All language subtitles for Taking Sides (István Szabó, 2001).portuguese-brazil

TOMANDO PARTIDO

Um roteiro de
Ronald Hardwood

Dirigido por
ISTV�N SZAB�

Dr. F�rtwangler: O ministro Rzeszy

Dr. F�rtwangler.

Quero pedir desculpas pessoalmente,
por esta falta de energia.

Estava t�o absorto na apresenta��o

em tempos como estes...

necessitamos de alimento
para a alma.

E aproveito esta inesperada
oportunidade para falar com voc�.

Quando entrou no palco esta noite,

pensei que n�o estivesse bem,

parecia cansado,

fique longe desse bombardeio...
fuja da guerra.

Devia ir para o estrangeiro...
por um tempo.

Sim.

Parece cansado.

Assim como esta luz.

Veja-os... homens,
mulheres e crian�as.

J�, j�, todos o amam,

est� vendo Steve.

Adolf Hitler tocou no fundo do
cora��o, bem fundo, selvagem.

B�rbaro,

e n�o desaparecer� num dia.

Tem que ser arrancada a raiz.

Sabe o que penso?

Acho que eram todos nazistas.

Sejamos sinceros,

seus l�deres, aqueles bastardos que est�o
agora sendo julgados em Nuremberg,

n�o poderiam ter feito sozinhos.

� toda essa gente,

eles deram toda a assist�ncia
necess�ria,

voluntariamente.

Ele �, F�rtwangler.

Wilhelm F�rtwangler.

Tamb�m nunca tinha ouvido
falar dele?

N�o.

Sabe quem � Arturo Toscanini?

Claro.

� t�o grande quanto Toscanini,
talvez melhor.

Neste assunto, ele � Bob Hope
e Betty Grable num s�.

Vai, eu nunca ouvi falar dele.

Antes da guerra,
estava envolvido com seguros.

Na verdade, consultor.

Meticuloso, determinado, tenaz.

Disseram que eu era tenaz?

Bem, aqui diz, que quando
tinha um caso, n�o largava.

N�o podemos levar todos os nazistas
deste pa�s para julgamento.

Embora gostasse, � imposs�vel.

Vamos por os chefes, na ind�stria,
educa��o, direito, cultura...

Como este l�der de banda.

Bem, � mais do que
l�der de uma banda, Steve.

� um grande regente.

Um artista talentoso.

Mas achamos,
que se vendeu para o diabo.

Sua prioridade a partir de agora
� conect�-lo ao partido nazista.

N�o fique impressionado com ele.

Quero que o nosso povo entenda,
porque entramos nesta guerra.

Busque a culpa do F�rtwangler.

Representa tudo o que
estava podre na Alemanha.

N�o se levante, Steve, tem outras
coisas que deve ver. Antecedentes.

Ah, uma coisa que pode ser
um problema.

Nossas autoridades de ocupa��o
em Wiesbaden,

t�m o dever de ajudar esses
desgra�ados na sua defesa.

Repetem sempre, devemos ser justos,
parecer ser justo.

Bem, s� tenho uma coisa a dizer
para esses liberais em Wiesbaden:

Que se danem!

S� informar� a mim.
Entendeu?

Mostre o filme.

Sim, senhor.

Essa � a m�o que lan�ou as bombas
na indefesa Roterd�.

Bruxelas.

Belgrado.

Essa � a m�o que destruiu as cidades,
as vilas e as casas da R�ssia.

A m�o que usou o chicote nos poloneses,
iugoslavos, franceses e noruegueses.

Essa � a m�o que tirou sua comida.

As condi��es sanit�rias eram t�o ruins que
foi necess�rio equipamento pesado.

Isso... era Bergen Belsen.

Lembrem, n�o confraternizem.

Numa cidade alem�, saudar uma garota ou
acariciar uma crian�a, � homenagear Hitler.

� homenagear o reino do terror, a ideologia
que trouxe a morte e a destrui��o.

Nunca saber� quem era membro do partido
nazista. N�o se engane, n�o confraternize.

Cigarros? Chicletes?

Cigarros? Chicletes?

Teremos a calefa��o reparada
para esta noite.

Senhorita este � o Major Arnold.

Senhor, esta � a sua secret�ria.
A senhorita Emmi Straube.

Seu hist�rico est� em sua mesa, a
administra��o a enviou, voc� decide.

Mora aqui, em Berlim?

Sim.

Sabe taquigrafia e datilografia?

Sim.

Quanto tempo ficou presa?

Tr�s meses.

Aqui diz que foi por seu pai,
o que significa?

Meu pai era um dos oficiais
no compl� contra Hitler.

Prenderam os conspiradores
e suas fam�lias.

Tamb�m prenderam a sua m�e?

Sim. Ela sofreu mais.
Ela estava em Ravensbr�ck.

E seu pai foi executado.

Vou te chamar de Emmi, e voc�
me chamar� de Steve, certo?

Aqui est� uma lista de coisas
que necessito.

Se precisar de alguma coisa,
me diga.

Major.

Steve.

Tem mensagens para voc�.

O tenente David Wills ligou

do escrit�rio de assuntos culturais do
centro do Comando Aliado em Wiesbaden.

N�o sei quem �.

H� 3 chamadas do Dr. F�rtwangler,
perguntando se voc� queria v�-lo.

N�o conversei com ele pessoalmente...

Pode me pegar aqueles pap�is?

Ah, sim, tenho as grava��es
de todas as suas sinfonias.

Mantive elas guardadas
durante o bombardeio.

A minha favorita
� a s�tima sinfonia.

E a minha � a onze.

Mas... ele s� escreveu 9, Major.

Estou brincando. Emmi.

Tem um toca-discos, tamb�m?

N�o, o que tivemos foi destru�do.

O que h� nesses arquivos?

Os membros da Orquestra Filarm�nica de
Berlim desde 1934 e os interrogat�rios.

Major, o que digo ao Dr. Furtw�ngler?

Nada, Emmi.

Se ligar novamente,
diga que n�o sabe nada.

Faremos ele esperar

at� que conhe�a o seu caso

e fale com as testemunhas.

E que Deus me ajude com Beethoven.

Sim.

O Tenente Wills se apresentando
ao Major Arnold.

Pelo amor de Deus,
odeio essa merda.

Desculpe.

Sou o Steve. Qual � o seu nome?

David Wills, sou sua liga��o com o comit�
de assuntos culturais do Comando Aliado.

Parece muito importante.

Ent�o enviando os lobos
para me vigiar.

Agora recrutam crian�as?

Acho que sim, senhor.

Se me chamar de senhor outra vez,
te farei ouvir o Beethoven.

De onde voc� �, David?

Nasci aqui, em Leipzig. Escapei em 36. Meus
pais me mandaram para um tio na Filad�lfia.

Eles viriam depois...
mas atrasaram... e...

Nosso sobrenome era Weill, mas n�o soa bem
em ingl�s e meu tio mudou para Wills.

Ah, entra Emmi.

Este tamb�m � seu escrit�rio.

Emmi,
este � o Tenente David Wills

Est� aqui para nos vigiar.

Acho que admira os m�sicos.

Alguns.

N�o o fa�a. Isto � como uma
investiga��o criminal, David.

M�sicos, advogados, m�dicos, legistas,
a�ougueiros, funcion�rios, todos iguais.

Temos um dever. Um dever moral.

Funciona.

Sr. Rudolf Werner.

Sente-se Werner.

Quero que compreenda...
por que voc� est� aqui

Esta � uma investiga��o do Wilhelm
Furtw�ngler, ex-conselheiro prussiano.

Privado da vida p�blica pela ordem
n� 24 do Conselho de Controle.

E ele pede para vir ao Tribunal de
Artistas da Comiss�o de desnazifica��o.

Estou interessado no que ele fez de
1933 at� o final da guerra. Entendido?

Sim.

