

Pois � meu tamb�m.

E em �dio t�o mortal

que cada minuto de sua exist�ncia
� um golpe contra a minha pr�pria!

E embora eu pudesse, �s claras,
varr�-lo para longe,

apenas invocando minha vontade,
n�o devo faz�-lo.

Por esse motivo, recorro
agora ao seu gentil aux�lio,

a fim ocultar o crime dos olhos
do p�blico por raz�es de grande peso.

Senhor,
faremos o que nos mandar.

Mas nossas vidas...

A coragem
dos senhores � evidente.

Deve ser feito esta noite,
� dist�ncia do pal�cio.

E lembrem-se
de que n�o posso me envolver.

E com ele, para que o trabalho
n�o saia imperfeito,

Fleance, seu filho, deve abra�ar
o destino dessa hora sombria.

Estamos decididos, meu senhor.

Podem se retirar.

Banquo deixou o p�tio?

Sim, senhora,
mas ele retorna � noite.

E agora, meu senhor?

Por que fica sozinho,

na companhia
das fantasias mais desoladoras,

remoendo pensamentos que deveriam
ter morrido com aquilo no que pensa?

O que n�o tem rem�dio n�o merece
aten��o. O que est� feito, feito est�.

N�s ferimos a serpente,
n�o a matamos.

Ela cicatrizar�,
voltar� ao que era,

enquanto nossa pobre mal�cia
continuar� � merc� da mesma presa.

Antes ao lado dos mortos a quem,
para termos paz,

enviamos � paz, a ficarmos na tortura do esp�rito, em agita��o aflita.
Enviamos � paz, a ficarmos na tortura do esp�rito, em agita��o aflita.

Duncan est� no seu t�mulo.

Ap�s os percal�os da vida,
ele descansa tranquilo.

A trai��o j� fez o que de pior
podia. Nem a�o, nem veneno,

ardis dom�sticos, invas�o
de estrangeiros, nada mais pode atingi-lo.

Tenha calma, meu senhor.
Suavize a express�o pesada.

Seja animado e jovial
com os convidados esta noite.

Tenho a mente cheia
de escorpi�es, querida esposa.

Sabe que Banquo e Fleance vivem.

E em sua nobre natureza reina aquilo
que devemos temer. Ousado ele �.

E ao car�ter indom�vel
de sua mente,

une-se uma sabedoria que o guia
para agir com seguran�a.

N�o h� ningu�m, al�m dele,
a quem eu realmente tema.

O senhor precisa esquecer isso.

Ele repreendeu as irm�s
quando rei fui nomeado primeiro

e ordenou que falassem com ele.
E ordenou que falassem com ele.

Ent�o, profetizando, elas o saudaram
como pai de uma linhagem de reis.

Na minha cabe�a,
puseram uma coroa in�til,

e nas m�os, um cetro est�ril,

para me ser arrancado por um estranho,
pois filho n�o tenho como herdeiro.

Se assim for, pela descend�ncia
de Banquo, sujei minha alma.

Por eles, matei o am�vel Duncan.

Enchi de rancor o c�lice
da minha paz apenas por eles!

Minha joia eterna foi entregue ao inimigo
comum do homem para torn�-los reis!

As sementes de reis Banquo!

Mas neles, a c�pia da natureza
n�o � eterna.

Existe um consolo.

Eles s�o vulner�veis.
Pois alegre-se.

Antes de o morcego completar
o voo ao redor do castelo.

Antes de a H�cate negra
invocar o besouro esterqueiro

para que, com seu zumbido surdo,
contraponha o sil�ncio da noite,

um ato terr�vel ser� cometido.
Um ato terr�vel ser� cometido.

O que ser� feito?

Poupe sua inoc�ncia,
minha pombinha,

at� aplaudir o ato.

Venha, noite velada,

cubra os sens�veis
olhos do piedoso dia.

E com a m�o
sangrenta e invis�vel,

anule e rasgue em peda�os o grande
elo que me deixa t�o p�lido.

Escurece.

E o corvo voa
para a mata sombria.

Criaturas do dia
come�am a murchar e a cochilar,

e agentes negros da noite
saem � ca�a de presas.

Est� admirada
com minhas palavras, mas aguarde.

