Would you like to inspect the original subtitles? These are the user uploaded subtitles that are being translated:
1
00:00:03,960 --> 00:00:07,240
O rio Congo.
Uma corrente que atravessa �frica.
2
00:00:08,080 --> 00:00:09,360
O rio mais profundo do mundo,
3
00:00:09,920 --> 00:00:12,600
onde habitam animais
desconhecidos e indomados.
4
00:00:40,520 --> 00:00:45,760
CONGO SELVAGEM
RIO DE MONSTROS
5
00:01:00,080 --> 00:01:01,400
O rio nasce aqui.
6
00:01:02,480 --> 00:01:03,960
Faz bolhinhas como um beb�.
7
00:01:05,040 --> 00:01:06,600
Trata-se do rio Congo.
8
00:01:08,800 --> 00:01:11,640
Atravessando quase 5000 km
da �frica Central,
9
00:01:11,800 --> 00:01:15,440
torna-se cada vez mais forte,
temperamental e feroz.
10
00:01:16,600 --> 00:01:19,080
S� o rio Amazonas cont�m mais �gua.
11
00:01:20,120 --> 00:01:22,760
Mas o Congo
� o rio mais profundo do mundo.
12
00:01:24,720 --> 00:01:26,320
Os habitantes locais chamam-lhe Chambeshi.
13
00:01:27,120 --> 00:01:30,720
Tem muitos nomes e assume
muitas identidades diferentes.
14
00:01:31,280 --> 00:01:33,160
Influencia in�meras vidas.
15
00:01:38,200 --> 00:01:39,200
Cada m�s de novembro,
16
00:01:39,520 --> 00:01:43,000
� aqui que tem lugar a festa
mais animada da �frica Central.
17
00:02:04,240 --> 00:02:07,760
A maior migra��o do mundo
de mam�feros come�a lentamente.
18
00:02:11,000 --> 00:02:15,400
Estes morcegos-frug�voros
cor de palha v�m de toda a �frica Central
19
00:02:15,560 --> 00:02:17,120
e re�nem-se na mesma �rea.
20
00:02:23,080 --> 00:02:24,520
Grupos de centenas de morcegos
21
00:02:27,720 --> 00:02:29,960
transformam-se em centenas de milhares,
22
00:02:31,280 --> 00:02:33,720
podendo, depois,
chegar at� aos dez milh�es.
23
00:02:46,800 --> 00:02:50,440
Estes morcegos t�o invulgares
deixam at� de alimentar-se
24
00:02:50,520 --> 00:02:52,640
na sua pressa para chegar aqui,
25
00:02:53,240 --> 00:02:55,040
a este lugar chamado Kasanka.
26
00:03:26,880 --> 00:03:31,520
Como numa orgia romana,
v�m aqui alimentar-se e acasalar.
27
00:03:38,760 --> 00:03:41,080
Apertam-se uns contra os outros
para estarem protegidos e quentes,
28
00:03:41,640 --> 00:03:45,160
formando uma das maiores col�nias
de morcegos-frug�voros do mundo.
29
00:04:02,800 --> 00:04:05,600
Os milh�es de morcegos,
pegados uns aos outros,
30
00:04:05,760 --> 00:04:09,560
ocupam uma �rea equivalente
a 60 campos de futebol.
31
00:04:10,480 --> 00:04:12,800
E o sil�ncio volta a Kasanka.
32
00:04:32,640 --> 00:04:37,920
Quando amanhece, este morcego
limpa os dentes e adormece.
33
00:04:46,720 --> 00:04:49,640
E, quando anoitece, come�a a festa.
34
00:05:15,160 --> 00:05:18,000
Os animais, famintos, alimentam-se
de todos os frutos que encontram.
35
00:05:23,240 --> 00:05:25,640
Todas as noites, estes morcegos,
que pesam cerca de 200 gramas,
36
00:05:25,720 --> 00:05:27,600
alimentam-se
do dobro do seu peso em fruta,
37
00:05:28,000 --> 00:05:30,080
consumindo, entre todos,
cerca de 6000 toneladas.
38
00:05:52,160 --> 00:05:54,520
Com os est�magos cheios
desta esp�cie de ameixa,
39
00:05:54,600 --> 00:05:56,800
n�speras e jambol�es,
40
00:05:56,960 --> 00:06:00,840
os morcegos adicionam cerca de dez
toneladas a cada �rvore onde pousam.
41
00:06:07,920 --> 00:06:10,840
Num espa�o de dez semanas,
deixam a �rea sem frutos.
42
00:06:11,760 --> 00:06:12,760
E acabou-se a festa.
