All language subtitles for Lost in La Mancha [2002]_PT

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Desde que me lembro,
ele sempre falou

em rodar Don Quixote.
Ele acredita em Don Quixote.

Era um filme para Terry.

Misturava seu humor, seu entusiasmo,
sua alegria e sua obscuridade.

O melhor de Gilliam.

Em todos seus filmes, Terry
p�e algo de si em seus personagens.

Don Quixote � isso,
um homem que luta contra moinhos.

Isso me perturba h� muito tempo,
Don Quixote me persegue.

A primeira vez foi em 1991.

Sonhei com ele muito tempo.
Fazia o filme em minha cabe�a.

As imagens estavam ali.
As vi tantas vezes em minha cabe�a.

Se Don Quixote me deixa
obcecado h� tantos anos

� porque todo meu trabalho
fala de realidade,

de fantasia, de loucura, insanidade.
Don Quixote representa tudo isso.

Exterior. Topo de uma
colina na Espanha. Dia.

Branco e preto.
Um velho moinho de pedra.

- Corta.
- Viram?

- Desculpe.
- Comecemos de novo.

O come�o � sempre duro.
H� uma tens�o...

Ok, prontos?

- Come�amos de novo?
- Ok, do come�o.

Ok, vamos rodar.
Cena 1, take 2.

Exterior. Topo de uma
colina na Espanha. Dia.

Um velho moinho. Suas p�s
giram lentamente com o vento.

Don Quixote aparece. Velho,
de rosto enxuto e olhar feroz.

Pare, gigante vil e abomin�vel!

Sou Don Quixote de la Mancha!

Junto a ele est� seu gordo
companheiro, Sancho Panza.

- Mas � s� um moinho de vento!
- Afaste-se, Sancho!

Don Quixote baixa sua Ian�a
e investe contra o moinho.

A Ian�a atravessa a p�.
Don Quixote � tirado de Rocinante

e fica pendurado a ela
voando pelos ares.

� algo assim. Veja.
Assim, por ali.

Terry Gilliam,
o fascinante diretor

de "Brazil", "Pescador de Ilus�es",
"12 Macacos",

tenta h� mais de uma d�cada
rodar um filme sobre Don Quixote.

Essa parte parece interessante.

Segundo o mapa militar,
por aqui h� moinhos velhos.

Se pudermos nos aproximar,
seria interessante v�-los.

Ap�s v�rios falsos starts
e dificuldades financeiras,

Gilliam chegou finalmente
com sua produ��o � Espanha.

Don Quixote parecia chamar por
Terry, h� muito tempo.

Digamos que � o her�i
que seduziria Terry.

Pois a no��o de algu�m apaixonado

que batalha contra todas
as evid�ncias, l�gica e realidade

s� podia ser do seu interesse.

Em "Don Quixote" de Cervantes

encontramos um velho

que vive rodeado de textos rom�nticos

sobre as lendas da cavalaria.

E um dia decide
ir mais al�m

e viver ele mesmo
essas fa�anhas rom�nticas.

Ent�o constr�i sua armadura
com retalhos que encontra em sua casa.

Seu c�lebre elmo �
um prato de barbearia

com um buraco para o pesco�o.

Encilha sua �gua Rocinante,
um pangar� que mal fica em p�.

E s� precisa encontrar
ent�o seu fiel escudeiro.

E esse � Sancho Panza, um campon�s
baixinho e gordo com um asno.

Ambos se p�e a caminho
atr�s de her�icas aventuras.

Don Quixote � t�o iludido que
v� gigantes onde outros s� v�em moinhos

e transforma as p�s deles
em amea�adores bra�os.

Estas alucina��es s�o o que
mais nos atrai nele.

Queremos ver o mundo
atrav�s dos olhos de Don Quixote.

Porque sua forma de ver o mundo

se assemelha com a que
t�nhamos quando crian�as.

Um mundo de objetos portadores
de um significado m�gico.

Madri, agosto de 2000

Gilliam j� lutou muitas batalhas
para levar � tela seu Quixote.

Depois de v�rias tentativas
frustradas em Hollywood,

decidiu produzi-lo na Europa.

Don Quixote seria uma
das maiores produ��es

j� realizadas na Europa.

8 semanas antes de rodar

Os convocamos hoje aqui

para celebrar uma
primeira reuni�o aberta.

Primeiro Assistente de Dire��o

Faltam algumas pessoas
mas aqui est�o representadas

as �reas principais
implicadas nesta prepara��o.

� a primeira vez que contamos
com o "se�or" Gilliam

na Espanha e ele ir� ficar.
Assim n�o haver� desculpas.

Se tiverem alguma pergunta, d�vida,

ou se quiserem saber algo,
este � o momento.

J� comentei com alguns,
agora repito para todos:

Acredito que ser� fant�stico. Todos t�m
senso de humor, fazem bem seus trabalhos.

Com um pouco de sorte,
evitaremos nos expor ao rid�culo.

Saibam que pedirei mil coisas.
Ent�o n�o hesitem em dizer...

"N�o, n�o posso. "

Sabem que nosso
or�amento � bem menor

do que necessitar�amos
para este filme

Vamos trabalhar com o que h�
e perseveraremos.

Bem, vamos. Ele tem tudo na
cabe�a, ent�o vamos esvazia-la.

Ele conhece o filme.
Trabalha nele h�... 2 anos?

Vamos deixar por 10.
Toda uma d�cada!

Est� h� 10 anos nele.
Deve saber o que se fazer.

Gilliam n�o � o primeiro

a lutar para levar
Quixote para a grande tela.

Em 1957, Orson Welles
come�ou a produ��o

de sua pr�pria adapta��o
de "Don Quixote".

Este projeto o obcecou
pelos 20 anos seguintes.

"Em um lugar de La Mancha,
cujo nome prefiro n�o lembrar... "

Atuou e dirigiu outros projetos
para conseguir financiar o filme,

e rodava pequenas partes dele
sempre que tinha oportunidade,

inclusive ap�s a morte
de Francisco Reiguera,...

o Don Quixote de Welles.

Mas em 1985 morre Welles,

deixando o filme inacabado.

A batalha por Don Quixote
come�ou um ano antes

quando no �ltimo momento
da fase de pr�-produ��o,

um dos maiores financiadores
desistiu no �ltimo minuto.

Para seguir adiante com ele,

Gilliam e seu produtor
reduziram o or�amento

de 40 para 32 milh�es de d�lares.

Este foi o filme mais dif�cil que
eu j� tive de financiar

e j� financiei muitos filmes grandes

Creio que devido ao custo do
projeto e �s dificuldades do roteiro

� muito peso para
ombros europeus

O or�amento se elevou
a 32,1 milh�es de d�lares.

O qual, sem financiamento americano,
se sup�s uma quantidade muito elevada.

Mas para o que quer�amos fazer,
necessitar�amos do dobro!

Em sua adapta��o, Gilliam

recorre � fabulosa hist�ria
de Don Quixote,

adornando-a com uma
dimens�o fantasiosa.