Coisas que come�am mal
no mal se fortalecem.

Quem o mandou se unir a n�s?

Macbeth.

N�o merece desconfian�a,
pois nos encomendou a tarefa

e nos instruiu
com ordens precisas.

Ent�o, fique conosco.

Uma luz. Uma luz!

Passe-me a luz, garoto.

Chover� esta noite.

Pois que chova.

Fleance!

Fuja, Fleance! Fuja!

S� um foi morto, o filho escapou.
S� um foi morto, o filho escapou.

Perdemos a melhor
metade da tarefa.

Bem, vamos embora
para contar o que foi feito.

O que achou de Macduff ter se recusado
a atender nosso convite solene?

- Mandou cham�-lo?
- Vossa Majestade!

J� conhecem os seus postos,
sentem-se.

A cada um dos senhores,
nossas calorosas boas-vindas.

Logo brindaremos
ao redor da mesa.

- Tem sangue no seu rosto.
- Ent�o, � de Banquo.

Antes no seu rosto
que nas veias dele.

Ele foi eliminado?

Senhor, a garganta dele
foi cortada. Isso eu fiz.

O senhor � o melhor
dos degoladores,

como quem tiver feito o mesmo com Fleance.
Se o senhor o fez, � inigual�vel.

Meu senhor real...

Fleance escapou.

Assim, volto a temer.
Do contr�rio, estaria perfeito.

Mas Banquo est� garantido?

Sim, meu bom senhor,

enterrado no fundo de uma vala,
com 20 talhos na cabe�a.

Um �nico j� teria bastado.

L� jaz a velha serpente.

O vermezinho que fugiu, um dia, ser�
venenoso, mas ainda n�o tem dentes.

V�o embora.

Meu real senhor, ainda n�o fez o brinde.
Meu real senhor, ainda n�o fez o brinde.

Bem lembrado.

Muito bem, a boa digest�o
pede bom apetite e a sa�de...

As duas coisas.

Sente-se, Vossa Alteza.

A nobreza da na��o estaria sob nosso
teto, se o gracioso Banquo aqui estivesse,

a quem prefiro repreender por indelicadeza
a lamentar por desventura.

Sua aus�ncia indica
que ele quebrou a promessa.

Por favor, Vossa Alteza,
honre-nos com sua presen�a real.

H� aqui um lugar reservado.

O que incomoda Vossa Alteza?

Qual dos senhores fez isto?

- O que, meu bom senhor?
- N�o podem dizer que fui eu.

Jamais sacuda a cabeleira
ensanguentada diante de mim!

Senhores, levantem-se. Sua Alteza n�o est� bem.
Senhores, levantem-se. Sua Alteza n�o est� bem.

Sentem-se, dignos.

Meu senhor costuma ficar assim,
desde jovem.

Pe�o que se sentem.

O acesso � passageiro.
Ele logo, logo se recupera.

O senhor � homem?

Sou, e dos corajosos, que ousam
encarar algo que espantaria o diabo!

Esta � a express�o do seu medo.

� como o punhal invis�vel
que o levou a Duncan.

Com a certeza de que estou aqui,
eu o vi!

Mas que vergonha.

Foi-se o tempo
em que os miolos saltavam,

o homem morria e era o fim!

Mas agora, os mortos se levantam
com 20 golpes fatais na cabe�a

e de nossas cadeiras
nos empurram!

Isso � mais estranho
que um assassinato!

Fora! Saia da minha frente!

Falta-lhe tutano nos ossos!

Seu sangue � frio!

N�o h� vis�o
alguma nesses olhos!

Fora, sombra horr�vel!

Zombaria imagin�ria, fora!
Zombaria imagin�ria, fora!

Pois agora

que se foi...

sou homem novamente.

Dignos amigos, n�o reparem.

Sofro de uma enfermidade estranha
que nada representa para quem me conhece.

O senhor expulsou a alegria e estragou
a reuni�o com esse tumulto espantoso.

Podem essas coisas existir
e nos cobrir como uma nuvem de ver�o,

sem nos surpreendermos?

Assim, sinto-me um estranho
diante de meu pr�prio car�ter,

ao vir que pode
suportar tais vis�es,

e manter sua face rosada,
enquanto fico p�lido de medo.