43
00:06:22,080 --> 00:06:23,080
Os morcegos partem,
44
00:06:24,080 --> 00:06:25,800
espalhando sementes na sua migra��o.
45
00:06:48,920 --> 00:06:52,360
Tudo regressa � normalidade
pouco antes do Natal.
46
00:07:00,040 --> 00:07:02,560
Mas n�o h� nada de "normal" no rio Congo,
47
00:07:02,720 --> 00:07:06,440
cujo curso come�a na Z�mbia,
no sul da �frica Central.
48
00:07:10,080 --> 00:07:12,040
Aqui, a norte de Kasanka,
49
00:07:12,200 --> 00:07:16,600
o Congo � alimentado por Bangweulu,
um dos maiores p�ntanos do mundo.
50
00:07:30,160 --> 00:07:34,200
Os p�ntanos de Bangweulu cobrem
uma �rea do tamanho do Connecticut.
51
00:07:49,880 --> 00:07:53,840
S�o alimentados por 17 rios,
mas alimentam apenas um.
52
00:08:08,240 --> 00:08:10,600
Em Kadende,
a l�ngua dos habitantes locais,
53
00:08:11,200 --> 00:08:15,040
Bangweulu significa "onde a �gua
se encontra com o c�u".
54
00:08:29,960 --> 00:08:32,280
Os animais prosperam aqui.
55
00:08:37,200 --> 00:08:39,480
Tal como o Bangweulu alimenta o Congo,
56
00:08:39,880 --> 00:08:43,240
os peixes que aqui habitam
alimentam cerca de 50 mil zambianos.
57
00:08:43,880 --> 00:08:47,080
Os habitantes locais constroem
acampamentos de pesca nos p�ntanos
58
00:08:47,240 --> 00:08:49,760
onde se pode chegar apenas
com as suas longas pirogas.
59
00:08:55,040 --> 00:08:56,960
Os papiros formam densos arbustos
60
00:08:57,360 --> 00:09:01,000
e criam uma pequena selva
com quase cinco metros de altura.
61
00:09:13,040 --> 00:09:16,720
Nesta "selva",
o maior predador n�o � o le�o,
62
00:09:17,520 --> 00:09:18,960
mas sim uma ave gigante.
63
00:09:24,920 --> 00:09:25,920
Da ave bico-de-tamanco.
64
00:09:31,280 --> 00:09:33,320
Medem 1,2 metros de altura
65
00:09:33,480 --> 00:09:35,920
e, se os seus bicos
fossem mesmo uns tamancos,
66
00:09:36,080 --> 00:09:38,360
seriam de algu�m que cal�a
o n�mero 35,5.
67
00:09:51,080 --> 00:09:52,960
Mas s�o animais muito silenciosos.
68
00:10:08,040 --> 00:10:11,160
Podem estar de p� durante horas
� espera de uma presa,
69
00:10:11,320 --> 00:10:13,040
im�veis como g�rgulas.
70
00:10:18,480 --> 00:10:20,680
Junto ao solo, na floresta de papiros,
71
00:10:20,840 --> 00:10:22,720
os tecel�es fazem os seus ninhos
junto � �gua.
72
00:10:25,880 --> 00:10:28,080
As exigentes crias reivindicam
a sua independ�ncia
73
00:10:28,160 --> 00:10:29,800
e rejeitam esta minhoca.
74
00:10:37,000 --> 00:10:40,280
Uns metros acima,
mesmo no alto dos papiros,
75
00:10:40,720 --> 00:10:43,280
outros tecel�es
est�o a come�ar a acasalar.
76
00:10:44,520 --> 00:10:47,520
Os machos constroem os ninhos
para atrair as f�meas
77
00:10:48,040 --> 00:10:52,040
que, se gostam do ninho, instalam-se
e fazem algumas altera��es.
78
00:10:53,440 --> 00:10:56,200
Mas qualquer movimento
faz balan�ar os ninhos,
79
00:10:58,880 --> 00:11:02,120
at� que ocorre alguma trag�dia,
80
00:11:02,800 --> 00:11:04,960
fazendo cair uma cria do ninho.
81
00:11:34,960 --> 00:11:37,280
A cria de tecel�o, demasiado
pequena para saber voar,
82
00:11:37,440 --> 00:11:39,520
acaba por ser o almo�o
da ave bico-de-tamanco.
83
00:11:52,840 --> 00:11:54,560
Infelizmente para os tecel�es,
84
00:11:54,920 --> 00:11:58,360
as aves bico-de-tamanco de Bangweulu
est�o sempre a vigi�-los.