Ele cria a hist�ria
de Toby Grosini,

um publicit�rio que viaja
no tempo at� o S�c. XVII

o qual Don Quixote
confunde com Sancho Pan�a.

Johnny Depp interpretaria Toby,

Vanessa Paradis, Altisidora,
a amante de Toby,

e o veterano Jean Rochefort
faria Don Quixote.

O roteiro estava � altura
da ambi��o de Terry Gilliam.

Pare, gigante vil e abomin�vel!

Sou Don Quixote de la Mancha!

N�o � um gigante, � um moinho!

Sou Don Quixote de la Mancha!

N�o � um gigante, � um moinho!

Com mais intensidade.
"N�o � um gigante... "

N�o � um gigante, � um moinho!

E tenho certeza que quando
filmarmos os moinhos de vento

voc� poder�, por exemplo,
colocar a c�mera aqui

Sim, sim.

A verdade � que h� poucas cenas
que sejam f�ceis de rodar.

Como todos sabem, Terry

ultrapassa todos os limites.

Nada nunca � simples e banal.

Ir�o amarrados aqui para que
possam andar para baixo.

� o que voc� diz. Eu sei.

Agarra o pesco�o como uma crian�a.

Ter� que instalar a c�mera aqui.

Visto de cima, ser� fant�stico.

Terry quer rodar um filme
hollywoodiano s� que fora de Hollywood.

A dificuldade est� em faz�-lo
o melhor poss�vel com o que temos.

Acho que este � o melhor rosto.

� preciso "contar-Ihe a mente".

Cortar as id�ias!

As ovelhas ficar�o muito bem aqui.

Vir�o da curva, centenas delas.

Isto ser� bem complicado.
N�o vai ser nada f�cil.

Rodar com Terry � como
montar um cavalo a p�lo.

Agarra-se � crina,
crava-se as esporas,

aperta-se os joelhos e segura-se.
Vai ser o rodeio da sua vida.

Trov�es � dist�ncia.

- O que � isso?
- N�o olhe.

Toby vai dar a volta com o cavalo.

- O que � isso? Algo se aproxima.
- Nada, n�o olhe.

Sombras gigantes cobrem Toby.

Ele volta-se e olha.

Tr�s gigantes dominam a colina
com clavas em suas m�os.

Um deles toca casta�olas.

Me chamo Ra�l.

Me chamo Fernando.

Tem m�os extraordin�rias.

Um pouquinho de strip-tease

Fiquem juntos para que a
c�mera possa ver os dois

Pare�am assustadores!

Precisa ver os gigantes.

O que � aterrador e genial...

� que na hora se v�
o que Quixote v�.

E isso nunca foi visto.

Altisidora e Toby
galopam pelo corredor.

Entram em um t�nel sombrio

onde ressoa �s suas costas
o eco de seus perseguidores.

Diante deles, a penumbra.
Altisidora p�ra seu cavalo.

- Que?
- Achei que reconhecia, mas...

- Parem-nos!
- Encontram-se frente a Don Quixote.

Traidor! Judas!

Quando Don Quixote avan�a descobrimos
que � um marionete gigante.

Toby e Altisidora
se v�m rodeados por guardas.

Eles tamb�m se mostram ser marionetes.

Quando se separa, o bra�o de
Toby tem que ficar preso.

Mas n�o vai caber a�.

Tem que ficar preso?

Sim, � importante.

N�o pod�amos corta-lo,
deixa-lo mais fino?

Assim poder� deslizar o bra�o.

Ter� que retoc�-los todos
para deixa-los mais finos.

Sim, eu sei.

Me dei conta disso.

Digo isso pensando outra vez no tempo.

Adoro assumir desafios complexos,
cheios de dificuldade.

Se for f�cil, n�o os fa�o.
Se � quase imposs�vel, eu tento.

� da� que tiro a adrenalina.

Pode ser da� que
estimulo minha criatividade.

Talvez se n�o houvesse batalha,
eu n�o saberia como abordar.

A a��o � simples,
salvo pelos cavalos.

Os cavalos s�o a parte complicada,
mas os marionetes n�o.

Toby se debate.
As marionetes saem voando.

Ele � arrancado do cavalo
e fica preso dentro.

Posso fazer tudo isso,

No est�dio...

Eu pinto o solo de preto.

N�o, temos que deixar
o ch�o como est�.

Tenho que cortar uma parte de...

Por que ter essas estruturas
num set � t�o complicado?

� a vis�o dele

H� tantas coisas que ele
t�m na cabe�a que...

naturalmente o maior
desafio �

tentar visualizar a hist�ria
atrav�s de seus olhos.

Desenhista de Produ��o

Mas acredito que
ele tem um pouco de D. Quixote

� um sonhador, um idealista

Aquele que v� coisas onde os
outros humanos n�o conseguem

Terry Gilliam tem uma trajet�ria
de projetos bem ambiciosos,

filmes de grande riqueza visual que
exploram a fantasia de seus personagens

todos sonhadores, como ele mesmo.

Mas realizar seus sonhos

nunca foi f�cil na
ind�stria de Hollywood.

Um universo muito intrincado
para pequenos or�amentos,

mas exc�ntrico demais
para o gosto de Hollywood.

Todos seus filmes
foram batalhados.

Suas vis�es selvagens foram rodadas
com or�amentos limitados

e sempre alcan�aram
sucesso de p�blico e cr�tica.

"As Aventuras do Bar�o de M�nchhausen"
foi uma dolorosa exce��o.

Associado a um produtor
que prometia recursos inexistentes,

Gilliam se encontrou
� frente de uma filmagem

que j� superava o or�amento em
$10 milh�es ao fim de 6 semanas.

Adicione aos seus esfor�os
em simplificar algumas cenas,

o or�amento que havia dobrado
ao final das filmagens.

M�nchhausen se transformou
num fiasco financeiro

e Gilliam ganhou uma reputa��o
de diretor incontrol�vel.

que Ihe prejudicou muitas vezes

na hora de apresentar seus projetos.

A ind�stria criou uma falsa
id�ia de Terry por causa de um filme.

E isso o deixou furioso.

Ele n�o queria voltar a ouvir
falar de M�nchhausen.

Para ele eram �guas passadas,
um assunto de 10 anos atr�s

mas sempre Ihe taxavam sem
considerar seus trabalhos posteriores.

Ele � um diretor respons�vel,
que sabe o que t�m nas m�os.

�s vezes parece gostar

pois cultiva uma fama
de "enfant terrible",

mas, nesse caso, seria
um "enfant terrible" respons�vel.

Temos que dar um jeito
dos atores chegarem.

Quanto nos resta?
7 semanas?

Neste ritmo, vai ser um caos.

E n�o � disso que gostamos?

Dada a diminui��o do or�amento,

os atores aceitaram diminuir
seus "cach�s" habituais

encaixando o filme entre
seus muitos compromissos.

Devido a isso, Gilliam
teve muitos problemas

para reunir a todos
para as leituras e os ensaios.