Rudolf Otto Werner. Se��o de sopro
desde 1936. Que instrumento toca?

Primeiro obo�.

Tenho aqui o seu interrogat�rio. Diz que
nunca foi membro do partido nazista.

Absolutamente n�o.

N�o, nunca fui um nazista. N�o me
interesso por pol�tica. Sou um m�sico.

Ei, ei, calma, Fraulein Straube
precisa anotar o que diz.

Straube?

Parente do Coronel Joachim Straube?

Meu pai.

� uma grande honra conhec�-la,
seu pai foi um grande patriota.

O Dr. Furtw�ngler � um grande m�sico.
Foi opositor ativo dos nazistas.

E mais tarde ajudou na fuga
de muitos judeus.

Ent�o, como explica ser nomeado
Conselheiro Privado Prussiano?

Hermann Goering decidiu, o nomeou
Conselheiro Privado, sem perguntas.

Embora o Dr. Furtw�ngler
atendesse ele e o Dr. Goebbels.

Tamb�m regeu para Hitler, certo?

Sim, � verdade. Mas sempre se
recusou a fazer a sauda��o nazista.

Na presen�a de Hitler,
era um ato de coragem.

Coragem?

Comemorar o anivers�rio de Hitler com uma
pe�a de Wagner e sem a sauda��o nazista?

Bravo!

Foi a Nona de Beethoven.

Realmente acha que era corajoso?

N�o se curvava diante dele
e apertava a sua m�o?

N�o, n�o, n�o, dou a minha palavra. Nunca
fui membro do partido nazista. Nunca.

Sou da se��o de percuss�o.
Toco timbales.

De qualquer jeito,
nunca teriam permitido.

Meu irm�o casou com uma judia,
descanse em paz.

E Goebbels disse... por favor, anote com
cuidado, � muito importante... senhorita...

Straube.

Straube? Por acaso � parente
do Coronel Joachim Straube?

� o meu pai.

Ele foi... foi um grande her�i.

Goebbels, sim,
Josef Goebbels disse:

N�o h� um s� judeu pelo qual o Dr.
Furtw�ngler n�o tenha intercedido.

N�o, n�o, ningu�m pode ser menos
nazista que o Dr. Furtw�ngler.

Mas era o mesmo cara que regeu
para Adolf no seu anivers�rio.

Foi for�ado a fazer. Se recusava a fazer
a sauda��o nazista diante de Hitler.

Mantinha a batuta na sua m�o. N�o se
pode saudar com uma batuta na m�o.

E sobre o com�cio de Nuremberg?

N�o, n�s tocamos � tarde,
antes do com�cio.

Ah! � tarde, antes do...
Eu sei.

Sim. O Dr. Furtw�ngler deixou
absolutamente claro:

A pol�tica e a arte
devem ficar separadas.

A pol�tica e a arte devem se
manter separadas, vou lembrar.

Vamos ver se pode me ajudar
em algo que n�o entendo.

O que eu realmente quero saber � por
que todo voc�s s�o loucos por ele?

Qual � o seu segredo?

Bem, � dif�cil explicar. S� posso
falar da minha pr�pria experi�ncia.

S� depois de juntar-me � orquestra.

Est�vamos ensaiando a terceira
sinfonia de Beethoven, a Er�ica.

Tem algumas passagens muito
dif�ceis para os timbales.

Principalmente num crescendo.

No intervalo, perguntei
como gostaria que tocasse.

Ele estava estudando a sua parte.

Sem olhar para cima, ele disse:
"Apenas olhe para mim".

Fiz isso. Fiquei olhando para ele.

Chegou o momento.

E de repente se virou para mim.

Nossos olhares se fundiram.

Havia algo no seu olhar...

que simplesmente demandava
o crescendo.

Nunca esquecerei aquele olhar.
Foi um momento... m�gico.

J� viu os olhos de Hitler
ao fazer um discurso?

Viu nos filmes?

Sim.

Era como o olhar do Furtw�ngler?

N�o sei o que quer dizer, Major.

Quando voc� conseguiu o crescendo.

Acha que uma orquestra completa, uns
140 caras, podem ser orquestrados?

Acho que � poss�vel.

Bem, o que quer Russki?

O Coronel Dymshitz
pediu especialmente para v�-lo.

"Cara de merda"?

Que diabos est�o fazendo?

Est�o tentando classificar
as obras de arte

roubadas pelos nazistas nos
territ�rios ocupados.

Quem realmente � o dono?

Nesse lado est� o coronel Dymshitz

historiador de arte, diretor do
famoso museu de arte de Leningrado.

� um especialista
em cultura germ�nica.

O que disse?
Henri, o que disse?

Disse que a pintura �
propriedade da Fran�a.

� um Braque, que com Picasso
foram os pioneiros do cubismo.

Sei quem � Georges Braque, Capit�o.

Podemos comprovar a
proced�ncia deste Braque.

Digo bem... proced�ncia!

Ol� Major, sou o coronel Dymshitz,
feliz em tem ver.

� um prazer.

Diga-me...
J� entrevistou o Dr. F�rtwangler?

Ainda n�o.

Tive duas entrevistas com ele.

� um grande m�sico.
Talvez o maior maestro do mundo.

Seu Brahms, Beethoven, Schubert,
s�o incompar�veis.

Vou direto ao ponto. Lhe ofereci
um posto muito interessante.

Diretor da
Staatsoper Unten den Linden.

Ele recusou.

Mas quero ele.
Desejo fervorosamente.

Preciso da sua ajuda.

Ei, espera um pouco. Devia ter
falado isso comigo primeiro.

Estou falando com voc� agora.

Major, quero que pare a investiga��o.

Nos poupar� tempo e aborrecimentos.

N�o podemos deixar um caso assim.

Em troca, te darei outro diretor, escritor,
m�sico ou ator, quem se importa?

Mas eu gosto do Furtw�ngler.

� o meu diretor favorito.

O meu e o de Hitler.
Ele � o nosso diretor favorito.

Bati meus calcanhares, saudei
e me dobrei ao mesmo tempo.

Isso � porque teve uma boa educa��o.

Certo. Fui educado corretamente.
Somos muito germ�nicos.

N�o fale antes que te falem.

Ah! e n�o movimente as m�os.

Respeite os mais velhos
e os seus superiores.

N�o ponha os cotovelos na mesa!

Comer � comer!

E falar � falar!

Acho que devemos continuar.

Bem. Isso tamb�m ser� muito formal.

O tenente David Wills quer o prazer
da companhia da Srta. Emmi Straube

para jantar,
na noite que ela quiser.

David,
preciso te perguntar uma coisa:

Ouviu o boato que os brit�nicos encontraram
algo chamado de arquivo Hinkel?

O que �?

Os brit�nicos ocuparam o pr�dio,
onde este cara... Hinkel,

dirigia o minist�rio
da cultura nazista,

Parece que eles... descobriram
seus arquivos secretos.

O que significa isto?

N�o sei. Mas os brit�nicos
est�o muito felizes.

O boato � que Hinkel tinha uma pasta de
cada artista que trabalhava no III Reich.

Bem. Acha que os Brit�nicos
compartilhar�o com seus aliados?

O Major Richard disse que nos
chamaria para dizer.

� apreciado.

OK. � melhor interrogarmos
a pr�xima testemunha.

Aposto uma garrafa
de champanhe francesa

que contar� a hist�ria
da batuta antes de 10 minutos.

Cinco minutos.

� uma aposta.
Emmi, � a testemunha.

Helmuth Alfred Rode,
segundo violinista desde 1935.

O que significa,
segundo violinista?

Significa que n�o era suficientemente
bom para ser o primeiro violinista.

Bom.

Segundo seu question�rio, Helmuth,
nunca se juntou ao partido nazista.

Eu? Nunca. Nunca.

Eu... sei que todos dizem
que nunca foram nazistas.

Mas no meu caso � 100% verdadeiro.

