All language subtitles for Dave McKean - (2014) Luna

Eu pensei que me recordava
claramente daquele fim de semana.

Agora, eu n�o tenho certeza.

LUNA

Ent�o, quando foi que
eles responderam?

Eu acho que foi no �ltimo fim
de semana.

Eu n�o percebi que voc�
tinha enviado.

Ent�o, o que ela disse?

- O qu�?
- Na carta?

Ela disse que, voc� sabe,
estariam aqui por volta das seis.

Sim, mas o que foi
que ela disse?

- Sobre o qu�?
- Sobre tudo.

Tudo? O que voc� espera deles,
um livro?

Sabe o que quero dizer. Ela disse
como eles estavam lidando com tudo?

N�o. S� um r�pido obrigado pelo convite
e o tempo estimado da chegada.

Voc� pode ler por si mesmo.
Est� no est�dio.

Ei.

Tudo vai dar certo.
Eles s�o amigos �ntimos.

Eu que deveria estar nervosa.
Eles mal me conhecem.

Eu n�o sei o que irei dizer.
O que devemos dizer a eles?

Voc� sabe, o de sempre.

Geralmente falamos sobre como
v�o as coisas, nosso trabalho.

Mas Grant n�o trabalha mais.

- Ele � professor, n�o �?
- Sim, mas n�o est� mais pintando.

Ele ensina em uma escola
para pessoas com defici�ncia.

- Bem, � algo excelente para se fazer.
- Sim, n�o, eu...

Sabe? Isto � uma p�ssima ideia.

Eu n�o deveria ter deixado voc�
enviar essa carta.

Diga, "Ol�. � �timo ver voc�s.
Obrigado por terem vindo".

E todo o resto vem depois.
Relaxe.

Bem, eu...

Voc� disse que a bifurca��o estava
chegando. Mas isso foi h� vinte minutos.

A escala desta coisa
� completamente errada.

Estamos em estradas desabitadas,
errantes, aracn�deas linhas negras.

N�o, aqui estamos. � a bifurca��o.

O que diz o sinal?

Ele diz: Upper Mank a
uma milha e meia.

O que h� � esquerda?

Bem, n�s n�o vamos para a esquerda.
Voc� disse � direita.

Sim, eu sei, mais o que h�?

Lower Mank.

Mank, Jesus. Quem mora em
um lugar chamado Lower Mank?

Ok, mas � � direita, e Ebony
est� a cinco milhas ap�s Upper...

- Mank.
- Certo.

Ent�o, voc� quer que eu fa�a
isso corretamente?

- Sim.
- �timo.

Espere um segundo. � esquerda e
um sinal para Ebony.

Mas isso diz que � para
seguir em frente.

Bem, o que voc� quer que eu fa�a?
Quer que eu vire?

Voc� decide.

N�o, por favor, n�o fa�a isso, OK?
Simplesmente, n�o.

- � voc� que est� com o mapa.
- OK, s� siga em frente.

Merda!

O qu�?

Bem feito.

N�o esque�a, s� porque ele tem uma grande
casa, um grande carro e um grande ego,

ele continua o mesmo b�bado
que conhecemos na escola.

Ent�o, "Ol�, beberr�o" � minha
maneira de dizer oi?

Eu acho que seria compreens�vel
diante das circunst�ncias.

- Oi, oi!
- OK. Vamos.

- Oi, pessoas desconhecidas.
- F�cil de achar?

Ah, oi. Tiveram uma m� viagem?

- F�cil de achar?
- Bem, havia algumas placas.

Voc� pegou o mapa?

Qual, aquele que diz
"Somos f�ceis de achar"?

Sim, seria este. Ol�.

Viajamos por tr�s dias.

N�o, voc� n�o tem
viajado por tr�s dias.

N�o, mas sentimos como se fosse.
Onde na verdade n�s estamos?

Eu n�o sei nem mesmo em que pa�s
estou.

Feliz anivers�rio.

Sim, feliz anivers�rio.

- Voc� n�o aparenta mais do que 45.
- N�o, eu n�o passei dos 45.

Ali.

Conversa absolutamente
revigorante.

- Bem-vindos.
- Eu ia pedir indica��es.

Mas ningu�m parece viver neste
fuso hor�rio.

N�o � t�o ruim. Temos uma estrela do rock
estrada abaixo que ainda n�o morreu.

� tipo "Oh, ele?
Eu pensei que j� estava morto".

E h� um casal que cria
lagartixas.

- Como...?
- N�o, pequenos homens lagartos.

- Eu n�o sei por qu�.
- Grudar nas paredes, talvez.

Eu n�o imagino por que eles os criam.
� muito frio aqui.

Deveriam estar na Espanha, eu acho.
Vamos l� pra cima.

Eu n�o sei onde Freya est�.
Freya!

Oi. Oi, pessoal. Estava por a�.

Vamos. Vamos ultrapass�-la.
Eu acho que ela vai perder.

De qualquer forma, escutem.
N�o � muito longe agora.

H� um casal de esquim�s esperando por mim
no pr�ximo esconderijo. Deve ser bom.

- Uau. � lindo.
- Espero que agrade a voc�s.

- Oi.
- Oi.

Ol�. Bom te ver.

Oi.

- Ol�.
- Oi.

- Chegaram bem?
- F�cil de achar.

- Oh, n�o, l� vem ele outra vez.
- Bem, voc�s est�o aqui agora.

- � f�cil de achar o banheiro?
- Eu vou escolt�-lo pessoalmente.

Obrigado.

Vamos.

Oi.

Ent�o, pe�o desculpas por Freya.

Quando ela coloca algo na cabe�a, �
imposs�vel de tirar.

Havia um grande sorriso na carta.

Sim, sim. Desculpe por isso.

Voc� est� bem?

Chegando l�.

Posso pegar algo pra voc�?

- Com muito �lcool.
- Black Russian.

Intensidade russa.

� t�o bom te ver.

Me d� um abra�o.

Black Russian saindo.

Madame.

Oh.

Parece �timo.

� incr�vel.

�timo.

- Me desculpe, o que � isto?
- Eu vou te dar tr�s dicas.

- E se voc� n�o adivinhar, eu ajudo.
- OK.

- Canguru?
- Muito, muito perto.

Na verdade, � confit de pato, ou um
carpaccio de pato com flocos de arroz.

A verdade sobre as palavras �

que elas nunca v�m at� n�s

com um significado previsto.

Come�am como impulso

para fazer conex�es

com boas inten��es.

Elas deixam nossos l�bios,

viajam em nossa respira��o,

caem como pedras...

Ei, Grant?

Em dire��o �s �guas por
entre nossas orelhas.

Incomodando nossos medos.

Feliz anivers�rio.

E aqui est� a verdade...

Droga. Eu ia te comprar um CD.

Sobre as palavras.

N�o, por favor,
voc� n�o devia ter feito isto.