Bem, continuarei tentando falar
com Johnny diretamente.

Vamos ter que ir l� e espera-lo.

Uma passagem � Londres para Tony,
uma � Paris para Jean,

e vamos cerca-lo.

Precisamos contar com
todas as possibilidades.

Temos que avan�ar.

Mas gostaria que tentasse localiza-lo.

Quando ver� Vanessa?
Quero dizer aqui.

Jean-Yves me disse...

- Talvez na 4, 5, 6...
- N�o, na 7.

Quando chega Johnny.

� o que tentamos organizar.

Seria melhor poder contar
com Johnny, um ou dois dias.

Tudo est� separado.
Os trajes est�o em Roma,

os atores, na Inglaterra,
na Fran�a, em Praga,

Os efeitos especiais...
Tudo est� disseminado.

Assim que reunirmos tudo,
come�aremos de verdade.

A primeira coisa que
temos que conseguir

� reunir toda essa gente.

A decora��o est� sendo feita na Espanha,
as m�scaras, na Inglaterra.

Os atores est�o espalhados
e n�o coincidem.

Temos que reunir todos.

Tudo deve ficar centralizado em Madri.

S� vai ajudar a
atrapalhar tudo...

se as pessoas ficarem em Londres

Nada est� centralizado.

O motorista, n�o sabemos de onde
ele vem com esta companhia...

A mesma coisa, os atores.
Se t�m que vir...

aonde vamos busca-los?
Se houver uma mudan�a no roteiro...

N�o sei.
S�o muitas coisas!

C�mera � esquerda.

Mais, mais.
Isso.

TESTE DE C�MERA COM GIGANTES
Muito bem. Ra�l, olhe para a c�mera.

- Incline-se.
- Sim, perfeito.

A��o!

Corta.

Com mais viol�ncia.

Bem violento.

R�pido e forte.

Bem assim.

Foi filmado!
Ao final filmamos.

� demais, olhe isso.

A� est� nosso trailer!

"Em Breve".

6 semanas antes de filmar

O ideal seria que o cavalo...

...que o cavalo o empurrasse.

Um pouco mais atr�s. O cara aqui,
o cavalo uns dois passos pra tr�s

N�o, fique ali...

A id�ia � boa, mas tem que
haver mais dist�ncia entre eles

Mas s�o coisas que...

que dev�amos praticar
com os pr�prios atores aqui

Para que os cavalos
conhe�am os atores.

� o que eu acho.
Estamos no mesmo barco.

Meu objetivo � encontrar
para dia 25 de setembro

algum ator que venha a Espanha
para a pr�-produ��o.

Porque sou daqueles que cr�em
nos ensaios antes da filmagem.

Os domadores n�o me preocupam.
Eles sabem o que fazem.

� esta maldita organiza��o
que � um pesadelo.

Normalmente, em uma produ��o

o primeiro assistente � respons�vel
de elaborar um plano de projeto

de acordo com o or�amento.

Neste caso, Phil Patterson recebeu
um or�amento e um plano

que n�o deixa margens
de manobra ou de seguran�a.

Cada filme � diferente.

� complicado comparar um filme
de Gilliam com o de qualquer outro.

N�o sei o motivo

mas neste filme

reina a mais completa e
desesperante desorganiza��o.

Mas ter� de ser assim,
j� que se trata de Terry,

j� que � um filme de Gilliam.
Capit�o Caos...

ele est� em seu elemento.

Avancem por aqui.
Venham at� mim, vamos.

Por aqui. Girem um pouco.

N�o � um desastre.

H� apenas coisas que
parecem um pouco diferentes.

Rocinante!

N�o coma!

N�o tem esse direito.

Olhe essas costelas.
Nem precisar� de maquiagem.

Os ossos da p�lvis s�o fant�sticos.

- A� est� voc�
- Eu, voc�, todos estamos aqui!

Rochefort foi o primeiro ator

que pode dar uma escapada a Madrid

para as necess�rias provas
de figurino e maquiagem.

� assim que funciona
o parque tem�tico.

Rochefort esteve estudando
ingl�s nos �ltimos 7 meses

para interpretar Don Quixote.

Este � Toby Grosini.
Esta � a duquesa.

- Pouco a pouco, vai tomando forma.
- Estes s�o atores espanh�is?

Sim, a maioria � espanhola.

N�o falam ingl�s.

Ningu�m fala ingl�s nesse filme.

Jean Rochefort �
mais que perfeito.

Ele possui esse esp�rito,

esse "time" pra com�dia,
essa dignidade...

Est� tudo ali.

Queria fazer um experimento
para que seu nariz...

seja um pouco mais espanhol.
Bem pequeno.

Jean tem um nariz soberbo,
mas ao ver os narizes espanh�is...

Gostaria que mudasse...

deixar um pouco mais espanhol.
Mas s� voc� notar�.

Obrigado. Mas ao usar esse nariz

vou sentir que estou
interpretando Don Quixote.

Mas eu quero ser Don Quixote.

- Compreendo.
- Quero crer que sou ele.

- Compreende meu ingl�s?
- Perfeitamente.

� um grande dia para mim.

Al�m de ser perfeito para o papel,
� um grande j�quei.

E para mim o principal problema
era encontrar um ator

suficientemente velho, de 70 anos,

com a apar�ncia adequada, bom
ator e que montasse a cavalo.

Minha pergunta �...

4 SEMANAS ANTES DA FILMAGEM
Vou tomar nota para compreender tudo.

Como vai com a Vanessa?

- Contratualmente?
- O contrato n�o est� assinado.

O agente disse que n�o!
Cada vez que Ihe pedimos algo...

que venha �s reuni�es,
aos ensaios...

seu agente responde que est� ocupada.
"Precisamos dela no dia 11."

"N�o, est� ocupada. "
Estamos um pouco...

atados de p�s e m�os.
Se houver problemas meteorol�gicos,

necessitamos de seu consentimento
para mudar as datas.

Besteira.

Com os atores secund�rios
as datas est�o bem fechadas.

Miranda, Bill Patterson,
Peter Vaughn, etc...

Nossa �nica baixa � a flexibilidade

que normalmente deveria
nos dar um contrato com Vanessa,

um contrato com Johnny Depp,
um contrato com Jean Rochefort.

Se Vanessa nos disser "Talvez
isto, isto e mais isto", ser� uma ru�na.

N�o � poss�vel. J� negociamos.
N�o estou entendendo.

O que mais me deixa louco

� que tenhamos permitido isso.

Vamos rodar e n�o temos nada assinado.

� uma loucura.
� tudo t�o fr�gil.

Preso por alfinetes.

Se n�o dispusermos de flexibilidade
por sua parte, estamos perdidos.

Fiquei muito emocionado
com Quixote lendo-o aos 50 anos

porque fala justamente disso.

Se trata de um homem crescido
e que encontra ali...

sua �ltima oportunidade

de fazer que o mundo
seja como ele sonhou.

Vou completar 61.
Meu Deus!

J� fiz v�rios filmes.