85
00:12:11,680 --> 00:12:13,400
Sob a superf�cie do p�ntano,
86
00:12:13,560 --> 00:12:16,920
as ra�zes dos papiros
parecem viajar no tempo
87
00:12:17,240 --> 00:12:18,760
e entram no territ�rio de um animal
88
00:12:18,840 --> 00:12:22,720
que se instalou nesta regi�o
h� quase 400 milh�es de anos,
89
00:12:23,440 --> 00:12:25,440
muito antes da era dos dinossauros.
90
00:12:30,040 --> 00:12:31,560
Como os papiros,
91
00:12:31,920 --> 00:12:34,960
os dipnoicos africanos
vivem em dois habitats.
92
00:12:40,280 --> 00:12:41,920
Estes peixes t�m br�nquias,
93
00:12:42,240 --> 00:12:47,280
mas precisam de respirar de 30
em 30 minutos ou morrem afogados.
94
00:12:49,720 --> 00:12:53,000
Ao contr�rio da maioria dos peixes,
possuem um pulm�o primitivo.
95
00:12:53,160 --> 00:12:57,960
E, o que � extraordin�rio,
� que podem fazer algo incr�vel.
96
00:13:09,400 --> 00:13:14,800
Quando chega a �poca das secas
e s� h� �gua em pequenas po�as,
97
00:13:16,560 --> 00:13:19,040
que, por sua vez,
se transformam em lama...
98
00:13:28,120 --> 00:13:32,240
... os dipnoicos africanos
acham-se numa situa��o complicada.
99
00:13:34,160 --> 00:13:35,160
Mas n�o faz mal.
100
00:13:36,000 --> 00:13:41,120
O segredo da longevidade destes
animais come�a num buraco na lama.
101
00:14:00,680 --> 00:14:02,760
A cerca de 25 cent�metros da superf�cie,
102
00:14:03,120 --> 00:14:05,520
o peixe vomita uma mucosidade.
103
00:14:06,160 --> 00:14:09,240
Esta solidifica e forma um abrigo
em forma de casulo
104
00:14:09,400 --> 00:14:11,880
que n�o deixa sair a humidade,
mas permite a entrada do ar.
105
00:14:14,000 --> 00:14:16,280
O dipnoico entra em estiva��o.
106
00:14:17,400 --> 00:14:20,600
Enquanto a maioria dos animais
queima gordura para obter energia,
107
00:14:21,040 --> 00:14:23,960
o dipnoico digere
uns m�sculos que possui na cauda.
108
00:14:29,200 --> 00:14:33,880
Pode sobreviver durante v�rios
meses, at� mudar a esta��o...
109
00:14:39,120 --> 00:14:42,520
... e chegar a salva��o
com as primeiras chuvas.
110
00:15:15,240 --> 00:15:17,640
Uns quantos dias de chuva mudam tudo,
111
00:15:18,240 --> 00:15:20,880
voltando a alagar
os p�ntanos de Bangweulu.
112
00:15:27,920 --> 00:15:29,720
Quando o solo come�a a amolecer,
113
00:15:33,240 --> 00:15:37,320
os dipnoicos aparecem
de todos os lados como zombies.
114
00:15:50,360 --> 00:15:53,720
Se fosse preciso, podiam ter
estado assim mais de dois anos.
115
00:16:02,240 --> 00:16:07,120
Voltam ao mundo exterior com a ajuda
das suas barbatanas modificadas.
116
00:16:10,200 --> 00:16:11,520
E entram na �gua.
117
00:16:26,400 --> 00:16:30,040
Depois, voltam � superf�cie
para respirar ar fresco.
118
00:16:43,720 --> 00:16:45,920
Mas, se calhar, este dipnoico
devia ter estado quieto.
119
00:16:50,120 --> 00:16:52,720
O dipnoico esperou meses
para voltar a respirar,
120
00:16:53,480 --> 00:16:56,760
mas acordou num mundo
cheio de perigos que j� conhecia.
121
00:17:13,360 --> 00:17:16,080
Tendo-se adaptado a viver
dentro e fora de �gua,
122
00:17:16,240 --> 00:17:17,720
o dipnoico sabe como sobreviver.
123
00:17:42,200 --> 00:17:44,320
Mas a ave bico-de-tamanco tamb�m.
124
00:17:58,920 --> 00:18:01,800
Mesmo junto � nascente do rio Congo,
125
00:18:02,480 --> 00:18:06,200
os p�ntanos de Bangweulu
roubam-lhe 90 por cento da sua �gua,
126
00:18:06,800 --> 00:18:10,280
fazendo com que fique em segundo
lugar comparado com o Amazonas.
127
00:18:11,800 --> 00:18:14,800
A maioria da �gua
que entra no p�ntano evapora-se
128
00:18:14,960 --> 00:18:17,000
ou � absorvida pelas plantas.