- Eu sei.
- Obrigado.

Uau.

� lindo.

- Realmente lindo.
- Garoto mimado.

Funciona.

Voc� se lembra do filme que fizemos?

- Sem chance.
- � isso?

- Sim.
- Eu pensei que havia se perdido.

- Podemos ver?
- Achamos quando nos mudamos.

- Eu...
- Ah, vamos. Vamos. Por favor?

Por favor. Por favor? Por favor, por favor.

- Eu acho que ela realmente quer ver.
- Por favor.

Sim!

TWENTIETH CENTURY FIX APRESENTA
"PRECISAMOS DE AJUDA"

ESTRELANDO DAN DESESPERADO
GRANT DESLUMBRANTE

LOUCA CHRISTINE
E APAIXONADA AMBER

ISSO � TUDO PESSOAL!

Basta seguir a trilha
do carrinho de m�o

todo o caminho estrada abaixo,
sobre o campo, certo,

e temos a garagem deste idiota.

- Aqui est�.
- Pronto.

- Desculpe, querida. Est�vamos relembrando.
- N�o, n�o seja bobo.

Eu adoro ouvir sobre isto.
Dean nunca me conta nada.

Ent�o, como voc�s encontraram este lugar?
Achei que voc� nunca fosse deixar Oxford.

Eu encontrei, na verdade, em uma revista.
Propriedades com grande potencial.

Parecia uma grande oportunidade.
Eu queria viver pr�ximo ao mar.

- O qu�? Desde quando?
- O qu�?

O sil�ncio dos caranguejos?

- Ol�.
- O que � isto?

Obrigado.
Voc� nunca esquece algo, esquece?

Todos fomos nesta viagem de acampamento
no litoral catal�o,

um tipo de, n�o sei, per�odo p�s-faculdade,

�ltimo peda�o de divers�o, antes da vida
real acontecer, esse tipo de coisa.

E chegamos em, n�o me lembro,
alguma hora rid�cula da manh�

e demorou muito para armarmos
as tendas.

Est�vamos indo dormir e, de repente,
surge a cabe�a dele na tenda,

dizendo, "Gente, gente, os caranguejos,
n�o me deixam dormir".

- O que eles faziam?
- Parecia uma rave.

Eles n�o estavam fazendo nada
demais.

S� estavam rastejando, porque, sabe
como �, eles s�o caranguejos..

Era um som bizarro, acredite.

Voc� pode estacionar uma Harley-Davidson
ao lado do Dean e ele nem vai notar,

mas um pequeno crust�ceo fazendo
seu passeio matinal sobre a enseada...

Sinto muito, o que voc� disse?
Passeio?

Passeio pela enseada.
Voc� estava apavorado.

Ent�o, vamos l�,
voc� sempre quis viver perto do mar.

- Cinco s�labas.
- Eu sei.

Ele � �timo.

A verdade sobre as palavras � que

elas vivem muito mais

do que voc� possa imaginar.

Elas vivem nas sombras.

Escondidas em ranhuras.

Adormecidas.

Elas descansam no dorso
de nossas mentes.

Estamos cansados e distantes,

ent�o, assustados despertamos.

Elas pairam no ar,

diferente das pedras.

Essa � a verdade...

O quarto de voc�s era
o quarto de costura dela.

Sobre as palavras.

1920, ou algo assim.

Ent�o, Rose, ela era
casada com o cl�rigo local,

mas nunca cumpriu com nenhuma das tarefas,
ela era somente uma artista.

Quer dizer,
havia todo tipo de hist�rias.

Mas ela fez estas colchas
lindas.

E, numa p�scoa, todo mundo decorou
a igreja, voc� sabe,

com frutas e verduras,
decora��es caseiras, todo tipo de coisa.

Ok, n�o,
� s� uma hist�ria sem sentido.

- � verdade. Tenho certeza que sim.
- OK.

O que aconteceu?

Bem, Rose terminou esta colcha gigante

e ela a pendurou no meio da
igreja,

suspensa no meio
da congrega��o,

para que fosse revelado durante a missa.

- Ele deve ter aprovado isso.
- O qu�?

Desculpe, o vig�rio. Ele
deve ter visto.

Oh, sim, ele viu. Quer dizer,
era s� uma imagem da vida no campo.

Era um c�rculo de pessoas,
da mais nova, acima � esquerda,

indo por toda a pe�a, at� aos
mais velhos, acima � direita.

Eu vi uma imagem na biblioteca local.
� uma esp�cie de Bruegel psicod�lico.

Bruegel psicod�lico. Como se
ele n�o tivesse problemas suficientes.

Ent�o, no dia seguinte, depois de
toda liturgia anglicana,

uma pessoa revela a colcha,

mas tamb�m h� um len�ol atr�s,

ela puxa a corda, e derruba
tudo.

E, de um lado da colcha,
era como um id�lio rural

e, no outro, algo como uma cidadezinha
do Inferno de Dante.

Digo, todos os moradores foram
retratados como realmente eram,

mentindo, traindo, torturando, violentando.
Pavorosas pessoinhas, todas reconhec�veis.

Cada morador tinha sido
perfeitamente representado.

- Bizarro.
- Eu sei.

Sabe, em um lado da igreja, todos
riram e aplaudiram

e, ent�o, no outro,
um sil�ncio terr�vel.

O que aconteceu com Rose?

Bem, ao que parece,

seu marido, o cl�rigo, foi at� sua
casa para encontr�-la em seu quarto.

Ela havia bebido cloro.

Desculpe,
� onde vamos dormir hoje � noite?

Sim, mas foi h� muito,
muito tempo atr�s.

A casa foi abandonada logo
ap�s isso

e houve um desastre quando
nos foi vendida.

Mas os construtores foram
incr�veis

e reorganizaram tudo muito
rapidamente.

Tivemos uma festa de inaugura��o.
Todo mundo trouxe pinc�is.

Tivemos uma esp�cie de festa do
"traga seu pr�prio pote de solvente".

Sinto por n�o termos vindo.

N�o seja bobo. Voc� estavam...

Tudo bem.

Quando Jacob... morreu...

n�s nos distanciamos.

Recebemos sua carta e convite.
Mas, simplesmente...

N�o consegu�amos expressar.

Eu sei. Me desculpe.

Voc� sabe, quando est�vamos no col�gio,
eu era...

Eu era muito inseguro sobre mim mesmo.

Grant era a rocha.
Por isso eu queria estar pr�ximo a ele.

Mas, quando ele voltou do hospital,

at� mesmo ele estava
completamente perdido.

Sim, bem, n�o tenha tanta certeza
de que sabia o que fazia na escola de arte.

A maior parte era blefe.

E me lembro dele, voc� sabe, na escola,
na sala de pintura.