E n�o � nada se comparado
com tudo o que tenho na cabe�a.

Todos os interiores
devem ser filmados em est�dio.

Os produtores conseguiram

o �ltimo est�dio dispon�vel em Madri.

Gilliam e sua equipe
devem inspeciona-lo

antes de construir as decora��es.

Temos que colocar
todos os cen�rios aqui?

A ac�stica � horr�vel.

Temos ar condicionado.
Isso � o ar condicionado?

Ou s� uma
m�quina de fazer barulho?

O som daqui � horr�vel.

Est� fechado e
continua dando eco.

Foi a primeira
coisa que dissemos ao chegar.

Isso � um armaz�m.

Como vamos fazer?
Porque os plat�s devem ser...

n�o devem ser assim.

E n�o h� outros est�dios?

Uma vez acabado, ficar�...

Mas o som, � crucial.

Achava que vir�amos ver um est�dio...

Um est�dio de verdade.
Isto n�o � um est�dio.

N�o quero fazer o filme assim.

Isso est� come�ando a
me deixar bem nervoso.

Todas as vers�es de Don Quixote
foram submetidas...

aos reveses da sorte,
� um pouco como "Macbeth".

Um projeto amaldi�oado.

O que temo � que se transforme
na segunda parte de M�nchhausen.

H� tantas coisas
que est�o se repetindo.

� o que mais me assusta.

Por sorte, os que n�o participaram
nele n�o est�o assustados.

E o mais interessante, Jos� Luis,
que o fez, tamb�m n�o est�.

Estamos apertados,
isso est� claro.

N�o temos margem de erro,
isso est� claro.

Mas n�o considero

que isso signifique
que M�nchhausen se repetir�.

Desde o princ�pio de M�nchhausen
todos sab�amos

que aquilo n�o era realista.

Por isso n�o acho que...

v� ocorrer o mesmo.

2 SEMANAS ANTES DA FILMAGEM

N�o vamos nos apressar em aceitar.

N�o podemos nos equivocar.

Teste dos gigantes.

O que mais podemos pedir?

- Ent�o?
- Est� �timo.

Perguntava se voc� sabia...

Se ele iria agarrar Johnny Depp.

1 SEMANA ANTES DA FILMAGEM

Jean Rochefort devia
ter pegado um avi�o ontem

E ontem � tarde,
Ren� Cleitman me ligou...

"N�o adivinha o que houve...

Quando Jean ia embarcar
sentiu umas dores.

Pensou que talvez fosse
um problema de pr�stata.

Ent�o teve que cancelar o v�o

e ir� ver um m�dico esta manh�. "

Se hesitar em vir, eu ligarei.

Isso mesmo,
enquanto estiver no m�dico,

e diga: "Preciso de voc�".

Precisamos dele
impreterivelmente para hoje.

O mais interessante
� a for�a de sua mente,

que est� destruindo seu corpo.

� uma "metamorfose".

Est� sofrendo, como Don Quixote.

�, eu vou mat�-lo

� rid�culo.

Jean est� completamente
psicossom�tico. � como se...

Aqui est� o contrato -
neste dia voc� tem que estar aqui.

Em M�nchhausen,
em princ�pio n�o t�nhamos

figurinos nem cen�rios.

Agora n�o temos atores. H� figurino,
cen�rios, mas estamos sem atores.

Jean Rochefort entrou
em p�nico no domingo.

Tenho certeza que ele est� em p�nico

Eu mesma, estou bem em p�nico, mas...

Eu estou bem calmo.

Todos, toda hora em p�nico

- Viva o sentimento de seguran�a!
- Sobretudo quando n�o h� nenhuma.

N�o h� nenhum sentimento de seguran�a.

- Como descreveria este estado?
- P�nico puro!

Como as galinhas sem cabe�a
que saem correndo por a�.

P�nico real.

Resta 1 semana de pr�-produ��o,
o que Ihe preocupa mais?

- A pr�-produ��o.
- Diga a verdade.

O primeiro cen�rio est�

perto de um campo que a OTAN
usa para testar suas bombas.

Ainda que tenham me dito
que apenas uma hora por dia!

E o certo � que n�o temos cavalos.

E n�o temos atores.

Temos um telefone.

Al�, como est�?

Tenho um ator!
Est� sentado aqui!

Sim, a �ltima vez que falamos
n�o havia nenhum, mas agora h�!

Voc� � novo aqui.

- Este � nosso filme.
- E como se chama?

"Chocolate", n�o.

N�o acabamos esse?

Este � o albergue, mas
haver� um monte de ovelhas l�.

Para as almas solit�rias.

Este � Antonio Gil.
Voc� o conhece, estava em "Chocolate".

Sim, � um cara legal.

- Esse � Bob Hoskins e...
- Danny De Vito.

- E Ian Holms.
- Todos juntos.

Ele far� um an�o.

- E canta �pera.
- L�gico.

Voc� volta e Don Quixote
j� est� correndo.

Ele Ihe diz "Afaste-se!"

E vai contra voc�

N�o sei o que mais Toby poderia fazer.

O que me ocorre � que...

A primeira coisa que Toby faria...

Ele ainda cr� que est� rodando
um comercial publicit�rio.

Ent�o sua primeira rea��o
seria gritar "Corta!".

- "Corta!"
- �timo.

Deslumbrante.

- Voltando ao que...
- Sim, eu gosto.

Deve haver uma explica��o.

L� est�o Don Quixote,
os moinhos e todo o pandem�nio!

"Corta!"

Est� claro que...
� �timo. Deslumbrante.

Enquanto Gilliam e Depp
discutem o script,

Vanessa Paradis chega
para filmar as provas

de figurino e maquiagem.

Mas a equipe continua
esperando por seu Don Quixote.

Tem alguma novidade?

Minha assistente, Corinne,
o acompanhar� ao aeroporto

para ter certeza desta vez.

Estava em forma.

Seria ent�o
uma infec��o de pr�stata?

Apenas uma pequena infec��o?

Pode montar um cavalo?

Ele entrou em p�nico.
Como de costume, em p�nico.

Eu prefiro mais torto,
mais irregular.

Don Quixote fabricou sua armadura.

Um peda�o aqui, outro ali,

costura e...
Ah, um cavalheiro!

Ponha s� para ver,
E se voc� colocar esse aqui...?

Imediatamente,
de uma vez s�, est� indo bem.

Precisamos de menos eleg�ncia.

Est� um pouco preso.

Muito elegante ainda?

Voc� deve ser triste, pat�tico.

Isso faz com que seja maravilhoso.
Tudo est� em sua mente.

Vamos cri�-lo para voc�, Gabriella.

Voc� receber� outro Oscar...
Outro Oscar por isso.

Aqui est�.
Acho que Don Quixote...

come�a a ter vida.

Teste de Jean Rochefort

Estou aqui para te salvar.
Afaste-se!

De repente, n�s encontramos
sobre as plan�cies de Montiel.

A sorte guia nossos passos

mais favoravelmente do que
poder�amos ter desejado.

Olha, amigo Sancho!