- Que vis�es, meu senhor?
- N�o se dirija a ele.

Ele est� piorando. Perguntas
o enfurecem. Agora, boa noite.

N�o importa a ordem de sa�da,
retirem-se j�.

Boa noite.
E melhoras � Sua Majestade...

Uma gentil noite a todos!

Haver� sangue.

Dizem...

que o sangue chama sangue.

� sabido que pedras se mexem
e �rvores falam.

Augures e interpreta��es
ocultas, pelo canto de gralhas,

corvos e pegas, j� revelaram
o assassino mais oculto.

Como est� a noite?

A competir com o dia,
sem saber qual � qual.

O que achou de Macduff ter se recusado
a atender nosso convite solene?

Mandou cham�-lo, senhor?

Eu soube indiretamente, mas mandarei.
Eu soube indiretamente, mas mandarei.

N�o h� nenhuma das casas
em que eu n�o tenha um olheiro.

Amanh�, procurarei as irm�s
bruxas. Elas devem falar mais.

J� trilhei tanto o caminho
do sangue

que recuar seria t�o penoso
quanto seguir adiante.

Tenho na mente estranhas ideias prestes
a p�r em a��o. Devem ser executadas

antes de serem analisadas.

Falta-lhe o tempero da natureza,
o sono.

Venha, vamos dormir.

Minha estranha vis�o � o medo
do iniciante que carece de experi�ncia.

Somos ainda imaturos demais.

� hora.

� hora.

AMANH�

Pelo formigar do meu polegar,

algo perverso
logo vai se passar.

Pois ent�o,
bruxas perversas da meia-noite.

O que est�o a fazer?

Um ato sem nome.

Eu as invoco

por aquilo que professam,
seja como o souberem, falem.

At� que a pr�pria destrui��o
se farte, respondam o que pergunto.

Fale.

- Pergunte.
- Responderemos.

Prefere ouvir de nossas bocas
ou da de nossos mestres?

Invoquem-nos. Deixem-me v�-los.

Duas vezes a labuta e a afli��o.

Arde o fogo
e borbulha o caldeir�o.

Duas vezes a labuta e a afli��o.
Arde o fogo e borbulha o caldeir�o.

Duas vezes a labuta e a afli��o.
Arde o fogo e borbulha o caldeir�o...

Dedo de um beb�
estrangulado ao nascer

parido por uma prostituta
numa vala.

F�gado de judeu blasfemo,

fel de cabra e teixo supremo.
Fel de cabra e teixo supremo.

Fatiado no eclipse lunar,
nariz de turco, l�bio singular.

E aqui,
o sangue do morcego defunto.

- Ponha junto.
- Ponha junto.

Ao redor do caldeir�o rodamos.

E as entranhas
envenenadas jogamos.

Para um encanto
de causar agita��o,

ferva, caldo infernal,
nesse caldeir�o.

Diga-me, poder desconhecido...

Ele sabe o que pensa. Ou�a
o que ele diz, n�o fale nada.

Macbeth. Macbeth. Macbeth.

Tome cuidado com Macduff.

Tome cuidado
com o duque de Fife.

Quem quer que voc� seja,
agrade�o o alerta.

Adivinhou o que eu sentia.
Mais uma coisa...

Ele n�o aceita ordens.

A� vem outro,
mais potente que o primeiro.

Macbeth. Macbeth. Macbeth.
Macbeth. Macbeth. Macbeth.

Se tr�s ouvidos tivesse,
te ouviria.

Seja sanguin�rio,
ousado e decidido.

Zombe do poder dos homens,

porque ningu�m nascido de mulher
poder� fazer mal a Macbeth.

Ent�o, Macduff pode viver.
Por que devo tem�-lo?

Ainda assim, por seguran�a redobrada,
farei um pacto com o destino.

O senhor n�o viver�,

para que eu diga ao medo que ele
mente e eu durma, apesar dos trov�es.

Mas quem � que surge
como descendente de um rei,

levando na cabe�a infantil
a coroa do poder soberano?

Escute,
mas n�o lhe dirija a palavra.

Macbeth jamais h� de ser vencido

at� a Floresta de Birnam contra ele
marchar na colina de Dunsinane.

Isso nunca acontecer�.