Ele sentava no canto, meio
mal humorado, estilo Brando,

e n�s fic�vamos nos debatendo
no meio,

tentando ser os mais descolados,
com senso comum pra pol�tica e tudo o mais,

e, cada vez mais, � margem,

ele arremessaria uma pequena
granada de reflex�o.

"Olhe para..." O qu�? O qu�?

Ele olha pra n�s e ent�o volta
para o que estava fazendo,

olhando pombos girando no telhado
ou algo assim.

- Isto foi h� muito, muito tempo.
- Anos 80. N�o sente falta deles?

A d�cada esquecida pelo bom gosto.

Ela deve ter posto sobre
si toda culpa.

O que foi isso? O qu�?

Rose. A garota que fez a colcha.

Ela deve ter sentido que
poderia equilibrar tudo,

pegando todos os pecados deles e
depois se matando para lev�-los embora.

- Eu acredito que ela s� queria ajudar.
- N�o penso em suic�dio...

Eu acredito que ela provavelmente
estava perturbada.

Cloro, voc� disse?

Ela limpou a todos.
Tabula rasa.

Oh, n�o, venha.

N�o se preocupem.
Eu acho que precisamos descansar.

Me desculpe.
Eu n�o sei o que est� me acontecendo.

Tudo bem. Foi um longo dia. Vamos.

Ela est� bem?

Sim, eu acho que ela esteve bem
por um par de dias em 1983.

- Ou�a, me desculpe sobre o filme.
- Por qu�?

Voc� sabe. Muitas lembran�as
in�teis, n�o �?

- Eu achei um belo presente.
- Voc� n�o se importa, ent�o?

Por que me importaria?

- O que foi?
- � s� um pouco de sensibilidade.

- Doeu?
- N�o foi nada.

- Voc� deveria ir ao m�dico.
- N�o � nada, de verdade.

Provavelmente machuquei um m�sculo
ou algo assim.

Tudo bem.
Voc� � quem sabe.

Sinto muito pela hist�ria.

Quando eu comecei a cont�-la,
eu esqueci como terminava.

N�o se preocupe.

N�o podemos passar todo um final de semana
pisando em ovos.

Por que voc� e Christine se separaram?

Est� vendo? Eu sabia que voc�
n�o deveria ter visto aquele filme.

N�o, tudo bem. � s� que, bem...

Voc� nunca fala sobre Amber e seus
antigos amigos e tudo mais.

Foi h� muito tempo. Uma outra vida.
Como um sonho ou algo assim.

- Por que voc�s se separaram?
- N�s nunca estivemos juntos de verdade.

N�s sa�amos, os quatro,
quando eu estava com Amber.

Mas, �s vezes, com outras pessoas.
�ramos tranquilos sobre isso.

Verdade? Christine parece
muito s�ria.

Eu n�o consigo imagin�-la sendo t�o
fr�vola.

Bem, eu acho que ela foi
endurecendo com os anos.

Ent�o, sem arrependimentos?

Sim. Me arrependo de n�o ter
investido no Google quando pude.

Voc� sabe o que eu quero dizer.

Tudo que est� no passado
est� morto.

S� me interesso pelo
aqui e agora.

Bom dia.

- Voc� levantou cedo.
- Sim, n�o consegui dormir.

� t�o quieto.
Acho que d� para se acostumar.

Eventualmente.

Ao que parece,
em uma c�mara de

priva��o sensorial,
em absoluto sil�ncio,

voc� come�a a ouvir os gritos
de seus sistema nervoso.

Acho que sintonizei algo
assim na noite passada.

Voc� n�o est� confort�vel?

Christine dormiu
como um beb�.

Ela est� bem?

Sim, ela...

Ela est� bem.

Eu n�o sei ao certo o quanto
voc� sabe sobre os �ltimos anos.

T�m sido muito dif�ceis.

N�o posso imaginar.

Eu estava para dizer que
posso.

Meu pai morreu quando eu
era bem nova.

Bem, eu era velha o bastante
pra perceber o que tinha acontecido

mas ainda muito nova
para entender.

Eu me lembro de cada segundo
daquele dia.

Como se eu estivesse caminhando
em um outro mundo.

O que ele fazia?

Era um bi�logo marinho.

Sim, sim. Viaj�vamos mundo afora
procurando por peixes coloridos.

E, ent�o, um dia isso terminou

e havia somente esta casinha
cinza no sul da Inglaterra,

a m�goa de minha m�e,
que parecia nunca desaparecer...

e mais nenhum peixe.

Ent�o, eu acho que voc�
consegue imaginar.

Um pouco mais claro do que
Dean, de qualquer forma.

Ei, bem, foi a imagina��o de Dean
que me prendeu.

Ele trouxe de volta meus
peixes coloridos.

Eu n�o vou me debru�ar sobre
quest�es de figuras paternas.

J� ouvi todas elas.

Me desculpe. Isso foi muito
indelicado.

N�o. Sem autocensura aqui.
Regras da casa. Fale o que pensar.

Eu e Dean, quando conversamos, somos
como dan�arinos de pasodoble.

Eu acho que ele � muito inseguro,
especialmente perto de voc�.

O qu�?

Para mim parece �bvio o quanto
ele precisa de sua aprova��o.

Ele percebe as pr�prias defici�ncias,

quase que instantaneamente,
ao ver seus pontos fortes.

- Voc� foi uma editora, certo?
- Breve per�odo. Fic��o moderna.

Por que voc� parou?

Eu pensei que era sobre fazer
os livros melhores.

Publica��es est�o num mundo muito pol�tico.
Eu s� queria uma vida simples.

Eu conheci Dean. O chamei de
professor em nossos primeiros encontros.

Fiquei deslumbrada por uma vida
criando belas coisas.

Voc� j� leu algum de seus livros
mais recentes?

N�o, lamento. N�o li.

Ele se abriu um pouco.
S�o livros realmente questionadores.

Sabe...
Eu gosto de voc� mais do que imaginava.

Falando do diabo.

O que voc�s fazem
acordados a esta hora?

Estou sempre acordada a esta hora.
Voc� que n�o, por isso nunca percebeu.

OK, o que voc� faz acordado
a esta hora?

Falando com Freya.

- Certo, caf�?
- Claro.

- Pijama ador�vel.
- O qu�?

- H� um pouco na garrafa.
- Professor.

Ent�o, o que voc�s pretendem
fazer hoje?

Estou acordando, � isso
que estou fazendo.

Voc� decide. Estamos em suas m�os.

Estava pensando em levar Christine
para uma caminhada pela floresta,

voc� sabe, essas coisas,
soprar algumas teias de aranha.

Deixar os dois garotos se
familiarizarem.

Acho que vou manter minhas
teias de aranha por hoje.

Voc� pode me mostrar
seus novos livros.

Tenho ouvido grandes, grandes
coisas sobre eles.

Consiga seu pr�prio caf�.

- N�o devemos brincar com ele.
- Por qu�?

- Ele est� igual � Queridinha do Vov�.
- Pare.