129
00:18:25,520 --> 00:18:28,440
Os dez por cento restantes
saem dos p�ntanos aqui,
130
00:18:28,920 --> 00:18:31,640
como um �nico rio, o Luapula.
131
00:18:42,680 --> 00:18:45,440
O rio Congo avan�a em ziguezague
como um adolescente curioso
132
00:18:45,600 --> 00:18:48,440
por toda a �frica,
em busca da sua identidade.
133
00:18:51,720 --> 00:18:54,960
Entra na Rep�blica Democr�tica do Congo,
134
00:18:56,320 --> 00:18:58,480
um pa�s inacess�vel
para a maioria das pessoas
135
00:18:58,960 --> 00:19:00,400
e perigoso para muitas outras.
136
00:19:03,360 --> 00:19:06,640
Aqui, o rio come�a
a mais de 9000 metros de altitude.
137
00:19:21,320 --> 00:19:24,760
Serpenteia por entre as ac�cias
do bosque africano,
138
00:19:25,920 --> 00:19:30,760
criando um excelente habitat
para animais como este.
139
00:19:34,880 --> 00:19:36,520
Trata-se de um pit�o-africano,
140
00:19:38,240 --> 00:19:42,560
a maior serpente do continente
e uma das maiores do mundo.
141
00:19:44,680 --> 00:19:48,000
Durante os seus 20 anos de vida,
o pit�o nunca para de crescer
142
00:19:48,640 --> 00:19:50,840
e pode chegar a ter
quase sete metros de comprimento.
143
00:20:03,760 --> 00:20:05,520
N�o possui ganchos venenosos,
144
00:20:06,400 --> 00:20:09,960
mas o seu forte "abra�o"
mata qualquer presa.
145
00:20:18,280 --> 00:20:23,040
Pode at� aproximar-se e asfixiar
um macaco adulto adormecido.
146
00:20:28,360 --> 00:20:30,880
Mas hoje o pit�o n�o teve sorte.
147
00:20:34,400 --> 00:20:39,000
Se for preciso, permanecer� im�vel
nesta �rvore durante horas.
148
00:20:42,400 --> 00:20:44,800
Mas, neste momento,
seria melhor estar no solo,
149
00:20:45,240 --> 00:20:48,520
onde umas pintadas procuram algo
com que se alimentar.
150
00:20:50,280 --> 00:20:54,960
Este pequeno grupo familiar procura
sementes, minhocas e insetos.
151
00:20:59,440 --> 00:21:02,120
Mas tamb�m est�o atentas
a qualquer perigo,
152
00:21:02,280 --> 00:21:04,760
preparadas para lan�ar o aviso
� m�nima amea�a.
153
00:21:06,480 --> 00:21:08,640
Uma delas seria uma boa presa
para o pit�o,
154
00:21:09,360 --> 00:21:12,440
mas o predador e as presas
n�o parecem dar uns pelos outros.
155
00:21:21,640 --> 00:21:25,400
Dois dias depois,
a serpente continua faminta.
156
00:21:28,520 --> 00:21:32,640
Est� a meio da sua muda de pele,
com as escamas a secar e a saltar,
157
00:21:33,800 --> 00:21:35,720
e, at� mudar as escamas
que lhe cobrem os olhos,
158
00:21:36,440 --> 00:21:39,240
� como se visse o mundo
atrav�s de um saco de pl�stico.
159
00:21:43,400 --> 00:21:45,320
O pit�o usa o olfacto
para se dirigir para o rio.
160
00:21:46,480 --> 00:21:50,080
N�o h� nada como um banho fresco
para acalmar a pele seca.
161
00:21:58,480 --> 00:22:02,240
As pintadas, que nunca se afastam
muito da �gua, tamb�m v�o para l�.
162
00:22:04,320 --> 00:22:08,160
� dif�cil n�o dar por elas
e a serpente pode estar com sorte.
163
00:22:17,440 --> 00:22:21,720
As pintadas juntam-se umas �s outras
e formam um grupo impressionante.
164
00:22:25,440 --> 00:22:28,640
O pit�o deve sentir as vibra��es no solo,
165
00:22:29,120 --> 00:22:33,560
mas a sua vis�o turva impede-o
de concentrar-se s� numa presa.
166
00:22:36,440 --> 00:22:38,120
As pintadas n�o est�o indefesas.
167
00:22:38,760 --> 00:22:41,560
Se forem pressionadas,
atacar�o a cobra em grupo.
168
00:22:42,120 --> 00:22:45,120
No seu estado atual,
o pit�o est� em desvantagem.
169
00:22:51,440 --> 00:22:53,280
O pit�o recua.