Uma linda princesa!

Est� em grave perigo!

Precisamos salv�-la. Esses gigantes
est�o quase a pegando.

N�o est� os vendo?

Gigantes com bra�os de seis l�guas!

Abra os olhos,
Dulcinea de Toboso n�o existe.

Agora eu vejo tudo claramente.
Voc� tem um plano, Sancho.

�s muito inteligente
para ser um agricultor.

Fant�stico! Ser�
um filme extraordin�rio.

Com esta express�o do rosto dele

e seu olhar...

Para n�o falar do figurino,
a decora��o, as loca��es.

Vai ser um filme extraordin�rio.

Ser� lindo e terr�vel.

Primeiro dia de filmagem.

A filmagem come�a em Las Bardenas,

uma reserva natural
a 4 horas de Madri.

� por isso que toda a equipe
tem de ser acomodada na �rea.

Essa despesa extra deixa
qualquer atraso ainda mais problem�tico.

AFASTE-SE
�REA MILITAR

Na primeira cena

Don Quixote liberta Toby,
alguns escravos presos � galeotes.

Confort�vel, hein?

M�o direita...

Procura-se o diretor.

Ok, pessoal, esperem um pouco

Liberem, por favor.

Bem, vamos l�.

Certo, Carlos?

Aqui vamos n�s.

C�mera!

Rodando

E a��o, Richard.

A��o, grua!

Corta.

Ap�s este primeiro �xito Tomar,

a equipe prepara-se para
uma tomada na seq��ncia.

Nele, um guarda perde
a chave dos grilh�es

e os doze presos
apressaram-se em peg�-la

Ao contr�rio dos outros,
Ele tem uma m�o livre.

O da frente tem uma das m�os livre.

E h� um efeito domin�.

Bem, agora, vamos continuar.

Onde est� a chave?

Quem tem a chave?

Ser� que conseguimos
p�r a chave no cadeado?

Como est� nosso tempo?

- Mal.
- Fant�stico.

E da�?
N�o levantam?

Novamente! Vamos, acorde-os!

Voc� tem que levanta-los!
Achei que t�nhamos ensaiado.

N�o ensaiamos nada!

Merda!

N�o temos os extras.
Estes n�o eram os mesmos.

E � por isso que temos de explicar.
Entende?

N�o vieram no s�bado?

N�o, n�o estavam nos ensaios.

Ent�o, o que adianta
ensaiar sem eles?

Precisamos deles ensaiados.
Devia ter nos avisado

para que soub�ssemos
que est�vamos fodidos.

Estamos fodidos
e n�o faz�amos id�ia.

Se estamos fodidos,
quero saber antes de filmar.

Para n�o perder tempo

Gilliam e Phil decidem
passar � outra cena.

- � Jean Rochefort, n�o � um dubl�.
- V� em frente.

Siga e diga seu di�logo,
fa�a a cena, vamos.

� um plano conjunto.
Temos toda a a��o.

- E usam o master?
- Sim, usamos.

O que temos � bom.

Ningu�m se mexe.
Vamos rodar.

A��o, no fundo.

A��o, Jean!

Corta, corta! O que � isso?

Todo esse tempo preparando
e agora aparecem F-16.

De qualquer forma, filmamos.
Que se foda o som.

Vamos aos planos gerais.
Vamos rodar.

Precisamos que cuidem
dos cavalos e eles n�o fazem isso.

A��o, Jean!

Quase.

O cavalo n�o se moveu.

Empurrem. Algu�m
empurre-o, cacete.

Porqu� levar algemado
estes pobres diabos?

Eles s�o criminosos condenados
a servir o rei nas cozinhas.

Eu sou Don Quixote de la Mancha,

cavaleiro empenhado
� prote��o dos fracos!

Ningu�m se mexe!

Eles n�o t�m nada a temer
se as suas inten��es s�o honradas.

Gra�as a Deus.

As coisas t�m ido muito bem.

"O Oscar vai para o F-16".

Est�o de parab�ns.

Foi bom. S� mais uma
e acho que conseguimos.

2� dia de filmagem

Venha para a posi��o inicial.

Abaixem-se.

Por que estou preso
neste pesadelo?

N�o � real.

� s� um sonho. N�o sinto nada.

N�o me machucou.

Por Deus!

N�o blasfeme, miser�vel!

Corta! Vamos almo�ar.

Faz um tempo estranho hoje.

Tempo estranho, cavalos estranhos.

A luz � muito fraca.

Temos luz?

� muito dif�cil de entender
esta evolu��o de luz.

Vamos come�ar com voc� e Rocinante.

Dois planos.
Um assim e outro assim.

Joe, voc� estar� fora de quadro.
Vamos virar o outro cavalo.

A previs�o do tempo

Foi o mesmo de ontem,
hoje ao meio-dia...

- E que, antes de ontem.
- O mesmo, n�? Todos os dias.

Isso � bom. Um tempo est�vel
� justamente o que precisamos.

Som agrad�vel.

Se n�o � o F-16,
� um trov�o.

Voc� est� certo, Phil.

Em meia hora estaremos prontos,
enquanto passa essa nuvem.

Todos no seu lugar! Rodando!

Certo, Carlos?

Pois bem, aqui vamos n�s.

Teste.

Eles n�o t�m nada a temer
se as suas inten��es s�o honradas.

Gra�as a Deus.

Se n�o, o que seria de n�s...

Ei, garotos?

N�o � justo que homens
de honra como voc�s...

sejam carrascos de seus semelhantes
que de forma alguma os ofenderam

O mundo est� mal, hein?

Assim, de acordo com a minha condi��o,

N�o tenho escolha, a n�o ser ter
esses homens sob a minha prote��o.

Obede�a a ordem dos C�us!

Senhoras e senhores,
Ou�am-me, por favor.

Acho que vir�
uma forte tempestade.

Ent�o, por favor, gostaria de

para colocar o material em
algum lugar coberto.

Cubramos bem.
Esperem passar estes raios

e vamos ver
se podemos continuar.

Mas, enquanto isso

Coloquem tudo em lugares cobertos
e protejam-se da tempestade.

O que � isso,
"Rei Lear" ou "O M�gico de Oz"?

Eu n�o sei o que temos aqui.
Qual a cobertura do seguro?

Temos de ser claros.

Quanto pode demorar...?

- Um dia?
- Precisamos limpar, secar isso.

Ser� que o seguro cobre estas coisas?

N�o sei, honestamente.

N�s n�o podemos fazer nada.

Temos que voltar
amanh� de manh�

e avaliar a situa��o.
Talvez esteja seco ou talvez n�o.

Temos de ver as previs�es.

Continuar� sendo um p�ntano.

Isto n�o vai secar em uma noite.

Situa��o interessante.

Quase xeque-mate,
mas n�o � bem assim.

Vamos sair desta.

Terceiro dia de filmagem

De acordo com a seguradora,

o filme est� garantido
quanto a danos ao material,

mas n�o necessariamente
para os dias perdidos

em caso de cat�strofe natural.