Mas est� igual. Voc�
comprou isso?

Oi, oi!

- Ei.
- Tchau.

- Tchau-tchau.
- Tchau.

Vamos l�.

Eu estou realmente feliz
que voc� escreveu de volta desta vez.

Fico contente que voc�
veio.

N�s recebemos as duas cartas
enviada pelo Dean.

Eu li uma delas, outra vez,
recentemente

e questionei sobre do que se
tratava toda esta desorienta��o.

Mas, voc� sabe, naquele estado de
esp�rito, creio que Grant leu cada frase

como se houvesse algum tipo de
interpreta��o sarc�stica.

Bem, Dean precisa de um editor de
vez em quando.

Eles t�m uma hist�ria juntos.
Cresceram juntos.

Supondo que eles realmente cresceram.
�s vezes, me pergunto sobre isso.

Voc� os conheceu antes
da escola?

N�o. Mas eles j� estavam
juntos na escola infantil.

C�us, eles realmente
cresceram juntos.

E eles s�o pessoas
completamente diferentes, na verdade.

Eu nunca acreditei naquele velho
clich� dos opostos que se atraem,

mas eis nossos garotos.

Ent�o, o qu� que est� pegando?

Isso � alguma refer�ncia � drogas?

O que tem feito?

Estou um pouco preso no
momento.

Eu quero pintar algo. � meu
anivers�rio e quero pintar algo.

O qu�?

Bem, h� um trabalho que deveria estar
fazendo, e um livro infantil tamb�m.

- Qual o trabalho?
- N�o � nada, realmente.

N�o recebo nada por isso.
Eu s� queria retornar.

E o livro infantil?

� sobre uma garota que
vive em um corti�o

e � enviada para a casa do seu tio
em uma ilha e ela est� entediada.

Ent�o, um dia, ela acredita ter ouvido
uma ovelha murmurar algo sob a respira��o.

Ela descobre o que os animais fazem
quando n�o est�o sendo observados.

O que �?

Bem, por exemplo, ela pergunta:
"Como as aranhas entram em casa?"

Elas contam para ela que formam
uma fila ordenada em frente � porta

e fazem turnos para vigiar o
momento que algu�m atravessa.

Como as borboletas saem
de dentro das lagartas?

Na verdade, h� tr�s
insetos envolvidos.

H� a lagarta,
a borboleta

e um pequeno besouro que passa seu
tempo enganando os time-lapses das c�meras,

animando as mudan�as.

� um efeito especial.

S�o apresentados como cupins,
mas j� n�o comem madeira h� anos.

Agora, eles s� produzem
filmes.

- Voc� escreveu isto?
- � um dos que Freya escreveu.

- Baseado em sua inf�ncia.
- Filha �nica. Uma vida rica em fantasia.

Vamos l�, voc� quer fazer
um pouco de psicologia amadora?

- Vamos fazer um elegante cad�ver.
- Ah, n�o.

Vamos, temos algumas horas
at� as garotas voltarem.

N�o, eu...
N�o tenho conseguido desenhar.

Andar de bicicleta.

Ent�o, vamos.

Vamos l�.

Eu me lembro de quase termos uma
briga por algo assim.

Bem, isso foi quando �ramos
jovens e b�bados

e apaixonados pela mesma
garota.

Com as m�os em Hannah.
O que aconteceu com ela?

Budista.

N�o acredito nisso.

- Como voc� sabe?
- Topei com ela em Tassajara.

Careca, fazendo p�o.

- Eu n�o mencionei as esculturas de p�nis.
- Realmente, n�o era muito apropriado.

N�o enquanto ela preparava a massa
e usava uma manto de ora��o.

Embora as duas atividades se
conectaram em minha mente.

Ele � bem mais brincalh�o do
que eu me lembrava,

mas, na verdade, eu s� me encontrei
com voc�s duas vezes.

Grant?

Pois �, ele poderia ter seu
pr�prio show se quisesse.

No meio de toda conversa fiada, d� para
perceber o quanto ele se preocupa com voc�.

Bem, nos preocupamos um com o outro.

Sinto como se tivesse que lidar
com muita preocupa��o, ultimamente.

Me desculpe. Eu preciso fazer
isto.

Voc� est� pronta para falar
sobre o que aconteceu?

Digo, se n�o, s� me diga e
eu n�o perguntarei mais.

� que eu sou naturalmente
uma vaca intrometida.

Voc� sabe, onde vivemos,
no meio da cidade,

voc� dificilmente consegue pensar
sem que seus vizinhos ou�am.

Mas aqui eu poderia berrar e
ningu�m me ouviria.

- Talvez seja isso o que voc� precisa.
- S�rio?

Sim. Por que n�o?

H� somente eu por aqui e alguns
corvos que n�o a julgar�o.

Talvez.

Eu preciso de amor!

E o Dean � muito velho!

E haver� um dia em que a diferen�a
de idades vai significar algo,

mas, neste momento, eu s�
preciso de amor!

Eu perdi meu beb�,

ele tinha um dia de idade,
e eu odeio o mundo inteiro

por n�o se importar com ele
ou conhec�-lo!

Sobre o qu� voc� acha que
elas est�o falando?

N�s.

Nem toda gente no mundo fala
sobre voc�, Dean.

Eu sei que voc� acha que sim,
mas eu preciso te revelar isso.

Minhas orelhas est�o queimando.

Na verdade, eu tenho uma pequena
dor no meu rim esquerdo.

Isso � um sinal claro de que
algu�m fala de mim.

- � uma pedra.
- Eu tive uma dessas, certa vez.

� o mais pr�ximo que o homem
possui...

de um trabalho de parto. Desculpe.

N�o podemos passar o final de semana
inteiro evitando assuntos sens�veis.

Vamos parecer como a transmiss�o
pol�tica de algum partido.

Eu acordei e ele estava l�.

Eu acho que somente dormi
por algumas horas.

Me recordo de ter chamado a enfermeira,
porque eu n�o via...

Eu n�o via seu peito se
movimentando.

E eles n�o encontraram nada,
uma raz�o?

N�o.

Voltamos para uma casa gelada,
vazia.

N�o atend�amos o telefone.
E, ent�o, as brigas come�aram.

Uma tempestade de ang�stia.

No quarto dia, tivemos uma
briga horr�vel

e a coisa mais estranha aconteceu.

Eu havia pegado um despertador
do hospital.

N�o havia desfeito as malas
nem nada.

T�nhamos deixado tudo pr�ximo
� porta.

E, de repente...

bem no meio da briga, o despertador
toca.

Eu n�o tinha enrolado ele nem
empacotado.

E n�s, simplesmente, paramos
de brigar.

Simplesmente paramos e
escutamos.

E foi como se...

Ei.

Foi como se ele quisesse que
n�s par�ssemos de brigar um com o outro.

- Como...
- Ei, est� tudo bem.