170
00:22:55,640 --> 00:22:57,520
Por muito faminto que esteja,
171
00:22:57,920 --> 00:23:01,360
durante a mudan�a de pele,
este predador n�o est� a 100 %.
172
00:23:10,320 --> 00:23:14,200
E esse � mais um motivo que o traz
at� ao rio para humedecer a pele.
173
00:23:24,160 --> 00:23:26,920
Uma serpente na muda de pele
� uma serpente vulner�vel.
174
00:23:27,840 --> 00:23:32,120
Pelo menos, o pit�o tem a l�ngua
para detetar odores... por agora.
175
00:23:37,520 --> 00:23:40,080
A dada altura, at� mudar� a l�ngua.
176
00:23:40,240 --> 00:23:42,400
Mas, nessa altura, j� poder� ver bem.
177
00:23:46,320 --> 00:23:50,120
Daqui a alguns dias,
j� ter� mudado de pele e voltar� a ca�ar.
178
00:23:50,840 --> 00:23:52,240
E estar� ainda mais faminto.
179
00:24:02,480 --> 00:24:05,120
Viajando pela Rep�blica Democr�tica
do Congo,
180
00:24:05,680 --> 00:24:08,040
o rio � conhecido como Lualaba.
181
00:24:10,080 --> 00:24:12,520
A cerca de 2000 km da nascente,
182
00:24:13,160 --> 00:24:16,000
o amplo e tranquilo rio
acelera o seu curso,
183
00:24:16,880 --> 00:24:18,080
atravessa o equador...
184
00:24:21,920 --> 00:24:24,960
... e mergulha
subitamente desde as alturas.
185
00:24:37,560 --> 00:24:41,640
As Cataratas Boyoma marcam o final
do curso indomado do rio.
186
00:24:42,280 --> 00:24:46,400
A partir daqui, a Natureza
e o com�rcio partilham as suas �guas.
187
00:24:47,520 --> 00:24:49,520
Do outro lado das Cataratas Boyoma,
188
00:24:49,760 --> 00:24:52,240
o rio indomado torna-se mais "adulto"
189
00:24:52,400 --> 00:24:56,920
e passa a ser naveg�vel
e a chamar-se, por fim, Congo.
190
00:24:58,920 --> 00:25:02,840
A cidade de Kisangani,
mesmo a jusante das cataratas,
191
00:25:03,000 --> 00:25:07,400
marca o in�cio de uma rota comercial
de 1600 km at� Kinshasa, a capital.
192
00:25:10,560 --> 00:25:14,880
Centenas de quil�metros de uma densa
floresta acompanham as suas margens.
193
00:25:18,600 --> 00:25:21,720
Mais a norte, a floresta d� lugar � savana
194
00:25:22,200 --> 00:25:24,480
e transforma-se
no Parque Natural de Garamba.
195
00:25:27,520 --> 00:25:30,360
A bacia hidrogr�fica
que forma o limite norte do parque
196
00:25:30,520 --> 00:25:34,040
alimenta o Congo
e outro grande rio, o Nilo.
197
00:25:35,360 --> 00:25:38,440
Garamba, que tem o triplo do tamanho
da cidade de Los Angeles,
198
00:25:38,600 --> 00:25:41,600
foi um dos primeiros
parques naturais de �frica
199
00:25:41,760 --> 00:25:44,880
e foi criado pela B�lgica em 1938.
200
00:25:48,440 --> 00:25:50,880
Mas as d�cadas de guerra civil
e ca�a furtiva
201
00:25:51,040 --> 00:25:53,040
n�o foram gentis
para com os seus habitantes.
202
00:26:01,640 --> 00:26:05,880
Esta vasta plan�cie, que atrai
enormes quantidades de animais,
203
00:26:06,040 --> 00:26:08,400
�, muitas vezes,
assolada por um perigoso inimigo.
204
00:26:24,160 --> 00:26:25,880
Quando um inc�ndio chega a Garamba,
205
00:26:26,120 --> 00:26:28,800
a brisa pode alimentar rapidamente
as chamas.
206
00:26:37,760 --> 00:26:39,240
Mas nem tudo s�o m�s not�cias.
207
00:26:40,720 --> 00:26:43,760
O inc�ndio � uma b�n��o para os milhafres,
208
00:26:43,920 --> 00:26:46,680
que se re�nem para ca�ar os insetos
que fogem do inc�ndio.
209
00:26:51,440 --> 00:26:52,560
� uma manobra arriscada...
210
00:27:04,160 --> 00:27:08,080
... mas satisfaz o apetite
com uns gafanhotos "assados".