Sou cat�lico.

Seria totalmente contra
a minha consci�ncia.

� verdade que hoje vai entrevistar
o Dr. Furtw�ngler?

Eu fa�o as perguntas, Helmuth.

Desculpe.

Sabia que se recusava a fazer a sauda��o
nazista quando Hitler estava na plateia?

O problema era como evitar fazer a sauda��o
do diabo, quando o Satan�s estava l�.

Me diz, Dr. Furtw�ngler, por que n�o
entrar com a batuta na m�o direita?

Hitler estar� sentado
na primeira fila.

Se o saudar com a batuta na m�o direita,
parecer� que vai arrancar os seus olhos.

Ele era...
ele era grato por isso.

Ap�s o concerto,
eu... roubei a batuta.

Como mem�ria de um grande
ato de coragem.

Eu ainda a tenho.

Deveria ter trazido para mostr�-la.

Espero n�o ir r�pido demais para
voc� senhorita...

Straube.

Straube? Algum parentesco
com Joachim Straube?

Meu pai.

� uma honra estar na sua presen�a,
senhorita Straube.

Seu pai foi um verdadeiro patriota.
Um homem de Deus.

David, tem alguma pergunta
para o Helmuth?

Sim.

Qual foi a rea��o da orquestra quando foi
dito que tocariam no anivers�rio de Hitler?

Ah, n�o tocamos no seu anivers�rio,
tocamos na tarde anterior.

Foi em 19 de abril, e n�o 20.

Conhece o Hans Hinkel?

Se conhe�o Hans Hinkel?

� o que perguntei.

Se conhe�o Hans Hinkel?

Parece entender a pergunta,
o que acha de responder?

Hans Hinkel estava no
Minist�rio da Cultura.

Como posso conhecer um homem assim?

Ouvi dizer que os brit�nicos t�m o seu
arquivo, suas anota��es, seus registros...

Sabe o que havia no arquivo?

Como posso saber o que est�
nesse arquivo?

OK. Pode sair Helmuth. Vai.

Furtw�ngler.

Major, Major, ele est� aqui...

Feche a porta Emmi, sente-se.

Vamos faz�-lo esperar tamb�m.

Emmi, traga caf�, sim?

N�o lhe ofere�a caf�.

Nem mesmo o cumprimente.

Senhorita...

Senhorita...

Quanto tempo terei que esperar?

OK. Emmi. Traga-o.

Dr. Furtw�ngler.

N�o ouvi ningu�m o convidar
para sentar-se.

Sente-se a�.

Quero que saiba porque est� aqui.

Voc� est� privado da vida p�blica
pela ordem n� 24 do Conselho de Controle.

Estamos aqui para investigar
o seu caso.

Antes que se apresente no Tribunal dos
Artistas da Comiss�o de desnazifica��o.

Voc� entende isso?

J� fui declarado inocente pelo
Tribunal de desnazifica��o da �ustria.

O que fazem na �ustria n�o dou
a m�nima. OK?

Tenho aqui o seu question�rio.

Gustav Heinrich Ernst Martin
Wilhelm Furtw�ngler

nascido em Berlim em janeiro
de 1886.

Regente.

E voc� diz aqui que nunca
foi membro do Partido Nazista.

Isso est� certo.

Pode nos dizer como foi nomeado
Conselheiro Privado prussiano?

Como aconteceu se n�o era
do Partido?

Recebi um telegrama de
Hermann Goering,

informando que me nomeara
Conselheiro Privado.

N�o me foi dada a oportunidade,
nem de aceitar ou recusar.

Depois dos terr�veis
acontecimentos de novembro 1938,

dos violentos ataques aos judeus,
deixei de usar esse t�tulo.

E quanto a ser o Vice-Presidente
da C�mara da M�sica.

Usou esse t�tulo, certo?

E acho que aqui tamb�m n�o pode decidir,
porque imagino que o Dr. Goebbels

enviou um telegrama dizendo:
"Caro Vice".

N�o creio que o Dr. Goebbels
tenha me enviado um telegrama.

Fui informado por carta, acho.
N�o me lembro exatamente.

Goebbels e Goering
o cobriam com honras.

Um o nomeia Conselheiro Privado.

O outro o nomeia Vice-Presidente
da C�mara da M�sica.

E nem mesmo era membro do partido.
Como voc� explica?

Havia uma luta entre Goebbels e Goering
para decidir quem controlava a cultura.

Eu era um mero pe�o.

De qualquer forma,
renunciei da C�mara da M�sica.

E simultaneamente renunciei da Orquestra
Filarm�nica de Berlim, em 1934.

Por que isso? Por que renunciou,
Dr. Furtw�ngler?

Escrevi uma carta aos jornais, condenando
o que estavam fazendo com a m�sica.

Fazendo distin��es entre judeus
e n�o judeus.

Da minha parte, a �nica divis�o
na arte, � entre o bom e o ruim.

Eventualmente, Goebbels me chamou.

Eu poderia deixar o pa�s
se quisesse.

Mas sob nenhum motivo
me permitiria voltar.

Sempre acreditei que se deve
lutar dentro, n�o de fora.

Perguntei a mim mesmo.
Qual � o dever de um artista?

Ficar ou sair?

Ent�o Goebbels foi reconhecido por Hitler
como respons�vel pela pol�tica cultural.

Bem, era um fato
e n�o tinha como negar.

S� percebi que Hitler e o ministro
da Cultura, nomeado por ele,

eram os �nicos respons�veis
da pol�tica cultural do Reich.

O que eu quis dizer foi que eu n�o tinha
nada a ver com a sua pol�tica cultural.

Sempre fui da opini�o que a
arte e a pol�tica deveriam...

n�o deveriam se misturar.

Ent�o, por que regeu num dos
com�cios de N�remberg?

N�o regi no com�cio... foi
na tarde anterior ao com�cio.

Wilhelm, isso � como as letras pequenas
em nossos contratos de seguros.

E sobre o 19 de abril de 1942?

Na v�spera do 53� anivers�rio
de Hitler. A grande celebra��o.

Voc� regeu para Hitler. Certo?

Isso est� de acordo com seu ponto de vista
que arte e pol�tica n�o se misturam?

Isso foi uma coisa diferente...
Fui enganado.

Como?

Posso beber um copo d'�gua,
por favor?

Por favor, senhorita

Straube.

Obrigado.

Estava em Viena ensaiando a
nona sinfonia de Beethoven,

quando Goebbels me chamou e disse que tinha
que reger para o anivers�rio de Hitler.

Sempre fui capaz de evitar
esses convites,

citando outros compromissos,
doen�as,

apresentando informes de problemas
de sa�de dos meus m�dicos, etc, etc.

Tive a sorte de Baldur von Shirach,

que controlava Viena,

odiava o Goebbels e faria
qualquer coisa para contrari�-lo.

Mas desta vez o Goebbels chegou
nos meus m�dicos antes que eu,

se assustaram,

o von Schirach foi amea�ado,
pressionado e cedeu.

N�o tinha escolha a n�o ser
reger para Hitler.

Acredite.

Sabia que tinha me comprometido,
me arrependo profundamente.

N�o me parece um embuste.
Parece um acordo.

N�o fiz nenhum acordo!

N�o acredito.

� verdade.

Ouvi dizer que ajudou na fuga
de muitos judeus, como foi?

N�o me lembro dos detalhes,
haviam tantos...

Ligou para algu�m que conhecia?

Pode ser, como j� disse,
simplesmente n�o me lembro.

Ent�o, deixe-me ajud�-lo.

Pegou o telefone e fez uma chamada.

Al� Adolf? Wilhelm falando,

ou�a velho amigo, tem um garoto
judeu m�sico que quero ajudar.

Precisa de uma autoriza��o
para chegar em Paris.

Ou talvez ligou para Goebbels
ou para Goering?

Estavam t�o unidos,

na mesma casa de merda como eles.