Como se ele estivesse ali.

Mas sobre voc� e Freya?

Sobre os dois?
Voc�s querem ter filhos?

N�o � uma quest�o, no momento.

Bem, Eu n�o acho que o pensamento
do Dean siga por esse caminho no momento.

- Verdade?
- N�o. Freya parece OK sobre isto.

Ela n�o est� desesperada
para ser uma m�e.

N�s realmente n�o falamos sobre
isso.

Eu mencionei isso algumas
vezes.

E o que ele disse?

Ele est� OK sobre isso,
mas, voc� sabe, sem pressa.

Verdade? Eu n�o sei.

Ela me parece ser do tipo
m�e de fam�lia.

Voc� acha?

Voc� quer ter filhos?

Ele disse OK? Disse que sim?

Digo, havia um grande impasse
entre n�s quando est�vamos juntos.

Voc� sabe.

Por isso eu parti.

Voc� sabia disso?

N�s realmente nunca falamos
sobre isso.

Eu imaginava.

Eu sempre senti
esse inc�modo.

Seus desenhos e cria��es sempre
foram seus filhos.

Vamos.

Vamos.

Venham, juntem-se!

Cuidado, olha l�, olha!

Droga!

Gol!

Freya!

Freya?

Algum de voc� viu aquela pe�a
no ninho de amor do Saddam Hussein?

Oh, por favor. Eu guardaria essa
para uma semana normal.

� uma grande hist�ria.

A defini��o de arte no
s�culo 21.

- S� espere que eu veja onde Freya foi.
- N�o mude de assunto.

Sempre que algu�m tenta
definir algo no s�culo 21,

eu preciso ver se Freya
est� bem.

- Ele est� mudando de assunto.
- Pare.

Ok, diga.

Ent�o, os americanos perambulam
pelo leito do Saddam no Iraque

e suas paredes est�o cobertas
com essas pinturas bizarras de fantasia.

- Ele est� me tirando os parafusos.
- Ele s� tem alguns, � isso.

Voc� continua enchendo seu copo,
o que voc� espera?

Sim, eu vi a c�pia de um dos meus
na parede, em uma reportagem.

Isso foi ideia sua.

E alimentar as chamas com tequila
foi ideia sua. Uma p�ssima, eu acho.

- Ent�o, como se sente sobre isso?
- O qu�?

Sua pintura na parede pr�ximo �
porcaria de Caverna do Drag�o

no leito do Saddam?

Eu gosto de me manter discreto.

Eu sei que voc� � melhor que isso,
voc� tamb�m sabe disso,

mas voc� se mistura com este lixo,
o que voc� espera?

Como eu disse, eu n�o tenho controle
sobre isso. Essas pinturas s�o como filhos.

Voc� tenta e os coloca no bom
caminho

mas, no fim do dia, eles querem
viver a sua pr�pria maneira.

� assim que as coisas s�o.

Ent�o, se algum colecionador em Taiwan
pega uma de minhas coisas,

leva a um golpista local,
faz uma c�pia disso

e depois vende ao decorador
do Saddam Hussein,

est� fora do meu controle.

Eu acho que est� sendo muito
indulgente consigo mesmo.

� assim que funciona essa cultura do
escapismo. � corrosiva.

- Esteticamente, moralmente.
- Por favor.

Eu realmente n�o acredito que o
Revolucion�rio Partido do Drag�o Socialista

� uma forte for�a no mundo.

Ou a Frente de Libera��o dos Hobbits.

Ou o Coletivo democr�tico
dos Gnomos.

Sim, voc� faz piada disso, mas
enquanto o mundo est� sendo sedado

com uma fantasia de merda
sobre o nada,

tudo continua a se mover.

As calotas de gelo continuam
a derreter.

O fornecimento de combust�vel continua
a diminuir.

Os ex�rcitos privados de malucos
com fantasia apocal�pticas,

com Deus ou Al� ou qualquer merda
de Hamburguerl�ndia em que acreditem,

- continuam seriamente a se mover.
- Fique calmo.

O qu�? Eu estou calmo!

Dean est� fazendo um trabalho
para a Anistia, neste momento.

- S�rio?
- Bem, veremos.

Espere um minuto. Este � o
trabalho que n�o est� te pagando.

Est� negligenciando um trabalho para
a Anistia, porque eles n�o lhe pagam.

Porque eu n�o sei o que fazer.
N�o � pelo dinheiro.

Inacredit�vel. Voc� nem mesmo
quer pensar sobre isto, quer?

Parado aqui na sua casinha
na beira da porcaria do mar.

H� um grande aviso sobre o pa�s
neste momento

e diz "N�o perturbe".

Por favor, Grant. Pare.

Bem, eu concordo.

Oh, meu Deus. Aqui estamos.
Quer dan�ar?

N�o, realmente, eu concordo. Acho
que h� uma preciosa conex�ozinha

com o mundo real neste
momento.

Mas eu n�o acho que voc� est�
dando � fantasia o devido cr�dito.

N�o estou falando de
fantasmas e fadas.

Estou falando de nossas vidas fantasiosas,
n�o, nossas vidas imaginativas.

Voc� pode florear o seu discurso,
mas, no fim, o significado � o mesmo:

falta de engajamento.

- Gostaria de ouvir o que tem a dizer.
- Obrigado.

Eu acredito que h� muito pouco
contato em nossas vidas atualmente,

escassez de realidade.

Isto � real, nossa conversa � real,

mas o que ir� acontecer daqui a
uma hora, ou algo assim?

Voc� ter� a sua vers�o dos eventos,
e eu terei a minha,

e ambas ser�o diferentes.

Haver� um caos de mem�rias,
m�s interpreta��es, conex�es bilaterais,

e tudo ser� fantasia.

Na verdade, tudo que voc� deseja
e sonha alcan�ar,

� tudo uma fantasia.

E as camadas de associa��es
e conex�es

que seu c�rebro faz a cada segundo,
enquanto n�s navegamos neste mundo,

isto tudo � uma fantasia.

Sim, parece t�o real como
as not�cias na TV,

o som desta mesa,
as pessoas que amamos.

E � por isso que eu acho
que � extremamente importante

lidar com esta defini��o
de fantasia em nossas vidas.

- Voc� acha?
- Sim, eu acho. Eu sei que voc� n�o, Grant.

Mas eu acredito que o mundo � grande
o suficiente para acomodar n�s dois.

Bem, que legal.

- Aqui, tome outro drinque, Grant.
- Por favor, pare.

O qu�? Somos somente n�s!
Uma pequena dose de roupa suja e verdade.

- Uma picada de agulha.
- Sim, est� tudo bem.

Certo, tudo est� bem.
Tudo realmente ador�vel.

E quanto a jovem Freya aqui?
De que lado voc� est�?

- N�o me coloque no meio disto.
- Vamos l�, n�o seja t�mida.