211
00:27:28,400 --> 00:27:32,200
Como as chuvas
ou as mar�s do rio Garamba,
212
00:27:32,720 --> 00:27:35,600
o fogo faz parte
do ritmo de vida da savana.
213
00:27:45,720 --> 00:27:49,400
Durante a atual �poca das secas
� poss�vel ver o leito do rio.
214
00:27:50,520 --> 00:27:55,640
Isso significa menos espa�o
para os 2000 hipop�tamos que aqui habitam.
215
00:28:02,880 --> 00:28:05,360
Um s� macho domina cada manada.
216
00:28:06,280 --> 00:28:09,600
Mas, quando o n�vel da �gua desce
e h� falta de espa�o,
217
00:28:10,960 --> 00:28:11,960
a tens�o aumenta.
218
00:28:14,600 --> 00:28:18,360
E, para piorar a situa��o,
este macho est� pronto para acasalar.
219
00:28:19,520 --> 00:28:22,880
A sua idade e o seu tamanho
d�o-lhe prioridade de escolha.
220
00:28:23,440 --> 00:28:25,800
Ele seleciona o melhor lugar
para impressionar as f�meas
221
00:28:26,320 --> 00:28:27,960
e para garantir o dom�nio do grupo.
222
00:28:29,360 --> 00:28:32,520
Os hipop�tamos passam a maior parte
do dia a refrescarem-se na �gua.
223
00:28:33,280 --> 00:28:36,680
Podem boiar e caminhar pelo fundo do rio,
224
00:28:38,080 --> 00:28:39,360
mas n�o sabem nadar.
225
00:28:40,320 --> 00:28:42,160
O macho coloca-se junto � margem,
226
00:28:42,240 --> 00:28:45,160
para poder acasalar sem que a �gua
cubra a cabe�a das f�meas.
227
00:28:45,920 --> 00:28:47,880
Quando quer marcar o seu territ�rio,
228
00:28:48,520 --> 00:28:49,960
espalha bem as suas fezes.
229
00:28:54,400 --> 00:28:56,880
E f�-lo no meio da manada.
230
00:29:05,000 --> 00:29:06,280
Quando anoitece,
231
00:29:07,840 --> 00:29:11,040
a manada, faminta,
quer sair da �gua para pastar.
232
00:29:12,440 --> 00:29:15,440
Mas o macho teimoso
bloqueia-lhes o caminho.
233
00:29:24,920 --> 00:29:28,320
Um macho juvenil avan�a
para desafiar a sua autoridade
234
00:29:28,560 --> 00:29:30,840
e retirar direitos ao macho dominante.
235
00:29:32,800 --> 00:29:33,800
Come�a a luta.
236
00:29:39,280 --> 00:29:43,000
O juvenil enfrenta o velho macho.
237
00:30:53,120 --> 00:30:55,600
O macho descontente
mant�m-se no seu s�tio.
238
00:30:58,320 --> 00:31:00,440
O advers�rio retrocede.
239
00:31:14,360 --> 00:31:18,320
O velho macho, ap�s provar
que continua a ser o macho dominante,
240
00:31:18,480 --> 00:31:20,680
dirige-se, de modo confiante, para terra.
241
00:31:25,720 --> 00:31:29,120
O resto da manada hesita,
respeitando o espa�o do macho.
242
00:31:32,560 --> 00:31:34,600
A dada altura, acabar�o por segui-lo.
243
00:31:50,040 --> 00:31:54,840
Os hipop�tamos alimentam-se e voltam
para a �gua antes de amanhecer.
244
00:31:58,560 --> 00:32:01,520
Noutras regi�es
da Rep�blica Democr�tica do Congo,
245
00:32:01,600 --> 00:32:03,240
os hipop�tamos correm perigo de extin��o,
246
00:32:03,920 --> 00:32:07,960
sendo ca�ados ilegalmente pela carne
e pelo marfim dos seus dentes.
247
00:32:08,440 --> 00:32:11,720
Aqui, o isolamento de Garamba protege-os.
248
00:32:26,680 --> 00:32:30,640
O rio Garamba serpenteia atrav�s
de centenas de quil�metros de savana
249
00:32:30,800 --> 00:32:34,320
antes de voltar a entrar na floresta
e de unir-se ao Congo.
250
00:32:54,720 --> 00:32:58,160
Aqui, o grande rio torna-se
mais amplo e tem um caudal mais forte.
251
00:32:58,640 --> 00:33:02,000
� como uma enorme "autoestrada"
que se cruza com centenas de tribut�rios
252
00:33:02,160 --> 00:33:04,600
que transportam consigo
areia e sedimentos.
253
00:33:11,000 --> 00:33:13,880
Ao longo dos s�culos,
o Congo aproveitou isso
254
00:33:14,040 --> 00:33:16,400
para construir
uns elaborados "castelos de areia".