Posso fazer uma pergunta?

Claro!

Quando o Tribunal ouvir� o caso?

Seu palpite � t�o bom
quanto o meu.

Preciso trabalhar. Preciso ganhar a vida.
Dependo da generosidade dos amigos.

Se aguenta!
Se chateia!

Ent�o, por qu�?
Por que outro regente

que era membro do partido,

costumava tocar Horts Wessels
antes de seus concertos,

foi exonerado e est� trabalhando

enquanto tenho que esperar
e esperar.

N�o sei, n�o era o meu caso.

Por que fugiu para a Su��a,
antes do fim da guerra?

O qu�?

Por que fugiu para a Su��a,
antes do fim da guerra?

Porque soube que a Gestapo
ia me prender.

Por que iam te prender?

Acho que foi devido a outra carta
que escrevi para o Goebbels,

lamentando o decl�nio dos padr�es
musicais, devido a pol�tica racial.

N�o se queixava da pol�tica racial,

s� dos padr�es musicais?

Certo?

Como soube que a Gestapo
iria prend�-lo?

Durante um intervalo for�ado
de mais de uma hora

por falta de energia durante
um concerto, aqui em Berlim.

Albert Speer, ministro do armamento,
me disse:

"Parece muito cansado,
Dr. Furtw�ngler,

deveria ir para o estrangeiro
por um tempo".

Sabia exatamente o que ele
quis dizer.

Conhece muita gente nos
altos postos.

Seria mais verdadeiro, eu acho, que muita
gente nos altos postos me conhecem.

Voc� estava muito perto
de todos eles.

Do Adolf, Hermann, Joseph,
Baldur, e agora do Albert.

Ent�o, me diga a verdade,
sejamos honestos.

Qual era o seu n�mero no partido?

Se vai continuar me insultando,
Major, fa�a um trabalho melhor.

Obviamente n�o faz id�ia de qu�o
impertinentes e est�pidas s�o suas quest�es.

David, lembra que disse ter uma quest�o
que ele n�o seria capaz de responder?

Bem, vou faz�-la agora.

Est� preparado, Wilhelm?

� muito dif�cil.

Por que n�o foi embora no in�cio,
quando Hitler chegou no poder em 1933?

Por que n�o deixou a Alemanha?

Tenho aqui uma lista de nomes, gente
da sua profiss�o que saiu em 1933.

Bruno Walter, Otto Klemperer,
Arnold Schoenberg, Max Reinhardt...

Eram judeus, tiveram que sair.
Tinha todos os motivos para sair.

N�o podia deixar o meu pa�s
mergulhado na mais profunda mis�ria.

Afinal, sou alem�o.
Fiquei na minha terra.

Para os seus olhos,
isso � um pecado?

Percebe David,
n�o pode responder a pergunta.

Vou perguntar de novo, Wilhelm,

e n�o me diga mais besteiras
intelectuais de merda!

Escrit�rio do major Arnold.
Sim, ele est�.

� o Major Richard para o
Tenente Wills.

David Wills. Sim, senhor.

Bem, quer que eu diga?
OK.

O Major Richard quer falar
com voc�, senhor.

Por que n�o pergunta por mim?

Por que deve perguntar
por voc� primeiro?

Malditos brit�nicos, t�o corretos,

Steve Arnold...

J� tem o bastante, vou embora.

Dr. Furtw�ngler!
Dr. Furtw�ngler! Por favor!

N�o. N�o � aconselh�vel.

Quando crian�a, meu pai me levou...
me levou a um dos seus concertos.

Me lembro que regeu a quinta
Sinfonia de Beethoven.

Me emocionou muito.
E desde ent�o amo a m�sica.

Agrade�o a voc�.

Te admiro.

Como voc� pode... Como voc�
pode servir estes criminosos?

Quantos?

Jesus, isso � dinamite.

Bem, n�o somos todos soci�veis?

Tenho que passar para
os brit�nicos, David.

Sabe o que esses caras s�o?

Decentes.

Diga-me, Dr. Furtw�ngler.

Conhece Hans Hinkel?

Sim, um ser miser�vel.

Estava no minist�rio da Cultura, seu
trabalho era eliminar os judeus nas artes.

Sim, foi isso.
Sabe o que mais fez esse bastardo?

Guardava arquivos,
cerca de 250.000 arquivos.

Sabe o que havia nesses arquivos?

Certamente que n�o,

mas sabia que tinha espi�es
por toda parte.

Tinha algum na minha orquestra.

Quem?

N�o me disseram.
Mas eu sabia.

Como?

Fui prevenido.

Quem te avisou?

O Goering, porque Hinkel
trabalhava para o Goebbels.

O que o Goering disse?

Para tomar cuidado, que um dos
homens do Goebbels me vigiava.

Li um relat�rio de tudo o que
tinha dito, palavra por palavra.

Bem, bem. Vai gostar disso.

Use o seu tempo com isso.

Esses arquivos cont�m os detalhes de
cada artista que trabalhou neste pa�s.

Esses arquivos v�o dizer

quem pertencia ao partido,

quem informava,

e quem colaborava.

Seu nome, por favor.

David Wills.

Por ali.

Fant�stico!

A �nica condi��o, � que temos
que fazer o trabalho aqui.

Quero que separe todos os
arquivos dos caras da orquestra.

Talvez deva dar uma olhada nisso.

Schubert.

Dr. Furtw�ngler.

Comovedor. Voc� concorda?

Sempre me emociona ouvir Schubert.
Voc� concorda?

O tempo muito correto para o meu
gosto. Possivelmente devido � chuva.

Espere doutor, acho que tem
dificuldades com os americanos.

Quero que saiba que sou seu
advogado, podemos ajudar.

O que ele quer dizer com
"muito correto"?

N�o sei.

Bem, o que � isso?
A festa do escrit�rio?

Posso me unir?

O que tem em mente para esta noite?

Ei, n�o te devo uma
garrafa de champanhe francesa?

Sabe David,
voc� � um garoto de sorte.

Convidei a Emmi para vir
esta noite, mas se recusou.

David,
deve ter um apelo especial...

Vamos Emmi, vamos dan�ar,
vou te mostrar como se mover.

Desculpe Major, prometi para
sua m�e, temos que ir.

N�o precisa me acompanhar
at� a porta.

Mas prometi para a sua m�e.

Wills.

Durma bem.

Desculpa Major.

Achei isso sobre Helmuth Rode.
Lembra dele?

O segundo violinista?

� austr�aco, n�o alem�o.

Mas acho que isso
� mais importante...

Tenente Wills, telefone.

O que � isso?
Uma esta��o de trem?

David Wills, al�? Quem?

Quem em Wiesbaden?

Major.

Helmuth.

Adivinha o que tenho na minha m�o.

Gosta de charadas?

Me encantam, Helmuth.
Eu me rendo, o que tem na sua m�o?

� a batuta que roubei do
Dr. Furtw�ngler.

A que ele tinha na m�o direita?

Voc� se lembra.

Como poderia esquecer?

Mostre-me.

Mostrar?

Sim, me mostre.

Quero ver como se faz.

Imagine que eu sou Adolf.

Voc� � o maestro e tem
a batuta na m�o direita,

mas me saudar� do mesmo jeito.

N�o aqui, Major. Tem gente. Se
algu�m nos visse... Por favor...

Fa�a, Helmuth.

Fa�a, corretamente.

Voc� � �timo fazendo.

Vejo o que voc� quer dizer.
Quase me arrancou os olhos.

Exatamente.

N�o se preocupe, Helmuth,
ser� o nosso segredo.

Senhor, senhor, aqui, aqui, senhor.

Bem feito garoto.

Bem, voc� queria me ver.

Major, voc� normalmente n�o
trabalha aos domingos...

Tudo pelo bem da humanidade.
Helmuth.

Ou deveria cham�-lo:
Um-zero-quatro-nove-tr�s-tr�s-um?