Quem pode convocar a floresta e mandar
as �rvores libertar as ra�zes da terra?

Mas meu cora��o anseia
por saber mais uma coisa.

Diga-me, se sua arte lhe permite.
Diga-me, se sua arte lhe permite.

Os descendentes de Banquo
vir�o a imperar neste reino?

N�o queira saber mais nada.

N�o queira saber mais nada.

Viu as irm�s bruxas?

- N�o, meu senhor.
- N�o passaram pela senhora?

Certamente, n�o.

Infectado seja o ar
por onde elas vagam.

E malditos aqueles
que em nelas confiam!

Ouvi o galopar de um cavalo.
Quem chegou?

Dois ou tr�s homens
que lhe trazem not�cias.

Macduff fugiu para a Inglaterra.
Macduff fugiu para a Inglaterra.

- Fugiu para a Inglaterra?
- Sim, senhor.

Tempo, assim antecipou
meus terr�veis prop�sitos.

A partir de agora,

os primeiros desejos do meu cora��o
tamb�m ser�o os da minha m�o.

Agora mesmo, para coroar meus pensamentos
com a��o, que seja pensado e feito.

Vou surpreender o castelo
de Macduff e de Fife me apoderar.

Passarei pelo fio
da espada esposa,

filhos e todas as almas
desgra�adas de sua linhagem!

N�o me gabarei como um tolo.

Antes que o prop�sito esmore�a,
realizarei esse dolo!

Chega de apari��es!

S� digo que as coisas
andam estranhas.

Macbeth chorou
pelo af�vel Duncan,

depois que estava morto.

O valente Banquo
caminhava tarde da noite.

E, pode-se dizer, que foi morto
por Fleance, pois Fleance logo fugiu.

N�o se deve caminhar t�o tarde. Eu
soube que Macduff caiu em desgra�a.

Senhor,
sabe dizer onde ele est�?

Malcolm,
o filho de Duncan de quem

este tirano tomou a heran�a,

vive na corte da Inglaterra.

Macduff foi para l�,
suplicar aux�lio do rei.

Essa not�cia tanto exasperou Macbeth
que ele se prepara para uma guerra.

Que um anjo sagrado voe
at� a corte da Inglaterra

e d� esse recado
antes de ele chegar,

para que as b�n��os possam
logo renascer nesta p�tria sofrida

sob o peso da m�o maldita.
Sob o peso da m�o maldita.

O que ele fez para partir assim?

- Tenha paci�ncia, senhora.
- Mas ele n�o teve.

Essa fuga foi loucura.

Se n�o nossos atos, nossos
temores fazem de n�s traidores.

A senhora n�o sabe
se foi sabedoria ou temor.

Sabedoria!

Abandonar a esposa, deixar
os filhos, o pal�cio e os t�tulos,

em um lugar de onde
ele mesmo fugiu?

Ele n�o nos ama.

Falta-lhe o instinto natural.

At� a corru�ra,
o menor dos passarinhos,

para defender a prole
no seu ninho, enfrenta a coruja.

Querida prima,
por favor, controle-se.

Pois seu esposo � nobre,
s�bio, sensato,

e conhece bem os caprichos do tempo.
E conhece bem os caprichos do tempo.

N�o me atrevo a falar mais.

Mas cruel � a �poca

em que somos
traidores sem sab�-lo,

quando cremos em boatos
sobre o que tememos, sem saber o que temer,

sen�o flutuar em um mar revolto
e violento, sem dire��o alguma.

Minha bela prima.

Pai ele ainda tem, no entanto,
� como se j� n�o tivesse.

Sirrah, seu pai est� morto.

O que voc� vai fazer agora?
Como vai viver?

Pelo que est� falando,
meu pai n�o est� morto.

Sim, ele est� morto.

Como vai fazer
para arrumar um pai?

N�o, como vai fazer
para arrumar um esposo?

Ora, posso comprar 20 deles
em qualquer mercado.

Ent�o,
vai compr�-los para revend�-los?

Voc� fala com grande ast�cia, demais at� para a sua idade.
Voc� fala com grande ast�cia, demais at� para a sua idade.

Meu pai foi um traidor, m�e?

Sim, ele foi.

O que � um traidor?

Ora,
� a pessoa que jura e mente.