255
00:33:23,600 --> 00:33:27,200
O maior deles tem quase
o mesmo tamanho que Nova Orle�es.
256
00:33:30,800 --> 00:33:34,400
A enorme ilha de sedimentos
parece uma fortaleza.
257
00:33:48,200 --> 00:33:51,840
Pequenos ribeiros
conseguem penetrar o seu interior,
258
00:33:52,000 --> 00:33:53,720
mas pagam um pre�o por isso.
259
00:33:54,880 --> 00:33:59,440
Pelo caminho, as plantas roubam
quase todos os nutrientes da �gua.
260
00:34:09,920 --> 00:34:13,920
Esta � uma ilha habitada
por pequenos animais muito especiais.
261
00:34:41,640 --> 00:34:44,160
N�o tendo acesso
�s �guas nutritivas do Congo,
262
00:34:44,640 --> 00:34:46,760
os habitantes deste "deserto nutritivo"
263
00:34:46,920 --> 00:34:50,600
tiveram de desenvolver t�ticas
engenhosas para poder alimentar-se.
264
00:35:06,000 --> 00:35:08,600
O peixe-borboleta-africano
recebe o seu nome
265
00:35:08,680 --> 00:35:10,800
das barbatanas peitorais
em forma de asa de borboleta.
266
00:35:18,800 --> 00:35:22,880
Mas este pequeno peixe s� sobrevive
devido � forma do seu corpo.
267
00:35:24,120 --> 00:35:28,040
O seu dorso reto permite-lhe
aproximar-se da superf�cie
268
00:35:28,200 --> 00:35:30,400
e ca�ar sem dar nas vistas.
269
00:35:33,360 --> 00:35:36,040
Os seus olhos est�o virados
para a frente e para cima,
270
00:35:36,120 --> 00:35:39,400
e n�o para baixo e para os lados,
como os da maioria dos peixes.
271
00:35:44,440 --> 00:35:46,760
Isso permite-lhe ocultar-se sob as folhas
272
00:35:46,920 --> 00:35:49,280
observando sempre
o que se passa � superf�cie.
273
00:35:52,400 --> 00:35:55,840
As coisas parecem correr bem
a este peixe-borboleta.
274
00:35:59,480 --> 00:36:03,080
A bacia do Congo forma a segunda
maior floresta tropical do mundo.
275
00:36:03,800 --> 00:36:05,920
Muitas das plantas e dos animais
que a habitam
276
00:36:06,000 --> 00:36:07,560
n�o se encontram em mais lado nenhum.
277
00:36:08,720 --> 00:36:10,960
Mas n�o se trata de um para�so perfeito.
278
00:36:11,480 --> 00:36:15,640
Como qualquer outro habitat,
� regido pela lei da selva:
279
00:36:17,240 --> 00:36:19,560
matar ou ser morto.
280
00:36:22,120 --> 00:36:25,360
O louva-a-deus-africano,
um predador silencioso,
281
00:36:26,000 --> 00:36:28,040
sobrevive ocultando-se
por entre a vegeta��o.
282
00:36:31,200 --> 00:36:34,320
O Pachnoda peregrina, cujas cores
lembram os t�xis amarelos e pretos,
283
00:36:34,920 --> 00:36:38,400
n�o se apercebe que est� prestes
a encontrar um "cliente" letal.
284
00:37:09,520 --> 00:37:12,560
O louva-a-deus perdeu a batalha,
mas n�o a guerra.
285
00:37:19,680 --> 00:37:23,280
H� uns meses, deixou uma bolsa com ovos
286
00:37:23,440 --> 00:37:24,880
junto �s margens do ribeiro.
287
00:37:38,680 --> 00:37:42,240
Chegam ao mundo centenas de ninfas
acabadas de eclodir,
288
00:37:42,960 --> 00:37:44,720
cada uma com o tamanho de uma formiga.
289
00:38:41,960 --> 00:38:44,240
Muito poucas ninfas
chegar�o � idade adulta.
290
00:38:45,040 --> 00:38:49,000
Se houver escassez de alimentos,
poder�o devorar-se umas �s outras.
291
00:38:54,320 --> 00:38:58,720
Este � o rio Sangha
no ponto onde se une ao Congo.
292
00:39:02,480 --> 00:39:05,120
Mesmo numa regi�o do mundo
repleta de esp�cies diferentes,
293
00:39:05,400 --> 00:39:07,920
a floresta tropical do Sangha sobressai,
294
00:39:08,920 --> 00:39:13,120
tendo mais esp�cies de plantas
e animais do que os outros habitats.