O qu�?

Um-zero-quatro-nove-tr�s-tr�s-um.

Se importa se chamar apenas
de "um"?

Sabe o que acho que voc� �, Helmuth?

Acho que voc� � um tro�o de merda!

Esse bastardo!

Hinkel?

Por qu�?
Prometeu eliminar seu arquivo?

O que aconteceu antes?

Que era membro na �ustria?

- Fui um membro do...
- Fala.

Era membro do partido comunista,
era um comunista.

Isso � o que Hinkel tinha
sobre eu. Ele sabia tudo.

Me chantageava.
Me obrigou a colaborar.

Sim, fez voc� colaborar.
E agora voltou a ser comunista?

Voc� n�o sabe o que � acordar todo
dia aterrorizado, n�o sabe...

Nunca, nem em sonhos, poderia ser o segundo
violinista na Filarm�nica de Berlim.

Quando tiraram estes esses...
judeus

da orquestra, deu para gente
como eu, uma oportunidade.

Helmuth, voc� j� ouviu falar
de um pedido de condicional?

Falando em poder, tenho o poder
de te dar trabalho

facilitar a sua vida,

seu passado n�o ser� mencionado.

Posso lhe dar trabalho amanh�,
mas quero algo em troca.

Voc� percebe, Helmuth?
Isso � um pedido de condicional.

Posso dar liberdade de movimento, liberdade
para trabalhar, liberdade, Helmuth.

Mas preciso de algo em troca.

Major, estamos falando
de um homem genial.

Foda-se, Helmuth.
Quer discutir sobre s�mbolos aqui?

Este � um cara importante.

Era o gaiteiro, mas tocava suas melodias,
entende o significado filos�fico?

N�o me interessam os peixes
pequenos. Procuro Moby Dick.

Vamos Helmuth, quero fatos.

Tudo que sei, � que � anti-semita.

Claro, e voc� tamb�m.
Como todos neste maldito pa�s.

Lembrei-me de outra coisa...

Sim?

Furtw�ngler enviou um telegrama
para Hitler no seu anivers�rio.

Ele fez?

Um dos seus me me disse.

Um dos meus?

Um cabo americano, um judeu.

Ele disse que tinha visto
o telegrama na chancelaria.

Filho da puta. Encontraremos
o cabo, e o telegrama.

Preciso de provas documentais,
sabe de alguma?

N�o. Mas por isso o odiamos.

O admiramos como regente,

mas o odiamos porque sem pertencer
ao partido, tinha todos os privil�gios.

N�o tinha que entregar um relat�rio
ap�s cada viagem ao exterior.

Conseguia tudo deles, tudo.

Era mais sujo que qualquer um
de n�s, membros do partido.

H� um rumor,
n�o sei se � verdadeiro.

Pergunte sobre von der Null.

Nunca ouvi falar dele.
Quem �?

Edwin von der Null.
Um cr�tico musical.

Criticava terrivelmente o Furtw�ngler,
e elogiava o Herbert von Karajan.

Quem � ele?

Um regente. Muito brilhante. Jovem.

Von der Null o chamava
o Prod�gio von Karajan.

O Furtw�ngler estava furioso e eles diziam
que recrutariam o von Der Null no ex�rcito.

O mesmo aconteceu com
outro cr�tico.

Verdade ou n�o, n�o � uma m� id�ia.
Os cr�ticos te d�o m�s opini�es,

voc� os mandaria para
a frente russa.

Se realmente quer chegar no Furtw�ngler,
pergunte por Herbert von Karajan.

O garoto prod�gio.

Sim, ver� que ele n�o quer
pronunciar o seu nome

ele se refere a Karajan como "K".

E pergunte sobre
sua vida particular.

Sua vida particular?

Sim.

Est� tudo aqui, suas esposas.

E quem lhe deu a tarefa de
investigar a sua vida particular?

Hikel?

Qual � a sua posi��o em tudo isso?

No que?

Sobre Furtw�ngler.

N�o sei.

Agora voc� representa os
Estados Unidos da Am�rica.

Temos o dever moral de ser justo

e parece justo.

O Major Arnold tamb�m acha que
ele tem um dever moral.

Nosso dever � ajudar o
Furtw�ngler na sua defesa.

� por isso que quero
que veja isso...

Parte das transcri��es do
julgamento de Nuremberg.

N�o podemos traduzir r�pido
o suficiente.

Mas acho que voc� entende alem�o.
N�o?

� a evid�ncia de um cara
chamado Dahlerus.

� sueco.
Amigo do Hermann Goering.

Quero que estude-o
e quero us�-lo.

Vamos achar mais material
para te dar.

Teremos outras sugest�es.

Precisamos construir um
argumento para sua defesa.

N�o baseado em sentimentos ou
preconceitos, mas em fatos.

Tenente Wills.

Sr. Schlee timbalista, Sr. Romer celo e Sr.
Schmidt viola. Todos querem ajudar.

J� pedimos caf� para n�s,
espero que voc�...

Naturalmente.

Toda a orquestra est� do seu lado.
Sempre esteve pronto para ajudar.

Precisamos de nomes

se poss�vel com endere�os,
porque � urgente.

Nomes de m�sicos salvos
pelo Dr. Furtw�ngler.

Gente que ele ajudou escapar.

Vamos a um lugar menos p�blico.

Estive em Viena.

Tinha um motorista austr�aco,

esteve preso nos campos.

Est�vamos olhando esses Vienenses

limpando os escombros feitos
por bombas,

procurando comida podre, restos,
qualquer coisa.

E este mesmo povo...

Sa�ram para receber o Adolf
quando entrou na cidade.

Um milh�o deles,
e veja-os agora

e Max disse,
n�o foi essa gente, Major.

Toda essa gente estava em casa
escondendo judeus nos seus s�t�os.

Pega a id�ia, Coronel?

A id�ia � que toda essa gente
est� cheia de merda!

O Furtw�ngler est� numa
categoria diferente.

Aqui, enfrentamos degenerados.

Degenerados?

Um grande artista ter� muitos
privil�gios na zona russa.

Essa � a raz�o por que ele saiu
quando teve a oportunidade.

Eu perguntei e n�o respondeu.

Por que ele n�o saiu e foi
para a Am�rica como o Toscanini?

Talvez sim, talvez pensou que
poderia preservar algo importante.

Coisas como uma orquestra,
uma escola, � o seu pa�s.

Talvez tenha sua m�e idosa
ele n�o pode abandonar.

Talvez tenha irm�os, irm�s...
voc� n�o pode...

Coronel, n�o tinha irm�os nem irm�s,
s� um monte de aventuras amorosas.

Enfim, Major,

porque devia deixar o seu pa�s,
sua l�ngua, fam�lia, sua hist�ria,

seu passado, futuro, s� porque agora,
de repente, � uma ditadura? Por qu�?

Mas... antes que isso apodre�a.

O que acontece se cercam a �rea
com arame farpado? Coronel?

N�o fale de coisas que n�o sabe.
Ele estava sob uma ditadura.

Sim, sim, arte e pol�tica,
sim, j� ouvi isso antes.

Numa ditadura,
a arte pertence ao partido.

Se quer ser um regente,
voc� deve ter uma orquestra.

E s� pode ter uma orquestra
se tiver contatos com o poder.

Em todo o mundo � preciso contatos
importante e fazer compromissos.

Isso � o que eu digo.

Tem bons membros do partido
que ajudam

e sujos, que sem ser do partido
te denunciam.

Claro que lhe deram privil�gios.

De repente, Steve, de repente
nota que todos gostam de voc�.

Te fazem honras, de repente te fazem
diretor do melhor museu do mundo...

por exemplo...

Que museu?

Museu, desculpe? N�o... orquestra,
desculpe, me ajuda Steve.

Disse que recebe ordens superiores.

Eu tamb�m recebo ordens superiores.

Muito superiores.