Todos os que fazem
isso s�o traidores?

Todos que assim fazem s�o
traidores e merecem ser enforcados.

E quem os enforca?

Ora, os homens honestos.

Ent�o, aqueles
que mentem e juram s�o tolos,

pois s�o numerosos o bastante para vencer
e enforcar os homens honestos.

- Senhora.
- Como voc� fala.

Aben�oada seja, dama.

A senhora n�o me conhece, mas sou
bem informada de sua posi��o.

Receio que corra
perigo iminente.

Se aceita o humilde
conselho de uma criada,

n�o fique aqui.

Fuja com seus filhos.

Fugir para onde?
Nunca fiz mal algum.

Mas agora me lembro.

Vivo neste mundo terreno em que,
com frequ�ncia, fazer o mal � louv�vel,

e, por vezes, fazer o bem
� visto como perigosa loucura.

Por que, ent�o,
me valho dessa defesa feminina

para dizer
que n�o fiz mal algum?

Onde est� seu esposo?

Que n�o seja em lugar algum t�o profano
onde os senhores possam ach�-lo.

- Ele � um traidor.
- Mentira!

- N�o!
- Como, seu pirralho?

N�o, n�o, n�o! N�o!

N�o! N�o! N�o!

Vamos procurar um local deserto

para l� chorarmos as nossas tristezas.
Para l� chorarmos as nossas tristezas.

Melhor empunharmos
a espada mortal

e, como bons homens, nossa
abatida terra natal defender.

A cada manh�,
novas vi�vas lamentam,

novos �rf�os choram
e novas dores a�oitam o C�u,

que retumba
como se sofresse com a Esc�cia

e gritasse com a mesma
intensidade da dor.

O que o senhor diz
pode ser verdade.

Esse tirano, cujo nome
nos enche a l�ngua de feridas,

j� foi considerado honesto.

Veja, quem se aproxima?

Meu sempre gentil primo.

Seja bem-vindo.

Eu agora o reconhe�o.

Que Deus afaste as circunst�ncias
que nos separam.

Senhor, am�m.

A Esc�cia est� no mesmo lugar?

Ai, pobre p�tria.

Quase temerosa de se reconhecer.

N�o deve ser chamada "nossa
m�e", mas sim, "nossa cova",

porque ningu�m, al�m daqueles
que de nada sabem, � visto sorrindo.

Suspiros, gemidos e gritos enchem o ar, sem serem percebidos.
Suspiros, gemidos e gritos enchem o ar, sem serem percebidos.

A dor violenta se assemelha
a uma como��o trivial.

Qual � o mais recente desgosto?

Considerar a �ltima hora � zombar de quem vem
relat�-la. A cada minuto, surge um.

Como est� minha esposa?

Ora, bem.

E os meus filhos?

Bem tamb�m.

O tirano n�o lhes tirou a paz?

N�o, estavam todos bem e em paz,
quando os deixei.

N�o seja mesquinho
com as palavras. O que houve?

Ao vir para c�, para trazer
as not�cias que me s�o t�o penosas,

soube de boatos de que companheiros
dignos estavam em campo.

Agora � hora de ajudar.

Sua presen�a na Esc�cia mobilizaria
soldados e faria nossas mulheres lutar,

- para se livrarem de suas desgra�as.
- Sintam-se confortados.

Estamos indo.

O rei da Inglaterra nos cedeu
o bom Siward e mais dez mil homens.

O soldado mais forte e experiente de toda a Cristandade.
O soldado mais forte e experiente de toda a Cristandade.

Quem me dera retribuir
com not�cia assim animadora.

Mas trago palavras que devem
ser urradas ao ar do deserto,

onde n�o podem ser ouvidas.

A que dizem respeito?

� causa de todos?

Ou a uma dor particular
que s� a um afeta?

Alma nobre alguma se furtaria
a compartilhar desse pesar.

Por�m, a maior parte,

cabe somente ao senhor.

Se a mim cabe, n�o me esconda.
Vamos, diga logo.

Que seus ouvidos n�o odeiem
para sempre minha l�ngua,

que exprimir� os sons mais
tristes por eles jamais ouvidos.

J� posso imaginar.

Seu castelo foi atacado, e sua esposa
e seus filhos, mortos barbaramente.