295
00:39:17,280 --> 00:39:21,320
Al�m de ter plantas variadas
que alimentam os gorilas e n�o s�,
296
00:39:21,880 --> 00:39:26,280
as florestas tropicais geram mais
de 20 por cento do oxig�nio do planeta.
297
00:39:27,520 --> 00:39:29,480
Numa floresta repleta de herb�voros,
298
00:39:29,720 --> 00:39:31,680
as plantas t�m de saber defender-se.
299
00:39:32,480 --> 00:39:36,840
Lutam uma batalha feroz tendo
um mau sabor, sendo venenosas
300
00:39:36,920 --> 00:39:40,200
ou ainda dif�ceis de digerir.
�s vezes, isso funciona.
301
00:39:40,960 --> 00:39:43,320
Mas na guerra
entre as plantas e os animais,
302
00:39:44,000 --> 00:39:46,880
h� um peso pesado
que tem uma arma secreta.
303
00:39:51,560 --> 00:39:53,280
Ao longo do rio Sangha,
304
00:39:53,360 --> 00:39:57,520
a densa e aparentemente intermin�vel
floresta abre-se numa clareira.
305
00:39:58,080 --> 00:40:01,040
Trata-se de Dzanga Bai,
a "aldeia dos elefantes".
306
00:40:14,320 --> 00:40:15,640
Ao contr�rio da maioria dos elefantes,
307
00:40:16,000 --> 00:40:20,600
estes elefantes da floresta
possuem presas quase retas
308
00:40:20,840 --> 00:40:23,680
para n�o ficarem presos
por entre a densa vegeta��o.
309
00:40:31,360 --> 00:40:35,720
Mas n�o � este espa�o aberto
nem a �gua que os traz at� aqui.
310
00:40:36,960 --> 00:40:39,240
Vieram a Dzanga Bai
apenas por um motivo...
311
00:40:42,080 --> 00:40:43,080
... a lama.
312
00:40:50,040 --> 00:40:52,200
Dzanga Bai � como um spa,
313
00:40:52,800 --> 00:40:56,200
com sais e minerais necess�rios
� sa�de dos elefantes,
314
00:40:56,360 --> 00:40:59,760
mas que n�o conseguem obter
das plantas nem da �gua.
315
00:41:01,720 --> 00:41:04,120
Os minerais da lama
servem ainda para neutralizar
316
00:41:04,200 --> 00:41:07,160
alguns compostos c�usticos presentes
nas plantas de que se alimentam.
317
00:41:07,920 --> 00:41:09,840
S�o um ant�doto para esses venenos.
318
00:41:19,880 --> 00:41:22,440
Os elefantes brigam para conseguir
os melhores lugares.
319
00:41:27,800 --> 00:41:30,280
E n�o s�o s� os adultos que se enfrentam,
320
00:41:30,840 --> 00:41:32,560
os juvenis tamb�m querem
os benef�cios da lama.
321
00:41:46,280 --> 00:41:49,360
As progenitoras e as crias tentam
manter-se afastadas da confus�o,
322
00:41:49,440 --> 00:41:52,120
sem deixar de obter
a sua dose de minerais.
323
00:42:08,280 --> 00:42:12,120
A erva tamb�m cont�m
os nutrientes de que necessitam.
324
00:42:28,440 --> 00:42:30,680
Esta pequena cria
precisa de ganhar pr�tica.
325
00:42:32,440 --> 00:42:34,920
Os animais que ainda n�o conseguem
arrancar a erva,
326
00:42:35,000 --> 00:42:37,440
limitam-se a "aspirar" os minerais
presentes no solo.
327
00:42:38,440 --> 00:42:41,720
Aqui n�o faz mal
que as "crian�as" comam terra.
328
00:42:50,440 --> 00:42:53,840
E os elefantes n�o s�o os �nicos
a alimentar-se aqui.
329
00:42:54,800 --> 00:42:56,000
S�o apenas a maior esp�cie.
330
00:42:57,120 --> 00:42:59,320
H� terra suficiente para todos.
331
00:43:34,640 --> 00:43:38,800
Enquanto o Congo corre ao longo
de seu leito de 5000 km,
332
00:43:39,160 --> 00:43:40,920
mudando tudo o que encontra pelo caminho,
333
00:43:41,480 --> 00:43:42,880
pode, por vezes, ser implac�vel,
334
00:43:43,520 --> 00:43:47,360
mas cuida sempre das esp�cies
que t�m for�as para sobreviver.
335
00:43:58,560 --> 00:44:00,560
Legendas: Marta Raimundo
29819
Can't find what you're looking for?
Get subtitles in any language from opensubtitles.com, and translate them here.