Queremos o Furtw�ngler.

Te dou em troca toda a orquestra,
4, 5 regentes.

Preciso dele, Steve.

Eu n�o posso.

Deixe o Furtw�ngler, por favor.

Tenho um dever.

Dever? Desculpe.

Maldito dever!

O problema � que os americanos
querem que todos vivam como voc�s!

N�s libertamos Berlim,
Major Steve. N�o voc�s.

Nosso dever � resgatar tamb�m
o melhor da cultura alem�.

Vou pegar esse maldito chefe de banda,
sem acordo. Sem nenhum acordo.

Ent�o voc� vai me matar!

Ver� ru�nas, ver� flores,

ver� bel�ssimas paisagens.

N�o seja enganado.

Est� num pa�s inimigo.

O partido nazista pode ter
desaparecido.

O pensamento nazista, o tratamento
nazista, os truques nazistas permanecem.

Em algum lugar na Alemanha, tem
2 milh�es de ex-oficiais nazistas.

Sem poder, mas est�o l�,
pensando na pr�xima vez...

Lembre-se, que at� ontem,
cada neg�cio, cada profiss�o,

fazia parte do regime nazista.

Praticamente cada alem�o,
fazia parte da rede nazista.

Achavam que tinham nascido para
ser os senhores do mundo.

N�o polemize com eles.

N�o fomos enviados para a
Alemanha como educadores.

S�o soldados de guarda.

Observar�o suas leis locais.

Respeitar�o seus costumes,
religi�o,

e seus direitos de propriedade.

N�o ser� amig�vel.

Permanecer� alerta e zeloso.

Ontem li que o Furtw�ngler foi convidado
para reger a Filarm�nica de NY em 36.

Sugerido por Toscanini.

Se tivesse aceitado, seria o
regente mais famoso da Am�rica.

Especialmente n�o do jeito
que faz a gente como voc�.

Que voltam do ex�lio e acham
que t�m o direito de julgar.

Porque est� sem problema,
acha que sabe melhor

quem � pecador e
quem merece perd�o.

Mas n�o tem id�ia
de como o povo vivia aqui.

Quando apertou a m�o do Hitler
no seu anivers�rio? Gostou?

N�o sei. Mas ambos
sabemos que salvou vidas.

A s�tima de Bruckner,
sabe onde come�a o ad�gio?

Claro.

Prepare-o para tocar
e direi quando come�a.

S�o nove horas. N�o quero
que me fa�am esperar novamente.

N�o fale como se eu fosse
um segundo violinista!

V� para a sala de espera.

A Sta. Straube o chamar� quando
eu estiver pronto para v�-lo.

Santo Deus, quem pensa que �?

Quem no inferno pensa que � ele?

Talvez queira um copo d'�gua,
Sr. Professor?

O que este homem faz aqui?

Dr. Furtw�ngler!
Entre, sente-se.

N�o, n�o, nesta
� mais confort�vel.

Se estiver muito quente,
afrouxe sua gravata.

Quero dizer uma coisa.

V� em frente, seja meu convidado.

A �ltima vez que o vi,
n�o estava preparado.

N�o sabia o que iria encontrar.

Nas �ltimas semanas,
estive pensando e tomando notas.

Tem que entender, quem eu sou
e o que eu sou.

Sou um m�sico e creio na m�sica,
sou um artista e creio na arte.

A arte em geral e a m�sica
em particular,

t�m para mim poderes m�sticos que alimentam
as necessidades espirituais do homem.

Devo confessar, tamb�m,
que sou bastante ing�nuo.

Insisti por muitos anos na
separa��o entre arte e pol�tica.

Minha vida inteira foi dedicada
� m�sica,

porque, e isto � muito importante,

porque pensei que podia,
atrav�s da m�sica,

fazer algo pr�tico.

E o que � isso?

Manter a liberdade,
a humanidade e a justi�a.

Bem, � uma bela frase,
juro por Deus, de grande beleza!

Tentarei record�-la.

Liberdade, humanidade e justi�a.
Lindo!

Mas usou a palavra "ing�nuo".

Est� dizendo agora
que se equivocou?

Que n�o podem separar
a arte e a pol�tica?

Acredito que a arte e a pol�tica
devem estar separadas.

Que n�o foram mantidas separadas,
aprendi �s minhas custas.

E quando aprendeu isso?
Quando mandou o telegrama?

Foi este o sinal de rendi��o?
O acenar a bandeira branca?

Que telegrama?

"Feliz anivers�rio, caro Adolf, com
carinho, Wilhelm", ou algo do tipo.

Acho que voc� se ajoelhava e dizia: Ok
Adolf, voc� ganha. � o maioral. Boa festa.

N�o fa�o id�ia do que est� falando.

O cart�o de anivers�rio que enviou
ao seu velho amigo, Adolf Hitler.

Nunca envie qualquer felicita��o
de anivers�rio ou algo assim.

Pense com cuidado, Wilhelm...

N�o em seu nome, mas como Conselheiro
Privado ou Vice Presidente.

N�o tenho que pensar cuidadosamente,
� absolutamente rid�culo!

Sim, David?

Por que n�o mostra ao
Dr. Furtw�ngler a evid�ncia?

Pode refrescar a sua mem�ria.

N�o encontrar�,
porque n�o existe tal telegrama.

Bem, eu procurei,
admito que procurei.

Pensei que podia peg�-lo a�, Wilhelm.

Mas o David foi mais r�pido que eu.

Uma jogada inteligente, David,
muito inteligente.

N�o, n�o tenho o telegrama.

Mas, sei que existe!

E quero que saiba, Wilhelm,

para continuaremos procurando,
porque creio que o enviou.

Ent�o, voc� est� errado.

Arte e Pol�tica, sim, arte e
pol�tica, vamos estudar isso.

Voc� e a Filarm�nica de Berlim
viajaram pelo III Reich.

Tocaram nos pa�ses
que os nazistas conquistaram.

Est� dizendo que reger nos
territ�rios ocupados desde 36,

n�o foi um ato de propaganda para
Adolf e tudo o que representava?

Nunca, nunca oficialmente representamos
o regime quando tocamos no exterior.

Sempre tocamos como um grupo privado.

Como eu disse,
era um regente independente.

Sabe? Devia escrever nossos
contratos de seguro,

porque tem mais cl�usulas de
exclus�o, que a dupla indeniza��o.

O que acha que o povo pensava?

A Filarm�nica de Berlim, � controlada pelo
Dr. Goebbels e seu ministro da propaganda.

Mas o Wilhelm � independente...

Ent�o, agora, arte e pol�tica
est�o completamente separadas?

� isso o que voc� acha que
as pessoas comuns pensavam?

N�o tenho id�ia do que as
pessoas comuns pensavam.

N�o!

N�o, porque eu tinha
apenas uma inten��o.

Minha �nica inten��o era mostrar que
m�sica significa mais que a pol�tica.

Me fale sobre von der Null.

Von der Null?

Sim, von der Null.

Von der Null?

Quantas vezes vamos repetir, Wilhelm?

Eu digo von der Null,
voc� diz von der Null.

Eu digo von der Null,
voc� diz von der Null.

N�o podemos continuar assim
o dia todo.

Voc� sabe quem � von der Null,
Certo?

Edwin von der Null,
cr�tico musical.

Sim, eu sei quem �.

N�o � verdade que como fazia
m� cr�tica de voc�

e elogiava o jovem, von Karajan

o chamava um maldito prod�gio e
dizia que era melhor que voc�

ent�o o von der Null foi
convocado pelo ex�rcito

e desde ent�o ningu�m soube
mais nada dele.

� uma mentira humilhante!

Certeza que n�o chamou um dos
seus amigos e disse:

Santo Deus, voc� leu o que
von der Null escreveu de mim?

O melhor regente sobre a terra.

Quero ele fora do meu caminho.

Tem a ousadia de me acusar

que n�o toco muito m�sica moderna.