Relatar como se deu...

iria lhe causar tanta dor que sua morte poderia provocar tamb�m.
Iria lhe causar tanta dor que sua morte poderia provocar tamb�m.

C�u misericordioso.

Vamos, homem.

D� palavras � sua dor.

Pois a tristeza contida sussurra
para o cora��o, pedindo-lhe para explodir.

Meus filhos tamb�m?

Esposa, filhos, criados,
todos os que foram encontrados.

- Minha esposa foi morta tamb�m?
- J� falei.

Console-se.

Fa�amos da nossa grande vingan�a
o rem�dio para curar esse luto fatal.

Ele n�o tem filhos!

Todos os meus pequenos?

O senhor disse "todos"?

Abutre do inferno. Todos?

Os lindos filhotes com a m�e,
num s� mergulho?

- Reaja como homem.
- Eu o farei!

Mas tamb�m devo sentir como homem.
Mas tamb�m devo sentir como homem.

N�o consigo deixar de lembrar
das coisas que me eram mais preciosas.

O C�u testemunhou e nada fez?

Macduff pecador.

Por sua causa,
eles foram mortos.

N�o por seus pecados, mas s�
pelos meus, suas almas foram abatidas.

- Que o C�u os ampare.
- Que seja essa a pedra a afiar a espada.

Que a dor se transforme em ira.
N�o embote o cora��o, enfure�a-o!

Eu poderia chorar como mulher
e com palavras me gabar.

Mas, C�u clemente,
v� direto ao ponto.

Coloque-me frente a frente
com esse dem�nio da Esc�cia,

estando ele ao alcance
da minha espada.

Se ele escapar,

que o C�u o perdoe tamb�m.

Quando sonambulou por �ltimo?

Desde que Sua Majestade
partiu para o combate,

eu a tenho visto levantar-se
da cama, jogar nas costas o roup�o,

abrir a escrivaninha,
tirar uma folha de papel,

dobr�-la, escrever algo nela,
ler o que escreveu,

depois, sel�-la e, de novo,
voltar para a cama.

No entanto, ela faz tudo isso
no mais profundo sono.

Nessa agita��o do sono,

al�m das caminhadas
e de a��es concretas,

a senhora j� a ouviu
dizer alguma coisa?

Ouvi coisas, senhor,
que n�o repetirei.

Nem ao senhor nem a ningu�m,

j� que n�o h� testemunha
para confirmar o que disser.

Veja, l� vem ela.

� assim que ela sempre faz e, juro
por minha vida, em sono profundo.

- Observe-a. Aproxime-se.
- Veja, os olhos dela est�o abertos.

Sim, mas o sentido, fechado.

Como ela conseguiu a vela?

Sempre tem uma por perto.
� ordem dela.

O que est� fazendo agora?

Veja como ela esfrega as m�os.

J� a vi ficar assim
durante um quarto de hora.

Ainda h� uma mancha.

Ou�a, ela est� falando.

Saia, mancha maldita!
Saia, eu digo.

Um... dois.

Pois ent�o,
j� est� na hora de faz�-lo.

O Inferno � sombrio.

Que vergonha, meu senhor,
que vergonha. Um soldado com medo?

Por que devemos temer, se ningu�m
pode nos cobrar satisfa��o?

Mas quem imaginaria que o velho tivesse tanto sangue no corpo?
Mas quem imaginaria que o velho tivesse tanto sangue no corpo?

O duque de Fife tinha esposa.
Onde est� ela agora?

Qu�?

J� chega disso, meu senhor,
j� chega disso.

Vamos. A senhora ficou sabendo
mais do que deveria.

Ela falou o que n�o deveria,
disso eu tenho certeza.

Aqui ainda sinto
o cheiro de sangue.

Nem todo o perfume da Ar�bia
deixaria cheirosa esta m�ozinha.

Que gemido!

O cora��o est�
dolorosamente carregado.

Esta doen�a extrapola minha compet�ncia.
Esta doen�a extrapola minha compet�ncia.

No entanto, j� conheci son�mbulos
que morreram santamente em suas camas.

Deus. Que Deus nos perdoe.

Lave as m�os, vista o roup�o.

N�o fique assim, t�o p�lido.