Em uma tentativa de salvar
alguma coisa do dia,

Os produtores sugerem
voltar para o local da cena dos escravos.

Se rodarmos, nada estar� no lugar.

Rodaremos meio-dia,
no dia seguinte, a mesma coisa.

Na sexta-feira, provavelmente n�o.

Se queremos ter garantias

que podemos continuar
de uma maneira totalmente operacional,

precisamos deste dia
para voltar a montar tudo.

N�o � poss�vel trabalhar
com uma equipe reduzida?

N�o. Essa � a minha resposta.

E voc� pode dizer que falou comigo
e eu disse "n�o".

Concordo que
a maior parte da equipe

deve reconstruir tudo,
mas se tivermos 10 pessoas

para rodar dentro do t�xi...

Precisamos de 10 a 15 pessoas

Esta equipe n�o est� em posi��o
de fazer qualquer outra coisa hoje...

que n�o seja limpar o material
e tratar de nos p�r em p� novamente.

4 � dia de filmagem

Embora os cen�rios
agora j� estejam completamente secos,

Chuvas torrenciais
t�m mudado a cor do deserto.

A paisagem que Gilliam
escolheu devido � sua aridez

agora � tingida de marrom
e verde e j� nem lembram a anterior.

E para piorar,

a seq��ncia dos escravos
foi filmada com sol a pino

e agora n�o h� sinal dele.

Estamos perdendo nosso tempo,
n�s n�o temos luz.

E provavelmente n�o a tenhamos mais.

Seria poss�vel para avan�ar,

voltarmos para a base?

E, se o clima continuar assim,

tentar refilmar
a seq��ncia dos escravos.

Sei que a id�ia era que
fosse filmado com sol forte,

mas n�o temos alternativas.

Se voc� quiser filmar algo...

Eu sei, eu sei.

Eu tenho uma id�ia.

Deixamos pra l� a do t�xi.

Mas n�s podemos filmar Johny,
em num plano geral, iluminando,

com essa luz.

- Que cena?
- A anterior.

A equipe decide se deslocar
para filmar outra cena

para qual eles n�o precisam do sol.

Este movimento leva v�rias horas.

N�s estamos esperando por eles.

Os di�logos n�o importam,
temos de rodar.

N�s n�o podemos.

Em breve haver� algo mais.

N�o sei o que ser�, mas...

Estamos todos prontos para filmar.
Os meninos est�o chegando.

E n�s tamb�m,
dispostos a repetir M�nchhausen.

Por que n�o filmar essa?

N�o, tudo est� instalado
para outra cena.

N�s temos um plano detalhado
com tudo o que vamos fazer

e n�s somos v�timas desta situa��o.

Se corremos por qualquer motivo,
n�s estaremos andando em c�rculos.

N�o sei fazer outra coisa.

Aqui todos sabem o que fazem,
mas diante disso, estamos desarmados.

Todos est�o atrasados...

5 � dia de filmagem

OK, aqui vamos n�s.
�ltimas verifica��es.

16!

Siga-me, Sancho. Acredite em mim...

� poss�vel que antes
de seis dias completos,

Vou ter conquistado muitos reinos.

Vai se foder! N�s t�nhamos um acordo!

E voc� ver� a sua fidelidade recompensada.

Corta!

N�s estamos ferrados!
J� viu ele na sela?

- Que loucura!
- Viu como sentia dor ao sentar?

N�o pode.
Vai ser imposs�vel.

Vi bem o rosto dele
ao montar, foi...

Merda!

Ent�o ele n�o consegue montar,

tamb�m n�o pode atuar,
nem conduzir o cavalo.

Eu vou dizer aos franceses...

"Eu me recuso a filmar
Rochefort sobre um cavalo

at� que ela n�o
esteja em condi��es m�dicas"

Os produtores o queriam
sobre o cavalo. Terry tamb�m.

O pr�prio Rochefort, quando ele chegou,...

sugeriram
e ele queria fazer.

N�o ouvi Phil.
"Ela tem de faz�-lo.

Voc� tem de filmar.
S�o 7 meses de trabalho.

Ainda n�o tem nada filmado.
Vamos faz�-lo. "

Todos ao seu lugar!
Rodando!

A��o.

� poss�vel que antes de
seis dias completos,

Vou ter conquistado muitos reinos.

Eu te nomearei rei de um deles.

Rei!

Cortar.

Estava �timo.

- S� mais uma, OK?
- S� mais uma.

Quando ele saiu

precisou de duas pessoas
para tir�-lo da sela

e 40 minutos para
chegar ao seu carro a p�.

� tudo por hoje. Obrigado a todos.

Sei que este n�o foi
a melhor semana para ningu�m.

Sei como foi dif�cil.
Temos sofrido muitas calamidades

e estou muito grato
por terem prosseguido

fazendo seu trabalho.
Tudo o que posso dizer

� que na pr�xima semana
tentaremos fazer melhor.

Espero todos
em Monasterio de Piedra

Quando, finalmente, come�aremos a rodar!

Muito obrigado.
Levantemos acampamento

Ser� que vamos ter neve
para segunda-feira?

S�bado

Nunca, nunca, nunca,
em 22 anos de carreira,

Eu j� vi essa
sucess�o de "sfiga"

como se diz em italiano...
m� sorte.

"Sfiga" exprime-a melhor
porque � a nega��o do inferno.

"Figa" significa "diabo"
e "sfiga" � a sua nega��o.

Tudo o que poderia dar errado,
deu.

Tudo, sem exce��o.

Se escrev�ssemos um roteiro

e procur�ssemos a pior
das situa��es,

nunca poder�amos imaginar isso.

Os "story-boards" s�o a minha maneira
ver tudo um pouco mais claro.

Os produtores est�o � procura de
solu��es para os problemas.

Em geral acho que

consiste em substituir
o assistente de dire��o.

Neste caso, o bra�o direito
de Gilliam, Phil Patterson.

Primeiro, eu acho

que se ele for demitido, a sua primeira
rea��o seria de alegria,

e tamb�m, sem d�vida, iria...

Colocar sobre os seus ombros
toda a responsabilidade.

Ele sente que tem falhado
e que isso � culpa dele.

E isso � rid�culo.

Da� vem tudo isso.

Esse sentimento de responsabilidade
e comprometimento s�o muito raros.

Voc� acredita que, ent�o,
a melhor solu��o � ele ficar?

Se ele se for, eu tamb�m
teria que ir.

Phil � um dos que est�o
permitindo que isto v� pra frente.

Sua for�a reside em
nunca desistir.

E fazer tudo para conseguir

retomar as r�deas dessa confus�o.

N�o sei.

No mesmo dia, Jean Rochefort
voou para Paris para ver o seu m�dico.

Mesmo voltando em poucos dias,

deixa toda equipe
em d�vida...

de o que filmar na semana seguinte.

Eu defendo a id�ia
de recolher tudo

voltar para Madri

reorganizar e decidir
o que vamos fazer.

Qualquer tentativa de filmar
seria um desperd�cio.