Mandem-no para Stalingrado.

N�o � isso que fez?

N�o gosta da cr�tica,
certo? Wilhelm?

Certamente n�o gostava que dissessem
que tinha um regente melhor que voc�.

Est� dizendo que von der Null nunca foi
citado nas suas conversas com Goebbels?

Bem. Uma vez ele disse que tinha
lido o que este homem tinha escrito.

O que disse?

N�o ligue, o trabalho dele
� criticar e o seu reger.

E o que aconteceu com von der Null?

N�o fa�o id�ia.

Realmente n�o tem id�ia?

Vou dizer o que aconteceu.
Morreu... em Stalingrado.

Desculpe.

Agora, qual � o nome deste
jovem regente?

O garoto prod�gio,
sabe de quem falo.

Von Karajan!

Mas voc� o chamava de outra modo.

Vamos, como chamava o Von Karajan?

Diga!

Ent�o, eu digo.

"Pequeno K", certo?

Voc� n�o suporta dizer o seu nome...

Por favor, pare de jogar comigo.

Por que menciona o nome de...

...outro regente,
est� al�m da minha compreens�o!

Vou dizer por que.

Lembra que falamos da sua atua��o
no anivers�rio de Hitler?

Disse que o Goebbels chegou
nos seus m�dicos primeiro.

E que foi enganado?

Sim, foi isso que aconteceu.

Tenho uma hist�ria diferente
para contar.

N�o acho que o enganaram.

N�o como voc� descreve.

Acho que aconteceu outra coisa.

Eu vi o arquivo de Hinkel.

Tenho visto os registros das
chamadas telef�nicas.

E juntando tudo, acho que
foi isso que aconteceu.

Acho que o Goebbels disse: Wilhelm,
se n�o reger no anivers�rio do Adolf,

traremos o garoto prod�gio.

Aquele garoto que o cr�tico von der Null,
acha que � o melhor regente do mundo.

N�o est� s� disposto a reger
para Adolf.

Se ofereceu para cantar Parab�ns,
num solo...

Vamos, admita. Esse K incomodava.
N�o � isso?

Sempre o preocupou.

Em 1942 ele tem 42 anos e voc� 56.

O Goebbels e o Goering insistem,
se n�o for, o pequeno K ir�.

Esque�a a arte e a pol�tica

os s�mbolos, os contos de fada,
e sobre a merda

a liberdade, humanidade e justi�a,

porque n�o importa o qu�o
genial voc� seja.

� a mais antiga hist�ria escrita.

O velho Romeo com ci�mes do novilho.

A verdadeira raz�o de voc�
n�o deixar o pa�s

quando soube que deveria,

era que te assustava a id�ia

que uma vez fora do pa�s

fosse substitu�do pelo
garoto prod�gio,

sempre o garoto do partido,

elegante e talentoso, o pequeno K.

Isso � um absurdo total.

Bem, estou come�ando a
desenvolver o meu tema.

N�o � como se diz na m�sica cl�ssica?
Desenvolver o tema?

OK, eles usaram a sua inseguran�a.

� humano e compreens�vel.

Mas tem um cara que n�o gosta
do pequeno K.

Sim, o n�mero um,
seu velho amigo Adolf.

Ele acha que voc� � o melhor.

E quando ele diz, quero o
Wilhelm no meu anivers�rio,

rapaz, � melhor procurar o Wilhelm.

Assim, o Josef chama e amea�a
com o pequeno K.

E voc� diz, para o inferno com
a nona em Viena.

Vou dar ao Adolf como presente
de anivers�rio em Berlim.

Esse � o truque que fizeram.

Te pegaram pelas bolas
e sem apertar.

Forte!

Por que ficou?

Por que fez o jogo deles?

Por que era o defensor
do seu regime?

Ci�mes?

Naturalmente que havia um compl�
contra eu,

uma campanha, mesmo no exterior.

Veja, Wilhelm, estamos falando
de raz�es comuns de cada dia.

� por isso que agora quero
falar da sua vida privada.

Quantos filhos ileg�timos tem?

Major, n�o vejo onde leva
este inqu�rito.

David, � o advogado
de defesa agora?

Ouviu a pergunta?

Tenho filhos ileg�timos.

O qu�?

Disse que tenho filhos ileg�timos.

Mas n�o sei quantos.

Gosta de mulheres? Certo?

� verdade que antes do concerto
tinha uma mulher no seu camarim,

e batia nela com a velha
batuta do maestro?

Major, isso � profundamente
ofensivo e repugnante!

- N�o duvide.
- E totalmente irrelevante!

N�o � assim conselheiro.

A sua secret�ria,
n�o era apenas uma secret�ria,

trazia mulheres para voc�, n�o?

Quantas e quanto voc� queria.

Pare, por favor pare!

N�o, eu n�o vou parar.

O pr�prio Hitler lhe deu uma bela
casa, com abrigo anti-bombas.

Em absoluto, eu tive uma casa
com abrigo anti-bombas.

Mas v� onde quero chegar?

Consegue uma bela casa e
� muito bem pago.

O que vai fazer?
Ficar ou ir?

Uma voz me diz:

Fique!

Major, esse n�o � um bom argumento.

Se o Dr. Furtw�ngler tinha
todos estes... privil�gios

Tinha por quem � e pelo que �

E isso � direito de qualquer artista de
reputa��o em qualquer pa�s do mundo.

Mas n�o os tornam santos.

Ainda t�m que se levantar
e fazer xixi

no meio da noite, ou n�o?

Podem ser vingativos e
invejosos e cru�is!

Como voc� e eu.

Bem, como eu.

Ou n�o podem?

OK Wilhelm, v� para casa agora.

V� para casa e pense nestes
�ltimos 12 anos.

N�o entendo o que quer dizer.

N�o, esse � o seu problema, Wilhelm.

Voc� n�o entende nada!

Vamos cham�-lo. Pode ir.

Major.

O qu�?

Seus modos...

Meus modos?

Por que n�o vai l� embaixo, traz
uma x�cara de caf� e se calma?

Agora!... senhor...

O que � Emmi?

O que voc� tem?

O que est� errado?

Desculpe...

mas eu tenho que ir.

Encontrarei outro trabalho.

Ter� que encontrar outra pessoa.

O que � isso, Emmi?

N�o posso fazer isso.
N�o est� certo.

O que n�o est� certo?

Fui interrogada pela Gestapo
da mesma forma.

Como voc� o interrogou.

Emmi, para.

Quero te mostrar uma coisa.

Deixa eu te mostrar algo

E depois se quiser sair,
pode ir, por favor, por favor.

Seus amigos, eles fizeram isso. E ele
lhes deu concerto de anivers�rio.

Mas ele n�o fazia id�ia.

Muita gente n�o tinha
a menor suspeita.

Eu s� percebi o que estava
acontecendo quando fui presa.

Se ele n�o tinha id�ia, por que
os judeus precisavam ser salvos?

Esta � a minha pergunta, Emmi,
para todos os alem�es.

Por que os judeus precisavam
se salvar nesse pa�s? Por qu�?

Eu gostaria de ir agora, por favor.

Posso te pedir um favor, Major?

Sim.

Quando o interrogar novamente,
pode trat�-lo com mais respeito?

Com mais o qu�?

Mais o que?

Major, ele pode ser o maior
maestro deste s�culo

e isso merece respeito.

David, n�o entendo nada de voc�.

Voc� � judeu. Voc� � um judeu?

Sim, sou judeu.

Mas primeiro acho que sou
um ser humano.

Um ser humano, ah, bem,
me tranquiliza.

Pensei que ia dizer que era
um amante da m�sica.

Este homem, este grande artista,

fez coment�rios anti-semitas
que jamais poderia acreditar.

Tenho cartas...

Major, me mostre algu�m que n�o tenha
feito coment�rios anti-semitas

e mostrarei as portas do para�so.