Volto a dizer, Banquo est�
enterrado, n�o pode sair da tumba.

Circulam rumores terr�veis.

Atos desnaturados
geram problemas sobrenaturais.

Mentes infectadas despejam
seus segredos nos travesseiros surdos.

Mais ela precisa do padre
do que do m�dico.

- Ela agora ir� para a cama?
- Diretamente.

Est�o batendo no port�o.
Venha, venha!

Venha, venha. D�-me a sua m�o.

O que est� feito
n�o pode ser desfeito.

Para a cama.

Para a cama.

Para a cama.

Para a cama. Para a cama.

Que floresta �
esta logo � frente?

� a Floresta de Birnam.

A for�a inglesa se aproxima, liderada
por Malcolm, Siward e Macduff.

Eles t�m sede de vingan�a.

E o que faz o tirano?

O grande Dunsinane ele refor�a.

Uns dizem que enlouqueceu. Os que menos
o odeiam, chamam de ira corajosa.

Mas certamente, falta-lhe autoridade
para controlar sua causa desvairada.

Ele agora sente seus crimes
secretos grudando em suas m�os.

Os que ele lidera s�o movidos
a comandos, n�o o fazem por estima.

Agora ele sente
que seu t�tulo n�o lhe cabe,

como uma t�nica de gigante
roubada por um an�o.

Que o diabo o deixe preto,
seu tolo de cara branca.

De onde tirou
essa cara de ganso?

- � que h� dez mil...
- Gansos, vil�o?

Soldados, senhor.
Soldados, senhor.

V� beliscar o rosto e cobrir
de vermelho seu medo, f�gado de l�rio!

Que soldados, tolo?

Que morra sua alma.

Essas bochechas brancas
s�o conselheiras do medo.

Que soldados, cara de leite?

O ex�rcito ingl�s, senhor.

Saia da minha frente.

Seyton!

D�i-me o cora��o quando vejo...
Seyton, eu chamei!

Essa batalha me consagrar� para sempre
ou me destronar� de uma vez.

J� vivi bastante.

Minha vida inclina-se para o outono
das folhas amareladas.

E aquilo que deveria acompanhar a velhice:
Honra, amor, obedi�ncia, in�meros amigos,

j� n�o posso almejar.

Seyton, que mais novidades tem?

Confirmo o que foi relatado,
senhor.

Lutarei at� que me tirem
toda a carne dos ossos!

- Traga minha armadura.
- � cedo.

Quero vesti-la.
Mande mais cavalos.

Percorram a regi�o.
Enforquem aqueles que temem.

Traga minha armadura!

- Como vai a paciente, doutor?
- N�o est� t�o doente,

mas atormentada por frequentes
vis�es que do sono a t�m privado.

Cure-a disso.

O senhor n�o pode encontrar
rem�dio para uma mente doente,

retirar da mem�ria uma tristeza enraizada,
apagar as perturba��es gravadas no c�rebro

e com um ant�doto de esquecimento aliviar
o peito dos males que pesam no cora��o?

Para isso, a paciente
deve tratar a si mesma.

Atire a medicina aos c�es!
N�o quero saber dela!

Seyton! Envie-os!

Medo n�o terei
da morte e da desgra�a

at� que a Floresta de Birnam
para Dunsinane vire amea�a!

Que cada soldado corte um galho
e o carregue diante de si.

Assim ser� feito.

S� sabemos que o tirano confiante
ainda se encontra em Dunsinane,

de onde resistir�
ao nosso cerco.

� o que ele espera.
� o que ele espera.

Ningu�m luta ao lado dele sen�o
obrigado, seus cora��es est�o ausentes.

Pendurem nossas bandeiras
nas muralhas externas!

O grito ainda �: "A� v�m eles!"

A for�a de nosso castelo
desdenhar� desse cerco.

Que l� eles fiquem, at� que a fome
e a febre os exterminem!

Lidere nossa primeira batalha.

O digno Macduff e n�s cuidaremos
do que mais for preciso fazer.

Se as for�as do tirano esta noite viermos a encontrar,
Se as for�as do tirano esta noite viermos a encontrar,

� melhor morrermos,
se n�o pudermos lutar!

Ao encontro dele,
avante com a guerra!

Por aqui! Por aqui!