Temos boas raz�es para dizer
"Corta, paremos com tudo isto,"

mas eu prefiro filmar
e avan�ar com o filme.

Al�m disso, vamos gerir mais $ 16 milh�es
e 60 vir�o desses investidores.

Sim, � preciso rodar na segunda-feira.
Temos que filmar de qualquer jeito.

6 � dia de filmagem

Investidores

Bem-vindo � Espanha,
ao set, ao filme.

Com a expectativa de que
Rochefort retornaria em dois dias

Gilliam e os produtores decidiram

filmar outras cenas
onde ele n�o aparece.

Eles sabem que este lugar n�o mais
servir� dentro de poucas semanas,

quando as folhas das �rvores
come�arem a cair.

Eles tamb�m receber�o uma visita
dos seus principais investidores.

Voc� luta com os peixes.

Voc� d� um golpe
e voc� empurra o cavalo.

Que eu fa�o?

Ou o cavalo. Ele � muito bom.
� um profissional.

Todos no seu lugar.
Rodando.

Carreguei o peixe.
Est� carregado!

Aqui vamos n�s.

C�mera!

A��o.

O cavalo, que entre.
Vamos l�, esse cavalo.

Corta.

Vamos come�ar de novo.

A��o.

Entra o cavalo.

Aproximando. O cavalo est� se mexendo?

Boa, muito boa id�ia!

Corta.

Gire a c�mera. Gire e
Johnny olha. Vamos faz�-lo.

Um enquadramento menor. Johnny
voc� pode fazer a partir da�.

Vire e sai de quadro.

Bem, vamos l�.
� uma estupidez, raios!

Enquanto se esfor�a Gilliam
para rodar esta cena,

chegam not�cias de Paris...

Jean Rochefort demorar�
pelo menos 1 semana para voltar.

Pediram para que quando
volte, n�o monte mais a cavalo.

- Ent�o, vamos suspender o filme.
- Voc� sabia?

V�o dizer "rodem sem que... "
Voc� sabe que v�o dizer isso.

Na sexta-feira � hora do almo�o
Eu j� tinha deixado bem claro

e vamos continuar mantendo
quando ele voltar.

N�o vai montar?
- N�o.

Que faremos ent�o?

Pode muito bem ser mais engra�ado.

Mas foi muito boa.
Funcionou perfeito.

Todos no seu lugar! Rodando!

Querem me ferrar, n�?
Desgra�ado!

O que est� pensando?

O que est� pensando?

Corta!

Conseguimos.

Eu sou a bola.

A equipe! Excelente.

Fico aqui embaixo.

Vou contar at� tr�s, OK?

Quando os investidores est�o saindo,
chegam os peritos da Seguradora.

Eles v�m para examinar os danos

e para decidir o que fazer
na aus�ncia de Rochefort.

Estou avisando que amanh�
n�o vamos filmar.

Voltaremos a Madri.

Passem pela produ��o antes de sair.

As 8, no escrit�rio da produ��o.

Tomaremos o caf� juntos
e decidiremos o que fazer.

Ok?

�s 8 nos gabinetes.

Vamos ver.
Sem filmar, mas vamos ver.

N�o sabemos como est� Rochefort.

N�o sabemos se ele voltar�
inteiro, nem sequer se voltar�.

N�s n�o sabemos nada.

O est�o examinando, analisando,
apalpando, sondando.

Eu suponho que dentro de poucos dias
n�s saberemos como ele est�

No romance, Cervantes
faz algo muito estranho e cruel.

Em cada passagem ele zomba de Quixote.

Em cada uma das passagens, esbanja tinta
para mostrar a loucura do homem.

E quando mais cruel ele �,
mais amamos Don Quixote.

Tanto que quando ao
final ele se torna s�o

o leitor n�o o suporta.

Queremos que continue a ser louco

porque sabemos que,
se ela se torna s�o, ela ir� morrer.

Estamos � espera de saber
o que diz o m�dico.

Um exame?

Ele vai dizer que Jean deve repousar?

Ent�o, esperaremos.
N�s n�o podemos outra coisa.

Em uma produ��o,
um fiador de conclus�o

assume a responsabilidade financeira

de que o filme ser� conclu�do
e entregue a tempo.

Fred Millstein veio
de Madri para avaliar isto

e para ajudar a equipe
com os recentes revezes.

N�o h� nada pior

do que voc� n�o saber nada.

Cada dia,
todos est�o me perguntando...

"O que devemos fazer?
Quando � que vamos come�ar de novo? "

E ningu�m � capaz de responder.

N�o sabemos.

Isso � o que n�s sabemos.

N�o filmaremos na
segunda nem na ter�a

Fant�stico! Brilhante!

Absolutamente fant�stico!

S�o extraordin�rios.

Continuo trabalhando.

Eu continuo em frente. � a �nica coisa

sempre me manteve em p�.
Seguir adiante...

e dizer: "Sim, n�s podemos
faz�-lo! Vamos l�, vamos l�. "

N�o rodamos segunda-feira ou ter�a-feira.
Voc� est� em f�rias!

Bem, s�o 1:10h

Essas s�o as novidades: 1:10h.

1:15h veremos...

A equipe de produ��o
elaborou um novo plano

em fun��o do retorno de Rochefort,
mas seus m�dicos acabam de anunciar

que ele n�o vai voltar,
em pelo menos 10 dias.

Embora o produtor continue a
gastar dinheiro para pagar a equipe,

a seguradora trata de reclamar
a doen�a de Rochefort

como sendo um "caso de for�a maior",

uma "cat�strofe natural"
n�o coberto pela ap�lice.

Sua opini�o de que algo �
um "evento de seguros"

e n�o "for�a maior".

Tem de ser definido.

Mas � claro que
� como uma cat�strofe natural

Ele acredita que a doen�a de um ator
n�o � um caso de "for�a maior".

"For�a maior", precisamos
de uma defini��o de "for�a maior"

a ser aplicada.

Ele j� viu o contrato e disse
que n�o h� nenhuma defini��o.

N�o podemos, portanto, redefinir isso.
Para ele, n�o se aplica de modo algum.

O que eu sinto, bem, o que desejo

� que devemos parar, pelo menos
algumas semanas ou poucos meses,

e reorganizar tudo.

Temos problemas com os cen�rios,
com os atores, com a equipe.

Portanto, a melhor coisa para todos,
e para o filme,

seria poder parar, embora
isso custa muito dinheiro.

A seguradora disse
"� preciso ter muito cuidado.

Mantenham tudo preparado
mas por outro lado, n�o gastem nada. "

A quest�o � se v�o
assegurar novamente Jean.

� a� que reside o problema.

Se n�o, ter�amos que
procurar um outro ator

e isso n�o � o que eu quero.

Nem sequer posso pensar em
quem seria capaz de faz�-lo.

Demorou muito tempo
para acharmos Jean Rochefort.

E levou 1 ano e meio para
preparar o personagem

e 7 meses aprendendo Ingl�s,
e � magn�fico.