Eu tenho a sensa��o de que voc�
� muito menos indulgente

sobre este bl�, bl�, bl� do que eu
imaginava.

- Por favor, mude a fita.
- N�o, vamos l�.

Agora, voc� est� em sua zona de
conforto com sua figura paterna substituta.

N�o fa�a isso, Grant.

OK. Me desculpem. Eu lamento.

Bem, sem autocensura por aqui.

Ent�o, onde voc� est� no grande
debate de fantasia contra realidade?

As duas coisas n�o se excluem
mutuamente.

Tango.

OK. Explique.

Eu... tango.

Voc� dan�a tango?

Duas vezes por semana.

E, se voc� quiser, se voc�
realmente estiver interessado

em observar o atual balan�o
de nossa vidas

entre o que voc� chama de mundo
real

e o que o Dean, aqui, pensa sobre
o que sejam nossas vidas fantasiosas,

ent�o, o tango tem o
equil�brio perfeito.

Eu adoraria dan�ar.

� mais do que uma simples
dan�a.

� uma negocia��o entre amigos,
inimigos e amantes.

� quando voc� percebe o qu�o
rid�culos todos n�s somos

em nossa simula��o de vida e
rotina de sedu��o

e demonstra��o de poder

e nossa pretens�o
em ser autossuficientes.

� onde voc� percebe como nossa necessidade
por contato humano � essencial para a vida.

O calor de uma outra pessoa
se movendo ao seu lado.

Posso tentar?

� real, e fant�stico.

- Bem, eu quero dan�ar.
- Meu deus.

- Voc� vai cair.
- Vamos l�, me ensine.

Quero experimentar esta grande
dose de realidade.

N�o seja est�pido, Grant.

Eu irei te ensinar quando
voc� n�o estiver mais com raiva.

O qu�? N�o estou com raiva.
Vamos, eu quero dan�ar.

- Tudo bem, sente-se.
- Sente-se.

Fique calmo.

- Somente, sente-se.
- Me desculpe.

Sente-se.

- Onde tem uma toalha?
- Na parede da cozinha.

� amea�ador.

O que est� acontecendo? Achei que
hav�amos tido um bom tempo juntos.

Voc� tem me chutado
a noite inteira.

O que �? � esta casa?

Isto? Estes?

N�o estou fazendo isto por voc�, voc� sabe.
Houve um tempo em que sim.

Quando eu precisava de voc� me
dando um tapinha nas costa, mas...

Voc� n�o precisa se justificar
para mim.

Claro que preciso.
� a Freya? Ela � jovem, OK?

Ela � uma pessoa independente,
sim, � mais nova do que eu,

mas ela n�o � raz�o de eu ter
deixado a Amber.

Ela n�o � a respons�vel por separar
nossa gangue de quatro.

J� n�o havia muito de nossa gangue,
de qualquer maneira.

- Na verdade, eu gosto da Freya.
- Perfeito.

Ent�o, o que �?

Voc� � a causa...

� porque voc� perdeu seu beb� na
maternidade? N�o �?

Jacob.

Me desculpe. Jacob.

� isso?

E n�s n�o o perdemos. Ele morreu.

Eu sei. Me desculpe.
� somente uma express�o.

N�o estava tentando falar
usando eufemismos.

Sim, voc� estava. Por que voc�
faz isso?

Somente fala usando
eufemismos.

Voc� sempre evita o conflito
e constrangimento.

N�o fico por a� estimulando argumentos.
Eu acredito que isso � uma boa coisa.

N�o, apenas passeia alegremente pela vida
fazendo a merda de seus livros infantis.

Voc� nem mesmo gosta de crian�as
Qu�o hip�crita voc� �?

Bem, percebo que n�o vou vencer este
argumento. Vou para cama.

Cristo. N�o h� nada que possa penetrar
seu ego, h�?

Voc�. Quando olho para tr�s,
voc� teve um grande impacto em minha vida.

- O que aconteceu com aquela pessoa?
- A vida aconteceu, Dean.

Agora, voc�, ocasionalmente, quer sair de
sua torre de marfim,

ver os destro�os que ainda se
mant�m em seu rastro.

Agora, quem est� usando
eufemismos?

Voc� tem ideia de como Amber
tem passado esses �ltimos anos?

Reuni�o de alco�licos an�nimos,

humilha��o casual tentando encontrar
algu�m para dividir a vida com ela

e realmente sem saber o porqu� de
ter sido abandonada, pra come�ar.

Isto n�o � da sua conta.

Mas todos estamos l�, Dean.

Enquanto voc� fantasia seu caminho ao topo.
Todos somos apenas trampolins.

Voc� nunca confiou em ningu�m,
certamente n�o em mim.

- Nunca confiamos nada um ao outro.
- Eu estava falando sobre Christine.

O qu�? Ela est�...

- N�s estamos bem.
- Senhor, isto deve ser um dom.

Algum detalhe inconfort�vel entra
em minha vida e,

'puff', se vai.

- Nunca existiu.
- Eu vou para cama.

Como todas as pequenas promessas
que voc� fez durante os anos

que n�o levavam, talvez,
aos seus interesses,

ent�o, esque�a-as.
Puff! Somem.

Isto n�o pode ser sobre aquele
livro que planejamos escrever.

Foi h� quinze anos.

Como uma irritante gravidez
n�o desejada.

- O qu�?
- Surpresa?

Ser� que eu consegui?
Ser� que realmente atingi um nervo?

- Estou indo para a cama.
- O qu�, achou que ela n�o me contaria?

N�o temos segredos entre n�s.

Voc� a engravidou e, ent�o, assinou
um pequeno cheque para o aborto.

Puff! A crian�a sumiu.

N�o havia nenhuma crian�a.

Mas havia Christine.

Ela ainda est� aqui. As c�lulas podem ter
ido, mas ela continua lidando com isso.

- Voc� pensou nisso um segundo sequer?
- Sim, claro que pensei.

Durante as cerim�nias de
premia��o

e os infind�veis livros est�pidos
para crian�as n�o existentes?

V� a merda!

Voc� � a merda de um
hip�crita.

- O que foi isso?
- O qu�?

Eu ouvi um barulho.

- J� se foi.
- O qu�?

- Ele fugiu.
- Grant?

O que aconteceu?

Estes dois garotos tiveram uma
briga e Grant se foi.

- O qu�? Para onde ele foi?
- N�o fa�o a menor ideia.

Um � t�o ruim quanto o outro,
sabia?

- Sim, sim, OK.
- Certo.

Veja, eu vou at� � praia. Voc� pode
seguir o caminho pela floresta?

- Sim.
- Voc� poderia ajudar.

O qu�? Ele n�o �...por que...

Nada vai acontecer com ele!

Merda.

Grant. Grant!

Grant!

Grant! Pare, Grant.

Pare, Granty!

Granty, vamos!

Grant, vamos l�!