Tiv�ssemos aqueles
que deveriam ser nossos,

poder�amos enfrent�-los
com aud�cia, frente a frente,

e os mandar�amos
de volta para casa.

Estamos perto o suficiente!

Baixem suas folhagens.
E revelem-se como s�o!

Soem todos os nossos clarins!

Soprem do modo mais forte

nesses clamorosos arautos
de sangue e morte!

Que barulho � esse?

� o choro de mulheres,
meu senhor.

Quase me esqueci
do gosto do medo.

J� houve �poca em que meus sentidos
congelavam ao ouvir um grito noturno.

E meus pelos se arrepiavam s� de ouvir
um relato f�nebre, como se tivessem vida.

Por que a choradeira?

A rainha, meu senhor,
est� morta.

Ela deveria ter morrido depois.

Teria havido uma ocasi�o
para essa not�cia.

O amanh�... o amanh� e o amanh�

arrastam-se nesse ritmo lento,
dia ap�s dia,

at� a s�laba final do tempo narrado.
At� a s�laba final do tempo narrado.

E todos os ontens iluminaram para n�s,
tolos, o caminho at� o p� da morte.

Apague. Apague, vela fugaz.

A vida � s�
uma sombra ambulante,

uma pobre atriz que se agita
por uma hora no palco,

e logo sai de cena.

� uma hist�ria
contada por um idiota...

cheia de barulho e f�ria
que nada significam.

Meu gracioso senhor,
devo relatar que vi o que digo,

mas n�o sei como me expressar.

Bem, fale, senhor.

Eu olhei em dire��o a Birnam
e tive a impress�o

de que a floresta
come�ou a se mexer.

Suportarei sua ira,
se n�o for verdade.

A cinco quil�metros d� para v�-la, � um bosque em movimento.
A cinco quil�metros d� para v�-la, � um bosque em movimento.

Se o senhor estiver mentindo,

no galho mais pr�ximo ser� dependurado,
at� que a fome o fa�a definhar!

"Nada tema at� que a Floresta
de Birnam para Dunsinane vire amea�a."

Agora uma floresta
vem a Dunsinane.

�s armas! �s armas e para fora!

Se o que ele afirma
realmente acontecer,

de nada adianta daqui fugir,
nem aqui permanecer.

Soem o sino de alarme!

Sopre, vento! Venha, destrui��o!

Ao menos morreremos
tendo a armadura como prote��o.

Qual � seu nome?

O senhor ter� medo de ouvi-lo.

N�o.

Nem que seu nome
seja o pior do inferno.

Meu nome � Macbeth.

Nem o diabo poderia pronunciar
um nome mais odioso aos meus ouvidos.

N�o, e nem mais temeroso.

Mentira, tirano abominado.

Com a minha espada provarei
que o senhor mente!

O senhor nasceu de uma mulher?

Vire, c�o do inferno, vire!

Entre todos os homens,
s� ao senhor evitei. V� embora.

J� tenho a alma carregada demais
de seu sangue.

N�o me restam palavras.

Minha voz � minha espada.

Que sua l�mina recaia sobre cristas vulner�veis.
Que sua l�mina recaia sobre cristas vulner�veis.

Um encanto me ampara. A vida n�o me ser�
tirada por algu�m nascido de mulher.

Esque�a o encanto.

E deixe que o anjo a quem serviu
at� hoje lhe contar

que Macduff foi tirado
precocemente do ventre materno.

Amaldi�oada seja
a l�ngua que me diz isso.

- N�o o enfrentarei.
- Ent�o, entregue-se, covarde.

N�o capitularei para beijar
o ch�o aos p�s do jovem Malcolm,

nem para ser zombado
por inj�rias da plebe.

Embora Birnam tenha vindo a Dunsinane
e o senhor, que me resiste,

n�o tenha nascido de uma mulher,
lutarei at� o fim.

Ataque, Macduff.

E amaldi�oado seja quem primeiro
gritar: "Pare, chega!"

Salve, salve, rei da Esc�cia.

Salve, rei da Esc�cia!

Salve, rei da Esc�cia!
Salve, rei da Esc�cia!

BASEADO NA PE�A DE
WILLIAM SHAKESPEARE

Legendas: Fl�via Fusaro