O outro problema � que
O trio Gilliam-Depp-Rochefort,

aparecer no contrato
como "elementos essenciais".

E se um dos tr�s faltar, ter�amos
de buscar novos financiamentos.

Reuni�o de equipe

A id�ia � a de refazer o plano de
trabalho o mais depressa poss�vel.

Vamos discutir
com todos, atores,

departamentos e loca��es
sobre o novo plano

Era previsto para come�ar dia 16.

E se o Jean n�o estiver aqui dia 16?

Existem v�rias possibilidades.

Estamos indo filmar este filme.
N�o importa como.

Concluiremos este filme.

Eu gostaria de saber onde
est� o diretor deste filme.

Ent�o voc� n�o pode rodar
um filme, mesmo que pequeno.

nestas condi��es, � imposs�vel.

N�o temos nada a impulsionar,
n�o temos nenhum motor.

Somente esperar at�
a seguradora dizer o que faremos.

Ningu�m parece controlar nada.
- N�o.

Eu gosto de filmar, mesmo sendo
uma merda totalmente in�til.

As imagens, pelo menos...
Alguma coisa

que justifique v�rios anos de trabalho.

Se empenham em negar isso.

Em 27 de novembro
Rochefort vai voltar,

dan�ando e pulando sobre o cavalo dele.

Esque�a!

Temos de aceitar que este homem
n�o vai voltar a fazer este filme.

O problema � que
Jean Rochefort est� doente.

Tem visto v�rios m�dicos
e tem estado em constante tratamento

mas ainda n�o est� bom para rodar.

E nos disse hoje que n�o
n�o o esperemos para a pr�xima semana.

O problema � que na semana passada
n�s tivemos um caso de "for�a maior".

E dev�amos ter tirado partido
para reorganizar tudo.

Quando eu digo a Bernard,
como eu fiz hoje...

"Diga-me, olhando-me na cara,
que se Rochefort voltar

o teremos no set
e ent�o dirijo-me a ti

e digo-Ihe, como primeiro assistente,...

Este homem n�o est�
apto para trabalhar.

Voc� vai ficar novamente
contra a minha decis�o?"

- E tento permanecer...
- Sim, sem sucesso.

- Um m�nimo racional...
- Isso n�o basta.

O que me deixa louco...

OK, paramos a filmagem
nos reorganizamos.

Mas ser� que estamos reorganizando?

Isso � o que me quebra,
que se nos demos todo esse tempo

foi para superar isso, nos recuperar
e lutar pelo filme,

mas nada acontece.

Caminhamos em c�rculos.

E os dias passam voando.

Isso � pior do que se tiv�ssemos parado.

N�o sei como sair desta.
Eu nunca passei por algo parecido com isto.

Sempre sigo � frente.
Mas agora n�o tenho energia.

- Continuar para onde?
- Eu sei, eu sei.

N�o sei como sair de um desastre como este.

Olha, eu vou voltar novamente a Algete
para anunciar aos produtores franceses

que n�o vou continuar
no projeto desta maneira.

Explicarei que estou o deixando
porque n�o ap�iam minhas decis�es

sobre o que fazer
para fazer o filme.

N�s n�o podemos fazer o filme.
N�o aquela que voc� quer.

Lamento ser eu,

Como de costume, quem tem
que dar as piores not�cias.

Eu n�o sei de nada. Estou perdido.

N�o posso imaginar o filme,
isso � o que acontece.

Sim...

E todo mundo j� est�
procurando outros trabalhos.

Sabe alguma coisa
sobre os testes de hoje?

O pessoal da seguradora
volta a Paris amanh�.

� como se eu tivesse
esquecido o filme.

Como se ele n�o existisse. N�o pode
existir, seria muito doloroso.

Eu vou estar aqui esperando.

Ok. Obrigado.

O pessoal da seguradora
estar� reunido em Paris amanh�.

Ren� vai l� pra
decidir o que fazer.

Mas h� um pequeno problema
com Fred Millstein,

o cara da 'garantia de conclus�o'.

aqui ficar� aqui alguns dias
tentando consertar as coisas.

Ele contou ao Jose

que a sua ap�lice de seguro
n�o foi correta.

E que pode implicar Jose
a ter que arcar com os custos.

Isso seria desastroso para ele.

Ele n�o tem cobertura,
como as seguradoras.

Jos� disse que quer lutar,
que inclusive ir� a ju�zo

para saber quem � que paga
pelos estragos,

ou melhor, quem vai pagar
pelas id�ias perdidas.

Parece que uma maldi��o
cerca Don Quixote.

Chega a ser engra�ado.

Isso n�o � o vento?

Come�ou com uma grande inunda��o,

e agora um vendaval levar� a todos,

soprando Don Quixote para
longe da Espanha, eternamente.

Est� rugindo l� fora: "Acabou".

No final de outubro, fica evidente
que Rochefort n�o vai voltar.

Lhe foi diagnosticado
h�rnia de disco dupla

e precisa de pelo menos
1 m�s para recuperar-se.

- Em que ponto est� o filme?
- Abandonado.

E n�o h� nenhum projeto concreto
hoje para algu�m assumi-lo

Talvez isso aconte�a um dia

Mas os direitos do filme agora
pertencem a seguradora

Quando os problemas surgem
durante a prepara��o

de uma produ��o um pouco fr�gil,

Dizem: "Vamos come�ar a rodar,
e vamos ver como as coisas v�o ".

Como se a id�ia de come�ar a filmar

ajudasse o filme a avan�ar.

A velha "teoria do trem"...

Desta vez, n�o deu certo.

Jean Rochefort foi apenas
a dram�tica conclus�o

dos problemas que atormentaram
este filme, desde o in�cio.

Talvez a �nica responsabilidade
de Terry nisso tudo

foi que, para fazer o filme,

tamb�m reduziu os seus objetivos

e dava a impress�o de fazer um filme...

muito mais simples do que era.

E ele passou um longo tempo com ele.

Isso � o que n�o entendemos,
n�o era a primeira vez que acontecia.

Terry foi sempre
orgulhoso de fazer o imposs�vel,

mas nenhum diretor come�a
um filme que acredita n�o conseguir acabar.

E me foi muito doloroso ver
que tudo se tornava verdade.

O que foi mais doloroso foi ver que
a realidade acabaria com Don Quixote.

E acabou.

Eu n�o sei o que
eu gostaria que acontecesse.

Por um lado, queria que Jean
se recuperasse para fazer o filme.

Mas, por outro lado, n�o sei,
� que...

Eu fiz o filme
tantas vezes na minha cabe�a.

O vi, o vivi,
Eu sei como �.

Ser� melhor deix�-lo assim?
Na verdade, eu n�o sei.

Os moinhos de vento da realidade
contra-atacaram!

6 meses ap�s o abandono
de "The Man Who Killed Don Quixote"

Gilliam empreendeu uma nova
tentativa de fazer o filme.

Com a ajuda de um novo investidor

pretende recuperar
seu script com a seguradora.

Legendas:
Vander Colombo

MCL/MKO

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