Eu vou te dar uma outra
garrafa de tequila

e uma assinatura vital�cia do
partido dos trabalhadores

se voc� vier aqui, agora, Grant.

Eu... Oi. Ei.

Ol�, Chris. O que est� acontecendo?

- Ele est� por a�.
- Sim.

Mas, eu acho que ele vai voltar, voc� sabe.
Ele est�...

Est� fazendo tempestade em copo
d'�gua

e vai voltar resmungando.

Ele sempre teve um pavio muito
curto.

N�o o Grant.

Nosso filho.

O qu�?

Eu n�o consegui.

- Eu simplesmente n�o consegui prosseguir.
- Do que voc� est�...

- N�o, n�o, voc�... voc� n�o fez...
- Eu n�o consegui.

N�o consegui sentar l� e
justificar o assassinato de uma crian�a.

Mas n�o era uma crian�a, era?
S� um amontoado de c�lulas.

- N�o pude fazer.
- N�o, n�o, n�o.

Meu deus, isto � insano.

Isto � insano! Insano.

Aconteceu h� vinte anos e voc�
est� me contando isso agora?

- Foi um erro est�pido.
- Merda.

- Grant sabe sobre isso?
- N�o. N�o, ele estava na Am�rica.

E n�o estivemos juntos, ent�o.

O que aconteceu?

Eu o registrei em uma ag�ncia de ado��o.
Ele foi adotado.

Ele? Voc� est� me dizendo que eu
tenho um filho por a�, em algum lugar?

- Em algum lugar.
- Algum lugar? Onde?

Me d� algo mais espec�fico.

Oh, senhor. Isto � um pesadelo.

Somente um pesadelo.

- Voc� conheceu os pais?
- Sim.

- E?
- Isto importa?

Eles eram legais. N�o podiam ter
filhos. Eram gentis.

Eu teria ido com voc�, voc� sabe.
Teria estado ao seu lado.

O que voc� escolhesse, eu estaria l�.
Teria estado.

E o que voc� disse a Amber?

Tudo bem. Tudo bem.
Eu estava bem at� perder o Jacob.

Eu sei que esteve conosco s� por um dia,
mas ele foi uma pessoa e se chamava Jacob.

Voc� sabe, eu imagino a vida dele
todo dia,

eu sei o qu�o velho ele estaria,
o que estaria fazendo.

Imaginei os dois l� fora,
no mundo, juntos.

Me fazendo companhia.

E o Grant?

N�o posso alcan��-lo.
Gritando para o mundo.

Eu n�o sabia que algu�m poderia
sentir tanta raiva, por tanto tempo.

Digo, eu... estou cansada.

Grant se perdeu.

Mas voc� conseguiu encontr�-lo
e o trouxe de volta, n�o �?

A vida continua.

Por qu�?

Por que a vida continua?

Vou ter que lhe devolver esta.

Ei! Ei, gente, eu o encontrei!

Vamos!

Em frente.

Isso mesmo, isso mesmo.

Ele est� realmente quente.

Espere um segundo. Me deixe
abrir isto.

- Deixe que eu te ajudo.
- Obrigado.

- OK, com cuidado.
- Deus do c�u!

- Senhor, como ele fez isso?
- Vamos l�.

Parece ter parado de sangrar.

Sim.

Est� tudo bem, Grant. Tudo bem.

Vou ligar para o m�dico vir
logo de manh�, ok?

Sim. Eu deveria dormir
aqui esta noite.

De qualquer forma, n�o vou ser capaz
de dormir no andar de cima. Vamos.

Pode nos trazer um cobertor?
Um para mim tamb�m?

- Sim.
- Ei, voc�, senhor.

- Ei.
- Nos dando um susto desses.

Meu bem.

Cuidado com isso. Me deixe
segurar.

Obrigado. Deixe-me colocar
isso aqui.

Ser� que vai incomodar?

Tudo bem, est� tudo bem.

Aqui, Freya. Pegue a parte de cima.
Eu ajeito aqui.

N�o seja bobo. N�o seja bobo.
Aqui, vamos l�, mantenha-se quente.

- Somente se mantenha quente.
- Certo, obrigado.

N�o, voc� n�o pode ficar
aqui esta noite.

Claro que posso. Por favor.
Algu�m tem que ficar.

Ele vai ficar bem. Realmente vai.
N�o me importo de ficar aqui.

N�o, por favor, somente...

- Certo. Ele vai ficar bem.
- Sim, claro.

Obrigado.

- Tem certeza?
- Sim, sim.

Boa noite.

Gente, ele est� aqui!

- ...assustador.
- Assustador? S�rio?

- Agora, Senhor...
- Grant.

Senhor Grant.
O que voc� aprontou, hem?

Bem, bem.
Isso � realmente desagrad�vel.

Este homem esteve bebendo?

Ele e Dean n�o se viam h� um tempo,
ent�o, sim, um pouco.

Esteve bebendo ontem � noite,
senhor Grant?

Sim.

E que droga de bebidas
foram essas, senhor Grant?

Tequila.

Qual tipo de tequila foi, senhor Grant?

- O qu�?
- Gold? Comemorativo?

- Mezcal.
- Oh, meu deus.

Consegue dizer Capistrano, senhor Grant?

Perd�o?

Consegue dizer Capistrano, senhor Grant?

Capistrano.

- Albatroz.
- Albatroz.

Selfridges.

Selfridges.

Did�tico.

Did�tico.

Did�tico.

Did�tico.

Sim, definitivamente h� algo
acontecendo aqui

na segunda s�laba, n�o �,
senhor Grant?

O que voc� acharia se eu usasse
a palavra rom�zeira?

Interessante.

Feche seus olhos por um
minuto.

Vamos l�.

Assustador, realmente.

Ele � um m�gico.

O qu�?

� verdade.
Ele decidiu que queria me conhecer.

- E?
- Nos conhecemos em Londres.

Inicialmente, apenas conseguiu
ser mensageiro em um teatro,

mas ele se apresentou como um
m�gico no Covent Garden.

N�o acredito nisso.

Olhe para voc�. Seu mundo
realmente mudou de eixo.

Sim, claro.

Qual o nome dele?

- Michael.
- Michael.

- Quantos anos ele tem?
- Bem, ele tem vinte e um. Lide com isso.

Como ele �?

Ele se parece com voc�.

Ele � confiante, mas precisa
que o aplaudam.

Ele � exigente, mas fica na
defensiva se voc� for exigente.

Ele �... orgulhoso. Ele �
ador�vel.

- Ele...
- Perguntou por voc�?

Ele sabe?

N�o, eu disse para ele que n�o
via voc� desde os tempos do col�gio.

Acho que ele acreditou em mim.

Ent�o, eu contei a ele sobre
nosso beb� e acho que ele quis

ficar com raiva de mim.