O que foi, David?
Onde est�o os seus sentimentos?

Onde est� o seu �dio?
Seu desgosto?

Onde est� a sua baita indigna��o,
David?

Pense nos seus pais, David, depois
nele regendo Parab�ns para o Adolf.

O que quero dizer, pelo amor
de Deus, de que lado est�?

Cresce, cresce, caramba!

Quero que volte ao escrit�rio.

Posso entrar?

Se estiver l� pode influenciar
nos acontecimentos.

Que bem pode fazer abandonando?

Se voc� desiste, como pode
ajudar o Furtw�ngler ou eu?

N�o pense em desistir.

Fique.

Todo mundo diz que voc� foi um
grande benfeitor dos judeus.

Mas... aqui tenho coisas
que voc� disse e escreveu.

Escute isso.

"O compositor judeu Sch�nberg

� admirado pela judiaria
internacional".

E este outro:

"Aos m�sicos judeus

falta uma verdadeira afinidade
com a nossa m�sica".

"Os m�sicos judeus s�o bons
comerciantes,"

inescrupulosos,

e sem ra�zes...

Nega que disse essas palavras?

Essas atitudes...
n�o existem em mim.

Acredito, agora s� responda,
n�o me d� explica��es.

Falando com os membros do partido,

usei a sua linguagem,
como todo o mundo.

Mas n�o sou eu...

Quem era?

Quem estava falando?

Major, desculpe interromper,
mas talvez tiv�ssemos...

que equilibrar essas coisas com a ajuda
que ele prestou aos seus colegas judeus.

Esta � uma transcri��o do
julgamento de Nuremberg.

Um empres�rio sueco,
Birger Dahlerus,

testemunhou num interrogat�rio,

que teve v�rias entrevistas
com o Hermann Goering.

Primeiro vi o Goering,
declarou Dahlerus

numa entrevista tempestuosa
com o F�rtwangler

o famoso maestro da
Filarm�nica de Berlim,

tentando em v�o manter para
o seu maestro, um judeu.

Emmi, pega qualquer uma destas, qualquer
uma e leia em voz alta, por favor.

"Por favor, lembre-se que o Dr.
Furtw�ngler, arriscou sua vida"

para ajudar a quem pedisse.

Testemunho ter visto
literalmente centenas de pessoas,

fazendo fila diante do seu
camarim ap�s os concertos.

Pedindo ajuda.

Ele nunca deixou ningu�m.
Depois de me ouvir tocar,

sou um violinista,

me deu dinheiro, porque n�o tinha
para comer, nem a minha fam�lia,

me ajudou a fugir para a Su�cia.

Ajudou muita gente assim...

E esta � apenas uma dessas cartas,
Major, tenho muitas.

Quantas vezes tenho que dizer que
eu trabalhava numa seguradora?

Acha que n�o posso cheirar um contrato
falso quando me p�em debaixo do nariz?

Claro que ajudou os judeus,
mas era o seu seguro.

Sua cobertura.

Entretanto era o mestre
de tudo o que investigava.

Veja, Wilhelm, � seu garoto,
seu filho.

Um slogan para eles.

Isto � o que produzimos,
o maior regente do mundo.

E voc� foi com eles.

A verdade Wilhelm, � que n�o
precisa ser membro do partido.

Estava errado quando perguntei
pelo seu n�mero no partido.

Devia perguntar pelo n�mero
de partidos.

Como outros artistas bem conhecidos.

Emmi, coloca esse disco.

Sabe o que � isso?

Claro que sei o que �.

OK, o que �?

A s�tima de Bruckner...
O ad�gio.

Quem � o regente?

Eu.

Sabe quando foi a �ltima vez
que foi tocada no r�dio?

Como vou saber?

A �ltima vez que esta m�sica
foi tocada na r�dio

Foi depois que anunciaram que o
seu amigo Hitler havia suicidado.

Ou�a-a.

Escolheram a grava��o do pequeno K?

Escolheram outro maestro?

N�o, escolheram voc�, e por qu�?

Porque voc� os representava
maravilhosamente.

Quando o diabo morreu,

eles queriam que o garoto da banda
liderasse a marcha f�nebre.

Voc� era tudo para eles.

Sempre tentei me analisar
com cuidado e aten��o.

Ficando aqui, andava na corda
bamba entre o ex�lio e as galerias.

Parece me culpar por
ter sido enforcado.

N�o enfrentei o partido, porque
achei que n�o era o meu trabalho.

Se tivesse participado ativamente
na pol�tica, n�o teria ficado aqui.

Mas como m�sico,
sou mais que um cidad�o.

Sou um cidad�o deste pa�s,
no sentido eterno do qual...

os g�nios da grande m�sica
testemunham.

Sei que uma �nica interpreta��o
de uma obra-prima

� a nega��o mais forte e mais vital do
esp�rito de Buchenwald e Auschwitz,

que as palavras...

Cheirou carne queimada alguma vez?

Cheira a mais de 6 km. O cheiro.

Viu as c�maras de g�s?

Viu os fornos cremat�rios?

Viu as pilhas de corpos apodrecendo?

Voc� me fala de cultura,
de arte e de m�sica?

P�e isso na balan�a, Wilhelm?

A cultura, arte e a m�sica equilibram com
os milh�es de assassinados por seus amigos?

Tinham orquestras nos campos.

Tocavam Beethoven e Wagner.

Os carrascos tocavam m�sica de
c�mara em casa com suas fam�lias.

N�o entendo a rela��o
dos alem�es com a m�sica.

Porque precisam da m�sica?

Podia chamar os seus amigos
para salvar alguns judeus,

quando milh�es eram aniquilados.

Sim, te culpo por n�o ser enforcado

E o culpo por covardia

Apavorou e n�o suportou...
peda�o de merda!

L�der numa casa de merda.

Me fala de uma corda bamba
entre o ex�lio e as galerias

E digo isto: Mentiras!

Acredito no meu pa�s,
amo a m�sica, o que ia fazer?

Olhe ao redor.
Olhe para o pa�s que serviu.

Olhe para a gente que teve
a verdadeira coragem

Correram perigos
e arriscaram suas vidas.

Como o pai da Emmi.

Emmi, tire os dedos
dos seus ouvidos!

Estou falando do seu pai.

Meu pai s� aderiu � conspira��o,
quando percebeu...

que n�o podia ganhar a guerra.

Que tipo de mundo deseja, Major?

Que tipo de mundo voc� vai construir?

Honestamente acredita que a �nica
realidade... � o mundo material?

N�o sobrar� nada,
nada, s� flatul�ncias

Mais sujas...
que as que invadem suas noites.

Como poderia entender...
Como saberia do que eram capazes?

Ningu�m sabia.

N�o quero ficar neste pa�s.

Sim, deveria ter ido em 1934.

Teria sido melhor
se eu tivesse ido...

Levem-no daqui.

Obrigado senhorita...
foi muito gentil.

Bastardos.

Major Arnold,
ponha-me com o General Wallace.

General? Sobre o F�rtwangler.

N�o sei se temos um caso, mas claro que
podemos faz�-lo passar um momento dif�cil.

Ei, abaixa o volume, sim?
N�o v� que estou no telefone?

N�o importa, temos um jornalista
que far� o que pedirmos...

Desligue isso!

Passamos o Wilhelm Furtw�ngler
�s autoridades civis.

Foi acusado de servir
o regime nazista.

De proferir coment�rios
anti-semitas.

Interpretar nas fun��es
oficiais do partido nazista.

E ser um Conselheiro Privado
Prussiano.

O Dr. F�rtwangler foi absolvido.

N�o o peguei,
mas claro que cortei as asas.

Sei que fiz o correto.

F�rtwangler reduziu sua carreira

Mas nunca pode reger na Am�rica.

Faleceu em 1954.

O pequeno K o sucedeu como maestro
da Orquestra Filarm�nica de Berlim.