Eu acho que estava pronta para isso, mas,
em seguida, disse o que tinha acontecido

e parece ter havido um
choque em nossa conversa

direto do passado para o
presente.

Voc� o ver� novamente?

Bem, eu gostaria. Ele � um
bom garoto.

Tem o seu sorriso.

Muito obrigado por ter vindo.
Obrigado.

E o que � isto?

Nada. Tem sido um longo
fim de semana.

Agora. Deixe-me ver.

Vamos, levante seu su�ter.

OK.

Certo, respire.

Voc� j� ouviu a risada de um
golfinho?

Sim, eu acho que sim,
pela televis�o.

Bem, pense nesse som por
um minuto.

OK.

- Como ele est�?
- Ele vai dormir.

Voc� tem que deixar essas coisas
se resolverem.

Sabe, quando voc� apareceu com a
Freya, eu n�o gostei dela.

Sim, era meio �bvio.

Mesmo com nossa aventura,

eu nunca entendi o porqu� voc�
e Amber se separaram, ent�o eu...

Sempre fomos a gangue de quatro.
Suponho que ela me ofendia de algum jeito.

Ela era t�o legal.

T�o muito, t�o alegre, t�o jovem.

N�o se engane.
Sou a �nica crian�a desta casa.

Olhe para ela, Dean.

Eu acho que ela v� o bem
em tudo.

N�o consigo imaginar ningu�m mais
preparado para ser m�e.

E voc�?

A vida continua.

Por qu�?

Oi, oi! � o irm�o mais novo
de L�zaro!

D� um cappuccino a este homem!

- Eu gostaria de um cappuccino.
- Saindo. Um torr�o ou dois?

- Oh, minha querida.
- Sete.

Voc� me assusta.

- Oh!
- Desculpe.

Est� um pouco dolorido.

Sim, voc� liberou todo pavor
que estava em mim.

Melhor fora do que dentro.

Ol�.

- Me desculpe, amigo.
- Oh, n�o, n�o. Sabe o qu�?

Estamos um pouco confort�veis demais
aqui, ent�o, voc� est� certo.

N�o. N�o.

Bem, com exce��o da parte em que voc�
est� errado, est� certo. Como est�?

- �gua. Beba bastante.
- Obrigado.

Que horas s�o?

- Tr�s e meia.
- O qu�, tr�s e meia da tarde?

- O que aconteceu com o almo�o?
- Voc� perdeu, parceiro.

Voc� precisa dormir.
Certo, one cappo saindo.

Ser� que j� acordei?

Eu acho que deveria estar sedada,
mas eu... Eu s� estava dormente.

E a coisa mais assustadora
deixou a casa naquele dia,

vendo todas essas caixas
e caixas de presentes

para a crian�a que n�o
estava l�.

E me lembro de ter pensado,

"Deus, este deveria ser um dia
em que compraria roupas de beb�...

e, em vez disso, estamos
preparando um funeral".

Parecia absurdo.

De qualquer forma, chegamos l�,
ao cemit�rio, e...

estava muito frio.

Encontramos esse velho
zelador.

Ele era um cara incr�vel.

Sim, continuamos a voltar por causa
deste peda�o de terra

com esta estranha forma��o
de pedras.

E eu, simplesmente, me senti bem,
n�o �?

Ele disse que poderia enterrar Jacob l�,
e que era isso.

Era como visitar outra dimens�o,
nada como o mundo real.

Era muito estranho.

Sei exatamente o que quer
dizer.

A primeira e �nica vez que
estive em um cemit�rio

foi no enterro do meu av�.

Eu deveria ter uns oito anos,
eu acho.

Ele era um homem extraordin�rio, realmente.
Foi um alpinista e explorador.

Ele era uma lenda na fam�lia,
�amos visit�-lo todo natal

e, de vez em quando, fic�vamos
na sua casa antiga, no interior.

Havia sempre um novo quarto
para explorar,

cheio de quadrinhos
antigos do Tarzan,

utilizados como estrutura
em navios da Am�rica,

ou um quarto cheio de f�sseis
e ossos antigos.

Tornou-se interessado em aves que sobrevoam
t�rmicas em torno do picos das montanhas,

ent�o se transformou em
ornit�logo

e come�ou a resgatar �guias feridas.

Tirava fotos de mim com
as aves que encontrava.

Ele me inspirava.

Quando meus pais estavam com problemas,
fiquei com ele por algumas semanas

e fizemos um enorme par de asas
de bambu e papel,

subimos no topo do telhado

e as lan�amos para o ar,
sobre o vale.

Mas, ent�o, ele morreu.

E ainda continuo sem saber
o porqu�.

Ele deve ter ficado doente.

Tudo se foi antes de eu
perceber o que aconteceu.

Para colecionadores
ou lojas de sucata de Oxfam.

Mas eu n�o pude ficar com nada.

Esta singular, e importante, vida,
resumida em poucas crateras de lixo.

Eu estava apenas come�ando a conhec�-lo,
realmente entend�-lo.

E, ent�o, qualquer tra�o dele
se foi.

Agora, eu nem consigo me
lembrar de seu rosto.

Vamos... para dentro antes
de congelarmos at� a morte.

Sabe, eu acho que realmente
vamos nos lembrar desta semana.

Eu realmente espero que n�o.

Bem, eu sinto...

Frio?

Eu ia dizer... me sinto melhor.

Sim.

- O que � isso?
- O qu�?

Oh, meu deus, isso.
Eu encontrei no est�dio do Dean. Isto �...

� um dos seus.

Uma triste pintura.

Vamos.

- Tudo pronto?
- Eu s� vou pegar minha mala.

� isto. Tudo?

Sim.

Quando se for,

pode me enviar uma c�pia do novo
livro infantil que voc� est� fazendo?

Vamos, sem disso por agora.

Eu acho que seria uma boa maneira

de falar sobre o mundo natural
para as crian�as que ensino.

- Verdade?
- � uma escola urbana.

A maioria deles mal viu uma
folha de grama.

Sim, claro. Setembro, eu acho.

Voc� pode assin�-lo.
Seria uma lembran�a agrad�vel.

Ei, sabe de uma coisa?

Eu acho que voc� deveria levar
alguns desses desenhos com voc�.

- Tenho que confessar.
- O qu�?

Eu peguei o desenho.
Voc� se importa?

Eu vim buscar alguns para o Grant,
de qualquer maneira.

- Posso lhe pagar.
- N�o seja boba.

Uma resposta.
Acho que tenho uma resposta para voc�.

- Qual a pergunta?
- Por que a vida continua.

Vamos.

L�.

Olhe, se n�s n�o continuarmos,

jamais ter�amos tango,
no meio do nada,

em um domingo de manh�.

- Devagar. Um, dois...
- Dois...

Agora para o lado.
Agora em frente. Vamos.

Vamos. N�o. N�o. Deslize.

Deslize. N�o, deslize.

Legendado por Iago
F�rum MKO.